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ASPECTOS PROCESSUAIS DA RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL NO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
 
João Paulo Santos Borba 
Advogado da União 
Em exercício na Consultoria Jurídica do Ministério da Educação 
Pós-graduando em Direito Civil 
 
RESUMO: O presente artigo trata de alguns dos diversos aspectos da reclamação 
constitucional como instrumento processual destinado a garantir a autoridade das 
decisões e a competência do Supremo Tribunal Federal. Objetiva-se abordar e 
esclarecer algumas das inúmeras questões processuais que envolvem a sua 
utilização. Ademais, foi realizada análise acerca do art. 103-A, § 3º, acrescentado 
pela Emenda Constitucional de n° 45/2004, que criou a súmula vinculante e 
incumbiu a reclamação constitucional como instrumento destinado a salvaguardar o 
seu cumprimento. Por fim, é argumentado acerca da sua importância como 
ferramenta processual apta a emprestar maior celeridade e eficiência na tutela do 
bem da vida que se pretende preservar. 
PALAVRAS-CHAVE: Reclamação Constitucional. Instrumento Processual. 
Competência. Autoridade das Decisões. Constituição Federal. 
 
Sumário: 1 Introdução; 2 Natureza jurídica da 
reclamação constitucional; 3 Decisões objeto da 
reclamação constitucional; 4 Controle das 
decisões judiciais ou dos atos administrativos que 
contrariarem súmula vinculante do STF; 5 
Legitimidade ativa para a propositura da 
reclamação constitucional no STF; 6 Recursos 
cabíveis em sede de reclamação constitucional; 7 
Conclusão; 8 Referências. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
A reclamação constitucional encontra fundamento na Magna Carta de 1988, 
especificamente nos arts. 102, I, l, e 103-A, §3°, encontrando-se regulamentada 
pelos arts. 13 a 18 da Lei n° 8.038/90, e pelos arts. 156 a 162 do Regimento 
Interno do Supremo Tribunal Federal. 
O instituto em tela pode ser entendido como genuíno instrumento processual 
utilizado nas hipóteses de desobediência pelos órgãos administrativos ou de órgãos 
jurisdicionais das instâncias ordinárias - tribunais inferiores e juízes - das decisões 
ou súmulas proferidas pelo Pretório Excelso ou mesmo na situação de usurpação da 
competência do STF. 
Em outras palavras, a reclamação constitucional constitui o meio processual 
que deve ser manejado para garantir a competência jurisdicional da Excelsa Corte, 
indevidamente avançada, ou quando se objetiva fazer cumprir a decisão ou súmula 
editada pelo STF. 
Insta frisar que com o advento da Emenda Constitucional n° 45/2004, a qual 
acrescentou o art.103-A, §3º, à Magna Carta, e consagrou a súmula vinculante, no 
âmbito da competência do Supremo Tribunal, ficou consignado que a sua 
observância seria assegurada pelo instituto processual da reclamação (art. 103-A, § 
3º). 
Registre-se, por necessário, que no tocante ao aspecto da preservação da 
competência do Supremo Tribunal Federal, há um desdobramento do seu âmbito de 
atuação em originária e recursal, estando a competência originária relacionada ao 
processamento e julgamento das hipóteses taxativamente previstas no art. 102, I, 
da Magna Carta. 
No que se refere à competência recursal do STF, esta se divide no julgamento 
dos recursos ordinários e extraordinários, interpostos nas situações expressamente 
estatuídas no art. 102, II e III da CF de 1988. 
É imperioso destacar que a utilização do instituto em questão encontra 
guarida em vários princípios fundamentais que norteiam todo sistema jurídico, 
notadamente, no principio da efetividade do processo, no principio da economia e 
da celeridade processual, haja vista que o manejo da reclamação constitucional nas 
hipóteses permitidas evita o caminho tortuoso, demorado e custoso dos recursos 
previstos na legislação vigente, e preserva a obediência às normas constitucionais e 
infraconstitucionais, bem como a entrega da tutela jurisdicional em tempo hábil. 
Nesse mesmo passo, cumpre destacar que a reclamação constitucional 
constitui meio idôneo a garantir a observância do princípio do juiz natural, 
porquanto objetiva que a atividade judicante seja exercida pelo juízo competente, 
previamente designado nos dispositivos constitucionais e infraconstitucionais, 
garantindo a jurisdição hígida e preservando, outrossim, as normas que tratam do 
exercício da função judicante pelos dos órgãos incumbidos de prestar a tutela 
jurisdicional. 
Ante o dito, afigura-se a reclamação constitucional como instrumento 
processual, cujo procedimento sumário especial, destina-se à salvaguarda da 
autoridade das decisões e da competência do Pretório Excelso, assim como da 
ordem constitucional como um todo, conforme exegese conferida no decisum 
proferido pelo Min. Gilmar Ferreira Mendes na reclamação n° 5470, publicada no DJ 
Nr. 42 do dia 10/03/2008. 
 
