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1 Aula 09 – Capacidade de Carga de Fundações Profundas Prof.Dr. Paulo Márcio Fernandes Viana 9.1 Introdução A seguir apresentam-se as metodologias de cálculo comumente utilizadas para prever a carga de ruptura de um elemento isolado de fundação profunda. É interessante observar que diferentemente das fundações superficiais as fundações profundas dissipam o carregamento da superestrutura mediante a resistência lateral e de ponta do sistema. R total = R ponta + R lateral (1) Além da resistência do sistema estaca + solo – Elemento isolado de fundação – EIF (a compressão e tração) deve-se verificar a resistência do elemento estrutural isolado – EEI a compressão e a tração. 9.2 Resistência à compressão do EEI: )61( '.'..85,0 ydscdcCd fAfA R (2) 9.3 Resistência à tração do EEI: Verificação do ELU - Fissuração Considere o grau de fissuramento máximo aceitável do comportamento geral do elemento (tabela 13.3 ABNT/NBR 6118) pelo menor valor dado pelas equações (3) e (4) 2 O ítem 17.3.3.2 da NBR 6118 Controle da fissuração através da limitação da abertura estimada das fissuras prescreve: 454* .5,12 risi si i k E iw (3) mfctE w si si si i k , .3 ** .5,12 (4) Em que: i – diâmetro da barra considerada na área da região de envolvimento protegida Acrit; Acrit - Área da região de envolvimento protegida pelo diâmetro i; 1 – Coeficiente de aderência 1,0 para barras lisas (ver tabela 8.2); 1,4 para barras entalhadas (ver tabela 8.2) e 2,25 para barras nervuradas (ver tabela 8.2); Es – Módulo de elasticidade do aço; s – Tensão máxima atuante no aço tracionado para garantir as aberturas prefixadas das fissuras, calculada para o estágio II *segundo ítem 17.3.3.2 “O cálculo no estádio II (que admite comportamento linear dos materiais e despreza a resistência à tração do concreto) pode ser feito considerando a relação entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto igual a 15”); fct,m - Resistência característica a tração do concreto 3 2 , 3,0 ckmct ff ; ri – Taxa geométrica da armadura em relação à Acrit. NBR 6122 – ITEM 7.8.9.9.3 No caso de solicitação à tração, a estaca deve ser armada pela NBR 6118, admitindo-se uma redução de 2 mm no diâmetro das barras longitudinais. Caso se prefira fazer a verificação à fissuração, fica dispensada esta redução. Em ambos os casos deve-se garantir um coeficiente de segurança global não inferior a 2. Caso não se queira verificar o fissuramento deve-se respeitar os critérios normativos do ítem 17.3.3.3 da NBR 6118 e os valores da tabela 17.2 da referida norma. 3 9.4 Resistência à compressão do EIF - Estacas: A resistência à compressão do EIF pode ser estimada por métodos teóricos, semi-empíricos e obtida por provas de carga estáticas e dinâmicas. Em sua grande maioria emprega-se a seguinte formulação: LUrR lll .. (5) ppp ArR . (6) plT RRR (7) Em que: Rl – Resistência lateral do EIF (tf ou kN); Rp – Resistência de ponta do EIF (tf ou kN); RT – Resistência total do EIF (tf ou kN); rl – Resistência unitária lateral do EIF (aderência e/ou atrito)(tf/m2 ou kN/m2); rp – Resistência unitária de ponta do EIF (tensão na ponta) (tf/m2 ou kN/m2); Ul – Perímetro da estaca (m); L – Profundidade da estaca (m); Ap – Área da ponta da estaca (m2) Pode-se utilizar dados dos ensaios de CPT e SPT para obter o valor da resistência a compressão do EIF. Geralmente têm-se utilizado os métodos do Decourt-Quaresma e Aoki-Velloso. A Figura 1 ilustra o comportamento do sistema frente aos carregamentos atuantes. 4 Figura 1. Comportamento do EIF 9.4.1 Método Decourt-Quaresma (1978) Pu = Rl + Rp Rl = ql.Sl Rl = qp.Ap qp = k.Np (Capacidade de carga do solo junto a ponta da estaca) Np – Nspt médio da ponta da estaca (obtido com os valores de Nspt ao nível da ponta da estaca, o imediatamente anterior e o imediatamente posterior) k – Fator característico do solo ql = 10.