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* * Políticas de Saúde no Brasil Professora: Daniela Aquino * * Introdução * * - O que originou essa crise no sistema de saúde do país? - Como devemos analisar esta complexidade no setor de saúde? É fundamental conhecer os determinantes históricos envolvidos nessa problemática. Os seres humanos são frutos de um passado e de uma história. O setor de saúde também é fruto de um passado marcado por um quadro político-social. * * São importantes algumas premissas, tais como: A evolução histórica das políticas de saúde está intimamente ligada à evolução político-social e econômica que abrange toda a sociedade brasileira; O processo evolutivo observado acima obedece ao avanço do capitalismo no Brasil e, consequentemente, do capitalismo em nível internacional; * * Nunca houve uma preocupação no Brasil em assumir a saúde como algo crucial, dentro da política nacional. A saúde sempre foi deixada na periferia do sistema; Se determinadas endemias ou epidemias comprometem o sistema econômico ou social dentro do modelo capitalista, passam a ser alvo de uma atenção, até serem novamente deixadas no plano secundário; As epidemias apresentam uma atenção maior, sendo deixadas de lado quando se transformam em endemias. * * Nunca houve uma preocupação com grupos sociais dispersos e sem uma efetiva organização; Os direitos sociais como previdência e saúde são resultantes da luta, reivindicação e organização dos trabalhadores brasileiros e nunca uma oferta do Estado; A história da política de saúde no Brasil é confundida com a história da previdência social em determinados períodos. * * Do período da colonização ao final do império COLÔNIA IMPÉRIO Como era constituída a sociedade? Índios, colonizadores brancos, escravos africanos, aventureiros. Qual era o modelo de atenção à saúde da população? Nenhum. Não havia interesse por parte de Portugal. * * Como as pessoas se tratavam das moléstias tropicais? Através de curandeiros (conhecimentos empíricos) usando plantas e ervas nativas. * * Vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808 (características): Organização de uma estrutura sanitária mínima na cidade do Rio de Janeiro; Formação do Conselho Ultramarino Português, órgão responsável pela administração das colônias do século XVI; Criação dos cargos de físico-mor e cirurgião-mor; * * Raríssimos médicos formados na Europa dispostos a viver no Brasil, desestimulados pelos baixos salários e condições precárias de trabalho. Em 1789, no Rio de Janeiro, haviam apenas 4 médicos; 1808: Criação do Colégio Médico em Salvador e a Escola de Cirurgia no Rio de Janeiro por D. João VI; Muitos médicos acreditavam que as enfermidades eram causadas pelos miasmas que vinham do mar e pairavam sobre a cidade; * * Proliferação de boticários, que além de manipular as fórmulas prescritas pelos médicos, passaram a indicá-las arbitrariamente; Até 1850 a saúde pública estava limitada às atribuições sanitárias as juntas municipais e controle de navios e saúde dos portos; * * Início da República MODERNIZAÇÃO AO BRASIL A TODO CUSTO! Lema positivista (reforma através do domínio da ciência): Ordem (ditadura republicana) Progresso: povo saudável e educado para o trabalho. * * República Velha (1889-1930) Quadro político Controlado pelos grandes proprietários (coronelismo). Interesses capitalistas. Quadro sanitário Caótico, sem modelo apropriado, ficava a mercê das epidemias (varíola, febre amarela, cólera, malária); O Comércio exterior teve grandes problemas com a peste bubônica. * * A Saúde Pública era complementada por um núcleo de pesquisa das enfermidades que atingiam a coletividade – a Epidemiologia. * * Nascimento da “Política de Saúde” brasileira Idéia de que a população constitui capital humano Idéia incorporada aos conhecimentos clínicos e epidemiológicos Participação do Estado + = * * Quando o Estado atua em outras áreas como educação, alimentação, habitação, transporte e trabalho, diz-se que está ocorrendo uma Política Social. Durante o período presidencial, Rodrigues Alves (1902-1906) nomeou Osvaldo