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DIREITO PENAL IV, Profa Vanessa

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DIREITO PENAL IV - Crimes em Espécie
Anotações da aula da Prof. Vanessa
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PARTE 1	3
1	Aula 29/03/2017	3
Crimes contra a pessoa	3
2	Aula 05/04/2017	5
Crimes contra a vida	5
3	Aula 12/04/2017	6
Das Lesões Corporais	6
CASOS: CRIMES CONTRA A VIDA	7
4	Aula 19/04/2017	9
Omissão de socorro	9
Maus tratos	10
Crimes contra a honra	10
5	Aula 26/04/2017	11
Crimes contra a liberdade pessoal	12
6	Aula 03/05/2017	13
CASOS DE FIXAÇÃO	13
Dos crimes contra a dignidade sexual	15
7	Aula 10/05/2017	16
Dos crimes contra a dignidade sexual	16
CASOS DE FIXAÇÃO	17
PARTE 2	19
8	Aula 24/05/2017	19
Instruções para o TRABALHO Avaliado (Temas)	19
Crimes contra o patrimônio	19
9	Aula 31/05/2017	21
10	Aula 07/06/2017	23
11	Aula 14/06/2017	25
Crimes contra a fé pública	25
Crimes contra a administração pública	26
12	Aula 21/06/2017	27
CASOS DE DIREITO PENAL - CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO	28
13	Aula 28/06/2017	30
Crime praticados por particular contra a administração	30
CASOS DE FIXAÇÃO	31
PARTE 1
Aula 29/03/2017
P1, crimes contra a pessoa (vale 4,0): 17/05/2017
P2, crimes patrimoniais (vale 4,0): 05/07/2017
Trabalho em grupo (2,0) primeiros grupos dia 12/17 e o restante dia 19/07.
Lei 7716/89; Lei 8.489/92; Lei 9.503/97; Lei 9455/97; Lei 9605/98; Lei 12288/10; Lei 13.444/16
- Sistematização da parte especial => ordem de antiguidade de criminalização (inicia com homicídio e vai até crimes contra o patrimônio público)
Condutas: TABU (1º homicídio depois o incesto) => PECADO => CRIME
Incesto, hoje em dia não é mais crime, mas continua um pecado e um tabu (impede-se o casamento pelo código civil), o mesmo com a homossexualidade.
Crimes contra a pessoa
-Crimes contra a vida (homicídio, infanticídio, induzimento ao suicídio, aborto => vão a júri popular caso dolosos):
1. Homicídio (Art. 121 caput):
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer ser humano vivo ou feto após o início do parto (o rompimento do saco amniótico é a linha que separa o aborto do homicídio e infanticídio), não precisa o nascimento com vida (exame da Dossimasia de Galeno => ar nos pulmões, para efeitos sucessórios).
Tipo objetivo: matar alguém (por ação ou por omissão - se for garantidor do bem jurídico; pode ser diretamente ou indiretamente utilizando um animal ou um inimputável como instrumento).
Tipo subjetivo
Dolo direto (intenção de produzir o resultado) X dolo eventual (assumir o risco da ação e aceitar o resultado, v.g. embriaguez - se passar no sinal vermelho para não ser assaltado, com excesso de confiança, mas não aceita o resultado, então é culpa consciente). A proposta do CP causa alguma confusão teórica.
Dolo genérico (não há motivo requerido, apenas a intenção de matar a pessoa específica) X dolo específico (crimes que especificaram em sua descrição a conduta - “com a finalidade de”).
Consumação (Lei 8.489/92): a morte, antes de 92, além da morte cerebral, os batimentos cardíacos deveriam cessar. Mas agora basta a morte cerebral (morte encefálica).
Homicídio privilegiado (Art. 121, §1º CP): é uma causa de diminuição de pena (motivo de causa de relevante valor social - homicídio praticado para o benefício da comunidade; ou por relevante valor moral - eutanásia; intensa emoção ou injusta provocação da vítima).
Qualificadoras (Art. 121, §2º CP): mediante de recompensa ou outro motivo torpe (v.g. por preconceito - o feminicídio já tem qualificação específica); motivo fútil (emprego de veneno sem conhecimento da vítima - obrigar a tomar veneno é torpe, fogo, tortura, asfixia ou outro meio cruel ou disfarçado/insidioso).
III - Asfixia (enforcamento - peso da vítima, estrangulamento - utilização de corda, esganadura - utilização das mãos, confinamento - local com falta de ar, afogamento - meio líquido, soterramento - meio sólido).
Tortura (diferente da Lei 9.455/97): até 97 a conduta não tinha pena tipificada, sendo aferida por tratados internacionais. Submissão de alguém a um intenso sofrimento físico ou psíquico (v.g. privação do sono, ameaças contra familiares).
Tortura-Prova: a finalidade da tortura (dolo específico) é obter algum tipo de informação da vítima (quer confissão ou alguma informação de alguma testemunha).
Tortura-Pena: tem a finalidade de castigar/corrigir (pode acontecer com presos no sistema carcerário ou com maus tratos de crianças ou adolescentes). Pode ser confundido com o crime de “maus tratos”, que tem um tipo específico. Requer uma metodologia própria de tortura (exemplo, queimaduras sistemáticas, ou introdução de agulhas no corpo da vítima).
Tortura Racial: comete-se este crime por preconceito (exemplo, uma família mantinha uma empregada doméstica acorrentada de castigo).
=> se houve tortura com morte, para a definição do tipo depende da intenção do agente. Se a morte foi por excesso de tortura (preterdolo => dolo na tortura e culpa em relação à morte). Se queria matar usando a tortura, então é homicídio qualificado com a tortura.
Homicídio Qualificado (Art. 121, §2º)
VI - Feminicídio (Antigamente o feminicídio era enquadrado em homicídio torpe, sendo que a condenação agora é a equitativa. Porém, agora se tem as estatísticas que antes não havia).
Em razão da condição do sexo feminino, como motivador do crime (Art. 121, VII, 92º-A qualificadores)
I - Violência doméstica e familiar
II - Menosprezo à condição de mulher
VII - Contra agente de segurança (ou familiar de até 3º grau, em razão da função do agente)
Homicídio Culposo (pode ser consciente ou inconsciente)
- do Código Penal, Art. 121, §3º: (pena de 1-3 anos)
- do código de trânsito (na direção de veículo automotor): Art. 302 (Lei 9.503/97): a pena prevista é maior do que no CP (2-4 anos).
Motorista profissional sempre tem aumento de pena.
Omissão de socorro
Art. 135 Código Penal
Art. 304 da Lei 9.503/97 (Código de Trânsito), ainda que o socorro seja prestado por terceiros. É aplicada para quem não causou o homicídio! Se a culpa do acidente é exclusiva da vítima, o atropelador deve socorrer. Quem causou o acidente por culpa ou dolo responde pela majorante de omissão de socorro.
Perdão judicial (extingue a punibilidade): Art. 121, §5º CP => se aplica ao homicídio culposo do Código de Trânsito e o do Código Penal.
Se as consequências do acidente foram muito perversas para quem causou (dor decorrente da perda - v.g. um familiar também morreu).
Aula 05/04/2017
Crimes contra a vida
1) Homicídio doloso
=> qualificadora (2º fase) X privilegiadora (minorante da 3ª fase, que diz respeito à motivação - violenta emoção, etc. -, por isso subjetivas). Não é possível combinar a 3ª fase com a 2ª na questão da motivação, mas é possível com qualificadora por meio de execução (objetiva, ex. esganamento + forte violência por motivação social).
Obs. é possível qualquer combinação para fins de dosimetria (in dúbio pró réu).
=> coautoria: diante de um grupo de pessoas ou concurso de agentes. Não existe responsabilidade objetiva em matéria penal (os agentes devem ter participado intencionalmente da ação, Ex. um dos comparsas estupra um refém sem o conhecimento dos demais comparsas, então esta pena só recai sobre ele). Se o partícipe realizou uma atividade secundária e não detinha o domínio do fato, então responde com redução de pena.
2) Homicídio culposo
3) Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio (Art. 122 CP)
Sujeitos: Ativo (pessoa capaz) e Passivo (qualquer pessoa com discernimento se for uma adolescente, dos 12 aos 18 - se induz uma criança responde por homicídio).
Tipo Objetivo:
Induzir: criar dolosamente na mente da vítima a ideia de suicídio; instigar (estimula uma ideia preexistente); auxílio material (fornece algum instrumento).
Consumação por Tentativa “qualificada” (estabelece uma pena mínima e uma pena máxima, quando o crime é tentado).
Tipo Subjetivo: dolo direto ou dolo eventual (aceita o resultado - estimula de maneira irresponsável).
Majorantes (Art. 122, §ú, CP), motivo egoístico (motivo
torpe - vantagem patrimonial, econômica, etc.), vítima menor de 18 anos ou com capacidade de resistência ao induzimento reduzida (está com depressão).
4) Infanticídio (Art. 123 CP), pena bem baixa, de 2-6 anos, pois na época de 1940 se entendia a condição da mulher, de lavar a própria honra, no caso de uma gravidez indesejada. Hoje, entende-se que pode haver uma depressão pós-parto, como sendo a causa desta ação, por isso não houve alteração nessa legislação.
Sujeitos: Ativo e Passivo.
Tipo objetivo: matar o próprio filho durante o parto ou logo após (3 meses - doutrina, com as novas descobertas da medicina), estando em estado puerperal.
Puerpério (momento biológico pelo qual toda a mãe que acabou de dar a luz passa - vai do deslocamento e expulsão da placenta até 6 semanas após o parto) X Estado Puerperal (é uma perturbação psíquica decorrente de alterações hormonais, sofrida por uma pequena parte das mulheres - exige perícia psiquiátrica).
Tipo subjetivo: se admite o dolo e dolo eventual; e comissivo (parou de amamentar).
Coautor: a autoria principal é da mulher, mas pode haver coautoria respondendo também por infanticídio (mesmo não estando em estado puerperal - Art. 30, as circunstâncias de caráter pessoal não se comunicam aos coautores e partícipes, exceto quando elementares do crime). Se o pai matou, pode ser enquadrado como semi-imputável.
5) ABORTO (resultado do abortamento): Art. 124 a 128 CP, criminoso quando praticado na modalidade dolosa.
