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Unidade I
Como funciona a aquisição da linguagem?
Processos de 
Aquisição da 
Linguagem Oral e 
da Escrita
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
IOLANDA DIAS GÓES
AUTORIA
Iolanda Dias Góes
Olá. Sou graduada em Letras – Língua Portuguesa e Linguística pela Uni-
versidade de São Paulo (USP) e mestre em Linguística pela mesma instituição. 
Atuo como pesquisadora no Laboratório de Estudos em Aquisição da Lingua-
gem, realizando trabalhos sobre a aquisição da sintaxe no português brasileiro. 
Além disso, trabalho como professora de Língua Portuguesa e como revisora 
de textos acadêmicos, inclusive para disciplinas a distância (EAD).
Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de 
trabalho a quem também tem interesse por Linguística e aquisição. Por isso, 
fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores in-
dependentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito 
estudo e trabalho.
Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento 
de uma nova 
competência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando necessárias 
observações ou 
complementações 
para o seu 
conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas 
e links para 
aprofundamento do 
seu conhecimento;
REFLITA:
se houver a 
necessidade de 
chamar a atenção 
sobre algo a ser 
refletido ou discutido;
ACESSE: 
se for preciso acessar 
um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de 
autoaprendizagem 
for aplicada;
TESTANDO:
quando uma 
competência for 
concluída e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Processo de aquisição da linguagem ................................................. 10
A hipótese da imitação ................................................................................................................ 10
A hipótese comportamentalista ........................................................................................... 13
Hipótese construtivista (Piaget) e hipótese socioconstrutivista 
(Vigotsky) ............................................................................................................................................... 15
Hipótese conexionista ................................................................................................................. 16
Hipótese inatista ............................................................................................................................... 18
Aquisição da linguagem: fonologia e morfologia .........................23
Aquisição de aspectos fonológicos ...................................................................................23
Aquisição de aspectos morfológicos .............................................................................. 30
Aquisição da linguagem: sintaxe, semântica e pragmática .....34
Aquisição de aspectos sintáticos ........................................................................................34
Aquisição de aspectos semânticos e pragmáticos .............................................. 38
Distúrbios de linguagem oral.................................................................44
Identificando os distúrbios de linguagem oral ..........................................................45
Como caracterizar um distúrbio de ordem linguística ........................................45
7
UNIDADE
01
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
8
INTRODUÇÃO
Você já parou pra pensar como aprendemos a falar? Falar é algo tão 
natural para nós que, dificilmente, paramos para analisar esse processo, mas há 
séculos filósofos e estudiosos de diferentes áreas se questionam sobre isso. O 
filósofo Platão, por exemplo, problematizou o fato de as crianças aprenderem 
a “falar pelos cotovelos” muito depressa sem serem ensinadas por um adulto – 
o que ficou conhecido como “o problema de Platão”.
Posteriormente, foram surgindo outros questionamentos, feitos, 
principalmente, por linguistas e psicólogos. Alguns deles são: o que as crianças 
escutam é o suficiente para adquirirem linguagem? O que exatamente elas 
aprendem sobre sua língua materna? Será que em todas as línguas as 
crianças aprendem da mesma forma? Será que questões como a classe social 
interferem na aquisição?
Ao longo da Unidade abordaremos esta incrível capacidade da espécie 
humana. Além disso, responderemos alguns desses questionamentos. 
Vamos lá?
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Como funciona a aquisição da 
linguagem? Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das 
seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos:
1. Compreender o processo de aquisição de linguagem com base 
em diferentes hipóteses. 
2. Entender como se processa a aquisição da linguagem sob o 
aspecto da Fonologia e da Morfologia.
3. Compreender o curso da aquisição da linguagem sob o prisma da 
Sintaxe e da Semântica.
4. Identificar os distúrbios da linguagem oral.
Então? Preparado para adquirir conhecimento sobre um assunto 
fascinante como esse? Vamos lá!
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
10
Processo de aquisição da linguagem
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você será capaz de diferenciar as 
hipóteses que tentam explicar a aquisição da linguagem 
e, ao compará-las, compreender que a aquisição ocorre 
graças à capacidade linguística inata, exclusiva da espécie 
humana, possibilitando um novo olhar sobre a relação da 
criança com a linguagem escrita. 
Todas as crianças adquirem, pelo menos, uma língua, e esse 
processo ocorre quando elas ainda são muito novas. Em torno dos cinco 
anos, elas já demonstram domínio de, praticamente, todas as estruturas 
complexas de sua língua materna, mesmo que ainda não saibam realizar 
outras atividades simples com perfeição, como amarrar o cadarço dos 
sapatos. Essa facilidade não é observada quando nós, que já somos 
adultos, aprendemos uma segunda língua, não é mesmo? Então, como 
as crianças conseguem? Como ocorre, afinal, a aquisição da linguagem? 
Diferentes hipóteses foram formuladas para explicar esse processo. Nós 
vamos conhecê-las neste Capítulo.
A hipótese da imitação
É intuitivo pensar que as crianças aprendem a falar imitando o 
que ouvem os adultos dizer, e existem argumentos que favorecem essa 
hipótese. Um deles é que as crianças adquirem uma língua materna 
à medida que são expostas a essa língua, ou seja, com base no input 
linguístico que recebem. Então, crianças que escutam o português falado 
no Brasil (que, daqui em diante chamaremos de “PB”, a sigla para português 
brasileiro) aprendem essa língua. Indo ao encontro dessa teoria, caso 
crianças nascidas no Brasil fossem expostas exclusivamente ao japonês, 
elas o aprenderiam. Outro argumento é que as crianças imitam palavras, 
mesmo que ainda não saibam o significado delas. É o que ocorre quando 
pedimos para uma criança repetir “paralelepípedo” e elas o fazem, mas 
não tem ideia do que isso seja.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
11
Figura 1 – Hipótese da imitação
 
Fonte : Pixabay.
Embora a imitação ocorra nesses contextos, o ponto é: podemos 
dizer que ela, sozinha, dá conta de explicar o processo de aquisição da 
língua materna? A resposta é não.
Para justificá-la, primeiramente, precisamos esclarecer que a línguanão se resume a um dicionário de palavras que podem ser aprendidas e 
decoradas – como as pessoas tendem a pensar, sobretudo quando se 
aprende uma segunda língua. Se a língua fosse apenas isso, poderíamos 
formar frases colocando as palavras na ordem que quiséssemos, 
afinal, importaria apenas saber as palavras. No entanto, não é isso que 
acontece. Para se fazer entender, é absolutamente necessário saber o 
que vem antes e o que vem depois nas frases , por exemplo, no PB, o 
complemento de um verbo vem antes ou depois dele? Costumamos dizer 
“Comi o bolo” ou “O bolo comi”? Também é necessário saber indicar se as 
ações ocorreram no passado, no presente ou se ainda ocorrerão. Além 
desses dois exemplos, há muitas outras coisas que aprendemos sobre 
a língua além das palavras, o que, com certeza, não é possível codificar 
apenas imitando o que é ouvido.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
12
É preciso considerar, também, que a produção dos filhos não reflete 
exatamente a produção dos adultos. Estudos mostram que, ao falarem 
com seus filhos, os pais utilizam, principalmente, perguntas e ordens, 
enquanto as primeiras produções das crianças envolvem sentenças 
declarativas, que são estruturalmente mais simples.
A criatividade também é observada desde cedo nas produções 
infantis, possibilitando, assim, que as crianças produzam formas não 
observadas na fala dos adultos. É comum ouvir crianças de diferentes 
lugares regularizarem verbos irregulares, como “sabo” e “fazi”. Será 
que todas elas escutam isso dos pais? Ou será que elas imitam outras 
crianças? Isso acontece com todas, então, como seria possível considerar 
que estão imitando umas às outras se nem todas as crianças do mundo se 
conhecem? Será que todas estão inventando esses verbos?
Podemos mencionar, ainda, que apesar de o input ser necessário 
ao processo de aquisição, ele não é suficiente. É considerado pobre e 
recortado/fragmentado. Isso quer dizer que a fala dos adultos não 
contém todas as sentenças possíveis, estando sujeita a interrupções e 
esquecimentos, o que poderia prejudicar a aquisição se as crianças, de 
fato, apenas os imitassem.
Além disso, no início do processo de aquisição, mesmo que as 
crianças sejam capazes de julgar a gramaticalidade de sentenças da 
língua – ou seja, saibam distinguir o que pode do que não pode ocorrer –, 
elas analisariam o input de maneira muito mais simples do que é feito no 
final do processo.
