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PROFESSOR THIAGO CARAPETCOV thcarapetcov@yahoo.com.br DIREITO EMPRESARIAL • ARRENDAMENTO MERCANTIL / LEASING • FACTORING CONTRATOS • DIFERENTES VISÕES CONTRATUAIS • CONTRATO TRABALHISTA • CONTRATO CONSUMERISTA • CONTRATO ADMINISTRATIVO • CONTRATO CIVILISTA • CONTRATO EMPRESARIAL / COMERCIAL / MERCANTIL • O QUE DIFERENCIA CADA VISÃO CONTRATUAL ?? CONTRATOS • PRINCÍPIOS CONTRATUAIS • PRINCÍPIO DA AUTONOMIA • PRINCÍPIO DO RELATIVISMO • PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO • PRINCÍPIO DA BOA FÉ Visão da UERJ / USP – Prof. Gustavo Tepedino 23. Em contratos empresariais, é lícito às partes contratantes estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação dos requisitos de revisão e/ou resolução do pacto contratual. 25. A revisão do contrato por onerosidade excessiva fundada no Código Civil deve levar em conta a natureza do objeto do contrato. Nas relações empresariais, deve- se presumir a sofisticação dos contratantes e observar a alocação de riscos por eles acordada. 26. O contrato empresarial cumpre sua função social quando não acarreta prejuízo a direitos ou interesses, difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não participantes da relação negocial. 27. Não se presume violação à boa-fé objetiva se o empresário, durante as negociações do contrato empresarial, preservar segredo de empresa ou administrar a prestação de informações reservadas, confidenciais ou estratégicas, com o objetivo de não colocar em risco a competitividade de sua atividade. 28. Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua atividade, os contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na inexperiência. 29. Aplicam-se aos negócios jurídicos entre empresários a função social do contrato e a boa-fé objetiva (arts. 421 e 422 do Código Civil), em conformidade com as especificidades dos contratos empresariais. ARRENDAMENTO MERCANTIL / LEASING ARRENDAMENTO MERCANTIL • Origem • Conceito • Legislação Lei 6.099/74 Resolução 2.309/96 BC Lei 11.649/08 (veículos) ARRENDAMENTO MERCANTIL • Finalidade • Características Transferência da posse durante o prazo do contrato Pagamento periódico Opção final comprar por preço residual devolve o objeto renovação ARRENDAMENTO MERCANTIL • PARTES E SEUS DEVERES • ARRENDADOR “INSTITUIÇÃO FINANCEIRA” – 0% CPMF Leasing operacional ? • ARRENDATÁRIO “CONSERVAR O BEM” ARRENDAMENTO MERCANTIL • ESPÉCIES DE LEASING • LEASING FINANCEIRO / FINANCIAL LEASING • LEASING OPERACIONAL / RENTING • LEASING BACK / DE RETORNO 3ª QUESTÃO: Os diretores da KS INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PRODUTOS DE INFORMÁTICA S/A. foram informados que a sociedade estava passando por dois problemas simultaneamente. O primeiro, e mais grave, era a escassez de recursos para o pagamento de dívidas de curtíssimo prazo, uma vez que os valores disponíveis em caixa e em conta-corrente não eram suficientes para o pagamento de dívidas com alguns fornecedores, que já ameaçaram entrar com pedido de falência em caso de inadimplência. O outro problema é a necessidade, também premente, da aquisição ou locação de uma máquina moderna de impressão, na medida em que a atual foi definitivamente perdida em um pequeno incêndio. Considerando a existência de bens de alto valor e liquidez dentro do imobilizado da sociedade, mas indispensáveis para a atividade, e a absoluta falta de capital de giro, responda: 3ª QUESTÃO: a) É possível a utilização do contrato de arrendamento mercantil para a obtenção de capital de giro para a sociedade em questão? Em caso positivo, qual modalidade e quais os benefícios? b) Em relação à máquina de impressão, considerando que tais equipamentos, embora caros, ficam rapidamente obsoletos, sem olvidar da necessidade de uma manutenção muito especializada, seria aconselhável o arrendamento? Em caso positivo, qual modalidade e quais os benefícios? c) Ao final de todo o contrato, quais as opções que o arrendador deve oferecer ao arrendatário? d) Em caso de inadimplemento, além da cobrança, qual a medida que pode ser intentada pelo credor? Quais as verbas que são devidas? Respostas fundamentadas. ARRENDAMENTO MERCANTIL • QUAL A NATUREZA DO LEASING ?? • VALOR MÍNIMO NO FINAL DO CONTRATO CARACTERIZA CONTRATO DE COMPRA E VENDA ?? • MULTA ?? • ACIDENTE ?? ARRENDAMENTO MERCANTIL • IPVA ?? • OBRIGATORIEDADE NA CONTRATAÇÃO DO SEGURO ?? • VRG ?? Prova oral do MPERJ 2012 – o que é VRG ?? Devolução ?? “(...) No contrato de leasing, o valor residual é o preço contratual estipulado para o exercício da opção de compra enquanto o valor residual garantido é obrigação assumida pelo arrendatário, quando da contratação do arrendamento mercantil, no sentido de garantir que o arrendador receba, ao final do contrato, a quantia mínima final de liquidação do negócio, em caso de o arrendatário optar por não exercer seu direito de compra e, também, não desejar que o contrato seja prorrogado.