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Apostila Parte 1 Tratamento de Agua

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OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE TRATAMENTO DE ÁGUA 
PARA CONSUMO HUMANO 
 
 
(Sistemas Hidráulicos de Saneamento) 
 
Parte 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ROGÉRIO PINHEIRO MAGALHÃES CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
2 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
ÍNDICE 
 
1. ASPECTOS INICIAIS SOBRE O ESTUDO DA ÁGUA------------------------------------ 5 
1.1. A ÁGUA NA NATUREZA ----------------------------------------------------------------------------- 5 
1.2. O CICLO HIDROLÓGICO ---------------------------------------------------------------------------- 8 
1.2.1. Chuvas --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 12 
1.2.2. Águas superficiais ------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
1.2.3. Mananciais Subterrâneos --------------------------------------------------------------------------------- 14 
1.3. A IMPORTÂNCIA DOS PRINCIPIOS DE TRATAMENTO --------------------------------- 16 
1.4. O DESENVOLVIMENTO DOS SERVIÇOS DE ÁGUA E DE ESGOTO ----------------- 18 
1.5. O PAPEL DOS ENGENHEIROS E DOS CIENTISTAS ------------------------------------- 19 
1.6. GUIA DE ESTUDO ----------------------------------------------------------------------------------- 22 
2. IMPORTÂNCIA SANITÁRIA E ECONÔMICA DO SISTEMA DE 
ABASTECIMENTO DE ÁGUA -------------------------------------------------------------------- 26 
2.1. RELAÇÃO ENTRE A QUALIDADE DA ÁGUA E A SAÚDE PÚBLICA ---------------- 28 
2.1.1. Amebíase ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 30 
2.1.1.1. Como se contrai amebíase ------------------------------------------------------------------------- 31 
2.1.1.2. O que causa a amebíase ---------------------------------------------------------------------------- 31 
2.1.1.3. Como evitar a amebíase----------------------------------------------------------------------------- 32 
2.1.2. Giardíase e Criptosporidíase ----------------------------------------------------------------------------- 32 
2.1.2.1. Como se contrai a giardíase e criptosporidíase ----------------------------------------------- 32 
2.1.2.2. O que causa a giardíase e a criptosporidíase -------------------------------------------------- 33 
2.1.2.3. Como evitar a giardíase e a criptosporidíase --------------------------------------------------- 33 
2.1.3. Gastroenterite ------------------------------------------------------------------------------------------------ 33 
2.1.3.1. Onde acontece a gostroenterite ------------------------------------------------------------------- 33 
2.1.3.2. O que causa a gostroenterite ----------------------------------------------------------------------- 33 
2.1.3.3. Como evitar a gostroenterite ----------------------------------------------------------------------- 33 
2.1.4. Febres Tifóide e Paratifóide ------------------------------------------------------------------------------ 33 
2.1.4.1. Como se contraem as febres tifóide e paratifóide --------------------------------------------- 34 
2.1.4.2. O que causa as febres tifóide e paratifóide ----------------------------------------------------- 34 
2.1.4.3. Como evitar as febres tifóide e paratifóide ------------------------------------------------------ 34 
2.1.5. Hepatite Infecciosa ------------------------------------------------------------------------------------------ 35 
2.1.5.1. Como se contrai a hepatite infecciosa ----------------------------------------------------------- 35 
2.1.5.2. O que causa a hepatite infecciosa ---------------------------------------------------------------- 35 
2.1.5.3. Como evitar a hepatite infecciosa ----------------------------------------------------------------- 35 
2.1.6. Cólera ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 36 
2.1.6.1. como se contrai a cólera----------------------------------------------------------------------------- 36 
2.1.6.2. O que causa a cólera --------------------------------------------------------------------------------- 36 
2.1.6.3. Como tratar a cólera ---------------------------------------------------------------------------------- 37 
2.1.6.4. Como evitar a cólera --------------------------------------------------------------------------------- 37 
2.1.7. Verminoses --------------------------------------------------------------------------------------------------- 37 
2.1.8. Esquistossomose (Xistosa) ------------------------------------------------------------------------------- 37 
2.1.8.1. Como se contrai a esquistossomose ------------------------------------------------------------- 38 
2.1.8.2. Como evitar a esquistossomose ------------------------------------------------------------------- 38 
2.1.9. Ascaridíase (Lombrigas) ----------------------------------------------------------------------------------- 39 
2.1.9.1. Como se contrai a ascaridíase --------------------------------------------------------------------- 39 
2.1.9.2. O que causa a ascaridíase -------------------------------------------------------------------------- 40 
2.1.9.3. Como tratar a ascaridíase --------------------------------------------------------------------------- 40 
2.1.9.4. Como evitar a ascaridíase -------------------------------------------------------------------------- 41 
2.1.10. Teníase (Solitária) ----------------------------------------------------------------------------------------- 41 
2.1.10.1. Como se contrai a teníase ------------------------------------------------------------------------- 41 
2.1.10.2. O que causa a teníase ----------------------------------------------------------------------------- 42 
2.1.10.3. Como evitar a teníase ------------------------------------------------------------------------------ 42 
3 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
2.1.11. Oxiuríase ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 42 
2.1.11.1. Como se Contrai a Oxiuríase --------------------------------------------------------------------- 42 
2.1.11.2. O que causa a oxiuríase --------------------------------------------------------------------------- 43 
2.1.11.3. Tratamento contra a oxiuríase -------------------------------------------------------------------- 43 
2.1.12. Ancilostomíase (Amarelão) ------------------------------------------------------------------------------ 44 
2.1.12.1. Como se contrai a ancilostomíase -------------------------------------------------------------- 44 
2.1.12.2. O que causa a ancilostomíase ------------------------------------------------------------------- 44 
2.1.12.3. Como tratar a ancilostomíase -------------------------------------------------------------------- 45 
2.1.12.4. Como evitar a ancilostomíase -------------------------------------------------------------------- 45 
2.2. GUIA DE ESTUDO ----------------------------------------------------------------------------------- 46 
3. CRITÉRIOS DE QUALIDADE DA ÁGUA --------------------------------------------------- 53 
3.1. LENÇOIS FREÁTICOS ----------------------------------------------------------------------------- 53 
3.2. ÁGUAS SUPERFICIAIS ---------------------------------------------------------------------------- 56 
3.3. LAGOS E RESERVATÓRIOS --------------------------------------------------------------------- 57 
3.4. ÁGUA DO MAR --------------------------------------------------------------------------------------- 59 
3.5. ÁGUAS RESIDUÁRIAS ----------------------------------------------------------------------------- 59 
3.6. CARACTERÍSTICAS DA ÁGUA ------------------------------------------------------------------ 60 
3.6.1. Características Físicas da Água -------------------------------------------------------------------------62 
3.6.1.1. Temperatura. ------------------------------------------------------------------------------------------- 62 
3.6.1.2. Cor -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 62 
3.6.1.3. Turbidez ------------------------------------------------------------------------------------------------- 62 
3.6.1.4. Sabor e odor -------------------------------------------------------------------------------------------- 63 
3.6.2. Características Químicas ---------------------------------------------------------------------------------- 63 
3.6.2.1. pH --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 63 
3.6.2.2. Dureza --------------------------------------------------------------------------------------------------- 64 
3.6.2.3. Salinidade ----------------------------------------------------------------------------------------------- 64 
3.6.2.4. Agressividade ------------------------------------------------------------------------------------------ 64 
3.6.2.5. Ferro e Manganês ------------------------------------------------------------------------------------- 64 
3.6.2.6. Alcalinidade --------------------------------------------------------------------------------------------- 65 
3.6.2.7. Compostos de Nitrogênio --------------------------------------------------------------------------- 65 
3.6.2.8. Fosforo --------------------------------------------------------------------------------------------------- 66 
3.6.2.9. Cloretos -------------------------------------------------------------------------------------------------- 67 
3.6.2.10. Fluoretos ----------------------------------------------------------------------------------------------- 67 
3.6.2.11. Compostos tóxicos ---------------------------------------------------------------------------------- 67 
3.6.2.12. Oxigênio dissolvido ---------------------------------------------------------------------------------- 67 
3.6.2.13. Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) ----------------------------------------------------- 68 
3.6.2.14. Detergentes ------------------------------------------------------------------------------------------- 68 
3.6.2.15. Vertígios Orgânicos --------------------------------------------------------------------------------- 69 
3.6.3. Características Biológicas --------------------------------------------------------------------------------- 69 
3.6.3.1. Tipos de micro-organismos ------------------------------------------------------------------------- 69 
3.6.3.1.1. Vírus ------------------------------------------------------------------------------------------------ 70 
3.6.3.1.2. Bactérias ------------------------------------------------------------------------------------------ 70 
3.6.3.1.3. Fungos --------------------------------------------------------------------------------------------- 71 
3.6.3.1.4. Actinomicetos ------------------------------------------------------------------------------------ 72 
3.6.3.1.5. Algas. ----------------------------------------------------------------------------------------------- 73 
3.6.3.1.6. Protozoários -------------------------------------------------------------------------------------- 74 
3.6.3.1.7. Outros tipos de organismos------------------------------------------------------------------- 75 
3.6.3.2. Os micro-organismos patogênicos ---------------------------------------------------------------- 76 
3.7. CIANOBACTÉRIAS E CIANOTOXINAS ------------------------------------------------------- 77 
Figura 3.8 – Vista panorâmica de uma lagoa com floração de cianobactérias---------------- 78 
Figura 3.9 – Gêneros de cianobactérias potencialmente nocivas -------------------------------- 80 
3.7.1. Remoção de Cianotoxinas pelo Processo de Oxidação ------------------------------------------- 82 
3.7.2. Subprodutos da Oxidação com Cloro ------------------------------------------------------------------ 83 
4 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
3.8. NORMA DE POTABILIDADE DA ÁGUA ------------------------------------------------------- 88 
3.8.1. Condição Bacteriológica ----------------------------------------------------------------------------------- 92 
3.8.2. Condição das Substâncias Químicas ------------------------------------------------------------------ 92 
3.8.3. Condição das Cianotoxinas ------------------------------------------------------------------------------- 95 
3.8.4. Condição das Substâncias Radioativas --------------------------------------------------------------- 95 
3.8.5. Padrão de Aceitação Organoléptico -------------------------------------------------------------------- 95 
3.9. PADRÕES DE QUALIDADE DA ÁGUA -------------------------------------------------------- 96 
3.9.1. Classificação das Águas ----------------------------------------------------------------------------------- 97 
3.10. TENDÊNCIAS E DESAFIOS NO TRATAMENTO DE ÁGUA ---------------------------- 99 
3.11. GUIA DE ESTUDO ------------------------------------------------------------------------------- 102 
4. COLETA DE AMOSTRAS DE ÁGUA ------------------------------------------------------- 122 
4.1. PLANEJAMENTO ---------------------------------------------------------------------------------- 122 
4.2. CUIDADO NA OBTENÇÃO DE AMOSTRAS ----------------------------------------------- 123 
4.3. COLETA DE AMOSTRA DE ÁGUA EM POÇO RASO ----------------------------------- 123 
4.4. COLETA DE AMOSTRA EM MANANCIAIS SUPERFICIAIS --------------------------- 124 
4.5. AMOSTRAS PARA ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA ------------------------------------------ 124 
4.6. AMOSTRAS PARA EXAMES BACTERIOLÓGICOS ------------------------------------- 126 
4.6.1. Cuidados na Amostragem para Análise Bacteriológica ------------------------------------------ 126 
4.7. FICHA DE COLETA-------------------------------------------------------------------------------- 127 
4.8. GUIA DE ESTUDO --------------------------------------------------------------------------------- 127 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
1. ASPECTOS INICIAIS SOBRE O ESTUDO DA ÁGUA 
 
