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PROBLEMA 1- ABERTURA - Devido às discussões e luta dos sanitaristas, gestores e políticos na VIII Conferência de Saúde, em 1988, foi criado o SUS e institucionalizado o direito à saúde a todos os cidadãos brasileiros através da Constituição Federal. HISTÓRIA DO SUS 1500- COLONIZAÇÃO - Embora o primeiro contato dos colonizadores com as terras brasileiras tenha sido descrito na carta de Pedro Álvares Cabral como algo semelhante à chegada ao paraíso, essa realidade mudou ao longo do tempo. A realidade passou a ser marcada por conflitos com os indígenas, por dificuldades materiais da vida na região e, também, por enfermidades, ou seja, esses fatores dificultavam o estabelecimento dos colonizadores. - Os fatores citados colocavam em perigo o projeto europeu de colonização e exploração econômica da colônia. Dessa forma, o Conselho Ultramarino português, em 1521, criou os cargos de físico-mor e cirurgião-mor, os quais ficaram encarregados de cuidar da saúde da população sob domínio lusitano. Poucos médicos aceitavam se transferir para trabalharem aqui, entre os motivos que os desestimulavam eram os baixos salários oferecidos e o medo do desconhecido. - A população, além de não ter condição de pagar por uma consulta, ainda tinha medo de se submeter aos tratamentos. Sendo assim, guiavam-se principalmente por ideias religiosas e culturais para tratar as suas enfermidades, como a sangria, ao invés de recorrer aos médicos formados na Europa. 1808- VINDA DA CORTE PORTUGUESA - Nasce no século XIX a chamada medicina social. Com a chegada da Corte Portuguesa no Brasil, em 1808, foram fundadas as academias médico-cirúrgicas, no Rio e na Bahia, que logo foram transformadas nas 2 primeiras escolas de medicina do país. Essas escolas possuíam caráter hegemônico, os médicos eram curativistas, hospitalocêntricos e atendiam por demanda espontânea. Nessas escolas, o médico era a figura central. - Rio de Janeiro se tornou o centro de ações sanitárias, pois passou a ser a sede provisória do Império Lusitano. Assim, em 1808, foi criada a primeira organização nacional de saúde pública no Brasil. - Em 1828, foi promulgada a lei de Municipalização dos Serviços de Saúde, que conferiu às Juntas Municipais as funções exercidas anteriormente pelo Físico-Mor e Cirurgião-Mor. - Em 1846, foi criado o Instituto Vacinício do Império e tinha como objetivo o estudo, prática, melhoramento e propagação da vacina. Até 1850, as atividades de Saúde Pública estavam limitadas: Delegação das atribuições sanitárias às Juntas Municipais Controle de Navios e Saúde dos Portos e Autoridades Vacinadoras contra a varíola. - Foi criada Junta de Higiene Pública, que foi pouco eficaz, sendo transformada em Junta Central de Higiene Pública em 1851, controlada pelas instâncias médicas com os seguintes objetivos: Inspeção da vacinação Controle do exercício da medicina Polícia sanitária da terra, que engloba a inspeção de alimentos, farmácias, armazéns, restaurantes, hospitais, entre outros. - O interesse estava limitado ao estabelecimento de um controle sanitário mínimo da capital do Império e, apesar da Junta não ter resolvido os problemas de saúde pública, ela marca uma nova etapa na organização da higiene pública no Brasil. 1889- PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA - Nesse contexto a medicina assumiu papel de guia do estado para assuntos sanitários e de garantir a melhoria da saúde individual e coletiva. O Brasil das 3 primeiras décadas do século XX era predominantemente rural e analfabeto, e com a emersão de manifestações operárias urbanas. - Havia uma necessidade de atualizar a economia e a sociedade com o mundo capitalista. Essa necessidade favoreceu para que os trabalhadores brasileiros começassem a ser tratados como o capital humano. - Foi uma época marcada por certo preconceito por parte dos médicos em aceitar as novas teorias da Medicina Moderna, baseada nos conceitos da bacteriologia e fisiologia muito divulgadas por Louis Pasteur e Claude Bernard. Aos poucos isso foi mudando e o Brasil ganhou um novo campo de conhecimento ligado ao estudo e prevenção de doença, além do desenvolvimento de formas de atuação nos surtos pandêmicos, chamado de Saúde Pública. - No caso da Constituição de 1891, cabia aos estados a responsabilidade pelas ações de saúde, saneamento e educação. A falta de um modelo sanitário deixava as cidades brasileiras à mercê das epidemias, como no início do século XX no RJ, cidade que estava acometida por varíola, malária, febre amarela e peste. > República Velha - Em 