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ABERTURA PROBLEMA 1- AAS

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PROBLEMA 1- ABERTURA 
- Devido às discussões e luta dos sanitaristas, gestores 
e políticos na VIII Conferência de Saúde, em 1988, foi 
criado o SUS e institucionalizado o direito à saúde a 
todos os cidadãos brasileiros através da Constituição 
Federal. 
HISTÓRIA DO SUS 
1500- COLONIZAÇÃO 
- Embora o primeiro contato dos colonizadores com as 
terras brasileiras tenha sido descrito na carta de 
Pedro Álvares Cabral como algo semelhante à 
chegada ao paraíso, essa realidade mudou ao longo 
do tempo. A realidade passou a ser marcada por 
conflitos com os indígenas, por dificuldades materiais 
da vida na região e, também, por enfermidades, ou 
seja, esses fatores dificultavam o estabelecimento dos 
colonizadores. 
- Os fatores citados colocavam em perigo o projeto 
europeu de colonização e exploração econômica da 
colônia. Dessa forma, o Conselho Ultramarino 
português, em 1521, criou os cargos de físico-mor e 
cirurgião-mor, os quais ficaram encarregados de 
cuidar da saúde da população sob domínio lusitano. 
 Poucos médicos aceitavam se transferir para 
trabalharem aqui, entre os motivos que os 
desestimulavam eram os baixos salários 
oferecidos e o medo do desconhecido. 
- A população, além de não ter condição de pagar por 
uma consulta, ainda tinha medo de se submeter aos 
tratamentos. Sendo assim, guiavam-se principalmente 
por ideias religiosas e culturais para tratar as suas 
enfermidades, como a sangria, ao invés de recorrer 
aos médicos formados na Europa. 
1808- VINDA DA CORTE 
PORTUGUESA 
- Nasce no século XIX a chamada medicina social. Com 
a chegada da Corte Portuguesa no Brasil, em 1808, 
foram fundadas as academias médico-cirúrgicas, no 
Rio e na Bahia, que logo foram transformadas nas 2 
primeiras escolas de medicina do país. Essas escolas 
possuíam caráter hegemônico, os médicos eram 
curativistas, hospitalocêntricos e atendiam por 
demanda espontânea. Nessas escolas, o médico era a 
figura central. 
- Rio de Janeiro se tornou o centro de ações sanitárias, 
pois passou a ser a sede provisória do Império 
Lusitano. Assim, em 1808, foi criada a primeira 
organização nacional de saúde pública no Brasil. 
- Em 1828, foi promulgada a lei de Municipalização 
dos Serviços de Saúde, que conferiu às Juntas 
Municipais as funções exercidas anteriormente pelo 
Físico-Mor e Cirurgião-Mor. 
- Em 1846, foi criado o Instituto Vacinício do Império 
e tinha como objetivo o estudo, prática, 
melhoramento e propagação da vacina. Até 1850, as 
atividades de Saúde Pública estavam limitadas: 
 Delegação das atribuições sanitárias às Juntas 
Municipais 
 Controle de Navios e Saúde dos Portos e 
Autoridades Vacinadoras contra a varíola. 
- Foi criada Junta de Higiene Pública, que foi pouco 
eficaz, sendo transformada em Junta Central de 
Higiene Pública em 1851, controlada pelas instâncias 
médicas com os seguintes objetivos: 
 Inspeção da vacinação 
 Controle do exercício da medicina 
 Polícia sanitária da terra, que engloba a 
inspeção de alimentos, farmácias, armazéns, 
restaurantes, hospitais, entre outros. 
- O interesse estava limitado ao estabelecimento de 
um controle sanitário mínimo da capital do Império 
e, apesar da Junta não ter resolvido os problemas de 
saúde pública, ela marca uma nova etapa na 
organização da higiene pública no Brasil. 
1889- PROCLAMAÇÃO DA 
REPÚBLICA 
- Nesse contexto a medicina assumiu papel de guia do 
estado para assuntos sanitários e de garantir a 
melhoria da saúde individual e coletiva. O Brasil das 3 
primeiras décadas do século XX era 
predominantemente rural e analfabeto, e com a 
emersão de manifestações operárias urbanas. 