(...)” (STJ – 4ª Turma, REsp. 249.340/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJU 07.08.2000) MARCO ANTÔNIO IBRAHIM “Enquanto o valor residual vinculado ao preço pela opção de compra se destina a complementar o retorno do capital investido pela arrendadora na hipótese de opção pela compra, o VRG , ao revés, é resíduo exigível quando a opção não for pela compra, mas pela extinção do contrato. Isto é, ao fim da locação.” SERGIO CAVALIERI FILHO “... o VRG não se confunde com a opção de compra. Como se vê da sua própria definição normativa (Portaria nº 564/78 do Ministério da Fazenda), trata-se de uma forma de o arrendatário garantir ao arrendador uma quantia mínima de amortização do valor residual do bem, caso, no final do contrato, não renove o arrendamento nem exerça a opção de compra.” 1ª QUESTÃO: PRODUTOS E SISTEMAS PARA HIGIENE Ltda. ajuizou ação de repetição de indébito em face de SOCIEDADE BRASILCOM ARRENDAMENTO MERCANTIL S/A. Alegou, em síntese, que as partes firmaram contrato de leasing e que pagou antecipadamente o valor residual garantido - VRG. Pretende a restituição em dobro do valor pago (art. 42 do CDC), uma vez que o veículo objeto do contrato foi apreendido em ação de reintegração de posse. Decida a questão de forma fundamentada. 38. É devida devolução simples, e não em dobro, do valor residual garantido (VRG) em caso de reintegração de posse do bem objeto de arrendamento mercantil celebrado entre empresários. Inf 517 DIREITO EMPRESARIAL. DEVOLUÇÃO DA DIFERENÇA ENTRE O RESULTADO DA SOMA DO VRG QUITADO COM O VALOR DA VENDA DO BEM E O TOTAL PACTUADO COMO VRG NO CONTRATO DE LEASING FINANCEIRO. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. N. 8/2008-STJ). Nas ações de reintegração de posse motivadas por inadimplemento de arrendamento mercantil financeiro, quando o resultado da soma do VRG quitado com o valor da venda do bem for maior que o total pactuado como VRG na contratação, será direito do arrendatário recebera diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o prévio desconto de outras despesas ou encargos contratuais. No chamado leasing financeiro, o arrendador adquire o bem indicado pelo contratante sem nenhum interesse em mantê-lo em seu patrimônio após o término do contrato, de modo que a devolução do bem ao final da contratação levaria o produto à venda. Nessa modalidade, prepondera o caráter de financiamento na operação, colocado à disposição do particular, à semelhança da alienação fiduciária, como mais uma opção para a aquisição financiada de bem pretendido para uso, com custos financeiro- tributários mais atraentes a depender da pessoa arrendatária. Além disso, o Conselho Monetário Nacional, ao regulamentar o leasing financeiro, considera-o como a modalidade de arredamento mercantil em que “as contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato, devidos pela arrendatária, sejam normalmente suficientes para que a arrendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo contratual da operação e, adicionalmente, obtenha um retorno sobre os recursos investidos” (art. 1º, I, da Res. n. 2.309/1996 do CMN)......... Nesse contexto, deve-se observar que a integral devolução ao arrendatário do pagamento prévio (antecipado ou diluído com as prestações) do chamado valor residual garantido (VRG) pode fazer com que a arrendadora fique muito longe de recuperar ao menos o custo (mesmo em termos nominais) pela aquisição do produto, o que atentaria flagrantemente contra a função econômico-social do contrato e terminaria por incentivar, de forma deletéria, especialmente nos casos de elevada depreciação do bem, a inadimplência, na medida em que, com a entrega do bem, teria o arrendatário muito mais a ganhar do que com o fiel cumprimento do contrato, eximindo-se quase completamente do custo da depreciação, que é, de fato, seu. É, portanto, inerente à racionalidade econômica do leasing financeiro a preservação de um valor mínimo em favor do arrendador pelo produto financiado, a servir-lhe de garantia (daí o nome: “valor residual garantido”), a depender, no caso de não exercida a opção de compra pelo arrendatário, do valor recebido com a venda do produto. Nesse sentido, o STJ tem estabelecido o entendimento de que o VRG pago antes do término do contrato não constitui propriamente um pagamento prévio do bem arrendado, mas sim um valor mínimo garantido ao arrendador no caso em que não exercida a opção de compra...... Entende-se que assim, observando-se fielmente a finalidade do VRG, possa o arrendamento mercantil ter seu equilíbrio econômico-financeiro resguardado, preservando sua função social como pactuação propícia à proteção da confiança, da boa-fé, pelo estímulo à adimplência e ao cumprimento dos contratos. Como consequência, tem-se a redução dos custos financeiros e do spread bancário, a minoração das taxas de juros e, sobretudo, o incremento da atividade econômica em geral, tudo a bem da construção de uma sociedade em que vigore a livre iniciativa, mas com justiça social. Precedente citado: REsp n° 373.674/PR, Terceira Turma, DJ 16/11/2004. REsp 1.099.212-RJ, Rel. originário Min. Massami Uyeda, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/2/2013. EXEMPLO: Valor contratado: R$ 100.000,00 (dividido em 46 x ) Valor do VRG pago: R$ 80.000,00 (dividido em 20 x) Valor do bem vendido: R$ 55.000,00 Ganho do arrendador: VRG + Venda = R$ 135.00,00 Devolução será de R$ 35.000,00 SÚMULA 564 STJ “no caso de reintegração de posse em arrendamento