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DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ e ARREPENDIMENTO POSTERIOR

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DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ e ARREPENDIMENTO POSTERIOR
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
Os institutos da desistência voluntária e arrependimento eficaz, estão previstos no art. 15, do CP. A primeira parte do referido artigo refere-se à desistência voluntária, também chamada de tentativa abandonada: “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução”.
Pelo conceito trazido pelo tipo penal, é possível chegar-se a algumas conclusões, vejamos.
Primeira, o artigo é claro em dizer que “(...) voluntariamente, desiste (...)”, significa dizer que o primeiro requisito necessário a caracterização da desistência voluntária é de que o agente desista de atingir seu intento VOLUNTÁRIAMENTE.
O termo voluntário significa, segundo o dicionário Houaiss: “que não é forçado, que só depende da vontade; espontâneo/que se pode optar por fazer ou não”.
Nesse passo, pergunta-se: a desistência voluntária do agente deve ser espontânea, ou seja, deve partir exclusivamente dele? Ou, se também é aceito que haja a desistência pela interferência de terceiros?
Rogério Greco (p. 287), responde a pergunta: verbis:
Impõe a lei penal que a desistência seja voluntária, mas não espontânea. Isso que dizer que não importa se a ideia de desistir no prosseguimento da execução criminosa partiu do agente, ou se foi ele induzido a isso por circunstâncias externas que, se deixadas de lado, não o impediriam de consumar a infração penal. 
Desse modo, em relação à expressão “voluntário”, têm-se que não é necessário a espontaneidade, sendo admitida a interferência de terceiros na tomada de decisão do agente.
O segundo ponto importante a ser deduzido do artigo de lei diz respeito à expressão: “desiste de prosseguir na execução”.
A conclusão óbvia a qual devemos chegar é a de que necessário se faz que o agente tenha entrado nos atos executórios, entretanto, não pode ele ter esgotado todos os meios que dispunha para consumar o delito.
Assim, entende-se por desistência voluntária quando o agente, podendo praticar o delito desiste voluntariamente de prosseguir, já tendo adentrado nos atos executórios.
Frisa-se, por oportuno, que dois aspectos devem ser observados, a desistência deve ser voluntária, não necessitando que seja espontânea, e não deverá ele ter esgotado todos os atos executórios à consumação do delito.
Por fim, desistência voluntária diferencia-se da tentativa na exata medida em que primeira o agente “pode, mas não quer”, e na segunda, “quer, mas não pode”.
Em consequência da desistência voluntária, o agente, por critérios de Política Criminal, somente responde pelos atos já praticados, e não pela tentativa.
Por exemplo, o agente que após disparar um tiro em seu desafeto, que veio atingi-lo na perna, desiste de prosseguir em seu ânimo assassino, não responderá pela tentativa de homicídio, mas por lesões corporais.
Pergunta-se, o agente que só possuía um projétil em seu revolver, atira não vindo a acertar em local fatal, pode invocar a desistência voluntária?
A resposta será negativa, haja vista que é requisito necessário a configuração da desistência que o agente não esgote todos os meios a consumação do delito, assim, na pergunta feita, percebe-se que este esgotou, visto só possuir uma bala, portanto responderá pela tentativa de homicídio.
ARREPENDIMENTO EFEICAZ
O arrependimento eficaz, descrito na 2ª parte do art. 15, diz: “impede que o resultado se produza”, significa dizer que o agente após ter esgotado todos os atos executórios – necessários e suficientes – arrepende-se e evita que o resultado se produza.
Cumpre observar que o arrependimento eficaz só será válido caso o agente efetivamente impeça que o resultado ocorra.
Igualmente a desistência voluntária, no arrependimento eficaz, o agente só responderá pelos atos já praticados.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
O art. 16, CP, prevê o arrependimento posterior, o qual caracteriza-se pelo ato voluntário do agente em reparar o dano ou restituindo a coisa, até o recebimento da denúncia, desde que em infrações onde não haja grave ameaça ou violência.
Como pode ser extraído do artigo em comento, três requisitos são exigidos à configuração do arrependimento posterior:
Primeiro, que o agente restitua à coisa ou repare o dano. Importante frisar que a restituição da coisa ou a reparação do dano, deve ser total, não se admitindo esta ser feita de forma parcial.