- Havia uma necessidade de atualizar a economia e a 
sociedade com o mundo capitalista. Essa necessidade 
favoreceu para que os trabalhadores brasileiros 
começassem a ser tratados como o capital humano. 
- Foi uma época marcada por certo preconceito por 
parte dos médicos em aceitar as novas teorias da 
Medicina Moderna, baseada nos conceitos da 
bacteriologia e fisiologia muito divulgadas por Louis 
Pasteur e Claude Bernard. Aos poucos isso foi 
mudando e o Brasil ganhou um novo campo de 
conhecimento ligado ao estudo e prevenção de 
doença, além do desenvolvimento de formas de 
atuação nos surtos pandêmicos, chamado de Saúde 
Pública. 
- No caso da Constituição de 1891, cabia aos estados a 
responsabilidade pelas ações de saúde, saneamento e 
educação. A falta de um modelo sanitário deixava as 
cidades brasileiras à mercê das epidemias, como no 
início do século XX no RJ, cidade que estava 
acometida por varíola, malária, febre amarela e 
peste. > República Velha 
- Em 1900 foi criado o Instituto Soroterápico Federal 
(transformado em Instituto Oswaldo Cruz em 1908 e 
em Fundação Oswaldo Cruz em 1970), no Rio de 
Janeiro, e o Instituto Butantan, em São Paulo, no ano 
de 1901. Esses institutos foram criados para produção 
de soros e vacinas contra a peste. 
- Os serviços de saúde nos primeiros anos da 
República eram totalmente desorganizados e isso 
facilitou a ocorrência de novas ondas epidêmicas. 
Assim, o governo federal passou a incentivar os 
médicos higienistas por meio de oferecimento de 
cargos públicos importantes em troca de assumirem a 
responsabilidade de estabelecer estratégias para o 
saneamento. Como exemplo, pode-se citar Rodrigues 
Alves que nomeou, em 1903, Oswaldo Cruz como 
Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, o 
qual criou uma campanha que buscava erradicar a 
febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Assim, 
em 1904, Oswaldo fez uma proposta de lei que trazia 
alguns pontos principais: 
1. Fazer a desinfecção do Rio de Janeiro 
2. Fazer a demolição de locais prejudiciais à 
saúde 
3. Notificação permanente das epidemias 
4. Vacinação obrigatória. 
 
Cerca de 15oo pessoas passaram a exercer 
atividades de desinfecção no combate ao 
mosquito vetor da febre amarela. Porém essas 
ações eram cometidas com certas arbitrariedades 
e este modelo de intervenção ficou conhecido 
como campanhista. 
- Como consequência, ocorreu a Revolta da Vacina, 
que foi uma rebelião popular contra a vacina anti-
varíola. 
- Em 1907, o Instituto Soroterápico Federal passa a se 
chamar Instituto de patologia Experimental de 
Manguinhos, onde foram estabelecidas normas e 
estratégias para controle dos mosquitos, vetores da 
febre amarela. Em 1908, é rebatizado como Instituto 
Oswaldo Cruz. 
PREVIDÊNCIA SOCIAL 
- Os operários na época não tinham quaisquer 
garantias trabalhistas (férias, jornada de trabalho 
definida, pensão ou aposentadoria). E os imigrantes, 
em especial os italianos, traziam consigo a história do 
movimento operário na Europa e dos direitos 
trabalhistas já conquistados pelos europeus. Sendo 
assim, eles procuraram mobilizar e organizar a classe 
operária no Brasil na luta pelas conquistas dos seus 
direitos. 
 O movimento operário organizou e realizou 
duas greves gerais no país, uma em 1917 e 
outra em 1919. Através destes movimentos os 
operários começaram a conquistar alguns 
direitos sociais. 
