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PENAL - Prof Nidal Ahmad

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1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
1 
 
 
Direito Penal 
Professor Nidal Ahmad 
1ª FASE EXAME – CURSO 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
2 
 
 
Buenas meu povo da 1ª fase! 
O caminho para atingir o sucesso exige determinação, 
persistência e coragem... Começa com o querer, 
desejar, acreditar que é possível...começa com a 
disposição de vencer obstáculos e superar os desafios... 
Saibam conviver com o medo e a 
angústia...transformem esses sentimentos como fontes 
de motivação e de superação... Mantenham sempre o 
foco, a coragem e, acima de tudo, a confiança de que é 
possível superar esse desafio...visualizem a aprovação... 
Saibam que o impossível nada mais é do que um sonho 
que ainda não foi realizado... 
Nidal Ahmad @prof.nidal 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
3 
 
 
 
 
1. Da aplicação da Lei Penal ............................................................................................ 4 
2. Crimes omissivos, nexo de causalidade, dolo e culpa ............................................ 29 
3. Arrependimento posterior, crime impossível, erro de tipo essencial ..................... 70 
4. Erro de tipo acidental ............................................................................................... 80 
5. Descriminantes putativas ......................................................................................... 88 
6. Causas e excludentes de ilicitude: Estado de necessidade .................................. 100 
7. Causas e excludentes de ilicitude: Legítima defesa, Estrito 
cumprimento do dever legal, Exercício regular do direito e Consentimento 
do ofendido .................................................................................................................... 106 
8. Excludentes de culpabilidade: imputabilidade por enfermidade mental 
ou embriaguez completa e acidental ............................................................................ 117 
9. Excludentes de culpabilidade: erro de proibição, inexigibilidade de 
conduta diversa (art. 22, CP) ......................................................................................... 123 
10. Concurso de pessoas .............................................................................................. 129 
11. Teoria da pena: regime inicial de cumprimento de pena ...................................... 139 
12. Teoria da pena: penas restritivas de direitos e da pena de multa ......................... 141 
13. Teoria da pena: da aplicação da pena .................................................................... 146 
14. Concurso de Crimes ................................................................................................ 157 
15. Da Suspensão condicional da execução da pena (SURSIS) .................................. 170 
16. Parte geral: do livramento condicional ................................................................... 176 
17. Parte geral: efeitos da sentença condenatória ...................................................... 182 
18. Parte geral: da medida de segurança ..................................................................... 186 
19. Extinção da punibilidade .......................................................................................... 191 
20. Prescrição ................................................................................................................. 197 
21. Prescrição da pretensão executória ...................................................................... 205 
 
Direito Penal – parte geral 
Prof. Nidal Ahmad 
 
 
 
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado para a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como 
um complemento para as respectivas aulas. Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas 
acompanhado da legislação pertinente. 
Bons estudos, Equipe CEISC. 
Atualizado em julho de 2021. 
 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
4 
1. Da aplicação da Lei Penal 
Prof. Nidal Ahmad 
@prof.nidal 
 
