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aula 4 politicas de saude no brasil

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Políticas de Saúde no Brasil
Professora: Daniela Aquino
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Introdução
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- O que originou essa crise no sistema de saúde do país?
- Como devemos analisar esta complexidade no setor de saúde?
É fundamental conhecer os determinantes históricos envolvidos nessa problemática.
 Os seres humanos são frutos de um passado e de uma história. O setor de saúde também é fruto de um passado marcado por um quadro político-social.
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São importantes algumas premissas, tais como:
A evolução histórica das políticas de saúde está intimamente ligada à evolução político-social e econômica que abrange toda a sociedade brasileira;
O processo evolutivo observado acima obedece ao avanço do capitalismo no Brasil e, consequentemente, do capitalismo em nível internacional;
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Nunca houve uma preocupação no Brasil em assumir a saúde como algo crucial, dentro da política nacional. A saúde sempre foi deixada na periferia do sistema;
Se determinadas endemias ou epidemias comprometem o sistema econômico ou social dentro do modelo capitalista, passam a ser alvo de uma atenção, até serem novamente deixadas no plano secundário;
As epidemias apresentam uma atenção maior, sendo deixadas de lado quando se transformam em endemias.
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Nunca houve uma preocupação com grupos sociais dispersos e sem uma efetiva organização;
Os direitos sociais como previdência e saúde são resultantes da luta, reivindicação e organização dos trabalhadores brasileiros e nunca uma oferta do Estado;
A história da política de saúde no Brasil é confundida com a história da previdência social em determinados períodos.
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Do período da colonização ao final do império
COLÔNIA IMPÉRIO
Como era constituída a sociedade?
Índios, colonizadores brancos, escravos africanos, aventureiros.
Qual era o modelo de atenção à saúde da população?
Nenhum. Não havia interesse por parte de Portugal.
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Como as pessoas se tratavam das moléstias tropicais?
Através de curandeiros (conhecimentos empíricos) usando plantas e ervas nativas.
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Vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808 (características):
Organização de uma estrutura sanitária mínima na cidade do Rio de Janeiro;
Formação do Conselho Ultramarino Português, órgão responsável pela administração das colônias do século XVI;
Criação dos cargos de físico-mor e cirurgião-mor;
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Raríssimos médicos formados na Europa dispostos a viver no Brasil, desestimulados pelos baixos salários e condições precárias de trabalho. Em 1789, no Rio de Janeiro, haviam apenas 4 médicos;
1808: Criação do Colégio Médico em Salvador e a Escola de Cirurgia no Rio de Janeiro por D. João VI;
Muitos médicos acreditavam que as enfermidades eram causadas pelos miasmas que vinham do mar e pairavam sobre a cidade;
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Proliferação de boticários, que além de manipular as fórmulas prescritas pelos médicos, passaram a indicá-las arbitrariamente;
Até 1850 a saúde pública estava limitada às atribuições sanitárias as juntas municipais e controle de navios e saúde dos portos;
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Início da República
MODERNIZAÇÃO AO BRASIL A TODO CUSTO!
Lema positivista (reforma através do domínio da ciência):
 Ordem (ditadura republicana)
Progresso: povo saudável e educado para o trabalho.
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República Velha (1889-1930)
Quadro político
Controlado pelos grandes proprietários (coronelismo). Interesses capitalistas.
Quadro sanitário
Caótico, sem modelo apropriado, ficava a mercê das epidemias (varíola, febre amarela, cólera, malária);
O Comércio exterior teve grandes problemas com a peste bubônica.
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A Saúde Pública era complementada por um núcleo de pesquisa das enfermidades que atingiam a coletividade – a Epidemiologia.
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Nascimento da “Política de Saúde” brasileira
Idéia de que a população constitui capital humano
Idéia incorporada aos conhecimentos clínicos e epidemiológicos
 
 Participação do Estado
+
=
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Quando o Estado atua em outras áreas como educação, alimentação, habitação, transporte e trabalho, diz-se que está ocorrendo uma Política Social.
