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Patrologia e Patrística_Comentários

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EAD CLARETIANO 
Educação à Distância Centro Universitário 
 
 
 
 
 
 
 
ISIDORO DA SILVA LEITE - 1104501 
 
 
 
 
 
PATROLOGIA E PATRÍSTICA 
COMENTÁRIOS 
 
 
 
 
Centro Universitário Claretiano 
Teologia 
Patrologia 
Josias Abdalla Duarte 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2014 
 
INTRODUÇÃO 
 
Patrologia e Patrística são termos relativamente novos dentro do vocabulário 
teológico eclesial. O termo Patrologia foi criado pelo luterano J. Gerhard (+ 1637), na sua 
obra póstuma «Patrologia sive de primitivae ecclesiae christianae doctorum vita ac 
lucubrationibus oposculum», datada de 1653. Essa criação tinha como objetivo apelar para 
o testemunho dos Padres da Igreja, colocando sua antiguidade e autoridade como forma de 
justificação das idéias discutidas pelos reformadores. 
Patrística também surgiu no século XVII e, na origem, era um adjetivo ligado à 
Teologia. Teólogos luteranos e católicos criaram o termo com o objetivo de subdividir, 
didaticamente, a Teologia em: bíblica, patrística, escolástica, simbólica e especulativa. 
Embora os termos que as definem sejam de criação tardia na história teológica 
cristã, a influência da vida, das obras e da teologia dos Padres da Igreja se fez sentir de forma 
avassaladora na vida da Igreja dos primeiros séculos desta era, reverberando, ainda hoje, 
Como campo de atuação, a Patrística ocupa-se do pensamento teológico dos 
Padres da Igreja, enquanto a Patrologia tem por objeto o estudo da vida e dos escritos dos 
mesmos. Deste modo, enquanto a primeira possui um caráter doutrinal e, portanto, 
teológico, a segunda move-se mais no contexto da indagação histórica e da informação 
bibliográfica e literária. 
 
 
 
 
PADRES DA IGREJA 
 
Os Padres da Igreja formam um conjunto de escritores eclesiásticos da 
antiguidade cristã, criadores, desenvolvedores, divulgadores e defensores da doutrina 
tradicional da Igreja. Entre eles, destacaram-se Ambrósio, Agostinho, Jerônimo e Gregório na 
Igreja ocidental e Basílio, Gregório Nazianzeno e João Crisóstomo, na Igreja oriental. Embora 
o termo PADRES fosse, inicialmente, atribuído aos bispos, gradativamente passou a ser 
entendido de forma mais abrangente, chegando a incluir presbíteros e leigos. 
Basílio, bispo de Cesaréia da Capadócia, nasceu em uma família insigne, onde o 
pai era um ilustre orador, tendo recebido uma educação extraordinária nas escolas de 
Cesaréia, de Constantinopla e de Atenas. É sua a primeira sistematização da teologia 
trinitária, afirmando haver no Deus único, uma única essência e três hipóstases. Defende a 
divindade do Espírito Santo. 
Gregório de Nazianzo, da mesma forma que seu amigo Basílio, teve uma 
educação primorosa. E complementou a teologia trinitária de Basílio, argumentando, 
categoricamente sobre a divindade do Espírito Santo. É dele, também, a definição de que 
Cristo é Deus e homem, de forma completa, ou seja, a natureza humana e a natureza divina 
conviviam harmonicamente numa só pessoa. Dessa maneira, sua mãe, Maria, deveria ser 
chamada de mãe de Deus, sem qualquer dúvida. 
João Crisóstomo, nascido em família cristã, estudou retórica e filosofia com 
Libânio, um grego não cristão antes de se tornar discípulo de Diodoro, monge nascido em 
Antioquia.Sua produção teológica, de perspectiva grega é vasta, constituída, basicamente 
por sermões, mesmo tendo alguns tratados e um número significativo de epístolas. Dentre 
as homilias devem ser destacadas as 55 sobre o livro dos Atos dos Apóstolos, por 
corresponderem ao único comentário completo e exaustivo sobre este livro. Ele também 
defende a dupla natureza na pessoa de Cristo. 
Como ponto importante de sua fé, de sua atuação pastoral, deve-se lembrar que 
ele defende, porque acredita nisso, a presença real de Cristo na Eucaristia. Mas não se pode 
deixar de lembrar que João Crisóstomo pode ser considerado o precursor de toda a doutrina 
social da Igreja, pois sua atenção para com os mais desfavorecidos é uma das suas mais 
relevantes características, a ponto de ter sido ele a tornar famosa a expressão “o pobre é um 
"Alter Christus"”. De fato, para ele, oferecer atenção, dedicação, amor a um pobre é dar ao 
próprio Cristo. 
Ambrósio, antes de ser sagrado bispo de Milão estudou e se formou em Letras e 
Direito e se tornou governador da Ligúria e da Emília, com sede em Milão. Com a morte do 
bispo ariano (adepto do arianismo1) de Milão, Ambrósio foi eleito e sagrado bispo, mesmo 
ainda sendo apenas um catecúmeno. Sua teologia visa, principalmente, à instrução dos fiéis 
e seus escritos são apresentados antes em forma de homilias. 
Entre suas contribuições perenes à Igreja está a batalha travada contra os 
imperadores na busca da separação entre Igreja e Estado. 
Agostinho, filho de um pagão com uma cristã fervorosa, apenas se converte, 
após uma vida dissoluta, aos 32 anos. Mas com tempo suficiente para se tornar num dos 
alicerces teológicos da cristandade, com temas, frases e teses ainda hoje avaliadas, repetidas 
e discutidas. 
Jerônimo de Estridão é um sábio, dono de refinadíssima cultura clássica, foi o 
responsável pela edição da Vulgata, que ainda hoje é o texto bíblico oficial da Igreja. 
Gregório, papa Gregório I, foi o responsável por incentivar e incluir na liturgia um 
tipo de música conhecido hoje em dia por “canto gregoriano”. Foi ele também quem enviou 
os primeiros missionários para converter os anglo-saxões nas Ilhas Britânicas: era um grupo 
 