1900 foi criado o Instituto Soroterápico Federal (transformado em Instituto Oswaldo Cruz em 1908 e em Fundação Oswaldo Cruz em 1970), no Rio de Janeiro, e o Instituto Butantan, em São Paulo, no ano de 1901. Esses institutos foram criados para produção de soros e vacinas contra a peste. - Os serviços de saúde nos primeiros anos da República eram totalmente desorganizados e isso facilitou a ocorrência de novas ondas epidêmicas. Assim, o governo federal passou a incentivar os médicos higienistas por meio de oferecimento de cargos públicos importantes em troca de assumirem a responsabilidade de estabelecer estratégias para o saneamento. Como exemplo, pode-se citar Rodrigues Alves que nomeou, em 1903, Oswaldo Cruz como Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, o qual criou uma campanha que buscava erradicar a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Assim, em 1904, Oswaldo fez uma proposta de lei que trazia alguns pontos principais: 1. Fazer a desinfecção do Rio de Janeiro 2. Fazer a demolição de locais prejudiciais à saúde 3. Notificação permanente das epidemias 4. Vacinação obrigatória. Cerca de 15oo pessoas passaram a exercer atividades de desinfecção no combate ao mosquito vetor da febre amarela. Porém essas ações eram cometidas com certas arbitrariedades e este modelo de intervenção ficou conhecido como campanhista. - Como consequência, ocorreu a Revolta da Vacina, que foi uma rebelião popular contra a vacina anti- varíola. - Em 1907, o Instituto Soroterápico Federal passa a se chamar Instituto de patologia Experimental de Manguinhos, onde foram estabelecidas normas e estratégias para controle dos mosquitos, vetores da febre amarela. Em 1908, é rebatizado como Instituto Oswaldo Cruz. PREVIDÊNCIA SOCIAL - Os operários na época não tinham quaisquer garantias trabalhistas (férias, jornada de trabalho definida, pensão ou aposentadoria). E os imigrantes, em especial os italianos, traziam consigo a história do movimento operário na Europa e dos direitos trabalhistas já conquistados pelos europeus. Sendo assim, eles procuraram mobilizar e organizar a classe operária no Brasil na luta pelas conquistas dos seus direitos. O movimento operário organizou e realizou duas greves gerais no país, uma em 1917 e outra em 1919. Através destes movimentos os operários começaram a conquistar alguns direitos sociais. - As medidas de proteção social, como a assistência médica, só passaram a ter reconhecimento legal como política pública com a aprovação da Lei Elói Chaves, de 1923. Até então, muitas categorias de trabalhadores organizavam associações de auxílio mútuo para lidar com problemas de invalidez, doença e morte. - A criação dessa Lei que regulamentou a criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) é o momento inicial da responsabilização do Estado pela regulação da assistência médica. As CAPs garantiam socorro médico em caso de doença ao trabalhador ou a uma pessoa da sua família, medicamentos obtidos com preço especial determinado pelo conselho de Administração, aposentadoria, pensão para os herdeiros em caso de morte do trabalhador e a obrigação de arcar com a assistência aos acidentados no trabalho. - A Leideveria ser aplicada a todos os trabalhadores formais, exceto aos rurais, devido à oligarquia rural no Congresso Nacional. Esse fato perdurou até 1960, quando foi criado o Funrural. As CAPs era um sistema por empresa, restrito às grandes empresas privadas e públicas. O trabalhador depositava 3% do salário nessas caixas, assim como o governo e o empregador depositavam certa quantia. O trabalhador poderia usar esse dinheiro em caso de doença ou como aposentadoria. 1930- ERA VARGAS - Essa fase tem início após a Revolução de 1930, que colocou fim à política do café com leite, devido a crise 1929, que imobilizou o setor agroexportador e redefiniu a organização do estado. Vargas criou os Ministérios do Trabalho, o da Indústria e comércio e o Ministério da Educação e Saúde. - Durante o primeiro governo Vargas, as antigas CAPs foram substituídas pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP), sendo que nesses institutos os trabalhadores eram organizados por categoria profissional (marítimos, comerciários e bancários) e não por empresa. Em 1933, foi criado o primeiro IAP, o dos Marítimos (IAPM). Os IAPs descontavam uma parte do salário do trabalhador para ter pleno direito à assistência médica e, futuramente, às aposentadorias e pensões. - Foi criado o Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU), que era mantido por todos os institutos e caixas ainda existentes. - Em 