Buscar

CAPÍTULO 16 fichamento

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

CAPÍTULO 16- fichamento
TEORIA GERAL DO DIREITOCAMBIÁRIO
1. conceito de título de crédito
Os títulos de crédito são documentos representativos de obrigações pecuniárias. não se confundem com a própria obrigação, mas se distinguem dela na exata medida em que a representam.
Uma determinada obrigação pode ser representada por diferentes instrumentos jurídicos.
“(...)Se devedor e credor estiverem de acordo quanto à existência da obrigação e também quanto à sua extensão (o valor da indenização devida), esta pode ser representada por um título de crédito — cheque, nota promissória ou letra de câmbio, no caso. Se as partes concordam quanto à existência da obrigação, mas não têm condições de mensurar sua extensão, ou chegar a um acordo sobre esta, a mesma obrigação de indenizar os danos provenientes do ato ilícito poderia ser representada por um “reconhecimento de culpa. Se, porém, não concordam sequer com a existência da obrigação (o motorista do veículo entende não ter agido com culpa, por exemplo), a obrigação de indenizar somente poderá ser documentada por um outro título jurídico — uma decisão judicial que julgasse procedente a ação de ressarcimento promovida pelo prejudicado. Nestes exemplos,uma mesma e única obrigação, decorrente de ato ilícito, foi representada por três documentos jurídicos distintos: título de crédito, reconhecimento de culpa e sentença judicial.(...)”.
“(...)As obrigações representadas em um título de crédito ou têm origem extracambial, como no exemplo acima, ou de um contrato de compra e venda, ou de mútuo etc., ou têm origem exclusivamente cambial, como na obrigação do avalista.
“(...)ocredor de uma obrigação repre sentada por um título de crédito tem direitos, de conteúdo operacional, diversos do que teria se a mesma obrigação não se encontrasse representada por um título de crédito.
“(...)o título de crédito possibilita uma negociação mais fácil do crédito decorrente da obrigação representada; de outro lado, a cobrança judicial de um crédito documentado por este tipo de instrumento é mais eficiente e célere.
“(...)costuma a doutrina se referir como os atributos dos títulos de crédito, chamados, respectivamente, de negociabilidade (facilidade de circulação do crédito) e executividade (maior eficiência na cobrança).(pg.266)”.
“(...)os títulos de crédito, definidos em lei como títulos executivos extrajudiciais (CPC, art. 585, I), possibilitam a execução imediata do valor devido. Este mesmo direito, de conteúdo operacional, não teria o credor cujo crédito estivesse representado por um reconhecimento de culpa.
o conceito de título de crédito mais corrente, elaborado por Vivante, é o seguinte: “documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado”.”(..)”.(pg.267).
2. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO CAMBIÁRIO
Três são os princípios que informam o regime jurídico-cambial: cartularidade, literalidade e autonomia.
Para que o credor de um título de crédito exerça os direitos por ele representados é indispensável que se encontre na posse do documento (também conhecido por cártula).(...)”.
“(...)Por isso é que se diz, no conceito de título de crédito, que ele é um documento necessário para o exercício do direito nele contido.(...)”.
(pg.267).
“(...)A execução — assim também o pedido de falência baseado na impontualidade do devedor — somente poderá ser ajuizada acompanhada do original do título de crédito, da própria cártula, como garantia de que o exequente é o credor, de que ele não negociou o seu crédito. Este é o princípio da cartularidade.(...)”. (pg.268).
“(...)lei das Duplicatas admite a execução judicial de crédito representado por este tipo de título, sem a sua apresentação pelo credor (LD, art. 15, § 2º), conforme se estudará oportuna mente (Cap. 22, item 4).(...)”.(pg.268)
“(...)outro princípio é o da literalidade. Segundo ele, não terão eficácia para as relações jurídico-cambiais aqueles atos jurídicos não instrumentalizados pela própria cártula a que se referem.(...)”.(pg.268).