Tipo Objetivo
Abortamento: interrupção da gestação com a morte do embrião ou feto.
Embrião: 3 semanas.
Feto: 3 meses,
Tipo Subjetivo
MODALIDADES:
a) Auto-aborto ou aborto consentido (Art. 124 CP)
Sujeito ativo: é sempre a gestante, pois o médico que realiza o abortamento responde pelo Art. 126 e não pelo Art. 124 (por opção legislativa - mas tecnicamente são coautores).
Sujeito ativo: gestante.
b) Aborto provocado por terceiro (Art. 125 CP)
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: embrião/feto/gestante. Se também morre a mãe pode se dar um concurso formal.
c) Aborto consensual (Art. 126 CP)
Sujeito ativo: profissional/terceiro.
d) Aborto majorado (Art. 127 CP) => para os Art’s. 125 e 126, há um MAJORANTE se a gestante sofre lesão grave ou morte (preterdolo).
e) Aborto necessário ou terapêutico (Art. 128, I, CP) => não é punido, se não houver outro meio de salvar a gestante.
f) Aborto sentimental ou humanitário (Art. 128, II, CP) => se a gravidez é fruto de um estupro (analogia em bonan parten, em lugares em que não há médicos disponíveis, uma parteira pode realizar o aborto).
g) Aborto eugenésico => em virtude de alguma doença verificada no feto. No Brasil admite-se o aborto de feto diagnosticado com anencefalia (a vida está relacionada com o funcionamento do cérebro).
h) Aborto social => por situação sócio-econômica (é criminalizado - Ex. fruto de adultério).
Aula 12/04/2017
Das Lesões Corporais
Sujeitos: Ativo (qualquer pessoa); Passivo (qualquer pessoa).
Tipo objetivo
Ferir ou lesar a saúde (não precisa deixar marcas - lesão psicológica) e integridade física.
Modalidades
1. Lesão corporal leve (o que se exclui da GRAVE ou GRAVÍSSIMA - escoriações ou hematomas => não importa a quantidade)
Simples (Art. 129, caput, CP)
Qualificada (Art. 129, §9º CP)
2. Lesão corporal grave (lato sensu): qualificadas pelo resultado (DOLO ou CULPA, mas para perigo de vida depois de espancamento e aborto depois de espancamento, sempre é por CULPA, ou seja, necessariamente PRETERDOLOSO - senão há crimes específicos)
Lesão corporal grave (stricto senso - Art. 129, §1º CP): se resulta prejudicada qualquer atividade do cotidiano (atestado pelo médico), por mais de 30 dias; perigo para a vida (atestado pelo médico - a pessoa correu risco de morrer); debilidade (Ex. perda de UM dos olhos) permanente de sentido (5 sentidos) ou função motora; se um médico antecipar um parto.
Lesão corporal gravíssima (Art. 129, §2º CP): se resulta incapacidade permanente para o trabalho; enfermidade incurável (Ex. contaminação dolosa por HIV); perda ou inutilização de membro, sentido ou função; deformidade permanente (dano estético); aborto (a partir de um espancamento); lesão corporal em ambiente doméstico.
3. Lesão corporal seguida de morte (Art. 129, §3º CP): DOLO em relação à lesão e CULPA em relação à morte, ou seja, necessariamente PRETERDOLOSO/PRETERINTENCIONAL.
Se estão linchando uma pessoa com espancamento (lesão corporal), mas chega um e esmaga a cabeça com uma pedra, este responde por homicídio (progressão do delito).
No homicídio culposo não há DOLO nenhum, já no #3, há DOLO em lesionar (quer causar uma lesão efetiva e não apenas vias de fato - um simples contato físico sem potencial lesivo, Ex. empurrar para afastar e não para a pessoa cair).
4. Lesão corporal culposa (TODAS as outras modalidades são dolosas)
-do CP, Art. 129, §6º
-do CNT (código de trânsito - Lei 9.503/97, Art. 303), conduzindo um veículo automotor.
=> Se alguém atropelar, por imprudência, causando incapacidade, responde apenas por lesão corporal culposa, tipificada na Código de Trânsito.
*Minorante das lesões dolosas: Art. 129, §4º CP (relevante valor social/moral, violenta emoção) => o juiz pode substituir a pena de lesão leve para apenas multa, e ainda se as lesões foram revidadas pela vítima.
*Majorantes das lesões dolosas: Art. 129, §10 a 12 CP (ascendentes, descendentes, etc.; se a vítima possui alguma deficiência; se for agente nacional ou familiar do mesmo; etc.)
*Perdão judicial (lesões culposas): Art. 129, §8º CP (causa de extinção da punibilidade em lesão corporal CULPOSA - quando se percebe que a lesão causada causa uma dor maior no sujeito ativo; também se aplica ao código de trânsito)
CASOS: CRIMES CONTRA A VIDA
A (sujeito) com a intenção de matar (Art. 121), desfere golpe de faca (lesão) contra B, que vem a falecer (morte). Em todos os casos, faça o enquadramento legal de A:
Teoria das CONCAUSAS (serve para solucionar casos complexos - interferência no nexo de causalidade por uma concausa influenciadora, que pode ser absolutamente independente /irrelevante do/para o resultado ou relativamente independente. Neste caso pode ser PREexistente à ação do agente, CONcomitante à ação do agente, ou SUPERveniente/depois da ação do agente. Assim, nesta “soma de energias”, o agente responde pelo caso mais grave)
de gangrena (posterior à ferida) causada pela faca enferrujada:
Homicídio consumado.
de gangrena (posterior à ferida) causada por tratamento inadequado da ferida pela própria vítima:
Se a causa superveniente por si só produziu o resultado. Tratamento inadequado da ferida pela própria vítima faz parte do desdobramento natural (é a ferida!), então é homicídio (desconsiderando caso de falha médica). Mas se o paciente tivesse sofrido um acidente com a ambulância e tivesse um traumatismo craniano, então o agente somente responderia por tentativa de homicídio (o desdobramento da ação foi interrompido)!
de choque emocional (doença cardíaca preexistente à ação), uma vez que B era portador de grave lesão cardíaca.
Homicídio consumado.
A, que conseguira ocultar a todos sua gravidez, está dando à luz B, fruto de sua relação com C. Durante o processo de parto, antes da completa expulsão, e antes que B tivesse vida autônoma, desesperada e extremamente perturbada psiquicamente pelo sofrimento físico do parto, A o mata, sendo materialmente auxiliada por C. Responda:
Faça o enquadramento legal de A e de C, justificando sua resposta:
Infanticídio, pois já tinha dado início aos trabalhos de parto. A mulher se enquadra no infanticídio (Art. 123), já o co-autor no infanticídio (Art. 123) combinado com o Art. 30 CP.
Qual seria a situação jurídica, caso se verificasse, posteriormente, que B não possuía viabilidade fisiológica para a vida autônoma?
Infanticídio. Se fosse provado que o bebê era anencéfalo, então seria um crime impossível.
Qual seria a solução jurídica, caso estivesse ausente do problema o sofrimento e a perturbação psíquica de A em
razão do parto?
Então, tanto a mulher quanto o homem respondem por homicídio.
Qual seria a situação jurídica de C, caso ele não tivesse auxiliado A, mas apenas assistisse a cena, sem nada fazer para evitar a morte de B?
Comissivo por omissão.
João, pai da adolescente Camila, ciente de que ela, por graves problemas pessoais que a afligem, pretende se suicidar, nada faz para evitar sua desesperada conduta, vindo a moça a morrer em razão de haver ingerido veneno na presença de João, sem que João providenciasse socorro médico:
Faça o enquadramento legal de João:
Induzimento ao suicídio, Art. 122 (pois é garantidor da menina), e comissivo por omissão (Art. 13, §2º, a CP). Se não fosse garantidor seria somente condenado por omissão de socorro.
Figurar hipótese em que João fornecesse o veneno e o administrasse, atendendo ao pedido de sua filha, que crime ele teria cometido?
Homicídio (Art. 121 CP), pois ministrou o veneno.
A, ex-noivo de B, grávida de oito meses e casada com C, a encontra, após longa separação, e passam a áspera discussão, culminando A por desferir (dois tiros) mortais no ventre de B. Faça o enquadramento legal de A:
Aceita o resultado de morte do feto, pois sabe da existência do feto (caso não soubesse, não acontece nada, pois não há “aborto culposo”).
Feminicídio (Art. 121, §2º, 7), combinado com aborto provocado por terceiro (Art. 125).
Aula 19/04/2017
Da periclitação da vida e da saúde
Omissão de socorro
Crime comissivo próprio/omissivo puro (diferente do impróprio - comissivo por omissão).
Do CP (Art. 135): não se exige risco pessoal de quem vai socorrer, mas no mínimo deve ser comunicado à autoridade pública. Não se está envolvida no acidente. Deve-se prestar socorro mesmo se for constatado que a vítima já faleceu.
Do CTB (Código de Trânsito - Lei 9503/97, Art. 304): caso de aumento de pena se o condutor que atropelou a vítima foge sem prestar socorro. Na condição em que foi culpa exclusiva da vítima (o condutor não tem como afirmar este fato de imediato, por isso deve prestar o socorro sempre - depois, para crimes de trânsito, será verificado o nexo causal com a teoria da imputação objetiva, observando a prática de um “risco proibido”/”conduta proibida pela legislação de trânsito” entre o nexo da conduta do agente e o resultado - deve ficar constatado que o condutor cumpriu todas as obrigações estabelecidas pela legislação de trânsito).
Ex. se ocorre um atropelamento por um primeiro carro, mas este estava de acordo com a legislação de trânsito e a vítima embriagada, se não prestar socorro então responde pela omissão do CP. Daí o segundo carro passa por cima e mata a vítima, então, neste último caso, há uma quebra no nexo de culpa com a ação inicial e, na esfera penal não havendo imputação objetiva, não é condenado pelo atropelamento, mas deve prestar o socorro.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: alguém em perigo efetivo (pessoa em desamparo ou ferida/doente).
Momento consumativo: quando se deixa de socorrer (conduta de mera omissão, independente de resultado posterior), não importando se outra pessoa já socorreu.
