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Direitos da personalidade- Criações intelectuais


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Criações intelectuais
Introdução:
No mundo contemporâneo, existe a necessidade da constante inovação e da criatividade para se competir no mercado econômico mundial, além da liberdade de pensamento a toda e qualquer pessoa. Desse modo, as criações intelectuais se fazem de grande importância, em conjunto com os benefícios e tutelas adquiridas com a norma, o que incentiva cada vez mais a realização de grandes invenções.
Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo apresentar o conceito a respeito das criações intelectuais e sobre a tutela jurídica para esta modalidade, além de apresentar um sucinto histórico para que se compreenda melhor o motivo da existência e da importância da propriedade intelectual.
Breve histórico:
A discussão a respeito dos direitos autorais sobre as obras intelectuais teve início no final da Idade Média. Com a reprodução e divulgação de ideias, havia a questão de originalidade nos textos que antes não era tutelada.
No século XVI, com a invenção da imprensa, obras podiam ser divulgadas com facilidade. Os autores, porém, estavam subjugados pelos editores e livreiros, os quais eram privilegiados pela coroa com o ‘copyright’, sendo censurados e desprovidos de proteção.
O início da tutela ao autor finalmente se deu com a lei da Rainha Ana, em 10 de abril de 1710, fundamentada no iluminismo e individualismo liberal, dando-lhe alguma exclusividade por determinado tempo. Na França, a apropriação foi legitimada pelo trabalho, tornando o autor dono de sua obra.
Frente as dificuldades de total compreensão a respeito da criação intelectual e em aspecto pecuniário, várias teorias foram criadas a fim de se sanar esta necessidade. Uma delas foi a teoria kantiana personalista, que entendia a criação imaterial como projeção da personalidade.
Desde a Revolução Industrial, países desenvolvidos como os da Europa e os Estados Unidos passaram a investir nas criações intelectuais e nos respectivos direitos como uma forma de impulsionar seu crescimento econômico após os prejuízos advindos da II Guerra Mundiai. Dessa forma, puderam se reerguer e abranger o maior território possível do comércio internacional, subordinando os países subdesenvolvidos às suas tecnologias.
Logo a Inglaterra tomou frente no processo de crescimento tecnológico na indústria mundial, proporcionando uma visão do abismo econômico e tecnológico que se fazia entre as nações desenvolvidas e subdesenvolvidas. Estava traçada a nova ordem política e econômica do século XX.
As obras intelectuais e o direito do autor:
Consoante com o art. 7º da Lei de regência (Lei n.º 9.610/98), são obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro.
No Brasil, a Lei n. 5.988, de 1973, dispõe sobre o direito do autor, sendo a pioneira a tratar do assunto de maneira autônoma e sistemática. A Constituição Federal abordou o tema no art. 5° do seu texto, incluindo os direitos morais do autor. Posteriormente, novas leis surgiram com o intuito de se preservar o direito autoral, como por exemplo a Lei n. 9.619/98.
Segundo Carlos Alberto Bittar: “Destinadas à sensibilização ou à transmissão de conhecimento (obras estéticas) e, de outro lado, à aplicação industrial (obras utilitárias), as criações resultantes expressam-se sob formas plásticas próprias (literárias, artísticas ou científicas, de um lado, e formas práticas, de outro: símbolos, emblemas e sinais identificadores da empresa, bem como invenções, modelos, desenhos, aparatos de uso na vida diária).’’ 1Gagliano, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil, volume 1:parte geral. 15 ed. São Paulo, 2013, p. 217.
Uma criação intelectual é considerada indissociável do seu criador. A partir desta criação, o direito moral é reconhecido de modo autoral, indissociável, inalienável e perpétuo. A partir disso, a ordem jurídica estabelece conceitos, condições protetivas e efeitos legais próprios para os bens considerados da propriedade autoral ou da propriedade industrial.
Propriedade autoral ou direitos autorais:
Os direitos autorais são prerrogativas conferidas à pessoa física ou jurídica. Referem-se às obras intelectuais, literárias, artísticas e programas de software. É importante salientar que há disposição legal que preza por este direito, presente na Lei Federal 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Esse diploma legal encontra fundamento de validade no artigo 5º, XXVII a XXIX, da Constituição Federal:
“XXVII- aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII- são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XXIX- a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país.’’ 
As obras reconhecidas com direitos autorais também estão protegidas pela Lei 9.610 (Lei dos direitos autorais, LDA), de 1998. Segundo a LDA, a autoria é proveniente da criação intelectual e da declaração do autor, sendo facultativo o registro da obra em órgão público competente. Dessa forma, o criador da obra intelectual pode gozar dos benefícios e resultados morais e patrimoniais provenientes da mesma.
Os direitos morais do autor dizem respeito à segurança quanto a autoria de determinada obra intelectual, sendo estes direitos intransferíveis e irrenunciáveis. Estão ligados à paternidade da obra, aplicando-se tanto para uma pessoa em exclusivo quanto para coautores, se houver. Ademais, aqueles considerados civilmente incapazes também estão habilitados a obter direitos autorais.
A Lei dos Direitos Autorais apresenta os direitos morais do autor, como, por exemplo, a identificação por reconhecimento público; a legitimidade de autoria; a publicação de seu nome junto à obra; a imprescritibilidade para reivindicar a autoria da obra e exigir a identificação de autoria; o direito de assegurar a preservação e a integridade da obra, além de coibir práticas ofensivas à honra autoral; ou mesmo o direito de destruir a obra.
