Buscar

Leitura e produção textual material de apoio

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1º SEMESTRE DE 2009 
 
Prof. Celso Henrique Telles Ferreira 
 
celsohenrique@uninove.br 
 
 
1
1. O PROCESSO DA ESCRITA 
É muito comum estudantes e profissionais sentirem certa dificuldade na produção de 
textos. Esse problema se deve, na maioria das vezes, à falta do hábito de leitura, de treino e 
também de técnica. 
 Aprender a escrever é aprender a pensar. Não é possível escrever sem que se tenha 
o que dizer e sem que se possa organizar o pensamento. Portanto, é necessário observar 
os fatos, analisá-los, criar idéias sobre eles, ou seja, pensar. 
 Como falantes, somos produtores diários de comunicação e, na vida profissional, 
cada vez mais se faz necessário dominar técnicas de produção de textos tanto orais como 
escritos. Em função disso, é preciso conhecer os modos fundamentais de redação: 
narração, descrição e dissertação. 
 
2. TRABALHANDO O TEXTO - DISSERTAÇÃO 
 
 Dissertar é exercer nossa consciência crítica, questionar um tema, debater um ponto 
de vista, desenvolver argumentos. 
Existem dois tipos de dissertação: o texto dissertativo expositivo e o dissertativo 
argumentativo. O primeiro tem como objetivo primordial expor uma tese, analisar e 
interpretar idéias e pode ser identificado como demonstrativo: não se dirige a um 
interlocutor definido e se constitui de provas as mais impessoais possíveis. Na dissertação 
argumentativa – texto argumentativo, além do interlocutor não definido e da utilização de 
provas impessoais, tentamos, explicitamente, formar a opinião do leitor ou ouvinte, 
procurando persuadi-lo de que a razão está conosco. 
 Para a argumentação ser eficaz, os argumentos devem possuir consistência de 
raciocínio e de provas. O raciocínio consistente é aquele que se apóia nos princípios da 
lógica, que não se perde em especulações vãs, no “bate-boca” estéril. As provas, por sua 
vez, servem para reforçar os argumentos. Os tipos mais comuns de provas são: os fatos 
exemplos, os dados estatísticos e o testemunho. 
A estrutura dos dois tipos de composição é a mesma: introdução, desenvolvimento e 
conclusão. 
 
2.1 ASSUNTO, TEMA, RECORTE, TESE, TÍTULO 
 Para alcançar um bom texto, é necessário relembrar alguns pontos fundamentais 
que favorecem a organização daquilo que se pretende comunicar. 
 Observe: 
Assunto é algo amplo, genérico. 
Tema é o assunto já delimitado. 
Recorte é o que interessa ao autor discutir no texto. 
 
 
2
Tese é o ponto de vista a ser defendido sobre um determinado tema. 
 Título é o nome dado ao texto, visa a atrair o leitor para a leitura do texto, fazendo 
referência ao tema abordado. 
 
 Veja, agora, alguns exemplos: 
1. Assunto: Centros urbanos. 
Tema: O desenvolvimento dos grandes centros urbanos. 
Recorte: A violência em São Paulo. 
 Tese: A cidade de São Paulo enfrenta sérios problemas em relação à segurança da 
população. 
 Título: O desenvolvimento urbano e violência. 
 
2. Assunto: Tecnologia. 
Tema: O avanço tecnológico no século 21. 
Recorte: Os meios de comunicação e as relações sociais. 
 Tese: Na era da comunicação, o homem contemporâneo encontra-se cada vez mais 
sozinho. 
 Título: O paradoxo da era da comunicação. 
 Outro aspecto que merece ser lembrado é a estrutura do parágrafo: introdução, 
desenvolvimento e conclusão. 
 Em relação ao conteúdo do parágrafo vale lembrar: “Se o texto é um conjunto de 
idéias associadas, cada parágrafo – em princípio, pelo menos – deve corresponder a cada 
uma dessas idéias(...)” (Garcia 2003). Desse modo, cria-se um parágrafo para cada aspecto 
a ser discutido no texto. 
 Além disso, a construção do tópico frasal – idéia núcleo do parágrafo – auxilia na 
construção do parágrafo e, conseqüentemente, do texto claro e coeso. 
 
2.2. O PLANEJAMENTO DO TEXTO I 
 
 A organização do pensamento pode se dar pela construção de um gráfico ou 
fluxograma. Para compreender essa técnica de planejamento de texto, ou pelo menos, 
amenizar as dificuldades em relação à escrita, faremos a análise do texto a seguir. Leia-o 
com atenção. 
 
O cientista é uma pessoa que pensa melhor do que as outras? 
 
 Antes de mais nada é necessário acabar com o mito de que o cientista é uma pessoa 
que pensa melhor do que as outras. O fato de uma pessoa ser muito boa para jogar 
 
 
3
xadrez não significa que ela seja mais inteligente do que os não jogadores. Você pode 
ser um especialista em resolver quebra cabeças. Isso não o torna mais capacitado na 
arte de pensar. Tocar piano ( como tocar qualquer instrumento) é extremamente 
complicado. O pianista tem de dominar uma série de técnicas distintas – oitavas, sextas, 
terças, trinados, legatos, stacattos - e coordená-las, para que a execução ocorra de 
forma integrada e equilibrada. Imagine um pianista que resolva especializar-se (...) na 
técnica dos trinados apenas. O que vai acontecer é que ele será capaz de fazer trinados 
como ninguém – só que ele não será capaz de executar nenhuma música. Cientistas 
são como pianistas que resolveram especializar-se numa técnica só. Imagine as várias 
divisões da ciência – física, química, biologia, psicologia, sociologia – como técnicas 
especializadas. No início pensava-se que tais especializações produziriam, 
miraculosamente, uma sinfonia. Isso não ocorreu. O que ocorre, freqüentemente, é que 
cada músico é surdo para o que os outros estão tocando. Físicos não entendem os 
sociólogos, que não sabem traduzir as afirmações dos biólogos, que por sua vez não 
compreendem a linguagem da economia, e assim por diante. 
 A especialização pode transformar-se numa fraqueza. Um animal que só 
desenvolvesse e especializasse os olhos se tornaria um gênio no mundo das cores e 
das formas, mas se tornaria incapaz de perceber o mundo dos sons e dos odores. E isto 
pode ser fatal para a sobrevivência. 
 O que eu desejo é que você entenda o seguinte: a ciência é uma especialização, um 
refinamento de potenciais comuns a todos. Quem usa um telescópio ou um microscópio 
vê coisas que não poderiam ser vistas a olho nu. Mas eles nada mais são do que 
extensões do olho. Não são órgãos novos. São melhoramentos na capacidade de ver 
comum a quase todas as pessoas. Um instrumento que fosse a melhoria de um sentido 
que não temos seria totalmente inútil. Da mesma forma como telescópios e microscópios 
são inúteis para cegos, e pianos e violinos são inúteis para surdos. 
 A ciência não é um órgão novo de conhecimento. A ciência não é a hipertrofia de 
capacidades que todos têm. Isso pode ser bom, mas pode ser muito perigoso. Quanto 
maior a visão em profundidade, menor a visão em extensão. A tendência da 
especialização é conhecer cada vez mais de cada vez menos. 
 ALVES, Rubens. In: VIANA, Antônio Carlos et alii. Roteiro de redação: 
lendo e argumentando. São Paulo, Scipione, 1998,p. 128-9. 
 
Vamos ao trabalho! 
 Após leitura atenta, anote as idéias principais e sublinhe as palavras que julgar 
importantes para a construção do significado do texto, ou seja, as palavras-chave. 
 Elabore uma lista das palavras que são retomadas por sinônimos, que são 
modificadas ou repetidas em cada parágrafo; 
 
 
4
 Selecione, de cada uma das listas, a palavra que representa a idéia repetida; 
 Selecione, de cada parágrafo, uma frase que represente a idéia-chave nele 
desenvolvida; 
 Faça, agora, o gráfico ou fluxograma das idéias do texto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.3. O PLANEJAMENTO DO TEXTO II 
Uma outra possibilidade de planejamento de texto é a utilização da técnica do “POR QUÊ?” 
 Considere a seguinte estrutura textual: 
 INTRODUÇÃO: Tese + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3 
 DESENVOLVIMENTO: argumento 1+ argumento 2+argumento 3 
 CONCLUSÃO: Expressão inicial + reafirmação do tema + observação final 
Vejamos, agora, os passos para esse tipo de planejamento textual. 
 
Tese: O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO 
Pergunta-se: Por que O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO? 
Responde-se: (argumento 1) tem havido inúmeros conflitos internacionais. 
 (argumento 2) o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério 
desequilíbrio ecológico. 
 (argumento 3) permanece o perigo de uma catástrofe nuclear. 
Conclui-se: Expressão inicial + retomada do tema + sugestão ou possibilidade (previsão) 
de solução do problema. 
 Com esse esquema preparado, basta desenvolver as idéias selecionadas, 
articulando os parágrafos de maneira clara e lógica. E, por fim, escolher um título atraente 
que faça referência ao tema abordado no texto. Observe como isso pode dar um excelente 
resultado: 
Prepare-se para a próxima aula – alimentação temática: 
 Durante esta semana, procure ler textos que tratem do desenvolvimento tecnológico 
(benefícios, prejuízos, adaptação dos profissionais, implicação em relação ao 
desemprego, contribuições para a medicina, para a educação etc), para que 
possamos elaborar um fluxograma, ou um mapeamento de idéias sobre o assunto e 
desenvolver um texto organizado, claro e coeso. Quanto mais contato tiver com os 
meios de informação (TV, jornais, revistas, rádio, livros), maior será seu 
conhecimento sobre os assuntos. Por isso é muito importante ler constantemente, a 
fim de que seu “arquivo” de conhecimentos esteja sempre cheio e atualizado. Se 
suas idéias forem limitadas, seu texto também o será! 
 