Segundo, por ato voluntário. Aqui, também não se exige a espontaneidade do agente, que pode ser induzido por terceiros.
Terceiro, a restituição da coisa ou a reparação do dano deve ser feita antes do recebimento da denúncia. O momento é exatamente o anterior ao recebimento da denúncia ou queixa e não o oferecimento desta pelo Ministério Público ou pelo Ofendido.
Importante, ainda, salientar que o arrependimento posterior é instituto aplicável apenas a infrações penais que não sejam praticadas com violência ou grave ameaça.
Da mesma forma que os institutos anteriormente estudados, sua consequência jurídico-penal, é delimitada por critérios de política criminal, prevendo que o agente que nele se enquadre terá sua pena diminuída de 1/3 a 2/3. Isto é, responderá nas penas do delito que praticou sendo a ela aplicada essa diminuição.
Não obstante, caso restitua a coisa ou repare o dano em momento posterior ao recebimento da denúncia e antes da sentença, não fará jus a diminuição acima citada, mas poderá ser beneficiado uma circunstância atenuante, prevista no art. 65, inciso III, alínea “b”, do Código Penal, que prevê verbis: 
 Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
(...)
III - ter o agente: 
(...)
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
No que tange a reparação dos danos nas infrações penais de menor potencial ofensivo, as quais seguem o rito da Lei 9.099/95 (Juizados Especiais), as consequências jurídicas são diametralmente diversas. Nesse sentido, leciona Greco (p. 302):
A reparação dos danos recebeu um tratamento muito especial pela Lei 9.099/95, na parte referente aos Juizados Especial Criminal.
Deferentemente do que ocorre no art. 16 do Código Penal, que permite seja aplicada uma redução da pena ao agente que, nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça, repare o dano ou restitua a coisa até o recebimento da denúncia, nos crimes de competência do Juizado Especial Criminal, a composição civil dos danos, nos crimes em que a ação penal seja de iniciativa privada ou pública condicionada à representação, tem um efeito muito superior. Isto porque diz o parágrafo único do art. 74 da lei 9.099/95:
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.
A composição dos danos entre o autor do fato e a vítima, realizada na audiência preliminar ( art. 72 da Lei 9.099/95), terá o condão de fazer com que ocorra a extinção da punibilidade (art. 107, V, do CP), em face da renúncia legal imposta à vítima ao seu direito de ingressar em juízo com sua queixa-crime, ou mesmo de oferecer sua representação.
A Lei 9.099/95 não faz distinção, anda, se a infração penal foi ou não cometida com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa.
Portanto, nas infrações de menor potencial ofensivo cuja competência seja dos Juizados Especiais Criminais (JECRINs), além de não se levar em consideração se a infração foi cometida com violência ou grave ameaça, a composição civil dos danos entre o autor do fato e a vítima leva a extinção da punibilidade.
Por fim, cumpre analisar-se se o referido instituto é passível de aplicação nos crimes culposos.
Embora o arrependimento posterior não possa ser aplicado em delitos com emprego de violência ou grave ameaça, parte da doutrina entende que seja possível sua aplicação em delitos culposos.
Nesse sentido, o exemplo trazido por Greco (p. 303):Assim, imagine-se a hipótese daquele que, deixando de observar o seu necessário dever objetivo de cuidado, permite com que um pesado objeto caia bem em cima dos pés da vítima, produzindo-lhe lesões corporais. Se o agente se empenha no sentido de reparar os danos (no caso, as consequências das lesões corporais) experimentadas pela vítima, entendemos ser de boa política criminal a aplicação do arrependimento posterior.
Por fim, cumpre salientar o entendimento de nossos tribunais de que somente é admissível a aplicação do arrependimento posterior em crimes patrimoniais ou com efeitos patrimoniais, sob o argumento de que somente nesses é possível à restituição total da coisa ou reparação total dos donos. 