- As medidas de proteção social, como a assistência 
médica, só passaram a ter reconhecimento legal como 
política pública com a aprovação da Lei Elói Chaves, 
de 1923. Até então, muitas categorias de 
trabalhadores organizavam associações de auxílio 
mútuo para lidar com problemas de invalidez, doença 
e morte. 
- A criação dessa Lei que regulamentou a criação das 
Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) é o 
momento inicial da responsabilização do Estado pela 
regulação da assistência médica. As CAPs garantiam 
socorro médico em caso de doença ao trabalhador ou 
a uma pessoa da sua família, medicamentos obtidos 
com preço especial determinado pelo conselho de 
Administração, aposentadoria, pensão para os 
herdeiros em caso de morte do trabalhador e a 
obrigação de arcar com a assistência aos acidentados 
no trabalho. 
- A Leideveria ser aplicada a todos os trabalhadores 
formais, exceto aos rurais, devido à oligarquia rural no 
Congresso Nacional. Esse fato perdurou até 1960, 
quando foi criado o Funrural. As CAPs era um sistema 
por empresa, restrito às grandes empresas privadas e 
públicas. 
 O trabalhador depositava 3% do salário nessas 
caixas, assim como o governo e o empregador 
depositavam certa quantia. O trabalhador 
poderia usar esse dinheiro em caso de doença 
ou como aposentadoria. 
1930- ERA VARGAS 
- Essa fase tem início após a Revolução de 1930, que 
colocou fim à política do café com leite, devido a crise 
1929, que imobilizou o setor agroexportador e 
redefiniu a organização do estado. 
Vargas criou os Ministérios do Trabalho, o da 
Indústria e comércio e o Ministério da Educação e 
Saúde. 
- Durante o primeiro governo Vargas, as antigas CAPs 
foram substituídas pelos Institutos de Aposentadorias 
e Pensões (IAP), sendo que nesses institutos os 
trabalhadores eram organizados por categoria 
profissional (marítimos, comerciários e bancários) e 
não por empresa. Em 1933, foi criado o primeiro IAP, 
o dos Marítimos (IAPM). 
 Os IAPs descontavam uma parte do salário do 
trabalhador para ter pleno direito à 
assistência médica e, futuramente, às 
aposentadorias e pensões. 
- Foi criado o Serviço de Assistência Médica 
Domiciliar e de Urgência (SAMDU), que era mantido 
por todos os institutos e caixas ainda existentes. 
- Em 1932 foi feito o convênio com a Fundação 
Rockefeller, para intensificação das atividades de 
controle da febre amarela, encerrado em 1939, com a 
extinção do Serviço de Profilaxia da Febre Amarela. 
- Em 1941, foi feita a Reforma Barros Barretos: 
destaque aos programas de abastecimento de água e 
construção de esgotos, criação de órgãos executivos 
de ação direta contra as endemias mais importantes 
(malária, febre amarela, peste) 
- Foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública 
(Mesp), ao qual cabia tudo que dissesse respeito à 
saúde da população e que não se encontrava na área 
da medicina previdenciária, desenvolvida no 
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. O Mesp 
prestava serviços para aqueles identificados como 
pré-cidadãos: 
 Pobres 
 Desempregados 
 Aqueles que exerciam atividades informais 
Criação do Ministério da Saúde, em 1953> 
desmembramento do Mesp. 
 
LEI ORGÂNICA DA PREVIDÊNCIA 
SOCIAL 
- Promulgada em 1960, estabelece a unificação do 
regime geral da previdência social, o qual estava 
destinado a abranger todos os trabalhadores sujeitos 
ao regime da CLT, excluídos os trabalhadores rurais, 
os empregados domésticos e naturalmente os 
servidores públicos e de autarquias e que tivessem 
regimes próprios de previdência. Os trabalhadores 
rurais só foram incorporados ao sistema 03 anos 
depois com a criação do Fundo de Assistência ao 
Trabalhador Rural (FUNRURAL). 