 
 
5
Destruição: a ameaça constante 
O mundo caminha atualmente para a sua própria destruição, pois tem 
havido inúmeros conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se 
ameaçado por sério desequilíbrio ecológico e, além do mais, permanece o 
perigo de uma catástrofe nuclear. 
Nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos 
inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória 
a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia que provocaram grande 
extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos que, envolvendo as 
grandes potências internacionais, poderiam conduzir-nos a um confronto 
mundial de proporções incalculáveis. 
Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela 
ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos e poluem as 
águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude 
de tantas agressões, acabe por se transformar em um local inabitável... 
Além disso, enfrentamos sério perigo relativo à utilização da energia 
atômica. Quer pelos acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente 
nas usinas nucleares, quer por um eventual confronto em uma guerra mundial, 
dificilmente poderíamos sobreviver diante do poder avassalador desses 
sofisticados armamentos. 
Isso posto ( sendo assim/ desse modo/ assim/ portanto) somos levados 
a acreditar na possibilidade de estarmos a caminho do nosso próprio 
extermínio. É desejo de todos nós que algo possa ser feito no sentido de 
conter essas diversas forças destrutivas, para podermos sobreviver às 
adversidades e construir um mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente 
habitado pelas gerações futuras. 
 (Texto adaptado de GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo:Ed. Scipione,1988) 
 
2.4. PRODUÇÃO DE TEXTO 
 Faremos, agora, o processo inverso: vamos montar o texto, para isso há duas 
possibilidades. 
 
PROPOSTA 1 
 Reflita sobre as leituras que fez. 
 Delimite o tema. 
 Estabeleça a tese que será apresentada. 
 Selecione o caminho que o levará à comprovação de sua idéia. 
 Estabeleça a que deseja chegar com a exposição que fará em seu texto. 
 
 
6
 Organize esse raciocínio por meio do gráfico. 
 Agora, transforme em texto as idéias que organizou no gráfico e, a seguir, escreva 
seu texto. 
 
 PROPOSTA 2 
 Reflita sobre as leituras que fez. 
 Delimite o tema. 
 Estabeleça a tese que será apresentada. 
 Selecione o caminho que o levará à comprovação de sua idéia, para isso, utilize a 
técnica do “Por quê?” 
 
 
LEMBRETES 
 
 Faça sempre um rascunho do texto. Essa prática auxilia a desenvolver um texto mais 
claro e coerente. 
 Se, durante a leitura do texto, você pensar “acho que vão entender”, esse é o 
momento de reescrever e tornar as idéias mais claras. 
 
 
 
 EXPRESSÕES QUE AJUDAM A MELHORAR SUA REDAÇÃO 
 
1. Para introdução de uma idéia: 
Segundo Fulano ...; Sucedeu que...; Ao iniciar...; Indubitavelmente...; Ainda que...; Não 
existe...; O que é...; No dia..; Ao iniciar...; Não há dúvidas que...; Não há muito tempo...; 
Primeiramente...; Sabemos que...; De modo geral...; Por que...?; Era uma vez...; Propomo-
nos a ...; No início...; Aconteceu que...; Há...; Havia...; Foi uma vez...; Inicialmente...; 
Voltemos nosso pensamento para...; Embora...; Temos...; Eis...; Você sabia...; Durante...; 
Existem...; Observamos que...; Quando...; Supomos que...; Em primeiro lugar...; Eu...; Por 
volta de...; Até meados de...; Pensamos que...; Sucedeu que...; Nestas considerações 
iniciais...; A palavra...; Voltemos nossa atenção para...; 
 
2. Para desenvolvimento da idéia: 
Em segundo lugar...; Com referência a ...; Em seguida...; Outro enfoque...; Passemos 
para...; A evidência adicional para confirmação...; Após as considerações iniciais...; 
Continuando...; Prosseguindo...; Passamos em seguida para...; Examinemos a seguir...; 
Examinemos agora...; Comparemos agora...;Depois...; Além disso...; Então...; Ora...; 
Voltemos por ora a nossa atenção para...; 
 
 
 
7
3. Para contraste de várias idéias: 
Mesmo que...; Por um lado...; Por outro lado...; Mas...; Porém...;Contudo...; No entanto...; 
Entretanto...; Todavia...; Apesar de...; Não obstante...; 
 
4. Resultado de idéias: 
O saldo desse confronto...; Assim sendo...; Em conseqüência...; Como conseqüência...; 
Então...; Como resultado do exposto...; O resultado positivo...; Portanto...; Por isso...; 
Assim...; Desse modo...; Desde que...; Porque...; Conseqüentemente...; Daí...; Já que...; O 
saldo positivo do exposto...; Por essa razão...; Por esse motivo...; O saldo negativo...; 
 
5. Transição de idéias: 
Concomitantemente...; Paralelamente...; Ao mesmo tempo...; Nesse ínterim...; Além disso...; 
Se...; Então...; Voltemos nossa atenção para...; Se o que dissemos é verdade...; 
Simultaneamente...; 
 
6. Cronologia de idéias: 
Em primeiro lugar...; Em segundo lugar...; Em Terceiro lugar...; Este...; Aquele...; Um outro...; 
O primeiro...; O segundo...; Este...; O próximo...; Por último...; Depois...; Enfim...; Em 
conclusão...; 
 
7. Ênfase das idéias: 
Aliás...; Deste modo...; Neste caso...; Isto é importante porque...; Os resultados óbvios são...; 
Obviamente...; Os resultados significativos são...; Torna-se claro que...; Deixe me repetir 
que...; Lembremos que...; Deixe-me enfatizar que...; Enfatizemos que...;Naturalmente...; É 
claro que...; Frisemos que...; É obvio que...; Notemos que...; 
 
 
8. Resumo de idéias: 
Em suma...; Em conclusão...; Em resumo...; Em síntese...; Resumindo...; Sumarizando...; 
Sintetizando...; Concluindo...; Como conclusão...; Como demonstramos...; Como vimos...; Em 
poucas palavras...; Por esses...; Pelo exposto acima...; 
 
9. Explicação das idéias: 
(Poderia ser encaixado na ênfase das idéias) 
...isto é; ...é o seguinte; Esclarecendo...; Explicando melhor...; Neste caso...; Com efeito...; 
 
10. Conclusão das idéias: 
(incluiria o resumo das idéias também) 
 
 
8
Por fim...;Finalmente...; Encerrando...; Afinal...; Enfim... 
 
 
. 3. LEITURA, ENTENDIMENTO DE QUESTÕES E RESPOSTA ADEQUADA 
 
 A resolução de exercícios e as respostas oferecidas a questões de provas 
também compreendem o entendimento e a produção de texto. A distração aliada à 
inconveniente pressa e à dificuldade em relação aos verbos de comando são as 
responsáveis, na maior parte das vezes, pelo mau desempenho na solução desses 
problemas. 
Há que se mergulhar na leitura para melhor compreender o sentido do texto que ora 
faz parte de nossa ocupação. Não adianta pular etapas, pois um bom raciocínio requer 
começo, meio e fim. 
É importante lembrar sempre que cada resposta é um pequeno texto e que, portanto, 
deve ter introdução (muitas vezes representada pela reescrita da própria pergunta (tópico 
frasal), desenvolvimento (a resposta propriamente dita) e, quando possível, conclusão 
(fechamento do texto). 
Na resolução de problemas, muitos alunos começam a ler a questão e, sem terminar 
de ler todo o enunciado, acham que já sabem o que se está pedindo e fazem as contas. 
Mas, na verdade, não sabem realmente qual é a pergunta do problema. Isso é muito ruim, 
pois em muitos problemas a pergunta está justamente no finalzinho do enunciado. 
Por esse motivo, na maioria das vezes, uma questão muito fácil pode ser jogada fora 
por causa de uma má leitura do enunciado. 
Há questões que apresentam enunciados muito longos, daqueles que você já olha e 
fica assustado - "isso aqui não sei". Geralmente, nesse tipo de questão, quando o aluno 
chega ao fim da leitura do enunciado, já se esqueceu o que dizia o começo do problema: aí 
fica nervoso e acaba considerando a questão difícil. 
 
O que você deve fazer então? 
 
1. Com calma, faça uma primeira leitura do enunciado para você se familiarizar com o 
problema e delinear as metas a serem atingidas; 
2. Numa segunda leitura, sublinhe as palavras-chave. 
3. A terceira leitura possibilitará que você faça as anotações necessárias ao lado da 
questão a fim de buscar uma representação gráfica para evitar abstrações 
desnecessárias. 
4. Liste os dados e as incógnitas - é importante ter acesso fácil, em qualquer etapa da 
resolução, aos dados conhecidos e aos desconhecidos. 
 
 
9
5. Verifique o sistema de unidades. 
6. Elabore hipóteses e escreva as equações apropriadas para delinear o problema da 
forma mais clara possível. 
7. Desenvolva o problema literalmente. 
8. Analise o resultado. 
(adaptado de http:// plato.if.usp.ler/seminarios 1 resolução de problemas e de 
http://vestibular.uol.com.br) 
 
 Para auxiliá-los durante esse processo, vamos analisar alguns enunciados e propor 
respostas a algumas questões. 
 
1. Um caminhão com carga de 20 toneladas e velocidade de 150 km/h trafega por uma 
rodovia. No km 25, passa sob uma ponte cuja capacidade é suportar um peso de 15 
toneladas. Pergunta-se o que ocorre com a ponte durante a passagem do caminhão. 
 
2. Um trem de 150 metros de comprimento, com capacidade para transportar cerca de 
200 pessoas, viaja de uma cidade a outra, movendo-se com uma velocidade 
constante de 72 km/h. Durante o percurso, atravessa um túnel de 300 m de 
comprimento. Sabe-se que a distância entre as duas cidades é de 2 km. Determine o 
tempo gasto pelo trem após atravessar completamente o túnel. 
 
 
 
IMPORTANTE: Os exercícios abaixo têm por finalidade apenas a interpretação dos 
enunciados, portanto não é necessário resolvê-los numericamente. 
 
