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Bárbara dos Santos Ribeiro – Resumo para P1 de História do Direito História do Direito 1. Relações entre Direito e História - Primeira relação entre Direito e história é que ambos estão misturados na vida real. - Todos os campos de conhecimento tem relação com a história, inclusive o campo do Direito. - Sujeito à quem quer conhecer o objeto / objeto à o que o sujeito procura conhecer. Ex.: Seriado House MD. O doutor House é o sujeito, o objeto é a doença. - Todas as coisas só podem estar em três lugares: 1. Passado 2. Presente 3. Futuro • Sujeito e objeto estão nesses três campos sempre!! Ex.: um historiador no presente (sujeito) que se debruça na historia do passado (objeto). - Quando o objeto estudado está no passado, eu tenho um limite para que eu possa o conhecer. Por exemplo: em um campo de exatas, existe uma certificação que os fenômenos existem porque podemos REPETIR para ter certeza que ele é válido à DEMONSTRAÇÃO E REPETIÇÃO. - Nós não conseguimos repetir o passado, e nem demonstra-lo. A partir do momento que é estabelecido uma história, outras milhões de teorias e perguntas surgem, justamente pelo fato do passado não poder ser demonstrado. - História não consegue ser exata, porque o objeto está no passado. O passado não pode ser repetido e nem demonstrado. Obviamente sabemos de vários eventos que aconteceram: sabemos que o 07/09 foi em Nova York, sabemos que o Coliseu foi construído em Roma... todas essas informações que temos são informações comuns. Mas isso somente é um PEDAÇO DA REALIDADE. São peças com as quais pessoas montam a narrativa, mas é somente um pedaço dela. Ex.: História de Napoleão. Os fatos são: ele escolheu uma igreja diferente para ser coroado, foi casado, convidou Papa para coroação, tirou a coroa da mão do Papa e se coroou. Tudo isso são FATOS. Mas por que ele fez isso? Historiadores tem teorias, mas não conseguem ter 100% de certeza, pois está no passado. - O objetivo é sempre tentar se aproximar da verdade, e construir uma narrativa do passado. 2. Uso da História Antiga - História é um dos elementos mais importantes para coesão social. Bárbara dos Santos Ribeiro – Resumo para P1 de História do Direito - A História também é usada para justificar ideias e pontos de vista. Usar o passado como exemplo para sustentar ideias e opiniões. A História tem peso, ela é um argumento. Uma coisa ser antiga da status, estabelece legitimidade. - Todos os campos de conhecimento usam o fato de alguma coisa ser antiga como argumento muito forte, e o Direito faz muito isso. Ex.: A Constituição dos EUA vem do século XVIII, isso da um peso enorme. 3. Limite Para Conhecer a Antiguidade (Roma) - O período mais valorizado da história é a Antiguidade, especialmente Roma e Grécia. - Tudo que está no passado, é complexo de saber, principalmente na Antiguidade. É muito difícil nós conhecermos Roma o suficiente para cravar o que é Romano de fato. - O primeiro limite é o número de fontes. A quantidade de fontes escritas é muito pequena. Um dos motivos é que Roma foi queimada no mínimo três vezes. Outro problema é que Roma não era uma sociedade que tudo era escrito. - Os historiadores da antiguidade são diferentes dos historiadores mais recentes. Os historiadores recentes não inventam nada, mas os da Antiguidade faziam muito isso. O que é real e o que não é? Na época de Roma ainda não estava delimitada a fronteira entra literatura e história. O historiador podia inventar até discursos. Isso é um outra delimitação. - Outro delimitação é que muito das coisas escritas vem de um gênero chamado ELOGIO. Intelectuais Romanos eram convidados a elogiar as cidades, famílias, governos, etc., em datas importantes. Isso não era puxação de saco. Eram fontes importantes de explicação, mas tem que ser entendidas pela limitação do elogio. - O segundo limite é o QUANDO. É difícil saber de quando uma coisa, evento era daquele jeito em Roma. É difícil porque nas fontes gerais, é raro pessoas citarem o quando. Como não sabemos quando, também não sabemos quanto tempo determinada coisa durou. Por exemplo: durante um período, era considerado cidadão Romano quem nasceu na cidade, depois foi estendido para