1.1. Da lei penal no tempo – art. 2º do CP. 
Pelo princípio tempus regit actum (‘o tempo rege o ato’), a lei penal não alcança os 
fatos ocorridos antes ou depois de sua vigência, de forma que, em regra, a lei aplicável a 
um crime é aquela vigente ao tempo da execução deste crime. 
A regra, pois, é que a atividade da lei penal se dê no período de sua vigência; a 
extra-atividade, representada pela retroatividade da lei mais benéfica e pela ultratividade, 
configura exceção a esta regra. 
Exemplos dos princípios expostos: 
Ex1: “A” pratica um crime sob a vigência da lei X, que comina pena de reclusão de 
1 a 4 anos. Por ocasião do julgamento, passa a viger a lei Y, regulando o mesmo fato e 
impondo a pena de 2 a 8 anos. Qual a lei a ser aplicada, a anterior, mais benéfica, ou a 
posterior, mais severa? 
Deve ser aplicada a lei X, porquanto a lei Y é mais severa, incidindo, no caso, o 
princípio da irretroatividade da lei mais severa. Portanto, é possível a aplicação de uma lei 
não obstante cessada a sua vigência, desde que mais benéfica que a lei posterior. Esse 
fenômeno chama-se ultratividade, que, em última análise, quer dizer que se a lei antiga 
for mais favorável, prevalecerá ao tempo da vigência da lei nova, mesmo estando 
revogada. 
Ex2: “B” realiza uma conduta punível sob a vigência de lei X, que comina pena de 2 
a 4 anos de reclusão. Na ocasião de ser proferida a sentença, passa a vigorar a lei Y, 
determinando, para o mesmo comportamento, a pena de reclusão de 1 a 4 anos. Qual a lei 
a ser observada, a anterior, mais severa, ou a posterior, mais benigna? 
Aplica-se a lei mais benigna prevalece sobre a mais severa, prolongando-se além 
do instante de sua revogação ou retroagindo ao tempo em que não tinha vigência. É a 
retroatividade da lei mais benéfica. 
1.1.1. Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo 
1.1.1.1. Abolitio Criminis 
Ocorre a chamada abolitio criminis quando a lei nova deixa de considerar crime fato 
que anteriormente era considerado como ilícito penal. A nova lei, demonstrando não 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
5 
Abolitio Criminis
Fato deixa de ser 
crime
Cessam todos os 
efeitos penais
Permanecem os 
efeitos cíveis
Causa de 
extinção da 
punibilidade
haver mais, por parte do Estado, interesse na punição do autor de determinado fato, 
retroage para alcançá-lo. É decorrência da previsão do art. 5º, XL, CF, e art. 2º, do CP. 
A abolitio criminis, além de conduzir à extinção da punibilidade, apaga todos os 
efeitos penais da sentença condenatória, permanecendo, no entanto, íntegros seus 
efeitos na esfera cível. É o que se extrai do artigo 2º do Código Penal. 
Assim, por exemplo, se o sujeito registrar contra si sentença condenatória transitada em 
julgado por fato que deixou de ser considerado crime praticar novo crime, não será 
considerado reincidente. 
Os efeitos civis, no entanto, permanecerão hígidos, sendo possível a vítima buscar a 
reparação de danos na esfera cível por meio da respectiva ação de execução, já que a 
sentença penal condenatória transitada em julgado constitui título executivo. 
Imaginemos que o agente tenha sido definitivamente condenado pelo crime de 
sedução (art. 217 do CP) em 2004, que deixou de ser crime pela Lei 11.106/2005. Se esse 
agente praticar um crime de furto em 2007, por exemplo, não será considerado 
reincidente, pois a Lei 11.106/2005 aboliu do ordenamento jurídico o crime de sedução, 
apagando todos os efeitos da sentença penal condenatória. 
No entanto, a vítima seduzida poderia buscar a reparação de danos na 
esfera cível. 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
6 
1.1.1.2. Novatio legis in mellius 
Além da abolitio criminis, a lei nova pode favorecer o agente de várias maneiras. A 
lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, 
ainda que decididos por sentençacondenatória transitada em julgado (CP, art. 2, 
parágrafo único). 
Assim, se a lei nova, por exemplo, reduzir a pena mínima de uma determinada 
infração penal ou passar a prever benefício até então inexistente, deverá retroagir para 
alcançar os fatos praticados antes da sua vigência, ainda que tenha sido proferida 
sentença transitada em julgado. 
1.1.1.3. Novatio legis incriminadora 
A lei nova incrimina fatos antes considerados lícitos (novatio legis incriminadora). 
A novatio legis incriminadora, ao contrário da abolitio criminis, considera crime fato 
anteriormente não incriminado, e somente irá gerar efeitos para fatos praticados após à 
sua vigência, razão pela qual não retroage para alcançar fatos praticados antes da sua 
vigência. 
A Lei n. 10.224, de 15 de maio de 2001, tornou crime de assédio sexual a conduta de 
constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, 
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência 
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função, o que até então era um indiferente 
penal, sendo tal situação resolvida, invariavelmente, em outra área do direito, 
notadamente na esfera ou trabalhista. 
Por conferir tratamento severo, a novatio legis incriminadora, por evidente, não 
retroage para alcançar fatos praticados antes da sua vigência, tendo eficácia, portanto, 
somente em relação aos fatos praticados a partir da sua vigência. 
1.1.1.4. Novatio legis in pejus 
A quarta hipótese refere-se à nova lei mais severa a anterior (a nova lei de drogas, 
Lei n. 11.343/06, no art. 33, aumentou a pena do crime de tráfico de drogas). Incide, no 
caso, o princípio da irretroatividade da lei penal: "a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu" (CF/88, art. 5º, XL). 
 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
7 
 
 
* Para todos verem: mapa mental sobre Lei Penal no tempo. 
 
