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DISTÚRBIOS PRÓ-TROMBÓTICOS/TROMBOFILIAS Alta morbimortalidade cardíaca e cerebrovascular Tromboembolismo venoso como protótipo de doença multifatorial: Tríade de Virchow: estase venosa, lesão da parede vascular, alteração da coagulabilidade sanguínea Sistemas reguladores formadores do coágulo de fibrina Fatores de risco adquiridos: intervenções cirúrgicas e gestação Fatores genéticos: tendência trombótica familiar Na maioria dos casos ocorre interação de fatores genéticos e ambientais Fatores de risco para TEV: idade avançada, imobilização prolongada, intervenções cirúrgicas, fraturas, uso de ACO, TRH, gestação, puerpério, neoplasia maligna, infecções, Sd do anticorpo antifosfolipídico fatores hemostáticos Fatores de risco para TEA: HAS, tabagismo, dislipidemia, DM derivada da ação de plaquetas, depósito de lipídios e proliferação celular na placa ateromatosa 60% predisposição genética estado de hipercoagulabilidade (trombofilia) Definição de trombofilia: situações congênitas, e mais raramente adquiridas, que promovem ou facilitam alterações na coagulação sanguínea, resultando em risco aumentado de trombose, o qual afeta habitualmente a circulação venosa Geralmente 1° evento trombótico ocorre antes dos 25 anos, sendo a chance de recorrência aumentada conforme aumento da idade e associação a outros fatores de risco 1/3 não tem fatores de risco Trombofilia: manifestações e relevância clínica: Incidência de 7-10.000 indivíduos/10.000 Manifestações clínicas mais frequentes: TVP de MsIs e TEP. É raro ocorrer em veias retinianas, intra-abdominais, MsSs, SNC, tromboflebite superficial e sistema útero-placenta Morbidade associada ao evento agudo, recorrência de eventos tromboembólicos, Sd pós-trombótico, embolia pulmonar Se genética, alta predisposição a recorrência, trombose < 45-50 anos HF de TEV em 1/3 dos casos Trombofilias primárias/hereditárias: Provável ausência de sintomas na infância e adolescência Baixa chance de ocorrer evento trombótico com < 15 anos. Após, taxa aumenta 2-4% aa Aos 50 anos, 50-70% já tiverem algum episódio, sendo 50% espontâneo e 50% após cirurgia, trauma ou gravidez Causas: deficiência de inibidores da coagulação Deficiência de anticoagulantes naturais: 5-15% dos casos de TEV Inibem a ação de proteases, as quais são procoagulantes e atuam na formação de coágulo estável de fibrina Fibrinogênio (fator I): Glicoproteína sintetizada no fígado É ativada pela trombina, se torna fragmentos Formam redes densas de fibrina, aprisionando hemácias, leucócitos, plaquetas, fatores de coagulação (XIII, IIa) coágulo hemostático estável em 2-3d na ação do fator XIII Hiperfibrinogenemia acelera formação de coágulos e trombos, aumenta agregação plaquetária hipercolesterolemia Ácidos graxos livres aumentam a síntese de fibrinogênio Gravidez: aumento de fibrinogênio, VII, VIII, IX, X, XII. Redução de PS, aumento de RPC, Hiperativação de plaquetas Deficiência de proteína C e deficiência de proteína S: PC: proteína plasmática Dependente da vitamina K Sintetizada no fígado na forma inativa Ativada após ligação trombina-trombomodulina no endotélio Ativado, cliva e inativa Va e VIIIa Inibe formação do coágulo de fibrina Gene no cromossomo 2 Diagnóstico de deficiência pela determinação plasmática da ação e da concentração do seu antígeno Tipo 1: baixas concentrações plasmáticas da atividade funcional e de seu antígeno Tipo 2: baixos níveis de atividade funcional e níveis de antígeno normais > 160 mutações, maioria missense, na