“(...)princípio da autonomia, entende-se que as obrigações representadas por um mesmo título de crédito são independentes entre si.(...)”.(pg.268).
“(...)o princípio da autonomia se desdobra em dois subprincípios — o da abstração e o da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé. Trata-se de subprincí pios(...).”(pg.269).
“(...)o subprincípio da abstração é uma formulação derivada do princípio da autonomia, que dá relevância à ligação entre o título de crédito e a relação, ato ou fato jurídicos que deram origem à obrigação por ele representada; o subprincípio da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé, por sua vez, é, apenas, o aspecto processual do princípio da autonomia, ao circunscrever as matérias que poderão ser arguidas como defesa pelo devedor de um título de crédito executado(...)”
(pg.269).
“(...)existe todo um aparato jurídico armado (o regime jurídico-cambial) que garante ao empresário credor:
 a) aquela pessoa que lhe transfere o título — o seu devedor — não poderá cobrá-lo mais (princípio da cartularidade); 
b) todas as relações jurídicas que poderão interferir com o crédito adquirido são apenas aquelas que constam, expressamente, do título e nenhuma outra (princípio da literalidade); 
c) nenhuma exceção pertinente à relação da qual ele não tenha participado terá eficácia jurídica quando da cobrança do título (princípio da autonomia). (...)Tendo, então, todas estas garantias, o empresário se sentirá seguro em receber, em pagamento de seu crédito, um título de responsabilidade de um desconhecido. (...)”. (pg.270).
3. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
A classificação dos títulos de crédito se faz por quatro principais critérios, a saber: 
a) quanto ao modelo; 
b) quanto à estrutura; 
c) quanto às hipóteses de emissão; 
d) quanto à circulação.
“(...)o primeiro desses critérios distingue os títulos de crédito entre aqueles de modelo livre e os de modelo vinculado.(...) s seus requisitos devem ser cumpridos para que se constituam títulos de crédito, mas a lei não determina uma forma específica para eles.(pg.270).
“(...)Já o grupo dos títulos de modelo vinculado, em que se encontram o cheque e a dupli-cata mercantil, reúne aqueles em relação aos quais o direito definiu um padrão para o preenchimento dos requisitos específicos de cada um. um cheque somente será um cheque se lançado no formulário próprio fornecido, por talão, pelo próprio banco sacado.(...)”. (pg. 271).
“(...)No caso da promessa, apenas duas situações jurídicas distintas emergem do saque cambial: a de quem promete pagar e a do beneficiário da promessa. A letra de câmbio, o cheque e a duplicata mercantil são ordens de pagamento, ao passo que a nota promissória é uma promessa de pagamento.(...)”.(pg.271).
“(...) os títulos ao portador são aqueles que, por não identificarem o seu credor, são transmissíveis por mera tradição, enquanto os títulos nominativos são os que identificam o seu credor e, portanto, a sua transferência pressupõe, além da tradição, a prática de um outro negócio jurídico.(...)”.(pg.272).
“(...)os nominativos com a cláusula “à ordem” circulam mediante tradição acompanhada de endosso, e os com a cláusula “não à ordem” circulam com a tradição acompanhada de cessão civil de crédito. Endosso e cessão civil são atos jurídicos transladadores da titularidade de crédito que se diferenciam quanto aos efeitos, conforme se examinará no momento apropriado (Cap.18, item 3).(pg.272).
“(...)os títulos em que o nome do favorecido consta de registros do emitente (art. 921) e cuja circulação depende de alterações neste registro. Não há, no direito brasileiro, nenhum título de crédito que atenda a essa condição.(...)”.(pg.272).
4. TÍTULOS DE CRÉDITO NO CÓDIGO CIVIL
o código civil contém normas sobre títulos de crédito (arts. 887 a 926) que se aplicam na hipótese de lacuna na lei específica (art. 903).(pg.272).
“(...)É importante ressaltar essa distinção porque, principalmente em relação à circulação, o código civil contempla disposições diversas das que tradicionalmente se encontra no direito cambiário.(...)”.(pg.273).