mercantil financeiro, quando a soma da importância antecipada a título de valor residual garantido (VRG) com o valor da venda do bem ultrapassar o total do VRG previsto contratualmente, o arrendatário terá direito de receber a respectiva diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o prévio desconto de outras despesas ou encargos pactuados”. ARRENDAMENTO MERCANTIL • ICMS NA IMPORTAÇÃO DE BENS PARA O CONTRATO DE LEASING ?? “ Circulação de bens ” Promessa de transferência de domínio !! Exceção : aquisição para o ativo da “empresa” Aeronaves e suas peças... ARRENDAMENTO MERCANTIL • INADIMPLEMENTO DO ARRENDATÁRIO Notificação do arrendatário – súmula 369 STJ Resolução contratual Devolução amigável do bem • NÃO DEVOLUÇÃO DO BEM ?? ARRENDAMENTO MERCANTIL • AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE Parcelas vencidas Cláusula penal Ressarcimento dos prejuízos • PARCELAS VINCENDAS ?? • POSSIBILIDADE OU NÃO, DE CUMULAR CLÁUSULA PENAL COM PREJUÍZOS ?? • POSSIBILIDADE OU NÃO, DE CUMULAR COM REVISÃO CONTRATUAL ?? • POSSIBILIDADE OU NÃO, DE DEVOLUÇÃO DE VRG ?? 2ª QUESTÃO: Sociedade de Arrendamento Mercantil arrendou um caminhão a João Martins, com prestações mensais de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais). Inadimplida a obrigação, a arrendante ajuizou ação de reintegração de posse cumulada com a cobrança de prestações vencidas e vincendas, multa e acréscimos contratuais. O pedido de concessão de liminar foi deferido. JOÃO MARTINS, na contestação, alegou a abusividade na cobrança de juros remuneratórios (vinte e cinco por cento ao ano) com violação ao Código de Defesa do Consumidor, aplicado aos contratos firmados com instituições financeiras. Decida a questão de forma fundamentada. ARRENDAMENTO MERCANTIL • POSSIBILIDADE DE PURGAR A MORA NO LEASING ?? TJ – MG : Vencidas e vincendas na contestação TJ – RJ : Decreto 911 / 69 TJ – RS : Vencidas QUAL SERIA O PREJUÍZO DO CREDOR ?? ARRENDAMENTO MERCANTIL INF. 573 STJ Em contrato de arrendamento mercantil de veículo automotor - com ou sem cláusula resolutiva expressa -, a purgação da mora realizada nos termos do art. 401, I, do CC deixou de ser possível somente a partir de 14/11/2014, data de vigência da Lei 13.043/2014, que incluiu o § 15º do art. 3º do Decreto-Lei 911/1969. STJ. 4ª Turma. REsp 1.381.832-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 5/11/2015. Somente integralidade ! ARRENDAMENTO MERCANTIL • TEORIA DO INADIMPLEMENTO MÍNIMO OU ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL substancial performance – Direito Inglês séc. XVIII Ministro Luis Felipe Salomão “a insuficiência obrigacional poderá ser relativizada com vistas à preservação da relevância social do contrato e da boa-fé...” DIREITO CIVIL. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL PARA AQUISIÇÃO DEVEÍCULO (LEASING). PAGAMENTO DE TRINTA E UMA DAS TRINTA E SEISPARCELAS DEVIDAS. RESOLUÇÃO DO CONTRATO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DEPOSSE. DESCABIMENTO. MEDIDAS DESPROPORCIONAIS DIANTE DO DÉBITOREMANESCENTE. APLICAÇÃO DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. 1. É pela lente das cláusulas gerais previstas no Código Civil de2002, sobretudo a da boa-fé objetiva e da função social, que deve ser lido o art. 475, segundo o qual "[a] parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos". 2. Nessa linha de entendimento, a teoria do substancial adimplemento visa a impedir o uso desequilibrado do direito de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da preservação da avença, com vistas à realização dos princípios da boa-fé e da função social do contrato. 3. No caso em apreço, é de se aplicar a da teoria do adimplemento substancial dos contratos, porquanto o réu pagou: "31 das 36prestaçõescontratadas, 86% da obrigação total (contraprestação ver parcelado) e mais R$ 10.500,44 de valor residual garantido". Mencionado descumprimento contratual é inapto a ensejar reintegração de posse pretendida e, consequentemente, a resolução do contrato de arrendamento mercantil, medidas desproporcionais diante do substancial adimplemento da avença. 4. Não se está a afirmar que a dívida não paga desaparece, o que seria um convite a toda sorte de fraudes. Apenas se afirma que meio de realização do crédito por que optou a instituição financeira não se mostra consentâneo com a extensão do inadimplemento e, de resto, com os ventos do Código Civil de 2002. Pode, certamente, corredor valer-se de meios menos gravosos e proporcionalmente mais adequados à persecução do crédito remanescente, como, por exemplo, a execução do título.5. Recurso especial não conhecido. RESP. 1.051.270 RECURSO ESPECIAL. LEASING. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. CARRETAS. EMBARGOS INFRINGENTES. TEMPESTIVIDADE. MANEJO ANTERIOR DE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA A DECISÃO. CORRETO O CONHECIMENTO DOS EMBARGOS INFRINGENTES. INOCORRÊNCIA DE AFRONTA AO PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE. APLICAÇÃO DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL E DA EXCEÇÃO DE INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. Ação de reintegração de posse de 135 carretas, objeto de contrato de "leasing", após o pagamento de 30 das 36 parcelas ajustadas. Processo extinto pelo juízo de primeiro grau, sendo provida a apelação pelo Tribunal de Justiça, julgando procedente a demanda. Interposição de embargos declaratórios, que foram rejeitados, com um voto vencido que mantinha a sentença, com determinação de imediato cumprimento do julgado. Antes da publicação do acórdão dos embargos declaratórios, com a determinação de imediata reintegração de posse, a parte demandada extraiu cópia integral do processo e impetrou mandado de segurança.... Tempestividade dos embargos infringentes, pois interpostos após a nova publicação do acórdão recorrido. Correta a decisão do tribunal de origem, com aplicação da teoria do adimplemento substancial. Doutrina e jurisprudência acerca do tema. ... RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. REsp 1.200.105 ARRENDAMENTO MERCANTIL • EXTINÇÃO DO CONTRATO Prazo Acordo entre as partes Inadimplemento ou falência do arrendatário • FALÊNCIA DO ARRENDATÁRIO ?? INFORMATIVOS DO STJ SOBRE LEASING Inf 433 LEASING. SEGURO. ABUSIVIDADE. Trata-se, fundamentalmente, de saber se, diante da natureza jurídica do contrato de arrendamento mercantil, a previsão de que o arrendatário deva contratar seguro do bem arrendado em favor da arrendadora constitui imposição iníqua e excessivamente onerosa àquele em contrapartida ao indevido locupletamento dela. Nesta instância especial, ao apreciar o REsp, entendeu-se que, no contrato de arrendamento mercantil (leasing), a arrendadora é proprietária do bem até que se dê a efetiva quitação do contrato e o arrendatário faça a opção pela compra daquele bem. Sendo assim, não configura onerosidade excessiva ao consumidor a previsão de que contrate seguro para o objeto da avença em favor da arrendadora. Destacou-se que sustentar o contrário leva a uma incorreta interpretação da finalidade última da proteção consumerista e a uma indevida ingerência na liberdade de iniciativa, princípio e fundamento, respectivamente, da ordem econômica nos termos do art. 170 da CF/1988... Diante disso, a Turma conheceu parcialmente do recurso e, na parte conhecida, deu-lhe provimento. REsp 1.060.515-DF, Rel. Min. Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ-AP), julgado em 4/5/2010. inf. 466 COMPETÊNCIA. DOCUMENTOS FALSOS. LEASING. CARRO. Noticiam os autos que fora instaurado inquérito policial para apurar a autoria e materialidade de estelionato a partir da apresentação de documentos falsos para obtenção de recursos financeiros junto à instituição bancária em contrato de arrendamento mercantil na modalidade de leasing financeiro de veículo. Esses autos foram encaminhados primeiro pelo juízo de direito, ao acolher a representação da autoridade policial e parecer do MP estadual, ao juízo federal naquela comarca para a apuração de crime contra o sistema financeiro previsto no art. 19 da Lei n. 7.492/1986, mas esse juízo, por sua vez, declinou de sua competência para o juízo de uma das varas federais especializadas da capital. Então, o juízo da vara federal especializada suscitou o conflito de competência. Para a Min. Relatora, a matéria em exame é complexa, tendo sido apreciada neste Superior Tribunal uma única vez, na Sexta Turma, na qual o voto da relatoria do Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), com base em precedente do STF, asseverou que o fato de o leasing financeiro não constituir financiamento não afasta, por si só, a configuração do delito previsto no art. 19 da Lei n. 7.492/1986. Naquela ocasião, o colegiado concluiu que, ao fazer um leasing financeiro, obtém-se invariavelmente um financiamento e o tipo penal em análise descrito no citado art. 19 refere-se exatamente à obtenção de financiamento mediante fraude, sem exigir que isso ocorra num contrato de financiamento propriamente dito. Observa ainda a Min. Relatora que o leasing financeiro possui certas particularidades, mas que não se pode, de pronto, afastar a incidência do tipo penal descrito no art. 19 em comento...Precedentes citados do STF: RE 547.245-SC, DJe 4/3/2010; do STJ: REsp 706.871-RS, DJe 2/8/2010. CC 114.322-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 14/3/2011. INF 480 LEASING. ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. Trata-se de REsp oriundo de ação de reintegração de posse ajuizada pela ora recorrente em desfavor do ora recorrido por inadimplemento de contrato de arrendamento mercantil (leasing). A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, entendeu, entre outras questões, que, diante do substancial adimplemento do contrato, ou seja, foram pagas 31 das 36 prestações, mostra-se desproporcional a pretendida reintegração de posse e contraria princípios basilares do Direito Civil, como a função social do contrato e a boa-fé objetiva. Consignou-se que a regra que permite tal reintegração em caso de mora do devedor e consequentemente, a resolução do contrato, no caso, deve sucumbir diante dos aludidos princípios. Observou-se que o meio de realização do crédito pelo qual optou a instituição financeira recorrente não se mostra consentâneo com a extensão do inadimplemento nem com o CC/2002. Ressaltou-se, ainda, que o recorrido pode, certamente, valer-se de meios menos