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03-18_-_Direitos_Sociais

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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO – UnC/Concórdia
Curso de Direito
Direito Constitucional II
Prof. Mauro J. Matté
Aula n. 05 (18-03-2014)
DIREITOS SOCIAIS
1 - Conceito
Na evolução do Direito Constitucional Moderno, os direitos sociais se formaram a partir da segunda fase, na fase social. Como a liberdade exacerbada da primeira fase (liberal) propiciou desigualdades gritantes entre as pessoas, foram necessárias medidas interventivas do Estado no sentido de proteger os mais fracos. Os direitos sociais foram a segunda dimensão (ou geração) de direitos fundamentais.
Os direitos sociais objetivam inserir o indivíduo na vida social, pois reclamam do Estado um papel prestacional, na minoração das desigualdades sociais. São direitos que se ligam ao direito de igualdade, visto que criam condições materiais para alcançar a igualdade real.
Muito embora o Estado Brasileiro venha se desenvolvendo, persiste uma desigualdade social muito grande. Não ocorre uma modificação da distribuição de renda. A “renda de 1% da população mais rica equivale a dos 50% mais pobres”.� Sendo que a efetivação dos direitos sociais visa diminuir essa distância entre ricos e pobres, conforme objetivo que consta no art. 3º, III, da Constituição.
 [...] O Estado não pode continuar sendo considerado apenas o garantidor da exploração da atividade econômica e dos direitos políticos e civis de uma pequena parcela de contemplados. Deve, sobretudo, ser reputado como responsável pela correção de uma insana e histórica desigualdade social que impõe à grande maioria da população uma vida miserável [...].� 
A Constituição da República - CR, no Capitulo II, do Título II, trata dos Direitos Sociais em seis artigos (do art. 6º ao art. 11). Já no Título VIII (arts. 193 a 232) a Constituição trata dos Direitos Da Ordem Social. 
De forma geral, o art. 6º diz o que abrange os direitos sociais:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
Esse rol de direitos sociais é meramente exemplificativo, pois o § 2º do art. 5º da CR deixa claro que outros direitos e garantias podem ser reconhecidos.
O direito à educação consta nos arts. 205 e segs. da CR e será abordado a seguir no item 2.2.2.
O direito à saúde consta nos arts. 196 e segs. da CR e será abordado a seguir no item 2.2.1, alínea “a”.
O direito à alimentação foi introduzido pela EC – 64/10 e visa reforçar os programas assistências no sentido de erradicar a fome.
O direito ao trabalho consta no art. 7º e seg. e será abordado a seguir no item 2.1.
O direito a moradia foi introduzido pela EC – 26/00 e é dever do Estado promover programas de construção de residências e melhorias nas condições habitacionais e de saneamento básico (art. 23, IX, da CF). A casa é asilo inviolável (art. 5º, XI, da CF) e o bem de família é impenhorável (Lei n. 8.009/90). A Lei n. 11.888/08 assegura às famílias de baixa renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação.
O direito ao lazer está diretamente relacionado ao direito de repouso do trabalhador (art. 7º, XIII, XIV, XV, XVII e XXIV, da CR) na qual a pessoa pode empregar-se à ociosidade (não fazer nada) ou na recreação. Da mesma forma, o direito de lazer está relacionado à recreação, com o divertimento em esportes, brincadeiras e outros, incumbindo-se aos Municípios planejarem urbanisticamente as cidades com essas condições (art. 182 da CR) e ao Poder Público propiciar essas condições (art. 217, § 3º, CR).
O direito à segurança previsto no art. 6º tem significado diverso da segurança prevista no caput do art. 5º (direito e garantia fundamental). O direito à segurança do art. 6º está relacionado à tranqüilidade que o cidadão pode usufruir por contar com a ordem e incolumidade pública propiciada pela segurança pública efetuada pelas forças armadas, pelas polícias e bombeiros (art. 144 da CR).
O direito à previdência consta nos arts. 201 e 202 da CR e se constituem em um conjunto de direitos relativos a seguridade social.