a península, e depois para todo o império. Isso foi pelo menos três tempos/direitos Romanos. Mas como não sabemos quando existiu, também não sabemos o quão importante isso significou na história. - O terceiro limite é ONDE. Existiram impérios maiores que o de Roma, mas os romanos conseguiram manter seu império por muito tempo. Os romanos tinham uma clara noção de cada povo, mas eles também tinham como curiosidade a respeito de outros povos para saber o que podiam extrair deles. Roma nunca mexeu no jeito que a sociedade trabalhava e funcionava dos seus povos conquistados. Ele não pegava uma pessoa que fazia tapetes, e a colocava como escravo, porque não queria rebelião desses povos. O que nos interessa do ONDE é estabelecer um regime concreto de cada lugar, estabelecer um Direito concreto de cada povo. Bárbara dos Santos Ribeiro – Resumo para P1 de História do Direito - PAUX ROMANO à é uma ideia permanente de Roma sem conflito. A desgraça de um imperador/administrador era um povo se rebelar. Ou seja, Roma quer produtos, escravos, coisas boas da região, mas não quer confusão. 4. Roma: Questões Teóricas - Roma dava muita importância para o Direito, e foi por dar muita importância que Roma conseguiu o império que ela tinha. - Para manter um império complexo, foi criado também um direito complexo. O direito mantem o império, o império cria o direito. - Roma era uma sociedade totalmente voltada para o Oriente. Roma nunca funcionou virada pelo lado do Ocidente. Nesse mundo oriental, havia uma espécie de gramática religiosa comum. Existiam centenas de religiões diferentes, porém essas religiões compartilhavam algumas ideias, pressupostos comuns numa narrativa se espalhava, e as religiões, por mais distintas que fossem, acreditavam nessas ideias. - Uma dessas ideias partilhadas por várias religiões é a ideia de um “Deus Irascível”, ou seja, um Deus que pode entrar em estado de ira. Basicamente Deus está tranquilo, mas dependendo da situação pode entrar em um estado de ira, e ele começa a punir. Muitas religiões partilhavam desse sentimento. - Os romanos pegaram esse Deus cheio de ira, e deram uma importância que ninguém mais deu. Eles ficaram obcecados, e passaram a construir toda vida social para não despertar a ira de Deus. - O que despertava a ira dos Deuses na visão dos Romanos não eram as coisas mais comuns. Eles criam uma ideia própria do que iria despertar a ira dos Deuses. - Muitas civilizações veem a história como circular. “A – B – C – D – A – B – C – D....” numa repetição infinita circular. Romanos gostavam da previsibilidade. - Romanos tem uma visão circular da História. Eles matam César porque acham que podem voltar para a Monarquia. Sempre é possível ir e voltar. - O desiquilíbrio é o não acontecimento da circularidade. “A – B – C – D – N”. Não é o jeito “certo” e natural das coisas acontecerem. O tempo tem uma natureza sequencial. - Os Romanos achavam que a ruptura desse movimento circular faria os Deuses ficarem irritados, porque os Deuses criaram esse movimento circular. - O Direito Romano seria a resposta concreta que os romanos criaram para manter e preservar os equilíbrios. - Qual a lógica? O Direito Romano é um direito principalmente entre os particulares. É um direito totalmente abrangente, que trata de inúmeras possibilidades. É um regramento completamente detalhado. - É como se o Direito tivesse passado um plástico bolha nas pessoas, para regra-las e manter todos em equilíbrio, porque a quebra do equilíbrio causa a ira dos Deuses. - O Direito corrigia o equilíbrio de dois jeitos: • Não vou fazer nada errado porque vou ser punido. Os Deuses não gostavam do imprevisível, assim como os romanos. A lei cria a Bárbara dos Santos Ribeiro – Resumo para P1 de História do Direito PREVISIBILIDADE,que deixa de incentivar pessoas a fazerem coisas erradas, e os Deuses assim ficam felizes. • Se o rompia o equilíbrio, o que era feito? Se cria um procedimento para resolver. Um procedimento religioso, que vai criar uma religação religiosa com o sagrado, e os Deuses vão participar nesse procedimento. Eles vão fazer parte de tudo. Mas como é feita a participação? Através da inspiração. Eles vão inspirar a decisão. - Como serve essa inspiração? É uma coisa indireta, não clara. É uma mensagem obtusa, esfumaçada. A pessoa que decide é inspirada pelos Deuses. - Sem inspiração não há decisão, mas a decisão não é a inspiração. 