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RECURSOS ECONÔMICOS OU FATORES DE PRODUÇÃO Todas as categorias básicas de fluxos econômicos resultam da produção, considerada por isso mesmo como atividade econômica fundamental. O processo de produção fundamenta-se na mobilização de um conjunto de cinco recursos, denominados fatores de produção: as reservas naturais (ou fator terra), os recursos humanos (ou fator trabalho), os bens de produção (ou fator capital), a capacidade tecnológica e a capacidade empresarial. Entre o elenco de recursos de produção, as reservas naturais constituem a base sobre a qual se exercem as atividades dos demais recursos. Elas se encontram na origem de todo o processo de produção. São também descritas como dádivas da natureza e constituem-se em amplo conjunto de elementos, que incluem o solo, o subsolo, as águas, a pluviosidade e o clima, a flora, a fauna e até fatores extra-planetários, como o sol e outras formas de energia que se encontram no espaço sideral. A disponibilidade desse fator depende do balanceamento entre movimentos expansivos e restritivos, não sendo, portanto, um fator de oferta fixa. Entre os expansivos, encontram-se o próprio estágio do conhecimento humano sobre as potencialidades de sua exploração e o domínio de processos de reposição e reciclagem. Entre os restritivos encontram-se os processos de exaustão ou degradação das macrodisponibilidades que o constituem. O fator trabalho é constituído pela parcela da população total economicamente mobilizável. Esta parcela é definida pela faixa etária apta para o exercício de atividades de produção, cujos limites variam em função do estágio de desenvolvimento da economia e de um conjunto de definições institucionais, geralmente expresso pela legislação social e previdenciária. As faixas etárias pré e pós-produtivas consideram-se como ônus demográfico. Da faixa produtiva, onde se encontra a parcela da população economicamente mobilizável, a maior parte constitui a população economicamente ativa; outra parte permanece inativa, por razões involuntárias ou voluntariamente. As proporções que se apresentam os subconjuntos ativo e inativo, bem como a relação entre a faixa mobilizável e o ônus demográfico, são função do estágio de desenvolvimento da economia e da conformação de suas pirâmides demo gráficas. As nações de desenvolvimento tardio apresentam, em geral, pirâmides de conformação menos favorável para o processo produtivo, além de taxas de crescimento geralmente superiores às das nações mais avançadas no plano econômico. As projeções da disponibilidade e da conformação desse fator apontam na direção de um quadro estacionário a médio prazo. Esse deverá ser o efeito do processo de redução das taxas de reprodução humana de mais alto impacto na economia. O fator capital compreende o conjunto das riquezas acumuladas pela sociedade, destinadas à produção de novas riquezas. Esse conjunto inclui, além de máquinas, equipamentos, ferramentas e instrumentos de trabalho, outros subconjuntos que se caracterizam pelo mesmo destino: a infra-estrutura econômica e social, as construções e edificações, os equipamentos de transporte e os agrocapitais, como os plantéis de tração e reprodução e as culturas permanentes implantadas. Denomina-se formação de capital fixo a adição dessas categorias de riqueza aos estoques de capital preexistentes . Mas, como esses estoques se desgastam, se deprimem e se tornam obsoletos com o passar do tempo, precisamos deduzir a depreciação da acumulação bruta, para chegarmos ao conceito de formação líquida de capital fixo – equivalente ao conceito de investimento líquido. As taxas líquidas de formação do fator capital são bastante diversas, de país para país; geralmente são muito baixas nas nações economicamente deprimidas e alcançam alta expressão em relação ao Produto Nacional Bruto nas nações que se destacam por altas taxas de crescimento econômico, corno as 'da Ásia Oriental e do Sudeste da Ásia nos últimos 30 anos. O elo de ligação entre a força de trabalho e o capital acumulado á a capacidade tecnológica. Esse fator complementar é constituído pelo conjunto de habilidades e de conhecimentos que dão sustentação ao processo de produção. Os franceses sintetizam na expressão savoir faire (saber fazer) o conceito de tecnologia. Esta síntese conceitual corresponde à expressão inglesa know- how (como fazer). O conjunto das habilidades de saber fazer e de como fazer transmite-se de geração a geração e, neste sentido, é um dos mais expressivos acervos da herança cultural das nações. Abrangentemente, a tecnologia envolve pelo menos três capacitações: para atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D), para desenvolvimento e implantação de novos projetos e para as operações das atividades de produção. As atividades de P&D correspondem, grosso modo, ao processo de invenção. A transposição das invenções para o processo produtivo corresponde ao processo de inovação. As grandes ondas históricas de invenções/inovações coincidiram com as grandes revoluções técnico-científicas e industriais. Com a capacidade empresarial, ou empresariedade, completa-se o quadro dos fatores de produção de que as economias nacionais dispõem. A descoberta e a exploração de reservas naturais, a mobilização da população, em idade de trabalhar, a escolha dos bens de capital e definição dos padrões tecnológicos que serão empregados - enfim, a mobilização, a aglutinação e a combinação dos demais fatores pressupõem a existência de capacidade de empreendimento. Os agentes dotados dessa capacidade geralmente possuem atributos que os diferenciam dentro dos contingentes economicamente mobilizáveis. Geralmente eles têm baixa aversão a riscos, espírito inovador, sensibilidade para farejar oportunidade de negócios, energia para implantar projetos, capacidade para organizar o empreendimento e visão estratégica, orientada para o futuro. ' O processo de produção caracteriza-se por fluxos resultantes do emprego combinado desses cinco fatores. A intensividade com que se dá o emprego de cada um deles e as diferentes categorias de produtos resultantes são os dois critérios de referência para classificação das atividades produtivas. As atividades primárias de produção (compreendidas pela agropecuária) caracterizam-se pela alta intensividade do fator terra. O fator capital geralmente é de mais alta intensividade nas atividades secundárias (compreendidas pelas indústrias de transformação e de acumulação). E as atividades terciárias (que compreendem a prestação de serviços) geralmente se caracterizam pela alta intensividade do fator trabalho. O aparelho de produção da economia nacional é constituído por unidades de produção que operam nessas três grandes categorias de atividades. Delas resultam duas diferentes categorias de produtos, denominadas bens e serviços. Bens são produtos tangíveis, resultantes de atividades primárias e secundárias. Serviços é a denominação de produtos intangíveis, resultantes de atividades terciárias. Estas duas categorias de produtos, resultantes de cadeias de processamento e reprocessamento, destinam-se a satisfazer às necessidades de consumo e de acumulação da sociedade. O processo de crescimento econômico, dado corno uma das precondições para o bem-estar social, resulta da expansão e da melhor qualificação dos fatores de produção empregados. Resulta também de condições relacionadas às formas de sua mobilização. A eficiência produtiva decorrente é uma das questões-chave da economia. As outras são a eficácia alocativa, a justiça distributiva e o ordenamento institucional. Adaptado de: ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 2004.
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