 
A água é o recurso natural mais importante do mundo, pois sem ela a vida 
não pode existir e a maioria das indústrias não pode funcionar. Embora uma pessoa 
possa sobreviver vários dias sem comida, a ausência de água em apenas alguns 
dias pode ser fatal. 
A existência de uma fonte segura e confiável de água é uma condição prévia 
essencial para o estabelecimento de uma população em um determinado local. Na 
ausência de tal fonte, um estilo de vida nômade torna-se necessário e a populações 
são obrigadas a passar de uma área para outra, particularmente quando a demanda 
por água excede a sua disponibilidade. Portanto não é surpreendente que as fontes 
de água são muitas vezes vigiadas e, ao longo dos anos, muitos conflitos ocorreram 
sobre o direito de acesso à água. 
A história mostra muitas ocasiões em que o desenvolvimento agrícola causou 
interferência com o abastecimento de água de cidades, ocorrendo conflito entre 
agricultores e comunidades em numerosas partes do mundo. Outros conflitos em 
relação ao abastecimento de água podem ocorrer devido aos efeitos de dejetos 
humanos e industriais lançados no meio ambiente. Logo, isso significa que a 
importância da água como recurso natural exige uma gestão cuidadosa, pois, 
embora a natureza tenha grande capacidade de recuperação dos danos ambientais, 
as crescentes demandas sobre os recursos hídricos exigem profissionalismo e 
conhecimento sobre o ciclo da água, para fins de garantir a manutenção da sua 
qualidade e quantidade. 
 
1.1. A ÁGUA NA NATUREZA 
 
A água é a única substância que tem a propriedade de passar pelos estadossólido, líquido e gasoso nas condições de temperatura e pressão dominantes na 
superfície da Terra. À pressão normal, solidifica-se a zero grau centígrado (0ºC) para 
constituir o gelo e entra em ebulição a 100 graus (100ºC), para formar vapor d’água. 
A densidade da água varia com a temperatura, sendo máxima a 4ºC, quando 
atinge o valor unitário estabelecido para efeito de comparação com as densidades 
de outras substâncias. À medida que a temperatura diminui, abaixo de 4ºC, a 
densidade também diminui, até atingir 0,99987 a zero grau (0ºC). Por outro lado, 
quanto maior for a temperatura da água, acima de 4ºC, menor é a sua densidade, 
atingindo o valor mínimo de 0,958 a 100ºC. 
A formação de vapor d’água processa-se a qualquer temperatura, em 
quantidade inversamente proporcional à pressão e à umidade relativa do ar e 
diretamente proporcional à área de contato com a atmosfera e à velocidade do 
vento. 
A água tem a propriedade de dissolver com facilidade uma grande quantidade 
de substâncias, o que lhe valeu o título de solvente universal. Essa capacidade é 
6 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
tanto mais acentuada quanto mais elevadas forem a sua temperatura e pressão, 
razão pela qual as águas termais são altamente mineralizadas. 
A água era obtida como substância simples até o fim do século XVIII, quando 
foi obtida em laboratório pela combustão do hidrogênio. Atualmente, a literatura 
técnica costuma defini-la como substância composta, resultante da combinação de 
dois átomos de hidrogênio com um átomo de oxigênio (H2O). 
Na realidade, sabe-se que a água é uma substância complexa. Nela existem 
átomos de hidrogênio e oxigênio, combinados de vários modos para constituir 
moléculas, algumas das quais se apresentam associadas 
A água geralmente contém impurezas, mesmo quando sofre, em laboratório, 
três destilações sucessivas, devido à sua grande capacidade de dissolução. 
Na natureza, o momento em a água está mais isenta de substâncias 
dissolvidas é quanto ela se encontra em estado gasoso. Mesmo nas altas camadas 
atmosféricas, onde existe em pequenas partículas, ela contém, dissolvidos, 
nitrogênio, oxigênio e outros gases, além de partículas de poeira, embora em 
pequena quantidade. 
Quando a água precipita sob a forma de chuva, vai captando maior 
quantidade de gases, poeiras e outras impurezas existentes no ar, tais como pólen e 
micro-organismos. 
As impurezas em suspensão, dissolvidas ou em estado coloidal, aumentam 
quando a água escoa pelo solo. 
Nos oceanos e mares, a água já se apresenta com teor mais elevado de 
substâncias dissolvidas, destacando-se o cloreto de sódio, o conhecido sal de 
cozinha. 
A água é a substância simples mais abundante no planeta Terra e pode ser 
encontrada tanto no estado líquido, gasoso ou sólido na atmosfera, sobre ou sob a 
superfície terrestre, nos oceanos, mares, rios e lagos. Ela é também o constituinte 
inorgânico mais presente na matéria viva: cerca de 60% do peso do homem é 
constituído de água e em certos animais aquáticos esta porcentagem alcança 98%. 
Cientistas estimam que o nosso planeta tenha três quartos de sua massa só de 
água (1,36 x 1018 m3, ou seja, 1 trilhão e 360 bilhões de quilômetros cúbicos, com 
1,5 x 1012 metros cúbicos em estado livre no planeta. Os mares e os oceanos 
contêm cerca de 97,4 % de toda essa massa, formada pela água salgada. 2 % da 
água total está estocada sob a forma de neve ou gelo, no topo das grandes cadeias 
de montanhas ou nas zonas polares. Assim, apenas cerca de 0,6% do total 
encontra-se disponível como água doce nos aquíferos subterrâneos, os rios e lagos 
superficiais (0,01%) e na atmosfera na forma de vapor d’água (0,001%). A maior 
parte das águas subterrâneas encontra-se em condições inadequadas ao consumo 
ou em profundezas que inviabilizam sua exploração. Diante desta situação, é de 
importância fundamental para o futuro da humanidade, e sua própria sobrevivência, 
que se valorize a preservação dos recursos hídricos do planeta em suas condições 
naturais. 
7 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
Os valores de distribuição da água sobre a superfície terrestre podem 
apresentar pequena variação, mas em geral, os valores estão na mesma proporção. 
A Figura 1.1 apresenta uma possibilidade de distribuição da água sobre o planeta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1.1 – Distribuição da água na Terra. 
 