região promotora, deleções, inserções, nonsense 63%: TVP recorrente 40%: TEP Acelera doença de pequenos vasos Prevalência de 1:300 Se heterozigoto, > 5-10x o risco de evento trombótico Se homozigoto, é incompatível com a vida Início de anticoagulação oral reduz acentuadamente a PC precipita evento tromboembólico Atividade potencializada pela PS Se 50% de PC presente, trombose ocorre entre 20-30 anos por traumas, cirurgias É mais comum ocorrer evento trombótico por RPC do que por falta de PC PS: cofator não enzimático da PC ativada, aumentando sua eficiência Mutações no cromossomo 3 Perda de função por herança autossômica dominante 40% da PS circula de forma livre e 60% ligada a proteína C4b-BO Tipo 1: deficiência quantitativa com redução de PS total e livre Tipo 2: deficiência qualitativa com atividade diminuída e níveis de antígeno normais de PS total e livre Tipo 3: níveis normais de PS total e baixos de PS livre Se heterozigoto, > 5-10x o risco de evento trombótico Deficiência homozigota de PC e PS: púrpura fulminans trombose maciça da microcirculação, manifestação logo após nascimento Deficiência de antitrombina III: Família Serpina Principal inibidor da trombina Inibe fatores IXa, Xa, XIa e XIIa Acelera dissociação de VIIa - fator tecidual e impede sua reassociação Ocorre em ambos os sexos É a trombofilia de maior risco para trombose, mesmo se heterozigoto (> 5-10 x o risco de evento trombótico) 70% das grávidas terão evento trombótico durante a gestação Deficiência homozigótica é rara e incompatível com a vida Mutação é no cromossomo 1 (> 80) Diagnóstico da deficiência de AT: atividade plasmática, concentrações de antígeno Tipo 1: deficiência quantitativa, níveis plasmáticos reduzidos de antígeno, redução da ação de AT Tipo 2: deficiência qualitativa, presença de AT variantes no plasma, níveis plasmáticos de antígeno normais, ação reduzida RS: sítio reativo defeituoso HBS: sítio de ligação à heparina defeituoso PE: múltiplos defeitos, pleiotrópico Incidência de 0,2-22/1.000 Causa bem estabelecida, mas incomum de trombofilia Hiperhomocisteinemia: Aumenta risco de evento trombótico em 2-4x Fator de risco misto: genético e adquirido Grave: > 100 Moderada: 25-100 Leve: 16-24 Causas adquiridas: deficiência de B12, deficiência de B6, deficiência de folato, idade avançada, IRC, uso de medicações anti-fólicas Deficiências enzimáticas: MTHFR e CBS mutações clínica apenas se homozigotas grave: homocisteinúria, déficits neurológicos, atraso psicomotor, convulsões, alterações esqueléticas, ectopia lentis, doença arterial prematura e TEV Homocisteína é fator de risco independente de aterosclerose, AVC, doença vascular periférica, cardiopatia Desfibrinogenemias: Assim como a homocisteinúria, é causa rara de trombofilia > 50 mutações Hiperfibrinogenemia risco aumentado de TEV Resistência a proteína C ativada e fator V de Leiden: É a principal anormalidade genética envolvida na etiologia das trombofilias Fator V: glicoproteína ação é estimular a produção de trombina na RPC, aumenta sua ação por não sofrer bloqueio da PC Deficiência de fator V = para-hemofilia RPC ativada inibe fator V inibe produção de trombina principal alteração genética das trombofilias 10-60% das TEV Herança autossômica dominante com penetrância incompleta 3-7% da população possui a mutação, 20% dos que já tiveram algum evento tromboembólico Inativação do fator V de Leiden pela PCa é lenta produção aumentada de trombina estado de hipercoagulabilidade aumento da suscetibilidade à fenômenos tromboembólicos Outras