gravosos e proporcionalmente mais adequados à persecução do crédito remanescente, por exemplo, a execução do título. Precedentes citados: REsp 272.739-MG, DJ 2/4/2001; REsp 469.577-SC, DJ 5/5/2003, e REsp 914.087-RJ, DJ 29/10/2007. REsp 1.051.270-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/8/2011. Inf 500 ARRENDAMENTO MERCANTIL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. Trata-se de REsp oriundo de ação de reintegração de posse ajuizada pela ora recorrente em desfavor do recorrido por inadimplemento de contrato de arrendamento mercantil (leasing) para a aquisição de 135 carretas. A Turma reiterou, entre outras questões, que, diante do substancial adimplemento do contrato, qual seja, foram pagas 30 das 36 prestações da avença, mostra-se desproporcional a pretendida reintegração de posse e contraria princípios basilares do Direito Civil, como a função social do contrato e a boa-fé objetiva. Ressaltou-se que a teoria do substancial adimplemento visa impedir o uso desequilibradodo direito de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da preservação da avença, com vistas à realização dos aludidos princípios. Assim, tendo ocorrido um adimplemento parcial da dívida muito próximo do resultado final, daí a expressão “adimplemento substancial”, limita-se o direito do credor, pois a resolução direta do contrato mostrar-se-ia um exagero, uma demasia. Dessa forma, fica preservado o direito de crédito, limitando-se apenas a forma como pode ser exigido pelo credor, que não pode escolher diretamente o modo mais gravoso para o devedor, que é a resolução do contrato. Dessarte, diante do substancial adimplemento da avença, o credor poderá valer-se de meios menos gravosos e proporcionalmente mais adequados à persecução do crédito remanescente, mas não a extinção do contrato. Precedentes citados: REsp 272.739- MG, DJ 2/4/2001; REsp 1.051.270-RS, DJe 5/9/2011, e AgRg no Ag 607.406-RS, DJ 29/11/2004. REsp 1.200.105-AM, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 19/6/2012. Inf 554 DIREITO DO CONSUMIDOR. RESCISÃO DE CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL VINCULADO A CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE AUTOMÓVEL. Na hipótese de rescisão de contrato de compra e venda de automóvel firmado entre consumidor e concessionária em razão de vício de qualidade do produto, deverá ser também rescindido o contrato de arrendamento mercantil do veículo defeituoso firmado com instituição financeira pertencente ao mesmo grupo econômico da montadora do veículo (banco de montadora). Inicialmente, esclareça-se que o microssistema normativo do CDC conferiu ao consumidor o direito de demandar contra quaisquer dos integrantes da cadeia produtiva com o objetivo de alcançar a plena reparação de prejuízos sofridos no curso da relação de consumo. Ademais, a regra do art. 18 do CDC, ao regular a responsabilidade por vício do produto, deixa expressa a responsabilidade solidária entre todos os fornecedores integrantes da cadeia de consumo. Nesse sentido, observe-se que as regras do art. 7º, § único, e do art. 25, § 1º, do CDC, estatuem claramente que, “havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão pela reparação prevista nesta e nas Seções anteriores.” Amplia-se, assim, o nexo de imputação para abranger pessoas que, no sistema tradicional do Código Civil, não seriam atingidas, como é o caso da instituição financeira integrante do mesmo grupo econômico da montadora. ... Na hipótese ora em análise, não se trata de instituição financeira que atua como “banco de varejo” – apenas concedendo financiamento ao consumidor para aquisição de um veículo novo ou usado sem vinculação direta com o fabricante –, mas sim de instituição financeira que atua como “banco de montadora”, isto é, que integra o mesmo grupo econômico da montadora que se beneficia com a venda de seus automóveis, inclusive estipulando juros mais baixos que a média do mercado para esse segmento para atrair o público consumidor para os veículos da sua marca. É evidente, assim, que o banco da montadora faz parte da mesma cadeia de consumo, sendo também responsável pelos vícios ou defeitos do veículo objeto da negociação. REsp 1.379.839-SP, Rel. originária Min. Nancy Andrighi, Rel. para Acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/11/2014, DJe 15/12/2014. Inf 554 DIREITO DO CONSUMIDOR. RESCISÃO DE CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL VINCULADO A CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE AUTOMÓVEL. Na hipótese de rescisão de contrato de compra e venda de automóvel firmado entre consumidor e concessionária em razão de vício de qualidade do produto, deverá ser também rescindido o contrato de arrendamento mercantil do veículo defeituoso firmado com instituição financeira pertencente ao mesmo grupo econômico da montadora do veículo (banco de montadora). Inicialmente, esclareça-se que o microssistema normativo do CDC conferiu ao consumidor o direito de demandar contra quaisquer dos integrantes da cadeia produtiva com o objetivo de alcançar a plena reparação de prejuízos sofridos no curso da relação de consumo. Ademais, a regra do art. 18 do CDC, ao regular a responsabilidade por vício do produto, deixa