 
 
Súmula 501 do STJ sobre combinação de leis. 
https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI�
https://soundcloud.com/user-204974449/1-lex-tertia-sumula-501-stj/s-FSFzliv5ta8�
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
8 
1.1.2. Crime permanente e crime continuado e a lei penal mais 
benéfica 
Aplica-se a lei nova durante a atividade executória do CRIME PERMANENTE, ainda 
que seja prejudicial ao réu, já que a cada momento da atividade criminosa está presente a 
vontade do agente. 
Da mesma forma, em sendo o CRIME CONTINUADO uma ficção, considerando que 
uma série de crimes constitui um único delito para a finalidade de aplicação da pena, o 
agente responde pelo que praticou em qualquer fase da execução do crime continuado. 
Portanto, se uma lei penal nova tiver vigência durante a continuidade delitiva, deverá ser 
aplicada ao caso, prejudicando ou beneficiando. 
É o que diz a Súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime 
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da 
continuidade ou da permanência”. 
Assim, se, por exemplo, o agente sequestrou a vítima na vigência de uma lei, e, 
posteriormente, enquanto ainda estava se desenrolando o delito, com a vítima no 
cativeiro, sobrevém lei nova elevando a pena mínima do crime de extorsão mediante 
sequestro, essa lei incidirá sobre o fato, ainda que tenha conferido tratamento mais 
severo. 
 
 
 
1.2. Lei Penal no tempo: lei temporária e lei excepcional; tempo e lugar 
do crime. 
1.2.1. Leis de vigência temporária – art. 3º do CP. 
1.2.1.1. Conceito 
De acordo com o art. 3º do CP, as leis excepcionais ou temporárias, embora 
decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que as determinaram, 
aplicam-se aos fatos praticados durante sua vigência. 
São as leis autorrevogáveis. Comportam duas espécies: 
 LEIS EXCEPCIONAIS: são feitas para durar enquanto um estado anormal ocorrer. 
Cessam a sua vigência ao mesmo tempo em que a situação excepcional também 
Súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência”. 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
9 
terminar. Portanto, são aquelas promulgadas em caso de calamidade pública, 
guerras, revoluções, cataclismos, epidemias, etc. 
 LEIS TEMPORÁRIAS: São as editadas com período determinado de duração, 
portanto, dotadas de autorrevogação. É feita para vigorar em um período de tempo 
previamente fixado pelo legislador. Traz em seu bojo a data de cessação de sua 
vigência. É uma lei que desde a sua entrada em vigor está marcada para morrer. 
1.2.1.2. Características 
 São autorrevogáveis 
Em regra, uma lei somente pode ser revogada por outra lei, posterior, que a 
revogue expressamente, que seja com ela incompatível ou que regule integralmente a 
matéria nela tratada. 
As leis de vigência temporária constituem exceção a esse princípio, visto que 
perdem sua vigência automaticamente, sem que outra lei as revogue. 
 São ultrativas 
A ultratividade significa que uma lei revogada continua gerando efeitos. É o caso da lei 
temporária e lei excepcional, que continuarão gerando efeitos em relação aos fatos praticados 
durante sua vigência, mesmo após de revogadas. 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
LEI TEMPORÁRIA
e
LEI EXCEPCIONAL
Autorrevogáveis
Ultratividade
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
10 
* Para todos verem: mapa mental sobre Lei Penal no tempo. 
 