 
3. N bolas amarradas entre si por cordas idênticas de 1 m de comprimento cada, giram com 
velocidade angular constante de 2 rad/s em torno do ponto O, sobre uma mesa sem atrito. 
Qual o maior número de bolas que podem ser amarradas e giradas sem que uma das 
cordas se rompa, considerando-se que cada bola tem massa 0,1 kg; a massa das cordas é 
desprezível e cada uma suporta uma tração máxima de 42 N ? 
 
a) Destaque a pergunta no enunciado. 
 
 
 
 
 
 
b) Elabore uma resposta completa e coerente, substituindo-se o valor numérico por X 
 
 
 
 
 
 
 
10
4. Em um prédio de 20 andares (além do térreo) o elevador leva 36s para ir do térreo ao 
20º andar. Uma pessoa no andar X chama o elevador, que está inicialmente no térreo, e 
39,6s após a chamada a pessoa atinge o andar térreo. Determine o valor do andar X, 
considerando-se que não ocorreram paradas intermediárias, e que os tempos de abertura e 
fechamento da porta do elevador e de entrada e saída do passageiro são desprezíveis. 
 
a) O que o problema propõe que você faça? 
 
 
 
 
 
 
b) Elabore uma resposta completa e coerente, substituindo-se o valor numérico por N. 
 
 
 
 
 
5. Um escoteiro está perdido no topo de uma montanha em uma floresta. De repente ele 
escuta os rojões da polícia florestal em sua busca. Com um cronômetro de centésimos de 
segundo ele mede 6s entre a visão do clarão e a chegada do barulho em seus ouvidos. A 
velocidade do som no ar vale Vs=340m/s. Calcule a distância entre o escoteiro e a polícia 
florestal, levando-se em conta que, como escoteiro, ele usa a regra prática de dividir por 3 o 
tempo em segundos decorrente entre a visão e a escuta, para obter a distância em 
quilômetros que o separa da polícia florestal. 
 
a) Qual a “pergunta” do problema? 
 
 
 
 
 
 
b) Elabore uma resposta completa e coerente, substituindo-se o valor numérico por X 
 
 
 
 
 
 
 
3. Leia: 
“A Internet revolucionou o modo como nos comunicamos, tornando possíveis novas e infinitas 
oportunidades de interagir e compartilhar informações. Mas, se, por um lado, essa revolução 
contribui para o desenvolvimento acelerado de uma comunidade virtual de âmbito mundial, por 
outro lado, governos e organizações privadas passaram a ter acesso e poder de processar 
informações sobre os indivíduos, num ritmo cada vez mais rápido e intenso, aumentando o risco 
de os indivíduos terem seus dados manipulados por terceiros sem o seu consentimento, sofrerem 
invasão de privacidade ou, o que é mais grave, serem envolvidos em situações embaraçosas, 
pelo uso indevido e nem sempre ético de seus dados pessoais”. 
(Invasão de privacidade. Um problema a ser encarado. http://www.infoguerra.com.br) 
 
 
 
11
a) Pela leitura do trecho acima, é possível inferir qual o ponto de vista do autor em relação à 
revolução na comunicação causada pela Internet. Qual é ele? 
 
 
 
 
 
b) Transcreva do texto o aspecto positivo da comunicação via Internet. 
 
 
 
 
 
 c) Desenvolva um parágrafo ( seguindo a estrutura do parágrafo dissertativo padrão) que 
apresente seu ponto de vista em relação ao tema abordado no excerto acima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. O TEXTO ARGUMENTATIVO 
 
O texto argumentativo tem como meta principal a defesa de uma tese, pressupondo 
a existência de um “auditório” (interlocutor) definido, isto é, um interlocutor específico, 
adequando-se a ele com a intenção de convencê-lo, persuadi-lo (levá-lo a crer no ponto de 
vista defendido, de tal forma que passe a aceitá-lo como verdadeiro). Nesse tipo de 
discurso, o enunciador almeja a adesão total do interlocutor. 
Ao elaborar um texto argumentativo visando a conseguir a adesão de determinado(s) 
interlocutor(es), o enunciador precisa escolher os argumentos, conhecer a dimensão deles e 
estabelecer uma ordem de apresentação dos mesmos. Em outras palavras, deve ter 
consciência da pertinência e da força dos argumentos. Sem esse conhecimento prévio, toda 
argumentação pode ser contemplada com seu inimigo fatal: o fracasso. 
Os argumentos são, portanto, as “provas” (raciocínio, dados, fatos) apresentadas 
para demonstrar que a idéia que você pretende defender é correta. Comodiz Aristóteles, os 
argumentos servem quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas. 
 
 
12
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a 
saúde e a doença, não precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de 
escolher entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, 
precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argumento pode, então, 
ser definido como qualquer recurso que torna uma coisa mais vantajosa que a outra. 
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de um fato, mas levar o 
ouvinte a admitir como verdadeiro o que o enunciador está propondo. 
Sendo assim, podemos dizer que todo texto é argumentativo, porque todos são 
persuasivos, mais ou menos explicitamente, uma vez que “ toda a ação comunicativa é 
dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologia e, portanto, caracterizada pela 
argumentatividade”. 
"Argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar 
informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa 
'vencer junto com o outro' (com + vencer) e não contra o outro. Persuadir é saber gerenciar 
a relação, é falar à emoção do outro". A origem dessa palavra está ligada à preposição ‘per, 
'por meio de, e a 'Suada, deusa romana da persuasão. (... ) Mas em que 'convencer' se 
diferencia de ‘persuadir'? Convencer é construir algo no campo das idéias. Quando 
convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é construir no 
terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos alguém, esse 
alguém realiza algo que desejamos que ele realize". 
(Antônio Suarez Abreu, A arte de argumentar - gerenciando 
razão e emoção. São Paulo. Ateliê, 1999) 
 
É comum utilizarem-se indistintamente os termos "convencer" e "persuadir" como 
sinônimos. Na teoria da argumentação, entretanto, eles adquirem sentidos específicos, 
associando-se o primeiro conceito mais à razão, e o segundo, à emoção. Koch(1984) adota 
essa distinção: "Enquanto o ato de convencer se dirige unicamente à razão, através de um 
raciocínio estritamente lógico e por meio de provas objetivas (... ), o ato de persuadir, por 
sua vez, procura atingir a vontade, o sentimento do(s) interlocutor(es), por meio de 
argumentos plausíveis ou verossímeis, e tem caráter ideológico, subjetivo, temporal". 
 
 
TEXTOS PARA ANÁLISE E DISCUSSÃO 
 
 Reúna-se com seu grupo de estudos e faça uma leitura atenta dos textos abaixo. 
Em seguida, elabore um parágrafo de, no máximo, 12 linhas que apresente o ponto 
de vista do grupo em relação ao assunto. 
 
 
 
 
13
TEXTO I 
 
Uma folga para São Pedro 
RONALDO FABRÍCIO 
São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008 
__________________________________________________________________________________ 
 
Parece óbvio que o Brasil precisa redesenhar sua matriz energética, o que torna a 
conclusão de Angra 3 uma necessidade urgente 
 
É injustificável achar que o Brasil vai ser para sempre dependente de São Pedro e 
viver pavores cíclicos de um novo apagão, como ocorre mais uma vez agora. 
Nossa excessiva dependência da energia hidrelétrica não é obra do santo, mas resultado de 
uma antiga opção estratégica que só agora começa a ser mudada, pois está impondo ao 
país perda de tempo, de recursos e de oportunidades de desenvolvimento. 
Se antes podíamos contar com grandes reservatórios em hidrelétricas que garantiam 
o fornecimento de "combustível" em períodos secos, hoje isso é impossível. Os grandes 
reservatórios perderam capacidade por assoreamentos devidos aos desmatamentos e pelo 
uso de suas águas para outras finalidades também importantes, como abastecimento e 
irrigação. 
As novas hidrelétricas já não contam mais com tamanha capacidade de 
armazenamento, por problemas ambientais. Não se trata de substituir simplesmente uma 
fonte por outra, mas de explorar complementarmente todas as boas alternativas disponíveis 
dos pontos de vista econômico e ambiental. A energia nuclear é uma delas, como já 
constataram os países mais avançados. 
O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo. São 309 mil toneladas, que 
equivalem em energia ao dobro das reservas de gás bolivianas ou quase 240 anos de 
operação do gasoduto Bolívia-Brasil, que tem capacidade para transportar 25 milhões de 
metros cúbicos por dia. Apesar disso, a energia nuclear representa apenas 2% da matriz 
brasileira, centrada na fonte hidráulica em quase 90%. A geração nuclear nos Estados 
Unidos, França e Inglaterra é maior hoje do que toda a energia produzida no Brasil. E a 
previsão é de que cresça no mundo consideravelmente até 2030. 
Não faltam argumentos para que o Brasil também tome este caminho. 
Do ponto de vista ambiental, as usinas nucleares são defendidas hoje até por 
ecologistas que antes as rejeitavam, pois comprovaram ser uma alternativa às emissões 
provocadas pelas centrais térmicas e à necessidade de alagamento de grandes áreas para 
a construção de hidrelétricas. Além de não emitirem gases causadores do efeito estufa, elas 
armazenam seus resíduos de forma segura, isolados do público e do ambiente. 
Economicamente, a opção nuclear também é vantajosa em relação a outras energias 
alternativas, seja pelo rendimento, seja pelo custo de geração e até mesmo pela tarifa, que 
se tornou competitiva no caso do Brasil. 
Tomemos o exemplo de Angra 3, projeto estratégico cuja retomada foi anunciada em 
2007 sem que até agora tenha se concretizado. 
A central nuclear de 1.350 megawatts pode gerar 10,9 milhões de megawatts-
hora/ano, suficientes para abastecer um terço da demanda energética do Estado do Rio de 
Janeiro. 
Uma usina eólica com a mesma capacidade, por exemplo, geraria menos da metade 
dessa energia a um preço bem superior e ocuparia uma área muito maior do que o 
quilômetro quadrado onde se concentra todo o complexo de Angra. 
A geração nuclear se tornou competitiva também em se tratando de tarifa. O Brasil 
tem déficit de 4.000 MW e não pode confiar apenas em projetos hidrelétricos disponíveis 
para atender essa demanda. No último leilão realizado pelo governo, em outubro passado, a 
energia contratada de térmicas foi negociada a um preço médio de R$ 130 o megawatt-
hora, considerando que estas usinas vão operar apenas 5% do tempo. Se for necessário 
operar por períodos maiores, o custo do combustível será rateado entre todos os 
consumidores. 
 