2 NATUREZA JURÍDICA DA RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL 
Antes de adentrarmos no cerne da natureza jurídica da reclamação 
constitucional, é imperioso assinalar que a definição da sua natureza jurídica é de 
grande valia, uma vez que a tipificação do instituto em tela como de natureza 
recursal, correicional ou de ação autônoma encontra-se jungida à aplicabilidade ou 
não diversos institutos processuais correlatos, como a preclusão, a formação da 
coisa julgada formal e material, a legitimidade para seu manejo, a competência 
legiferante, dentre outros institutos jurídicos aplicáveis à espécie. 
O Pleno do STF pronunciou-se nos seguintes termos a acerca da natureza 
jurídica da reclamação constitucional. “A natureza jurídica da reclamação não é a 
de um recurso, de uma ação e nem de um incidente processual. Situa-se ela no 
âmbito do direito constitucional de petição previsto no art.5°, inciso XXXIV da 
Constituição.”1 
Destarte, considerando o entendimento da Excelsa Corte sobre a natureza 
jurídica, tem-se que a reclamação constitucional constitui instrumento de 
participação político fiscalizatório dos negócios do Estado e tem por finalidade a 
defesa da legalidade constitucional e do interesse público em geral.2 
Nesse mesmo sentido vale trazer à liça o trecho do julgado, abaixo transcrito, 
proferido pelo Pleno do STF, em que resta evidenciado o posicionamento do 
 
1 ADI 2212 / CE. Min. ELLEN GRACIE. Pleno, DJ 14-11-2003 PP-00011 
2 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2000, p.179. 
Pretório Excelso acerca da natureza correicional da reclamação: “A reclamação tem 
natureza de remédio processual correcional, de função corregedora.”3 
Vale destacar que a Reclamação Constitucional não pode ser entendida como 
uma espécie de recurso, uma vez que os recursos são medidas típicas, nominadas 
e taxativas estabelecidas em lei, motivo pelo qual não se pode atribuir a natureza 
recursal à reclamação, tendo em vista a ausência de amparo legal nas normas que 
cuidam do sistema recursal pátrio. 
Ademais, em razão da finalidade de não impugnar a decisão judicial com o 
objetivo de reformar ou invalidar, mas tão somente fazer com que seja cumprida a 
decisão do STF sobre determinadas hipóteses, ou preservar a competência 
jurisdicional do Pretório Excelso,4 induz a intelecção da não configuração do caráter 
recursal a reclamação constitucional. 
Abonando o entendimento acima trilhado, cumpre colacionar os ensinamentos 
do Procurador da República e Professor Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, que assim 
disserta acerca da natureza jurídica da reclamação, ipsis verbis: 
[...] o recurso pressupõe alguns requisitos, o primeiro dos quais, o 
interesse de recorrer, corporificado na sucumbência. Recorre quem 
perdeu. Justamente ao contrário, reclama quem ganhou e vê que a 
decisão que o beneficiava não esta sendo cumprida. Ou quem não 
ganhou mas também não perdeu: apenas vê que a causa, que 
deveria estar sendo processada no Supremo ou num dos tribunais 
superiores a que a reclamação é deferida,o está sendo diante de 
outro juízo ou tribuna.5 
Os dizeres do Ministro Nelson Hungria explicitam que a reclamação não pode 
ser rotulada como recurso, consoante os termos do voto proferido na Reclamação 
n° 141, de 1952, que assim asseverou: “[...] não se tratava de recurso, mas de 
simples representação, em que se pede ao STF que faça cumprir o seu julgado tal 
como nele se contêm.”6 
Todavia, vale consignar que há entendimentos doutrinários diametralmente 
opostos ao do Supremo Tribunal Federal, não conferindo a natureza jurídica de 
instrumento correicional à reclamação constitucional, conforme se infere dos 
robustos argumentos ventilados pelo didático Marcelo Navarro Ribeiro Dantas em 
sua obra intitulada de A Reclamação Constitucional no Direito Brasileiro. 
[...] mesmo quando não se especifica o que seja a reclamação, tem, 
como minoritairiíssimas exceções, deixado claro que medida 
administrativa ela não é , entre outras coisas, porque: 
a. reconhe-lhe o poder de produzir alterações em decisões tomadas 
em processos jurisdicionais, efeito que não podem ter, por certo, as 
medidas administrativas, sob pena de inconstitucionalidade, como 
ocorre como o uso recursal da correição parcial. 
b. aceita a reclamação para coibir desobediências - é possível, em 
hipótese, supor também, invasão de competências - que partam de 
entes de outros Poderes, o que demonstra não ser providência 
administrativa, pois os órgãos do Judiciário só podem exercer seu 
poder administrativo dentro da hierarquia interna de sua estrutura, 
sendo impensável, porque atentatório ao princípio constitucional da 
independência e harmonia entre os Poderes, que o fizesse contra 
atos dos demais. 
 