A proteção à maternidade e à infância aparece na Constituição tanto como direito previdenciário (art. 201, II) e no direito trabalhista (art. Art. 7º, XVIII), mas tem destaque de natureza assistencial (art. 203, I e II e art. 227).
A assistência aos desamparados é função da assistência social (arts. 203 e 204 da CR) que será prestada aos que dela necessitarem, independente de contribuição social ou qualquer outra contrapartida. Traduzem-se em ações afirmativas do Estado visando integrar o indivíduo à sociedade.
Os direitos sociais se traduzem em garantias constitucionais do cidadão em face do Estado e de terceiros. No entanto, em última análise, incumbe ao Estado efetivar esses direitos sociais, mesmo que seja através do Poder Judiciário. Portanto, essa prestação positiva do Estado, esse dever (em disponibilizar vagas em escolas, postos de saúde, segurança pública, prestação jurisdicional, etc.) nem sempre é efetuada de forma adequada, até mesmo pelas limitações de recursos e outros obstáculos. Portanto, diante das limitações do Estado e da premente necessidade e importância de efetivá-los, eles são regidos por três princípios básicos: da reserva do possível; do mínimo existencial; e da vedação de retrocesso.
1.1 – Princípio da Reserva do Possível
Esse princípio surgiu em 1972, no Tribunal Constitucional da Alemanha, num caso que tratava de vagas em universidade.
Ingo Sarlet� aponta três dimensões para a reserva do possível:
a) possibilidade prática: é a efetiva disponibilidade fática dos recursos para a efetivação dos direitos individuais;
b) possibilidade jurídica: envolve dois aspectos: a.1) análise da existência de previsão orçamentária; b.2) análise das competências Federativas;
c) razoabilidade da exigência e proporcionalidade da prestação.
1.2 – Princípio do Mínimo Existencial
Consiste no conjunto de bens e utilidades indispensáveis para uma vida digna. É o direito à saúde, educação fundamental, assistência aos desamparados, acesso à Justiça e outros.
Não é possível opor a reserva do possível ao mínimo existencial (STF, RE 482.611/SC).
1.3 – Princípio da Vedação de Retrocesso
Com a concretização de um direito social, a norma não pode ser objeto de retrocesso. Não poderão ser suprimidos os direitos conquistados. Admite-se somente a sua ampliação.
2 - Classificação
Considerando que os Direitos Sociais abrangem, entre outros, os arts. 6º ao 11 e os arts. 193 a 232 da Constituição da República, os mesmos podem ser assim classificados:
a) Direitos Sociais Relativos ao Trabalhador;
b) Direitos Da Ordem Social:
	b.1) Direitos Sociais relativos à Seguridade;
	b.2) Direitos sociais relativos à educação, à cultura e o desporto;
	b.3) Direitos sociais relativos ao meio ambiente;
b.4) Direitos sociais relativos à família, a criança, adolescente, jovem e idoso.
Desta classificação ainda ficam fora os direitos da Ciência e Tecnologia e da Comunicação Social e dos Índios.
2.1 – Direitos Sociais Relativos aos Trabalhadores
São de duas ordens (individuais e coletivos):
2.1.1 - Direitos dos trabalhadores em suas relações jurídicas individuais de trabalho 
Os direitos constitucionais sociais dos trabalhadores estão elencados no art. 7º da CF e tem como destinatários os trabalhadores urbanos, rurais e domésticos.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; 
III - fundo de garantia do tempo de serviço; 
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitaisbásicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; 
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; 
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; 
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; 
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; 
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; 
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; 
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; 
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; 
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; 
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; 
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; 
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; 
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; 
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; 
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; 
a) (Revogada). 
b) (Revogada). 
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; 
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; 
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; 
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.