Maus tratos
Contra humanos (Art. 136 CP): Sujeitar a trabalhos excessivo ou forçado; agressão física (abuso dos meios de correção - “quem aposta da palmada como meio de correção”); privação de alimentos. Motivação (Tipo subjetivo): objetivo pedagógico/intencionalidade de corrigir (para lesão corporal não há isso, mas apenas a intenção de lesionar).
Sujeito Ativo: possui a guarda ou vigilância da vítima.
Sujeito Passivo: está sob a guarda (vale para filho, dependente ou alunos de escola ou babá).
Consumação:
*Art. 1º, II, da Lei 9455/97: tortura plena com a finalidade de corrigir (utilização de métodos de tortura ou ações repetidas ou permanentes), mas o que difere é a intenção dos danos físicos ou psicológicos.
*Art. 129 CP
Contra animais não humanos (Art. 32 da Lei 9605/98): crueldade contra animais (mutilar ou espancar; ou experiência em animal vivo quando não houver outro tipo de alternativa). Majorante se ocorre a morte do animal (não é crime quando há abate de animal quando praticado em estado de necessidade para saciar a fome ou quando em defesa contra pragas ou animal fora de controle).
Discussões mundiais: animais senciêntes (capazes de sentir dor) devem ter sua dignidade assegurada.
Sujeito Ativo: o agressor.
Sujeito Passivo: animal e a comunidade.
Tipo objetivo: é o dolo da agressão.
Tipo subjetivo: descrição anterior, com o majorante que é a morte do animal.
*Art. 37
Crimes contra a honra
Muitas vezes estes crimes não chegam a ter uma condenação penal, mas somente no civil.
1. Calúnia (Art. 138 CP): imputar falsamente a alguém a prática de um fato definido como um crime. No caso de alguém falecido, a vítima é a família.
Bem jurídico: “honra objetiva” (reputação da pessoa - conjunto de qualidades que os outros atribuem à pessoa)
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: qualquer pessoa física/humana (contra a pessoa jurídica é possível a calúnia para crime ambiental, em que a empresa passa a responder penalmente).
Tipo objetivo: descrição do tipo.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: quando a informação chega ao conhecimento de um terceiro.
Exceção da Verdade: resposta/contestação à acusação, provando-se que a imputação da prática de crime é verdadeira. Se o crime imputado é de uma “ação penal privada”, a vítima já deve ter apresentado uma queixa crime, ou deve dar o aval para que a injúria seja efetiva. Mesmo se o crime for provado verdadeiro, não se pode acusar de uma difamação ao invés de acusar de calúnia, pois foge do tipo penal (se imputação for de um crime, então só pode se enquadrar no Art. 138 CP!). Se disser “seu ladrão”, do modo genérico, então é injúria (Art. 140 CP)!
2. Difamação (Art. 139 CP): imputar a alguém a prática de uma ato capaz de ferir a reputação desta pessoa, independentemente deste fato ser verdadeiro ou não (não pode ser um fato notório).
Bem jurídico: o mesmo que para a Calúnia.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: qualquer pessoa física/humana (as empresas poderiam, mas isso normalmente é na esfera civil - danos morais).
Tipo objetivo: descrição do tipo.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: o mesmo que para a Calúnia.
Exceção da Verdade: Em regra, não se admite a exceção da verdade (somente cabe na hipótese e de a ofensa ser contra funcionário público, no exercício de suas funções - acusação de ter praticado uma falta administrativa).
3. Injúria (Art. 140 CP): Se, depois de provocação foi injuriado, então não pode se acusar de injúria, nem se houve um xingamento em resposta.
Bem jurídico: fere a “honra subjetiva” (fera a dignidade da própria pessoa)
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: qualquer pessoa física/humana (é impossível para a pessoa jurídica). Ex. Se um homem xingar a mulher de um marido, o marido não pode prestar queixa, mas se chegar à mulher então ela pode prestar queixa.
Tipo objetivo: descrição do tipo.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: quando a informação chega ao conhecimento da própria vítima.
Exceção da Verdade: não é admitida (comprovar que o sujeito realmente é um “imbecil”).
4. Injúria Real (Art. 140, §2º): se a injúria consiste em violência ou vias de fato se considere humilhante. Pode ser por meio de gestos (uma bofetada no rosto, mesmo que não deixe marca). É uma injúria qualificada.
Aula 26/04/2017
5. Injúria Racial (Art. 140, §3º)
Racismo, por definição, é uma discriminação por características físicas (não necessariamente outra “raça”, pois isto nem é considerado, já que só há uma raça: a humana), num sentido de xingamento (intuito de desqualificar).
Apesar de todas as características expressas na lei, as características de homofobia AINDA não estão presentes nesta lei, por isto é apenas tipificado em injúria genérica.
6. Crimes de Racismo (Lei 7716/89) => diferente da Injúria Racial
Utilizar elementos de etnia, cor, etnia, procedência nacional (idosos não estão incluídos).
Negar emprego
por discriminação, impedir acesso à cliente por discriminação, etc (o nazismo entra aqui).
Este crime, junto com terrorismo, não prescreve.
No caso de homofobia (nega a entrada de um travesti), sobra o crime de CONSTRANGIMENTO ILEGAL, pois ainda não está incluso em crime de racismo.
Instituído pelo Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12288/10) => diferente da Injúria Racial
*Apologia ao Crime (Art. 287): incitar alguém a praticar o racismo, etc. No caso da apologia ao consumo de maconha o STF já decidiu que é liberdade de expressão.
*Disposições comuns (Art. 141 CP)
*Exclusão do crime (Art. 142 CP)
*Retratação (Art. 143 CP) => a vítima pode perdoar/querelar o difamador ou caluniador, mas não o injuriador, pois este atenta contra a dignidade do injuriado. Pode ser dado na primeira audiência, então a queixa crime ser arquivada.
*Pedido de explicação (Art. 144 CP) => não é usado, pois o acusador nunca irá responder por escrito, enfatizando o que disse.
*Ação Penal (Art. 145 CP)
Crimes contra a liberdade pessoal
1. Constrangimento ilegal (Art. 146), obrigar uma pessoa a fazer algo que ela não seja obrigada (estupro é uma forma disto, mas é mais grave e tipificado). Se for por ordem judicial ou cumprimento de lei, pode ficar caracterizado como um constrangimento legal.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: a vítima deve ter algum discernimento do que está acontecendo.
Tipo objetivo: descrição acima.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: quando a vítima adere à vontade do agente.
Situações especiais: pessoas com a religião ‘testemunhas de geová’, que não aceitam nem a transfusão de sangue, mas o médico está protegido e autorizado a intervir.
*exceção do crime (Art. 146, §3º CP)
=> tráfico de pessoas para vendas de órgãos ou crianças para adoção (o traficante responde pelo Art. 149-A, que é o traficante).
=> em empregos análogos à escravidão, o patrão/explorador responde pelo Art. 149, Caput; e o traficante/transportador responde pelo Art. 149-A. Mas poderá haver concurso material no caso do explorador e transportador ser a mesma pessoa.
2. Sequestro e cárcere privado (Art. 148 CP), o bem jurídico é a liberdade de ir e vir (Art. 149 - status libertatis é indisponível). Liberdade de locomoção é um bem jurídico disponível, por isso uma pessoa sadia pode ficar trancafiada para tratar de outra por exemplo.
Mesmo se há o intenso sofrimento (situação de sequestro!), o que caracterizaria a tortura, não o é, pois o objetivo é o cárcere privado (ainda, é diferente da extorsão mediante sequestro, que é um crime patrimonial).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: qualquer pessoa.
Tipo objetivo: descrição acima.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: Privação da liberdade.
3. Redução à condição análoga a de escravidão (Art. 149 CP), submissão a condições degradantes de trabalho, ou em razão de dívidas contraídas com o empregador.
Quando há emprego de violência contra as vítimas, e a presença de pessoas armadas (jagunços) no local, fica mais fácil para enquadrar no Art. 149 CP, senão o juiz poderá, em alguns casos, relacionar os fatos com a legislação trabalhista...
Aula 03/05/2017
CASOS DE FIXAÇÃO
1) José conversava com Antônio em frente a um prédio. Durante a conversa, José percebe que João, do alto do edifício, jogara um vaso mirando a cabeça de seu interlocutor. Assustado, e com o fim de evitar a possível morte de Antônio, José o empurra com força. Antônio cai e, na queda, fratura o braço. Do alto do prédio, João vê a cena e fica irritado ao perceber que, pela atuação rápida de José, não conseguira acertar o vaso na cabeça de Antônio. Com base no caso apresentado, segundo os estudos acerca da teoria da imputação objetiva, assinale a afirmativa correta.
A) José praticou lesão corporal culposa.
B) José praticou lesão corporal dolosa.
C) O resultado não pode ser imputado a José, ainda que entre a lesão e sua conduta exista nexo de causalidade.
D) O resultado pode ser imputado a José, que agiu com excesso e sem a observância de devido cuidado.
Resposta: Caso de estado de necessidade => letra C
2) (Questão 3 – VII Exame de Ordem)
Há muito tempo Maria encontra‐se deprimida, nutrindo desejos de acabar com a própria vida. João, sabedor dessa condição, e querendo a morte de Maria, resolve instigá‐la a se matar. Pondo seu plano em prática, João visita Maria todos os dias e, quando ela toca no assunto que não tem mais razão para viver, que deseja se matar, pois a vida não faz mais sentido, João a estimula e a encoraja a pular pela janela. Um dia, logo após ser instigada por João, Maria salta pela janela de seu apartamento e, por pura sorte, sofre apenas alguns arranhões, não sofrendo qualquer ferimento grave. Considerando apenas os fatos apresentados, responda, de forma justificada, aos seguintes questionamentos:
A) João cometeu algum crime? 
B) Caso Maria viesse a sofrer lesões corporais de natureza grave em decorrência da queda, a condição jurídica de João seria alterada? 
Resposta: A) não cometeu crime pois somente resultou lesão leve (o Art. 122, §ú, só pune quando resulta lesão corporal de natureza grave). B) SIM, então responderia por tentativa qualificada de induzimento ao suicídio (Art. 122).
3) (Questão 2 – IX Exame de Ordem)
Wilson, extremamente embriagado, discute com seu amigo Junior na calçada de um bar já vazio pelo avançado da hora. A discussão torna-se acalorada e, com intenção de matar, Wilson desfere quinze facadas em Junior, todas na altura do abdômen. Todavia, ao ver o amigo gritando de dor e esvaindo-se em sangue, Wilson, desesperado, pega um taxi para levar Junior ao hospital. Lá chegando, o socorro é eficiente e Junior consegue recuperar-se das graves lesões sofridas. Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.