 
14
Este valor é muito próximo dos R$ 140 a serem cobrados por Angra 3. Parece óbvio, 
portanto, que o Brasil precisa redesenhar sua matriz energética, e nesse redesenho há um 
bom espaço para a geração nuclear, o que torna a conclusão de Angra 3 uma necessidade 
estratégica e urgente. A não ser que nos conformemos com a reza coletiva a São Pedro 
como alternativa avançada de política energética. 
___________________________________________________________________ 
RONALDO FABRÍCIO, 74, engenheiro civil, é vice-presidente executivo da Abdan (Associação Brasileira para o 
Desenvolvimento de Atividades Nucleares). Foi presidente de Furnas e da Eletronuclear e diretor de Engenharia 
da Eletrobrás. 
 
 
 
TEXTO II 
 
Quem vai pagar a conta de Angra 3? 
BEATRIZ CARVALHO G. SANTOS 
São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008 
_____________________________________________________________________ 
Construir uma usina nuclear no Brasil será um verdadeiro saque aos cofres públicos; se 
criada, Angra 3 gerará pouca energia e vários problemas 
 
 
Em recente artigo publicado nesta Folha ("Uma folga para são Pedro", 
"Tendências/Debates", 13/2/08), Ronaldo Fabrício, da Associação Brasileira para o 
Desenvolvimento de Atividades Nucleares, defendeu a construção da usina nuclear Angra 3. 
Para justificar a opçãoatômica, listou argumentos sobre a suposta viabilidade econômica do 
empreendimento, em detrimento de alternativas como a energia eólica. 
Construir uma usina nuclear no Brasil só será possível por meio de um verdadeiro 
saque aos cofres públicos. Se for instalada, Angra 3 vai gerar pouca energia -apenas 1.350 
MW- e diversos problemas sem solução, como lixo radioativo e risco permanente de 
acidentes. 
E, apesar do marketing para posicionar a geração atômica como resposta ao 
aquecimento global, sabe-se que o ciclo de vida da energia nuclear, incluindo a fabricação 
do combustível a partir do urânio, consome energia e gera emissões indiretas de gases 
estufa. Tais emissões indiretas podem, em alguns casos, equiparar-se à poluição de 
termelétricas fósseis. 
Orçamentos estourados e problemas de cronograma são típicos da indústria nuclear, 
que registra uma média mundial de quatro anos de atraso na conclusão das obras. O caso 
de Angra 2 é emblemático: fruto do tratado Brasil-Alemanha firmado em 1975, a usina 
custou mais de R$ 20 bilhões e entrou em operação apenas em 2000. A construção de 
Olkiluoto 3, na Finlândia, está 18 meses atrasada em relação ao cronograma original e 
acumula perdas de quase US$ 1 bilhão. 
O cronograma oficial de Angra 3 prevê que as obras da usina sejam iniciadas em 
2008 -improvável, já que as licenças ambientais nem sequer foram concedidas- e terminem 
em 2014. Se a média de quatro anos de atraso for mantida, a usina ficará pronta só em 
2018. Quanto maior o tempo de construção, maior o ônus financeiro por conta dos juros 
sobre o capital imobilizado para a obra. 
A Eletronuclear informa que o empreendimento custará R$ 7,2 bilhões, sendo que 
70% do financiamento virão de recursos do BNDES e fontes estatais, e os outros 30% de 
investidores internacionais, entre eles a gigante francesa Areva. 
As condições do financiamento são controversas. A Eletronuclear assumiu uma taxa 
de retorno para o investimento entre 8% e 10% -muito abaixo das praticadas pelo mercado, 
que variam de 12% a 18%. Somente uma taxa de retorno tão baixa pode viabilizar a tarifa 
de R$ 138 MW/h anunciada pelo governo federal para Angra 3 e emprestar um verniz de 
competitividade ao empreendimento. A título de comparação, a energia da hidrelétrica de 
Santo Antônio, no Rio Madeira, foi negociada a uma tarifa de R$ 78,87 MW/h. 
 
 
15
A operação a baixas taxas de juros revela o subsídio estatal à construção da usina, 
uma vez que o investimento público não será integralmente recuperado. Os subsídios 
governamentais ocultos no projeto da usina nuclear Angra 3 são perversos, porque estão 
disfarçados nas contas de luz dos consumidores. O Greenpeace não se opõe ao aporte de 
recursos públicos para setores estratégicos ao desenvolvimento do país, mas condena a 
falta de transparência sobre os custos reais das suas opções energéticas, impedindo que a 
sociedade saiba, e se manifeste, sobre como e onde seu dinheiro está sendo investido. 
Em um horizonte mais amplo, o desvio de recursos públicos para a opção nuclear é 
um verdadeiro obstáculo ao estabelecimento de um mercado de energias renováveis no 
Brasil. 
Com os R$ 7,2 bilhões alocados para Angra 3, seria possível construir um parque 
eólico com o dobro da capacidade da usina nuclear em apenas dois anos sem lixo radioativo 
ou risco de acidentes. 
Dados do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), do 
governo federal, mostram que cada R$ 1 bilhão empregado em programas de eficiência 
energética resulta em uma economia de 7.400 MW, o equivalente a 5,5 vezes a potência de 
Angra 3. Se uma usina nuclear custa mais de R$ 7 bilhões, pode-se concluir que cada R$ 1 
bilhão investido em eficiência pode evitar investimentos de até R$ 40 bilhões para gerar a 
mesma eletricidade a partir de plantas nucleares. 
Os custos econômicos, ambientais e sociais de Angra 3 são altíssimos. Apenas as 
verdadeiras ambições políticas e econômicas do Programa Nuclear Brasileiro -leia-se: 
aumento da exploração de urânio, o mercado de combustível nuclear e finalidades militares- 
podem explicar tal insistência com projeto tão desnecessário para o Brasil e tão ineficaz em 
termos de energia. 
___________________________________________________________________ 
BEATRIZ CARVALHO G. SANTOS , advogada, é coordenadora da campanha antinuclear do Greenpeace. 
 
 
 
TEXTO III 
 
Licenciar Angra 3: por quê? 
ROBERTO MESSIAS FRANCO 
São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008 
_________________________________________________________________________________ 
Nenhuma alternativa de geração de energia pode ser descartada liminarmente. Isso porque 
o Brasil retomou o desenvolvimento 
 
Vários projetos estruturantes para o Brasil do futuro estão em análise pelo Ibama e 
pelos órgãos ambientais dos Estados brasileiros. Nesse cenário, nenhuma alternativa de 
geração de energia pode ser descartada liminarmente. O Ibama analisa com 
responsabilidade e rigor os impactos ambientais relativos a cada uma das opções possíveis. 
Isso porque o Brasil retomou o desenvolvimento. Ninguém ignora ou é contra o 
crescimento do país, pois significa novas oportunidades de emprego, de desenvolvimento 
científico e tecnológico e de uso dos recursos abundantes. Entretanto, para a área 
ambiental, o desafio é enorme: é, certamente, mais fácil licenciar e controlar numa economia 
estagnada. 
Além disso, ante as mudanças climáticas, é imperativo ter uma matriz energética 
com o mínimo de emissão de CO2 e, neste quesito, o país tem uma situação confortável 
comparada com a de outras nações do mundo. 
Mas o ritmo do desenvolvimento requer mais produção de energia. 
A energia nuclear representa cerca de 3% na matriz energética brasileira, mesmo 
com a existência de cientistas de grande capacidade, compromissados com o país, 
desenvolvendo tecnologias nucleares que não podem ser confundidas com usos belicosos 
nem bomba atômica, ao contrário, resultam em benefícios para a indústria médico-hospitalar 
em avançados tratamentos de doenças como o câncer, a conservação de alimentos e 
outras conquistas científicas. 
 
 
16
A produção de energia é mais uma conquista. Juntas, as usinas nucleares brasileiras 
formam um complexo de padrão internacional e iluminam a cidade do Rio de Janeiro. Se a 
energia nuclear fosse uma tecnologia obsoleta e descartável, não seria usada em grande 
escala na Europa e nos EUA. 
O Brasil possui combustível nuclear, já descoberto e de conhecimento de todos, para 
400 anos de geração de energia sem despender um só dólar com importação, ao contrário 
das termoelétricas, que terão de importar carvão. As hidrelétricas, por sua vez, apresentam 
impactos na sua construção, com áreas alagadas e populações afetadas, e não são todos 
os rios que mantêm volume de água suficiente para geração de energia em todas as 
estações do ano. 
O parque eólico e o uso de energias solares, que também têm de ser considerados e 
estimulados, são certamente componentes da matriz energética, mas insuficientes para 
manter toda a atividade industrial e o consumo urbano que o país vai exigir. 
As térmicas a carvão ou a óleo, em funcionamento ou em perspectiva de construção, 
envolvem emissão de CO2 na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, fator que 
não pode ser esquecido quando caminhamos para um acordo mundial pós-Kyoto para evitar 
mudanças indesejáveis para toda a população da Terra. 
As próprias hidrelétricas na Amazônia têm uma complicada análise de 
custo/benefício e é necessário estudar com profundidade seu impacto sobre um rico 
ecossistema e sobre as populações tradicionais e indígenas. 
Diante de todos os desafios impostos ao país, que retoma o caminho para o 
desenvolvimento da grande nação que é, o Ibama analisou a licença para Angra 3 à luz das 
exigências da legislação ambiental brasileira,com todo o rigor e profundidade para garantir 
a segurança em relação aos impactos ambientais que poderiam ocorrer em sua construção 
e em sua operação. 
Vale lembrar que as duas unidades nucleares funcionam sem nenhum episódio de 
significativo risco para a população desde que entraram em operação; a licença prevê 
mecanismos de monitoramento, com isenção e transparência para a população local e 
brasileira; e foram impostas medidas compensatórias para corrigir eventuais pressões 
causadas por um aumento de densidade da população na região. 
No caso de Angra 3, o empreendedor assumirá custos do saneamento ambiental de 
Angra dos Reis e Paraty, uma vez que um investimento desse porte significa uma pressão 
maior sobre o meio ambiente. E adotará duas preciosidades da mata atlântica regional, que 
são o parque da Bocaina e a Estação Ecológica de Tamoios. 
Nenhuma cidade vai deixar de ter seus prédios, elevadores, computadores e 
chuveiros elétricos, e as indústrias vão continuar usando energia, gerando trabalho e 
benefícios. É sob a ótica da sustentabilidade que o licenciamento sério e responsável de 
Angra 3 pretende ser uma contribuição ao desenvolvimento brasileiro. 
_____________________________________________________________________ 
ROBERTO MESSIAS FRANCO , geógrafo, é presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis). Foi diretor-adjunto para a América Latina do Pnuma (Programa das Nações 
Unidas para o Meio Ambiente) e secretário especial do Meio Ambiente (governo Sarney). 
 