3 
 Rcl 872 AgR – SP. Rel. Min. Marco Aurélio, Pleno; DJ 20-05-2005. 
4 JR. NERY, Nelson . Princípios Fundamentais Teoria Geral dos Recursos. 4 ed. São Paulo RT, 1997, p.156. 
5 DANTAS, Marcelo Navarro Ribeiro. Reclamação Constitucional no Direito Brasileiro. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris 
editor, 2000. p.453. 
6 
 PACHECO, José da Silva. O Mandado de Segurança e Outras Ações Constitucionais Típicas. 4. ed. São Paulo: RT, 2002. p. 
604. 
A título ilustrativo impende demonstrar os argumentos da lavra do Júlio César 
Rossi, o qual confere a natureza híbrida (ação/pedido), a reclamação constitucional, 
estando demonstrado a controvérsia reinante acerca da natureza jurídica da 
reclamação: 
Dessa forma, afastada a natureza recursal, bem como 
reconhecendo sua índole eminentemente jurisdicional, é que 
consagramos a natureza da reclamação como sendo híbrida - 
ação/pedido. 
O expediente processual veiculado é manejado por meio de um 
pedido formulado diretamente ao Supremo Tribunal Federal ou ao 
Superior Tribunal de Justiça – típica ação, no bojo da qual o sujeito 
ativo demonstrará que a decisão exarada está em desacerto com a 
posição já firmada e consagrada em julgado emanado das 
sobreditas Cortes [...] 
Nessa perspectiva, a reclamação apresenta-se como sendo um meio 
de impugnação – incidental a uma contenda que se processa nas 
instâncias ordinárias - sem, entretanto, ter o condão de reformá-la, 
anulá-la ou invalidá-la.7 
 
3 DECISÕES OBJETO DA RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL 
O objeto da relação processual na reclamação é a tutela jurisdicional que nela 
se pede, e que obrigatoriamente só pode ser referente à preservação da 
competência ou da autoridade de julgado ou a observância da súmula vinculante do 
STF. 
Convém frisar que apenas na situação de desobediência à determinação 
contida na súmula ou no decisum proferidos pelo Pretório Excelso é que se pode 
indagar acerca da hipótese citada, conquanto, logicamente, a usurpação da 
competência do STF não se encontra correlacionada a autoridade de suas decisões. 
Dessa forma, tem-se que o instituto processual em questão, no âmbito do 
Supremo Tribunal Federal, dar-se, na maioria das vezes, por conta do controle 
concentrado de constitucionalidade (Ação Declaratória de Constitucionalidade, Ação 
Direta de Inconstitucionalidade e Argüição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental), ou seja, a reclamação constitucional visa garantir o império das 
decisões proferidas em sede de processo de natureza objetiva, o qual tem como 
peculiaridade a irradiação de efeito vinculante da decisão emanada e a eficácia erga 
omnes. 
Por outro giro verbal, os processos de natureza objetiva não têm outra 
finalidade senão a defesa da ordem jurídica contra atos incompatíveis com 
ordenamento, ou seja, perseguem interesses de natureza publicística, não se 
destinando a proteção de situações individuais ou de relações subjetivas ao passo 
que os processos de natureza subjetiva têm como peculiaridade a defesa direta do 
interesses subjetivos das partes que compõem a relação jurídica de direito material 
deduzida em juízo. 
Nesse contexto, é forçoso concluir que no processo objetivo não figuram 
partes, no sentido estritamente processual, mas entes legitimados a atuar 
institucionalmente, sem outro interesse que não o da preservação do ordenamento 
jurídico.8 
 