expressa a responsabilidade solidária entre todos os fornecedores integrantes da cadeia de consumo. Nesse sentido, observe-se que as regras do art. 7º, § único, e do art. 25, § 1º, do CDC, estatuem claramente que, “havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão pela reparação prevista nesta e nas Seções anteriores.” Amplia-se, assim, o nexo de imputação para abranger pessoas que, no sistema tradicional do Código Civil, não seriam atingidas, como é o caso da instituição financeira integrante do mesmo grupo econômico da montadora ... ... Na hipótese ora em análise, não se trata de instituição financeira que atua como “banco de varejo” – apenas concedendo financiamento ao consumidor para aquisição de um veículo novo ou usado sem vinculação direta com o fabricante –, mas sim de instituição financeira que atua como “banco de montadora”, isto é, que integra o mesmo grupo econômico da montadora que se beneficia com a venda de seus automóveis, inclusive estipulando juros mais baixos que a média do mercado para esse segmento para atrair o público consumidor para os veículos da sua marca. É evidente, assim, que o banco da montadora faz parte da mesma cadeia de consumo, sendo também responsável pelos vícios ou defeitos do veículo objeto da negociação. REsp 1.379.839-SP, Rel. originária Min. Nancy Andrighi, Rel. para Acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/11/2014, DJe 15/12/2014. FACTORING / FOMENTO MERCANTIL FACTORING • CONCEITO • LEGISLAÇÃO Código Civil Leis cambiárias Leis tributárias Resoluções do Conselho Monetário Nacional – 2.144 / 95 FACTORING • OBJETIVOS • NATUREZA JURÍDICA ?? Cessão onerosa de créditos • PARTES Faturizador Faturizado Terceiro / devedor FACTORING • CLASSIFICAÇÃO Bilateral Consensual Comutativo Oneroso Execução continuada FACTORING • CLASSIFICAÇÃO Intuitu personae / exclusividade Interempresariais Adesão (exceções) Atípico (ausência de legislação específica) FACTORING • ESPÉCIES DE FACTORING • FACTORING CONVENCIONAL / CONVENTIONAL FACTORING Diferença para o Contrato de Desconto Bancário ?? • FACTORING NO VENCIMENTO / MATURITY FACTORING FACTORING • CESSÃO DE CRÉDITO X FACTORING ?? • NÃO SENDO TÍTULO DE CRÉDITO ARTIGO 290 NCC !!! INF 521 STJ DIREITO PROCESSUAL CIVIL. COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO EXTRACARTULAR DE TÍTULO DE CRÉDITO. No âmbito de exceção de pré-executividade oposta pelo devedor de título de crédito em face de seu credor contratual direto, é possível ao magistrado reconhecer a ocorrência do pagamento sem que a cártula tenha sido resgatada pelo devedor (pagamento extracartular). É certo que os títulos de crédito se sujeitam aos princípios da literalidade (os direitos resultantes do título são válidos pelo que nele se contém, mostrando-se inoperantes, do ponto de vista cambiário, apartados enunciativos ou restritivos do teor da cártula), da autonomia (o possuidor de boa-fé exercita um direito próprio, que não pode ser restringido em virtude de relações existentes entre os anteriores possuidores e o devedor) e da abstração (os títulos de crédito podem circularcomo documentos abstratos, sem ligação com a causa a que devem sua origem). Cumpre ressaltar, a propósito, que os mencionados princípios — dos quais resulta a máxima de que as exceções pessoais são inoponíveis a terceiros de boa-fé — visam conferir segurança jurídica ao tráfego comercial e celeridade na circulação do crédito, que deve ser transferido a terceiros de boa-fé purificado de todas as questões fundadas em direito pessoal que eventualmente possam ser arguidas pelos antecessores entre si. Vale dizer que esses princípios mostram plena operância quando há circulação da cártula e quando são postos em relação a duas pessoas que não contrataram entre si, encontrando-se uma em frente à outra em virtude apenas do título. Entretanto, quando estiverem em litígio o possuidor do título e seu devedor direto, esses princípios perdem força. Isso porque, em relação ao seu credor, o devedor do título se obriga por uma relação contratual, mantendo-se intactas as defesas pessoais que o direito comum lhe assegura. Precedentes citados: REsp 1.228.180-RS, Quarta Turma, DJe 28/3/2011, e REsp 264.850- SP, Terceira Turma, DJ 5/3/2001. REsp 1.078.399-MA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/4/2013. 1ª QUESTÃO: MAURÍCIO, credor de duplicata de compra e venda no valor de R$10.000,00 (dez mil reais), com vencimento em 10/12/2006, negociou a cambial com CRÉDITO RÁPIDO LTDA, sociedade de fomento mercantil. Em garantia ao cumprimento do contrato o faturizado emitiu nota promissória avalizada por MARCELO, em favor do faturizador. No vencimento, em razão da recusa de pagamento do aceitante, o portador da cambial ajuizou a competente ação de execução para cobrança de seu crédito. Os embargos opostos pelo executado foram acolhidos sob o fundamento da exceção do contrato não cumprido por parte do emitente do título (MAURÍCIO). O faturizador ajuizou ação cambial em face do avalista da nota promissória para receber o valor devido. Decida a questão de forma fundamentada. 