 
 
4.1.FORMAS DE ARGUMENTAÇÃO 
 
Os argumentos são recursos lingüísticos que utilizamos para tornar nosso discurso 
mais persuasivo e conquistar a adesão do auditório. 
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase impossível, tantas são 
as formas de que nos valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa à outra. 
Qualquer recurso lingüístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do 
enunciador é um argumento. Os argumentos mais utilizados são: 
 
 
 
17
 
 
a) Argumento de autoridade 
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como 
autoridades em certos domínios do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está 
propondo. Isso confere ao texto maior credibilidade, pois o ancora no depoimento de um 
especialista. Para o auditório, o efeito é positivo, uma vez que se acredita que as 
considerações de um expert são verdadeiras. 
A estratégia é adquirir respeitabilidade, fazendo valer sua tese com o peso da 
consideração de que goza a autoridade citada. Se considerarmos que por meio da 
argumentação se constrói um determinado objeto de saber, o discurso como um todo, 
podemos dizer que a autoridade auxilia-nos a construir esse objeto. Observe: 
Administrar é dirigir uma organização, utilizando técnicas de gestão para que alcance 
seus objetivos de forma eficiente, eficaz e com responsabilidade social e ambiental. 
Lacombe (2003, p.4) diz que a essência do trabalho do administrador é obter 
resultados por meio das pessoas que ele coordena. 
A partir desse raciocínio de Lacombe, temos o papel do "Gestor Administrativo" que 
com sua capacidade de gestão com as pessoas, consegue obeter os resultados esperados. 
Drucker (1998, p. 2) diz que administrar é manter as organizações coesas, fazendo-
as funcionar. 
As principais funções administrativas são: 
 Fixar objetivos (planejar) 
 Analisar: conhecer os problemas. 
 Solucionar problemas 
 Organizar e alocar recursos (recursos financeiros e tecnológicos e as pessoas). 
 Comunicar, dirigir e motivar as pessoas (liderar) 
 Negociar 
 Tomar as decisões. 
 Mensurar e avaliar (controlar). 
 Fayol foi o primeiro a definir as funções básicas do Administrador: Planejar, Organizar, 
Controlar, Coordenar e Comandar - POCCC. Destas funções a que sofreu maior evolução 
foi o "comandar" que hoje chamamos de Liderança. 
 
 
b)Argumento baseado no consenso 
É aquele que corresponde a valores em circulação na sociedade sobre os quais não 
pairam dúvidas: trata-se de idéias aceitas como verdadeiras por determinado grupo social, 
razão pela qual o consenso dispensa a demonstração (o que é considerado óbvio não 
precisa ser comprovado para ser aceito). De certa maneira, os dados consensuais 
produzem efeito semelhante ao que chamamos anteriormente de "evidência" (no discurso 
científico): criam a impressão de que não há o que argumentar. De fato, só se argumenta 
 
 
18
para chegar a um consenso, a um ponto comum (na verdade, o ponto de vista do 
enunciador). 
É preciso cautela no uso desse recurso argumentativo, uma vez que o consenso é o 
que todos sabem, e o texto que fala só do que todos já sabem torna-se desnecessário, 
perde sua razão de ser. Não há o que argumentar, por exemplo, diante de dados 
consensuais como a idéia de que o homem é mortal, a Aids é uma doença contagiosa, 
homens não podem engravidar etc. Observe, por exemplo, o seguinte argumento em se 
tratando da questão da escassez de água: 
A escassez e o uso abusivo da água doce constituem, hoje, uma ameaça crescente ao 
desenvolvimento das nações e à proteção ao meio ambiente. A saúde e o bem estar de milhões de 
pessoas, a alimentação, o desenvolvimento sustentável e os ecossistemas estão em perigo. 
A luta pela água poderá levar o mundo a outra grande guerra. Alguns economistas prevêem 
que, por sua importância estratégica, a água será a moeda do futuro. Mais do que o petróleo e o 
ouro, ela é valiosa para a humanidade. Sem ouro ou sem petróleo o homem vive; sem água não. 
 (adaptado de http://www.uniagua.org.br. 06/08/2007) 
 
 
c)Argumento baseado em provas concretas 
Trata-se da apresentação de dados que servem para comprovar a nossa tese, 
criando também efeito de sentido de evidência, de realidade. Esses dados concretos, isto é, 
extraídos da experiência "real", são obtidos de levantamentos estatísticos, relatórios, 
pesquisas etc., em geral divulgados por fontes consideradas "fidedignas", ou seja, que 
gozam de credibilidade - por exemplo, os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística), os índices da FGV (Faculdade Getúlio Vargas) etc. Do ponto de vista do 
poder persuasivo, esse é um tipo de argumento forte, uma vez que cria a impressão de 
realidade, o efeito de verdade (embora se saiba que números podem ser desmentidos por 
números). 
Vejamos um exemplo de uso desse recurso argumentativo extraído do texto "Uma 
revolução silenciosa" (Folha de S. Paulo, 29/12/1996), do então presidente Fernando 
Henrique Cardoso: 
 
" ( .. ) Treze milhões de brasileiros já deixaram a linha de pobreza. As classes D e E 
diminuíram 17%, e as classes A e B cresceram 21 %. O rendimento dos 1 0% mais pobres 
da população dobrou. ( .. ) Carne bovina, ovos, congelados, iogurte e conservas passaram a 
freqüentar mais a mesa dos brasileiros. As classes D e E são responsáveis por 30% de 
produtos como biscoitos, iogurte e macarrão instantâneo. Aumentou também o número de 
residências com geladeira, TV em cores, freezer, produtos eletrônicos e eletrodomésticos 
(... ). As vendas de cimento cresceram 12% em 1995 e 21,5% no primeiro semestre deste 
 
 
19
ano. (... ) Nestes dois anos de governo, 100 mil novas famílias tiveram acesso à terra. ( ... ). 
Já desapropriamos, neste período, 3 milhões de hectares (... ). Na Previdência Social, o 
aumento real médio dos benefícios foi de 39% entre 94 e 96 (... ). Conseguimos reduzir, de 
maneira sensível, os índices de mortalidade infantil (... )" 
 
Como se vê, o enunciador constrói uma imagem positiva de si, como o "salvador da 
pátria" que resgatou o país da situação caóticaem que se encontrava (antes do Plano Real), 
devolvendo ao povo a esperança de transformações, a partir das realizações 
"demonstradas" por meio das provas concretas. Produz, assim, a impressão de 
comprometimento com os rumos da nação, de seriedade no exercício da função 
presidencial. É importante dizer que se trata de uma estratégia: o discurso não diz a verdade 
(o que é a verdade?); cria efeitos de verdade, ou seja, faz o auditório crer que aquilo que 
parece verdadeiro de fato é verdadeiro. 
 
d)Argumento baseado no raciocínio lógico 
O texto é um todo coeso, organizado, coerente - o que pressupõe que nele exista 
uma progressão lógica das idéias. Utilizar satisfatoriamente esse recurso argumentativo, 
então, significa estabelecer relações adequadas entre as passagens do texto, respeitando, 
por exemplo, as relações de causa e conseqüência(entre o que provoca dado evento e o 
resultado produzido). Tudo aquilo que afeta a maneira habitual de as pessoas raciocinarem, 
associarem idéias, relacionarem proposições, afeta a lógica, logo prejudica o sentido (e, 
como ocorre via de regra, a argumentatividade do texto, seu poder persuasivo). 
Para ser coerente, o texto precisa, entre outras coisas, respeitar princípios lógicos 
fundamentais, como o "princípio da não-contradição", por exemplo. Quer dizer que não pode 
afirmar "A" e o contrário de "A": suas passagens têm de ser compatíveis entre si. Esta carta 
publicada no Painel do Leitor da Folha de S. Paulo (712/2003) ilustra a questão: 
 
"Se não punir Heloísa Helena, por quem tenho o maior apreço, o PT passará a ser mais 
uma sigla que, um dia, já foi um partido político. Não estará tolhendo o direito a opinião 
divergente, mas estará zelando pela unidade do partida”. 
(Fábio P. Marques, São Bernardo do Campo, São Paulo) 
 
De modo como está posto no enunciado, o que se depreende é que a não punição 
da deputada implicaria o desaparecimento do PT ("A") e a preservação da unidade do PT (o 
contrário de "A"). 
 