 O aumento da população mundial, a poluição provocada pelas atividades 
humanas, o consumo excessivo e o alto grau de desperdício de água contribuem 
para reduzir ainda mais a disponibilidade para uso humano. A população mundial 
aumentou três vezes durante o século XX. Nesse mesmo período, o volume de água 
utilizado aumentou aproximadamente nove vezes, ou seja, o crescimento 
populacional e o consumo desenfreado tornam-se cada vez mais incompatíveis com 
a quantidade de água disponível. 
Garantir e manter um suprimento adequado de água é um dos fatores 
essenciais no desenvolvimento dos assentamentos humanos. As primeiras 
comunidades estavam principalmente preocupadas com a quantidade de água 
disponível. No entanto, o aumento da população exerceu mais pressão sobre fontes 
superfícieais, resultando em contaminação da água com esgoto, resíduos agrícolas 
e industriais, o que levou a uma deterioração da qualidade da água em muitas 
outras fontes (superficiais e subterrâneas). Ao mesmo tempo, as normas de 
qualidade da água se tornaram mais rigorosas, as capacidades analíticas para 
detectar contaminantes tornaram-se mais sensíveis e o público tornou-se mais 
exigente em relação à qualidade da água. Assim, a qualidade de uma fonte de água 
não pode ser negligenciada no desenvolvimento do suprimento de água. Na 
Água salgada 
(97,30%)
Gelo (2,15%)
Água doce superficial 
(0,60%)
Água subterrânea (98,5%)
Rios e lagos (1,5%)
8 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
verdade, a maioria das fontes de água exige alguma forma de tratamento antes do 
uso potável. 
O tratamento de água pode ser definido como o processamento de água para 
alcançar uma qualidade que atenda às metas especificadas ou padrões definidos 
pelo usuário final, por meio de suas agências reguladoras. Assim, o foco principal 
deste livro são os princípios do tratamento para a produção de água potável. No 
entanto, o tratamento de água abrange uma gama muito maior de problemas e usos 
finais, incluindo unidade de tratamento caseira e instalações para tratamento de 
água industrial com uma grande variedade de requisitos de qualidade que depende 
da indústria específica. Os processos de tratamento de água também são aplicáveis 
à remediação de águas subterrâneas contaminadas e tratamento de águas 
residuárias, quando estas águas devem ser recicladas para novas utilizações. 
 
1.2. O CICLO HIDROLÓGICO 
 
Pode-se dizer que no meio científico há um impasse em considerar se a água 
é um recurso finito ou infinito. Isso pode ser interpretado de várias fomas, contudo, o 
que não se pode negar é que em muitas partes do mundo há crescentes pressões 
de demanda sobre os recursos hídricos. Em tais circunstâncias, a utilização de 
fontes adicionais superficiais e subterrâneas constitui uma solução de curto prazo, 
mas não é uma alternativa a longo prazo. 
A terra e sua atmosfera circundante contêm grandes quantidades de água, 
sendo que cerca de 7% da massa da Terra é composta por água. No entanto, 97,5% 
dessa água constituem os mares e oceanos, portanto são salinas, e grande parte da 
água doce restante é incorporada nas calotas polares e geleiras. Apenas cerca de 
0,6% da água da Terra existecomo água doce em lagos, rios, aquíferos rasos e na 
atmosfera. É essa água que participa no ciclo hidrológico e que fixa limites finitos de 
disponibilidade. A Figura 1.1 mostra as etapas típicas do ciclo hidrológico. 
 
 
Figura 1.1 – Principais fases do ciclo hidrológico 
 
9 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
Caso esta água ficasse disponível sobre a superfície da terra, da mesma 
forma como a sua densidade populacional, haveria bastantes recursos para todas as 
necessidades previsíveis. Na prática, porém, a distribuição espacial da precipitação 
varia muito, de vários metros por ano em florestas tropicais, a zero, essencialmente 
em grandes áreas desérticas. Esse desequilíbrio é bem demosntrado pelo fato de 
que cerca de 20% da água doce da Terra é encontrada na Bacia Amazônica, que 
tem apenas uma percentagem ínfima da população mundial. Mesmo dentro dos 
continentes há enormes variações entre chuvas e densidade populacional. 
Em geral, a precipitação com mais intensidade, aquela que produz um grande 
escoamento e uma boa recarga subterrânea, é observada em regiões montanhosas 
com baixas densidades populacionais. Por outro lado, as áreas de várzeas planas, 
que são ocupadas tanto por cidades como pela agricultura, estão, muitas vezes, à 
sombra da chuva das montanhas e, portanto, são geralmente de baixa precipitação. 
No reino Unido, por exemplo, as Terras Altas da Escócia tem uma densidade 
populacional de cerca de 2 pessoas por km2 e a precipitação pode exceder 3 metros 
por ano. Contudo no Sudeste da Inglaterra, a densidade populacional é superior a 
500 pessoas por km2, mas a precipitação é de apenas cerca de 0,6 metros por ano. 
Assim, observa-se claramente que em um país considerado húmido, é possivel 
observar variações na disponibilidade de água em uma base local ou regional. 
O conceito de água doce disponível é usado por hidrólogos e planejadores de 
recursos hídricos para caracterizar a situação de uma região e é geralmente aceito 
que, dentro de uma faixa de 1000-2000 m3 de água doce por pessoa por ano, há 
pressão sobre os recursos hídricos naturais. Quando a disponibilidade cai abaixo de 
1000 m3 por pessoa por ano, a escassez de água torna-se evidente, com restrições 
cada vez mais severas na produção de alimentos, no desenvolvimento econômico e 
na proteção do meio ambiente. 
Consumo direto de água por pessoas é na verdade uma percentagem 
relativamente pequena do total da demanda de água. Na verdade, o uso da água 
para a produção de alimentos (agricultura) é de longe o uso global mais importante e 
este uso é exencial nos países em desenvolvimento. A agricultura consome quase 
65% de toda água renovável, a indústria consome cerca de 20% e o abastecimento 
público de água apenas cerca de 7%. 
Conhecida a distribuição da água na Terra, é importante também que se 
saiba como ela se movimenta no planeta. Ao seu permanente movimento de 
mudanças de estado (sólido, líquido ou gasoso) ou de posição (superficial, 
subterrânea ou atmosférica) em relação à superfície da Terra, denominou-se de 
ciclo hidrológico. Por definição, então, ciclo hidrológico é a descrição do 
comportamento natural da água em volta do globo terrestre. 
Essencial para o desenvolvimento da vida na Terra, o ciclo hidrológico é 
composto de três fenômenos principais: evaporação para a atmosfera, condensação 
em forma de nuvens e precipitação, mais frequentemente em forma de chuva, sobre 
a superfície terrestre, onde se dispersa sobre as mais variadas maneiras, de acordo 
com a superfície receptora, escoando sobre a superfície, infiltrando ou evaporando. 
10 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
A cada ano, a energia do Sol faz com que um volume de aproximadamente 
500.000 km3 de água se evapore, especialmente dos oceanos, embora também de 
águas de rios. Essa água retorna para os continentes e ilhas, ou para os oceanos, 
sob a forma de precipitações: chuva ou neve. Os continentes e ilhas têm um saldo 
positivo nesse processo. Estima-se que eles “retirem” dos oceanos perto de 40.000 
km3 por ano. É esse saldo que alimenta as nascentes dos rios, recarrega os 
depósitos subterrâneos, e depois retorna aos oceanos pelo deságue dos rios. 
A água é encontrada na atmosfera mais frequentemente sob a forma de vapor 
ou de partículas líquidas, embora não seja raro sob a forma de neve ou de gelo. 
Para que ocorra uma precipitação é necessário que o vapor atmosférico sofra 
condensação em gotículas que, ao atingir determinado peso, não podem continuar 
em suspensão, caindo em forma de chuva. Se durante essa precipitação essas 
gotas atravessarem camadas atmosféricas com temperaturas negativas, poderá 
ocorrer o congelamento e a precipitação pode ocorrer na forma de partículas de 
gelo, o granizo. Se essa condensação ocorrer sob temperaturas de congelamento, a 
precipitação se dará em forma de neve. 
Embora sem importância para estudos de abastecimento de água, em função 
de sua insignificante contribuição para a formação de escoamentos superficiais, 
ainda se pode registrar que, quando a condensação for originada do contato do 
vapor atmosférico, com uma superfície sólida, o solo, por exemplo, e em 
temperaturas do ar circundante muito baixas, não necessariamente de 
congelamento, ocorre a formação do orvalho ou das geadas. A ocorrência desses 
tipos de condensação é de extrema importância em áreas agrícolas, assim como a 
precipitação em forma de granizo. 
Resumindo, as precipitações pluviométricas podem ocorrer tanto da forma 
mais comum conhecida como chuva, como em formas mais moderadas como 
neblinas, garoas ou geadas, ou mais violentas, como acontecem nos furacões, 
precipitações de granizo, nevascas etc. 
Quando a chuva alcança o solo, parte da água se infiltra e parte fica 
temporariamente sobre a superfície, em função da intensidade da chuva e da 
capacidade de infiltração do solo. Da parcela superficial parte é retida, passa do 
estado líquido para o gasoso pelo processo de evaporação natural, e volta à 
atmosfera. A intensidade desse fenômeno natural depende da temperatura 
ambiente, da ventilação e da umidade relativa do ar. O restante escoa sobre a 
superfície livre do terreno, indo abastecer os corpos receptores naturais, como rios 
lagos e oceanos. Da parcela infiltrada, a que fica retida nos interstícios próximos à 
superfície volta à atmosfera na forma de vapor e o restante penetra mais 
profundamente e vai abastecer o lençol freático e outros aquíferos subterrâneos. 
Em áreas cobertas por densa vegetação, o volume de água que é transferido 
para a atmosfera, por meio do fenômeno de transpiração, pode ser bastante 
significativo, em função da dimensão dessa área. Nesse processo a água é retirada 
do solo pelas raízes, transferida para as folhas e, então, evaporada. Assim, numa 
área de floresta, por exemplo, a superfície de exposição das folhas é muito grande 
11 
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e, em função da temperatura ambiente e da insolação, pode se tornar o fator 
determinante do teor de umidade atmosférica (numa área equatorial, por exemplo). 
Evidentemente, o ciclo hidrológico, embora seja um fenômeno contínuo da 
natureza, não tem comportamento uniforme em cada uma de suas fases, 
principalmente quanto à evaporação e à precipitação. Essas etapas variam de 
intensidade aleatória com o tempo, principalmente ao longo das estações climáticas. 
Na realidade, qualquer observação sistemática de chuvas em determinado local 
caracterizar-se-á por notáveis variações nas quantidades precipitadas anualmente e 
não mostrará ocorrências cíclicas dos fenômenos. A maior quantidade de 
observações ao longo de um tempo mais longo (mais de trinta anos) permitirácondições de se apurar valores médios mais consistentes. 
A fase atmosférica do fenômeno das precipitações é de interesse dos 
meteorologistas, porém a partir do momento em que ela atinge o solo, torna-se o 
elemento fundamental dos estudos ligados à Hidrologia, que é a ciência que estuda 
a água da terra, sua ocorrência, circulação e distribuição, suas propriedades físicas 
e químicas, e suas reações com o meio-ambiente, incluindo suas relações com a 
vida, ou seja, é a ciência que estuda a presença da água na natureza. Ainda 
denomina-se de Hidrologia de superfície o estudo referente ao movimento da água 
sobre o solo, isto é, do escoamento superficial das águas, que é o que interessa 
para projetos de drenagem superficial. Pode-se dizer que como ciência é um estudo 
recente, pois seus fundamentos teóricos só começaram a se formar nos tempos do 
cientista italiano Leonardo da Vinci (1452-1519), com a concepção do ciclo 
hidrológico, e só foi aceita como disciplina específica em fins do século XIX, embora 
os antigos egípcios já ensaiassem o controle das cheias do Rio Nilo, a cerca de 
3000 anos antes de Cristo. 
No entanto, o ritmo acelerado de desmatamentos das últimas décadas, e o 
crescimento urbano e industrial, que necessita sempre de mais água, vem alterando 
esse ciclo hidrológico. Estudos da ONU mostraram que o desmatamento e o 
pastoreio excessivo diminuem a capacidade do solo em atuar como uma grande 
esponja, absorvendo águas das chuvas e liberando seus conteúdos lentamente. Na 
ausência de coberturas vegetais, e com solos compactados, a tendência das chuvas 
é escorrer pela superfície e escoar rapidamente pelos cursos de água, o que traz 
como consequência as inundações, aceleração no processo de erosão e diminuição 
da estabilidade dos cursos de água, que ficam com baixa vazão fora do período de 
cheias, comprometendo assim a agricultura e a pesca. 
Não faltam sinais de escassez de água doce. Os níveis dos lençóis freáticos 
baixam constantemente, muitos lagos encolhem e pântanos secam. Na agricultura, 
na indústria e na vida doméstica, as necessidades de água não param de aumentar, 
paralelamente ao crescimento demográfico e ao aumento nos padrões de vida, que 
multiplicam o uso da água. Nos anos 50, por exemplo, a demanda de água por 
pessoa era de 400 m3 por ano, em média, no planeta, ao passo que hoje essa 
demanda já é de 800 m3 por indivíduo. Em países cada vez mais populosos, ou com 
carência em recursos hídricos, já se atingiu o limite de utilização de água. 
12 
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Constatou-se que atualmente 26 países, a maioria situada no continente africano, 
totalizando 235 milhões de pessoas, sofrem de escassez de água. As outras regiões 
do mundo também não são poupadas. Sintomas de crises já se manifestam em 
países que dispõem de boas reservas. Nos locais onde o nível de bombeamento 
(extração) das águas subterrâneas é mais intenso que sua renovação natural, 
constata-se um rebaixamento do nível de lençóis freáticos, que, por esse motivo, 
exigem maiores investimentos para serem explorados e, ao mesmo tempo, vão se 
tornando mais salinos. 
 