2ª QUESTÃO: XXXIII PROVA PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA ESTADUAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Em contrato de faturização, pactuou-se que o faturizado se obrigava a pagar os títulos de crédito endossados ao faturizador, acrescidos de juros bancários, se o devedor não adimplisse. O faturizado não paga, alegando que se trata de cessão de crédito. Analise a questão sob todos os aspectos. 3ª QUESTÃO: P S Factoring Fomento Comercial Ltda. ajuizou execução em face de Nacional Plásticos Indústria e Comércio S.A. e Gilson Carlos Trindade da Silva, objetivando recebimento de nota promissória dada em garantia de duplicatas sacadas contra a empresa Vinimaster Indústria Comércio e Confeções Ltda., e que foram recebidas pela exequente mediante endosso subscrito pelos executados, no âmbito de contrato de fomento mercantil. Os executados, por sua vez, em sede de embargos à execução, alegaram nulidade dos títulos porquanto desprovidos de aceite e de protesto regular. Subsidiariamente, aduziram tratar-se de relação de consumo, motivo por que os encargos financeiros deveriam ficar limitados a patamares não abusivos. O Juízo de Direito da 7ª Vara Cível da Comarca de Recife?PE acolheu os embargos, extinguindo a execução por inexistência de responsabilidade creditícia da embargante. Em grau de apelação o Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco apenas majorou a verba sucumbencial, mantendo a sentença. Decida a questão de forma fundamentada. Não garanto o crédito mas sim o título !!! FACTORING • ANÁLISE DAS PARTES FATURIZADOR Assume os riscos e perdas pelo inadimplemento Pode recusar no todo ou em parte títulos apresentados Antecipa o valor (conventional) ou paga no vencimento (maturity) Recebe as comissões Gerencia e cobra os créditos FACTORING • ANÁLISE DAS PARTES FATURIZADO Recebe o valor pelos créditos Paga comissões Fornece informações sobre os crédito FACTORING • EXTINÇÃO DO CONTRATO Prazo Acordo entre as partes Declaração unilateral com aviso prévio Falência de uma das partes Morte FACTORING DOS JUROS NAS OPERAÇÕES DE FACTORING Uma vez pacificado o entendimento de que as empresas de factoring não são intuições financeiras, intui-se a partir daí que, nas operações de convencional factoring por elas realizadas, os juros praticados não podem ser superiores a 12% ao ano, devendo, assim, ser respeitada a Lei da Usura (Decreto 22.626/33), que estabelece aquele limite. Nesse sendo, já se manifestou a 4ª Turma do STJ: “As empresas de ‘factoring’ não se enquadram no conceito de instituições financeiras, e por isso os juros remuneratórios estão limitados em 12% ao ano, nos termos da Lei de Usura.” (STJ – 4ª Turma – REsp 1.048.341/RS – Rel. Min. Aldir Passarinho Junior – DJe 09.03.2009) FACTORING “Tratando-se de empresa que opera no ramo de factoring, não integrante do Sistema Financeiro Nacional, a taxa de juros deve obedecer à limitação prevista no art. 1º do Decreto n. 22.626, de 7.4.1933.” (STJ – 4ª Turma – REsp 489.658/RS – Rel. Min. Barros Monteiro – DJ 13.06.2005, p. 310) FACTORING “A empresa de factoring, em razão da natureza de sua a!- vidade, que envolve obtenção de crédito por meio de cessão civil, assume os riscos próprios desse negócio, não se protegendo, em regra, no principio da inoponibilidade das exceções pessoais pelo devedor, o qual é "pico do Direito Cambiário.” (TJSP – 21ª Câmara de Direito Privado – Apelação Cível 0021414-79.2011.8.26.0451 – Rel. Des. Itamar Gaino – julgado em 05.11.2012) Inf 500 FACTORING. OBTENÇÃO DE CAPITAL DE GIRO. CDC. A atividade de factoring não se submete às regras do CDC quando não for evidente a situação de vulnerabilidade da pessoa jurídica contratante. Isso porque as empresas de factoring não são instituições financeiras nos termos do art. 17 da Lei n. 4.595/1964, pois os recursos envolvidos não foram captados de terceiros. Assim, ausente o trinômio inerente às atividades das instituições financeiras: coleta, intermediação e aplicação de recursos. Além disso, a empresa contratante não está em situação de vulnerabilidade, o que afasta a possibilidade de considerá- la consumidora por equiparação (art. 29 do CDC). Por fim, conforme a jurisprudência do STJ, a obtenção de capital de giro não está submetida às regras do CDC. Precedentes citados: REsp 836.823-PR, DJe 23/8/2010; AgRg no Ag 1.071.538-SP, DJe 18/2/2009; REsp 468.887-MG, DJe 17/5/2010; AgRg no Ag 1.316.667-RO, DJe 11/3/2011, e AgRg no REsp 956.201-SP, DJe 24/8/2011. REsp 938.979-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/6/2012. INF 521 STJ DIREITO PROCESSUAL CIVIL. COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO EXTRACARTULAR DE TÍTULO DE CRÉDITO. No âmbito de exceção de pré-executividade oposta pelo devedor de título de crédito em face de seu credor contratual direto, é possível ao magistrado reconhecer a ocorrência do pagamento sem que a cártula tenha sido resgatada pelo devedor (pagamento extracartular). É certo que os títulos de crédito se sujeitam aos princípios da literalidade (os direitos resultantes do título são válidos pelo que nele se contém, mostrando-se inoperantes, do ponto de vista cambiário, apartados enunciativos ou restritivos do teor da cártula), da autonomia (o possuidor de boa-fé exercita um direito próprio, que não pode ser restringido em virtude de relações existentes