Em matéria de problemas envolvendo o raciocínio lógico, é importante também 
ficarmos atentos às formas de ligar orações nas composições dos períodos e aos 
 
 
20
mecanismos de relação entre eles. Expressões tais como "por exemplo", "dessa forma", "por 
outro lado" - que são exemplos de "articuladores lógicos do discurso" -, só servem à 
coerência se usadas, respectivamente, para explicar o que foi dito anteriormente, recuperar 
a "forma" em questão (o que se falou antes) e apresentar um outro aspecto do tema tratado. 
 Outros recursos lingüísticas que merecem igual atenção são as conjunções que 
estabelecem relações temporais, marcando “anterioridade" e "posterioridade" entre os fatos 
apresentados, as conjunções que estabelecem noções de causa e conseqüência, condição, 
oposição, etc. 
 
e) Argumento de competência lingüística 
O que interessa, aqui, não é tanto "o que dizer", mas "como dizer": grosso modo, 
pode-se pensar que a competência lingüística está mais ligada à forma do que ao conteúdo. 
Por melhores que sejam os argumentos do ponto de vista do conteúdo, a forma como são 
expostos pode pôr tudo a perder. 
Se considerarmos que a linguagem utilizada pelo é o "cartão de apresentação" do 
texto, criando já de início uma boa ou uma má impressão no auditório, a competência 
lingüística, isto é, o manejo lingüística hábil, adequado, tem força persuasiva. Problemas de 
concordância, regência, crase, pontuação, ortografia, etc, por outro lado, são 
comprometedores na medida em que desautorizam o enunciador, enquanto uma 
dissertação produzida em obediência aos padrões lingüísticos formais colabora para que 
dele se construa uma imagem positiva. O texto abaixo ilustra exemplarmente o quanto à 
competência lingüística interfere na persuasão, afetando a imagem do enunciador. Vejamos 
um trecho: 
 
"Tropecei num jota muçulmano na semana passada. Caí de cara no chão. Pra quem não leu 
a crônica da semana passada vou logo confessando que escrevi 'atinjiu' com jota e não com 
ge de jeito (esta dói mais). Mas eu explico. O que eu estava dizendo que atingiu foi jato. Jato 
com jota. Devo ter esquecido o dedo na tecla. A quantidade de cartas foi assustadora. 
Ninguém comentou nada sobre as torres atingidas. O que doeu mesmo no leitor foi aquele 
jota de jato. Bem nos alvos. 
Como se não bastasse o jota, no lugar de muçulmano, escrevi mulçumano. Aqui eu poderia 
mentir e dizer que foi de propósito, pois não queria atingir os muçulmanos que não tinham 
nada com o atingido. Então, teria inventado a palavra 'mulçumano. E mais, que teria escrito 
errado para facilitar a rima com humano. Tudo mentira. Errei mesmo. Talvez por nunca ter 
visto um ' muçulmano pela frente. Aliás, nem por trás, como o Bush anda vendo ( .. ) ". 
 
O jota muçulmano, Mário Prata, O Estado de S. Paulo, 3/10/2001 
 
 
 
21
De forma bem-humorada, o enunciador confessa que cometeu deslizes de 
ortografia na crônica anterior, chamando a atenção para o fato curioso de que os erros 
ganharam destaque sobre o próprio assunto de que ele falava. As cartas dos leitores são 
uma prova disso: enquanto Mário Prata tratava do atentado terrorista, as cartas acusavam-
no de "atentados à língua". Apesar do tom de brincadeira do texto, trata-se de uma questão 
tão importante que sua discussão mereceu uma crônica inteira. 
 
4.3. TEXTOS PARA ANÁLISE E DISCUSSÃO 
 
TEXTO I 
 
 O texto a seguir, de autoria de Drauzio Varella, apresenta a defesa do ponto de vista 
do médico a respeito da polêmica que foi gerada por um projeto de lei que proíbe a 
propaganda de cigarros no país. O estudo desse texto nos levará a perceber várias formas 
de argumentação. Leia-o e responda às questões propostas abaixo. 
 
Droga pesada 
 
Fui dependente de nicotina durante 20 anos. Comecei ainda adolescente, porque não 
sabia o que fazer com as mãos quando chegava às festas. Era início dos anos 60, e o 
cigarro estava em toda parte: televisão, cinema, outdoors e com os amigos. As meninas 
começavam a fumar em público, de minissaia, com as bocas pintadas assoprando a fumaça 
para o alto. O jovem que não fumasse estava por fora. 
Um dia, na porta do colégio, um amigo me ensinou a tragar. Lembro que fiquei meio 
tonto, mas saí de lá e comprei um maço na padaria. Caí na mão do fornecedor por duas 
décadas; 20 cigarros por dia, às vezes mais. 
Fiz o curso de Medicina fumando. Naquela época, começavam a aparecer os 
primeiros estudos sobre os efeitos do cigarro no organismo, mas a indústria tinha equipes 
de médicos encarregados de contestar sistematicamente qualquer pesquisa que ousasse 
demonstrar a ação prejudicial do fumo. Esses cientistas de aluguei negavam até que a 
nicotina provocasse dependência química, desqualificando o sofrimento da legião de 
fumantes que tentam largar e não conseguem. 
Nos anos 1970, fui trabalhar no Hospital do Câncer de São Paulo. Nesse tempo, a 
literatura científica já havia deixado clara a relação entre o fumo e diversos tipos de câncer: 
de pulmão, esôfago, estômago, rim, bexiga e os tumores de cabeça e pescoço. Já se sabia 
até que, de cada três casos de câncer, pelo menos um era provocado pelo cigarro. Apesar 
do conhecimento teórico e da convivência diária com os doentes, continuei fumando. 
 
 
22
Na irresponsabilidade que a dependência química traz, fumei na frente dos doentes a 
quem recomendava abandonar o cigarro. Fumei em ambientes fechados diante de pessoas 
de idade, mulheres grávidas e crianças pequenas. Como professor de cursinho durante 
quase 20 anos, fumei nas salas de aula, induzindo muitos jovens a adquirir o vício. Quando 
me perguntavam: `Mas você é cancerologista e fuma?', eu ficava sem graça e dizia que iaparar. Só que esse dia nunca chegava. A droga quebra o caráter do dependente. 
A nicotina é um alcalóide. Fumada, é absorvida rapidamente nos pulmões, vai para o 
coração e através do sangue arterial se espalha pelo corpo todo e atinge o cérebro. No 
sistema nervoso central, age em receptores ligados às sensações de prazer. Esses, uma 
vez estimulados, comunicam-se com os circuitos de neurônios responsáveis pelo 
comportamento associado à busca do prazer. De todas as drogas conhecidas, é a que mais 
dependência química provoca. Vicia mais do que álcool, cocaína e morfina. E vicia 
depressa: de cada dez adolescentes que experimentam o cigarro quatro vezes, seis se 
tornam dependentes para o resto da vida. 
A droga provoca crise de abstinência insuportável. Sem fumar, o dependente entra 
num quadro de ansiedade crescente, que só passa com uma tragada. Enquanto as demais 
drogas dão trégua de dias, ou pelo menos de muitas horas, ao usuário, as crises de 
abstinência da nicotina se sucedem em intervalos de minutos. Para evitá-las, o fumante 
precisa ter o maço ao alcance da mão; sem ele, parece que está faltando uma parte do 
corpo. Como o álcool dissolve a nicotina e favorece sua excreção por aumentar a diurese, 
quando o fumante bebe, as crises de abstinência se repetem em intervalos tão curtos que 
ele mal acaba de fumar um, já acende outro. 
Em 30 anos de profissão, assisti às mais humilhantes demonstrações do domínio que 
a nicotina exerce sobre o usuário. O doente tem um infarto do miocárdio, passa três dias na 
UTI entre a vida e a morte e não pára de fumar, mesmo que as pessoas mais queridas 
implorem. Sofre um derrame cerebral, sai pela rua de bengala arrastando a perna 
paralisada, mas com o cigarro na boca. Na vizinhança do Hospital do Câncer, cansei de ver 
doentes que perderam a laringe por câncer, levantarem a toalhinha que cobre o orifício 
respiratório aberto no pescoço, aspirarem e soltarem a fumaça por ali. 
Existe uma doença, exclusiva de fumantes, chamada tromboangeíte obliterante, que 
obstrui as artérias das extremidades e provoca necrose dos tecidos. O doente perde os 
dedos do pé, a perna, uma coxa, depois a outra, e fica ali na cama, aquele toco de gente, 
pedindo um cigarrinho pelo amor de Deus. 
Mais de 95% dos usuários de nicotina começaram a fumar antes dos 25 anos, a faixa 
etária mais vulnerável às adições. A imensa maioria comprará um maço por dia pelo resto 
de suas vidas, compulsivamente. Atrás desse lucro cativo, os fabricantes de cigarro 
investem fortunas na promoção do fumo para os jovens: imagens de homens de sucesso, 
mulheres maravilhosas, esportes radicais e a ânsia de liberdade. Depois, com ar de 
 
 
23
deboche, vêm a público de terno e gravata dizer que não têm culpa se tantos adolescentes 
decidem fumar. 
O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim como não 
admitimos que os comerciantes de maconha, crack ou heroína façam propaganda para os 
nossos filhos na TV, todas as formas de publicidade do cigarro deveriam ser proibidas 
terminantemente. Para os desobedientes, cadeia. 
 
(VARELLA, Drauzio. ln: Folha de S.Paulo, 20 maio 2000.) 
 
1. Qual é o ponto de vista defendido por Dráuzio Varella a respeito da proibição 
da propaganda de cigarros? 
 
 
 
 
 
2. Quais são os argumentos utilizados por ele para defender seu ponto de vista 
e como se classificam? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. O autor inicia seu texto apresentando-se como um “ex-dependente de 
nicotina”, apenas no decorrer do texto é que se toma conhecimento de que 
ele é médico. Reflita sobre isso e responda às seguintes questões: Qual é 
sua intenção com essa apresentação inicial? Que importância tem esse fato 
para a argumentação que constrói? 
 