A) É cabível responsabilizar Wilson por tentativa de homicídio? 
B) Caso Junior, mesmo tendo sido socorrido, não se recuperasse das lesões e viesse a falecer no dia seguinte aos fatos, qual seria a responsabilidade jurídico-penal de Wilson? 
Resposta: A) não é possível responsabilizá-lo, pois o arrependimento eficaz (Art. 15) afasta a hipótese de homicídio. Responde somente pelos atos já praticados (lesão corporal dolosa). B) Homicídio doloso consumado, qualificado por meio cruel (Art. 121, §2º, inciso III).
4) Eugênia, profundamente perturbada psicologicamente com a sua gravidez indesejada e sentindo muitas dores, procura matar o próprio filho, esganando-o, logo após o parto. Eugênia é segurada a tempo pelas enfermeiras, de forma que a criança sofre apenas pequenas lesões. Um mês após deixar o hospital, Eugênia, mais calma e já aceitando a maternidade, afirma para seus familiares que os hematomas que o bebê possuía no pescoço foram causados por imperícia do médico e das enfermeiras. Pergunta-se:
A) Faça o enquadramento legal de Eugênia, considerando qualificadoras e causas de aumento ou de diminuição de pena do CP:
B) Se as enfermeiras tivessem se omitido não impedindo a ação da mãe, de forma que o bebê morresse asfixiado, qual seria o enquadramento legal das personagens (enfermeiras e Eugênia)? 
C) E se Eugênia após matar o filho, sentindo-se mais aliviada, voltasse de carro para casa, e acabasse por distração atropelando um casal que atravessava a rua na faixa de pedestres, de forma que o homem morresse na hora e a mulher sofresse uma deformidade permanente, qual seria o seu enquadramento? 
Resposta: A) Infanticídio (Art. 123 CP) => tentativa (14, II CP); calúnia contra os médicos (138 CP). B) Art. 123 (infanticídio comissivo por ação da mãe) e Art. 123 (infanticídio comissivo por omissão por ação das garantidoras). C) em relação ao bebê é infanticídio; com relação ao casal => código de trânsito (Art. 302, §1º, II e Art. 303, §ú): é culposo em relação à mulher, e homicídio culposo em relação ao homem com o agravante de que foi na faixa de pedestre.
5) Wellington, médico de plantão no hospital de Greenville, às duas horas da manhã, vê quando o
seu desafeto Washington, que havia ingerido por descuido uma substância tóxica, chega ao hospital para ser atendido. Wellington, então, não perde a oportunidade de se livrar do inimigo e simplesmente deixa de ministrar-lhe o antídoto, sendo que lá pelas oito horas da manhã Washington morre. Responda:
A) Tipifique a conduta do médico, considerando qualificadoras e causas de aumento e de diminuição de pena do CP:
B) Se, para ocultar sua omissão e o consequente agravamento do estado de saúde de Washington, Wellington tivesse dado uma fortíssima pancada na cabeça da sua assistente, grávida de oito meses, que acabara de entrar na sala onde Washington se encontrava, de forma que a mulher desmaiasse, vindo a perder o bebê, qual seria o enquadramento legal do médico? Por quê?
C) Caso um médico-residente às 5h da manhã, percebendo que o paciente não havia apresentado melhora desde o atendimento do Dr. Wellington, resolvesse ministrar-lhe o antídoto, de forma que Washington sobrevivesse, haveria mudança no enquadramento legal do agente? De que forma?
Resposta: A) homicídio comissivo por omissão (Art. 121 CP, a omissão foi intencional => crime doloso). B) aborto provocado por terceiro (Art. 125 CP - dolo eventual, já que é médico e sabia), podendo ser combinado com lesão leve. C) Então seria tentativa de homicídio comissivo por omissão (Art. 121 c/c 14, II CP).
Dos crimes contra a dignidade sexual
- crimes contra a liberdade sexual
Até 2005 era tido como “crimes contra os costumes” (desde 1940, a maior parte deles era de ação penal privada)
1. Estupro (Art. 213 CP): era constranger uma mulher mediante violência a prática de conjunção carnal (entendia-se que somente a mulher poderia ser estuprada - homem contra homem era atentado violento ao pudor; mulher constrangendo homem era “constrangimento ilegal”). Hoje, é constranger qualquer pessoa mediante violência ou grave ameaça a prática de conjunção carnal (coito vagínico) ou outro ato lidibinoso (antes era gravidade similar ao coito vagínico, mas hoje as divergências que devem ser sanadas são quais os limites e possibilidades do estupro - beijo na boca pode ser enquadrado... ou como proporcionalidade somente atos similares ao coito vagínico.... ou se o agente não conseguir prosseguir é tentativa de estupro... o que há é uma lacuna legislativa que penalize as condutas menos graves que violem a liberdade sexual da vítima).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: qualquer pessoa.
Tipo Objetivo: descrição acima.
Tipo Subjetivo: dolo direto.
Consumação: ato sexual.
Formas Qualificadas: todas são preterdolosas. O estupro pode ser combinado com homicídio qualificado ou lesão corporal gravíssima (a vítima contraiu enfermidade incurável).
=> diferente de importunação ofensiva ao pudor.
2. Violação sexual mediante fraude (Art. 215 CP): sem violência ou grave ameaça (senão é estupro), nem embriagar ou dopar a vítima (senão é estupro de vulnerável). Ex. masturbação de um homem em uma clínica médica enquanto toca na mulher.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: qualquer pessoa.
Tipo Objetivo: fraude.
Tipo Subjetivo: dolo.
Consumação: deve ser uma ato lidibinoso similar à conjunção carnal.
3. Assédio Sexual (Art. 216-A CP): pode ser por chantagem (agente superior em nível hierárquico da vítima), ou ambiental (NÃO é criminalizado - mesmo nível hierárquico).
Sujeito Ativo: superior hierárquico.
Sujeito Passivo: subordinado.
Tipo Objetivo: descrição acima.
Tipo Subjetivo: dolo direto.
Consumação: se consuma com a proposta (não precisa ter a vontade do agente).
Forma majorada: Art. 216-A (o Art. 216 foi revogado), §2º CP.
4. Estupro de vulnerável (Art. 217-A): atos lidibinosos similares à conjunção carnal (Ex. masturbação da vítima, sexo anal, etc.). Também pode ocorrer com pessoas casadas.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: vulnerável (vítima que ainda não completou 14 anos; se não tiver discernimento para a prática do ato; se não pode oferecer resistência psicológica capaz de consentir - pessoa desacordada).
Tipo Objetivo: descrição acima.
Tipo Subjetivo: dolo direto.
Consumação: ato sexual.
Formas qualificadas: quando resulta lesão grave na vítima ou morte (ambas por culpa).
5. Satisfação da Lascívia (Art. 218-A): induzir alguém, menor de 14 anos a satisfazer o desejo sexual de um terceiro que não seja garantidor (espectador de um vídeo, por exemplo).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: menor de 14 anos.
Tipo Objetivo: descrição acima.
Tipo Subjetivo: dolo.
Consumação: com prática da ação.
6. Favorecimento da prostituição de vulnerável (Art. 218-B): aliciamento de menor de 18 anos (ou pessoa sem o devido discernimento) para o comércio carnal.
Sujeito Ativo: pessoa que se relaciona com o menor ou que alicia.
Sujeito Passivo: vulnerabilidade absoluta (menor de 14 anos - não admite prova em contrário, estupro de vulnerável) e vulnerabilidade relativa (menor de 18 anos - favorecimento da prostituição de vulnerável).
Tipo Objetivo: descrição acima.
Tipo Subjetivo: dolo.
Consumação: com prática da ação.
Aula 10/05/2017
Dos crimes contra a dignidade sexual
Disposições comuns
Ação penal (Art. 225 CP)
Regra: APPC (ação penal pública condicionada a representação, pelo MP - antes era de ação penal privada, com advogado contratado)
Exceções: Súmula 608 STF (caso tenha violência real/grave ameaça - não servia para estupro, pois o Art. 101 CP diz que para os crimes complexos - mais de um crime dentro da ação - é ação penal pública incondicionada; No Art. 146 o crime subsidiário é absorvido pelo mais grave) e Art. 225, §ú (se a vítima for vulnerável, <18 ou não pode oferecer resistência psicológica), são APPI (ação penal pública incondicionada)
Majorantes (Art. 226 CP): tutor da vítima, professor, etc.
Do lenocínio (expressão genérica que indica a exploração da prostituição alheia)
1. Mediação para servir à lascívia de outrem (Art. 227 CP): não menciona que envolveria um bônus pecuniário, por isso, é como se criminalizasse as agências de relacionamento. Além do mais, não faz a diferença entre adultos e vulneráveis.
2. Favorecimento da prostituição (Art. 228 CP): comércio de favores sexuais. No Brasil há uma liberdade de exercer esta atividade, desde que de modo autônomo (e idade >18). Segundo esta lei, estão formalmente criminalizadas as casas de prostituição (<18). Aliciamento de pessoas para exercer a prostituição, e depois dificultar o abandono do modo de vida (consuma-se com a adesão da vítima à profissão, sendo um crime permanente - se há aumento da pena legislada, então vale para todo o período).
3. Casa de prostituição (Art. 229): estabelecimento com gerenciamento de pessoas em atividade de prostituição com a finalidade de obter lucro, ainda que o lucro do empresário não esteja diretamente ligado aos pagamentos pelos serviços de prostituição (para consumação este crime exige habitualidade).
4. Rufianismo (Art. 230 CP): exploração de um percentual em cima do valor do programa de profissional do sexo (é possível combinar com o Art. 229).
5. Tráfico internacional de pessoas (Art. 231 CP) => foi revogado... e mudou para a Condição análoga à escravidão (Art. 149-A Redação da Lei 13.444/2016). O Art. 149-caput ficou revogado tacitamente...