Concluímos, com base nos argumentos apresentados, que 
a imitação não explica suficientemente o processo de aquisição da 
linguagem, apesar de ela ocorrer em certa medida. A seguir, veremos 
como a hipótese comportamentalista (o chamado “behaviorismo”, 
proposto por Skinner) tenta explicar a aquisição da linguagem. Esse 
sendo, porém, igualmente insuficiente.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
13
A hipótese comportamentalista
No final da década de 1950, o psicólogo B. F. Skinner postulou 
uma hipótese que ficou conhecida por “behaviorismo”, dada a tradução 
da palavra “comportamento” para o inglês, behavior. Em seu livro Verbal 
Behavior, Skinner propõe que a criança aprenda (e não adquira) a 
linguagem como um comportamento, conforme é estimulada e reforçada 
positivamente ao produzir enunciados corretos ou negativamente ao errar 
Figura 2 – B. F. Skinner
 
Fonte : Wikipedia.
Para formular essa hipótese, o psicólogo baseia-se em experimentos 
realizados com animais, nos quais eles aprendem, por exemplo, que 
receberão alimento ao soar de um sinal ou quando uma luz for acesa, 
depois de executar determinada tarefa. Neste caso, o alimento funciona 
como um reforço positivo, dado ao animal quando ele aprende a tarefa.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
14
Figura 3 – Experimentos que ensinam comportamentos a ratos em 
laboratórios
 
Fonte : Pexels .
Dizer que as crianças aprendem a falar por meio desses reforços 
é pressupor que os pais estejam sempre atentos à gramaticalidade do 
que as crianças produzem, o que não é verdade. Na maioria das vezes, os 
pais corrigem a veracidade do que as crianças dizem, também apontando 
se algo é ou não adequado (e educado) para o contexto. É praticamente 
impossível que os pais digam: “Veja, você usou a ordem errada para o PB, 
isso não é permitido em nossa língua”. Inclusive, eles até acham “bonitinha” 
a forma como os filhos falam.
IMPORTANTE:
Vale ressaltar que, nesta hipótese, a reprodução da fala dos 
filhos por parte dos pais seria como um reforço positivo. 
Isso nos levaria a esperar que, ao final do processo, elas 
continuassem errando, o que não ocorre.
Quando apontam inadequações gramaticais – o que raramente 
acontece – a tendência das crianças é repetir o errado. É o que vemos 
na regularização de verbos irregulares. Todo pai já tentou dizer ao filho 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
15
que não é “trazi”, e sim “trouxe”, mas a criança continua falando “trazi”. 
Da mesma forma, os pais não costumam elogiar tudo o que as crianças 
dizem de certo e, mesmo sem receberem reforços positivos, a aquisição 
da língua acontece.
Em vista dessas questões, dizer que aprender a linguagem é 
meramente desenvolver um comportamento também não é explicar a 
complexidade do processo. Pelo contrário, é ignorar a incrível capacidade 
do ser humano de criar, fazer analogias e produzir sentenças nunca 
antes ouvidas, sem necessitar de estímulos ou reforços, diferentemente 
dos animais, cujo sistema cognitivo é mais primitivo em relação a essas 
questões.
Outras hipóteses que explicam a aquisição da linguagem vieram 
também do campo da Psicologia, como o construtivismo (de Piaget) e o 
socioconstrutivismo (de Vygotsky). 
Hipótese construtivista (Piaget) e hipótese 
socioconstrutivista (Vigotsky)
Skinner, Piaget e Vygotsky falam em aprender ou desenvolver a 
linguagem, não em adquirir. Isso porque a noção de aquisição está mais 
associada ao campo da Linguística que estuda a linguagem por si só, sem, 
necessariamente, relacioná-la a outros comportamentos e habilidades 
cognitivas.
Sumariamente, para Piaget, todo desenvolvimento cognitivo da 
criança passa pelos seguintes estágios: sensório-motor (zero a dezoito 
meses), pré-operatório (dois a sete anos), operações concretas (sete a 
doze anos) e operações formais. Isso ocorre universalmente, isto é, faz 
parte do desenvolvimento de qualquer criança. Conforme completa um 
estágio, a criança desenvolve as capacidades necessárias para o estágio 
seguinte, o que provoca mudanças em seu desenvolvimento. Nesta 
perspectiva, a criança constrói seu conhecimento por meio da experiência 
com o mundo físico. Vygotsky, por sua vez, defende que o conhecimento 
é construído na interação com o outro, sendo o outro dotado de um 
conhecimento maior.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
16
OBSERVAÇÃO: As abordagens construtivista e socioconstrutivista 
são amplamente utilizadas no âmbito escolar para tratar do processo de 
aprendizagem. 
É evidente que as abordagens de ambos os autores estão presentes 
em muitos métodos de aprendizagem no âmbito escolar, funcionando 
de maneira bastante eficaz. No entanto, no que diz respeito à aquisição 
da linguagem, ambas as hipóteses não podem explicar o processo por 
completo.
No caso de Piaget, não considerar o social da criança, apenas a sua 
experiência individual com o mundo físico, é um problema. Isso porque, 
como vimos, o input é necessário para que a criança adquira linguagem, 
embora não seja suficiente. Além disso, as habilidades intelectuais das 
crianças são maiores e mais abrangentes do que Piaget pressupõe, e 
os estágios estabelecidos são bastante rígidos, não necessariamente 
condizendo com a realidade dinâmica do processo de aquisição da 
linguagem.
Quanto às ideias de Vygotsky, lembramos que, nem sempre 
as interações linguísticas com os adultos implicam o queas crianças 
produzem. Algumas sentenças que só são observadas na fala de crianças 
são absolutamente criativas em termos linguísticos, o que sugere que 
nem tudo é aprendido com os adultos.
Uma abordagem um pouco mais recente para a aquisição 
da linguagem é a abordagem do conexionismo. 
Hipótese Conexionista
O conexionismo explica as habilidades intelectuais humanas por 
meio de redes neurais compostas de unidades que se conectam. Há 
unidades de entrada (inputs), nas quais as informações são recebidas, 
e unidades de saída (outputs), que correspondem aos resultados das 
informações processadas. Na Figura 4, o funcionamento de uma rede 
neural simples pode ser observado.
 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
17
Figura 4 – Rede neural
Fonte : Pixabay.
Nesta proposta, ao receber um input, por exemplo, no verbo “saber”, 
a criança modifica suas conexões da rede para produzir os outputs 
correspondentes. No caso desse verbo, conforme a criança avançar 
no processo de aquisição, ela reforçará a conexão com o output “sei” e 
enfraquecerá a conexão com “sabo”. Em seguida, a rede pode generalizar 
o aprendizado para novos estímulos, como outros verbos (fazer, trazer 
etc.).
Apesar de o conexionismo explicar bem o que ocorre no caso 
da aquisição de verbos irregulares, ele não dá conta de explicar a 
aprendizagem de aspectos sintáticos, como restrições impostas pela 
língua ao uso de pronomes e aos movimentos de determinados elementos 
dentro da sentença. Além disso, os falantes de uma língua são capazes 
de identificar se uma sentença é ou não ambígua, enquanto pelas redes 
neurais essa identificação não é possível.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
18
As teorias que usam o conexionismo como base não nos permitem 
ter, ainda, um retrato definitivo de como a linguagem seria adquirida por 
completo. Ainda são necessários mais estudos.
A hipótese que, até o presente momento, é a mais aceita pela 
linguística, para explicar o processo de aquisição da linguagem é de 
cunho racionalista, conhecida como “hipótese inatista”. 
Hipótese inatista 
Nas hipóteses vistas anteriormente, observamos que a aquisição 
da linguagem tem características difíceis de serem totalmente explicadas 
por imitação, estímulo e reforço ou interação com o mundo físico e 
a sociedade. As produções infantis sugerem que, em torno dos três 
anos, as crianças inconscientemente sabem lidar com as regras de sua 
língua materna. Isso ocorre de maneira natural, involuntária e rápida, 
sem qualquer esforço ou decisão por parte da criança, sem que ela seja 
instruída por um adulto e sem que seu input seja facilitado ou programado 
para isso – ao contrário do que ocorre quando se trata da aquisição de 
uma segunda língua.
OBSERVAÇÃO: O “problema de Platão” possibilitou que linguistas 
observassem essas características no processo de aquisição da 
linguagem.
O fato de que todas as crianças que têm desenvolvimento típico 
passem por esse mesmo processo, adquirindo a linguagem perfeitamente 
sem precisarem de ensinamento, é chamado de “universalidade da 
linguagem”. Já o fato de crianças de diferentes lugares, que recebem 
criações distintas e fazem parte de segmentos sociais diversos, passarem 
pelos mesmos estágios de aquisição da linguagem e chegarem da mesma 
forma ao estágio final, é conhecido como “uniformidade da linguagem”.