A caracterização de cada uma dessas categorias se dá em função da atividade do empregador. Trabalhadores urbanos são aqueles cuja atividade do empregador seja industrial, comercial ou de prestação de serviços não relacionados à atividade agropastoril. Trabalhadores rurais têm o empregador ligado à atividade agropastoril. Os trabalhadores domésticos são auxiliares da administração residencial de natureza não lucrativa (a Emenda Constitucional n. 72/13, de 03/04/13 ampliou os direitos dos domésticos, mas mesmo assim, gozam de menos direitos que os demais trabalhadores). 
A Constituição catalogou os direitos mínimos dos trabalhadores, sendo que além dos que constam no art. 7º, outros poderão ser protegidos pelo ordenamento jurídico.
Os direitos dos trabalhadores serão estudos de forma detalhada e aprofundada em Cadeira específica do curso, denominada de “Direito do Trabalho”.
2.1.2 - Direitos coletivos dos trabalhadores
São direitos que se aplicam a um grupo ou categoria de trabalhadores. Esses direitos coletivos dos trabalhadores tem origem nas corporações de classe da Idade Média. Hoje eles se traduzem em direitos coletivos de categorias profissionais, como por exemplo, o direito de greve, de associação profissional ou sindical, de representação classista, etc.. 
Estão previstos nos arts. 9º ao 11 da Constituição.
Eles podem ser subdivididos em:
2.1.2.1 - Liberdade de associação profissional ou sindical:
A Constituição assim estabelece:
Art. 8º. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
Da leitura do caput se observa que há dois tipos de liberdade: a profissional e a sindical. Ambas são associações profissionais, no entanto se diferenciam por terem tratamento jurídico próprio. Além disso, destacam-se os aspectos a seguir descritos.
2.1.2.1.1 - Liberdade de Fundação de Sindicato: art. 8º, I, CF:
A criação de sindicato não depende de autorização e o Estado não pode interferir ou intervir no mesmo. Depois de organizado, o sindicato deve ser registrado no Ministro do Trabalho e Emprego (Súmula 677 do STF e Portarias MTE nº 186/08 e 984/08). Ou seja, para que o sindicato possa atuar, o seu ato constitutivo (estatuto) deve ser registrado no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas (art. 114 da Lei n. 6.015/73) e no Ministério do Trabalho e Emprego.Pelo princípio da unicidade, não pode haver mais de um sindicato da categoria por Município (art. 8º, II, CF). Os sindicatos podem possuir uma federação (que abrange o Estado Membro – art. 534 da CLT) e uma Confederação (a nível Nacional – art. 535 da CLT).
2.1.2.1.2 - Liberdade de Adesão Sindical; art. 8º, V, CF:
A exemplo do que ocorre com a liberdade de associação (art. 5º, XX), o membro da categoria profissional ou econômica também não é obrigado a se sindicalizar ou de permanecer filiado ao sindicato.
2.1.2.1.3 - Liberdade de Atuação: art. 8º, I:
Não há subordinação há qualquer órgão. É a garantia de que, além de ser criado, possa atuar livremente, sem coação ou interferência do poder público. Essa garantia visa assegurar que o sindicato possa representar adequadamente os interesses da categoria profissional ou econômica. É a autonomia sindical.
No entanto, quando essa atuação extrapola os limites de sua finalidade, o Poder Judiciário pode declarar a ocorrência de exercício abusivo do direito (STF – RE 193.345).
2.1.2.1.4 - Participação nas negociações coletivas de trabalho: art. 8, VI, CF88:
O sindicato atua como representante da sua categoria (profissional ou econômica) na defesa dos interesses dos membros. Essa atuação ocorre mediante negociações coletivas (acordos ou convenções) ou mesmo perante o Poder Judiciário em ações de interesses da categoria.
2.1.2.1.5 - Contribuição Sindical: art. 8º, IV, CF.
Para que o sindicato possa atuar necessita de recursos financeiros para custear suas atividades (contratar advogado, etc.). Pelo qual, ele tem a prerrogativa de cobrar contribuições de seus integrantes. Há duas contribuições dessa natureza: a contribuição para o custeio das confederações (art. 8º, IV, primeira parte) e a contribuição sindical (art. 8º, IV, segunda parte).
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
[...]