1932 foi feito o convênio com a Fundação Rockefeller, para intensificação das atividades de controle da febre amarela, encerrado em 1939, com a extinção do Serviço de Profilaxia da Febre Amarela. - Em 1941, foi feita a Reforma Barros Barretos: destaque aos programas de abastecimento de água e construção de esgotos, criação de órgãos executivos de ação direta contra as endemias mais importantes (malária, febre amarela, peste) - Foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública (Mesp), ao qual cabia tudo que dissesse respeito à saúde da população e que não se encontrava na área da medicina previdenciária, desenvolvida no Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. O Mesp prestava serviços para aqueles identificados como pré-cidadãos: Pobres Desempregados Aqueles que exerciam atividades informais Criação do Ministério da Saúde, em 1953> desmembramento do Mesp. LEI ORGÂNICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - Promulgada em 1960, estabelece a unificação do regime geral da previdência social, o qual estava destinado a abranger todos os trabalhadores sujeitos ao regime da CLT, excluídos os trabalhadores rurais, os empregados domésticos e naturalmente os servidores públicos e de autarquias e que tivessem regimes próprios de previdência. Os trabalhadores rurais só foram incorporados ao sistema 03 anos depois com a criação do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL). 1964- REGIME MILITAR - Durante o período militar (1964-1984), houve uma mercantilização da saúde, através da implantação do Sistema Nacional de Saúde. Houve também a unificação dos IAPs no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), em 1966, concentrando todas as contribuições previdenciárias. No INPS ocorria uma maior participação estatal e se dava da seguinte forma: O empregador fornecia 8% e o empregado fornecia 8% do salário, que eram guardados para serem utilizados pelo empregador. - O INPS aceitou novas categorias, como os trabalhadores rurais, as empregadas domésticas e os autônomos. Como esses trabalhadores não possuíam empregador e carteira assinada, eles pagavam todo os 16% de contribuição. - Para atender toda a população, foram estabelecidos convênios e contratos com a maioria dos médicos e hospitais existentes no país, pagando-se pelos serviços produzidos (pró-labore), o que propiciou a estes grupos se capitalizarem, provocando um efeito cascata com o aumento no consumo de medicamentos e de equipamentos médico- hospitalares, formando um complexo sistema médico-industrial. - Na década de 1970, a assistência médica financiada pela Previdência Social possui seu período de maior expansão. Entretanto, os serviços médicos prestados pelas empresas privadas eram pagos por Unidade de Serviço (US), que permitiu uma fonte de corrupção. Houve a construção e reforma de inúmeras clínicas e hospitais privados, associada ao enfoque na medicina curativa e à expansão das faculdades particulares de medicina. - Em 1975, entra em crise o modelo econômico da ditadura e o modelo de saúde previdenciário começa a mostras suas mazelas: Ao priorizar a medicina curativa, foi incapaz de solucionar problemas de saúde coletiva, como as endemias e a mortalidade infantil. Aumentos dos custos da medicina curativa Diminuição do crescimento econômico com a respectiva repercussão na arrecadação do sistema previdenciário Incapacidade de atender a população marginalizada Desvios de verba para cobrir despesas de outros setores Não repasse da União para o sistema previdenciário - Então, o governo militar transforma o INPS em Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), em 1978. O INAMPS cria um teto para pagamento de consultas e atendimentos, privilegiando a atividade do setor privado. - Em 1981, a crise da Previdência de agravou, resultando no chamado “pacote da previdência , que previa aumento na contribuição e diminuição dos benefícios dos aposentados. Origina-se então o Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (Conasp), que institui a Portaria n. 3046 em 1982, a qual estabeleceu parâmetros assistenciais. - Em 1985, com o fim do regime militar, lideranças do movimento sanitário assumem efetivamente posições em postos-chaves nas instituições responsáveis pela política de saúde no país. Em 1986, ocorre então a 8ª Conferência Nacional de Saúde, presidida por Sérgio Arouca (então presidente da Fundação Oswaldo Cruz). Foi nesse contexto que foram lançados os princípios da Reforma Sanitária e seu documento final define saúde como: “Resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde”. - Foi