mutações do fator V: fator V de Hong Kong, fator V de Cambridge raras, isoladas não são fator de risco Prevalência caucasianos > asiáticos e africanos Heterozigotos: > 5-10x de episódio de TVE 3-7% da pop Homozigotos: 1% da pop É rotina pesquisar a RCPa em doentes com TEV Mutação do gene da protrombina: Polimorfismo G20210A no gene da protrombina: Protrombina = fator II dependente da vitamina K Protrombinases (Xa, Va, Ca², fosfolipídio de membrana) transformam protrombina em trombina Segunda alteração genética mais prevalente ligada a trombofilia Aumento dos níveis plasmáticos dos fatores de coagulação: VIII, IX, XI Fator VIII: fatores hereditários e adquiridos Genes do sistema AB0 e do fator de von Willebrand influenciam nos níveis do fator VIII Inflamação influencia no fator VIII, que atua na inflamação aguda Fator VIII > 150 aumenta em 5x o riscode evento trombótico Fator XI > 90 aumenta em 2,2x o risco de evento trombótico Fator IX > 90 aumenta em 2-3x o risco de evento trombótico > em mulheres Fatores de risco genéticos raros: Desfibrinogenemias, deficiência de plasminogênio, deficiência de cofator II da heparina Trombofilias secundárias/adquiridas: Surgem em qualquer idade, incluindo IU Principal causa: anticorpos antifosfolipídios Outras causas: imobilização prolongada, trauma, cirurgia, idade avançada, neoplasia maligna, hemoglobinúria paroxística noturna, doenças mieloproliferativa, gravidez, puerpério, ACO, TRH, Sd nefrótica, Hiperhomocisteinemia, hiperviscosidade, RPCa sem relação com alteração de gene do fator V Sd dos anticorpos antifosfolipidios: Sd do anticoagulante lúpico/Sd do anticorpo anticardiolipina Trombose venosa (70%) e arterial (30%) recorrente, abortos de repetição, trombocitopenia Mais comum em mulheres, de várias faixas etárias Proteínas alvo dos AAF: beta-2-glicoproteinas I e protrombina (PS, PC, fator XI, fator X, cininogênio) Obstruções vasculares de retina: amaurose fugaz transitória, alterações de campo visual DD: êmbolos desprendidos de placas de aterosclerose das carótidas em idosos Isquemia focal, localizada ou múltipla Enfartos cerebrais Demência Lesões de válvula cardíaca (aórtica > mitral) Relação com IAM em < 45 anos Microtrombos múltiplos em pulmões hipertensão pulmonar por sobrecarga de coração direito ICC Fígado: infartos hepáticos, Sd de Budd-Chiari, doença veno-oclusiva, hiperplasia regenerativa nodular, necrose, aumento de transaminases SAAF catastrófica: doença oclusiva vascular súbita, grave e fatal IRA, retinopatia, AVC, osteonecrose, necrose de pele, IAM, CIVD, citopenia imunes Labs: Teste do anticoagulante lúpico: menos sensível, mais específico Pesquisa de anticardiolipina por ELISA IgG: relação com formação de trombos; IgM: infecção Trombocitopenia pela interação dos anticorpos a receptores de plaquetas Investigação laboratorial das trombofilias: Quando investigar trombofilia? Todos doentes com diagnóstico de evento trombótico venoso + < 55 anos Recorrência de TEV Trombose em sítios pouco usuais (veias retinianas, intra-abdominais, MsSs, SNC, tromboflebite superficial) HF de TEV ou TEP História + de doença trombótica venosa Investigar familiares, que podem ser assintomáticos Tratamento: Objetivos: alivio sintomático, evitar recorrência e progressão para embolia pulmonar, reduzir incidencia/morbidade da SPT SPT: insuficiência venosa crônica secundária a obstrução venosa por trombo ou secundária a lesão das valvas venosas na altura da reorganização do trombo HNF: eficaz no tto da TEV em fase ativa + antitrombina catalisa sua