 
 
 
 
 
24
 
 
 
4. Qual é a relação que o médico estabelece, em seu texto, entre a propaganda 
tabagista e a juventude? 
 
 
 
 
 
 
5. Você considera o texto convincente e persuasivo? Por quê? 
 
 
 
 
 
TEXTO II 
 
 
 Novamente, reúna-se com seu grupo de estudos para elaborar uma reflexão acerca 
dos benefícios ou malefícios que o avanço tecnológico impõe ao homem moderno. 
 Na elaboração de seu texto (20 linhas), utilize, pelo menos, dois dos tipos de 
argumentos estudados. 
 Tome como ponto de reflexão o texto abaixo. 
 
Observação: 1. Antes de produzir seu texto, verifique no próximo item (4.4) os defeitos de 
argumentação. 
 2. Os textos devem ser entregues digitados em fonte arial 16 e espaçamento 
entre linhas de 1,5. O nome dos componentes do grupo deve ser colocado no verso da 
folha. 
 
 
 
QUER ANDAR UM POUCO MAIS DEPRESSA? 
 
Na maior parte da historia humana, só podíamos andar tão depressa quanto nossas 
pernas pudessem levar-nos – numa jornada mais longa, apenas uns poucos quilômetros por 
hora. Faziam-se grandes viagens, mas muito devagar.[...] 
A motivação original para se viajar depressa deve ter sido o de fugir de inimigos e 
predadores, ou, ao contrario, o de tentar alcançar inimigos ou presas. Há uns poucos 
milhares de anos, fez-se uma admirável descoberta: o cavalo pode ser domesticado e 
 
 
25
montado. Foi uma idéia muito peculiar, pois o cavalo não evoluiu com o objetivo de servir de 
montaria ao homem. [...] Mas funcionou e – especialmente depois que se inventou a roda e 
a carruagem – cavalgar ou andar em veículos puxados por cavalos representou durante 
milênios , a tecnologia do transporte mais avançada a disposição da espécie humana. Com 
ela pode-se viajar a 15 ou mesmo 30 quilômetros por hora. 
Só muito recentemente é que emergimos da tecnologia do cavalo – como prova, por 
exemplo, o termo “cavalo-vapor” , utilizado para medir a potência dos veículos automotores. 
Uma máquina com a potência de 375 cavalos-vapor tem mais ou menos a mesma 
capacidade de puxar 375 cavalos. Uma equipe de 375 cavalos seria interessante de se ver. 
Arrumada em fileiras com cinco cavalos cada, ela se estenderia por mais de 300 metros e 
seria muito difícil de manobrar. Em muitas estradas as primeiras filas escapariam à visão do 
condutor. E, é claro, 375 cavalos não poderiam andar tão depressa quanto um. Mesmo com 
enormes manadas de cavalos, a velocidade de transporte seria apenas umas dez vezes 
maior daquela proporcionada por nossas próprias pernas. Assim, as mudanças ocorridas na 
tecnologia dos transportes durante o século XIX são impressionantes. Nós homens 
dependemos de nossos pés por milhões de anos; dos cavalos por milhares de anos, dos 
motores de combustão interna por menos de um século; e dos motores a jato há algumas 
décadas. Mas esses produtos do gênio inventivo humano nos possibilitaram andar sobre a 
terra e sobre as águas 100 vezes mais depressa do que a pé, milhares de vezes mais 
depressa no ar e mais que dezenas de milhares de vezes no espaço. 
No passado a velocidade de comunicações se igualava à velocidade do transporte. 
Houve uns poucos métodos de comunicação mais rápidos – por exemplo, sinais com 
bandeiras, sinais de fumaça, ou mesmo uma ou duas tentativas de se utilizar torres de 
sinalização dotadas de espelhos com o objetivo de trocar sinais através do reflexo da luz do 
Sol ou da Lua. [...] Com apenas algumas exceções, porém, esses métodos não se 
mostraram práticos, e as comunicações continuaram a se fazer com a velocidade de um 
homem ou de um cavalo. Isso mudou radicalmente. A comunicação por rádio ou telefone 
tem agora a velocidade da luz – 300 mil quilômetros por segundo, ou seja, mais de 1 bilhão 
de quilômetros por hora. Não se trata do último avanço nesse domínio, mas do derradeiro 
avanço. Tanto quantosabemos, a partir da Teoria Especial da Relatividade de Einstein, o 
universo é constituído de tal forma (pelo menos em torno de nós) que nenhum objeto 
material nem qualquer espécie de informação pode deslocar-se a uma velocidade superior 
à da luz. Não se trata de um obstáculo contornável pela engenharia, como a chamada 
barreira do som, mas de um limite cósmico de velocidade fundamental na tessitura da 
natureza. De qualquer modo, uma velocidade superior a 1 bilhão de quilômetros por hora é 
suficiente para a maioria de nossos objetivos. 
O que é admirável é que, em matéria da tecnologia da informação, já tenhamos 
atingido o limite máximo e nos adaptado tão bem a ele. São poucos os que chegam a perder 
 
 
26
o ar e a sofrer palpitações após um telefonema de longa distância, assombrados com a 
velocidade da comunicação. Para nós a comunicação instantânea com qualquer parte do 
globo é fato natural. [...] Na tecnologia dos transportes, porém, embora não tenhamos 
atingido velocidades que sequer se aproximem da velocidade da luz, colidimos com outros 
limites, de ordem fisiológica e tecnológica. 
 
(adaptado de SAGAN, Carl. O romance da ciência. Trad. de Carlos A. Medeiros, pp.231-236. Rio de 
Janeiro: F. Alves, 1985. 
 
 
 
4.4.DEFEITOS DE ARGUMENTAÇÃO 
 
De acordo com Platão e Fiorin (2002), os principais defeitos que podem aparecer e 
comprometer a legitimidade do argumento são: 
 
1. Emprego de noções confusas 
- Reagan, em defesa da liberdade dos povos latino-americanos, solicita ao 
Congresso americano verbas para apoiar os movimentos contrários ao governo da 
Nicarágua; 
- Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, em nome da liberdade dos povos latino-
americanos, solicita, na Onu, sanções contra os Estados Unidos pelo apoio que vêm dando 
aos movimentos contrários ao governo revolucionário. 
 
O problema dos posseiros e a luta pela terra não têm sentido, pois perturbam a 
ordem estabelecida. 
Deve-se respeitar o professor porque, afinal de contas, na escola ele é uma 
autoridade. 
 
2. Emprego de noções de totalidade indeterminada 
Todos os políticos são iguais: só querem o poder para encher os próprios bolsos. 
O comunismo e o capitalismo, no fundo, são a mesma coisa. 
Os países latino-americanos são diferentes em tudo: nos hábitos, nos costumes, na 
concepção de vida, nos valores, etc. 
 
3. Emprego de noções semiformalizadas 
 
 
27
Professores e alunos pertencem a classes sociais distintas: os primeiros, à 
burguesia; os últimos, ao proletariado. 
Não se deve negar ao cidadão o direito de protestar: isso já é comunismo. 
 
4. Defeitos de argumentação pelo exemplo, pela ilustração ou pelo modelo 
Dado falso 
No Brasil, a maioria da população ativa ganha acima de dez salários mínimos. 
 
Conclusão contém uma generalização indevida 
Venho acompanhando pelo jornal um debate acalorada entre professores 
universitários a respeito de um tema da especialidade deles: literatura moderna. O debate, 
que se iniciou com dois professores e acabou envolvendo outros mais, terminou sem que se 
chegasse a uma conclusão uniforme. Isso nos leva a concluir que o homem não é mesmo 
capaz de entrar em entendimento e, por isso, o mundo está repleto de guerras. 
Distância entre o fato narrado e a conclusão 
Eram oito horas da noite: horário de verão. O sol, aos poucos caindo, parecia 
mergulhar nas profundezas do mar, deixando atrás de si um rastro de cores indefiníveis e 
uma atmosfera de mistério e compenetração. Contagiado por aquele momento de grandioso 
espetáculo da natureza, acabei por concluir que a vida é cheia de altos e baixo e que 
precisamos enfrentar com coragem as dificuldades e exultar com vibração diante do 
sucesso. 
Disparidade entre relato e conclusão 
Na festa não havia nenhum conhecido. As pessoas que me convidaram tiveram de 
sair às pressas e eu fiquei completamente só. Nunca experimentei uma solidão tão grande 
no meio de tanta gente. Ia até o banheiro, olhava no espelho e minha imagem refletida era a 
única cara conhecida. Tentei alguns contatos mas... que nada! O pessoal era fechado 
demais. No fim, desanimado, sentei-me num sofá e fiquei plantado até quase o final da 
festa. 
Mas valeu. Afinal de contas voltei para casa e não me arrependi de ter ido à festa, 
pois novos relacionamentos sempre acabam enriquecendo a gente. 
Exemplo inconsistente 
O brasileiro é um povo indolente. 
 
 
 
28
Ainda de acordo com Platão e Fiorin (2002, p.231) os desvios da norma culta mais 
comumente cometidos na prática da escrita podem ser classificados em quatro grandes 
níveis: 
 
1. No nível da ortografia 
 
a) No uso da acentuação gráfica 
Ontem ele pode fazer OU Ontem ele pôde fazer ? 
Esses negócios não nos convém OU Esses negócios não nos convêm? 
 
b) No uso de sinais de pontuação 
Todos esses casos estarrecedores, demonstram a gravidade da situação? 
OU 
Todos esses casos estarrecedores demonstram a gravidade da situação? 
 
c) No uso das letras ao grafar as palavras 
Pessoas pretenciosas OU Pessoas pretensiosas? 
Ele possue OU Ele possui? 
Boeiro OU Bueiro? 
Excessão OU Exceção? 
 
d) No uso do acento indicador da crase 
Eu fiz referência à elas OU Eu fiz referência a elas? 
Ele não perdoava a mãe OU Ele não perdoava à mãe? 
 
2) No nível da sintaxe 
A sintaxe consiste nas regras de combinação das palavras ou frases da língua. 
Entre os erros mais comuns nesse domínio, podemos apontar: 
 
a) Na sintaxe de concordância 
Não faltou, durante aquele ruidoso episódio, demissões e dispensas. 
 