Para dar conta de explicar que o processo de aquisição da linguagem 
tem essas características, é preciso postular uma hipótese que considere 
a existência de algo genético, isto é, programado na configuração 
genética humana, que seja responsável por possibilitar a toda a espécie o 
conhecimento das propriedades que constituem as línguas naturais. Dada 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
19
essa necessidade, a hipótese inatista defende que o ser humano tenha 
uma capacidade inata de adquirir linguagem. Tal capacidade é conhecida 
como “competência linguística”, e pode ser observada pela criatividade 
linguística da criança e a intuição que ela tem sobre sua língua.
O teórico responsável por essa hipótese é o linguista e sociólogo 
Noam Chomsky.
Figura 5 – Noam Chomsky
Fonte : Wikipedia.
VOCÊ SABIA?
Noam Chomsky também é filósofo e sociólogo, e atua 
como ativista político. Inclusive, o primeiro texto produzido 
por ele foi sobre política, não sobre linguagem.
Considerando que todas as crianças de desenvolvimento típico 
sejam geneticamente programadas para adquirir uma língua e o façam 
da mesma maneira: por que, então, as línguas são diferentes umas das 
outras?
Chomsky propõe que todas as línguas obedeçam aos mesmos 
princípios, mas variem em algumas propriedades, que são chamadas de 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
20
“parâmetros”. Por exemplo, em todas as línguas as sentenças devem ter 
sujeito. Isso é um princípio. Porém, algumas línguas exigem que o sujeito 
esteja foneticamente expresso, como é o caso do inglês, enquanto outras 
possibilitam que o sujeito seja nulo, como o PB. As possibilidades variam de 
uma língua para outra porque elas têm parâmetros específicos. Essa parte 
da proposta ficou conhecida como teoria dos princípios e parâmetros.
A partir dessa teoria, Chomsky defende que as crianças possuem 
internalizada em sua mente/cérebro uma gramática universal (que, daqui 
em diante, chamaremos de GU) composta por um conjunto de princípios 
universais, comuns a todas as línguas, e de parâmetros correspondentes 
a uma língua específica. A tarefa da criança ao adquirir a linguagem é, 
com base no input recebido, compreender como sua língua funciona, 
além de fixar os parâmetros a ela correspondentes. Assim, a GU guia a 
criança no processo de aquisição, sendo como um estágio inicial ou um 
ponto de partida. É por meio dela que a criança aprende as regras que 
regem as estruturas de sua língua materna – não no sentido prescritivo do 
que é certo ou errado, mas do que é gramatical (possível) ou agramatical 
(impossível) na língua, alcançando, mais tarde, o estágio final do processo.
..............................................................................................................................................................................................................................
Figura 6 – Funcionamento da GU
Princípios (universais)
+
Parâmetros (específicos)
=
Estágio final
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
Chomsky postula, ainda, que a aquisição da linguagem tem um 
período crítico para ocorrer. De acordo com ele, se até a puberdade a 
criança não tiver adquirido sua língua materna, isso não será mais possível.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
21
OBSERVAÇÃO: Quando falamos de aquisição de segunda língua, a 
existência de um período crítico se torna ainda mais evidente. Já tentou, 
depois de adulto, ficar fluente em outra língua? É bem difícil!
Evidências de que o período crítico exista estão nas histórias de 
crianças que, por diferentes motivos, cresceram isoladas da sociedade. 
Um caso clássico é o da menina Genie Wiley que, na década de 1960 
(auge desta teoria), viveu aprisionada pelo pai no sótão de sua casa 
até os 13 anos, sem qualquer interação linguística ou física com outra 
pessoa. Após ser resgatada pelas autoridades, Genie foi atendida por 
pesquisadores de diferentes áreas, inclusive linguistas, que tentaram 
ensinar à menina a gramática do inglês. Mesmo com muito esforço, Genie 
só conseguiu aprender algumas palavras, sendo incapaz de produzir 
sentenças estruturalmente aceitas na língua. O mesmo ocorreu quando 
tentaram ensiná-la a usar a língua de sinais americana.
O caso de Genie deixa claro que a presença do ambiente, ou seja, do 
input, é necessária ao processo de aquisição, embora não seja suficiente. 
Como ela não teve acesso a dados da língua, ainda que sua natureza 
permita adquirir linguagem, a marcação dos parâmetros correspondentesà língua ficou impossibilitada e, consequentemente, o processo de 
aquisição da linguagem não ocorreu.
SAIBA MAIS:
Para conhecer melhor a história de Genie, assista ao 
documentário Wild child: the story of feral children. Para 
acessar, clique aqui .
Uma vez conhecida a hipótese mais aceita na Linguística para 
explicar a aquisição da linguagem, vamos a um resumo do Capítulo para, 
a partir do Capítulo seguinte, iniciar a apresentação do curso da aquisição 
da linguagem, isto é, os estágios pelos quais as crianças passam para 
adquirir a linguagem em seus diferentes níveis, do mais simples ao mais 
complexo.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
https://www.youtube.com/watch?v=VjZolHCrC8E
22
RESUMINDO:
E então? Conseguiu compreender o que você estudou 
até aqui? Que tal resumirmos o que aprendemos? Sobre 
as hipóteses de aquisição da linguagem, você deve ter 
aprendido que a imitação e a interação com o outro 
não explicam suficientemente o processo de aquisição 
da linguagem, uma vez que a fala das crianças não é, 
necessariamente, uma reprodução da fala adulta; dizer 
que aprender a linguagem é meramente aprender um 
comportamento é ignorar a incrível capacidade do ser 
humano de criar, fazer analogias e produzir sentenças 
nunca antes ouvidas, sem necessitar de estímulos ou 
reforços; apesar de o conexionismo explicar bem o que 
ocorre no caso da aquisição de verbos irregulares, ele não 
dá conta de explicar aspectos estruturais; e a hipótese 
inatista defende que o ser humano tem uma capacidade 
inata de adquirir linguagem, a chamada “competência 
linguística”. Nesta hipótese em particular, Chomsky propõe 
que a aquisição seja conduzida pela GU composta por um 
conjunto de princípios universais, comuns a todas as línguas, 
e de parâmetros correspondentes a uma língua específica. 
A tarefa da criança ao adquirir a linguagem é, com base 
no input recebido, compreender como sua língua funciona, 
além de fixar os parâmetros a ela correspondentes. Esse 
processo tem um período crítico para ocorrer.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
23
Aquisição da linguagem: fonologia e 
morfologia
OBJETIVO:
Neste capítulo, você conhecerá um pouco sobre como a 
criança aprende a Fonologia e a Morfologia de sua língua 
materna.
Aquisição de aspectos fonológicos
Em seus primeiros dias de vida, as crianças já demonstram serem 
sensíveis à fonologia das línguas naturais.
A Fonologia é “o estudo das regras inconscientes que comandam a 
produção de sons da fala” (ADAMS et al, 2007, p. 21).
A construção do sistema fonológico se dá a partir dos indicativos que 
a criança encontra na língua do seu ambiente, por meio das informações 
que são repassadas para ela por um grupo social ao qual ela está inserida. 
A grande maioria das crianças amadurecem o conhecimento fonológico 
devido à criação de um sistema condizente com esses repasses 
(LAMPRECHT et al., 2014). 
As crianças têm uma percepção reconhecida pela existência de 
sensibilidade a propriedades prosódicas de linguagem, baseada em 
pistas fonéticas, mais especificamente a frequência essencial, a duração 
e energia, que geram o ritmo e a melodia do desenrolamento da fala 
(FREITAS; SANTOS, 2017).
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
24
Figura 7 – Criança falando
Fonte : Freepik.
Uma vez que as propriedades prosódicas se voltam para uma 
conexão com outras propriedades linguísticas, ao nível da sílaba, palavra 
e frase, essa sensibilidade pode ser empregada para a aquisição da 
linguagem, disponibilizando informações importantes para a descoberta 
das palavras e de questões voltadas para a estrutura sintática.
VOCÊ SABIA?
Ainda na vida intrauterina, as crianças já têm algum contato 
com a linguagem. Este se dá, especificamente, com o ritmo 
e a entoação da língua, percebidos por meio de vibrações. 
Por motivos éticos, não foi realizado um estudo envolvendo 
seres humanos para testar se isso, de fato, ocorre. No 
entanto, com ovelhas – cuja estrutura do útero é bastante 
semelhante à dos humanos – isso pôde ser observado.
Para saber mais a respeito desse assunto, faça a leitura do 
artigo Bebês começam a desenvolver linguagem ainda no 
útero. Para acessar, clique aqui .