ação anticoagulante Aumenta eficácia na inativação de Xa, IXa, XIa, XIIa Inibe ativação de fatores V e VIII pela trombina Iniciar assim que confirmado TVP. Antes fazer Hmg com plaquetas, aPTT, TP Início: 5.000 UI EV em bolus (80 UI/kg) 30.000 UI nas 1ªs 24h (18 UI/h) em infusão continua * 80 UI em bolus + perfusão de 18 UI/kg/h Atingir nível terapêutico em 24h Pode ser usada por via subcutânea na fase aguda 17.500 UI/kg 12/12h nas 1ªs 24h Contagem de plaquetas é feita no 5°d risco de trombocitopenia pela heparina Após 5°d, contagem de plaquetas 3/3d até interrupção do uso de heparina ou até 14° d Se hemorragia grave, reversão é feita com sulfato de protamina (1mg de protamina/100 UI de heparina) HBPM: Via subcutânea Inibe fator Xa T ½ plasmática > que HNF, melhor biodisponibilidade, menos variabilidade de resposta após a dose Efeito mais duradouro e estável Não tem necessidade de monitorização laboratorial Igual eficácia clínica, mas menos EC menor recorrência, menos complicações hemorrágicas, menor incidência de trombocitopenia e osteoporose Evitar se creatinina < 30, PC > 100kg e em gestantes Contagem de plaquetas no 7° dia Melhor no tto de TVP de MsIs, reduzindo mortalidade e hemorragia Desvantagem se hemorragia grave, porque seu efeito não é revertido totalmente com o sulfato de protamina Se HBPM nas ultimas 8h, dar 1 mg de sulfato de protamina/100 UI de antifator Xa (1mg de enoxaparina = 100 U de anti-fator Xa) Anticoagulantes VO: agentes cumarínicos Usados para anticoagulação a longo prazo Varfarina: menores riscos se superdosagens, controle mais fácil, várias interações medicamentosas Atuação no fígado inibem carboxilação pós-ribossomal de resíduos do ácido glutâmico na região terminal dos fatores de coagulação dependentes da vitamina K (II, VII, IX, X) 1 cp de 5mg 1x/d + controle diário de INR nos 1°s dias de tto (para ajuste de dose) Ideal é tto simultâneo entre HBPM e anticoagulante VO manter por 4-5d suspender heparinização se INR 2 por 2 dias seguidos Objetivo: INR 2,5 (entre 2 e 3) Nova droga contra fator Xa: fondaparinux Inibidores diretos da trombina: melagatran, ximelagatran Meias de contenção elástica: Uso precoce, no 1° mês após diagnóstico até 2 anos após o episódio Filtros da VCI: Se CI de anticoagulação, recorrência de TEP Trombólise: Administração direta de trombolíticos na região do trombo Medidas terapêuticas associadas: Início do tto: repouso, MsIs elevado/Trendelemburg Controle da dor: início da heparina Recorrência: análogos de opioides (AINES são CI) Mobilização de MsIs estimulada para melhorar fluxo venoso Deambulação precoce: 2°/3° d de internação Alta: meias elásticas Tratamento das trombofilias em situações especiais: Se TVP assintomática, apenas nas veias da perna 1% de risco de TEP US 2 sem após para identificação do trombo se aumento ou extensão do trombo, anticoagulação Doentes sintomáticos anticoagulação Gravidez: HNF ou HBPM (cumarínicos são teratogênicos no 1° tri, aumentam risco de hemorragia no 3° tri) Anticoagulação VO: inciar após parto e manter até 4-6sem Trombose de segmento femoroilíaco e colaterais: trombectomia Deficiência de Antitrobina III: se evento trombótico agudo, usar heparina sódica + concentrados de antitrombina III + Varfarina sódica como profilaxia (INR entre 2-3) Sd dos AAF: sem necessidade de profilaxia se assintomático. Se AAF elevado, AAS 100 mg/d. se trombose vascular de repetição, HBPM + manutenção com anticoagulante VO por tempo indeterminado (INR 3 - 3,5)
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