CASOS DE FIXAÇÃO
1) Bebel, com 16 anos de idade, trabalhava na Rua Garibaldi há alguns metros da Rodoviária de Porto Alegre. Ao final de cada dia de trabalho como profissional do sexo, Bebel era obrigada a pagar pelo ponto, entregando 70% do que recebia à Jader, que passava o dia bebendo e jogando sinuca num boteco daquela rua, de onde acompanhava os passos de Bebel. Para evitar problemas com o Conselho Tutelar, Jader alterou o ano de nascimento de Bebel na sua carteira de identidade, de forma que parecesse que ela possuía 18 anos. Diante dessa situação faça o enquadramento legal de Jader, justificando sua resposta:
Resposta: crime de Rufianismo, combinado com o §1º para o aumento de pena em virtude da idade da Bebel. Não há certeza se
foi Jader que aliciou a Bebel, por isso não há elementos suficientes para considerar o Favorecimento da Prostituição.
2) Avalie as assertivas abaixo:
(V) I- Tanto o crime de estupro como o delito de estupro de vulnerável são hediondos em todas as suas modalidades (tentado ou consumado, simples ou qualificado);
(V) II – Somente o chamado assédio sexual por chantagem é crime no Brasil, sendo atípico o chamado assédio sexual ambiental;
(F) III – O homem não pode ser vítima do crime de violação sexual mediante fraude.
Com base nas assertivas acima, assinale a alternativa correta:
Apenas as assertivas I e II estão corretas;
Apenas as assertivas I e III estão corretas;
Apenas as assertivas II e III estão corretas;
Todas as assertivas estão corretas;
3) Assinale a alternativa correta:
(F) a) A mulher que mantém conjunção carnal mediante pagamento comete crime de lenocínio;
(F) b) A conduta do marido que é sustentado pelos ganhos da esposa prostituta caracteriza crime de favorecimento da prostituição; (é rufianismo!)
(F) c) A conduta da mulher que, depois de um mergulho no mar, sai com o biquini fora do lugar permitindo que os seios fiquem à mostra caracteriza ato obsceno; (masturbar-se na rua; sair andando nua - existência de dolo)
(V) d) O agente que facilita o alojamento de pessoa, ciente de que a mesma irá exercer prostituição no território nacional, comete crime de tráfico interno de pessoas;
4) José Manoel, casado há mais de 20 anos com Sílvia, interessou-se por Lilian, uma menina de apenas 12 anos que vendida balas e biscoitos para sobreviver, passando a manter com ela um relacionamento às escondidas e iniciando sexualmente a moça por meio da prática de coito vagínico e anal, com o seu consentimento. Diante do fato, indique que delito(s) José praticou, justificando sua resposta. 
Estupro de vulnerável (na forma do Art. 71 - Crime Continuado). A cada relação sexual constitui um novo crime.
PARTE 2
Aula 24/05/2017
Instruções para o TRABALHO Avaliado (Temas)
- Pesquisa jurisprudencial.
1. Homicídios de mulheres (feminicídios);
2. Homicídios, lesões por orientação sexual (crimes decorrentes de homofobia);
3. Violência doméstica (contra mulheres);
4. Violência (tortura e maus-tratos de crianças);
5. Maus-tratos de animais não humanos;
6. Homicídios e tortura policial;
7. Injúria racial e racismo;
8. Redução à condição análoga à de escravo;
9. Tráfico de pessoas (antigo tráfico interno e internacional);
10. Drogas - parâmetros utilizados para enquadramento como porte e como tráfico.
11. Estupro de vulnerável.
Exemplo de trabalho (ITEM 7):
LINK: https://www.researchgate.net/profile/Joao_Gerdau_De_Borja/publication/319546469_Estado_da_Arte_dos_Crimes_Raciais_e_Perspectiva_Futura_do_Combate_ao_Racismo/links/59bf03bd0f7e9b48a2989141/Estado-da-Arte-dos-Crimes-Raciais-e-Perspectiva-Futura-do-Combate-ao-Racismo.pdf
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Crimes contra o patrimônio
1. Furto (Art. 155 CP): tomar para si algo que não lhe pertence.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: o proprietário (possui o título de propriedade) da coisa móvel ou semovente; ou possuidor (está na posse direta mas não é o dono); ou detentor da coisa (possui uma posse transitória da coisa).
Tipo objetivo: texto anterior.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação (teorias): a mais antiga é de que o furto somente se consuma quando o agente adquire a posse tranquila (sem perseguição) da coisa (se o agente for impedido e a coisa devolvida, então é uma tentativa de furto); mas em outra, o crime se consuma quando a coisa sai da esfera de disponibilidade da vítima (mesmo havendo uma possível perseguição). A doutrina mais aceita ainda é a primeira e mais antiga.
- Furto de uso: quando se furta com a intenção de devolver (se pega emprestado sem pedir). Esta conduta não é criminosa (é atípica - não há dolo em tomar a coisa para si).
- Furto noturno (Art. 155, §1º): o conceito de noite é a ausência de luz solar, e o repouso noturno é quando o sujeito passivo costuma se recolher. Desta forma, a vigilância da comunidade é reduzida, por isso o sujeito ativo que se aproveita disso é penalizado com aumento de pena. A casa furtada não precisa estar habitada. Também vale se o agente furtar algo de um pedestre que circula à noite.
- Furto privilegiado (Art. 155, §2º): furto de coisa com valor até 1 salário mínimo. É uma privilegiadora, que não se pode combinar com os demais parágrafos qualificadores, caso ocorram.
- Furto qualificado (Art. 155, §4º): com destruição de obstáculo para conseguir alcançar a coisa (quebrar um vidro para furtar coisas de uma casa ou carro, mas se levar o próprio carro não se encaixa no furto qualificado); Escalar para se chegar a algum lugar; induzir a vítima em erro (se fantasiando de carteiro, por exemplo); destreza (astúcia especial - punga, furto sem que a vítima perceba); mediante concurso de duas ou mais pessoas (com pelo menos um adulto).
- Furo de semovente domesticado ou de produção (Art. 155, §6º CP).
- Flagrante provocado (preparado), súmula 145 STF: não há crime se o flagrante provocado pela polícia torna o crime de impossível consumação (combinado com o Art. 17 CP): Pressupõe uma operação da polícia, em que infiltra um agente na organização. Deveria ser um policial civil, mas como não são treinados para isso, se utiliza de um policial militar (para se ganhar a confiança, o policial precisa praticar alguns ilícitos de menor gravidade), este integrante estimula o grupo para praticar uma ação mais ousada, então indica para a corporação, que se organiza para a prisão ser em flagrante da conduta mais ousada (se torna crime impossível - mas as demais condutas já praticadas incidem de forma normal).
- Flagrante esperado (ação controlada), súmula 567 STF: existe um sistema de segurança que pode tornar impossível a realização de um furto. Ex. câmeras constantemente vigiadas em um supermercado, por vigilantes particulares. O furto, então, fica no âmbito da tentativa, porém, há uma parte da doutrina que aplica esta situação para o flagrante provocado (se estivesse realmente sendo acompanhada por um vigilante próximo). Mas se a pessoa não estiver sendo vigiada/monitorada e passar no detector de itens não pagos, então responderá por tentativa de furto.
2. Roubo
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: proprietário da coisa e qualquer outra pessoa acompanhante que se sinta intimidada.
Tipo objetivo: 
- Roubo próprio (Art. 157, caput. CP): subtrair coisa alheia mediante grave ameaça ou de violência física.
Consumação (teorias): a primeira é quando há a posse tranquila da coisa; e a segunda é quando a coisa já não se encontra mais disponível para a vítima.
- Roubo impróprio (Art. 157. §1º CP): logo depois de subtraída a coisa com um furto, a vítima percebe e então a ação do agente passa a ser um roubo.
Consumação: A consumação se dá com o emprego da violência ou grave ameaça e a coisa já está na posse do agente.
Tipo subjetivo: dolo.
MAJORANTES (Art. 157, §2 CP)
I - Arma X Arma de brinquedo (não vale para majorar - é um simulacro de uma arma verdadeira - Princípio da Lesividade, não causa ameaça à vida quanto uma arma verdadeira). Com a lei de porte de armas, criminalizou o porte de arma de brinquedo (poderia haver concurso material com o roubo). Então, o estatuto do Desarmamento revogou a lei do porte de armas, descriminalizando o porte de arma de brinquedo.
QUALIFICADORAS (Art. 157, §3 CP)
Se a vítima está em carro forte, para transporte de valores; se o roubo de veículo tem uma passagem do veículo para a fronteira; se leva a vítima junto para ser largada em local isolado, dificultando a denúncia.
FORMAS QUALIFICADORAS
Lesão corporal grave (Art. 157, §3, 1ª parte): 
Roubo qualificado pela morte - latrocínio (Art. 157, §3, 2ª parte): possui pena mais elevada do que o homicídio qualificado. Conduta do agente preterdolosa (dolo em relação ao roubo e culpa em relação à morte). Latrocínio não vai à júri popular, mesmo
que o agente tivesse a intenção de matar a vítima, pois está enquadrado como crime contra o patrimônio e não contra a vida.
Súmula 610 STF (assume que latrocínio pode ser doloso em relação ao homicídio)
- Homicídio + Roubo = Latrocínio
- Homicídio + Tentativa de roubo = Latrocínio
- Tentativa de homicídio + Roubo = Tentativa de latrocínio
- Tentativa de homicídio + Tentativa de roubo = Tentativa de latrocínio
- Súmula 582 STF, relativa ao roubo, que se consuma com a posse da coisa ainda que o sujeito tenha tido perseguido.
Aula 31/05/2017
3. Extorsão (Art. 158 CP): é um tipo especial de constrangimento ilegal (Art. 146) - dependendo da ação do agente pode migrar para um tipo mais grave, que é a extorsão. O agente depende da colaboração da vítima (fazer ou deixar que se faça ou contribuir para algo) para a obtensão da vantagem econômica. Ex. quando ligam mentindo que sequestraram alguém (se efetivamente sequestram então é outro tipo).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: qualquer pessoa.
Tipo objetivo: texto acima.
Tipo subjetivo: dolo específico (obtenção de vantagem econômica).
Consumação: Súmula 96 do STF. Quando a vítima adere a vontade do agente, tomando o comportamento que foi obrigada, ainda que o agente não obtenha a vantagem indevida (Ex. se descobre antes que era uma mentira o sequestro, então é uma tentativa, mas se vai até o banco já configura consumação).