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
https://bebe.abril.com.br/desenvolvimento-infantil/bebes-comecam-a-desenvolver-linguagem-ainda-no-utero/
25
A aquisição do sistema fonológico se dá, resumidamente, de 
forma semelhante em todas as crianças, e em fases que podem ser 
tratadas iguais. No entanto, concomitantemente, pode-se observar a 
existência de variações individuais entre elas, como a possibilidade 
e a dimensão dessas variações serem muito amplas. Assim, dentro 
de cada fase e características gerais do desenvolvimento fonológico, 
existe a possibilidade de modificação individual no que se refere ao 
domínio segmental e prosódico. Essa variação pode ser em termos de 
(LAMPRECHT et al., 2014):
 • Idade de aquisição.
 • Caminhos percorridos.
Alguns estudos mostram que bebês com quatro dias de vida são 
capazes de diferenciar sua língua materna de outras línguas até então 
desconhecidas por eles, o que é feito apenas com base no ritmo. Se a 
linguagem fosse adquirida com essa idade, as crianças poderiam adquirir 
qualquer língua a que fossem expostas. Essa capacidade, no entanto, é 
perdida com o tempo.
Desde os primeiros dias de vida, as crianças são sensíveis a diversas 
características sonoras da fala, tendo a capacidade de processar os 
impulsos linguísticos de uma forma que, a aquisição da linguagem, é 
iniciada mesmo muito cedo, provavelmente, antes mesmo de nascerem, 
quando nos referimos aos bebês ouvintes (FREITAS; SANTOS, 2017). 
VOCÊ SABIA?
Para testar a capacidade que os bebês têm de diferenciar 
línguas de acordo com o ritmo, foi realizado um experimento 
no qual as crianças eram expostas a uma determinada 
língua enquanto sugavam um objeto semelhante a uma 
chupeta. O experimento detectou que a frequência de 
sucção diminuía conforme elas se acostumavam ao ritmo 
da língua. Ao serem expostas a outra língua, a frequência 
de sucção aumentava novamente, o que sugere que elas 
notavam a mudança.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
26
Nos primeiros meses, além de chorar, a criança balbucia. O 
balbucio consiste na emissão de sons sem significado e que, no início, 
não necessariamente correspondem aos fonemas da língua à qual a 
criança é exposta. Trata-se de algo instintivo, feito pela criança para testar 
as possibilidades de seu trato vocal.
Figura 8 – Bebês nos primeiro meses
Fonte: Freepik .
Com o passar do tempo, os balbucios aumentam e passam a 
combinar os sons em sílabas. Nessa fase, que ocorre por volta dos seis 
meses, a combinação de sons não é aleatória, mas segue a estrutura 
silábica básica da língua – no caso do PB, a estrutura consoante + vogal 
(CV). Em nenhum momento as crianças tentam produzir sílabas sem 
vogais, já que ter vogais nas sílabas é uma restrição do português. Do 
mesmo modo, as crianças não tentam combinações de sons impossíveis.
As primeiras consoantes que aparecem nos dados infantis 
costumam ser as plosivas ou oclusivas (/b/, /p/, /t/,/d/), depois as 
nasais (/m/, /n/) e, finalmente, as fricativas (/s/, /z/, /f/, /v/). Por isso, 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
27
as primeiras produções das crianças brasileiras são, geralmente, “ba-ba-
ba”, “ta-ta-ta”.
Um fato curioso é que mesmo crianças surdas balbuciam nessa 
fase. Isso é uma evidência de que o balbucio não se trata de uma resposta 
da criança a estímulos externos, mas algo guiado internamente e possível 
graças à sua competência linguística inata.
No processo de desenvolvimento podem ser observadas muitas 
mudanças, como explicam os autores: 
Por volta dos nove meses, o bebê tona-se sensível à 
forma típica das palavras, à fonotática (as sequências de 
fonemas permitidas) e às regularidadesdistribucionais 
de sequencias de fonemas da língua em aquisição. Todo 
esse desenvolvimento na percepção da fala ocorre ainda 
antes de o bebê produzir as primeiras palavras (FREITAS; 
SANTOS, 2017, p. 36).
Quando completam 10 meses, as crianças começam a balbuciar 
apenas os sons que elas escutam em seu input, aplicando às sílabas o 
padrão entoacional da língua, ou seja, produzem as sílabas tônicas conforme 
o que é previsto nessa língua. Nesse estágio, começa a haver uma relação, 
mesmo que primária, entre som e significado. Os bebês começam a prestar 
atenção à forma prosódica das palavras, à regularidade com que os sons 
são distribuídos e às restrições. Com base nessas informações, mais tarde, 
eles conseguem aprender o léxico da língua.
É por volta do primeiro ano de vida que as crianças começam a 
perder a habilidade de diferenciar línguas estrangeiras da sua. Suas 
capacidades linguísticas se tornam mais refinadas e elas se preparam 
para aprender as palavras.
A maioria das crianças começa a produzir palavras em torno de um 
ano. Apesar disso, elas também continuam balbuciando, podendo utilizar 
gestos para se comunicar, por exemplo, quando erguem os braços para 
que as mães as peguem no colo, ou quando apontam para alguma coisa 
que queiram.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
28
Com um ano e seis meses as crianças já começam a combinar 
palavras, fazendo uma pausa entre elas. O padrão entoacional que a 
criança utiliza nessa combinação é, ainda, o padrão de palavras isoladas.
Depois de um curto período, a combinação de palavras feita pela 
criança passa a ter um único contorno entoacional e a pausa deixa de 
existir. A partir de então, podemos considerar que as crianças estão 
produzindo enunciados que, mesmo curtos, equivalem a sentenças 
completas, com significado específico.
É válido mencionar que, ao longo desse processo, a linguagem 
que as mães utilizam ao falarem com os filhos – o chamado “maternês” 
– apesar de explicar a aquisição, facilita o contato da criança com os 
aspectos fonológicos da língua. Sendo uma fala bastante pausada, com 
entonação enfática, a criança pode observar atentamente os padrões 
silábicos, a sílaba tônica e cada som em particular.
Figura 9 – Mãe com o filho
Fonte: Pixabay .
Uma vez apresentada a sequência com que os aspectos fonológicos 
aparecem no curso da aquisição da linguagem, podemos resumir essas 
informações por meio do Quadro 1.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
29
Quadro 1 – Aquisição dos aspectos fonológicos da língua
Idade As crianças...
primeiros meses
Diferenciam línguas com base no ritmo, 
choram e balbuciam diferentes sons.
6 meses Balbuciam em sílabas.
10 meses
Balbuciam com base no input e começam a 
atrelar o som ao signifi cado
1 ano
Começam a perder a capacidade de 
distinguir línguas e combinam palavras com 
padrão entoacional de palavra isolada.
1 ano e seis meses
Dão às combinações de palavras um único 
padrão entoacional.
Fonte: Adaptado de Grolla e Silva (2014).
No entanto, Lamprecht et al. (2014) explica que não é sempre que 
a criança demonstra todo o seu conhecimento e capacidade de produzir 
a fala. Isso porque podem existir situações nas quais as crianças saibam 
mais do que seus interlocutores possam imaginar, ou seja, do que as 
pessoas com que ela interage possam perceber.
Existem casos em que há a representação implícita na mente da 
criança e que ela não evidencia na fala. A produção possibilita evidências 
valiosas do conhecimento que ela tem e que, mesmo não sendo ainda 
utilizado, oferece sinais do potencial de crescimento da criança. 
Antes dos dois anos as crianças já conseguem compreender as 
consoantes plosivas e nasais (KLUNK, 2018):
 • Plosivas – primeiramente, aquelas que envolvem os movimentos 
dos lábios, chamadas de “labiais”. Em seguida, as chamadas 
“coronais”, que envolve o movimento da corona da língua, para, 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
30
por fim, adquirir as dorsais, que envolvem o movimento do dorso 
da língua.
 • Nasais – ocorrem, primeiramente, as labiais e coronais, para 
depois ocorrerem as dorsais. 
Agora, vamos tratar sobre o conhecimento que a criança tem da 
morfologia da língua.
Aquisição de aspectos morfológicos
É por volta de um ano que as crianças começam a produzir as 
primeiras palavras, unidades pertencentes ao nível morfológico da 
linguagem.
Embora tenhamos tendência, intuitivamente, de relacionar a 
quantidade de palavras que uma criança sabe falar à sua esperteza, é 
preciso tomar muito cuidado. O que a criança faz ao adquirir a morfologia 
de sua língua não se resume a decorar uma lista de palavras, mas em 
compreender os diferentes usos que estas podem ter, sua relação com 
outras palavras e as regras que podem ser aplicadas a elas.