1.2.1. Chuvas 
 
As chuvas são mais intensas e frequentes nas regiões marítimas, onde é bem 
acentuada a umidade do ar. A sua formação é afetada pela temperatura, pressão 
barométrica, direção dos ventos, barreiras naturais e altitude. 
A quantidade de chuva que precipita numa região é definida por uma altura 
em milímetros, registrada por um aparelho denominado pluviômetro. Este deve ser 
colocado em local conveniente, a fim de que os resultados obtidos se aproximem, 
tanto quanto possível, da realidade. A Figura 1.3 mostra a configuração de um 
pluviômetro. 
 
 
Figura 1.3 – Configuração de um pluviômetro 
 
 
 O conhecimento das alturas de chuva de todos os meses do ano é 
indispensável para os projetos dos reservatórios de regularização sazonal. 
 Toda chuva é caracterizada pela parâmetro intensidade-duração. Assim, 
quanto mais intensa for a chuva, menor é a sua duração e vice-versa. A intensidade 
é expressa em milímetros por hora (mm/h), mesmo que a duração seja de minutos. 
13 
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 O registro das intensidades de chuva para as diversas durações, geralmente 
compreendidas de 5 a 120 minutos, é indispensável para o dimensionamento das 
galerias de águas pluviais pelo método racional. 
 Normalmente são encontrados, na água de chuva, gases dissolvidos e 
partículas microscópicas de poeira. Entretanto, outras impurezas podem ser 
registradas, tais como fumaça, pólen, traços de nitrato, sulfetos, cloretos, óxidos e 
álcalis, a depender da região. De todas as substâncias, o cloreto de sódio é o mais 
abundante nas chuvas registradas nas regiões marítimas. Todavia, as impurezas 
nas águas de chuva, geralmente, não ultrapassam o valor de 10 mg/L. 
 
1.2.2. Águas superficiais 
 
 A água superficial é a que escoa no solo sob a ação da gravidade ou que 
permanece estagnada em depressões da crosta terrestre, excetuando os oceanos e 
mares. 
 As águas superficiais estão inseridas dentro do contexto da bacia hidrográfica 
que, por sua vez, é uma área onde ocorre a drenagem da água das chuvas para um 
determinado curso de água (geralmente um rio). Com o terreno em declive, a água 
de diversas fontes (rios, ribeirões, córregos etc) deságuam em um determinado rio, 
formando assim uma bacia hidrográfica. Logo, uma bacia hidrográfica é formada por 
um rio principal (às vezes dois ou três) e um conjunto de afluentes que deságuam 
neste rio principal. Assim, a cada curso de água corresponde uma bacia 
hidrográfica, de modo que a bacia de um rio é constituída pelas bacias de todos os 
seus afluentes. A Figura 1.4 mostra a configuração das principais bacias 
hidrográficas brasileiras. 
 
 
Figura 1.4 – Principais bacias hidrográficas brasileiras. 
14 
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 Chama-se de coeficiente de escoamento superficial ou run-off a relação entre 
o volume total de água que atinge o extremo de jusante de uma bacia hidrográfica e 
o volume total de chuva precipitada na mesma bacia. Ambos os volumes são 
definidos para um mesmo período de tempo, geralmente um ano. 
 O coeficiente de escoamento superficial varia para cada bacia hidrográfica, 
sendo expresso em percentagem. Ele é função, sobretudo, da vegetação, 
permeabilidade do solo e conformação da camada superficial do terreno. Em bacias 
sem vegetação, impermeáveis e de forte declividade, é grande a taxa de 
escoamento, podendo superar 60%. Em bacias cobertas de vegetação, com terreno 
poroso e de pequena declividade, o coeficiente superficial de escoamento superficial 
não atinge 20%. 
 A determinação do run-off é indispensável para o projeto de certas obras de 
Engenharia Hidráulica, como por exemplo, reservatórios de regularização. 
 As características das águas superficiais dependem da área, geologia e 
topografia da bacia hidrográfica, assim como das condições atmosféricas e das 
atividades humanas dominantes na mesma bacia. 
 Nos rios e riachos, a variação das características da água é mais frequente do 
que em lagos e lagoas. 
 
1.2.3. Mananciais Subterrâneos 
 
 A água subterrânea, ao infiltrar-se na vertical, pode mudar de direção, desde 
que encontre uma camada impermeável que não constitua bolsão subterrâneo. Ao 
mudar de direção, a água passa a percolar em busca de um ponto mais baixo, ao 
passo que fica estagnada ao atingir um bolsão. Diante do caminhamento feito pela 
água subterrânea, tem-se o conceito de lençol subterrâneo, que representa uma 
formação do terreno, cujos poros são totalmente preenchidos deágua. 
 Os lençóis subterrâneos podem ser freáticos ou artesianos, conforme descrito 
a seguir: 
a) o lençol freático é o que se encontra sobre a primeira camada impermeável e cuja 
água está sob a ação da pressão atmosférica. A Figura 1.5 mostra a configuração 
de um lençol freático e a sua vulnerabilidade à contaminação por fatores externos. 
 
15 
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Figura 1.5 – Lençol freático 
 
 
b) O lençol artesiano é o que se situa entre duas camadas impermeáveis e cuja 
água sofre pressão superior à atmosférica. A Figura 1.6 mostra a configuração de 
um lençol artesiano. 
 
 
Figura 1.6 – Configuração de um lençol artesiano. 
 
 
 Na maioria dos casos, as camadas que separam os lençóis subterrâneos não 
são estanques a ponto de impedir totalmente a comunicação entre eles. 
 Nos lençóis, a água percola até atingir um bolsão subterrâneo ou um curso de 
água, um lago ou o mar. Pode também aflorar no terreno para dar origem às fontes 
de encosta ou às fontes de fundo de vale de emergência, conforme mostrado na 
Figura 1.7. 
 