Majorantes (Art. 158, §1º CP): se o crime é cometido por duas ou mais pessoas ou emprego de arma. Se mediante violência (Ex. haver de fato um espancamento - não é grave ameaça).
Qualificadoras (Art. 158, §2º CP): morte da vítima (assim como o latrocínio, é hediondo).
Sequestro relâmpago (Art. 158, §3º CP): mediante a restrição da liberdade da vítima, sendo isto necessário para obter a vantagem econômica (Ex. levar a vítima até o banco).
4. Extorsão mediante sequestro (Art. 159 CP): é sempre crime hediondo (em todas as modalidades - inclusive, foi o crime que inspirou a lei de crimes hediondos). Se diferencia do sequestro relâmpago pois há vítimas em toda a cadeia do crime (vítima sequestrada e a que é cobrada).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: qualquer pessoa.
Tipo objetivo: texto acima.
Tipo subjetivo: dolo específico (extorsão que inclui o sequestro).
Consumação: com a privação da liberdade da vítima (Ex. quando se coloca a vítima dentro de um carro).
Qualificadoras (Art. 159, §1º a 3º CP): idade do sequestrado, se crime de bando (cinco ou mais) ou quadrilha (quatro agentes associados - na associação criminosa é três pessoas e não se deve interpretar extensivamente para o presente tipo). Se resulta em lesão corporal de natureza grave; se resulta em morte é a pena mais grave do Código Penal.
Delação premiada (Art. 159, §4º CP): deve ser eficaz, e reduz a pena.
5. Esbulho possessório (Art. 161, II CP): quem invade terreno ou edifício alheio com ânimo de adquirir o domínio.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: proprietário (possuidor direto).
Tipo objetivo: texto acima.
Tipo subjetivo: dolo específico de adquirir o domínio (ocupação para protesto não se enquadra).
Consumação: tomada da posse direta da coisa (posse direta: está com as chaves; posse indireta: um locador).
6. Apropriação indébita (Art. 168): não envolve violência ou grave ameaça, mas exige um vínculo especial entre os sujeitos ativo e passivo. O primeiro é o possuidor direto do bem (resolve tomar para si uma coisa que já está em sua posse, antes de boa fé), e o segundo é o proprietário. Se a intenção já era de tomar a posse quando se pede emprestado, se caracteriza, por outro lado, o estelionato (Art. 171 - em princípio recai-se sobre o Art. 168, pois estelionato só se possui prova de que o agente mencionou que iria fazer, ou pratica uma ação corriqueira).
Sujeito Ativo: possuidor direto do bem.
Sujeito Passivo: proprietário.
Tipo objetivo: texto acima.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: com a inversão do título de posse (quando o agente ativo resolve subjetivamente que não irá devolver - uma manifestação cabal é quando o agente vende o objeto como se seu fosse).
Majorantes: curador, pessoas responsáveis por patrimônio alheio, etc.
7. Apropriação indébita previdenciária (Art. 168-A CP): Pressupõe que o sujeito ativo detenha a posse lícita da coisa (Ex. desconta licitamente dos empregados e depois não repassa à Previdência). Pode envolver valores descontados do trabalhador e não repassados ao INSS.
Sujeito Ativo: possuidor dos valores descontados.
Sujeito Passivo: trabalhador - empregado.
Tipo objetivo: apropriação, inicialmente com posse lícita.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: com o não repasse dos valores descontados ao INSS.
Extinção da punibilidade (Art. 168-A, §2º CP): O valor mínimo é de 20 mil reais para se poder ingressar com ação contra o agente ativo.
Perdão judicial (Art. 168-B, §3º CP): Se devolve os valores, antes de oferecida a denúncia, mesmo após da execução fiscal.
Aula 07/06/2017
8. ESTELIONATO (Art. 171 CP): diferencia-se do furto no sentido de que é sempre a vítima que entrega a vantagem (se a vítima não colaborar não configura o crime). Há um dolo anterior à posse da coisa (ardil - astúcia na argumentação), por isso se diferencia da apropriação indébita. “Stellio” é um camaleão (animal).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: qualquer pessoa.
Tipo objetivo: texto acima.
Tipo subjetivo: dolo (não existe estelionato culposo).
Consumação: acontece com a obtenção da vantagem indevida.
*Fraude Bilateral: o agente se aproveita da má-fé da própria vítima (Ex. conto do bilhete premiado - que cai no conto e compra o bilhete por mil pensando ser milhões é vítima, mesmo que por má-fé).
*Privilegiadora (Art. 171, §1º CP): se o golpe aplicado é de até um salário mínimo, mas deve-se considerar o prejuízo causado na vítima (sua condição econômica).
*Modalidades especiais (Art. 171, §2º CP)
I - Disposição de coisa alheia: Ex. vender coisa que não é sua (o proprietário é restituído, e o prejudicado é quem comprou a coisa).
V - Fraude no recebimento de seguro: enquanto o sujeito ativo é o segurado (pode lesar a própria saúde ou danificar ou ocultar coisa própria), o sujeito passivo é a seguradora (vítima).
VI - Fraude no pagamento por meio de cheque: passar um cheque sem previsão de fundos, intencionalmente (ou frustra o pagamento - susta o pagamento dizendo que o talão foi furtado), se consumando quando a vítima apresenta o cheque para ser sacado. O sujeito ativo é o emitente (referente a conta corrente da pessoa - não pode ser falsificado, senão é estelionato do caput do Art. 171).
*Estelionato contra idoso (Art. 171, §4º CP): aplica-se a pena em dobro neste caso. A situação do §3º também é uma majorante.
*SÚMULAS
STJ: 17 (falsificação de documento a fim de obter vantagem específica), 24 (aplica-se ao crime de estelionato quanto a vítima é o INSS - majora-se como a do §3º), 48 e 244 (o local competente para julgar o crime de fraude em cheque é o do local da agência em que foi apresentado).
STF: 246 (se não houve dolo não há crime de fraude em cheque), 521 (o foro competente é o do mesmo da súmula 244 STJ), 544 (se o pagamento de cheque sem fundo é reembolsado até o recebimento da denúncia há a extinção da punibilidade).
9. RECEPTAÇÃO
Própria (Art. 180, 1ª parte CP): adquirir um bem que foi objeto de um crime anterior. Quem vende é um mero exaurimento do bem para aferir o recurso, mas quem compra sabendo ser produto de crime é o receptador (normalmente é um intermediário entre o crime antecedente e o consumidor final).
Sujeito Ativo: quem paga por bem sabendo ser produto de crime antecedente.
Sujeito Passivo: proprietário da coisa ou o terceiro de boa-fé que compra por último.
Tipo objetivo: texto acima.
Tipo subjetivo: dolo direto (não pode ser eventual - deve saber com certeza que o bem é produto de crime antecedente).
Imprópria (Art. 180, 2ª parte CP): se indica um receptador (se induz um terceiro de boa-fé receba um bem produto de um crime
antecedente - Ex. um carro roubado).
Sujeito Ativo: quem induz ao erro a vítima.
Sujeito Passivo: terceiro de boa-fé.
Tipo objetivo: texto acima.
Tipo subjetivo: dolo.
Receptação qualificada (Art. 180, §1ª CP): se tiver em um depósito, no exercício da atividade comercial ou industrial, coisas que deve saber (admite dolo eventual) sejam produto de crime. O comerciante tem a obrigação de saber qual é a origem dos produtos que coloca à venda (sempre responde por receptação qualificada - o consumidor pode responder por receptação ou receptação culposa se o preço for muito desproporcional).
Equipara-se à atividade comercial, o regular ou até mesmo os informais.
Receptação culposa (Art. 180, §3ª CP): a pessoa que adquire um bem deve presumir se a coisa é de origem lícita (culpa consciente), verificando a proporção do preço em relação ao valor da coisa em si, e ainda, a condição do estabelecimento ou pessoa de que é ofertada.
Escusa absolutória (Art. 180, §5º CP): não é o crime de Descaminho (Art. 334 CP - que é um contrabando, importar/exportar uma mercadoria sem pagar o imposto devido, sem passar pelas medidas da receita federal nem controles sanitários - o intermediário que fez o contrabando e o consumidor final também responde por Descaminho).
Receptação de animal (Art. 180-A CP): quem adquire o semovente do furto qualificado do semovente.
Disposições Gerais
Escusa absolutória (Art. 181 CP), fazer a leitura combinada com (c/c) Art. 181 junto do (c/c) Art. 183 CP, pois este último excepciona o primeiro e também o 182.
Não vale para os crimes com violência ou grave ameaça.
Ação penal pública (Art. 182 c/c 183 CP).
Crime contra a propriedade intelectual (Art. 184 CP): reprodução para fins comerciais de tudo aquilo que parte do talento de determinada pessoa.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: autor da obra.
Tipo objetivo: texto acima.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: prática da ação descrita no verbo.
Aula 14/06/2017
Crimes contra a fé pública
Fé pública => credibilidade oficial de documentos e papéis expedidos pelo poder público (o bem jurídico protegido é a credibilidade do poder público). Sempre a conduta é dolosa. Dependendo do tipo de crime é de competência da justiça federal ou estadual.
1. Moeda falsa (Art. 289 CP): fabricar a cédula de papel ou a moeda em si, metálica. Ou alterar algum dado da moeda existente.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: Estado (a União é que tem competência para fabricar a moeda nacional - crime de competência da justiça federal).
Tipo objetivo: texto acima.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: Quem introduz uma moeda falsa por dolo, responde da mesma forma de quem fabricou (para este último, a moeda deve ter sido posta em circulação). Quem devolve à circulação uma moeda falsa que recebeu de boa fé, é punido com menor rigor. Se a falsificação é grosseira (qualquer um pode ver), afasta-se a responsabilidade criminal do autor.
2. Falsificação de documento público (Art. 297 CP) & 3. Falsificação de documento particular (Art. 298 CP, a pena é menor): no item 2, tem-se a fabricação de um documento público ou uma alteração material de um documento público verdadeiro. CONTRAFAÇÃO => alteração material de um documento verdadeiro.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: Estado (a competência para julgar o crime depende de quem expediu o documento - Ex. carteira de identidade e de habilitação é da justiça estadual).
Tipo objetivo: Um documento é algo escrito à caneta ou impresso, deve ter um conteúdo (não pode estar assinado em branco), autoria (autor identificado).
Tipo subjetivo: dolo; se for expedido por um funcionário público, é o item 2, mas se for expedido por um particular, é o item 3 (uma procuração, por exemplo, mas não pode ser elaborada por um tabelionato - se alterar uma etiqueta do tabelionato de um documento particular é como se fosse público).
Consumação: independentemente do uso, produção material de um documento ou alteração de um existente.
Uso de documento falso => não foi a pessoa que produziu, mas usa o documento com dolo. Tem a mesma pena da falsificação.
4. Falsidade ideológica (Art. 299 CP): diz respeito à falsificação de documento (com o fim de prejudicar o direito, criar obrigação, etc.) e não da apresentação de si como se fosse outra pessoa. No caso da falsificação dos itens 2 e 3 há uma criação ou alteração material, já na falsidade ideológica se consuma com o documento expedido pela autoridade competente (o documento não é uma fraude), mas existe uma informação errônea que foi introduzida (o agente público foi induzido em erro, ou houve uma corrupção com o funcionário; mas pode ser documento oficial particular).
Falsa identidade (Art. 307) => se apresentar como se fosse outra pessoa. Art. 308, utilizar documento de outra pessoa como se fosse seu.
Crimes contra a administração pública
Crimes funcionais: ou seja, praticados por funcionários públicos.
Próprios: a conduta praticada só é típica se o sujeito ativo for um funcionário público para efeitos penais. Ex. prevaricação.
Impróprios: a conduta está prevista como crime para o sujeito ativo funcionário público, mas também se encontra tipificada quando o sujeito ativo for um particular. Não responde por crime contra a administração pública, mas por outro tipo penal disposto no Código Penal. Ex. Peculato, que é nada mais que um furto praticado por funcionário público.
Conceito de funcionário público, para fins penais (Art. 327 CP): há uma construção penal própria, considerando quem exercer cargo (mesmo sem remuneração) em função pública (Ex. jurado em tribunal do júri), ou entidade paraestatal ou em uma contratada pelo poder público (terceirizada).
Entidade paraestatal => autarquias, empresas públicas.
1. Peculato - apropriação (Art. 312, caput, §1º CP): é funcional impróprio, por isso, um particular pode ser enquadrado, desde que tenha agido em conluio com o funcionário público.
Modalidades de peculato => Peculato doloso (peculato - apropriação, Art. 312, caput, 1ª parte CP; peculato - desvio, Art. 312, caput, 2ª parte CP; peculato-furto, Art. 312, §1º CP; peculato mediante erro de outrem, Art. 313 CP) e peculato culposo (Art. 312, §2º CP - o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem - é uma punição pela negligência).
Art. 30 CP => o peculato se estende aos coautores e partícipes (Ex. se há uma combinação dolosa de um vigia com um ladrão, então os dois respondem por peculato - furto, o qual se consuma com o furto praticado pelo terceiro - ladrão).
Sujeito Ativo: funcionário público. Se não for funcionário público, pode responder por outras formas no Código Penal.
Objetos em posse do funcionário público => o funcionário pode levar para casa.
Sujeito Passivo: Estado.
Tipo objetivo: posse ilícita.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: se consuma com a inversão do título de posse (assim como a apropriação indébita).
Peculato de uso => é como o furto de uso, que é atípico; não toma a posse, mas faz uso indevido em causa própria, devolvendo, mas há uma separação dos bens fungíveis (Ex. valores em dinheiro - ainda que os valores sejam devolvidos é peculato) e infungíveis (Ex. um veículo - a conduta é atípica).
2. Peculato - desvio (Art. 312, caput, 2ª parte CP): não precisa, necessariamente, tomar para si, mas dar uma finalidade diferente (Ex. uma verba que foi desviada intencionalmente para se obter alguma vantagem, que pode ser política).
3. Peculato - furto: retirada da posse ou estabelecimento da posse tranquila da coisa com o agente.
4. Peculato mediante erro de outrem: Ex. alguém paga um tributo por duas vezes, então o funcionário toma para si o excedente.
Aula 21/06/2017
5. Concussão (Art. 316 CP): é mais grave que a própria corrupção passiva, propriamente dita. Na concussão, o agente exige (coage/intimida) de alguém uma vantagem indevida, em razão de sua função. Normalmente é um crime que ocorre quando os agentes de segurança exigem vantagem (se uma pessoa oferecer vantagem ilícita para
o agente público, então é corrupção).
6. Corrupção Passiva e Ativa (Art. 317 e Art. 333 CP)
Sujeito Ativo: funcionário público (corrupção passiva); particular (corrupção ativa).
Sujeito Passivo: particular (corrupção passiva); funcionário público (corrupção ativa).
Consumação: no momento em que se oferece propina (particular), ou no momento em que aceita a promessa (funcionário público), etc.
7. Prevaricação (Art. 319 CP): retardar o andamento de processo, por um sentimento pessoal sem recebimento de propina. Se houver um pedido de alguém (particular), então se caracteriza uma Corrupção Passiva (não precisa envolver pagamento de propina).
Ex. Quando se observa uma irregularidade, mas não se denuncia nem se leva a investigação adiante, então se incorre em prevaricação; Um agente penitenciário que observa um preso com um celular mas não toma providências.
8. Facilitação do contrabando ou descaminho
Contrabando (Art. 334-A, envolve a importação de produto proibido) e Descaminho (Art. 334, espécie de sonegação de tributos) => Facilitação do contrabando ou descaminho (Art. 318 CP).
Sujeito Ativo: o crime de facilitação é feito pelo funcionário público, independente de êxito. Se for um funcionário da Receita Federal, por exemplo, pode haver um concurso material (não é no mesmo momento os dois crimes), sendo de corrupção passiva mais a facilitação do contrabando ou descaminho (para o particular também incorre em concurso material).
Sujeito Passivo: é o Fisco (Estado).
Consumação: o descaminho se consuma com a entrada ou saída da mercadoria no país.
Prevaricação: Art. 319 e 310-A CP.
=> o intermediador (“sacoleiro”/”camelô”) também responde por descaminho. O consumidor que recebe as mercadorias é enquadrado em receptação.
=> os contrabandos de armas ou de drogas estão incluídas em lei especial.
CASOS DE DIREITO PENAL - CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
1) A alugou um carro na Locadora de Automóveis B, e foi jantar, às 22h 30min, num movimentado restaurante. Enquanto A jantava, C se aproximou do carro e, com o emprego de uma chave de fenda, apossou-se dos faróis e das calotas. Quando C se afastava do veículo, foi percebido pelo guardador de carros, que saiu no seu encalço, vindo a detê-lo a duzentos metros do local, com o auxílio de um guarda.
a) Faça o enquadramento legal de C, fundamentando sua resposta:
Crime de furto (sem violência, mas não é furto noturno pois não possui vigilância reduzida), tentado (teoria da posse tranquila) ou consumado (saiu da esfera de disponibilidade da vítima - jurisprudência dos Tribunais).
b) Qual o sujeito passivo do crime?
‘A’ é o sujeito passivo. A vítima secundária é a locadora.
c) Qual seria a situação, caso C fosse o proprietário único da Locadora de Automóveis B, e, portanto dono do carro?
O prejuízo seria da seguradora, e quem pagaria a franquia pelos danos seria o próprio dono do carro.
d) Qual seria a solução jurídica caso C houvesse subtraído o carro para dar um passeio, restituindo-o ao mesmo lugar antes de A regressar do restaurante?
Furto de uso (conduta atípica).
e) Figurar a hipótese em que C é esposa de A:
A esposa é isenta de pena (não se pode alegar quebra de confiança para furto qualificado). Mas não fica isenta em relação ao furto com relação à Locadora de Automóveis.
2) A ingressa no táxi do motorista B, indicando-lhe, como destino, o subúrbio. A meio caminho, A se dirige a B dizendo-lhe: “Pare o carro e me entregue a féria do dia, ou serás um homem morto”. B lhe entrega o dinheiro, A desce, e B se dirige a uma delegacia de polícia.
a) Faça o enquadramento legal de A, figurando a hipótese em que ele estivesse armado com um revólver:
Roubo (grave ameaça) com emprego de arma (Art. 157, §2º, I CP).
b) Figurar a hipótese em que o revólver fosse de brinquedo:
Roubo (intimidação é a mesma de grave ameaça), mas sem emprego de arma (Art. 157 CP).
c) Qual seria a solução jurídica, se diante da resistência de B, A lhe desferisse um tiro que produzisse lesões leves?
Todo o crime que é violento, via de regra, absorve a lesão leve, exceto quando houver ressalva expressa na lei (Ex. Art. 140, §2º - responde por injúria real “além da pena correspondente à violência”).
- Continua sendo roubo com emprego de arma.
d) E se a arma de A tivesse disparado acidentalmente em face de seu nervosismo, produzindo lesões graves em B?
Roubo qualificado por lesão grave (Art. 157, §2º, I e Art. 157, §3º, 1ª parte).
3) A ingressa furtivamente na residência de B, pelo telhado, e se apossa de valiosa antiguidade. Quando está prestes a retirar-se, é surpreendido por B, que o interpela. A agride B a socos e pontapés, causando-lhe lesões leves e foge, levando a antiguidade.
a) Faça o enquadramento legal de A, dizendo qual foi o momento consumativo?
Roubo Impróprio (Art. 157, §1º). Consuma-se o roubo impróprio com o emprego da violência.
b) Figurar a hipótese em que B, sofrendo lesões graves, conseguisse dominar A:
O momento consumativo do roubo impróprio é outro. Ver: Art. 157, §2º, I e Art. 157, §3º, 1ª parte.
4) A e B sequestram C, no dia 5 de julho, solicitando no dia 6, por telefone, a seu pai D, que deixe num local predeterminado certa importância, como preço do resgate. D efetua o pagamento no dia 8, e C é libertado no dia 9.
a) Faça o enquadramento de A e B, indicando o momento consumativo:
Extorsão mediante sequestro (Art. 159), como passou mais de 24h, é qualificado no §1º. Consumou-se dia 5, que é o momento da privação da liberdade.
b) E caso C sofresse lesões graves num acidente do carro que o transportava?
Seria, então, qualificado pelo §2º (preterdoloso - não precisa ter dolo de querer machucar o sujeito).