As primeiras palavras que aparecem no vocabulário infantil têm a 
função de nomear objetos e seres que estão frequentemente presentes 
no cotidiano da criança, como brinquedos, o cachorro, a mamãe e o papai. 
São, portanto, morfemas lexicais, especificamente, substantivos.
A maioria dessas palavras é utilizada com valor de uma sentença 
completa. São, por isso, chamadas de “holófrases”. Como exemplo, 
podemos citar enunciados como “papá”, que a mãe, facilmente, 
compreende como “Eu quero mais papá (comida)”.
Ao completar dois anos, a criança já apresenta um vocabulário de, 
aproximadamente, 400 palavras, o que a possibilita produzir sentenças 
com mais de dois vocábulos. Ainda produzindo apenas morfemas 
lexicais, os verbos começam a aparecer e a serem combinados com 
substantivos, como em “qué papá”. Já os morfemas gramaticais, como 
artigos, pronomes, preposições e conjunções, não são usados, já que os 
enunciados ainda são muito simples.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
31
Figura 10 – Crianças de dois anos
Fonte: Pixabay .
Entre dois e três anos, os artigos e os pronomes começam a fazer 
parte do vocabulário infantil, que já conta com, aproximadamente, 900 
palavras. É nesse período que aparece o fenômeno da regularização 
dos verbos irregulares, como “fazi” e “trazi”. Na perspectiva da hipótese 
inatista, esse fenômeno evidencia que, nessa idade, as crianças já têm 
conhecimento de como é formado o passado de verbos regulares 
terminados em –er (no caso específico desses exemplos), sabendo 
aplicá-lo a quaisquer verbos terminados em –er.
Isso ocorre porque a criança consegue detectar uma regularidade 
no input, já que verbos terminados em –er cujo passado em primeira 
pessoa é formado pelo morfema –i aparecem com frequência na língua. 
Assim, o que a criança produz não é arbitrário, e sim regido por uma regra 
da língua. O que ela aprenderá em outro momento do processo é que 
verbos como “fazer” e “trazer” têm uma estrutura irregular e que, para 
formar o passado, a regra dos verbos regulares não pode ser aplicada. 
Como esses verbos ocorrem em menor quantidade na língua, eles são 
aprendidos um a um.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
32
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre o assunto, leia a dissertação A 
aquisição da morfologia verbal por crianças falantes de 
português brasileiro e o uso de formas variantes, de Talita 
Ewald Wuerges. Para acessar, clique aqui . 
Entre três e três anos e meio, o vocabulário infantil alcança um total 
de 1.200 palavras, continuando a aquisição de morfemas gramaticais. É 
entre três anos e meio e quatro anos que as crianças começam a fazer uso 
desses morfemas para formarem sentenças mais complexas, contendo 
mais de uma oração. Quando se aproximam dos cinco anos, a quantidade 
de palavras aumenta ainda mais, chegando em torno de 1.900. Aos cinco 
anos, quando a criança já adquiriu, praticamente, todas as estruturas da 
língua, o domínio de morfemas lexicais e gramaticais se torna perfeito.
No Quadro 2, resumimos os aspectos morfológicos adquiridos pela 
criançaem cada estágio da aquisição.
Quadro 2 – Aquisição dos aspectos morfológicos da língua
Idade As crianças...
1 ano
Produzem palavras (substantivos) com valor 
de uma setença completa.
1 ano e seis meses Combinam duas palavras.
Entre 2 e 3 anos
Regularizam verbos irregulares e fazem 
outros tipos de analogia morfológica.
Mais de 3 anos Produzem morfenas gramaticais.
Fonte: Adaptado de Grolla e Silva (2014).
Diferenciar os aspectos morfológicos dos sintáticos é algo 
extremamente difícil, uma vez que as palavras e a estrutura da sentença 
estão diretamente relacionadas.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-28052014-125108/pt-br.php
33
RESUMINDO:
Você chegou ao final de mais um Capítulo e esperamos 
que tenha absorvido todo o conteúdo mostrado até aqui. 
Só por garantia, que tal darmos uma recapitulada? Você 
deve ter aprendido que os conhecimentos fonológicos e 
morfológicos são considerados básicos, pois possibilitam 
às crianças desenvolverem toda a complexidade da língua. 
Em seus primeiros dias de vida, as crianças já demonstram 
serem sensíveis à fonologia das línguas naturais. Nos 
primeiros meses, além de chorar, a criança balbucia e, com 
o passar do tempo, os balbucios aumentam, passando a 
combinar os sons em sílabas, seguindo a estrutura silábica 
básica da língua. Quando completam 10 meses, as crianças 
começam a balbuciar apenas os sons que elas escutam em 
seu input. A maioria das crianças começa a produzir palavras 
em torno de um ano, e as primeiras palavras que aparecem 
no vocabulário infantil têm a função de nomear objetos e 
seres que estão frequentemente presentes no cotidiano. 
Com um ano e seis meses, as crianças já começam a 
combinar palavras, formando sentenças. Entre dois e três 
anos, ocorre o fenômeno da regularização dos verbos 
irregulares. É entre três anos e meio e quatro anos que as 
crianças começam a fazer uso de morfemas gramaticais 
para formarem sentenças mais complexas, contendo mais 
de uma oração. Quando a criança já adquiriu, praticamente, 
todas as estruturas da língua, o domínio de morfemas 
lexicais e gramaticais se torna perfeito.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
34
Aquisição da linguagem: sintaxe, 
semântica e pragmática
OBJETIVO:
Neste capítulo, você conhecerá um pouco sobre como a 
criança aprende a Sintaxe, a Semântica e a Pragmática de 
sua língua materna.
Desde muito cedo, na fase das primeiras palavras, a criança 
demonstra que tem conhecimento acerca da estrutura das sentenças em 
sua língua. Conforme ela avança no processo de aquisição da linguagem, 
também é possível observar seu conhecimento de restrições sintáticas 
impostas pela gramática da língua, até que, em torno dos cinco anos, 
ela se mostra capaz de produzir construções com estruturas bastante 
complexas, atribuindo a elas uma interpretação adulta, além de saber 
colocá-las em uso, analisando os contextos de fala.
Esses conhecimentos são considerados refinados e evidenciam a 
capacidade que a criança tem de lidar com a complexidade da língua.
Neste Capítulo, pretendemos tratar sobre fenômenos sintáticos 
que são observados no curso da aquisição da linguagem, atentando para 
o estágio provável em que esses fenômenos ocorrem e mencionando, 
ainda, aspectos sintáticos e pragmáticos.
Aquisição de aspectos sintáticos
A aquisição da sintaxe é bem demonstrada a partir do momento em 
que a criança começa a realizar a combinação de duas ou mais palavras 
em enunciados aos quais se pode obter um sentido (FREITAS; SANTOS, 
2017).
Desde muito cedo, a criança demonstra conhecimento acerca 
da estrutura das sentenças em sua língua. Algo no qual as crianças se 
baseiam para aprender uma série de operações sintáticas é a ordem das 
palavras. Antes mesmo de começarem a combinar palavras, com um 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
35
ano e seis meses, elas detectam a ordem das palavras e utilizam esse 
conhecimento para compreender os enunciados que ouvem. 
Figura 11 – Criança nas suas primeiras fases
Fonte: Pixabay .
Assim, ao ouvirem uma frase como “O papai abraçou a mamãe”, 
elas já sabem perfeitamente quem realizou a ação e quem foi abraçado.
Ao pensar na aquisição da sintaxe, podemos, então, 
considerar o curso natural pelo qual passam crianças 
na aquisição de qualquer língua humana, em função de 
um programa biológico, que possibilita a combinação 
de unidades de um léxico em estruturas nas quais esses 
elementos se relacionam de forma hierárquica (FREITAS; 
SANTOS, 2017, p. 121).
Quando a criança combina duas palavras, sem pausa entre elas, 
consideramos que ela está produzindo sentenças completas. Essa 
combinação é regida por regras de ordem estrutural e semântica, de 
modo que as sentenças podem conter, por exemplo: 
 • O agente e o verbo (“mamãe pega”).
 • O verbo e o complemento (“qué papá”).
 • O agente e o complemento do verbo, que não aparece (“papai” 
“mamãe”).
 • O verbo e um lugar (“põe sofá”).
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
36
IMPORTANTE:
Reiteramos que essas sentenças seguem a ordem canônica 
do PB.
Independentemente da língua que está sendo adquirida, as 
crianças raramente erram essa ordem. Quando isso acontece, é devido 
a questões extralinguísticas, como interrupções ou esquecimento – ou, 
em casos mais severos, problemas de competência linguística, tais como 
distúrbios da linguagem oral.