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
[...] (g. n.)
a) A contribuição para o custeio das confederações pode ser fixada em assembléia geral e ser descontada em folha, para o custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independente da contribuição prevista em lei.
Essa contribuição confederativa é devida apenas pelos associados do respectivo sindicato (Súmula 666 do STF e Portaria MTE n. 160/04).
b) A contribuição sindical (art. 8º, IV, parte final), de caráter parafiscal, é compulsória, estabelecida em lei. É a principal fonte de recursos dos sindicatos. Atualmente está prevista nos arts. 578 a 610 da CLT e consiste no desconto do valor equivalente a um dia de trabalho por ano de todos os que pertencem à categoria do sindicato, sejam eles filiados (associados) ou não. É aplicada na execução de programas sociais de interesse das categorias representadas. 
O art. 579 da CLT prevê que a contribuição sindical é devida por todos aqueles que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do Sindicato representativo da mesma categoria ou profissão, ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591.
2.1.2.1.6 – Unicidade Sindical: art. 8º, II, CF.
É vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município. Com isso, no Brasil, está afastada a pluralidade sindical.
Depois de formados, os sindicatos podem ser desmembrados em função da área de abrangência ou da categoria. A base territorial do sindicato pode ser um município só ou vários municípios. Pelo qual, posteriormente pode ser formado um sindicato somente na base territorial do município. Esse sindicato pode agrupar várias atividades semelhantes. Posteriormente, podem ser desmembrados por atividades específicas. Por exemplo: pode ter o sindicato dos trabalhadores em bares, hotéis, restaurantes e similares. Sendo que, pode ser desmembrado e formado o sindicato dos trabalhadores em hotéis.
2.1.2.1.7 – Estabilidade Sindical: art. 8º, VIII, CF.
Com a finalidade de assegurar a liberdade de atuação sindical, a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o término do mandato o respectivo empregado não pode ser dispensado, salvo se cometer falta grave. Essa falta grave deve ser apurada na Justiça do Trabalho, através de inquérito judicial.
2.1.2.1.8 – Direito de Substituição Processual: art. 8º, III, CF.
É diferente de representação (art. 5º, XXI, da CF). Na representação é necessária a autorização do representado. Na substituição processual, o que atua em nome de outro o faz independente de qualquer autorização ou manifestação deste. A substituição processual é poder de ingressar em juízo na defesa de direitos e interesses coletivos e individuais da categoria. O Sindicato ingressa em nome próprio na defesa de interesses alheios (dos membros de sua categoria).
Essa substituição processual pode ser exercida de forma ampla, abrangendo a “defesa de todos e quaisquer direitos subjetivos individuais e coletivos dos integrantes da categoria” (STF – RE 197.029-AgR), seja na esfera das negociações coletivas, seja na administrativa ou judicial.
2.1.2.2 – Direito de Greve: art. 9º, CF.
A greve dos empregadores (lock out) não é permitida pela Constituição Brasileira. 
A greve dos trabalhadores é o exercício de um poder de fato. Inicia-se com base num procedimento jurídico: acordo dos trabalhadores em assembléia sindical.
Art. 9º. É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º. A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º. Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
A Constituição assegura o direito de greve, por si própria (art. 9º), não o subordinou a eventual previsão em lei. É certo que isso não impede que lei defina os procedimentos de seu exercício, como exigência de assembléia sindical que a declare, de quorum para decidi-la e para definir abusos e respectivas penas. Mas a lei não pode restringir o direito.
O direito de greve é assegurado aos trabalhadores da iniciativa privada (art. 9º da CR e Lei n. 7.783/89) e aos servidores públicos (art. 37, VIII). Os militares não possuem esse direito (art. 42, § 5º, da CR). 
O movimento de greve termina pela conciliação ou por decisão de árbitro ou Judicial. Conforme o conteúdo da decisão, os dias parados serão considerados suspensão (não remunerados ao trabalhador) ou interrupção (remunerados) do contrato de trabalho.
2.1.2.3 – Direito de Participação Laboral: art. 10, CF.