 
1.2.2. Do tempo do crime – art. 4º 
A análise do âmbito temporal da aplicação da lei penal necessita da fixação do 
momento em que se considera o delito cometido. 
O Código Penal adotou a teoria da atividade, segundo a qual se reputa praticado o 
delito no momento da conduta, não importando o instante do resultado. 
Diante disso, se, por exemplo, o agente, ao tempo da ação, contava com 17 anos, 
11 meses e 25 dias, de idade, efetua disparos de arma de fogo contra a vítima, que vem a 
falecer 10 dias depois, devemos indagar se incidirão as normas de direito penal ou as 
normas relativas ao Estatuto da Criança e Adolescente. 
Nesse caso, considerando-se a teoria da atividade, incidirão as normas do Estatuto 
da Criança e Adolescente, Lei n. 8.069/90, uma vez que, ao tempo da ação, o agente era 
menor de 18 anos e, portanto, inimputável, não incidindo, assim, normas do Código Penal. 
 
https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI�
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
11 
Em outras palavras, ficará afastada a aplicação da lei penal, podendo o agente ser 
submetido a medida socioeducativa. 
1.2.3. Do lugar do crime – art. 6º 
A determinação do lugar em que o crime se considera praticado é decisiva no 
tocante à competência penal internacional. Surge o problema quando o crime se 
desenrola em lugares diferentes. 
A aplicação do princípio da territorialidade guarda relação com a determinação do 
lugar em que o crime se considera praticado, tendo relevância, ainda, no tocante à 
competência penal internacional. 
Convém, de logo, esclarecer que o tema aqui estudado não se confunde com a 
fixação da competência territorial, cuja determinação, via de regra, leva em conta o lugar 
da consumação do delito, conforme prevê o artigo 70 do Código de Processo Penal. 
O Código Penal adotou a teoria da ubiquidade ou mista, segundo a qual é lugar do 
crime tanto onde houve a conduta, quanto o local onde se deu o resultado. 
Nos termos da teoria da ubiquidade, mista ou da unidade, lugar do crime é aquele 
em que se realizou qualquer dos momentos do iter, seja da prática dos atos executórios, 
seja da consumação. 
Essa foi a teoria adotada pelo Código Penal, já que, segundo o artigo 6º 
“Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou 
em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado”. 
A expressão “deveria produzir-se o resultado” refere-se às hipóteses de tentativa. 
Aplica-se a lei brasileira ao crime tentado cuja conduta tenha sido praticada forados 
limites territoriais (ou do território por extensão), desde que o impedimento da 
consumação se tenha dado no País. 
Assim, na hipótese de o agente, que se encontra na cidade brasileira de Santana 
do Livramento/RS, efetuar disparos contra a vítima que se encontra na cidade de Rivera, 
em solo Uruguaio, separada por uma rua do Município brasileiro, vindo este a falecer, 
aplica-se a lei penal brasileira, já que os atos executórios do crime foram praticados em 
território brasileiro, embora o resultado tenha sido produzido em país estrangeiro. 
Da mesma forma, se um Americano, residente na Argentina, envia uma carta-
bomba a um brasileiro, que se encontra no Rio de Janeiro, vindo o engenho a explodir no 
momento em que a vítima abriu o pacote que a continha, resultando na sua morte, 
também aplica-se a lei penal brasileira, já que os atos executórios foram praticados no 
estrangeiro e o resultado se produziu em território brasileiro. 
 