Cruz, Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, propondo-se a erradicar a epidemia de febre amarela na cidade do Rio de Janeiro. * * Modelo Sanitarismo Campanhista Modelo intervencionista adotado pelo regime militar como instrumento de ação de desinfecção ao mosquito transmissor da febre amarela; Economia Agroexportadora; Preocupação em sanear o espaço de circulação das mercadorias para não prejudicar as exportações; * * Insatisfação da população pelo serviço sanitário municipal; Lei federal n. 1261 de 31 de outubro de 1904- medida de Osvaldo Cruz (vacinação antivaríola obrigatória) REVOLTA DA VACINA. Apesar das arbitrariedades e dos abusos cometidos, este modelo apresentou resultados importantes no controle de doenças epidêmicas, inclusive a erradicação da febre amarela no Rio de janeiro. Adotado durante décadas. * * Reformas promovidas por Osvaldo Cruz Criação do instituto soroterápico federal (Instituto Osvaldo Cruz) * * Registro demográfico; Criação de um laboratório auxiliar de diagnóstico etiológico; Fabricação de produtos profiláticos para a população. * * Reformas promovidas por Carlos Chagas Inovação do modelo campanhista (propaganda e educação sanitária de forma rotineira); Reestruturação do Departamento de Saúde, criando o Departamento Nacional de Saúde Pública; Elaboração do novo código de saúde pública; * * Criação de órgãos especializados na luta contra a tuberculose, doenças venéreas e lepra; Expansão das atividades de saneamento para outros estados. * * Outros fatos marcantes no início do século XX O processo de industrialização induziu ao aparecimento da assistência médica da previdência social. O surgimento da previdência social- Lei Eloy Chaves (24 de janeiro de 1923) Bases de sua criação: Economia agroexportadora: monocultura do café Início da industrialização do país (eixo Rio - São Paulo); * * Imigrantes europeus com experiência no setor industrial; Italianos (anarquistas): movimento operário em favor dos direitos trabalhistas; Greves gerais (1917 e 1919); Direitos sociais alcançados. * * Instituídas as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP’s) Aplicada ao operariado urbano; Organizado por empresas e não por categorias profissionais; Sua criação não dependia da mobilização de classes; Cada CAP possuía administração própria; O Estado não participava do custeio dela (empresários, empregados). * * A Era Vargas (1930-1945) A revolução comandada por Getúlio Vargas em 1930 procurou de imediato livrar o Estado do controle político das oligarquias regionais (política do café-com-leite), que sucessivamente elegiam o presidente da República. * * Características desse período Dificuldade de comandar o país de forma democrática; Implantação do Estado Novo em 1937 (ditadura); Criação do Ministério do Trabalho; Criação do Ministério da Indústria e Comércio; Criação do Ministério da Educação e Saúde; Regulamentação da Justiça do Trabalho; Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). * * As políticas sociais foram a arma utilizada pelo ditador para justificar diante da sociedade o sistema autoritário, atenuado pela “bondade” do presidente. As ações pareciam transparecer como dádivas do governo, e não, como conquista dos trabalhadores. Manter o movimento trabalhista dentro dos interesses do Estado. * * Substituição das CAP’s pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP’s) Trabalhadores organizados por categoria profissional (marítimos, comerciários, bancários) e não através de empresas; Financiamento através de empresários, empregados e o Estado; Servia como mecanismo de controle social (desenvolvimento econômico)- poupança forçada, através de um mecanismo de capitalização; * * Também objetivava uma ação político-eleitoreira (1950-1964); Assistência médica previdenciária era vista de maneira secundária. * * O aumento do desenvolvimento industrial nos anos 50, com a crescente urbanização proporciona uma maior pressão pela assistência médica via institutos, como consequência disso, ocorre um aumento do complexo médico hospitalar (contratação de terceiros). Observa-se, então, um esvaziamento progressivo das ações campanhistas que acaba