No que tange ao direito patrimonial, o autor é apto a utilizar, fruir e dispor da obra e do seu retorno econômico. Nesta modalidade, o direito pode ser negociado e transferido integral ou parcialmente a terceiros, que também poderão usufruir do patrimônio. Este direito tem um prazo de duração, sendo de 70 anos contados de 1º de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil; e 70 anos contados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte à data da primeira divulgação, para obras audiovisuais e fotográficas e obras anônimas ou pseudônimas. Após os determinados períodos a obra torna-se ‘domínio público’.
Propriedade industrial
O direito da propriedade industrial está relacionado com a atividade empresarial, de caráter comercial ou industrial. Refere-se mais precisamente à política de desenvolvimento das atividades empresariais referentes aos seus produtos e serviços e também ao seu posicionamento frente a concorrência no mercado.
Com as relações de concorrência existentes, o direito da propriedade industrial tem como objetivo regular e ordenar essas relações. Este possui domínio sobre a tutela da invenção e a proteção de sinais distintivos de comércio. Esta modalidade da propriedade intelectual está protegida pelo Código da Propriedade Industrial (Lei n. 9.279, de 14-5-96).
A tutela da invenção visa incentivar a criatividade na técnica e estética industrial, abrangendo
as patentes de invenção, os modelos de utilidade, as topografias dos produtos semicondutores, os direitos de obtenção vegetal e os desenhos ou modelos. Os sinais distintivos do comércio, por sua vez, destinam-se a organizar e ordenar a concorrência comercial; aplicam-se aos logotipos, às marcas, às denominações de origem e indicações geográficas, às firmas e às recompensas.
 Distinto do direito autoral, a propriedade industrial conjectura registro prévio no órgão competente para que se constitua. O processo de validação se dá pelo ato administrativo estatal, reconhecendo-se a aquisição do direito de propriedade sobre bens industriais, com o registro da obra no órgão público qualificado. O órgão brasileiro responsável para tal é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI.
Para que este tipo de proteção seja atribuído, seguem alguns requisitos: Tipicidade- é necessária previsão legal do bem para que se faça uso exclusivo da proteção; Exclusividade- privilégio do titular, que lhe permite barrar o uso do bem para determinado público; e Territorialidade- limitação do uso de um bem ao território do Estado concedente. 
A importância da propriedade intelectual
A propriedade intelectual foi uma iniciativa que permitiu o incremento da economia e tecnologia nos países Europeus e Estados Unidos no período após a II Guerra Mundial. A partir daí, o mundo como um todo pôde conhecer e experimentar os benefícios provenientes da propriedade intelectual.
Este fator é de notável importância para que países possam progredir sustentavelmente em economia, inovação, capacitação tecnológica, além do fator social, tutelados por uma disposição jurídica que proporcione a segurança e legitimidade necessários.
A inovação, os produtos novos, os serviços diferenciados, enfim, as tecnologias atuais que são objetos de criação sui generis, próprios da mente humana, têm uma completa ligação com a propriedade intelectual.
Sabendo-se disso, é de grande relevância que sejam proporcionadas leis competentes para a proteção e o incentivo às criações intelectuais. Desta forma, a nação pode evoluir em setores econômicos, sociais, tecnológicos, além de se tornar competitiva no mercado mundial.
Conclusão:
As criações intelectuais são habilidades inovadoras que possibilitam a evolução e o crescimento de um país. Visto que desde a Idade Média discute-se a respeito dos direitos aos bens intelectuais, da legitimidade e exclusividade do bem, percebemos a importância desta propriedade e da sua paternidade como um bem subjetivo. 
Em suma, os direitos sui generis alcançados garantem ao autor uma proteção e reconhecimento da personalidade, seja ela física ou jurídica. O direito autoral garante a integridade da obra, bem como os direitos morais e patrimoniais à exteriorização pessoal que é a obra em si. O direito da propriedade industrial garante à nação maior desenvolvimento, seja econômico, tecnológico ou social, visto a garantia de proteção ao comércio e propriedades exclusivas, além de motivar a inovação e a busca pelo progresso.
Referências:
Gagliano, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil, volume 1: parte geral/ Pablo stolze Gagliano, Rodolfo Panplona Filho.-15 ed. rev., atual e ampl. -São Paulo: Saraiva, 2013.
Corrêa, Alexandre. Criação intelectual e Direito. Disponível em: <https://direitosintelectuais.wordpress.com/2012/02/06/criacao-intelectual-e-direito/>. Acessado em Agosto de 2017.
Corrêa, Alexandre. Direitos intelectuais autorais. Disponível em: <https://direitosintelectuais.wordpress.com/2012/03/26/iii-direitos-intelectuais-autorais/>. Acessado em Agosto de 2017.
Furtado, Monike. Entenda as diferenças entre direito moral e direito patrimonial do autor. Disponível em: <http://blogweddingbrasil.com.br/direito-moral-e-direito-patrimonial-de-autor/>. Acessado em Agosto de 2017.
Lioncourt, Akasha de. Natureza jurídica das criações intelectuais, objeto da proteção autoral. Disponínel em: <http://www.akashalioncourt.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=228079>. Acessado em Agosto de 2017.
Menezes, Cibélia Maria Lente de. O direito de autor e suas perspectivas na ciência jurídica. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/3673/o-direito-de-autor-e-suas-perspectivas-na-ciencia-juridica>. Acessado em Agosto de 2017.
Wikipedia. Propriedade intelectual. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Propriedade_intelectual>. Acessado em Agosto de 2017.
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Zanini, Leonardo Estevam de Assis. A tutela das criações intelectuais e a existência do Direito de Autor na Antiguidade Clássica. Disponível em: <https://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/66115/tutela_criacoes_intelectuais_zanini.pdf>. Acessado em Agosto de 2017.

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