1964- REGIME MILITAR 
- Durante o período militar (1964-1984), houve uma 
mercantilização da saúde, através da implantação do 
Sistema Nacional de Saúde. Houve também a 
unificação dos IAPs no Instituto Nacional de 
Previdência Social (INPS), em 1966, concentrando 
todas as contribuições previdenciárias. No INPS 
ocorria uma maior participação estatal e se dava da 
seguinte forma: 
 O empregador fornecia 8% e o empregado 
fornecia 8% do salário, que eram guardados 
para serem utilizados pelo empregador. 
- O INPS aceitou novas categorias, como os 
trabalhadores rurais, as empregadas domésticas e os 
autônomos. Como esses trabalhadores não possuíam 
empregador e carteira assinada, eles pagavam todo os 
16% de contribuição. 
- Para atender toda a população, foram estabelecidos 
convênios e contratos com a maioria dos médicos e 
hospitais existentes no país, pagando-se pelos 
serviços produzidos (pró-labore), o que propiciou a 
estes grupos se capitalizarem, provocando um efeito 
cascata com o aumento no consumo de 
medicamentos e de equipamentos médico-
hospitalares, formando um complexo sistema 
médico-industrial. 
- Na década de 1970, a assistência médica financiada 
pela Previdência Social possui seu período de maior 
expansão. Entretanto, os serviços médicos prestados 
pelas empresas privadas eram pagos por Unidade de 
Serviço (US), que permitiu uma fonte de corrupção. 
Houve a construção e reforma de inúmeras clínicas e 
hospitais privados, associada ao enfoque na medicina 
curativa e à expansão das faculdades particulares de 
medicina. 
- Em 1975, entra em crise o modelo econômico da 
ditadura e o modelo de saúde previdenciário começa 
a mostras suas mazelas: 
 Ao priorizar a medicina curativa, foi incapaz 
de solucionar problemas de saúde coletiva, 
como as endemias e a mortalidade infantil. 
 Aumentos dos custos da medicina curativa 
 Diminuição do crescimento econômico com a 
respectiva repercussão na arrecadação do 
sistema previdenciário 
 Incapacidade de atender a população 
marginalizada 
 Desvios de verba para cobrir despesas de 
outros setores 
 Não repasse da União para o sistema 
previdenciário 
- Então, o governo militar transforma o INPS em 
Instituto Nacional de Assistência Médica da 
Previdência Social (Inamps), em 1978. O INAMPS cria 
um teto para pagamento de consultas e 
atendimentos, privilegiando a atividade do setor 
privado. 
- Em 1981, a crise da Previdência de agravou, 
resultando no chamado “pacote da previdência , que 
previa aumento na contribuição e diminuição dos 
benefícios dos aposentados. Origina-se então o 
Conselho Consultivo de Administração da Saúde 
Previdenciária (Conasp), que institui a Portaria n. 
3046 em 1982, a qual estabeleceu parâmetros 
assistenciais. 
- Em 1985, com o fim do regime militar, lideranças do 
movimento sanitário assumem efetivamente posições 
em postos-chaves nas instituições responsáveis pela 
política de saúde no país. Em 1986, ocorre então a 8ª 
Conferência Nacional de Saúde, presidida por Sérgio 
Arouca (então presidente da Fundação Oswaldo 
Cruz). Foi nesse contexto que foram lançados os 
princípios da Reforma Sanitária e seu documento final 
define saúde como: 
 “Resultante das condições de alimentação, 
habitação, educação, renda, meio ambiente, 
trabalho, transporte, emprego, lazer, 
liberdade, acesso e posse da terra e acesso a 
serviços de saúde”. 
- Foi nessa Conferência que se aprovou a criação de 
um Sistema Único de Saúde com separação total da 
saúde em relação à Previdência. Enquanto se 
aprofundavam as discussões sobre o financiamento e 
operacionalização para a constituição do SUS, em 
1987, foi criado o Sistema Unificado e 
Descentralizado de Saúde (Suds), que também 
possuía como princípios básicos: 
 Universalização 
 Equidade 
 Descentralização 
 Regionalização 
 Hierarquização 
 Participação comunitária 
- Em 1986, foi criada a Comissão Nacional de Reforma 
Sanitária (CNRS), que elaborou uma proposta de 
conteúdo de saúde que subsidiou a Constituinte, além 
de um projeto para a nova lei do SUS. Foi então que 
em 1988, a Constituição Federal aprovou a criação do 
SUS, reconhecendo a saúde como um direito a ser 
assegurado pelo Estado e pautado pelos princípios 
citados. 