Ainda com dois anos, as crianças já produzem perguntas simples, 
que vão se tornando refinadas conforme avançam nos estágios da 
aquisição. O modo como as perguntas são feitas segue igualmente a 
ordem canônica da língua, bem como restrições gramaticais.
A criança começa a proferir expressões de duas 
palavras, manifestando as primeiras relações sintáticas e 
semânticas, ainda que as marcas morfológicas e sintáticas 
não sejam expressas claramente, pois, normalmente, não 
há flexão de número e pessoa, e os pronomes são raros 
(MASCARELLO, 2010, p. 154 ).
Com mais de três anos, as crianças estão adquirindo os morfemas 
gramaticais – artigos, pronomes, preposições e conjunções –, então, 
começam a produzir sentenças contendo mais de uma oração.
As primeiras sentenças complexas que aparecem nos dados 
infantis são compostas por coordenação, cujas relações estabelecidas 
entre as orações são mais simples, como “Eu comi banana e (comi) maçã”.
Em seguida, aparecem as chamadas sentenças clivadas, formadas 
por construções “É...”, como “É o papai que vai me dar banho”. Por meio 
destas, as crianças conseguem derivar orações relativas, como “a boneca 
que a mamãe deu”, embora estudos de diferentes línguas mostrem que 
algumas relativas sejam bastante complexas para as crianças, levando-as 
a utilizarem estratégias para minimizar seu custo de processamento.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
37
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre este assunto, faça a leitura do livro 
Para conhecer: aquisição da linguagem, dos autores Grolla e 
Silva (2014). Nele, são apresentados conceitos e explicações 
relevantes que farão com que você se aprofunde neste 
tema. 
As subordinadas mais complexas, como aquelas que envolvem 
relações temporais estabelecidas por “quando” e “enquanto”, são 
adquiridas um pouco mais tarde, entre quatro e cinco anos.
Depois dessa idade, as crianças são consideradas conhecedoras 
de praticamente todas as construções da língua. Entretanto, há algumas 
construções que aparecem raramente nas produções infantis por estarem 
pouco presentes no input, ocorrendo com maior frequência em contextos 
de língua escrita. É o caso das passivas.
Figura 12 – Criança lendo
Fonte: Pixabay .
É importante destacar que durante todo o processo de aquisição 
da sintaxe a criança não decora as sentenças possíveis de sua língua, 
afinal, a memória do ser humano não tem tamanha capacidade. Uma 
vez aprendidas as regras simples para a formaçãode sentenças – 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
38
evidentemente, com base na ordem das palavras –, as crianças são 
capazes de utilizá-las para gerar novas sentenças. Essa capacidade é 
conhecida como “recursividade”. Por meio dela, as crianças utilizam os 
recursos finitos do input para produzirem um número infinito de sentenças.
A Figura 13 ilustra o funcionamento da recursividade.
Figura 13 – Recursividade
A menina caiu.
O João falou que a menina caiu.
A Maria sabe que o João falou que a menina caiu.
Eu perguntei como a Maria sabe que o João falou que a menina caiu.
Fonte: Elaborada pela autora (2021).
Aquisição de aspectos semânticos e 
pragmáticos
A aquisição de aspectos semânticos não é tão simples quanto 
parece, pois o ambiente influencia diretamente na sua compreensão.
A preocupação da Semântica é com o significado e o sentido, 
considerando a comunicação, pois sem esta não existe sentença 
(MACEDO, 2013).
Diante disso, é importante compreender o que Silva e Britto (2013) 
explicam sobre a aquisição de aspectos semânticos:
A Semântica é o revestimento intelectual e racional 
da linguagem. É a responsável pela compreensão do 
valor das coisas do mundo. Depende muito mais do 
enunciatário/interlocutor que do enunciador/locutor. A 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
39
Semântica é a grande responsável pelo entendimento 
e o desentendimento entre as pessoas. É também a 
responsável pela expansão da língua por meio do recurso 
da polissemia. Esta é a atribuição de muitos sentidos a uma 
só palavra. O sentido diferente apresentado pela mesma 
palavra depende do contexto em que ela é empregada 
(SILVA; BRITTO, 2013, on-line).
Não são apenas os sentidos das palavras que são estudados pela 
Semântica, mas também os enunciados. Desse modo, compreender a 
Semântica é essencial para que os sentidos e significados que as palavras 
e expressões podem assumir no contexto também sejam compreendidos.
Quando tratamos da aquisição dos aspectos semânticos, devemos 
entender como são adquiridos os significados das palavras pelas crianças. 
É possível entender como ocorre o processo de aumento do 
vocabulário pelas crianças, em que ritmo isso acontece, bem como 
os fatos que caracterizam o emprego das palavras no decorrer do 
desenvolvimento lexical. 
As aquisições semânticas da linguagem, consoante Silva e Britto 
(2013, on-line) dependem de alguns aspectos, como:
 • Grau de experiências.
 • Organização interna do mundo ao redor.
Figura 14 – Aquisições semânticas
Grau de 
experiência
Organização do 
interior do mundo 
Fonte: Elaborada pela autora (2021).
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
40
A Semântica se faz presente na linguagem das crianças desde 
que elas começam a atrelar sons a significados. Conforme avançam 
no processo de aquisição da língua, são capazes de atribuir a palavras 
isoladas o valor de uma sentença completa. Um pouco mais tarde, quando 
passam a combinar palavras para formar sentenças, além de informações 
estruturais, elas têm de levar em conta as relações semânticas que 
estabelecem entre si. O mesmo se dá quando chegam à fase de combinar 
orações para formar sentenças mais complexas e ancorá-las em um 
determinado tempo/espaço de fala.
Também está relacionada aos aspectos semânticos a capacidade 
que as crianças têm de compreender e interpretar sentenças de sua 
língua mesmo antes de produzir as mais complexas. Desde bebês, elas 
conseguem estabelecer os papéis semânticos dos participantes da 
sentença – isto é, sabem quem realizou a ação e quem sofreu –, quando 
mais velhas acessam, inclusive, diferentes interpretações em uma 
sentença ambígua.
Os aspectos pragmáticos, por sua vez, relacionam o conhecimento 
que a criança tem da linguagem ao contexto de fala. 
A Pragmática estuda os usos situados na língua e trata de 
determinados tipos de efeitos intencionais, sendo seu objeto de estudo 
o uso das palavras e das sentenças inseridas em determinado contexto 
(CANÇADO, 2008).
De acordo com Ferrari (2011, p. 16), “as relações do significado com o 
mundo são vinculadas ao domínio da Pragmática, que, na visão formalista, 
é externo ao domínio da linguagem propriamente dita”. 
A criança consegue compreender quando o pai está lhe dando uma 
bronca ou uma ordem, além de ser capaz de inferir outras informações a 
partir do que é dito. Com o passar do tempo, ela também se torna capaz 
de moldar sua linguagem conforme o interlocutor e o contexto.
Sem o conhecimento da Pragmática a criança não entenderia o 
que o falante queria dizer se não compreendesse também qual era a 
intenção dele ao falar aquela expressão para determinada pessoa em 
dado contexto, explica Cançado (2008).
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
41
De acordo com Martins e Gomes (2016), a análise pragmática deve 
levar em consideração:
 • Aspectos estruturais da língua.
 • Aspectos relacionados com a criança, ou seja, a sua vivência.
Figura 15 – Análise pragmática
Aspectos 
estruturais da 
língua 
Aspectos 
relacionados à 
criança
Fonte: Elaborada pela autora (2021).
Os autores abordam em seu estudo os recursos linguísticos na 
pragmática utilizados por crianças como forma de demonstrar a sua 
intenção por meio da fala.
São utilizados recursos como:
 • Repetição – utilizando reiteradamente uma palavra como forma 
de persuadir.
EXEMPLO:
O uso contínuo da palavra não:
Filho: ― ão, aão, não, não.
Mãe: ― Tem que comer o legume.
Filho: ― ão, Não, nanão.
Mãe: ― Então não vai brincar.
Filho: ― Nã, não, não.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
42
 • Diminutivo – que pode ter sentido tanto intensificador como afetivo 
ou, até mesmo, desprezivo. As crianças, muitas vezes, usam como 
forma de demonstrar afeto ou algo que é pequeno.
EXEMPLO:
Mostrar algo ou pedir algo.
Filho: ― O cachorrinho mamãe.
Filho: ― Coloca o “papatinho”.
Filho: ― Qé o ursinho.
 • Imperativo – utilizado como forma de mandar, persuadir. Muitas 
vezes, as crianças usam palavras para mandar os pais fazerem 
algo, pois, para eles, é o mesmo que pedir.
EXEMPLO:
Mandar que seja trazido algo
Filho: ― Traz a água.
Filho: ― Coloca o desenho.