 
 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
12 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
1.3. Lei Penal no espaço: territorialidade e da extraterritorialidade da lei 
penal. 
1.3.1. Da lei penal no espaço – art. 5º 
1.3.1.1. Introdução 
A Lei Penal é elaborada para vigorar dentro dos limites em que o Estado exerce a 
sua soberania. 
Via de regra, pelo princípio da territorialidade, aplica-se as leis brasileiras aos delitos 
cometidos dentro do território nacional. Esta é uma regra geral, que advém do conceito 
de soberania, ou seja, a cada Estado cabe decidir e aplicar as leis pertinentes aos 
acontecimentos dentro do seu território. 
Territorialidade: é a regra. Ao crime cometido no território nacional, aplica-se a lei brasileira, 
sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, conforme art.5º e seus 
parágrafos. 
1.3.1.2. Território brasileiro por equiparação (embarcações e 
aeronaves) 
Nos termos do artigo 5º, § 1º, do CP, duas situações de território brasileiro por 
equiparação: 
A) embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública ou a serviço do 
governo brasileiro onde estiverem. 
B) embarcações e aeronaves brasileiras, de propriedade privada, que estiverem 
navegando em alto-mar ou sobrevoando águas internacionais. 
Nesse contexto, se, por exemplo, um Oficial da Marinha do Brasil é assassinado por 
um marinheiro dentro da embarcação pública brasileira, que se encontrava atracada num 
Tempo do 
crime
Teoria da 
atividade
Lugar do 
Crime
Teoria da 
Ubiquidade
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
13 
Território nacional 
extensão
Embarcação ou 
aeronave
Pública ou serviço 
de governo 
brasileiro
Onde quer que 
estejam
Privado Alto-mar
Porto dos Estados Unidos, aplica-se a lei brasileira, uma vez que, para efeitos penais, 
consideram-se como extensão do território brasileiro as embarcações de natureza 
pública, onde quer que se encontrem. 
De outro lado, se durante um cruzeiro marítimo em embarcação privada brasileira, 
cruzando alto-mar, um turista resolve provocar lesão corporal em outro turista, incidirá a 
lei penal brasileira, uma vez que, para efeitos penais, consideram-se como extensão do 
território brasileiro as embarcações de natureza privada que estiverem navegando em 
alto-mar. 
Os navios estrangeiros em águas territoriais brasileiras, desde que públicos, não são 
considerados parte do nosso território. Em face disso, os crimes neles cometidos devem 
ser julgados de acordo com a lei da bandeira que ostentam. Se, entretanto, são de 
natureza privada, aplica-se a lei brasileira (art. 5º, § 2º). 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
14 
* Para todos verem: mapa mental sobre Lei Penal; 
 
 
1.3.2. Extraterritorialidade 
Extraterritorialidade: é uma exceção. Mesmo que o crime seja cometido fora do 
Brasil, os agentes se sujeitam à lei brasileira, nas hipóteses mencionadas no art. 7º, do CP, 
quais sejam: 
 
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA 
a) contra a vida ou a liberdade do 
Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública 
da União, do Distrito Federal, de Estado, 
de Território, de Município, de empresa 
pública, sociedade de economia mista, 
Nestes casos, o agente é punido segundo a 
lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro. 
 
https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI�
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
15 
autarquia ou fundação instituída pelo 
Poder Público; 
c) contra a administração pública, por 
quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for 
brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA 
a) que, por tratado ou convenção, o 
Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou 
embarcações brasileiras, mercantes ou 
de propriedade privada, quando em 
território estrangeiro e aí não sejam 
julgados. 
Nestes casos, a aplicação da lei brasileira 
depende do concurso das seguintes 
condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em 
que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles 
pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no 
estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no 
estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, 
segundo a lei mais favorável. 
Cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil. 
se, reunidas as condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em 
que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos 
quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no 
estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no 
estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais 
favorável. 
 + 
a) não foi pedida ou foi negada a 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
16 
extradição; 
b) houve requisição do Ministro da 
Justiça. 
 