16 
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Figura 1.7 - Caixa de Tomada da fonte de encosta 
 
 
Em arenitos ou material de textura fina, a velocidade de percolação, em 
certos casos, não ultrapassa três metros por ano. Por outro lado, em material 
grosseiro, pode atingir seis metros por dia. 
As águas subterrâneas são geralmente mais límpidas e duras que as de 
superfície da mesma região. Em zonas calcárias, são mais alcalinas do que em 
zonas graníticas. 
Excetuando os casos em que a dureza, o ferro, e o manganês são 
pronunciados, de modo geral, a água subterrânea possui melhor qualidade que a de 
superfície. Além disso, as características da água subterrânea ficam sujeitas a 
pequenas alterações. 
 
1.3. A IMPORTÂNCIA DOS PRINCIPIOS DE TRATAMENTO 
 
Desde a década de 1850 até a década de 1950, as instalações de tratamento 
de água foram frequentemente projetadas por engenheiros experientes que se 
basearam em práticas bem-sucedidas. Assim, os processos de tratamento foram 
muitas vezes tratados como uma "caixa preta", e uma compreensão detalhada dos 
princípios científicos que regem o processo não eram consideradas essenciais para 
concluir um projeto bem sucedido. Nos últimos anos, no entanto, mudanças 
significativas ocorreram na indústria de tratamento de água, exigindo dos 
engenheiros uma maior compreensão dos princípios fundamentais dos processos de 
tratamento. Algumas dessas mudanças incluem o aumento da contaminação dos 
suprimentos de água, a crescente taxa de desenvolvimento tecnológico e a 
crescente sofisticação das instalações de tratamento. 
As práticas de tratamento concentraram-se principalmente na qualidade 
estética da água e na prevenção da contaminação por organismos patogênicos. 
Desde a década de 1950, dezenas de milhares de produtos químicos foram 
17 
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desenvolvidos para uma ampla variedade de propósitos, sendo que alguns desses 
produtos químicos têm efeitos cancerígenos ou outros impactos negativos para a 
saúde em seres humanos. 
Muitos fornecimentos de água são impactados por descargas de estações de 
tratamento de esgotos. Dessa forma, os engenheiros são impelidos a adotarem 
estratégias de tratamento a base de produtos químicos, para as quais não há 
experiência prévia disponível. 
Os processos de tratamento dependem de princípios físico-químicos. Assim, 
se os princípios científicos forem compreendidos, é possível identificar processos de 
tratamento com base na interação esperada entre as propriedades dos 
contaminantes e as capacidades dos tratamentos adotados, por exemplo, ao 
conhecer a volatilidade e a hidrofobicidade de uma substância química orgânica 
sintética, é possível prever se a remoção de ar ou a adsorção em carvão ativado é 
uma estratégia de tratamento mais adequada. 
A tecnologia vem acelerando o ritmo de desenvolvimento dos equipamentos 
de tratamento, de modo que os engenheiros são confrontados com os fabricantes de 
equipamentos e desenvolvedores de novos processos, sendo atribuído a ele 
(engenheiros) a tarefa de recomendar ou não a um cliente o equipamento que deve 
ser utilizado como uma opção viável. 
A água potável é uma parte necessária da sociedade moderna, sendo uma 
questão de saúde pública, e os consumidores esperam ter água disponível 
continuamente. Nesse sentido, conhecimento prático de estações construídas de 
forma bem sucedidas anteriormente pode não ser suficiente para prever se o novo 
equipamento irá funcionar satisfatoriamente. Logo, entender os princípios científicos 
que regem os processos de tratamento, fornece ao engenheiro uma base para 
avaliar inovações de novos mecanismos de tratamento. 
As estações de tratamento ficaram mais complexas, com isso, às vezes, as 
instalações não funcionam adequadamente e o engenheiro é chamado para 
identificar os fatores que estão impedindo a estação de trabalhar adequadamente, 
ou recomendar estratégias para melhorar o desempenho. Muitas vezes, a diferença 
entre o desempenho eficaz e ineficaz é o resultado de princípios científicos - uma 
dose de coagulante demasiadamente baixa para desestabilizar as partículas, uma 
mudança na densidade da água devido a uma mudança de temperatura ou a 
utilização incorreta de um intervalo de pH. Nesses casos, os princípios científicos 
podem orientar o processo de tomada de decisão sobre por que um tratamento não 
está funcionando e quais mudanças na operação resolveriam o problema. 
Como resultado, a variedade de conhecimento e experiência necessária para 
projetar instalações de tratamento de água é extensa e não pode ser aprendida em 
um único semestre na faculdade. Os engenheiros de projeto precisam de 
conhecimento sobre os princípios fundamentais dos processos e experiência prática 
de construção. 
 
 
18 
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1.4. O DESENVOLVIMENTO DOS SERVIÇOS DE ÁGUA E DE ESGOTO 
 
A importância do abastecimento de água potável e do esgotamento sanitário 
já foi reconhecida há algum tempo. As escavações arqueológicas na Ásia e no 
Oriente Médio revelaram que comunidades desenvolveram sistemas de 
abastecimento de água e de coleta de esgoto. Os ramanos, por exemplo, podem ser 
considerados os primeiros grupos de engenheiros especialistas em saúde pública, 
pois desenvolveram sistemas de abastecimento de água e de drenagem nas 
principais cidades. Volumes consideráveis de água foram armazenados em fontes 
que forneciam continuamente esse precioso líquido para a maioria da população, 
embora as famílias ricas tivessem suas próprias fontes de abastecimento. Para 
satisfazer as exigências por água, muitas áreas urbanas do Império Romano foram 
beneficiadas com a construção de grandes aquedutos com mais de 50 km de 
extensão. O conceito de transporte de água de boa qualidade proveniente de 
captações de montanha com uma elevada pluviosidade para uma área urbana tem, 
portanto, uma longa história e demonstra um conceito importante na gestão da água. 
Assim como nos sistemas de abastecimento de água, as cidades romanas 
tinham sistemas de esgotos feitos de pedra, que coletavam tanto o escoamento 
superficial de águas pluviais como as descargas das latrinas e, ao final, todo esse 
material era transportado para além dos limites das cidades. Há, no entanto, pouca 
evidência de que os romanos faziam qualquer tratamento para as águas residuárias 
de suas cidades e, portanto, a sua compreensão da proteção do meio ambiente foi, 
provavelmente, pouco limitada. 
Com o fim do Império Romano, a maioria de suas obras públicas cairam emdesuso, particulamente no que se refere ao abastecimento de água e ao 
esgotamento sanitário, recebendo pouca atenção dos legisladores e do poder 
público em geral. 
Na Europa da Idade Média, muitas vezes as cidades se estabeleceram nos 
pontos de passagem de rios, e estes cursos de água normalmente eram uma fonte 
de água conveniente e um repositório de resíduos líquidos e sólidos. Dessa forma, 
os despejos de resíduos líquidos e sólidos tornaram-se um perigo, não sendo 
surpreendente que a expectativa de vida para a maioria das pessoas não 
ultrapassasse os trinta e cinco anos de idade. 
A falta de instalações adequadas de sistemas de coleta de esgoto em áreas 
rurais pouco povoadas nem sempre causou grandes problemas, mas o rápido 
crescimento das populações urbanas, muitas vezes em condições precárias, causou 
(e ainda causa) grandes perigos para a saúde pública. Assim, devido às condições 
sanitárias no século XIX, a maioria das grandes cidades da Europa passou por 
situações terríveis, com a disseminação rápida, e às vezes catastróficos, de doenças 
relacionadas com a água. Além disso, das cidades que decidiram fazer alguma coisa 
para resolver o problema da falta de saneamento, muitos dos sistemas de esgotos 
implantados foram mal construídos, de modo que uma boa parte do seu conteúdo 
19 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
vazavam para os aquíferos rasos circundantes, que também forneciam água para 
fins de abastecimento. Dessa forma, os rios tornaram-se degradados e surtos de 
cólera foram frequentes nas cidades da Europa, com milhares de mortes todos os 
anos. Em 1850, situações semelhantes também foram observadas na América do 
Norte. 
Em 1854, na cidade de Londres, um episódio que culminou com a morte de 
10.000 pessoas, em decorrência de casos de cólera, forneceu evidência ao Dr. John 
Snow para demonstrar a ligação entre a poluição por esgoto doméstico e a presença 
de cólera na comunidade. Mais tarde, a existência de bactérias como organismos 
vivos e seu papel no desencadeamento de doença foi demonstrada por Pasteur em 
1860 e, em 1876, Koch desenvolveu técnicas de cultura para o crescimento e 
identificação de espécies microbianas. 
A Revolução Industrial encentivou ainda mais o crescimento das cidades e 
acelerou a necessidade de sistemas de abastecimento de água, muitos destes 
baseados nos cenceitos romanos de captação em terras altas e longos aquedutos. 
Desse modo, apenas pela atenção contínua e vultosos investimentos financeiros no 
controle de qualidade da água, foi possível erradicar doenças transmitidas pela água 
nos países chamados “desenvolvidos”. Uma consequência dessa realização foi que 
a expectativa de vida das pessoas nos países europeus quase duplicou desde o 
século XIX. 
Apesar do avanço na ciência médica ter contribuído para a melhora da 
expectativa de vida, o papel dos engenheiros no fornecimento de uma água segura 
e de eficazes sistemas de esgotamento sanitário foi o principal fator desencadeador 
da melhora na qualidade de vida das pessoas. Tal sucesso não deve, contudo, 
esconder os enormes desafios que ainda precisam ser resolvidos. Pesquisas 
indicam que a maioria da população rural do mundo e um número significativo da 
população urbana não tem acesso ao abastecimento de água potável. Em relação 
aos demais sistemas de saneamento, coleta de esgoto e drenagem de águas 
pluviais, por exemplo, a situação é ainda pior. Para completar esta situação 
preocupante, infelizmente a taxa de natalidade em grande parte dos países em 
desenvolvimento é tal que o aumento do número de pessoas atendidas não mantém 
o mesmo ritmo com o crescimento da população, consequentemente o resultado 
dessa equação é um número crescente de pessoas fora do alcance dos serviços 
básicos de saneamento. Portanto ainda há muito o que fazer ante as exigências 
aparentemente simples de água potável disponível para todos. 
 
1.5. O PAPEL DOS ENGENHEIROS E DOS CIENTISTAS 
 
As obras públicas, tais como sistemas de abastecimento de água e 
tratamento de esgotos, têm sido tradicionalmente vistos como atividades de 
engenharia. A conexão com a engenharia civil é devido ao fato de que a maioria das 
obras envolvem grandes estruturas e requerem uma boa compreensão do sistema 
hidráulico. No entanto, a Ciência da Água é uma matéria multidisciplinar, envolvendo 
20 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
a aplicação de princípios biológicos, químicos e físicos em associação com as 
técnicas de engenharia. Nesse contexto, os grandes projetos de controle de 
qualidade da água são realizados por uma equipe de especialistas de muitas 
disciplinas, os quais podem trazer as suas experiências, colaborando para uma 
solução ambientalmente aceitável. 
 Um dos principais objetivos no trabalho de controle de qualidade da água é 
reduzir a incidência de doenças. Esse objetivo depende da capacidade de se 
trabalhar com fontes de água capazes de oferecer uma qualidade satisfatória, ou 
seja, uma água livre dos seguintes itens: 
 matéria em suspensão visível; 
 cor excessiva, sabor e odor; 
 excesso de matéria dissolvida; 
 metais pesados; 
 indicadores bacterianos de poluição fecal. 
Dessa forma, o abastecimento de água potável deve, obviamente, ser próprio 
para o consumo humano, ou seja, de qualidade potável, e também deve ser 
palatável, ou seja, ser esteticamente atraente. Além disso, na medida do possível, o 
abastecimento público de água deve ser adequado para outros usos domésticos, 
como lavar roupa, e assim por diante. 
Depois de se ter encontrado uma fonte de água de qualidade e quantidade 
adequadas, e depois de se realizar o tratamento conveniente, torna-se necessário 
realizar o fornecimento de água aos consumidores através de um sistema de 
distribuição que compreende adutoras, estações de bombeamento e reservatórios. 
Cabe destacar que o uso doméstico e industrial da água pode causar deterioração 
de sua qualidade, razão pela qual esse efluente deve ser recolhido e dado um 
tratamento adequado antes de inceri-lo novamente no meio ambiente. 
Em muitas situações, as águas residuárias tratadas asseguram uma parte 
significativa dos recursos hídricos para outros usuários. A Figura 1.8 ilustra uma 
situação típica de suprimento dos sistemas de abastecimento de água e eliminação 
de águas residuárias em torno dos manancias. 
 
21 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
 
Figura 1.8 - Abastecimento de água e eliminação de águas residuárias em torno dos 
mananciais. 
 
 
As medidas de controle de qualidade da água devem encontrar um equilíbrio 
entre as necessidades dos serviços de abastecimento e os requisitos de descarga 
de efluentes de esgotos, garantindo-se, assim, a preservação de atividades em torno 
dos mananciais, como por exemplo, a pesca. Todos esses fatores devem considerar 
que em uma situação onde há atividade industrial, existência de práticas agrícolas e 
uma crescente urbanização, pode ocorrer influência na qualidade da água. 
O desenvolvimento urbano pode produzir grandes volumes de resíduos 
sólidos que, por sua vez, podem representar grandes dificuldades ambientais na sua 
disposição. Os aterros e outros locais de disposição de resíduos podem ser 
responsáveis por grandes problemas de controle de poluição da água, na medida 
em que a chuva ou a água subterrânea podem lixiviar o material contaminante a 
partir do lixo depositado inadequadamente. É importante destacar que muitos 
contaminantes podem afetar o ar, o solo e a água, portanto, devem ser adotadas 
soluções para o controle da poluição que não transfira o problema para outros 
lugares. Esses problemas podem, muitas vezes, ser em escala internacionalpor 
causa das circulações atmosféricas e por causa das correntes marinhas. 
 
 
 
 
 
 
22 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
1.6. GUIA DE ESTUDO 
 
Assinale (V) verdadeiro ou (F) falso para os seguintes itens: 
 
1) ( ) Assim como a água, há outras substâncias que têm a propriedade de passar 
pelos estados sólido, líquido e gasoso nas condições de temperatura e pressão 
dominantes na superfície da Terra. 
 
2) ( ) A densidade da água varia com a pressão atmosférica. 
 
3) ( ) À medida que a temperatura da água diminui, abaixo de 4ºC, por exemplo, a 
densidade aumenta, até atingir o valor de uma unidade (1) a zero grau Celsius (0ºC). 
 
4) ( ) A capacidade da água de dissolver substâncias é mais acentuada quanto 
menor for a sua temperatura e pressão. 
 
5) ( ) A água está mais isenta de substâncias quando se encontra na forma 
líquida, ou seja, na quando ela precipita na forma de chuva. 
 
6) ( ) Por definição, o ciclo hidrológico é a descrição do comportamento natural da 
água em volta do globo terrestre. 
 
7) ( ) O ciclo hidrológico é composto de três fenômenos principais: evaporação 
para a atmosfera, condensação em forma de nuvens e escoamento superficial. 
 
8) ( ) Para que ocorra uma precipitação é necessário que o vapor atmosférico 
sofra condensação em gotículas. 
 
9) ( ) O ciclo hidrológico tem comportamento uniforme em cada uma de suas 
fases, principalmente quanto à evaporação e à precipitação 
 
10) ( ) Pode-se dizer que, desde os anos 50, por exemplo, a demanda de água por 
pessoa não foi alterada, quando comparada com a atual realidade , contudo a 
demanda industrial aumentou significativamente. 
 
11) ( ) As chuvas são mais intensas e frequentes nas regiões marítimas, onde é 
bem acentuada a umidade do ar 
 
12) ( ) Toda chuva é caracterizada pela característica intensidade-duração. 
 
13) ( ) Quanto mais intensa for a chuva, menor é a sua duração e vice-versa. 
 
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Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
14) ( ) Para projetos de galerias de águas pluviais pelo método racional, o ideal é o 
registro das intensidades de chuva superiores a 120 minutos. 
 
15) ( ) As impurezas nas águas de chuva, geralmente, não ultrapassam o valor de 
10 mg/L. 
 
16) ( ) A água superficial é a que escoa no solo sob a ação da gravidade ou que 
permanece estagnada em depressões da crosta terrestre, excetuando os oceanos e 
mares. 
 
17) ( ) O coeficiente de escoamento superficial ou run-off é a relação entre o 
volume total de água que atinge o extremo de montante de uma bacia hidrográfica e 
o volume total de chuva precipitada em uma área determinada na mesma bacia. 
 
18) ( ) O coeficiente de escoamento superficial varia para cada bacia hidrográfica, 
sendo expresso em percentagem. 
 
19) ( ) Em bacias cobertas de vegetação, com terreno poroso e de pequena 
declividade, o coeficiente superficial de escoamento superficial não atinge 20%. 
 
20) ( ) A determinação do run-off é dispensável para o projeto de certas obras de 
Engenharia Hidráulica, como por exemplo, reservatórios de regularização. 
 
21) ( ) Quando a bacia de detenção de águas pluviais armazena temporariamente 
as águas e as libera lentamente, o efeito primário observado é a redução da vazão 
efluente máxima que sai da bacia, o que permite o controle da vazão de pico. 
 
22) ( ) Durante o período de armazenamento nas bacias de infiltração, parte das 
águas pluviais infiltra-se no solo, promovendo a recarga dos aqüíferos; e, conforme 
se processa tal recarga, é controlado o volume decorrente do escoamento 
superficial. 
 
23) É sabido que ação humana altera o ciclo hidrológico, especialmente no 
ambiente urbano, no qual as alterações ambientais são mais intensas. O 
aumento das inundações urbanas é uma das consequências mensuráveis das 
alterações do ciclo hidrológico decorrentes da urbanização. Essas alterações 
do ciclo hidrológico manifestam-se principalmente 
 
a) pelas mudanças climáticas globais que provocam aumento dos dias chuvosos. 
 
b) pelo aumento das temperaturas nas áreas urbaniza- das e a criação de “ilhas de 
calor”. 
 
24 
Prof. Rogério Pinheiro Magalhães Carvalho 
c) pelo aumento dos volumes de escoamento superficial e a diminuição do tempo de 
concentração nas bacias urbanas. 
 
d) pela ausência de mecanismos adequados de defesa civil. 
 
e) pela falta de legislação de uso e ocupação do solo na maioria dos municípios. 
 
24) O deslocamento da água na superfície de uma bacia hidrográfica é uma 
das parcelas mais importantes do ciclo hidrológico. Considerando os 
fundamentos do escoamento superficial, assinale a alternativa correta. 
 
a) O escoamento em superfície livre pode ser apenas do tipo não permanente. 
 
b) O escoamento é regido por leis físicas e representado qualitativamente por 
variáveis como vazão, profundidade e velocidade. 
 
c) O escoamento superficial e em rios e canais é retratado apenas pela equação de 
quantidade de movimento. 
 
d) A equação baseada na quantidade de movimento do sistema associado ao 
escoamento superficial é obtida pela avaliação das massas internas e externas que 
atuam no mesmo. 
 
e) O escoamento permanente uniforme ocorre quando o gradiente de profundidade 
com o espaço é nulo e a velocidade, constante. 
 
25) O ciclo hidrológico é um fenômeno global de circulação fechada da água 
entre a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado fundamentalmente 
pela energia solar. Com relação ao ciclo hidrológico, assinale a alternativa 
correta. 
 
a) Os volumes evaporados em um determinado local do planeta precipitam 
necessariamente no mesmo local, porque há movimentos contínuos, com dinâmicas 
diferentes, na atmosfera e também na superfície terrestre. 
 
b) O escoamento superficial é impulsionado pela gravidade para as cotas mais 
baixas, vencendo o atrito com a superfície do solo. 
 
c) O processo de infiltração ocorre quando a taxa de saturação do solo é superior à 
da precipitação. 
 
d) A presença de vegetação na superfície contribui para criar obstáculo ao 
escoamento superficial, não favorecendo a infiltração em percurso. 
 
e) A infiltração e a percolação no interior do solo são comandadas somente pela 
ação da gravidade. 
 
25 
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26) Assinale a alternativa correta. Os ecossistemas lóticos podem ser usados 
para o abastecimento de água tanto em regiões metropolitanas como em 
localidades com baixa densidade populacional. Esses ecossistemas se 
caracterizam por mananciais: 
 
a) subterrâneos, de águas doces, como as que existem em aquíferos freáticos; 
 
b) superficiais, de águas salobras, como as existentes em estuários; 
 
c) superficiais, de água doce, paradas, como barragens e lagoas; 
 
d) subterrâneos, de água doce, em aquíferos confinados e com hidroperíodo; 
 
e) superficiais, de águas doces, em movimento, como córregos e rios 
 
27) (FGV-2013) No projeto de captação de água de superfície para 
abastecimento público, a escolha do local para implantação e do tipo de 
captação a ser implantado depende de uma análise dos elementos disponíveis 
na área reservada para este fim. A esse respeito analise os critérios a seguir. 
 
I. Estar localizada em trecho reto ou, quando em curva, na margem convexa 
onde as velocidades e a profundidade são menores. 
 
II. Ficar protegida da ação erosiva das águas e dos efeitos decorrentes de 
remanso e da variação de nível do curso da água. 
 
III. Em mananciais que sofrem influência de marés, a escolha do local deve ser 
feita com auxílio de estudos sobre a intrusão da cunha salina.Assinale a alternativa que indica os critérios que devem ser adotados na 
escolha do local de captação de águas superficiais. 
 
a) I, somente. 
 
b) II, somente. 
 
c) III, somente. 
 
d) I e III, somente. 
 
e) II e III, somente. 
 
 
 
 
 
 
 
26 
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2. IMPORTÂNCIA SANITÁRIA E ECONÔMICA DO SISTEMA DE 
ABASTECIMENTO DE ÁGUA 
 
 
O objetivo principal do tratamento de água é proteger a saúde pública. A água 
pode conter uma grande variedade de componentes que podem tornar as pessoas 
doentes e, ao mesmo tempo, ela tem a capacidade única para transmitir 
rapidamente doenças a um grande número de pessoas. O objetivo deste capítulo é 
introduzir a relação entre a qualidade da água e a saúde pública e identificar as 
principais fontes de contaminantes no abastecimento de água. 
 Quando uma comunidade cresce e, consequentemente, a densidade 
demográfica da área aumenta, a solução mais econômica e permanente para o 
abastecimento de água é uma solução coletiva, que se denomina de Sistema de 
Abastecimento de Água. 
 Do ponto de vista sanitário, a solução coletiva é a mais interessante, pois 
unifica a proteção do manancial e a supervisão do sistema. Por outro lado, os 
sistemas individuais são soluções precárias para os centros urbanos, embora sejam 
indicados para as áreas rurais onde a população é dispersa. Entretanto, enquanto se 
aguardam as soluções gerais, estas não devem ser desprezadas. 
 Os sistemas de abastecimento de água são constituídos por unidades de 
captação, adução, tratamento, reservação e distribuição, os quais são descritos a 
seguir: 
a) manancial: é a fonte de onde se tira a água. No caso da existência de mais de um 
manancial, a escolha deve ser feita levando-se em conta a quantidade e a qualidade 
da água, o consumo atual provável, bem como a previsão de crescimento da 
comunidade. A Figura 2.1 mostra um exemplo de um manancial que pode ser 
utilizado para abastecimento público. 
 
 
Figura 2.1 – Manancial destinado ao abastecimento público 
 
 
27 
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b) partes constituintes do sistema: 
 captação: é a primeira providência de um sistema de abastecimento, destinado a 
recolher a água, seja ela proveniente da chuva, de rios e lagos, de fontes, do 
subsolo, e assim por diante. Desse modo, a captação tem, por fim, criar 
condições para que a água seja retirada do manancial em quantidade capaz de 
atender ao consumo. Existem vários tipos de captação que variam de acordo 
com o manancial e com o equipamento empregado. 
 adução: destina-se a conduzir a água desde a captação até a comunidade 
abastecida. É feita por meio de adutoras, isto é, de uma tubulação, normalmente 
sem derivações, que liga a captação ao tratamento ou o tratamento à rede de 
distribuição. 
 tratamento: visa a eliminação de impurezas e correção de impropriedades que a 
tornam inadequada para determinados fins. 
 reservação: visa o acúmulo da água, com propósitos de atender à variação de 
consumo, nas horas em que este é maior, manter a pressão mínima ou 
constante na rede de distribuição; atender às demandas de emergência, no caso 
de incêndio, ruptura da rede, e assim por diante. 
 rede de distribuição: constitui a etapa final de um sistema de abastecimento de 
água. Destina-se a conduzir a água, por meio de tubulações, para os diversos 
pontos de consumo. 
O abastecimento de água tem sido uma das principais preocupações da 
humanidade. As primeiras comunidades agrícolas estabeleceram-se ao redor dos 
rios e lagos, posteriormente as cidades também seguiram esse contorno e, hoje em 
dia, uma das maiores preocupações das grandes metrópoles é conseguir um 
adequado suprimento de água potável. 
A formação dos aglomerados urbanos complicou de forma notável o 
suprimento deste precioso elemento. Os trechos dos rios, que foram utilizados 
simultaneamente como fonte de abastecimento e como veículo de transporte de 
esgoto doméstico, criou a necessidade de tratar a água de mananciais longínquos 
às cidades. 
No século XIX, desenvolveram-se as primeiras instalações municipais de 
filtração. A aparição das ciências bacteriológicas, em meados do século XX, 
impulsionou ainda mais esta prática. Esta, com o passar do tempo, tornou-se um 
requisito indispensável da vida “civilizada”. 
O objetivo de um sistema de abastecimento de água de uma comunidade é 
fornecer água que, em quantidade e qualidade, seja conveniente a todos os usos a 
que se presta, de modo que a população inteira, indistintamente, dela se beneficie, 
recebendo-a a domicílio com o mínimo dispêndio possível. Assim, a importância do 
abastecimento de água deve ser encarada sob o aspecto sanitário e econômico. 
Os sistemas de suprimento de água devem ser projetados, construídos e 
operados de forma a estarem aptos a fornecerem, aos consumidores, água em 
quantidade e qualidade compatíveis com suas necessidades ao longo de certo 
tempo, comumente denominado alcance do plano (alcance de projeto). Isso porque 
28 
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a água quimicamente pura não existe na superfície da terra. A expressão água pura 
é usada como sinônimo de água potável, para exprimir que uma água tem qualidade 
satisfatória para o uso doméstico. 
A importância sanitária do abastecimento de água é facilmente visualizada: a 
implantação ou melhoria deste serviço em uma localidade traz como resultado uma 
rápida e sensível elevação do padrão de saúde e das condições de vida da 
comunidade, principalmente através do controle e prevenção de doenças, da 
promoção de hábitos higiênicos, do desenvolvimento de esportes, como a natação, 
e da melhoria da limpeza pública; reflete-se também, no estabelecimento de meios 
que importam em obtenção do conforto e da segurança coletiva, como a instalação 
de ar condicionado e aparelhamento de combate a incêndios. Esses efeitos 
benéficos se acentuam bastante com a implantação e melhoria dos sistemas de 
esgoto sanitário. Por outro lado, tem-se constatado que a implantação de sistemas 
adequados de abastecimento de água e coleta de esgotos, além de causar a 
diminuição das doenças transmissíveis pela água, indiretamente baixa a incidência 
de uma série de outras doenças, não relacionadas diretamente à água ou aos 
esgotos. 
 
2.1. RELAÇÃO ENTRE A QUALIDADE DA ÁGUA E A SAÚDE PÚBLICA 
 
Antes de meados do século XIX, acreditava-se que as doenças como a cólera 
e a febre tifóide eram principalmente transmitidas pelo sistema respiratório e por 
vapores emanados de uma vítima dessas enfermidades. O engajamento sério no 
tratamento do abastecimento público de água potável começou a se desenvolver na 
última metade do século XIX, depois que o Dr. John Snow identificou a conexão 
entre a contaminação da água potável e a doença transmitida pela água. A 
descoberta de Snow foi mais tarde apoiada pela defesa da teoria de doenças 
germinativas do cientista francês Louis Pasteur, na década de 1860, e pela 
descoberta de micróbios patogênicos importantes (micro-organismos capazes de 
causar doenças) pelo cientista alemão Robert Koch. Estes desenvolvimentos 
levaram ao entendimento de que a doença gastrointestinal se espalha quando os 
agentes patogênicos nas fezes de seres humanos infectados são transportados para 
o alimento e para a água de indivíduos saudáveis - a exposição através da chamada 
rota: fecal - oral. Como resultado, várias estratégias foram desenvolvidas para 
quebrar a conexão entre sistemas de água potável e sistemas de descarte de 
resíduos humanos. Essas estratégias incluíram o uso de fontes de água que não 
estão expostas à contaminação poresgotos, o tratamento de água em virtude de 
fontes contaminadas, o uso de sistemas de água continuamente pressurizados, de 
modo a garantir a segurança da mesma, assegurando ao consumidor que a água 
tratada possa ser entregue ao consumidor sem exposição a uma maior 
contaminação. 
A cloração contínua da água potável como meio de controle bacteriológico foi 
introduzida no início do século XX, e em 1940, a grande maioria dos suprimentos de 
29 
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água nos países desenvolvidos tinha "tratamento completo", sendo considerado 
microbiologicamente seguro. Dessa forma, o sucesso das práticas de filtração e 
desinfecção levou à eliminação virtual das doenças mais transmissíveis pela água 
nos países desenvolvidos, particularmente a febre tifóide e a cólera. 
Em 1974, porém, tanto nos Estados Unidos como na Europa, descobriu-se 
que o cloro, o produto químico mais comumente usado para desinfecção, reagia 
com a matéria orgânica natural na água para produzir produtos químicos orgânicos 
sintéticos, particularmente o clorofórmio. Desde então, décadas de pesquisas 
mostraram que o cloro produz um grande número de subprodutos de desinfecção 
(DBPs, sigla do termo em inglês “disinfection by-products”). 
Nas décadas de 1970 e 1980, tornou-se evidente que algumas doenças 
transmitidas pela água se espalhavam por meios diferentes de uma pessoa para 
outra, através da via fecal - oral. Em primeiro lugar estão as doenças zoonóticas, 
doenças que os seres humanos podem contrair através da via fecal-oral das fezes 
de outros animais. Exemplos de patógenos zoonóticos são Giardia lamblia e 
Cryptosporidium parvum. Em segundo lugar estão as doenças causadas por 
patógenos oportunistas, que fazem a sua casa em ambientes aquáticos, mas 
infectam os seres humanos quando surge a oportunidade. Exemplos de agentes 
patogênicos oportunistas são Legionella pneumophila, Aeromonas hydrophila, 
Mycobacterium avium e Pseudomonas aeruginosa. Um patógeno oportunista é um 
micro-organismo que não é normalmente capaz de superar as defesas naturais de 
um hospedeiro humano saudável. Contudo, sob certas circunstâncias, tais 
organismos são capazes de causar infecção, resultando em danos graves para o 
hospedeiro. Existem duas circunstâncias em que os patógenos oportunistas são 
mais bem-sucedidos: 
a) quando a resposta imune do hospedeiro foi comprometida (por exemplo, pessoas 
com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), pessoas que utilizam fármacos que 
suprimem o sistema imunológico, os idosos etc); 
b) quando o hospedeiro é exposto a níveis elevados do organismo em questão. 
Nesse caso a infecção se torna esmagadora antes que o corpo possa desenvolver 
uma resposta imunológica adequada. 
Como resultado da possível presença de patógenos zoonóticos, encontrar um 
suprimento de água livre de contaminação de esgoto não garante a ausência de 
patógenos e não elimina a necessidade de tratamento da água. Além disso, a 
compreensão do papel dos agentes patogênicos oportunistas deixa claro que a 
purificação da água e o seu transporte sob pressão não proporcionam uma 
protecção completa, e o crescimento de agentes patogênicos oportunistas também 
deve ser controlado nos sistemas de distribuição e nas dependências do sistema de 
água. 
Dentre as principais doenças de origem hídrica, as que são sensivelmente 
reduzidas por um sistema de abastecimento adequado são: cólera, febre tifoide, 
febre paratifoide, hepatite infecciosa, gastroenterites infantis, disenteria bacilar, 
amebíase, poliomielite, esquistossomos, leptospirose, e outras causadas pela 
30 
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presença de substâncias tóxicas na água, provenientes de despejos industriais. A 
Tabela 2.1 mostra as doenças transmitidas pela água e sua forma de controle. 
 
Tabela 2.1 – Doenças relacionadas com o abastecimento de água, agentes patogênicos e 
medidas de controle. 
Transmissão Doenças Agente Patogênico Medida 
Pela água 
Cólera 
Febre tifóide 
Leptospirose 
Giardíase 
Amebíase 
Hepatite infecciosa 
Diarréia aguda 
Vibrio cholerae 
Salmonella typhi 
Leptospira interrogans 
Giardia lamblia 
Entamoeba histolytica 
Hepatite vírus A 
Balantidium coli, Cryptosporidium, Baccilus 
cereus, Saureus, Campylobacter, E. coli 
enterotoxogênica e enteropatogênica, Shigella, 
Yersinia enterocolitica, Astrovirus, Calicivirus, 
Norwalk, Rotavirus A e B. 
-Implantar sistema de 
abastecimento e 
tratamento de água, 
com fornecimento em 
quantidade e 
qualidade para 
consumo, uso 
doméstico e coletivo. 
-Proteção de 
contaminação dos 
mananciais e fontes 
de água. 
Pela falta de 
limpeza, 
higienização com a 
água. 
Escabiose 
Pediculose (piolho) 
Tracoma 
Conjuntivite bacteriana aguda 
Salmonelose 
Tricuríase 
Enterobíase 
Ancilostomíase 
Ascaridíase 
Sarcoptes scabiei 
Pediculus humanus 
Clamydia trachoma 
Haemophilus aegytius 
Salmonella typhimurium 
Trichuris trichiura 
Enterobius bermicilares 
Ancylostoma duodenale 
Ascaris lumbricoides 
-Implantar sistema 
adequado de 
esgotamento 
sanitário. 
-Instalar 
abastecimento de 
água, 
preferencialmente 
com encanamento no 
domicílio. 
-Instalar melhorias 
sanitárias 
domiciliares e 
coletivas. 
-Instalar reservatório 
de água adequado 
com limpeza 
sistemática. 
Através de vetores 
que se relacionam 
com a água 
Malária 
Dengue 
Febre amarela 
Filariose 
Plasmodium vivax, P. malarie e P. falciparum 
Grupo B dos arbovírus 
RNA vírus 
Wuchereria bancrofti 
-Eliminar o 
aparecimento de 
criadouros com 
inspeção sistemática 
e medidas de 
controle (drenagem, 
aterro e outros). 
-Dar destinação final 
adequada aos 
resíduos sólidos. 
Associada à água Esquistossomose Schistosoma mansoni 
-Controle de vetores 
e hospedeiros 
intermediários. 
 
 
A seguir são detalhadas algumas das doenças mais comuns transmitidas pela 
água infectada por organismos patogênicos. 
 
2.1.1. Amebíase 
 
A Entamoeba hystolitica e a Entamoeba coli são parasitas minúsculos, que só 
podem ser vistos com auxílio do microscópio. Geralmente, fala-se de ameba 
(Entamoeba) sempre que há diarréias persistentes. 
A Entamoeba coli é um parasita que se localiza no intestino do homem, mas 
que não o prejudica e, portanto, não precisa ser tratada. A Entamoeba hystolitica é 
31 
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prejudicial e precisa ser eliminada. A Figura 2.2 mostra o formado da Entamoeba 
(amebíase) que precisa ser eliminada do organismo humano. 
 
 
Figura 2.2 – Entamoeba (amebíase) 
 
 
2.1.1.1. Como se contrai amebíase 
 
Esses parasitas são eliminados com as fezes. Quando uma pessoa defeca, 
as fezes, deixadas nas proximidades de córregos, valas de irrigação ou lagoas, 
contaminam suas águas. Em um quintal pequeno, se a fossa for construída a 
poucos metros de distância da cisterna, as fezes infectadas por amebas podem 
contaminar a água. 
Moscas e baratas, ao se alimentar de fezes de pessoas infectadas, também 
transmitem a parasitose a outras pessoas, defecando sobre os alimentos ou 
utensílios. 
Pode-se ainda contrair a ameba comendo frutas e verduras cruas, que foram 
regadas com água contaminada ou adubadas com terra misturada a fezes humanas 
infectadas. A ameba pode ficar agarrada nas verduras durante três semanas, 
mesmo expostas à chuva, ao frio e ao calor. Muito frequente é a contaminação pelas 
mãos sujas de pessoas que lidam com os alimentos. 
 
2.1.1.2. O que causa a amebíase 
 
Os portadores de ameba, em geral, queixam-se de: 
• dores abdominais; 
• febre baixa; 
• ataque de diarreia, seguido de períodos de prisão de ventre, disenteria aguda com 
fezes sanguinolentas

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