REFORMA SANITÁRIA 
- O MRSB surgiu em meados da década de 70 e 
constituiu-se no processo de amplas mobilizações da 
sociedade brasileira pela redemocratização. Esse 
movimento expressou a indignação da sociedade 
frente as desigualdades, a mercantilização da saúde e, 
desejava a saúde como direito universal de 
cidadania. 
- Segundo o artigo, o MRSB possui algumas 
dimensões: 
 Dimensão civilizatória: destaca-se o caráter 
contra-hegmônico do projeto civilizatório do 
MRSB, ao afirmar a saúde como direito 
universal de cidadania, o que vai contra o 
projeto de globalização neoliberal com uma 
agenda de restrição de direitos, o que era 
preconizado pelo Banco Mundial e pelo 
Fundo Monetário Internacional (FMI), como a 
única saída paraa crise fiscal de 1970/1980. 
 
 Dimensão democrático participativa: 
destaca-se o processo constituinte de ampla e 
plural participação, que é uma marca da 
construção do direito à saúde no Brasil, 
expressa na Constituição de 1988. 
 
 Dimensão epistemológica: destaca-se a 
criação do plural e aberto campo da saúde 
coletiva, que tem origem a partir da crítica 
realizada à medicina preventiva. A partir 
dessa crítica, ocorreu uma aproximação com a 
medicina social, o que evoluiu para a 
constituição da saúde coletiva. A 
compreensão da determinação social do 
processo saúde/doença produziu 
repercussões na reflexão política. 
CONTEXTO HISTÓRICO 
- Entre o final da década de 60 e o início da 
década de 70, ocorreu o chamado “milagre 
econômico brasileiro”, em virtude de uma diretriz 
econômica de redução de gastos com políticas sociais 
e de grande entrada de capital estrangeiro no país. 
Entretanto, esse crescimento era acompanhado de 
perda do poder aquisitivo do salário-mínimo, 
aumento dos preços, concentração de renda e o 
aumento da dívida externa do País. A partir do final 
da década de 1970, o Brasil foi atingido pela crise 
econômica internacional proveniente do aumento do 
preço do petróleo, iniciado em 1974. Assim, finalizava 
o ciclo de forte crescimento econômico, favorecendo 
o aumento das tensões sociais e o surgimento dos 
primeiros movimentos pelas reformas no campo da 
saúde. 
- Na área da saúde, ocorria uma separação entre a 
saúde pública e individual, sendo o Ministério da 
Saúde, fragilizado financeiramente, responsável pela 
promoção da saúde, prevenção de doenças, pelo 
enfrentamento das grandes endemias e atendimento 
aos chamados indigentes, e o Ministério da 
Previdência, através do Inamps, responsável pela 
atenção individual aos portadores de carteira de 
trabalho. Além disso, durante essa década de 70, 
diagnósticos patrocinados pela Organização Pan-
americana de Saúde (Opas), apontavam pra um 
quadro sanitário preocupante em todo o continente: 
 Baixa cobertura assistencial 
 Disseminação de doenças marcadamente da 
pobreza, como as verminoses e aquelas de 
veiculação hídrica 
- Dessa forma, os 1970 marcam um momento de 
grande repressão e da chamada “abertura lenta e 
gradual” feita pelo regime militar. Um marco desse 
processo foi o lançamento do segundo Plano Nacional 
de Desenvolvimento (2º PND), que levou para a 
agenda do planejamento estatal prioridades sociais 
como a saúde, atestando maior articulação no âmbito 
do Ministério da Saúde (MS), o qual ampliou o 
repasse de verbas para os estados e desenvolveu 
projetos verticais direcionados ao controle de 
algumas doenças, como a hanseníase, tuberculose e 
câncer. 