Filho: ― Leva no parquinho.
É por meio do meio em que a criança está inserida que ela 
desenvolve aspectos semânticos e pragmáticos, visto que é possível ela 
compreender o que está sendo repassado, sendo corrigida ao errar. Por 
isso a interação comunicativa com a família é essencial
SAIBA MAIS:
Aprofunde-se no estudo da aquisição dos aspectos 
pragmáticos assistindo ao vídeo Aquisição da Pragmática, 
do canal de Anna Angelos. Nele, são apresentadas 
explanações de forma didática e de fácil compreensão 
sobre o que vem a ser a Pragmática, além de como pode 
ser a aquisição e o desenvolvimento da Pragmática pelas 
crianças através de explicações relevantes e demonstrando 
sua relação com o amadurecimento linguístico da criança. 
Para acessar, clique aqui.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
https://www.youtube.com/watch?v=3tA_UDBstTQ
43
RESUMINDO:
Você chegou ao final de mais um Capítulo e esperamos 
que tenha absorvido todo o conteúdo mostrado até aqui. Só 
por garantia, que tal darmos uma recapitulada? Você deve 
ter aprendido que, desde muito cedo, a criança demonstra 
conhecimento acerca da estrutura das sentenças em sua 
língua. Elas detectam a ordem das palavras e utilizam esse 
conhecimento para compreender os enunciados que ouvem. 
E que quando nos referimos à aquisição de aspectos sintáticos, 
podemos notar que desde as primeiras fases, elas conseguem 
detectar a ordem das palavras, conhecendo o enunciado 
daquilo que ouvem e produzindo sentenças completas, e 
que elas só erram essa ordem quando ocorrem problemas 
extralinguísticos, como no caso de esquecimentos. Vimos 
também que, com o passar dos anos, elas vão evoluindo 
nessas construções, conseguindo formular perguntassimples; 
depois, passando para as mais complexas, não sendo 
sentenças decoradas, mas sim geradas novas sentenças a partir 
daquelas que elas já conhecem, por meio da recursividade. 
Além disso, vimos como ocorre a aquisição de aspectos 
semânticos e pragmáticos, levando em consideração o sentido 
e o enunciado, bem como o ambiente em que a criança está 
inserida e das sentenças que ela escuta, fazendo com que o 
contexto lhe permita compreender o que está sendo dito e 
que ela perceba a intenção daquilo que está sendo falado. Por 
fim, vimos que a criança pode utilizar recursos da Pragmática 
para demonstrar algumas intenções, por exemplo, no caso da 
repetição, do diminutivo e do imperativo. 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
44
Distúrbios de linguagem oral
OBJETIVO:
Neste capítulo, esperamos propiciar a você o conhecimento 
sobre os distúrbios da linguagem oral para que você 
mesmo possa relacioná-los a tudo o que vimos até então, 
questionando como se dá a aquisição da linguagem nesses 
casos. 
Quando a criança combina duas palavras sem pausa entre elas, 
consideramos que ela está produzindo sentenças completas. Essa 
combinação é regida por regras de ordem estrutural e semântica.
Ainda com dois anos, as crianças já produzem perguntas simples, 
que vão se tornando refinadas conforme avançam nos estágios da 
aquisição. Com mais de três anos, as crianças começam a produzir 
sentenças contendo mais de uma oração. As primeiras sentenças 
complexas que aparecem nos dados infantis são coordenadas, seguidas 
de clivadas e orações relativas. As subordinadas mais complexas são 
adquiridas um pouco mais tarde. Para formá-las, as crianças têm de 
considerar as relações semânticas entre as orações. Aos cinco anos, as 
crianças são consideradas conhecedoras de, praticamente, todas as 
construções da língua.
Por meio da recursividade, as crianças utilizam os recursos finitos 
do input para produzirem um número infinito de sentenças.
A capacidade que as crianças precisam compreender e interpretar 
sentenças de sua língua é verificada muito cedo. Desde bebês, elas 
conseguem estabelecer os papéis semânticos dos participantes da 
sentença e, mais tarde, acessam diferentes interpretações em uma 
sentença ambígua.
Os aspectos pragmáticos relacionam o conhecimento que a 
criança tem da linguagem ao contexto de fala. A criança é capaz de inferir 
informações e, com o passar do tempo, também se torna capaz de moldar 
sua linguagem conforme o interlocutor e o contexto.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
45
Identificando os distúrbios de linguagem oral
Como será que alguns dos fenômenos linguísticos por nós mencionados 
se manifestam em crianças com algum distúrbio de ordem linguística? Será 
que elas adquirem a linguagem da mesma forma que as outras? Quais 
dificuldades elas apresentam e como fazem para lidar com isso?
Como caracterizar um distúrbio de ordem 
linguística
Os distúrbios de ordem linguística são desordens que ocorrem na 
realização da comunicação, ou seja, da fala. Elas podem se originar devido 
a diversos motivos, podendo ser manifestadas não apenas no início da 
compreensão da linguagem da criança, mas também depois de adulto.
Figura 16 – Distúrbios de linguagem oral
Distúrbios de ordem linguística 
Desordem na realização da fala
Fonte: Elaborada pela autora (2021).
Os transtornos que mais predominam nas crianças são os distúrbios 
da comunicação, ocorrendo com frequência os distúrbios de linguagem. 
Em média, de 3 a 10% das crianças até seis anos têm um tipo de dificuldade 
no desenvolvimento da fala ou da linguagem, prevalecendo em maior 
número o sexo masculino (CESAR; LIMA, 2021). 
Conforme Prates e Martins (2011), alguns distúrbios podem ser 
identificados quando a criança ainda é pequena, por meio de:
 • Falta de reação quando chamada pelo nome.
 • Televisão com volume muito alto.
 • Falta de compreensão na fala.
 • Dificuldade de interação.
 • Agressividade.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
46
Perceber o comportamento da criança é essencial para que seja 
possível observar os sinais e conseguir minimizar esses distúrbios ou, até 
mesmo, evita-los através de ações simples de estimulação da linguagem. 
Alguns autores classificam os distúrbios de ordem linguística em 
famílias de distúrbios de comunicação, como Furnham (2015), que traz a 
afasia como uma dessas classificações. 
Os termos “afasia” ou “disfasia” do desenvolvimento eram utilizados 
para fazer referência ao distúrbio que afeta diferentes aspectos do 
desempenho e desenvolvimento linguístico. Estudos sugerem que 
crianças com esse distúrbio podem ter um funcionamento anormal da 
área cerebral responsável pelo processamento linguístico, de modo que o 
cérebro delas parece não ser apto para aprender e processar a linguagem. 
Esse funcionamento anormal não pode ser detectado em exames como 
tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
Figura 17 – Afasia
Fonte: Freepik .
Para Furnham (2015, p. 276) a afasia trata-se de um “distúrbio da 
fala (produção de linguagem), geralmente, causado por lesões corticais. 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
47
O problema pode revelar-se como uma incapacidade de usar ou produzir 
a fala com clareza ou precisão ou de entender o que os outros dizem”.
Algumas ações que podem ser observadas com a afasia são as 
seguintes:
 • Não conseguir completar frases que estão falando porque não 
conseguem lembrar as palavras adequadas que concluam o 
pensamento.
 • Ter respostas irrelevantes para determinadas perguntas ou, até 
mesmo, inventar palavras.
No entanto, podem ser observados diversos outros distúrbios 
de linguagem e fala. Estes irão se diferenciar em termos funcionais, 
ambientas, psicossomáticas, entre outros. 
Prates e Martins (2011) citam como principais distúrbios de fala e 
linguagem:
 • Transtorno fonológico – quando acontece um retardamento 
na aquisição fonológica da língua (fonemas) ou a aquisição não 
ocorre na trajetória que deveria.
 • Gagueira de desenvolvimento – ocorrência de interrupções na 
fala, como sons e sílabas repetidas, entraves e prolongação.
 • Alteração no desenvolvimento da linguagem oral – pode estar 
na forma de se expressar ou de receber a linguagem, e envolve 
pobreza de vocabulário, problema na compreensão, problema na 
linguagem, estruturação sintática rasa, modificações gramaticais 
etc.
 • Alteração no desenvolvimento da linguagem escrita – que pode 
ter relação com a alteração no desenvolvimento da linguagem 
oral.
Por isso, é importante observar a presença de distúrbios da 
linguagem escrita para que seja analisada se ela é resultante de um 
distúrbio relacionado com a fala, visto que existem casos em que uma 
influencia a outra.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
48
Figura 18 – Principais distúrbios da fala e da linguagem
Alteração no 
desenvolvimento da 
linguagem escrita
Transtorno 
fonológico
Gagueira de 
desenvolvimento
Alteração no 
desenvolvimento 
da linguagem oral
Fonte: Prates e Martins (2011).