entre os anteriores possuidores e o devedor) e da abstração (os títulos de crédito podem circularcomo documentos abstratos, sem ligação com a causa a que devem sua origem). Cumpre ressaltar, a propósito, que os mencionados princípios — dos quais resulta a máxima de que as exceções pessoais são inoponíveis a terceiros de boa-fé — visam conferir segurança jurídica ao tráfego comercial e celeridade na circulação do crédito, que deve ser transferido a terceiros de boa-fé purificado de todas as questões fundadas em direito pessoal que eventualmente possam ser arguidas pelos antecessores entre si. Vale dizer que esses princípios mostram plena operância quando há circulação da cártula e quando são postos em relação a duas pessoas que não contrataram entre si, encontrando-se uma em frente à outra em virtude apenas do título. Entretanto, quando estiverem em litígio o possuidor do título e seu devedor direto, esses princípios perdem força. Isso porque, em relação ao seu credor, o devedor do título se obriga por uma relação contratual, mantendo-se intactas as defesas pessoais que o direito comum lhe assegura. Precedentes citados: REsp 1.228.180-RS, Quarta Turma, DJe 28/3/2011, e REsp 264.850- SP, Terceira Turma, DJ 5/3/2001. REsp 1.078.399-MA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/4/2013. INF 532 STJ DIREITO EMPRESARIAL. EXECUÇÃO DE AVALISTA DE NOTA PROMISSÓRIA DADA EM GARANTIA DE CRÉDITO CEDIDO POR FACTORING. Para executar, em virtude da obrigação avalizada, o avalista de notas promissórias dadas pelo faturizado em garantia da existência do crédito cedido por contrato de factoring, o faturizador exequente não precisa demonstrar a inexistência do crédito cedido. Com efeito, ainda que as notas promissórias tenham sido emitidas para garantir a exigibilidade do crédito cedido, o avalista não integra a relação comercial que ensejou esse crédito, nem é parte no contrato de fomento mercantil. Na condição de avalista, questões atinentes à relação entre o devedor principal das notas promissórias e a sociedade de fomento mercantil lhe são estranhas. Isso decorre da natureza pessoal dessas questões e da autonomia característica do aval. Assim, na ação cambial somente é admissível defesa fundada em direito pessoal decorrente das relações diretas entre devedor e credor cambiários, em defeito de forma do título ou na falta de requisito necessário ao exercício da ação. REsp 1.305.637-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/9/2013. Inf 535 DIREITO EMPRESARIAL. DIREITO DE REGRESSO RELACIONADO A CONTRATO DE FACTORING. A faturizadora tem direito de regresso contra a faturizada que, por contrato de factoring vinculado a nota promissória, tenha cedido duplicatas sem causa subjacente. Por um lado, a doutrina é praticamente unânime no sentido de que a faturizadora não tem direito de regresso contra a faturizada com base no inadimplemento dos títulos transferidos, haja vista que esse risco é da essência do contrato de factoring e por ele a faturizada paga preço até mais elevado do que pagaria, por exemplo, em um contrato de desconto bancário, no qual a instituição financeira não garante a solvência dos títulos descontados. Por outro lado, essa circunstância, não tem o alcance de afastar toda e qualquer responsabilidade da cedente em relação à existência do crédito, haja vista que tal garantia é própria da cessão de crédito comum – pro soluto. É por isso que a doutrina, de forma uníssona, afirma que no contrato de factoring e na cessão de crédito ordinária a faturizada/cedente não garante a solvência do crédito, mas a sua existência sim. Cuida-se, na verdade, de expressa disposição legal, nos termos do que dispõem os arts. 295 e 296 do CC.... Nesse passo, o direito de regresso da faturizadora contra a faturizada deve ser garantido quando estiver em questão não um mero inadimplemento, mas a própria existência do crédito. Não reconhecer tal responsabilidade quando o cedente vende crédito inexistente ou ilegítimo representa compactuar com a fraude e a má-fé. É bem verdade que há precedentes do STJ que não permitiram o regresso da faturizadora, em situações que, aparentemente, diziam respeito a duplicatas frias. Em todas essas hipóteses, porém, inexiste nota promissória emitida como garantia do negócio jurídico relacionado ao factoring, o que diferencia os julgados do caso em exame. Por sua vez, em reforço à tese ora adotada, há outros precedentes que permitiram, inclusive, o pedido de falência com base em nota promissória recebida como garantia de duplicatas apontadas como frias endossadas a sociedades de factoring. REsp 1.289.995-PE, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, julgado em 20/2/2014. BOM ESTUDO ! Prezado aluno, você está autorizado a repassar esse material aos seus amigos “concurseiros”, sempre identificando a origem e autoria. A distribuição aos amigos é interpretada como reconhecimento da qualidade do conteúdo constante desse material. Agradeço também aos professores que tem o trabalho de copiar o material ao invés de traçar seus próprios apontamentos, o que também acaba demonstrando a qualidade do trabalho exposto. Bons estudos! PROF. CARAPETCOV
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