5. Roma – Processo Formulário - Quando a ordem era quebrada, os romanos tinham um procedimento estabelecido. Ex.: existe um conflito fundiário que termina em assassinato. Quando isso for reportado as autoridades, eu tenho um segundo momento. Essa autoridade vai começar um procedimento religioso. Um procedimento jurídico é sempre um procedimento religioso em Roma. Essa autoridade vai começar fazendo uma coisa “x” (sacrificar um animal, por exemplo) para dar inicio ao rito religioso. Os Deuses romanos não são onipresentes, eles não estão em todos os lugares. Os Deuses só se tornam presentes a partir do momento que o rito religioso começa. Depois do ritual vem a decisão. Entre o rito e a decisão, os deuses estão presentes, mas não estão fazendo nada. Estão de maneira negativada. Na hora da decisão eles se fazem presente, e se positivam em um ato. - Esse ato é a INSPIRAÇÃO. Depois da inspiração eles param de participar novamente. - A inspiração é uma criação de condições para as decisões. - Quem decide é o homem, e não os Deuses. Os romanos até consideravam a possibilidade de erro, mas não faziam nada a respeito. - Os Deuses Romanos não erram pelo fato que são perfeitos, mas sim pelo fato de não existir moralidade. - Os romanos vão sentir a sacralidade no espaço, ambiente. Inspiração acontece no lugar, não na pessoa. - Esse procedimento formulário não é um ato completamente racional, apesar de ter leis e procedimentos bem explicados. - Magia à a invocação das forcas sobrenaturais para resolver um problema/dilema natural. - Esse procedimento de invocação dos deuses é chamado de processo formulário. - Pretor à o pretor é quem inicia o processo. Ele tem direito de aceitar ou recusar. Se ele recusa, o caso morre ali mesmo. Se aceita, se dá inicio ao processo formulário. Para ir para o Pretor, a pessoa não pode ir sozinha. Ela tem que dar um jeito de levar a pessoa de quem ela está tendo a desavença. Bárbara dos Santos Ribeiro – Resumo para P1 de História do Direito - Para dar início ao processo, o Pretor normalmente usa algumas palavras de cunho religioso para dar iniciar o rito religioso. - Depois disso, o Pretor vai escrever uma fórmula. Essa fórmula é um pequeno texto, basicamente um resumo do caso, que não necessariamente tem objetivo de ser equilibrado. Essa fórmula vai terminar com uma pergunta, que pode ser respondida com SIM ou NÃO. - O posto do Pretor é de um tempo determinado, normalmente vão para outras posições depois. A principal função do Pretor é administrar a justiça. Existem dois tipos de Pretores: • Urbano à quem exerce as funções na cidade de Roma. O urbano também atende em contorno da cidade de Roma, que era considerado parte sagrada. O pretor urbano também era descolocado para fora da cidade quando os casos envolviam pessoas muito importantes. • Peregrino à a atividade não está em Roma, eles estão espalhados pelo império. Um Pretor peregrino que era mandado pro Oriente na maioria das vezes voltava rico, praticamente triplicava sua fortuna. - Um Pretor em Roma era considerado a maior autoridade, o mais respeitado. - Essa fórmula e perguntas formuladas pelo Pretor vão ser lidas pelo IUDEX. - Iudex à Ele é qualquer cidadão romano. Não precisava ser alfabetizado, rico, etc., só precisava ser romano. O Iudex vai ser escolhido para cada caso. Ele não é Iudex para sempre, só para um caso especifico, e depois volta para sua vida normal. - O Iudex é retirado de um álbum, que é a lista de cidadãos. Essa lista vai para as mãos do Pretor. O Pretor só pode escolher um cidadão que está no álbum. Todas as pessoas do álbum são subordinadas do Pretor. - Em Roma, tendencialmente, todos os cidadãos podem estar na lista. Para um Pretor peregrino, por exemplo, os cidadãos da lista na maioria das vezes são pessoas do exército. - Édito à antes de um Pretor começar seu trabalho, ele vai escrever um texto chamado édito, falando mais ou menos sua maneira de trabalho. Basicamente uma declaração de intenção, algo bem genérico. Esse édito era acessível. Ficava a mostra para o público ter e ler. - O Pretor não necessariamente seguia o que ele escrevia no Édito. Ele poderia falar que agiria de um jeito ‘x’ em determinada situação, mas acaba agindo de jeito ‘y’. Então para quê servia o Édito? Somente para criar um certo tipo de previsibilidade. 