7 ROSSI, Júlio Cessar. Revista Dialética de Processo Civil, n. 19, out. 2004, p.50 
8 ZAVASCKI, Teori Albino. Procedimentos Especiais Cíveis e Legislação Extravagante. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 52. 
Evidenciando o entendimento uníssono do Pretório Excelso sobre a 
aplicabilidade do instituto da reclamação constitucional em sede de processo de 
natureza subjetiva, impende colacionar o seguinte julgado: 
Os julgamentos do STF, nos Conflitos de Jurisdição e nos Recursos 
Extraordinários, referidos na Reclamação, tem eficácia apenas inter 
partes, não erga omnes, por encerrarem, apenas, controle difuso (in 
concreto) de constitucionalidade. E como a Reclamante não foi parte 
em tais processos, não se pode valer do art.102, I, l, da CF, nem do 
art.156 do RISTF, para impedir a execução de outros julgados em 
que foi parte, e que sequer chegaram ao STF. A decisão proferida 
pela Corte, no julgamento de mérito de ação direta de 
inconstitucionalidade, esta, sim, tem eficácia erga omnes, por 
envolver o controle concentrado (in abstracto) de 
constitucionalidade, mas não comporta execução. E para a 
preservação de sua autoridade, nessa espécie de ação, o STF só 
excepcionalmente tem admitido reclamações, e apenas a quem 
tenha atuado no respectivo processo, não sendo esse o caso da 
Reclamante.9 
 
Vale destacar que as decisões proferidas em sede de processo cautelar podem 
ser objeto de reclamação constitucional, não obstante a provisoriedade das 
medidas processuais em questão, consoante se infere dos termos do julgado da 
Excelsa Corte, in verbis: 
RECLAMAÇÃO PROCEDENTE. AS DECISÕES PLENÁRIAS DO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – QUE DEFEREM MEDIDA CAUTELAR 
EM SEDE DE AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE – 
REVESTEM-SE DE EFICÁCIA VINCULANTE.Os provimentos de 
natureza cautelar acham-se instrumentalmente destinados a 
conferir a efetividade ao julgamento final resultante do processo 
principal - assegurando, desse modo, ex ante, plena eficácia a 
tutela jurisdicional do Estado, inclusive no que concerne as 
decisões, que, fundadas no poder cautelar geral - inerente a 
qualquer órgão do poder judiciário - emergem do processo de 
controle normativo abstrato, instaurado mediante ajuizamento da 
pertinente ação declaratória de constitucionalidade.10 
Frise-se também que é possível a utilização da reclamação para preservar a 
autoridade das decisões proferidas em sede de liminar11, conforme o julgamento 
proferido pelo STF nos autos da reclamação n° 1507-RJ. 
Ante o dito, fica clarividente que as decisões proferidas em sede de processo 
objetivo são dotadas de efeito vinculante, conferindo ao julgado uma forma 
obrigatória qualificada,com a conseqüência processual de assegurar, em caso de 
recalcitrância dos destinatários, a utilização de um mecanismo executivo próprio, 
qual seja, a reclamação constitucional para impor o seu cumprimento.12 
Convém ponderar que é incabível o emprego do instrumento reclamatório em 
situações de alegado desrespeito a decisões que a Suprema Corte tenha proferido 
em sede de outra reclamação, uma vez que a reclamação não se reveste de 
idoneidade jurídico-processual, quando utilizada com o objetivo de fazer prevalecer 
a autoridade de decisões emanadas pelo STF em sede de outra reclamação.13 
 