(Nl/3 + 1) (Adesão média ao longo do fuste) Nl = Valor médio do Nspt ao longo do fuste, sem levar em conta aqueles valores utilizados no cálculo da resistência de ponta e, além disso, substituindo valores N3 e N40 por N=3 e N=40 respectivamente. Capacidade de carga da estaca = o que ela esta recebendo ela suporta? Capacidade de carga do solo = o que ela esta transmitindo o solo aquenta? 5 Embora estudos tenham sido feitos para poucas estacas pré-moldadas os autores admitem que o método também é válido para outros tipos de estacas (críticas) Padm = Pu/FS = (Rl+Rp)/FS FS = Fp (Relativo aos parâmetros do solo) + Ff (relativo à formulação adotada) + Fd (Relativo às deformações excessivas) + Fc (relativo as cargas) Para atrito lateral = 1.1; 1.0; 1.0;1.2 = 1.32 Para resistência de ponta = 1.35;1.0;2.5;1.2 = 4.05 Menor dos dois valores: Padm = .Rl/1.3 + .Rp/4.0 Padm = (Rl+Rp)/2.0 Tipo de Solo C (kPa) Argila 120 Silte Argiloso 200 Silte Arenoso 250 Areia 400 Tipo de Solo Escavada Escavada com lama Hélice Contínua Raiz Injetada sob altas pressões Argila 0.85 0.85 0.30* 0.85* 1.0* Solos intermediários 0.60 0.60 0.30* 0.60* 1.0* Areias 0.50 0.50 0.30* 0.50* 1.0* *Valores apenas orientativos estimados diante reduzido número de dados Tipo de Solo Escavada Escavada com lama Hélice Contínua Raiz Injetada sob altas pressões Argila 0.80* 0.90* 1.0* 1.5* 3.0* Solos intermediários 0.65* 0.75* 1.0* 1.5* 3.0* Areias 0.50* 0.60* 1.0* 1.5* 3.0* *Valores apenas orientativos estimados diante reduzido número de dados Valores de Valores de 6 9.4.2 Método Aoki-Velloso (1978) Pu = Rl + Rp Rp = rp.p Rl = U.l.rl U –Perímetro da estaca (U = 2..R) rp = K.Np/F1 rl = .K.Nl/F2 Np – Nspt na cota de apoio da estaca Nl – Nspt da camada de solo de espessura l F1 (ponta) e F2 (lateral) – São coeficientes que levam em consideração o efeito escala e o cone. - k – Dependem do tipo de solo Sl = U.l No caso das estacas FRANKI a área da ponta (Ap) é calculada com o volume da base alargada. 3 2 ) 4 3( VAp SlF kNlp F kNpPu 21 7 9.5 Resistência à tração do EIF: Pode-se estimar a resistência à tração do EIF como sendo: FS RlRtadm .80,0 (8) A resistência à tração do EIF não poderá ser superior à resistência a tração do EEI. Tipo de Estaca F1 F2 Franki 2.5 5.0 Metálica 1.75 3.5 Pré-moldada 1+D/0.8 2.F1 F2 pode variar em torna de 2 x F1 Estacas escavadas com lama bentonítica F1 = 3.5 e F2 = 7.0 Também há menção para estacas escavadas F1 = 3.0 e F2 = 6.0 (Alonso, 1991; Aoki & Alonso, 1992) Tipo de solo K (Mpa) (%) Areia 1.00 1.4 Areia Siltosa 0.80 2.0 Areia Silto-Argilosa 0.70 2.4 Areia Argilosa 0.60 3.0 Areia Argilo-Siltosa 0.50 2.8 Silte 0.40 3.0 Silte – Arenoso 0.55 2.2 Silte Areno-Argiloso 0.45 2.8 Silte Argiloso 0.23 3.4 Silte Argilo-Arenoso 0.25 3.0 Argila 0.20 6.0 Argila – Arenosa0.35 2.4 Argila Areno-Siltosa 0.30 2.8 Argila Siltosa 0.22 4.0 Argila Silto-Arenosa 0.33 3.0 8 9.6 Estacas submetidas ao atrito negativo. O atrito é considerado positivo quando o EEI recalca mais que o solo circundante, caso contrário, se o solo recalcar mais que o EEI o atrito será negativo. O trecho do fuste onde isto ocorre deverá ser considerado de forma diferente pela NBR 6122. Ítem 7.5.2. “O atrito lateral é considerado negativo no trecho em que o recalque do solo é maior que o da estaca ou tubulão. Este fenômeno ocorre no caso de o solo estar em processo de adensamento, provocado pelo peso próprio ou por sobrecargas lançadas na superfície, rebaixamento de lençol d’água, amolgamento decorrente de execução de estaqueamento, etc.”. Segundo Cintra e Aoki (1999) a ABNT/NBR 6122 não esta correta no que se refere ao ítem 7.5.4 sendo melhor utilizar a expressão: R’=Rp + Rl (+) -1,5Rl (-) – Calculada para cada furo de sondagem. A resistência do EIF será o valor médio dado pela expressão: P = R’med/2 Quando o atrito negativo for uma solicitação importante recomenda-se a realização de provas de carga à tração. (ítem 7.5.4 da NBR 6122). Exercício de aplicação Sala de Aula
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