O transtorno fonológico, para Cesar e Lima (2021), se trata de um 
distúrbio dos sons da fala de origem funcional, e não tem uma causa 
definida, sendo identificado pela dificuldade apresentada no emprego das 
regras fonológicas e dos fonemas. Assim, a criança passa a fazer trocas, 
omitir, inserir ou reordená-los. O uso inapropriado dessas regras faz com 
que a fala fique prejudicada, tornando-a ininteligível, o que pode variar de 
um grau leve até um severo. 
Como explica Goulart e Chiari (2014):
O distúrbio fonológico constitui uma alteração de fala 
caracterizada pela produção inadequada dos sons e 
pelo uso inadequado das regras fonológicas da língua 
com relação à distribuição do som e ao tipo de sílaba, 
resultando em colapso de contrastes fonêmicos, afetando 
o significado da mensagem (GOULART; CHIARI, 2014, p.810).
Também é preciso compreender que existe a apraxia de fala que 
acomete as crianças. Ela corresponde a um transtorno neuromotor que 
atinge o cérebro no momento do envio das informações para a boca, 
língua, voz e os lábios. Assim, quando a criança realiza os movimentos 
para falar, ela não consegue, pois se perde, ou seja, ela sabe o que quer 
falar, porém os movimentos não saem corretamente. 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
49
Atualmente, quando tratamos do distúrbio da linguagem, 
também devemos nos atentar ao déficit específico da linguagem (DEL). 
Esse distúrbio atinge, exclusivamente, a linguagem oral, ou seja, está 
relacionado à fala e à gramática da língua, mas pode causar reflexos na 
aprendizagem da escrita. Ele se manifesta em diferentes graus, tanto 
na produção como na compreensão da linguagem, podendo atingir os 
diferentes níveis linguísticos.
Uma criança é diagnosticada com distúrbio específico da linguagem 
oral quando ela tem, aparentemente, todas as condições físicas 
necessárias para falar, mas não adquire a linguagem, ou adquire com 
atraso. São excluídos problemas de outra ordem, como déficits cognitivos, 
surdez, falta de estímulos ou transtornos globais do desenvolvimento 
(como o autismo), que podem estar relacionados ao comprometimento 
linguístico, mas não estão particularmente relacionados à linguagem. 
O problema com esse diagnóstico é que ele não garante que apenas o 
domínio linguístico seja afetado.
Figura 19 – DEL
Defi cit específi co 
da linguagem
Comprometimento 
da capacidade de 
linguagem
Fonte: Elaborada pela autora (2021).
Como bem explica Passos, Costa e Salgado (2010):
O DEL é uma síndrome caracterizada por um 
comprometimento linguístico que atinge crianças 
no período de desenvolvimento da língua. Crianças 
caracterizadas como portadoras do DEL não têm 
distúrbios neurológicos, deficiências auditivas ou sofrem 
privação do meio social, por isso o déficit é, na maioria 
das vezes, determinado por um critério de exclusão. Na 
ausência de problemas externos ao domínio da linguagem 
que possam explicar os distúrbios apresentados, a criança 
é diagnosticada como portadora de DEL (PASSOS; COSTA; 
SALGADO, 2010, p. 43).
Assim, os distúrbios da fala não acontecem em conexão com 
deficiências aditivas, mentais etc., eles podem ser evidenciados devido 
a influências externas, por exemplo, no caso de a instrução da criança 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
50
ter sido realizada de forma ineficiente ou inadequada ou, até mesmo, ser 
proveniente de causas hereditárias.
Para os autores, existem algumas hipóteses principais sobre o 
déficit específico da linguagem, quais sejam:
 • Com déficit de processamento – caracterizada pela conciliação 
entre duas dificuldades, que são a de percepção e a gramatical.
 • Com déficit no mecanismo linguístico – quando a dificuldade está 
associada a operações gramaticais, semânticas e fonológicas.
SAIBA MAIS:
Aprofunde-se neste tema assistindo ao vídeo a seguir 
sobre transtornos específicos de linguagem. Neste vídeo, 
são apresentadas informações pertinentes sobre esse 
distúrbio. Para acessar, clique aqui .
O comportamento linguístico da criança que tem esse distúrbio 
depende do grau do déficit e do nível linguístico afetado. Em distúrbios 
de ordem sintática, por exemplo, é comum observar o uso recorrente de 
estruturas simplificadas, a fim de minimizar o custo de processamento 
imposto pelas estruturas complexas da língua. Há, porém, casos em que 
a produção linguística é altamente refinada, porém as frases não possuem 
qualquer sentido.
As dificuldades impostas pelos distúrbios da linguagem podem 
ser intensificadas, permanecendo até a fase adulta, principalmente em 
casos severos. O tratamento é, geralmente, fonoaudiológico e, se feito da 
maneira adequada, pode diminuir os sintomas ao longo do tempo.
Os distúrbios de linguagem oral podem ser manifestados em 
alguns níveis linguísticos, como de ordem fonológica, morfológica, lexical, 
sintática, semântica e pragmática.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
https://www.youtube.com/watch?v=Id9Twd7-O0g
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Figura 20 – Distúrbios de linguagem oral em níveis linguísticos
Fonológica Sintática
Morfológica Semântica
Lexical Pragmática
Fonte: Elaborada pela autora (2021).
Veja algumas características dos distúrbios de linguagem oral 
manifestadas em cada nível linguístico e como identificá-las: 
Distúrbio de ordem fonológica
A criança que apresenta esse distúrbio tende a: 
 • Ter dificuldade em adquirir os sons da língua. 
 • Trocar os sons.
Distúrbio de ordem morfológica
Nesse distúrbio, a criança:
 • Apresenta dificuldade com a estrutura argumental dos verbos.
 • Tem dificuldade de adquirir os morfemas gramaticais.
 • Não realiza flexão verbal e nominal da maneira prevista na língua.
Distúrbio de ordem lexical
A criança com esse distúrbio tem carência vocabular, devido à 
dificuldade de aprender palavras novas.
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
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Distúrbio de ordem sintática
Quando há distúrbio de ordem sintática, a criança:
 • Apresenta dificuldade em combinar palavras para formar as 
sentenças.
 • Não consegue ordenar as palavras na sentença, conforme o que 
é previsto na língua (em outras palavras, produzem frases com 
ordem invertida).
 • Tem problemas para processar sentenças com estrutura complexa.
Distúrbio de ordem semântica
A criança com esse distúrbio não consegue acessar todas as 
interpretações possíveis em sentenças ambíguas, o que as impossibilita 
de compreender piadas, por exemplo.
Distúrbio de ordem pragmática
O comportamento linguístico da criança que apresenta problemas 
no nível pragmático é marcado por:
 • Hesitações.
 • Repetições (característica semelhante à gagueira).
 • Dificuldade em fazer relatos.
 • Dificuldade em fazer inferências e julgamentos sobre o que lhe é 
dito.
 • Problemas para adequar as formas linguísticas ao seu contexto de 
uso específico.
Esses distúrbios podem gerar resultados que são difíceis de serem 
mensurados, por isso, é preciso entendê-los e saber identificá-los com 
antecedência, observando os sinais que cada um deles representa, para 
que assim não interfira tanto na ambiente que rodeia a criança, bem como 
na sua aprendizagem formal e informal. 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
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RESUMINDO:
Uau! Você chegou ao fim da Unidade e, neste Capítulo, 
você deve ter aprendido que existem distúrbios específicos 
em todos os níveis da linguagem, e que, uma vez que 
apresentem esses distúrbios, as crianças passarão pela fase 
de aquisição da linguagem com certa dificuldade, tendo 
seu comportamento linguístico prejudicado em alguma 
medida. No entanto, observar os sinais é fundamental para 
entender qual é o tipo de distúrbio que a criança apresenta, 
como também para ajudá-la no seu desenvolvimento. 
Conhecemos diversos tipos de distúrbios que podem afetar 
a linguagem da criança, entre eles, a afasia; a gagueira 
de desenvolvimento; o transtorno fonológico; a alteração 
no desenvolvimento da linguagem oral; e a alteração no 
desenvolvimento da linguagem escrita, que pode ser 
afetada diretamente pela oral. Além de compreender 
a apraxia, que afeta o cérebro na hora do repasse das 
informações para órgãos como boca e língua, por exemplo. 
Vimos que o distúrbio específico da linguagem pode afetar 
a linguagem tanto na ordem gramatical como fonológica, 
pragmática, léxica, sintática e semântica. 
Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita
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REFERÊNCIAS
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Processos de Aquisição da Linguagem Oral e da Escrita

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