9 Rcl 447, Rel. Min Sydney Sanches, DJ 31-03-95. 
10 Rcl 2570 MC-RS- Min. Celso de Melo, DJ 02-03-2004. 
11 RCL (QO) n.1.507-RJ. Rel. Min Gilmar Mendes. DJ 25-04-2003 PP-00034 
12 ZAVASCKI, op. cit. p. 66. 
13 Rcl-AgR 5389 / PA Min. CÁRMEN LÚCIA DJ 19-12-2007 
A relutância em dar efetivo cumprimento a determinação contida no bojo de 
decisão proferida por ocasião da reclamação constitucional deve ser resolvida na 
seara do procedimento de execução com a prática dos pertinentes atos coercitivos 
a serem adotados no exercício da atividade judicante. 
Em relação ao manejo do instituto em tela nas hipóteses de usurpação de 
competência, vale citar a hipótese denegação de seguimento de recurso de agravo 
de instrumento dirigido ao STF, tendo em vista que apenas compete ao tribunal a 
quo analisar os pressupostos de admissibilidade do recuso extraordinário, sendo 
obrigatória a remessa dos autos ao STF, porquanto o juízo de admissibilidade do 
recurso de agravo de instrumento é realizado exclusivamente pela Excelsa Corte. 
 
Com a finalidade de abonar os argumentos acima declinados, cumpre trazer à 
baila ementa de julgado do STF, in verbis: 
RECLAMAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
INADMITIDO. AGRAVO DE INSTRUMENTO NEGADO SEGUIMENTO 
PELO PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL CÍVEL. ANÁLISE DOS 
REQUISITOS DE CABIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO 
COMPETE AO TRIBUNAL 'AD QUEM'. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA 
DO STF. PRECEDENTES. RECLAMAÇÃO JULGADA PROCEDENTE.14 
Vale esclarecer ainda que a reclamação constitucional não é a via processual 
adequada para impedir a produção de ato legislativo, cujo conteúdo de norma 
similar já foi declarado inconstitucional pelo Pretório Excelso. 
Por outros dizeres, o instrumento processual em questão não tem o condão 
de tutelar o efeito vinculante de decisão do STF e nem de impedir que o órgão 
legislativo confeccione novo ato legislativo sobre matéria que já foi declarada 
inconstitucional pela Excelsa Corte, in litteris: 
O efeito vinculante e a eficácia contra todos (“erga omnes”), que 
qualificam os julgamentos que o Supremo Tribunal Federal profere 
em sede de controle normativo abstrato, incidem, unicamente, 
sobre os demais órgãos do Poder Judiciário e os do Poder Executivo, 
não se estendendo, porém, em tema de produção normativa, ao 
legislador, que pode, em conseqüência, dispor, em novo ato 
legislativo, sobre a mesma matéria versada em legislação 
anteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo, ainda que 
no âmbito de processo de fiscalização concentrada de 
constitucionalidade, sem que tal conduta importe em desrespeito à 
autoridade das decisões do STF.15 
Por fim, é necessário destacar que a utilização da medida jurídico-processual 
deve ser manejada antes do trânsito em julgado da decisão que será impugnada, 
uma vez que não se pode emprestar a reclamação constitucional a função de 
sucedâneo processual da ação rescisória, consoante o posicionamento remansoso 
da Excelsa Corte, consoante os termos da Súmula de nº 368 do STF. 
 
4 CONTROLE DAS DECISÕES JUDICIAIS OU DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
QUE CONTRARIAREM SÚMULA VINCULANTE DO STF 
Conforme já foi dito alhures, a Emenda Constitucional de n° 45/2004 
consagrou a súmula vinculante no âmbito da competência do Supremo Tribunal e 
incumbiu a reclamação constitucional como instrumento apto a preservar o seu fiel 
cumprimento (art. 103-A, § 3º). 
 