É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
Na prática, essa participação ocorre tanto em órgãos de planejamento e consulta, como em órgãos de deliberação. É a participação que ocorre, por exemplo, no Conselho Nacional da Previdência Social, no Conselho Deliberativo do Fundo de Garantia e outros.
2.1.2.4 – Direito de Representação na Empresa: art. 11, CF.
Nas empresas de mais de duzentos empregados é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentosempregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
É uma regra que visa o entendimento direto entre o capital e trabalho. O representante não atua como defensor do sindicato dos empregados ou do empregador, mas como um intermediário, um interlocutor que visa o diálogo das duas categorias (nos termos da Convenção 135 da OIT).
2.2 - Direitos Da Ordem Social.
Esses direitos estão no Título VIII, Capítulo I, a CR, que prevê a “Ordem Social”, a qual abrange os direitos “Da Seguridade Social” (art. 194 e segs.), “Da Educação, Da Cultura e Do Desporto” (art. 205 e segs.), “Da Ciência e Tecnologia” (art. 218 e 219), “Da Comunicação Social” (art. 220 e segs.), “Do Meio Ambiente” (art. 225 e segs.), “Da Família, Da Criança, Do Adolescente, Do Jovem e Do Idoso” (art. 226 e segs.) e “Dos Índios” (art. 231 e 232). 
José Afonso classifica esses direitos da Ordem Social como “direitos sociais do homem consumidor”. Nos itens anteriores foram estudados os direitos sociais do homem como produtor. Agora, serão vistos os direitos sociais do homem como consumidor, tendo como objeto os direitos inerentes a seguridade, saúde, educação, assistência social e outros.
2.2.1 – Direitos Sociais Relativos à Seguridade: art. 194 e segs. da CF.
A Seguridade Social é um sistema de proteção composto por Previdência, Assistência e Saúde. É um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Abrangem os direitos “Da Saúde” (art. 196 e segs.), “Da Previdência Social” (art. 201 e segs.) e “Da Assistência Social”.
a) O Direito à Saúde consiste no direito a exigir do Estado (ou de terceiros) que se abstenha de qualquer ato que prejudique à saúde e também abrange o direito à medidas e prestações visando a prevenção das doenças e o tratamento delas.
A saúde é um direito de todos e um dever do Estado (art. 196). A execução dos serviços de saúde podem ser efetuados diretamente pelo Estado ou através de terceiros de direito privado. 
Portanto, os direitos sociais da saúde têm uma dupla natureza: negativa, pelo fato de que o Estado e terceiros devem se abster de praticar atos que prejudiquem a saúde; positiva porque o Estado tem o dever de implementar ações visando prestar direitos relativos à saúde.
b) O Direito à Previdência Social funda-se no princípio do seguro social, de sorte que os benefícios e serviços se destinam a cobrir eventos de doença, invalidez, morte, velhice, apenas do segurado e seus dependentes (arts. 201 e 202 da CR).
c) O Direito à Assistência Social constitui a face universalizante da seguridade social, visto que será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição.
2.2.2 – Direitos Sociais Relativos à Educação, à Cultura e ao Desporto: art. 205 e segs. da CF.
A CF/88 classifica, dentro da ordem social, os subsistemas da educação, cultura e desporto (arts. 205 a 214).
a) Direito à Educação é o direito de todos e dever do Estado e da família.
Trata-se de um conjunto de normas delineadoras do processo formal das quais se contextualiza o ensino, o acesso as universidades públicas, a educação em sentido amplo, prerrogativas sociais, prerrogativas da família, aos estudantes e aos professores.
A educação é um direito social, de segunda geração, pelo qual é uma obrigação, um dever do Estado (art. 205). É uma norma dirigente. A educação não é um poder estatal, mas sim um dever do Estado de promover a todos o acesso igualitário a educação. Nos termos do art. 6º da CR a educação é um dos direitos sociais, logo estamos diante de um princípio e nos termos do art. 205, da CF, também, de um direito fundamental de segunda geração.