* Para todos verem: mapa mental sobre Lei Penal; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI�
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
17 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
1.4. Conflito aparente de normas 
1.4.1. Conceito 
É o conflito que se estabelece entre duas ou mais normas aparentemente aplicáveis 
ao mesmo fato. Há conflito porque mais de uma norma pretende regular o fato, mas é 
aparente, porque apenas uma delas acaba sendo aplicada à hipótese. 
Extraterritorialidade
Incondicionada 
Art. 7º, I, do CP
Contra a vida ou a liberdade do 
Presidente da República
Contra patrimonio ou a fé 
pública da Administração 
Pública
Contra a Administração Pública, 
por quem está a seu serviço
De genocídio, quando o agente 
for brasileiro ou domiciliado no 
Brasil
Condicionada
Art. 7º, II, CP
Que, por tratado ou convenção, 
o Brasil obrigou a reprimir
Praticados por brasileiro
Praticados em aeronaves ou 
embarcações brasileiras, mercantes ou 
de propriedade privada, quando em 
território estrangeiro e aí não sejam 
julgados
Cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do brasil
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
18 
1.4.2. Princípios para a solução dos conflitos aparentes de normas 
1.4.2.1. Princípio da especialidade 
Trata-se da aplicação da regra de que a norma especial afasta a aplicação da lei 
geral, representado pelo brocardo “lex specialis derrogat generali”. 
A lei especial, ou específica, caracteriza-se por se revestir de sentido diferenciado, 
individualizado, que a particulariza em relação às demais normas. Dito de outro modo, a 
norma penal especial reúne todos os elementos típicos da lei geral, mas se revestem de 
outros elementos que a torna especial, que a particulariza, chamados especializantes. 
E, nos termos do artigo 12 do Código Penal, a norma especial prevalecesobre a lei 
geral. 
Tomemos, novamente, como exemplo o caso de uma mãe matar, sob influência do 
estado puerperal, o próprio filho, logo após o parto. Há um único fato sobre o qual, 
aparentemente, pode incidir o crime de homicídio, previsto no artigo 121 do Código Penal, 
ou infanticídio, previsto no artigo 123 do Código Penal. O crime de infanticídio possui 
núcleo idêntico ao do crime de homicídio, ou seja, reúne todos os elementos descritos no 
artigo 121 do Código Penal, consistentes em “matar alguém”. Todavia, além dos elementos 
da norma geral, o artigo 123 do Código Penal, que tipifica o delito de infanticídio, possui 
elementos que o especializa e diferencia do crime de homicídio: autora ser a genitora da 
vítima, que deve ser seu próprio filho, nascente ou neonato; prática do delito durante ou 
logo após o parto, sob influência do estado puerperal. 
Note-se que se estabeleceu um conflito entre as normas do artigo 121 do Código Penal e 
artigo 123 do Código Penal, mas que é aparente, pois será solucionado pelo princípio da 
especialidade, prevalecendo, no caso, a norma penal que define o crime de infanticídio, já que as 
elementares contidas nesse crime a tornam especial em relação à norma geral que define o 
homicídio. 
1.4.2.2. Princípio da subsidiariedade 
 Conceito de norma subsidiária 
Uma norma é considerada subsidiária à outra, quando a conduta nela prevista 
integra o tipo da principal, significando que a lei principal afasta a aplicação da lei 
secundária. 
Há relação de subsidiariedade entre normas quando descrevem graus de violação 
do mesmo bem jurídico, de forma que a infração definida pela subsidiária, de menor 
gravidade que a da principal é absorvida por esta. 
O crime de ameaça (CP, art. 147) cabe no de constrangimento ilegal mediante 
ameaça (CP, art. 146), o qual, por sua vez, cabe dentro da extorsão (art. 158). O sequestro 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
19 
(art. 148) no de extorsão mediante sequestro (CP, art. 159). O disparo de arma de fogo (Lei 
10.826/2003, art. 15) cabe no de homicídio cometido mediante disparos de arma de fogo 
(CP, art. 121). Há um único fato, o qual pode ser maior do que a norma subsidiária, só se 
pode encaixar na primária. 
 Espécies 
a) Subsidiariedade Expressa ou explícita 
Ocorre quando a própria lei indica ser a norma subsidiária de outra. Quando a 
norma, em seu próprio texto, subordina a sua aplicação à não-aplicação de outra, de 
maior gravidade punitiva. 
A própria norma reconhece expressamente seu caráter subsidiário, admitindo 
incidir somente se não ficar caracterizado fato de maior gravidade. 
Ex. Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
b) SUBSIDIARIEDADE TÁCITA OU IMPLÍCITA 
A subsidiariedade tácita ou implícita ocorre quando a norma penal não ressalva, de 
modo expresso, a sua incidência na hipótese de outra norma de maior gravidade punitiva 
não ser aplicável ao caso concreto. A norma subsidiária poderá incidir ainda que o 
legislador não tenha expressamente previsto essa possibilidade. O crime de 
constrangimento ilegal (art. 146 do Código Penal) é tacitamente subsidiário em relação ao 
crime de estupro (art. 213 do Código Penal). Assim, se no caso concreto, o crime mais 
grave (art. 213 do Código Penal) não restar caracterizado, ou seja, não ficar demonstrado 
que o constrangimento não teve por finalidade violar a dignidade sexual da vítima, pode-
se aventar a incidência do crime de constrangimento ilegal (art. 146 do Código Penal). 
1.4.2.3. Princípio da consunção 
Conforme o princípio da consunção, ou da absorção, o fato mais abrangente e 
grave consome, absorve, o fato menos abrangente e grave que figuram como meio 
necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro crime, bem como quando 
constitui conduta anterior ou posterior do agente, cometida com a mesma finalidade 
prática atinente àquele crime. Nesse caso, a norma consuntiva prevalece sobre a norma 
consumida. Trata-se da hipótese de o crime meio ser absorvido pelo crime fim. 
O conflito aparente de normas se reflete na relação de continente e conteúdo, entre 
a norma mais abrangente e grave e a norma que prevê conduta que serve de meio 
necessário ou fase de execução de outro crime. Ou, ainda, após consumar o crime visado, 
praticou nova conduta prevista em tipo penal específico e menos abrangente, mas que 
constitui mero exaurimento do crime. 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
20 
Prevalece, nessa hipótese, a norma penal que define o crime mais abrangente, que 
absorverá a norma que prevê conduta de menor amplitude, evitando-se a incidência do 
bis in idem. Assim, se o agente, para matar a vítima, porta ilegalmente arma de fogo, o 
conflito aparente entre as normas que definem os crimes de homicídio (art. 121 do Código 
Penal) e porte ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei 10.826/2003) é solucionado pelo 
princípio da consunção, na medida em que o crime de homicídio absorve o crime de 
porte ilegal de arma de fogo, que serviu como mero meio necessário para consumação do 
crime mais grave. 
 