1
 Ario considerava que Cristo não era Deus. Era apenas um ser criado por Deus para servir na criação. Talvez um semideus. 
Em outros termos: heresia trinitária que defendia a superioridade do Pai em relação ao Filho e ao Espírito Santo. 
de quarenta monges beneditinos, liderados por Agostinho de Cantuária, que seria o 
primeiro arcebispo de Cantuária - a chamada Missão gregoriana. 
Gregório deixou extensa obra escrita, incluindo sermões e comentários sobre 
a Bíblia. 
 
 
 
COMENTÁRIOS 
 
 Entre todos eles existe um traço comum, característico: foram pessoas que 
desfrutaram de uma educação privilegiada, tendo desenvolvido seus estudos em algumas 
das escolas mais proeminentes de sua época. Além disso, boa parte deles teve um período 
de ostracismo, vivendo em completa ascese. Da mesma forma, é bastante comum entre eles 
a incursão pela carreira política antes da eclesiástica. 
A importância deles pode ser medida de diversas maneiras: 
- recebeu uma adjetivação especial: Era Patrística; 
- ainda hoje seus escritos são citados pela Igreja, oficialmente e pelos teólogos; 
- ainda hoje aparecem suas contribuições na liturgia católica; 
- e o aspecto fundamental: sua importância como testemunhas privilegiadas do 
Depositum Fidei da Santa Igreja 
Esta peculiaridade levou a Igreja a desenvolver o conceito da "prova patrística". 
A prova patrística foi utilizada pela primeira vez por Basílio Magno, que acrescentou em sua 
obra "O Espírito Santo" uma lista de Padres da Igreja para apoiar sua opinião doutrinária 
sobre o Espírito Santo. Esta obra foi a base para o Concílio de Constantinopla declarar o 
dogma da Divindade do Espírito Santo. Da mesma maneira, Agostinho serve-se também da 
prova patrística a partir de 412, especialmente na controvérsia contra o pelagianismo2. Cirilo 
de Alexandria também se utilizou dela durante o Concílio de Éfeso, lendo as obras dos 
Padres, culminando com a aceitação oficial do título Theotókos (Mãe de Deus) para Maria. 
Os escritos deixados pelos Padres da Igreja foram elaborados com vistas a 
defender a fé cristã de alguma tese herética; a propagar a verdadeira fé cristã;orientar os 
fiéis; introduzir, desenvolver ou aprimorar ritos nas celebrações; propugnar por liberdade da 
Igreja frente ao Estado. Todos esses livros foram elaborados em uma época onde a doutrina 
cristã estava se desenvolvendo, momento propício ao surgimento de interpretações as mais 
diversas e antagônicas da mensagem do Cristo. Foram cerca de oito séculos da mais 
profunda discussão teológica, onde os alicerces da doutrina cristã estavam sendo lançados: 
 
2
 Pelágio defendia que a salvação do homem não depende da graça divina. 
os diversos dogmas trinitários; parte dos dogmas marianos; consolidação dos sacramentos e 
seus dogmas. 
O estudo dos escritos, da teologia e da fé dos Santos Padres é de fundamental 
importância para todo cristão ansioso por se sentir parte da comunidade herdeira dos 
ensinamentos de Cristo; por se ver diante da fé comum da Igreja Primitiva. Da mesma 
maneira que Cristo orou ao Pai pela união dos cristãos (Jo 17, 6-24 ), também todo cristão 
tem a obrigação de buscar a unidade da fé, começando por conhecer a antiga fé dos 
cristãos, deixada pelos Apóstolos e assegurada pelos Pais da Igreja. 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
ANDRADE, C. C. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD. 2000. 
KAUFMANN, T; et alli (org). História Ecumênica da Igreja. Dos primórdios até a Idade Média. 
São Paulo: Paulus. São Leopoldo: Sinodal. São Paulo: Loyola. 2012. 
MAZULA, R. Patrologia. Batatais: Claretiano, 2013. 
PERRARD, P. História da Igreja. São Paulo: Paulus. 2012. 
PIERINI, F. A idade antiga. Curso de História da Igreja. São Paulo: Paulus. 2004.

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