14 Rcl 1574 / ES. Rel. Min. Nelson Jobim, Tribunal Pleno, DJ 13-06-2003 
15 RCl 5442, Min. Celso de Mello, DJ 06-09-2007. 
A Lei n° 11.417/06 regulamentou o citado dispositivo constitucional 
textualizando que é suscetível a utilização da reclamação constitucional para 
impugnar ato administrativo e decisão judicial que contrariar a intelecção 
jurisprudencial que embasou a edição da súmula vinculante ou mesmo que 
indevidamente aplicá-la. 
O caput do art. 7° da Lei n° 11.417/06 é de uma clareza singular ao 
textualizar que o ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, 
negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo 
Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de 
impugnação. 
Nesse diapasão, a reclamação constitucional surge no ordenamento jurídico 
como meio idôneo a impugnar decisão judicial ou ato administrativo que não 
observe o entendimento sumulado da Excelsa Corte, exteriorizada por meio de 
súmula editada na conformidade da legislação que lhe confere efeito erga omnes, 
inclusive com observância obrigatória pelos órgãos que compõem o Poder Judiciário 
e todas as esferas da administração pública. 
Por fim, a inserção desse novo procedimento no processo civil pátrio tem o 
condão de emprestar maior agilidade na tramitação de demandas repetitivas, cuja 
quaestio iuris já foi objeto de apreciação meritória pelo STF, impedindo por 
conseqüência a procrastinação da resolução da lide em decorrência da utilização de 
recursos meramente protelatórios, uma vez que já houve a sedimentação da 
orientação fixada pela Corte Superior acerca de determinada matéria. 
 
5 LEGITIMIDADE ATIVA PARA O MANEJO DA RECLAMAÇÃO 
CONSTITUCIONAL NO STF 
No que tange a legitimidade ad causam, o Supremo Tribunal Federal somente 
admitia o manejo da reclamação fundamentada em desrespeito à autoridade das 
suas decisões, tomadas no bojo de ação de controle concentrado pelos próprios 
legitimados ou co-legitimados que haviam inaugurado o processo de natureza 
objetiva,16 ou seja, apenas os entes taxativamente estatuídos no art. 103 da Magna 
Carta detinham legitimidade ativa para a propositura da reclamação constitucional. 
Todavia, hodiernamente, o Pretório Excelso, alterando o posicionamento 
acima exposto, confere legitimidade ad causam para apresentar a reclamação 
constitucional a todos que demonstrarem prejuízo advindo da não observância das 
decisões emanadas do STF.17 
O julgado abaixo transcrito ilustra o posicionamento hodierno do STF acerca 
da legitimidade ad causam no que tange ao manejo da reclamação constitucional: 
Reconhecimento de legitimidade ativa ad causam de todos que 
comprovem prejuízo oriundo de decisões dos órgãos do Poder 
Judiciário, bem como a Administração Pública de todos os níveis, 
contrárias ao julgado do Tribunal. Ampliação do Conceito de parte 
interessada (lei n° 8038/90, artigo 13). Reflexos processuais da 
eficácia vinculante do acórdão a ser preservado. Apreciado o mérito 
da ADI 1662-SP (DJ de 30.08.01), está o município legitimado para 
propor reclamação.18 
 
 
 