“(...)código civil tem aplicação apenas a três títulos de crédito típicos, que não foram disciplinados completamente pelas respectivas leis de regência: o Warrant Agropecuário, o conhecimento de Depósito Agropecuário (lei n. 11.076/04) e a letra de Arrendamento Mercantil (lei n. 11.882/08).(...)”. (pg.273).
CAPÍTULO17
LETRA DE CÂMBIO
INTRODUÇÃO
“(...)Trata-se de examinar, inicialmente, a letra de câmbio, esmiuçando as particularidades dos diversos atos cambiários, com a devida profundidade, para, em seguida, apresentar os demais títulos de crédito, fazendo referência apenas àqueles aspectos que eles têm de específicos. Assim, o estudo da letra de câmbio é feito concomitantemente com o das regras gerais relativas à constituição e exigibilidade do crédito cambiário.(...)”.(pg.274).
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
O Brasil é signatário de uma convenção internacional para a adoção de uma lei uniforme sobre letra de câmbio e nota promissória, a convenção de Genebra, firmada em junho de 1930.(,,,)”.(pg.274).
“(...)no direito cambiário nacional, uma séria controvérsia quanto à legislação vigorante no País, posto que o assunto encontrava-se disciplinado por um diploma interno, o Decreto n. 2.044, de 1908.(...)”.(pg.275).
“(...)nem todos os dispositivos da lei uniforme entraram em vigor no Brasil.(...)”.(pg.275).
“(...)o estado brasileiro havia-se reservado o direito de introduzir, parcialmente, em seu ordenamento interno, o texto da lei uniforme.(...)”(pg.275).
“(...)devem-se fazer, preliminarmente, as seguintes observações referentes à legislação aplicável, no Brasil, quanto à letra de câmbio e nota promissória:
a) Em princípio, vigora a lei uniforme que consta como Anexo I da convenção de Genebra sobre letra de câmbio e Nota Promissória, de junho de 1930.
b) Em virtude de reservas assinaladas pelo Brasil, nãovigoram no direito nacional os seguintes dispositivos da referida lei uniforme: 
art. 10 (reserva do art. 3ºdo Anexo II); 
terceira alínea do art. 41 (reserva do art. 7ºdo Anexo II); 
números 2 e 3 do art. 43 (reserva do art. 10 do Anexo II);
 quinta e sexta alíneas do art. 44 (reserva do art. 10 do Anexo II).
c) Em virtude da reserva constante do art. 5º do Anexo II assinalada pelo Brasil, o art. 38 da lei uniforme deve ser completado nos termos da reserva, ou seja: as letras de câmbio pagáveis no Brasil devem ser apresentadas ao aceitante no próprio dia do vencimento.
d) A taxa de juros por mora no pagamento de letra de câmbio ou nota promissória não é a constante dos arts. 48 e 49, mas a mesma devida em caso de mora no pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional (cc,art. 406), por força da reserva do art. 13 do Anexo II assinalada pelo Brasil.
e) Permanecem vigorantes, por omissão originária ou derivada da lei uniforme, os seguintes dispositivos do Decreto n. 2.044/1908: art. 3º, relativo aos títulos sacados incompletos; art. 10, sobre pluralidade de sacados; art. 14, quanto à possibilidade de aval antecipado; art. 19, II, em decorrência da reserva do art. 10 do Anexo II; art. 20, em virtude da reserva do art. 5ºdo Anexo II, salvo quanto às consequências da inobservância do prazo nele consignado; art. 33, acerca da responsabilidade civil do oficial do cartório de protesto; art. 36, pertinente à ação de anulação de títulos; art. 48, quanto aos títulos prescritos; art. 54, I, referente à expressão “nota promissória”, em virtude da reserva do art. 19 do Anexo II.(...)”(pg.276).
Coelho, Fábio Ulhoa 
Manual de direito comercial : direito de empresa

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando