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Aquisição de Linguagem1

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	Pensamento e Linguagem- I
 Teresinha Bianchi 
	
Apresentação
Tenho desenvolvido material didático na área de Psicologia desde 1997 e espero que este tutorial seja útil no sentido de colaborar no processo de formação acadêmica de alunos de graduação do curso de Psicologia.
Parte deste tutorial comporá capítulos de um livro que está sendo desenvolvido por mim. 
Adriana Ribas
O processo de aquisição de linguagem pela criança
Comunicação pré-lingüística
	
Como destaca Newson (1978), em um livro clássico sobre o tema:
“ O termo comunicação refere-se a nosso poder de criar significados compartilhados com outras pessoas, via interação, que faz uso de mímicas, gestos, e todo um conjunto de possibilidades de expressão de emoções e sentimentos” (Newson, 1978, p.31).
Nas interações que ocorrem entre as crianças e seus parceiros desde fases iniciais do desenvolvimento o processo comunicativo se aperfeiçoa. A criança, antes de poder compreender a linguagem falada pelo adulto e antes de poder produzir a fala, tem a capacidade de estabelecer trocas comunicativas bastante significativas.
Como destaca Ribas (1996): 
” No processo de interação adulto-bebê desenvolvem-se meios de comunicação ou meios que os parceiros encontram para “fazer sentido um para o outro”, através dos quais é possível que eles demonstrem o que esperam, o que é permitido, proibido, o que causa prazer, etc. Os sinais comunicativos aparecem associados uns aos outros em determinados contextos de interação e adquirem um sentido para os parceiros, de acordo com o contexto em que ocorrem. Entende-se que há um processo de comunicação que é construído conjuntamente e envolve uma negociação de significações” (Ribas, 1996, p. 32).
O Desenvolvimento da produção de fala
Fase pré-lingüística
Considerando a produção oral da criança no primeiro ano de vida, pode-se identificar uma série de etapas. A seguir será descrita uma classificação baseada em Ribas (1999) e Papalia e Olds (1981, p.152-155).
 Choro indiferenciado – ação reflexa
 Choro diferenciado – diferentes tipos de choro, em termos do padrão, intensidade, altura. Estes tipos de choro expressam diferentes estados e necessidades.
 Emissões vocais simples 
 Arrulhamentos ou arrulhos – sons vocálicos
Balbucios – os sons vocálicos passam a ser combinados com sons consonantais, o que caracteriza o chamado balbucio
O balbucio “lembra” emissões de sílabas, inicialmente balbucios simples, em seguida balbucios duplicados e posteriormente balbucios variados
O repertório de sons produzidos no balbucio é muito semelhante entre os bebês expostos a diferentes línguas, mas os sons que as crianças usam na formação de suas primeiras palavras tendem a ser aqueles usados na língua que elas ouvem.
Em torno dos 10 meses de idade observa-se uma diferenciação do som do balbucio relacionada ao idioma falado pelo grupo ao qual a criança pertence. 
Durante a fase pré-lingüística, como destacam Papalia e Olds (1981), a criança incorpora um conjunto básico de sons que é capaz de produzir. A esta fase se segue a chamada fase lingüística.
Fase lingüística
	Primeiras palavras - Por volta de um ano, em média, as primeiras palavras são produzidas. A primeira palavra é um evento ansiosamente esperado. Neste estágio, para que um som seja considerado como uma palavra ele não precisa ser igual a qualquer som falado pelos adultos ao seu redor. O que é necessário, segundo Scollon (1976) é um pareamento entre forma e significado. Ou seja, que haja um uso contínuo e estável de um som relacionado a um significado.
	Frase de uma palavra (holófrase) – Carroll (1994) define a holófrase como: “Holófrase pode ser definida como a emissão de uma única palavra que é usada pela criança para expressar mais do que o significado usualmente atribuído àquela palavra única” (Carroll, 1994, p..273).
Fase lingüística
 Primeiras sentenças – Por volta de 18 meses as crianças tendem a fazer as primeiras sentenças de duas palavras. Mas, por algum tempo ainda continuam a usar também palavras isoladas. Progressivamente, estas emissões singulares desaparecem quase totalmente e a criança começa a usar sentenças de 3 e 4 palavras e cria combinações cada vez mais complexas.
As primeiras sentenças têm como características:
 Curtas
 Simples - geralmente com substantivos, verbos e adjetivos. Quase todos os outros marcadores gramaticais estão ausentes, tais como:.plural, possessivos, verbos auxiliares e preposições.
 Fala telegráfica – estão presentes na fala apenas as palavras mais importantes. Este nome tem relação com o tipo de sentença que se utiliza em telegramas.
Fala criativa – as crianças criam sentenças novas e absolutamente criativas, as quais podem nunca ter ouvido antes.
Fenômenos comuns no uso das primeiras palavras
Generalização: A criança usa uma palavra para se referir a uma classe ampla de objetos.
Restrição: A criança usa a palavra de forma restrita, como se aquela palavra se referisse apenas a um exemplar específico do objeto.
Estes dois fenômenos podem indicar que as categorias semânticas da criança não correspondem exatamente às do adulto.
Motherese ou Maternalês
É um tipo de linguagem que os adultos utilizam quando falam com bebês e crianças pequenas.
É uma linguagem específica com modificações fonéticas, sintáticas e semânticas.
Com base nos textos explique o relato da pesquisa realizada por Fernald e Kuhl (1987), sobre a eficiência do uso do motherese. Como a pesquisa foi realizada? A que resultados e conclusões os experimentadores chegaram?
O maternalês é um ajuste lingüístico que os adultos fazem ao se comunicar com bebês e crianças pequenas. Como destacam Papalia e Olds (1981), no uso do maternalês os adultos tendem a usar frases mais curtas, uma gramática mais simples, palavras de compreensão mais fácil, fala mais vagarosa, maior variação em termos de graves e agudos, diminutivos e muita repetição.
Texto complementar
Sobre o uso do maternalês e o processo comunicativo adulto-bebê Ribas (1996) destaca que :
“No processo comunicativo mãe-bebê (ou adulto-bebê) um conceito muito significativo é o de scaffolding ou situação de suporte, apresentado por Rogoff (1990). Ou seja, esta noção aplicada à comunicação entre mãe e bebê pode ser compreendida quando observa-se que é comum que o adulto forneça uma redundância de mensagens (por exemplo, verbais e não-verbais) para o bebê de modo a assegurar a compreensão, e tal suporte facilita a comunicação” (Ribas, 1996, p.32).
Funciona também como elemento facilitador da comunicação entre adultos e bebês a simplificação da fala do adulto, que é guiada pela interpretação da compet6encia comunicativa da criança. Este processo deve ser entendido como dinâmico, uma vez que o adulto avalia a necessidade e a modalidade de suporte que oferece à criança através do feedback que recebe no processo interativo. Este aspecto foi estudado de modo interessante por Heckhausen (1987). A autora observa que as mães adaptam o seu comportamento quando interagem com o bebê em função da observação e da interpretação que fazem do comportamento do bebê e não em função da idade ou nível de desenvolvimento do bebê” (Ribas, 1996, p.32-33).
A aquisição de linguagem envolve dois processos: a compreensão e a
produção de linguagem
 	
A aquisição de linguagem envolve dois processos complementares, o de compreensão e o de produção de linguagem
Para aprofundar seu conhecimento sobre a aquisição de linguagem leia o texto a seguir da autoria de Seidl de Moura (1987) que explica em detalhe os níveis de desenvolvimento de compreensão e produção de linguagem.
Níveis de desenvolvimento de compreensão e produção de linguagem, segundo Seidl de Moura (1987).Compreensão
Estágios Pré-compreensão
0- A criança não atende nem responde à fala consistentemente. Jogos ritualizados entre o adulto e a criança
A criança começa a responder a fala, mas limitada a “input” lingüístico altamente estereotipado.
Estágios de Compreensão
2 –Nível inicial de compreensão. A criança é capaz de responder a uma unidade numa determinada emissão.
3- Resposta da criança a duas unidades semânticas numa determinada emissão. Começo da associação de palavras. Aumento do vocabulário de compreensão, incluindo modificadores.
4- Aumento mais rápido do número de palavras compreendidas. Desenvolvimento semântico. Compreensão de possessivos.
5- A criança é capaz de compreender relações entre palavras em emissões com mais de três unidades semânticas. O vocabulário compreendido parece incluir quase tudo que faz parte do ambiente próximo da criança.
6- Compreensão sistemática da fala, mesmo em sentenças complexas.
Produção
Estágios Pré-produção
0- A criança balbucia mas não fala palavras em contexto significativo.
Vocalizações que soam como palavras.
 
Estágios de Produção
2- Fase da palavra-frase ou holofrásica. Emissão de palavras isoladas, especialmente substantivos e palavras de ação , usadas de forma sistemática e significativa. Vocabulário entre 3 e 50 palavras.
3- Produção espontânea de emissões com duas palavras. Aumento do vocabulário de produção (mais de 50 itens), produção de palavras de outras categorias, além de substantivos e palavras de ação. Aumento do comportamento comunicativo e interesse em linguagem.
4- Aumento mais rápido de vocabulário. Produção de emissões de pelo menos três palavras. Sentenças e frases faladas têm características da gramática infantil, não são imitações dos adultos.
5- Vocabulário amplo, bastante inteligível mesmo para estranhos. Produção de emissões de mais de três palavras, cuja complexidade é quase a mesma da linguagem adulta.
6- A linguagem falada está bem estabelecida, os desvios da norma adulta parecem ser mais em estilo do que na gramática.
Qual o papel dos parceiros sociais da criança
no processo de aquisição de linguagem?
Atividades práticas complementares
Atividade 1 – Entrevista
 Elabore um roteiro de entrevista a ser realizada com 20 mães que tenham filhos com idade entre 2 e 6 anos. O objetivo desta entrevista é, tendo como base o relato das mães, investigar em que idade as crianças produziram a primeira palavra, com que idade elas começaram a compreender a linguagem e qual a primeira palavra falada (exemplo: se foi um substantivo comum, substantivo próprio, adjetivo, verbo, etc.)
Após a realização de todas as entrevistas, organize e analise os dados, em seguida discuta os resultados obtidos.
Atividades práticas complementares
,
Atividade 2 – Observação
 Observe, com autorização da família, um bebê com idade entre 6 e 12 meses por 20 minutos, registrando as suas produções vocais e possíveis indicações de que ele compreende a linguagem falada pelo adulto.
Faça um relatório de sua observação. Discuta os dados e integre estes dados com os aspectos teóricos estudados.
Questionário complementar
1.O que se entende por comunicação pré-linguística ? Ilustre um episódio de comunicação pré-linguística e explique que processos estão envolvidos.
2.Explique os fenômenos de generalização e restrição durante o processo de aquisição da linguagem. Complemente sua resposta exemplificando como cada um desses fenômenos se manifesta.
3.Explique as principais fases do desenvolvimento de produção de fala pela criança.
4Caracterize o chamado “maternalês” ou a linguagem “motherese”. Explique como esta linguagem se apresenta, que funções ela tem e se é eficiente no seu uso.
5. Antes do nascimento as crianças estão expostas à linguagem? Caso você responda que sim, explique sua resposta e cite algumas pesquisas realizadas sobre a fala dos adultos com as crianças antes do nascimento.
Referências bibliográficas
Heckhausen, J. (1987). How do mothers know? Infant’s chronological age or infants’performance as determinants of adaptation in maternal instruction? Journal of Experimental Child Psychology, 43, 212-226.
Newson, J. (`1978). Dialogue and development. In.: A. Lock (Ed.) Action, gesture and symbol. The emergence of language. London, Academic Press.
Oliveira, R. Notas de aula produzidas a partir da obra:Caroll, D. W. (1994). Psychology of Language. California, Brooks Cole Publishing Company.
Ribas, A.F. P. (1996) Interações precoces mãe-bebê: A gênese de Zonas de Construção. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Ribas, A.F. P. (1999). Notas de Aula.
Rogoff, B. (1990). The joint socialisation of development by young children and adults. In.: Lee, V. (Ed.) Children’s learning in school. London: Hodder & Stoughton.
Seidl de Moura, M. L. (1987). Duas Vertentes da ontogênese da linguagem no desenvolvimento cognitivo. Tese de doutorado. Rio de janeiro: FGV, ISOP.
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Algumas noções básicas & atividades práticas Ribas, A. F. P. (2003)
Atualizado a partir da versão de 2001
	
Psicologia do Pensamento e da Linguagem
Elaborado pela
Prof. Adriana F. P. Ribas
O processo de aquisição de linguagem pela criança representa uma das áreas mais significativas no estudo do desenvolvimento infantil e dos processos cognitivos.
Antes de poder se comunicar através da linguagem falada, as crianças se utilizam de estratégias não verbais para se comunicar com os outros, como por exemplo: o choro, os gestos, a postura, as expressões faciais, o sorriso, etc.
A criança desenvolve habilidades de comunicação antes de dominar a linguagem, no sentido mais estrito da fonologia, sintaxe e semântica.
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