 
29
OU 
Não faltaram, durante aquele ruidoso episódio, demissões e dispensas? 
 
b) Na sintaxe de regência 
Ele nunca aspirou o cargo que ocupa. 
OU 
Ele nunca aspirou ao cargo que ocupa? 
 
c) Na sintaxe de colocação 
Nunca vi-te OU Nunca te vi? 
 
Uma equipe estrangeira pode vencer o torneio Governador do Estado, de basquete. 
OU 
Uma equipe estrangeira pode vencer o torneio de basquete Governador do Estado? 
 
3) No nível da morfologia 
 
a) Na conjugação verbal 
A polícia interviu com violência na briga. 
OU 
A polícia interveio com violência na briga? 
 
 
b) Na flexão dos substantivos e adjetivos 
Os guarda-noturnos não saíram às ruas. OU Os guardas-noturnos não 
saíram às ruas? 
 
c) Nas palavras invariáveis 
Havia menas condições. OU Havia menos condições? 
Ela estava meia atrapalhada. OU Ela estava meio atrapalhada? 
 
 
 
30
4) No nível do léxico 
 
Os bancos do país são construções que ostentam luxúria, enquanto o povo vive na 
miséria. 
O tráfico estava paralisado porque o semáforo quebrou. 
 
 
A boa argumentação, portanto, é aquela que está de acordo com a situação concreta 
do texto, que leva em conta os componentes envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a 
quem se dirige a comunicação, o assunto etc.). 
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com manifestações de sinceridade 
do autor (como eu, que não costumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas 
em fórmulas feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, afirmo 
com toda a certeza etc.). Em vez de prometer, em seu texto, sinceridade e certeza, 
autenticidade e verdade, o enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros 
termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação. 
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer verdadeiro aquilo que se 
diz num texto e, com isso, levar a pessoa a quem o texto é endereçado a crer naquilo queele diz. 
 
MOMENTO DE PRODUÇÃO INDIVIDUAL 
 
a) Reflita acerca do trecho apresentado a seguir e elabore um parágrafo 
dissertativo, em que você possa discutir as competências e habilidades no 
profissional de sua área. 
 
 “As competências e as habilidades técnicas são o mínimo exigido e não chegam a 
diferenciar os profissionais de forma mais acintosa. Conhecer sua área através da ajuda de 
colegas, professores, livros, revistas e experiências é o mínimo que cada um pode fazer por 
si.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31
 
b) Desenvolva o parágrafo iniciado abaixo, de maneira a justificar e concluir a idéia 
apresentada. 
 
 
 As Tecnologias de Informação e Comunicação estão ganhando espaço nos diferentes setores 
da,nossa sociedade invadindo nossas vidas tanto no âmbito profissional quanto no âmbito pessoal. 
Isso vem ocorrendo, principalmente, devido 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. O TEXTO DESCRITIVO 
 
A descrição é uma espécie de retrato verbal de um determinado objeto. É descritivo 
o texto que tem por finalidade retratar algo, de forma que o interlocutor possa, por meio das 
palavras, criar mentalmente a imagem do objeto descrito. 
É importante ressaltar que como não há escrita sem intenção, descreve-se para 
atingir determinados objetivos, tais como: 
o exaltar ou criticar. 
o analisar conteúdos. 
o fazer conhecer, direta ou indiretamente, o objeto descrito. 
Ao descrever, a pessoa seleciona as palavras que pretende usar para que possa 
convencer o interlocutor. Se há um desejo de convencer, de fazer com que o interlocutor 
enxergue de acordo com a visão de mundo do enunciador, o texto descritivo possui uma 
função argumentativa. 
Sendo assim, a descrição pretende ser um retrato verbal. Todavia, pretende retratar 
aquilo que os olhos do enunciador vêem que, muitas vezes, pode não corresponder à 
realidade. 
 
COMO CONSTRUIR UM TEXTO DESCRITIVO? 
 
 
 
32
É muito comum a dificuldade na criação de um texto descritivo, pois a sensação é de 
que há muito a dizer e não se sabe por onde começar, ou ainda o que é ou não relevante 
para que se atinja o objetivo do texto. 
Uma boa maneira de solucionar esses problemas é observar, analisar e classificar as 
idéias que se tem acerca do objeto da descrição. 
Elaborar uma lista (ou um quadro) com idéias que vão ocorrendo sobre o que se quer 
descrever e, a seguir, organizar essas informações, separando-as em grupos que se 
coordenam é um bom começo. 
A descrição técnica deve apresentar precisão vocabular e exatidão de pormenores. 
Deve esclarecer, convencendo. Pode-se descrever objetos, mecanismos ou processos, 
fenômenos, fatos, lugares, eventos. 
Determinar o ponto de vista e o objetivo do texto são muito importantes na 
construção do texto descritivo, deles depende a estrutura do texto: o que será descrito? que 
aspecto será destacado? quais são os pormenores mais importantes? que ordem será 
adotada para a descrição? a quem se destina o texto: ao técnico ou ao leigo? 
Observe os exemplos: 
 
I – DESCRIÇÃO TÉCNICA 
O motor está montado na traseira do carro, fixado por quatro parafusos à caixa de 
câmbio, a qual, por sua vez, está fixada nos coxins de borracha na extremidade bifurcada do 
chassi. Os cilindros estão dispostos horizontalmente e opostos dois a dois. Cada par de 
cilindros tem um cabeçote comum de metal leve. As válvulas, situadas nos cabeçotes, são 
comandadas por meio de tuchos e balancins. O virabrequim, livre de vibrações, de 
comprimento reduzido, com têmpera especial nos colos, gira em quatro pontos de apoio e 
aciona o eixo excêntrico por meio de engrenagens oblíquas. As bielas contam com mancais 
de chumbo-bronze e os pistões são fundidos de uma liga de metal leve. 
(Manual de instruções (Volkswagem). In: Comunicação em prosa moderna. GARCIA Othon, Rio de 
janeiro: Editora FGV, 1996, p.388.) 
 
II – DESCRIÇÃO DE PROCESSO 
 
Transmissão de um programa de rádio 
 Os sons que se produzem dentro do campo de ação do microfone são por estes 
captados e transformados em corrente elétrica equivalente. Estas correntes, devido ao fato 
de serem extremamente fracas, são conduzidas a um pré-amplificador de microfone, que as 
amplifica convenientemente, depois do que são transferidas para um amplificador de 
grandes dimensões, chamado modulador. Existe no equipamento transmissor um circuito 
gerador de alta freqüência, que fornece a onda a ser irradiada pela Estação. Esta onda R. F. 
 
 
33
(alta freqüência) será misturada com as correntes de som amplificadas pelo modulador e 
transmitidas no espaço por meio de antena transmissora. 
(Martins, º N., Curso pratico de rádio, p. 127. In: Comunicação em prosa moderna. GARCIA Othon, 
Rio de janeiro: Editora FGV, 1996, p.398.) 
 
 
5. TEXTO NARRATIVO 
 
Contar histórias é uma atividade comum nas relações humanas, faz parte do ato de 
comunicação, não só na vida particular, mas também na profissional. Usamos aspectos da 
narração quando precisamos produzir relatórios, textos técnicos, e-mails e outros textos que 
fazem parte do cotidiano de qualquer profissional. 
 Escrevemos para contar o que acontece, com quem, onde, como, por que e para 
quê. Esses são os elementos do processo narrativo e que também devem estar presentes 
no relato. Veja: 
 
O que é apresentado? 
Quem participa da situação? 
Por que a situação ocorre? 
Onde (em que lugar) ocorre? 
Quando ocorre? . 
Como era e agora é a situação? 
 
 Observe, a seguir, exemplos de textos que apresentam trechos narrativos e descritivos. 
 
TEXTO I 
A NOVA MINI-ESCAVADORA KUBOTA DA DUROMIN 
A Duromin, representante para Portugal de equipamentos industriais 
da marca Kubota, aproveitou a última edição da FEMOP para apresentar a mini-escavadora 
KX080-3. Esta nova Mini da Kubota oferece uma alta manobrabilidade e elevados 
rendimentos, graças a uma avançada tecnologia. Dispõe de um motor de injecção directa 
V3800Di com uma potência de 47,8 kW, 3.769 c.c. e funciona a 2.200 rpm. Combinado com 
um sistema hidráulico avançado, o motor ajuda a maximizar a força de escavação e reduzir 
ao mínimo o nível de ruído, o consumo de combustível e as emissões de gás. 
 
 
34
A máquina oferece ao operador uma singular força de escavação, muito equilibrada 
entre a força de penetração da lança e a força de escavação do balde. 
Este equipamento tem uma largura de 2,20 m que respeita as dimensões standard 
de transporte, o que facilita o seu traslado de uma obra para outra. A KX080-3 combina o 
Sistema de Controlo Inteligente Kubota, função que permite o controlo do caudal de óleo 
para o circuito auxiliar segundo as necessidades ou o implemento a utilizar. Além disso, 
dispõe de sistema hidráulico load sensing (sistema de detecção de carga) que assegura um 
trabalho mais suave, sem sobressaltos, independentemente da carga. Isto permite que o 
óleo hidráulico flua segundo a opção específica do movimento da alavanca do operador, 
característica que permite a redução do consumo de combustível e garante um óptimo 
funcionamento nas operações a realizar. 
É uma máquina que oferece uma grande facilidade de manutenção, já que tem três 
capots de acesso ao seu interior para facilitar a melhor e mais rápida inspecção. 
A cabina oferece uma segurança máxima ao operador graças a sua estrutura de 
protecção anti-capotamento. Por outro lado, conta com um sistema anti-roubo de série que 
faz com que a máquina apenas se ponha em marcha com a chave correspondente. 
 (http://www.abolsamia.pt/feiras_ind/femop_2006/femop06.asp) 
 
TEXTO II 
Daten apresenta seus novos PCs 
 
 
 
Dois novos novos modelos

Continue navegando