6. Leis Romanas - Em Roma, uma lei não revogava a outra. - As leis eram feitas pelos Cônsules (imperador), o senado e os tribunos. - Os costumes (mor e mores) também são leis. Também são leis os jurisconsultas – o que eles falam e o que escrevem. Eles comentavam muito dos emaranhados de leis, e quais eram as melhores. Os principais da época eram Gaio, Múcio, Paulo, etc. Bárbara dos Santos Ribeiro – Resumo para P1 de História do Direito - Todas as leis falam de muitas coisas, e elas ficam sobrepostas, porque mais de uma vai tratar do mesmo assunto. - Havia outros jeitos de julgar alguém além do processo formulário, e também era de competência do pretor. Maneira de agir era pegar as leis que mais se encaixavam com o problema. - Mas a lei era somente uma ferramenta, não era a solução. - Não há uma obrigação sistêmica no mundo romano. Óbvio que se a lei vier do Imperador, todos vão respeitar, mas não existe uma hierarquia de fato. - Em 395 DC há divisão do Império Romano do Ocidente e do Oriente. - Constantinopla virou a nova capital do Oriente. - O Império Romano do Ocidente cai em 476 DC, quando já não tinha mais muita coisa, e o Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino, tem novo poder: Justiniano. - A língua do Império Bizantino era grego. A massa falava grego, e a elite latim. - Quando Justiniano vira Imperador, ele decide voltar a pensar no Ocidente, que estava largado, derrotado, cheio de peste, fome, etc. A justificativa era que ele queria trazer a glória do Império Romano de volta. - Essa decisão traz prejuízo para Bizâncio. Para voltar para o Ocidente, eles precisaram fazer as pazes com a Pérsia, com quem eles estavam em guerra. Isso quase gerou uma revolta gigantesca, porque todos começaram a achar que Justiniano tinha ficado louco. - Mas ele seguiu com sua ideia, e conseguiu recuperar Roma (apesar de muita coisa ter sido destruída nessa reconquista) e outros territórios do Império Romano também. - Apesar do corpo do Império ter sido recuperada, ainda faltava recuperar a alma. E o Direito sempre foi considerado a alma de Roma. - Justiniano “contrata” Triboniano, que junto com uma comissão, fica responsável por juntar todos os textos que falava de Direito no Império. Um trabalho difícil (são mais de 300 anos de papel para juntar). - A comissão viaja e consegue juntar vários documentos. Essa compilação de documentos são chamados de “Corpus Iuris Civilis”. - Essa obra foi publicada pra valer como lei para ser o corpo legislativo de Roma. Uma tentativa de soprar vida no corpo Romano, que tinha geografia, mas não tinha alma. - O Corpus Iuris Civilis era dividido em quatro partes: digesto, institutas, novelae (novelas) e códex. - Dessas partes, só há certeza para que serve o Digesto e o Novelae. - Institutasà são livros de Gaio. Foram textos feitos para fazer sentido em 160DC. Pessoas acham que servia para fins didáticos. Mas não se sabe ao certo o que eles são: pedaços de leis, textos, etc. - Códex à é um monte de repetição do Digesto, commuita interpolação. Codex é mais discursivo, com muita sobreposição com o digesto. - Novelae à leis feitas pelo Justiniano, escrito em grego, para a massa entender. O resto do Corpos Iuris é em latim. Bárbara dos Santos Ribeiro – Resumo para P1 de História do Direito - Digesto à o mais importante de todas as partes. O digesto tem TEMAS sobre a vida Romana. Em temas vão aparecer tudo que os jurisconsultas falaram sobre assunto X. - Um grande problema em relação ao Corpus Iuris é saber o que é de fato é Romano, e o que foi escrito depois. Isso pelo fato que a comissão de Triboniano pegava os textos e faziam alterações de palavras, trechos, etc. Tudo isso para a lei ficar mais clara para a época. Muitas palavras usadas anteriormente por alguns jurisconsultas nem existiam em 534, então tinha necessidade de mudança. Essas mudanças se chamavam de interpolação. Acabou virando mais um limite para conhecer o direito romano. Isso é mais um limite para entender o Direito Romano. - Em 565 quando Justiniano morre, o Corpus Iuris Civilis é deixado de lado, e somente as novelae eram usadas. - Em 1100 ele é descoberto novamente, e volta a ser usado em alguns lugares. 