Nesse contexto, o movimento sanitário significa 
uma experiência contra-hegemônica e afirma a 
conexão entra a reforma democrática e a reforma 
republicana da saúde. 
MARCOS IMPORTANTES DA 
REFORMA SANITÁRIA 
- As narrativas em torno da reforma sanitária 
brasileira localizam a origem do movimento no 
contexto da segunda metade dos anos 70, período 
que coincide com a criação do Centro Brasileiro de 
Estudos de Saúde (Cebes), em 1976, que foi instituído 
por um grupo de sanitaristas da Universidade de São 
Paulo, com o objetivo principal de editar um periódico 
especializado. 
- Além disso, alguns membros do nascente 
movimento sanitário brasileiro, criaram em 1976 o 
Programa de Interiorização de Ações de Saúde e 
Saneamento (Piass), que era fortemente vinculado ao 
MS e caracterizava-se como uma iniciativa de 
investimentos para expansão da rede de atenção 
primária em municípios do interior. Seus propósitos 
eram: 
 Aumentar o alcance da cobertura de serviços 
médicos nas áreas rurais 
 Regionalizar a atenção e assistência médica, 
de forma descentralizada e hierarquizada 
 Formação e capacitação de pessoal técnico e 
auxiliar para Saúde> uma resposta à isso é o 
Programa de Preparação Estratégica de 
Pessoal de Saúde (Ppreps), que é 
contemporâneo do Piass. 
- O contexto também coincide com a criação da 
Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde 
Coletiva (Abrasco), em setembro de 1979, como 
forma de organização dos programas de pós-
graduação no campo de saúde pública, da medicina 
social e da saúde coletiva. 
- No mês seguinte da criação da Abrasco, foi realizado 
o 1º Simpósio sobre Política Nacional de Saúde, da 
Câmara dos Deputados, um evento que reuniu as 
principais lideranças do movimento. Além disso, 
ocorreu o debate e aprovação do documento a 
‘Questão democrática na área da saúde’, 
apresentado pelo Cebes. Nesse documento já 
estavam contidos alguns dos princípios que seriam 
adotados pela reforma sanitária como: 
 Direito universal e inalienável à saúde 
 Integração entre saúde previdenciária e 
saúde pública 
 Descentralização 
 Regionalização 
 Hierarquização 
 Participação popular e controle social 
 Papel regulador do Estado 
- No fim da década de 70, o regime militar convivia 
com a crise oriunda do endividamento, dos 2 
choques do petróleo (1974 e 1979) e do aumento dos 
juros estrangeiros. Surgem então movimentos sociais 
que são a gênese do movimento da reforma sanitária: 
 Movimento popular pela saúde: surgiu a 
partir de grupos apoiados pela Igreja Católica 
e pela militância de esquerda em bairros 
pobres de periferias das grandes cidades. Esse 
movimento desejava a melhoria das 
condições de saúde dessas regiões. Na década 
de 1980, esses grupos alcançaram expressão 
nacional a partir dos encontros nacionais de 
medicina comunitária 
 Movimento dos médicos: surgiu a partir de 
críticas ao sistema de saúde vigente e lutas da 
categoria por direitos trabalhistas. Lideradas 
por associações e sindicatos médicos, as 
greves e outras mobilizações reivindicavam 
melhores condições de trabalho e mudanças 
no sistema de saúde. 
Esses movimentos ajudaram na formatação do 
movimento sanitário, em especial atuando na 8ª 
CNS. 
- A década de 80 foi marcada por uma crise financeira e 
pela entrada de diversas lideranças do movimento 
sanitário em cargos diretivos do Ministério da 
Previdência Social (MPAS), consolidando a ideia de 
necessidade de fusão da medicina previdenciária e 
saúde pública. Foi proposto então um conjunto de 
medidas para diminuir as despesas com os contratos do 
setor privado e ampliar as ações do setor público. O 
principal conjunto foi denominado de Ações Integradas 
de Saúde (AIS), que, com base em mecanismos de 
regionalização e hierarquização, procurou interligar a 
rede pública nas esferas federal, estadual e municipal. 
- Assim, vai se configurando um movimento enraizado 
e organizado nacionalmente. São criados múltiplos 
ambientes de encontros, sendo que o momento 
culminante foi a 8ª Conferência Nacional de Saúde, 
que ocorreu em 1986 com a participação de cerca de 
5 mil pessoas (metade oriunda de movimentos 
sociais). Entre os principais temas da Conferência 
estavam: 
 O dever do Estado e direito do cidadão no 
tocante à saúde 
 A reformulação do sistema nacional de 
saúde 
 O financiamento do setor 
 Hierarquização dos cuidados médicos 
segundo sua complexidade e especialização 
 Participação popular nos serviços de saúde 
Foi durante as discussões dessa CNS que foi aprovado 
o projeto político da Reforma Sanitária Brasileira, 
que foi base do capítulo da saúde na Constituição de 
1988. 
CONSTITUIÇÃO DE 1988 
- A Constituição Federal de 1988 incorporou uma 
concepção de seguridade social como expressão dos 
direitos sociais inerentes à cidadania, integrando 
saúde, previdência e assistência. Assimilando 
proposições formuladas pelo movimento da Reforma 
Sanitária Brasileira reconheceu o direito à saúde e o 
dever do Estado, mediante a garantia de um conjunto 
de políticas econômicas e sociais, incluindo a criação 
do SUS, universal, público, participativo, 
descentralizado e integral.- Essa constituição traz uma seção nomeada de “seção 
da saúde”, com os seguintes artigos: 
 
 ART.196. A saúde é direito de todos e dever 
do Estado, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do 
risco de doença e de outros agravos e ao 
acesso universal e igualitário às ações e 
serviços para sua promoção, proteção e 
recuperação. 
 ART.197. São de relevância pública as ações 
e serviços de saúde, cabendo ao Poder 
Público dispor, nos termos da lei, sobre sua 
regulamentação, fiscalização e controle, 
devendo sua execução ser feita diretamente 
ou através de terceiros e, também, por pessoa 
física ou jurídica de direito privado. 
 ART.198. As ações e serviços públicos de 
saúde integram uma rede regionalizada e 
hierarquizada e constituem um sistema único, 
organizado de acordo com as seguintes 
diretrizes: 
I. Descentralização, com direção única em 
cada esfera de governo; 
II. Atendimento integral, com prioridade 
para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais; 
III. Participação da comunidade 
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO 
SUS 
- O SUS é definido como um sistema único porque 
segue a mesma doutrina e os mesmos princípios 
organizativos em todo o território nacional, sob a 
responsabilidade das três esferas autônomas do 
governo: federal, estadual e municipal. Assim, ele não é 
um serviço ou uma instituição, mas um sistema 
composto por um conjunto de ações e serviços de 
saúde prestados por órgãos e instituições públicas 
federais, estaduais e municipais, da administração 
direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder 
Público e, de forma complementar, pela iniciativa 
privada. 
- Apesar do SUS ter sido criado em 1988, ele foi 
regulamentado em 1990 pela lei 8.080, que definia o 
modo operacional do SUS. O SUS é concebido como o 
conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por 
órgãos e instituições públicas federais, estaduais e 
municipais, da administração direta e indireta e das 
fundações mantidas pelo Poder Público. A iniciativa 
privada poderá participar do SUS em caráter 
complementar. Essa Grande Lei Orgânica de Saúde traz 
que serviços públicos e serviços privados contratados 
ou conveniados que integram o SUS possuem suas 
ações desenvolvidas de acordo com as diretrizes 
previstas no art. 198 da Constituição, obedecendo 
também os seguintes princípios: 
 Princípios ideológicos ou 
doutrinários 
 
 UNIVERSALIDADE : “A saúde é um direito 
de todos” - o Estado tem obrigação de prover 
atenção à saúde. Todos os cidadãos 
brasileiros devem ter acesso aos serviços 
públicos e privados conveniados, em todos os 
níveis do sistema de saúde. 