 
 
 
 
Princípio da alternatividade. 
Diferença entre crime progressivo e progressão criminosa. 
https://soundcloud.com/user-204974449/oab-anual-direito-penal-nidal/s-04EhLbXoW3q?in=user-204974449/sets/oab-anual-direito-penal-nidal-ahmad-aula-01/s-w0aJp65xtXy�
https://soundcloud.com/user-204974449/oab-anual-direito-penal-1/s-MuI1PwroERE?in=user-204974449/sets/oab-anual-direito-penal-nidal-ahmad-aula-01/s-w0aJp65xtXy�
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
21 
* Para todos verem: mapa mental sobre Conflito aparente de normas; 
 
 
 
* Para todos verem: figura de vários livros 
 
QUESTÕES DE EXAMES ANTERIORES 
 
1) (FGV | 2020 | XXXI Exame) André, nascido em 21/11/2001, adquiriu de Francisco, em 
18/11/2019, grande quantidade de droga, com o fim de vendê-la aos convidados de seu 
aniversário, que seria celebrado em 24/11/2019. Imediatamente após a compra, guardou a 
droga no armário de seu quarto. Em 23/11/2019, a partir de uma denúncia anônima e 
munidos do respectivo mandado de busca e apreensão deferido judicialmente, policiais 
compareceram à residência de André, onde encontraram e apreenderam a droga que era 
por ele armazenada. De imediato, a mãe de André entrou em contato com o advogado da 
 
https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI�
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
22 
 
família. Considerando apenas as informações expostas, na Delegacia, o advogado de 
André deverá esclarecer à família que André, penalmente, será considerado 
A) inimputável, devendo responder apenas por ato infracional análogo ao delito de tráfico, 
em razão de sua menoridade quando da aquisição da droga, com base na Teoria da 
Atividade adotada pelo Código Penal para definir o momento do crime. 
B) inimputável, devendo responder apenas 
por ato infracional análogo ao delito de 
tráfico, tendo em vista que o Código Penal 
adota a Teoria da Ubiquidade para definir 
o momento do crime. 
C) imputável, podendo responder pelo 
delito de tráfico de drogas, mesmo 
adotando o Código Penal a Teoria da 
Atividade para definir o momento do 
crime. 
D) imputável, podendo responder pelo 
delito de associação para o tráfico, que 
tem natureza permanente, tendo em vista 
que o Código Penal adota a Teoria do 
Resultado para definir o momento do 
crime. 
 