5) A, servindo-se de um talão de cheques que encontrara na rua, ingressa na loja de B e compra algumas mercadorias. B aceita o pagamento por cheque, então emitido por A, ponderando todavia que entregaria no mesmo dia as mercadorias em casa. Para que nada transparecesse, A concorda e vai embora. No Banco, B é informado de que o cheque não pertence ao emitente e B não remete as mercadorias para a casa de A.
a) Faça o enquadramento legal de A:
Estelionato (falsificou assinatura para obter vantagem indevida), que se consumiria com a obtenção da vantagem indevida (Art. 171 c/c Art. 14, II - tentado).
b) Figurar hipótese em que as mercadorias fossem entregues no ato da compra;
É estelionato consumado.
c) Figurar hipótese na qual o cheque pertença a A, mas não disponha de suficiente provisão de fundos. Determine o momento consumativo do delito.
Estelionato (Art. 171, VI), consuma-se quando o cheque é apresentado ao banco e há recusa ao pagamento.
6) A, sabedor que certo caminhão fora furtado num estado do sudoeste, dispõe-se mesmo assim a comprá-lo, Como não possui numerário suficiente, induz B a associar-se na compra, assegurando-lhe que o baixo preço é fruto de uma situação de necessidade do suposto proprietário. B, apesar da evidente desproporção do preço, e das precárias condições pessoais de A, aceita a proposta, e o caminhão é adquirido. Faça o enquadramento legal de A e B, dizendo se há concurso de agentes:
‘A’ => receptação, Art. 180, 2ª parte.
‘B’ => poderia ser receptação culposa, mas é vítima e não agiu conjuntamente com ‘A’.
Aula 28/06/2017
Crime praticados por particular contra a administração
1. Resistência (Art. 329): opor-se a execução de algo legal mediante resistência (empregar violência ou ameaça - por outro lado, a Resistência Passiva não é crime) contra a autoridade que estiver dando uma ordem ou cumprindo um ato legal (pode ter acompanhamento de um terceiro particular, que também não pode ser agredido).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: o Estado, o funcionário público, e até mesmo um particular caso esteja auxiliando o funcionário público.
Tipo objetivo: texto acima.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: quando realiza o ato objetivo.
=> Pode ter concurso com lesão leve ou grave (responde pelos dois crimes).
2. Desobediência (Art. 330): desobedecer ordem estrita e regular, sendo
o funcionário público competente para emitir a ordem. Se há um sanção especificada (sanção administrativa) para o descumprimento de um ato de ofício, não persiste o crime de desobediência, a menos que haja ressalva expressa (Princípio da Intervenção Mínima).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: o Estado, e o funcionário que deu a ordem.
Tipo objetivo: texto acima.
Tipo subjetivo: dolo.
Consumação: depende na natureza da ordem e seu prazo - pode se consumar com a ação ou a omissão injustificada do agente ativo.
Ex. 219 CPP (ressalva)
3. Desacato (Art. 331): é uma injúria contra funcionário público (não pode ser de sociedade de economia mista, etc.) em razão de sua função, com a finalidade de humilhá-lo (a ofensa deve dizer respeito à função do funcionário).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: o Estado e o servidor público.
Tipo objetivo: texto acima.
Tipo subjetivo: dolo específico (no tipo penal consta a expressão: “a fim de...”. - este requisito foi construído pela doutrina).
Consumação: com o xingamento humilhante.
=> Embriaguez: conforme o Art. 28, II CP não se exclui o crime de desacato; mas como o crime pressupõe dolo específico de humilhar, não há o que se falar que o agente público seja humilhado por um bêbado.
=> Exaltação de ânimos
CASOS DE FIXAÇÃO
1) Sílvio, vigia do turno da tarde da UFRGS, após um dia exaustivo de trabalho, vai para sua casa esquecendo-se de fechar a janela de um dos laboratórios de informática. Carlos, que costumava circular às escondidas em torno dos pavilhões da Universidade, percebe que a janela estava aberta e aproveita para subtrair algumas placas de computadores. Quando Carlos está saindo pela janela com uma sacola é avistado por Marcos, o vigia do turno da noite, que finge que não o vê e segue o seu caminho. Pergunta-se: que delitos foram praticados? Por quê? Haveria concurso de agentes? Justifique sua resposta:
Silvo - peculato culposo (Art. 312, §2º CP)
Carlos - furto (Art. 155 CP)
Marcos - peculato-furto (Art. 312, §1º CP), no caso, comissivo por omissão; e não há concurso de agentes - cada um age por conta própria.
2) Julgue as assertivas a seguir:
I - Na concussão, a exigência do funcionário carrega uma ameaça à vítima, o que não ocorre na primeira modalidade da corrupção passiva, em que há mero pedido.
II - Marilúcia ingressou com uma ação de perdas e danos em face de Liliane, que foi distribuída para tramitar perante a 2ª Vara Cível. A juíza titular do juízo era inimiga capital de Marilúcia e, por animosidade e desejo de vingança contra a desafeta, retardou o andamento regular do processo, não despachando e retendo indevidamente os autos em uma gaveta de seu gabinete. Nessa situação, a magistrada praticou o crime de prevaricação.
III - Luiz, empregado da ECT, empresa pública federal, apropriou-se da importância de R$ 2000,00 referente à venda de selos, numerário de que tinha a posse em razão da função, a fim de comprar medicamentos. Dois dias depois, devolveu o dinheiro. Luiz praticou o crime de peculato de uso. Assinale a alternativa correta: 
b) Apenas a I e a II estão corretas;
Anotações:
I) correto
II) correta a prevaricação (não envolveu propina, mas agiu por conta própria).
III) não! (é bem fungível - dinheiro, então não se aplica peculato de uso, até porque não existe crime de peculato de uso); houve crime de peculato doloso.
3) (Magistratura Federal/3ª Região — 5º concurso) Se o funcionário, ainda que fora de seu ofício, insere, a pedido de amigo, em documento público a que ajudou a redigir, declaração falsa com o fim de beneficiá-lo, alterando a verdade sobre fato relevante e em prejuízo de terceira pessoa, comete crime de:
a) falsificação de documento público.
b) falsidade ideológica.
c) prevaricação.
d) corrupção passiva.
b) a perícia não identificará adulteração, então é falsidade ideológica.
4) (MP/SP — 87º concurso) Relativamente às assertivas abaixo, assinale, em seguida, a alternativa correta:
I. O crime de falsidade ideológica comporta modalidades comissivas e omissivas.
II. É possível a modalidade culposa do crime de falsificação de documento público.
III. Constitui crime de falsidade ideológica inserir dados inexatos em certidão de casamento verdadeira obtida junto ao cartório competente, mediante alteração dos dizeres, com o fim de prejudicar direito de terceiro.
IV. O objeto material do crime de uso de documento falso constitui-se de papéis materialmente ou ideologicamente falsos.
d) Somente a I e IV são verdadeiras.
5) No curso de uma assembleia de condomínio de prédio residencial foram discutidos e tratados vários pontos. O morador Rodrigo foi o designado para redigir a ata respectiva, descrevendo tudo que foi discutido na reunião. Por esquecimento, deixou de fazer constar ponto relevante debatido, o que deixou Lúcio, um dos moradores, revoltado ao receber cópia da ata. Indignado, Lúcio promove o devido registro na delegacia própria, comprovando que Rodrigo, com aquela conduta, havia lhe causado grave prejuízo financeiro. Após oitiva dos moradores do prédio, em que todos confirmaram que o tema mencionado por Lúcio, de fato, fora discutido e não constava da ata, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Rodrigo, imputando-lhe a prática do crime de falsidade ideológica de documento público. Considerando que todos os fatos acima destacados foram integralmente comprovados no curso da ação, o(a) advogado(a) de Rodrigo deverá alegar que
A) ele deve ser absolvido por respeito ao princípio da correlação, já que a conduta por ele praticada melhor se adequa ao crime de falsidade material, que não foi descrito na denúncia.
B) sua conduta deve ser desclassificada para crime de falsidade ideológica culposa.
C) a pena a ser aplicada, apesar da prática do crime de falsidade ideológica, é de 01 a 03 anos de reclusão, já que a ata de assembleia de condomínio é documento particular e não público.
D) ele deve ser absolvido por atipicidade da conduta.
D, Atipicidade da conduta, porque não houve dolo (além do mais ato de assembleia de condomínio não é documento público, mas particular).
6) Aproveitando-se da ausência do morador, Francisco subtraiu de um sítio diversas ferramentas de valor considerável, conduta não assistida por quem quer que seja. No dia seguinte, o proprietário Antônio verifica a falta das coisas subtraídas, resolvendo se dirigir à delegacia da cidade. Após efetuar o devido registro, quando retornava para o sítio, Antônio avistou Francisco caminhando com diversas ferramentas em um carrinho, constatando que se tratavam dos bens dele subtraídos no dia anterior. Resolve fazer a abordagem, logo dizendo ser o proprietário dos objetos, vindo Francisco, para garantir a impunidade do crime anterior, a desferir um golpe de pá na cabeça de Antônio, causando-lhe as lesões que foram a causa de sua morte. Apesar de tentar fugir em seguida, Francisco foi preso por policiais que passavam pelo local, sendo as coisas recuperadas, ficando constatado o falecimento do lesado. Revoltada, a família de Antônio o procura, demonstrando interesse em sua atuação como assistente de acusação e afirmando a existência de dúvidas sobre a capitulação da conduta do agente. Considerando o caso narrado, o advogado esclarece que a conduta de Francisco configura o(s) crime(s) de
A) latrocínio consumado.
B) latrocínio tentado.
C) furto tentado e homicídio qualificado.
D) furto consumado e homicídio qualificado.
D. Não é latrocínio, pois não acontece tudo em mesmo momento.
7) Após realizarem o roubo de um caminhão de carga, os roubadores não sabem como guardar as coisas subtraídas até o transporte para outro Estado no dia seguinte. Diante dessa situação, procuram Paulo, amigo dos criminosos, e pedem para que ele guarde a carga subtraída no seu galpão por 24 horas, admitindo a origem ilícita do material. Paulo, para ajudá- los, permite que a carga fique no seu galpão, que é utilizado como uma oficina mecânica, até o dia seguinte. A polícia encontra na mesma madrugada todo

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