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Espaço Urbano – Costa, 2002 1 RENDA DA TERRA Contexto Histórico ! Antes das mudanças verificadas nas relações de trabalho e na própria economia, a terra era tratada com espírito de coletivismo: todos compartilhavam da mesma terra, não havia propriedade privada; ! Com o passar do tempo, o homem, com suas descobertas territoriais, acabou tornando inevitável as colonizações e o escravismo; Na Roma Antiga, o escravo trabalhava para o seu senhor e por seu trabalho conquistava um pedaço de terra para sua subsistência. ! Quando a Terra vira mercadoria? ➽ Quando passa a ser explorada com a finalidade de atender ao mercado. ! 3 Pesquisadores foram fundamentais para se construir a Teoria de Renda da Terra: Adam Smith, David Ricardo e Malthus; ! Adam Smith : desenvolve o liberalismo econômico, segundo o qual o Estado deve obedecer ao princípio da separação de poderes (executivo, legislativo e judiciário); o regime seria representativo e parlamentar; O Estado se submeteria ao direito, que garantiria ao indivíduo direitos e liberdades inalienáveis, especialmente o DIREITO DE PROPRIEDADE! ! Terra – único mecanismo de garantir a riqueza!!!! Espaço Urbano – Costa, 2002 2 ! Thomas Malthus – Constrói uma teoria, após a observação do crescimento da população no mundo, de que a produção de alimentos crescia em progressão aritmética e a população em progressão geométrica. Este disparate causaria uma demanda pela terra; ! David Ricardo: Utilizando as teorias de Mathus, propôs duas hipóteses 1) A terra era diferente em sua fertilidade e que todas as terras poderiam ser ordenadas da mais fértil para a menos fértil; 2) A concorrência sempre igualava a taxa de lucro dos fazendeiros capitalistas que arrendassem terras dos proprietários. Assim, Ricardo estabelece a “Lei da Renda Fundiária”, segundo a qual os produtos das terras férteis são produzidos a custo menor ma vendidos ao mesmo preço dos demais, proporcionando a seus proprietários uma renda fundiária igual à diferença de produção; Para ele, o preço da terra era dado em função da pior terra, desta forma, a melhor terra tinha o maior preço. Esta diferença é o que ele chama de renda da terra. População Alimentos Espaço Urbano – Costa, 2002 3 RENDA: parte do produto da terra que é paga ao seu proprietário pelo uso dos poderes originais e indestrutíveis do solo (Ricardo, D. Princípios. Pág. 33). ! Mais tarde, Karl Marx amplia o conceito dado por Ricardo, diferenciando quatro tipos de renda: Renda Absoluta, Renda de Monopólio e as Rendas Diferenciais I e II. ! Renda Absoluta era obtida pelo próprio solo, ou seja, as características físicas (relevo, área etc). ! Renda Monopólio era determinada pela condição única do solo em relação ao mercado (Valor). Em ambos os casos o proprietário obtinha a renda. ! A Renda Diferencial I era determinada pelas características naturias do solo que era explorada pelo capitalista. Os elementos em destaque eram a fertilidade e a localização pois permitiam menores gastos para produzir por m2 a mesma quantidade de produtos que no pior terreno. ! A Renda Diferencial II é determinada pela quantidade de capital investido no solo através de equipamentos de irrigação e drenagem etc, acarretando um maior volume de produção por m2. ! Lojkini (1981) faz uma atualização dos tipos de renda definidos por Marx (agrícola) para a terra urbana. A Renda Diferencial I é produzida por diferença de “construtibilidade” dos terrenos urbanos, ou seja, a potencialidade de se construir algo em uma determinada área. Renda Diferencial II é produzida pelos investimentos capitalistas, tais como infra- Espaço Urbano – Costa, 2002 4 estrutura, principalmente nos centros comerciais e imóveis para escritório. ! O Autor substitui o termo SOLO por TERRA. O termo solo está associado ao conceito de fundiário antigo onde somente ele era aproveitado, isto é, possuía valor. Já o termo Terra refere-se ao solo, subsolo e todos os pavimentos construídos acima dela, o espaço como um todo possui valor. ! Se para Marx a fertilidade do solo era fator determinante do valor de uso da terra agrícola, para outro autor (Villaça, 1998), a localização definirá o valor da terra urbana. ! Flávio Villaça usa como exemplo o lote vago que, apesar de estar vago, isto é, não ser produzido, e não ser utilizado, o seu valor aumenta tanto por investimentos públicos de infra- estrutura em seu entorno, quanto a sua localização. Este valor de uso ou terra-localização terá um preço que vai variar de localização para localização em uma mesma cidade. ! A Terra Urbana não é uma mercadoria qualquer, possui características próprias: Ela é intransponível, sua localização fixa e única confere privilégios de monopólio ao seu proprietário. A terra pode ser usada de várias formas, cada indivíduo ou proprietário determina seu uso. No entanto, este uso deve estar referenciado por normas jurídicas. ! A principal delas, o zoneamento foi criado com o objetivo de normatizar a competição entre os diferentes usos e atividades no espaço urbano. Muitos autores classificam o zoneamento como uma legislação “colcha de retalho” porque a definição dos usos é estabelecida, na maioria das vezes, de acordo com o interesse do grande capital. Espaço Urbano – Costa, 2002 5 ! Alguns Exemplos: Zoneamento de SJCampos 1971 – O Zoneamento de 1971 foi dividido em: ZpH – Zona Predominância Habitacional, dividida em A(na qual não era permitida a construção de habitações coletivas) e B; ZpC – Zona Predominância Comercial, na qual permitia-se a maioria das atividades urbanas; ZpI – Zona de Predominância Industrial, todas as atividades urbanas, excetuando-se as industrias classificadas como nocivas e /ou perigosas); ZI - Zona Industrial, atividades industriais de qualquer tipo ZE – Zona de Uso Especial, destinadas a abrigar os edifícios públicos e os serviços especiais que requeressem áreas consideráveis ou localizações especiais; ZC – Zona Central, determinada ao adensamento mais intenso Espaço Urbano – Costa, 2002 6
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