A Súmula Vinculante n. 12 do STF as universidades públicas não podem cobrar taxas de matrícula dos alunos.
b) Em relação ao Direito à Cultura o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
A Constituição da República é culturalista ou constituição cultural, pois revela a função do Estado em apoio a formação do povo, bem como o seu potencial de expressão, filosófico, sociológico, etc.
A EC 71/12 introduziu o art. 216-A na CF, instituindo o Sistema Nacional de Cultura.
c) O Direito ao Desporto pressupõe a integração da vida social e do aperfeiçoamento das relações sociais e familiares, trazendo uma finalidade de maior expressão da educação do homem, tais como: bem social, bem estar social, lazer e saúde (José Afonso). Uadi Lâmego Bulos diz que o sistema constitucional do desporto estimula a saúde, a educação, o bem estar e o lazer.
2.2.3 – Direitos Da Ciência e Tecnologia: art. 218 e 219 da CF.
Compete ao Estado promover e incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológica. É um setor fundamental para o desenvolvimento do país.
O comando constitucional tem dois objetivos: o apoio à pesquisa e criação de tecnologias adequadas ao País; e a participação nos lucros decorrentes do aumento da produtividade para os empregados (art. 218, § 4º).
Esses direitos estariam mais bem situados se estivessem no Título que trata da Ordem Econômica e Financeira (art. 170 e segs.).
2.2.4 – Direitos Da Comunicação Social: arts. 220 a 224 da CF.
O Capítulo da Comunicação Social resgata os direitos e garantias fundamentais de liberdade de expressão (art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV). A liberdade de comunicação social consiste num conjunto de direitos e garantias que possibilitam a difusão do pensamento e da informação através de veículos de comunicação de massa.
A comunicação social não se enquadra bem nos direitos sociais, mas dizem respeito ao direito e a garantia que a pessoa tem de ser exposta à programas adequados nos meios de comunicação.
2.2.5 – Direitos Sociais Relativos ao Meio Ambiente: art. 225 da CF.
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
2.2.6 – Direitos Sociais da Família, Criança, Adolescente, Jovem e Idoso: art. 226 e segs. da CF.
a) Os direitos da família (art. 226) foram constitucionalizados de forma a garantir uma série de direitos que antes constavam apenas no Direito Privado.
b) Os direitos das crianças e adolescentes estão disciplinados no direito previdenciário social, bem como no assistencial. Além disso, gozam de proteção do Estado em função de sua situação de hipossuficientes. Possuem uma legislação própria de proteção (Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA).
c) Os direitos do jovem (art. 227) foram recentemente incluídos nas proteções de que trata o art. 227 da CF, pela EC n. 65/10.
d) Os direitos do idoso abrangem a proteção da velhice dada pelo direito previdenciário e pelo assistenciário.
3 – Considerações Finais
O assunto aqui mencionado trata esses direitos e garantias de forma superficial, tendo em vista que a grande maioria dos mesmos será objeto de Cadeiras específicas do curso, onde serão abordados de forma aprofundada.
BIBLIOGRAFIA
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 21. ed., São Paulo:Malheiros, 2007.
BULOS, Uadi Lammêgo. Direito Constitucional. 4. ed., São Paulo:Saraiva, 2009.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7. ed., Coimbra, Portugal:Almedina, 2003.
MELLO, Régis Trindade de. JANCZESKI, Célio Armando (coord.). Constituição Federal Comentada. Curitiba:Juruá, 2010.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 19. ed., São Paulo:Malheiros, 2001.
� MELLO, Régis Trindade de. JANCZESKI, Célio Armando (coord.). Constituição Federal Comentada. Curitiba:Juruá, 2010, p. 73.
� MELLO, Régis Trindadede. JANCZESKI, Célio Armando (coord.). Constituição Federal Comentada. Curitiba:Juruá, 2010, p. 75.
� SARLET, Ingo. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 8. ed., Porto Alegre, RS:Livraria do Advogado Editora Ltda, 2007, p. 304.

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