7. Idade Média - Idade Média começa em 476, quando o Império Romano do Ocidente cai. - As invasões barbaras foram um dos motivos da queda do império. Um povo mais evoluído foi invadido por um povo historicamente jovem e menos inteligente. - Os Romanos que narraram essa derrota. Escrevem como os bárbaros eram sujos. Romanos ficavam muito surpresos como eles gostavam de comer carne. Alguns romanos tinham uma curiosidade antropológica, outros só achavam um povo imundo e nojento. - Essa visão clássica é estragada pelos arqueólogos. Um tipo de arqueologia ligado a agricultura, que acharam sementes, grãos, etc. Eles conseguiram falar de quando era, e qual era a produtividade, e conseguiam até estabelecer ciclos agrícolas . - Por conta disso, se chega a conclusão que o norte da Europa vivia um tempo de fome extrema. Ou seja, afirmações que bárbaros eram fortes e viris, é falsa. - Historiadores então chegam a seguinte teoria: não foram invasões barbaras, e sim imigrações, como se estivessem empurrando um ao outro em busca de terra fértil. - O problema é que já existiam famintos em Roma, e chegam mais famintos ainda. Isso gera um caos enorme. A fome era tamanha, que os visigodos estavam comendo até sementes. - Grande parte acredita que os bárbaros era um povo faminto, mas uma minoria ainda gosta de falar que eles eram fortes (povo alemão nacionalista). - Os godos saíram da Suécia e foram divididos entre visigodos e ostrogodos. Os ostrogodos foram esmagados na Itália. Sobra os visigodos. - Os visigodos são um dos poucos povos bárbaros que vão escrever Direito. Eles vão aprender latim, se cristianizar, constroem igrejas. Alguns deles vão se tornar teólogos, e vão estabelecer uma situação de domínio sobre os romanos: politico e juridicamente. Bárbara dos Santos Ribeiro – Resumo para P1 de História do Direito - Em um primeiro momento, os visigodos proíbem casamento entre romanos e bárbaros porque permitir casamentos mistura os direitos. - Eles vão criar leis para os visigodos e para os romanos. Basicamente: vão deixar Roma viver com suas próprias regras, desde que isso não atrapalhe os visigodos. - Eles vão produzir textos de leis mistas: romano e visigodo. - Em 634, escrevem a “LEX VISIGOTHORUM” ou “LEI DOS VISIGODOS” ou “FUERO JUZGO” – são textos mais completos e mais bem feitos. - A capital dos visigodos era Toledo. Os visigodos também estavam no geral da Península Ibérica. Por um tempo, eles são invadidos por árabes, que fazem sua capital de Córdoba. - Em 1100 esses árabes são expulsos, e o Fuero Juzgo volta com tudo. Ele vai ser lei na Espanha e Portugal. - O Fuero Juzgo também vai valer como lei no Brasil colônia em 1500. O Brasil em 1822 ainda usava o Fuero Juzgo. Nosso primeiro código só sai em 1916. - Basicamente nosso código por anos foi um criado pelos visigodos. Mas por quê não sabemos disso? Porque europeus não valorizam os bárbaros, eles gostam de mostrar influências de uma sociedade romana. - Os visigodos foram um povo bárbaro muito sofisticado. Eles eram inteligentes, eram arquitetos, fizeram inovações no latim, construíram e fundaram cidades mais do que qualquer outro povo. Suecos são os únicos que valorizam e tem orgulho das origens visigóticas. - Os processos jurídicos do cotidiano nessa época eram os ordálios. - Ordálios à são procedimentos mágicos, porque você invoca o sobrenatural para resolver problemas naturais. Dessa vez só é feito um tipo de reza, Deus aparecia, e o próprio decidia a culpa da pessoa ou não. Decisão que era interpretada por sinais. Ex.: passou andando pelo fogo e queimou os pés: a pessoa é culpada. Se passou e não queimou, ele é inocente. - Em um ordálios, Deus dá uma resposta objetiva. O processo era direto com Deus. A chance de erro para eles nem existia mais. Se a decisão era de Deus, então era perfeito. Só na baixa Idade Média que eles vão considerar a possibilidade de erro, e vão criar o recurso.
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