nessa Conferência que se aprovou a criação de um Sistema Único de Saúde com separação total da saúde em relação à Previdência. Enquanto se aprofundavam as discussões sobre o financiamento e operacionalização para a constituição do SUS, em 1987, foi criado o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (Suds), que também possuía como princípios básicos: Universalização Equidade Descentralização Regionalização Hierarquização Participação comunitária - Em 1986, foi criada a Comissão Nacional de Reforma Sanitária (CNRS), que elaborou uma proposta de conteúdo de saúde que subsidiou a Constituinte, além de um projeto para a nova lei do SUS. Foi então que em 1988, a Constituição Federal aprovou a criação do SUS, reconhecendo a saúde como um direito a ser assegurado pelo Estado e pautado pelos princípios citados. REFORMA SANITÁRIA - O MRSB surgiu em meados da década de 70 e constituiu-se no processo de amplas mobilizações da sociedade brasileira pela redemocratização. Esse movimento expressou a indignação da sociedade frente as desigualdades, a mercantilização da saúde e, desejava a saúde como direito universal de cidadania. - Segundo o artigo, o MRSB possui algumas dimensões: Dimensão civilizatória: destaca-se o caráter contra-hegmônico do projeto civilizatório do MRSB, ao afirmar a saúde como direito universal de cidadania, o que vai contra o projeto de globalização neoliberal com uma agenda de restrição de direitos, o que era preconizado pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), como a única saída paraa crise fiscal de 1970/1980. Dimensão democrático participativa: destaca-se o processo constituinte de ampla e plural participação, que é uma marca da construção do direito à saúde no Brasil, expressa na Constituição de 1988. Dimensão epistemológica: destaca-se a criação do plural e aberto campo da saúde coletiva, que tem origem a partir da crítica realizada à medicina preventiva. A partir dessa crítica, ocorreu uma aproximação com a medicina social, o que evoluiu para a constituição da saúde coletiva. A compreensão da determinação social do processo saúde/doença produziu repercussões na reflexão política. CONTEXTO HISTÓRICO - Entre o final da década de 60 e o início da década de 70, ocorreu o chamado “milagre econômico brasileiro”, em virtude de uma diretriz econômica de redução de gastos com políticas sociais e de grande entrada de capital estrangeiro no país. Entretanto, esse crescimento era acompanhado de perda do poder aquisitivo do salário-mínimo, aumento dos preços, concentração de renda e o aumento da dívida externa do País. A partir do final da década de 1970, o Brasil foi atingido pela crise econômica internacional proveniente do aumento do preço do petróleo, iniciado em 1974. Assim, finalizava o ciclo de forte crescimento econômico, favorecendo o aumento das tensões sociais e o surgimento dos primeiros movimentos pelas reformas no campo da saúde. - Na área da saúde, ocorria uma separação entre a saúde pública e individual, sendo o Ministério da Saúde, fragilizado financeiramente, responsável pela promoção da saúde, prevenção de doenças, pelo enfrentamento das grandes endemias e atendimento aos chamados indigentes, e o Ministério da Previdência, através do Inamps, responsável pela atenção individual aos portadores de carteira de trabalho. Além disso, durante essa década de 70, diagnósticos patrocinados pela Organização Pan- americana de Saúde (Opas), apontavam pra um quadro sanitário preocupante em todo o continente: Baixa cobertura assistencial Disseminação de doenças marcadamente da pobreza, como as verminoses e aquelas de veiculação hídrica - Dessa forma, os 1970 marcam um momento de grande repressão e da chamada “abertura lenta e gradual” feita pelo regime militar. Um marco desse processo foi o lançamento do segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (2º PND), que levou para a agenda do planejamento estatal prioridades sociais como a saúde, atestando maior articulação no âmbito do Ministério da Saúde (MS), o qual ampliou o repasse de verbas para os estados e desenvolveu projetos verticais direcionados ao controle de algumas doenças, como a hanseníase, tuberculose e câncer. Nesse contexto, o movimento sanitário significa uma experiência contra-hegemônica e afirma a conexão entra a reforma democrática e a reforma republicana da saúde. MARCOS IMPORTANTES DA REFORMA SANITÁRIA - As narrativas em torno da reforma sanitária brasileira localizam a origem do movimento no contexto da segunda metade dos anos 70, período que coincide com a criação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), em 1976, que foi instituído por um grupo de sanitaristas da Universidade de São Paulo, com o objetivo principal de editar um periódico especializado. - Além disso, alguns membros do nascente movimento sanitário brasileiro, criaram em 1976 o Programa de Interiorização de Ações de Saúde e Saneamento (Piass), que era fortemente vinculado ao MS e caracterizava-se como uma iniciativa de investimentos para expansão da rede de atenção primária em municípios do interior. Seus propósitos eram: Aumentar o alcance da cobertura de serviços médicos nas áreas rurais Regionalizar a atenção e assistência médica, de forma descentralizada e hierarquizada Formação e capacitação de pessoal técnico e auxiliar para Saúde> uma resposta à isso é o Programa de Preparação Estratégica de Pessoal de Saúde (Ppreps), que é contemporâneo do Piass. - O contexto também coincide com a criação da Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), em setembro de 1979, como forma de organização dos programas de pós- graduação no campo de saúde pública, da medicina social e da saúde coletiva. - No mês seguinte da criação da Abrasco, foi realizado o 1º Simpósio sobre Política Nacional de Saúde, da Câmara dos Deputados, um evento que reuniu as principais lideranças do movimento. Além disso, ocorreu o debate e aprovação do documento a ‘Questão democrática na área da saúde’, apresentado pelo Cebes. Nesse documento já estavam contidos alguns dos princípios que seriam adotados pela reforma sanitária como: Direito universal e inalienável à saúde Integração entre saúde previdenciária e saúde pública Descentralização Regionalização Hierarquização Participação popular e controle social Papel regulador do Estado - No fim da década de 70, o regime militar convivia com a crise oriunda do endividamento, dos 2 choques do petróleo (1974 e 1979) e do aumento dos juros estrangeiros. Surgem então movimentos sociais que são a gênese do movimento da reforma sanitária: Movimento popular pela saúde: surgiu a partir de grupos apoiados pela Igreja Católica e pela militância de esquerda em bairros pobres de periferias das grandes cidades. Esse movimento desejava a melhoria das condições de saúde dessas regiões. Na década de 1980, esses grupos alcançaram expressão nacional a partir dos encontros nacionais de medicina comunitária Movimento dos médicos: surgiu a partir de críticas ao sistema de saúde vigente e lutas da categoria por direitos trabalhistas. Lideradas por associações e sindicatos médicos, as greves e outras mobilizações reivindicavam melhores condições de trabalho e mudanças no sistema de saúde. Esses movimentos ajudaram na formatação do movimento sanitário, em especial atuando na 8ª CNS. - A década de 80 foi marcada por uma crise financeira e pela entrada de diversas lideranças do movimento sanitário em cargos diretivos do Ministério da Previdência Social (MPAS), consolidando a ideia de necessidade de fusão da medicina previdenciária e saúde pública. Foi proposto então um conjunto de medidas para diminuir as despesas com os contratos do setor privado e ampliar as ações do setor público. O principal conjunto foi denominado de Ações Integradas de Saúde (AIS), que, com base em mecanismos de regionalização e hierarquização, procurou interligar a rede pública nas esferas federal, estadual e municipal. - Assim, vai se configurando um movimento enraizado e organizado nacionalmente. São criados múltiplos ambientes de encontros, sendo que o momento culminante foi a 8ª Conferência Nacional de Saúde, que ocorreu em 1986 com a participação de cerca de 5 mil pessoas (metade oriunda de movimentos sociais). Entre os principais temas da Conferência estavam: O dever do Estado e direito do cidadão no tocante à saúde A reformulação do sistema nacional de saúde O financiamento do setor Hierarquização dos cuidados médicos segundo sua complexidade e especialização Participação popular nos serviços de saúde Foi durante as discussões dessa CNS que foi aprovado o projeto político da Reforma Sanitária Brasileira, que foi base do capítulo da saúde na Constituição de 1988. CONSTITUIÇÃO DE 1988 - A Constituição Federal de 1988 incorporou uma concepção de seguridade social como expressão dos direitos sociais inerentes à cidadania, integrando saúde, previdência e assistência. Assimilando proposições formuladas pelo movimento da Reforma Sanitária Brasileira reconheceu o direito à saúde e o dever do Estado, mediante a garantia de um conjunto de políticas econômicas e sociais, incluindo a criação do SUS, universal, público, participativo, descentralizado e integral.- Essa constituição traz uma seção nomeada de “seção da saúde”, com os seguintes artigos: ART.196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. ART.197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. ART.198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III. Participação da comunidade PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS - O SUS é definido como um sistema único porque segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional, sob a responsabilidade das três esferas autônomas do governo: federal, estadual e municipal. Assim, ele não é um serviço ou uma instituição, mas um sistema composto por um conjunto de ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público e, de forma complementar, pela iniciativa privada. - Apesar do SUS ter sido criado em 1988, ele foi regulamentado em 1990 pela lei 8.080, que definia o modo operacional do SUS. O SUS é concebido como o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público. A iniciativa privada poderá participar do SUS em caráter complementar. Essa Grande Lei Orgânica de Saúde traz que serviços públicos e serviços privados contratados ou conveniados que integram o SUS possuem suas ações desenvolvidas de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição, obedecendo também os seguintes princípios: Princípios ideológicos ou doutrinários UNIVERSALIDADE : “A saúde é um direito de todos” - o Estado tem obrigação de prover atenção à saúde. Todos os cidadãos brasileiros devem ter acesso aos serviços públicos e privados conveniados, em todos os níveis do sistema de saúde. INTEGRALIDADE : A atenção à saúde inclui tanto os meios curativos, quanto os preventivos e de promoção à saúde (em todos os níveis de complexidade) biopsicossocial; tanto os individuais; quanto os coletivos. EQUIDADE: Todos devem ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de saúde; como, no entanto, o Brasil contém disparidades sociais e regionais, as necessidades de saúde variam. Princípios organizacionais ou operativos DESCENTRALIZAÇÃO : Dividimos a organização da gestão em três esferas, que são a nacional, estadual e municipal, cada uma com comando único e atribuições próprias. A nacional define as normas; a estadual coordena; e a municipal tem assumido papel cada vez mais importante na prestação e gerenciamento dos serviços de saúde. HIERARQUIZAÇÃO: Os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade. O nível primário deve ser oferecido diretamente à população, enquanto os outros devem ser utilizados apenas quando necessário. REGIONALIZAÇÃO : Cada serviço de saúde tem uma área de abrangência (território), ou seja, é responsável pela saúde de uma parte da população. PARTICIPAÇÃO POPULAR: através dos conselhos e conferências. RESOLUBILIDADE : capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência COMPLEMENTARIDADE DO SETOR PRIVADO Outros princípios da lei 8.080 - Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral - Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; - Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; - Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; - Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; - Organização de atendimento público específico e especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras (Lei de 2013). Objetivos e atribuições 1) Identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde 2) Formular as políticas de saúde. 3) Fornecer assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. 4) Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica Vigilância sanitária é um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde. Vigilância epidemiológica é um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. 5) Executar ações visando a saúde do trabalhador e assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica 6) Participar na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico 7) Participar da formulação da política de recursos humanos para a saúde; 8) Realizar atividades de vigilância nutricional e de orientação alimentar; 9) Participar das ações direcionadas ao meio ambiente; 10) Formular políticas referentes a medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção; 11) Fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano; 12) Participação no controle e fiscalização de produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 13) Incremento do desenvolvimento científico e tecnológico na área da saúde; 14) Formulação e execução da política de sangue e de seus derivados
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