Nesse sentido colaciona-se alguns julgados que sintetizam esse entendimento:
PENAL E PROCESSUAL. LESÃO CORPORAL CULPOSA NA DIREÇÃO DE VEÍCULO E OMISSÃO DE SOCORRO. PROVA SATISFATÓRIA DA MATERIALIDADE E AUTORIA. ALEGAÇÃO DE ARREPENDIMENTO POSTERIOR. IMPROCEDÊNCIA. SENTENÇA CONFIRMADA. 1 RÉU CONDENADO EM NOVE MESES E DEZ DIAS DE DETENÇÃO POR INFRINGIR OS ARTIGOS 303, PARÁGRAFO ÚNICO, COMBINADO COM 302, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO III, E 306 DA LEI 9.503/97, EIS QUE CONDUZIA VEÍCULO ESTANDO COM CONCENTRAÇÃO DE ÁLCOOL POR LITRO DE AR EXPELIDO PELOS PULMÕES ACIMA DO PERMITIDO E, NESTAS CONDIÇÕES, COLIDIU COM MOTOCICLETA E DERRUBOU A CONDUTORA, CAUSANDO LESÕES CORPORAIS E SE EVADINDO DO LOCAL SEM LHE PRESTAR SOCORRO. 2 A MATERIALIDADE E A AUTORIA ESTÃO DEMONSTRADAS NAS PROVAS DOS AUTOS, QUE INDICAM QUE O RÉU SE SUBMETEU VOLUNTARIAMENTE AO EXAME DO ETILÔMETRO, MESMO CIENTE DE QUE NÃO ERA OBRIGADO A FAZÊ-LO, NÃO NEGANDO O ENVOLVIMENTO NO ACIDENTE E ALEGANDO QUE NÃO PRESTOU SOCORRO À VÍTIMA POR CAUSA DO INTENSO MOVIMENTO DE VEÍCULOS NO LOCAL. O ÁLIBI NÃO É CONVINCENTE NEM JUSTIFICA A CONDUTA ILÍCITA, POIS, MESMO SE NÃO TIVESSE CONDIÇÕES DE FAZÊ-LO SEM RISCO PESSOAL, CABER-LHE-IA PEDIR SOCORRO À AUTORIDADE COMPETENTE. 3 A VÍTIMA DECLAROU EM JUÍZO TER RECEBIDO DO RÉU O VALOR DO CONSERTO DA MOTOCICLETA E OS PREJUÍZOS DE TRABALHO DECORRENTES DO ACIDENTE, MAS ISTO NÃO CONFIGURA O ARREPENDIMENTO POSTERIOR. A CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA PREVISTA NO ARTIGO 16 DO CÓDIGO PENAL SÓ TEM APLICAÇÃO NO CRIME CUJO EFEITO SEJA MERAMENTE PATRIMONIAL, O QUE EXCLUI SUA INCIDÊNCIA NOS CRIMES DE LESÃO CORPORAL. 4 APELAÇÃO DESPROVIDA. (TJ-DF - APR: 8364120098070016 DF 0000836-41.2009.807.0016, Relator: GEORGE LOPES LEITE, Data de Julgamento: 26/05/2011, 1ª Turma Criminal, Data de Publicação: 06/06/2011, DJ-e Pág. 185). (sem grifos no original).
APELAÇAO CRIMINAL - EMBRIAGUEZ AO VOLANTE E LESAO CORPORAL CULPOSA NA CONDUÇAO DE VEÍCULO AUTOMOTOR - RECURSO MINISTERIAL - ARREPENDIMENTO POSTERIOR APLICADO EM RELAÇAO AO DELITO DO ART. 306 DO CTB - PRETENDIDO O AFASTAMENTO DESSA CAUSA GERAL DE DIMINUIÇAO - POSSIBILIDADE - INEXISTÊNCIA DE EFEITO PATRIMONIAL - RETIFICADA DE OFICIO A DOSIMETRIA - PRAZO DA SUSPENSAO DA HABILITAÇAO PARA CONDUZIR VEÍCULO AUTOMOTOR FIXADO EM DESCONFORMIDADE COM OS ELEMENTOS DA DOSIMETRIA - DESATENDIMENTO AOS LIMITES DO ART. 239 DO CTB - RECURSO PROVIDO COM REDUÇAO EX OFFICIO DO PRAZO DA SUSPENSAO DA HABILITAÇAO. (TJ-MS - APR: 15270 MS 2012.015270-8, Relator: Des. Francisco Gerardo de Sousa, Data de Julgamento: 25/06/2012, 1ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 28/06/2012). (sem grifos no original).
Dessa feita, resta demonstrada a divergência entre nossos doutrinadores e tribunais.

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