Durante o período presidencial, Rodrigues Alves (1902-1906) nomeou Osvaldo Cruz, Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, propondo-se a erradicar a epidemia de febre amarela na cidade do Rio de Janeiro.
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Modelo Sanitarismo Campanhista
Modelo intervencionista adotado pelo regime militar como instrumento de ação de desinfecção ao mosquito transmissor da febre amarela;
Economia Agroexportadora;
Preocupação em sanear o espaço de circulação das mercadorias para não prejudicar as exportações;
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Insatisfação da população pelo serviço sanitário municipal;
Lei federal n. 1261 de 31 de outubro de 1904- medida de Osvaldo Cruz (vacinação antivaríola obrigatória) REVOLTA DA VACINA.
Apesar das arbitrariedades e dos abusos cometidos, este modelo apresentou resultados importantes no controle de doenças epidêmicas, inclusive a erradicação da febre amarela no Rio de janeiro. Adotado durante décadas.
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Reformas promovidas por Osvaldo Cruz
Criação do instituto soroterápico federal (Instituto Osvaldo Cruz)
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Registro demográfico;
Criação de um laboratório auxiliar de diagnóstico etiológico;
Fabricação de produtos profiláticos para a população.
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Reformas promovidas por Carlos Chagas
Inovação do modelo campanhista (propaganda e educação sanitária de forma rotineira);
Reestruturação do Departamento de Saúde, criando o Departamento Nacional de Saúde Pública;
Elaboração do novo código de saúde pública;
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Criação de órgãos especializados na luta contra a tuberculose, doenças venéreas e lepra;
Expansão das atividades de saneamento para outros estados.
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Outros fatos marcantes no início do século XX
O processo de industrialização induziu ao aparecimento da assistência médica da previdência social.
O surgimento da previdência social- Lei Eloy Chaves (24 de janeiro de 1923)
Bases de sua criação:
Economia agroexportadora: monocultura do café
Início da industrialização do país (eixo Rio - São Paulo);
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Imigrantes europeus com experiência no setor industrial;
Italianos (anarquistas): movimento operário em favor dos direitos trabalhistas;
Greves gerais (1917 e 1919);
Direitos sociais alcançados.
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Instituídas as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP’s)
Aplicada ao operariado urbano;
Organizado por empresas e não por categorias profissionais;
Sua criação não dependia da mobilização de classes;
Cada CAP possuía administração própria;
O Estado não participava do custeio dela (empresários, empregados).
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A Era Vargas (1930-1945)
A revolução comandada por Getúlio Vargas em 1930 procurou de imediato livrar o Estado do controle político das oligarquias regionais (política do café-com-leite), que sucessivamente elegiam o presidente da República.
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Características desse período
Dificuldade de comandar o país de forma democrática;
Implantação do Estado Novo em 1937 (ditadura);
Criação do Ministério do Trabalho;
Criação do Ministério da Indústria e Comércio;
Criação do Ministério da Educação e Saúde;
Regulamentação da Justiça do Trabalho;
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
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As políticas sociais foram a arma utilizada pelo ditador para justificar diante da sociedade o sistema autoritário, atenuado pela “bondade” do presidente.
As ações pareciam transparecer como dádivas do governo, e não, como conquista dos trabalhadores. Manter o movimento trabalhista dentro dos interesses do Estado. 
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Substituição das CAP’s pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP’s)
Trabalhadores organizados por categoria profissional (marítimos, comerciários, bancários) e não através de empresas;
Financiamento através de empresários, empregados e o Estado;
Servia
como mecanismo de controle social (desenvolvimento econômico)- poupança forçada, através de um mecanismo de capitalização;
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Também objetivava uma ação político-eleitoreira (1950-1964);
Assistência médica previdenciária era vista de maneira secundária.
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O aumento do desenvolvimento industrial nos anos 50, com a crescente urbanização proporciona uma maior pressão pela assistência médica via institutos, como consequência disso, ocorre um aumento do complexo médico hospitalar (contratação de terceiros).