 INTEGRALIDADE : A atenção à saúde inclui 
tanto os meios curativos, quanto os 
preventivos e de promoção à saúde (em todos 
os níveis de complexidade) biopsicossocial; 
tanto os individuais; quanto os coletivos. 
 EQUIDADE: Todos devem ter igualdade de 
oportunidade em usar o sistema de saúde; 
como, no entanto, o Brasil contém 
disparidades sociais e regionais, as 
necessidades de saúde variam. 
 
 Princípios organizacionais ou 
operativos 
 DESCENTRALIZAÇÃO : Dividimos a 
organização da gestão em três esferas, que 
são a nacional, estadual e municipal, cada 
uma com comando único e atribuições 
próprias. A nacional define as normas; a 
estadual coordena; e a municipal tem 
assumido papel cada vez mais importante na 
prestação e gerenciamento dos serviços de 
saúde. 
 HIERARQUIZAÇÃO: Os serviços de saúde 
são divididos em níveis de complexidade. O 
nível primário deve ser oferecido 
diretamente à população, enquanto os 
outros devem ser utilizados apenas quando 
necessário. 
 REGIONALIZAÇÃO : Cada serviço de 
saúde tem uma área de abrangência 
(território), ou seja, é responsável pela saúde 
de uma parte da população. 
 PARTICIPAÇÃO POPULAR: através dos 
conselhos e conferências. 
 RESOLUBILIDADE : capacidade de 
resolução dos serviços em todos os níveis de 
assistência 
 COMPLEMENTARIDADE DO SETOR 
PRIVADO 
 Outros princípios da lei 8.080 
- Preservação da autonomia das pessoas na defesa de 
sua integridade física e moral 
- Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos 
ou privilégios de qualquer espécie; 
- Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre 
sua saúde; 
- Divulgação de informações quanto ao potencial dos 
serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; 
- Utilização da epidemiologia para o estabelecimento 
de prioridades, a alocação de recursos e a orientação 
programática; 
- Organização de atendimento público específico e 
especializado para mulheres e vítimas de violência 
doméstica em geral, que garanta, entre outros, 
atendimento, acompanhamento psicológico e 
cirurgias plásticas reparadoras (Lei de 2013). 
 Objetivos e atribuições 
1) Identificação e divulgação dos fatores 
condicionantes e determinantes da saúde 
2) Formular as políticas de saúde. 
3) Fornecer assistência às pessoas por intermédio de 
ações de promoção, proteção e recuperação da 
saúde. 
4) Executar as ações de vigilância sanitária e 
epidemiológica 
 Vigilância sanitária é um conjunto de ações 
capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos 
à saúde e de intervir nos problemas sanitários 
decorrentes do meio ambiente, da produção 
e circulação de bens e da prestação de 
serviços de interesse da saúde. 
 Vigilância epidemiológica é um conjunto de 
ações que proporcionam o conhecimento, a 
detecção ou prevenção de qualquer mudança 
nos fatores determinantes e condicionantes 
de saúde individual ou coletiva, com a 
finalidade de recomendar e adotar as medidas 
de prevenção e controle das doenças ou 
agravos. 
5) Executar ações visando a saúde do trabalhador e 
assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica 
6) Participar na formulação da política e na execução 
de ações de saneamento básico 
7) Participar da formulação da política de recursos 
humanos para a saúde; 
 8) Realizar atividades de vigilância nutricional e de 
orientação alimentar; 
9) Participar das ações direcionadas ao meio 
ambiente; 
10) Formular políticas referentes a medicamentos, 
equipamentos, imunobiológicos, e outros insumos de 
interesse para a saúde e a participação na sua 
produção; 
11) Fiscalização e a inspeção de alimentos, água e 
bebidas para consumo humano; 
12) Participação no controle e fiscalização de 
produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
13) Incremento do desenvolvimento científico e 
tecnológico na área da saúde; 
14) Formulação e execução da política de sangue e de 
seus derivados

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