por levar à conformação e hegemonização do modelo médico-assistencial privatista. * * Em 1960 foi promulgada a Lei 3.807 (Lei Orgânica da Previdência Social). Todos os trabalhadores regidos pela CLT, com exceção dos trabalhadores rurais, domésticos e outros. Surgimento do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural – FUNRURAL (Lei 4.214 de 02.03.63). Estes trabalhadores passaram ao regime CLT. * * O Movimento de 1964 Preocupação com a proliferação do comunismo e socialismo na América Latina, que punha em risco os interesses capitalistas (Guerra Fria); Golpe de Estado em 31 de março de 1964 com a implantação do regime militar autoritário e repressivo com o aval dos Estados Unidos; Fortalecimento do executivo e quase inexistência do legislativo; * * Uniformização dos IAP’s dando origem ao Instituto Nacional da Previdência Social (INPS) em 1966; O sistema médico previdenciário não acompanhou o aumento do número de contribuintes, tendo o sistema médico privado a participar da sociedade; Aumento da complexidade administrativa do sistema médico-industrial gerando uma entidade própria dentro do INPS, o Instituto Nacional da Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) em 1978. * * O final dos anos 70, coincide com o esgotamento do modelo médico-assistencial privatista. Na década de 80, as políticas de saúde se desenvolvem no contexto de uma profunda crise econômica: Baixos salários, desemprego, aumento da marginalidade, processo de favelação, aumento da mortalidade infantil, dentre outros; Diminuição da arrecadação previdenciária; Desvios de verbas públicas para cobrir outros setores comprometidos; * * A prioridade do Brasil objetivou a medicina curativa, sendo esse modelo incapaz de resolver os principais problemas de saúde coletiva; Não houve repasse do governo federal para atender à previdência, falha no acordo tríplice; Criação do CONASP (Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária) em 1981, ligado ao INAMPS, órgão que procurou conter custos e combater fraudes; * * Emergem do ponto de vista político dois grandes projetos co-sanitários alternativos: o contra-hegemônico (a reforma sanitária) e o hegemônico (o projeto neoliberal), proposta conservadora de reciclagem do modelo médico-assistencial privatista. Consolidou-se, contudo o projeto hegemônico. Abrem-se espaços, tanto políticos quanto institucionais, para o desenvolvimento do movimento contra-hegemônico da saúde, que nos anos 80, viria a conformar-se como a reforma sanitária brasileira. * * Início dos investimentos no setor público com alternativa de sair da crise (investimentos mais baixos); AIS (Ações Integradas de Saúde) em 1983, um novo modelo assistencial (Previdência-Saúde-Educação). A previdência passa a comprar serviços de estados, municípios, hospitais universitários, públicos, filantrópicos; A sociedade cada vez mais cobra liberdade, democracia e eleição direta para Presidente da República. * * Término do Regime Militar e Modelagem do Sistema Único de Saúde * * 1986: VIII Conferência Nacional de Saúde Bases da Reforma Sanitária Brasileira SUDS (Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde) Movimento Diretas Já (1985) Eleição de Tancredo Neves Início dos movimentos sociais no Brasil * * Principais temas abordados nessa conferência A saúde como direito de todos; A reformulação do sistema nacional de saúde; Financiamento setorial. * * Decisões Ampliação do conceito de saúde, buscando fatores históricos em que a sociedade tem papel fundamental na conquista de seus direitos; Elaboração de um projeto para a criação de um Sistema Único de Saúde (SUS) como resgate de uma proposta ocorrida na década de 70 (implantado em todo o país através de uma reforma sanitária); O financiamento do Sistema Único de Saúde deve ter a participação efetiva do Estado e Município, devendo-se para isto, ocorrer uma reforma tributária. * * A Constituição Federal de 1988, no capítulo VIII da Ordem Social e na seção II referente à saúde, define no artigo 196 que: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”. * *
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