Observa-se, então, um esvaziamento progressivo das ações campanhistas que acaba por levar à conformação e hegemonização do modelo médico-assistencial privatista.
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Em 1960 foi promulgada a Lei 3.807 (Lei Orgânica da Previdência Social). Todos os trabalhadores regidos pela CLT, com exceção dos trabalhadores rurais, domésticos e outros.
Surgimento do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural – FUNRURAL (Lei 4.214 de 02.03.63). Estes trabalhadores passaram ao regime CLT.
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O Movimento de 1964
Preocupação com a proliferação do comunismo e socialismo na América Latina, que punha em risco os interesses capitalistas (Guerra Fria);
Golpe de Estado em 31 de março de 1964 com a implantação do regime militar autoritário e repressivo com o aval dos Estados Unidos;
Fortalecimento do executivo e quase inexistência do legislativo;
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Uniformização dos IAP’s dando origem ao Instituto Nacional da Previdência Social (INPS) em 1966;
O sistema médico previdenciário não acompanhou o aumento do número de contribuintes, tendo o sistema médico privado a participar da sociedade;
Aumento da complexidade administrativa do sistema médico-industrial gerando uma entidade própria dentro do INPS, o Instituto Nacional da Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) em 1978. 
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O final dos anos 70, coincide com o esgotamento do modelo médico-assistencial privatista.
Na década de 80, as políticas de saúde se desenvolvem no contexto de uma profunda crise econômica:
Baixos salários, desemprego, aumento da marginalidade, processo de favelação, aumento da mortalidade infantil, dentre outros;
Diminuição da arrecadação previdenciária;
Desvios de verbas públicas para cobrir outros setores comprometidos;
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A prioridade do Brasil objetivou a medicina curativa, sendo esse modelo incapaz de resolver os principais problemas de saúde coletiva;
Não houve repasse do governo federal para atender à previdência, falha no acordo tríplice;
Criação do CONASP (Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária) em 1981, ligado ao INAMPS, órgão que procurou conter custos e combater fraudes;
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Emergem do ponto de vista político dois grandes projetos co-sanitários alternativos: o contra-hegemônico (a reforma sanitária) e o hegemônico (o projeto neoliberal), proposta conservadora de reciclagem do modelo médico-assistencial privatista. Consolidou-se, contudo o projeto hegemônico.
Abrem-se espaços, tanto políticos quanto institucionais, para o desenvolvimento do movimento contra-hegemônico da saúde, que nos anos 80, viria a conformar-se como a reforma sanitária brasileira.
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Início dos investimentos no setor público com alternativa de sair da crise (investimentos mais baixos);
AIS (Ações Integradas de Saúde) em 1983, um novo modelo assistencial (Previdência-Saúde-Educação). A previdência passa a comprar serviços de estados, municípios, hospitais universitários, públicos, filantrópicos;
A sociedade cada vez mais cobra liberdade, democracia e eleição direta para Presidente da República.
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Término do Regime Militar 
e 
Modelagem do Sistema Único de Saúde
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1986: VIII Conferência Nacional de Saúde
Bases da Reforma Sanitária Brasileira
SUDS (Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde)
Movimento Diretas Já (1985)
Eleição de Tancredo Neves
Início dos movimentos sociais no Brasil
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Principais temas abordados nessa conferência
A saúde como direito de todos;
A reformulação do sistema nacional de saúde;
Financiamento setorial.
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Decisões
Ampliação do conceito de saúde, buscando fatores históricos em que a sociedade tem papel fundamental na conquista de seus direitos;
Elaboração de um projeto para a criação de um Sistema Único de Saúde (SUS) como resgate de uma proposta ocorrida na década de 70 (implantado em todo o país através de uma reforma sanitária);
O financiamento do Sistema Único de Saúde deve ter a participação efetiva do Estado e Município, devendo-se para isto, ocorrer uma reforma tributária.
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A Constituição Federal de 1988, no capítulo VIII da Ordem Social e na seção II referente à saúde, define no artigo 196 que:
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”.
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