16 ROSSI, Júlio Cesar, op. Cit., p.52 
17 AgR - QO n° 1.880-6-SP, Rel. Min. Maurício Correa, DJ 19-03-2004. 
18 Rcl 1.880-AgR, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 19-03-2004 
6 RECURSOS CABÍVEIS EM SEDE DE RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL 
No que tange aos meios utilizados para impugnar a decisão proferida em 
julgamento da reclamação constitucional, vale aduzir que apenas são aplicáveis o 
agravo regimental, na hipótese das decisões monocráticas proferidas pelos 
relatores, e também é possível a interposição dos embargos de declaração.Insta destacar que o art. 161 do Regimento Interno do Supremo Tribunal 
Federal - RISTF permite ao relator, quando a questão em debate for objeto de 
entendimento uníssono do próprio tribunal, julgar a reclamação apresentada, 
privilegiando, assim, a celeridade e a economia processual. 
Já o agravo regimental constitui o meio processual hábil a impugnar decisão 
monocrática proferida pelo relator em sede reclamação constitucional. 
A ementa da decisão demonstra o posicionamento do STF acerca da 
admissibilidade do recurso de agravo regimental como meio de impugnação das 
decisões monocráticas proferidas em reclamação constitucional: 
Agravo Regimental em Reclamação. 2. Decisão que negou 
seguimento à reclamação e julgou prejudicado o agravo regimental 
interposto em face de decisão que deferiu medida liminar. 3. 
Pagamento de reajuste de vencimentos com base na conversão de 
URV em Real. 4. Perda superveniente do objeto da reclamação que 
tem por parâmetro a ADC 4/DF, quando a decisão que concedeu 
tutela antecipada for substituída por sentença de mérito. 5. Agravo 
regimental a que se nega provimento.19 
No tocante a admissibilidade dos embargos de declaração como recurso 
cabível do decisum que julga o instrumento jurídico processual em epígrafe, 
cumpre trazer à liça os ensinamentos da lavra do Professor Alexandre Freitas 
Câmara, ficando evidenciado o cabimento do recurso acima aludido como remédio 
voluntário idôneo apto a ensejar o esclarecimento ou a integração da decisão 
judicial proferida, ipsis verbis: 
Os embargos de declaração são cabíveis contra qualquer 
provimento judicial de conteúdo decisório: sentenças, acórdãos e, 
apesar do silencio da lei, decisões interlocutórias. Buscam, como se 
verifica pela leitura do art. 535 do CPC, impugnar decisão judicial 
eivada de obscuridade, contradição ou omissão.20 
Por fim, é imperioso destacar que no tocante aos recursos internos, não há 
que se indagar acerca da interposição em embargos de infringentes e nem de 
divergência como meio de impugnação das decisões proferidas em sede reclamação 
constitucional, porquanto os embargos infringentes não são admitidos, tanto em 
razão da Súmula de n° 368 do STF, como também em face da ausência de previsão 
no RISTF (art.330), entre as matérias julgadas pelo Pleno, que ensejam essa 
espécie recursal ao passo que os embargos de divergência não são cabíveis pelo 
simplório fato do julgamento da reclamação ser realizado pelo próprio Pleno e não 
por Turma.21 
 
 
19 Rcl-AgR 1192 / DF, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe-060 DIVULG 03-04-2008 PUBLIC 04-04-2008 
20 CÂMARA, Alexandre Freitas, Lições de Direito Processual Civil. 9 ed. vol. II,. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2004, p.117. 
21 DANTAS, op. cit., p. 488. 
 
7 CONCLUSÃO 
 Face aos argumentos fáticos e jurídicos acima declinados tem-se que a 
reclamação constitucional no âmbito do STF é o instrumento processual hábil a 
garantir a competência jurisdicional, a autoridade das decisões proferidas e a fiel 
observância às súmulas com efeito vinculante proferidas pela Corte Excelsa, 
permitindo a salvaguarda da ordem constitucional como um todo. 
 Ademais, o manejo do instrumento processual em tela permite evitar a 
delonga advinda do exaurimento do sistema recursal pátrio, emprestando assim 
maior celeridade e eficiência na tutela do bem da vida que se visa proteger. 
 Portanto, a reclamação constitucional afigura-se como meio processual 
vocacionado no atual cenário jurídico à defesa de interesses jurídicos de índole 
objetiva e subjetiva, uma vez que a ampla legitimidade conferida para o seu 
manejo permite que qualquer jurisdicionado lesado possa utilizar a reclamação 
constitucional para tutelar pretensão com fulcro em decisão judicial ou súmula 
vinculante proferida pelo STF, bastando tão somente a configuração da pertinência 
temática entre a quaestio iuris apresentada e o objeto da decisão proferida na ação 
paradigma. 
 
8 REFERÊNCIAS 
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. 9. ed. vol. II. Rio de 
Janeiro: Lumen Júris, 9 ed, 2004. 
DANTAS, Marcelo Navarro Ribeiro. Reclamação Constitucional no Direito Brasileiro. 
Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris editor, 2000. 
JR. NERY, Nelson. Princípios Fundamentais Teoria Geral dos Recursos. São Paulo: RT, 
1997. 
MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2000. 
PACHECO, José da Silva. O Mandado de Segurança e Outras Ações Constitucionais 
Típicas. São Paulo: RT, 2002. 
ROSSI, Júlio Cessar. Revista Dialética de Processo Civil, n. 19, out. 2004. 
ZAVASCKI, Teori Albino. Procedimentos Especiais Cíveis e Legislação Extravagante. 
São Paulo: Saraiva, 2003.

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