2) (FGV | 2019 | XXIX Exame) Em 05/10/2018, Lúcio, com o intuito de obter dinheiro para 
adquirir uma moto em comemoração ao seu aniversário de 18 anos, que aconteceria em 
09/10/2018, sequestra Danilo, com a ajuda de um amigo ainda não identificado. No 
mesmo dia, a dupla entra em contato com a família da vítima, exigindo o pagamento da 
quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para sua liberação. Duas semanas após a 
restrição da liberdade da vítima, período durante o qual os autores permaneceram em 
constante contatocom a família da vítima exigindo o pagamento do resgate, a polícia 
encontrou o local do cativeiro e conseguiu libertar Danilo, encaminhando, de imediato, 
Lúcio à Delegacia. Em sede policial, Lúcio entra em contato com o advogado da família. 
Considerando os fatos narrados, o(a) advogado(a) de Lúcio, em entrevista pessoal e 
reservada, deverá esclarecer que sua conduta 
A) não permite que seja oferecida denúncia pelo Ministério Público, pois o Código Penal 
adota a Teoria da Ação para definição do tempo do crime, sendo Lúcio inimputável para 
fins penais. 
https://www.youtube.com/watch?v=1guFX2xlYsc&feature=youtu.be�
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
23 
 
B) não permite que seja oferecida denúncia pelo órgão ministerial, pois o Código Penal 
adota a Teoria do Resultado para definir o tempo do crime, e, sendo este de natureza 
formal, sua consumação se deu em 05/10/2018. 
C) configura fato típico, ilícito e culpável, podendo Lúcio ser responsabilizado, na 
condição de imputável, pelo crime de extorsão mediante sequestro qualificado na forma 
consumada. 
D) configura fato típico, ilícito e culpável, podendo Lúcio ser responsabilizado, na 
condição de imputável, pelo crime de extorsão mediante sequestro qualificado na forma 
tentada, já que o crime não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade, pois 
não houve obtenção da vantagem indevida. 
 
3) (FGV | 2019 | XXIX Exame) Inconformado com o comportamento de seu vizinho, que 
insistia em importunar sua filha de 15 anos, Mário resolve dar-lhe uma “lição” e desfere 
dois socos no rosto do importunador, nesse momento com o escopo de nele causar 
diversas lesões. Durante o ato, entendendo que o vizinho ainda não havia sofrido na 
mesma intensidade do constrangimento de sua filha, decide matá-lo com uma barra de 
ferro, o que vem efetivamente a acontecer. Descobertos os fatos, o Ministério Público 
oferece denúncia em face de Mário, imputando-lhe a prática dos crimes de lesão corporal 
dolosa e homicídio, em concurso material. Durante toda a instrução, Mário confirma os 
fatos descritos na denúncia. 
Considerando apenas as informações narradas e confirmada a veracidade dos fatos 
expostos, o(a) advogado(a) de Mário, sob o 
ponto de vista técnico, deverá buscar o 
reconhecimento de que Mário pode ser 
responsabilizado 
A) apenas pelo crime de homicídio, por 
força do princípio da consunção, tendo 
ocorrido a chamada progressão criminosa. 
B) apenas pelo crime de homicídio, por 
força do princípio da alternatividade, 
sendo aplicada a regra do crime 
progressivo. 
C) apenas pelo crime de homicídio, com 
base no princípio da especialidade. 
D) pelos crimes de lesão corporal e 
homicídio, em concurso formal. 
https://www.youtube.com/watch?v=8Lhj5ow1dNU&feature=youtu.be�
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
24 
 
4) (FGV | 2019 | XXVIII Exame) Sílvio foi condenado pela prática de crime de roubo, 
ocorrido em 10/01/2017, por decisão transitada em julgado, em 05/03/2018, à pena base 
de 4 anos de reclusão, majorada em 1/3 em razão do emprego de arma branca, 
totalizando 5 anos e 4 meses de pena privativa de liberdade, além de multa. Após ter sido 
iniciado o cumprimento definitivo da pena por Sílvio, foi editada, em 23/04/2018, a Lei nº 
13.654/18, que excluiu a causa de aumento pelo emprego de arma branca no crime de 
roubo. Ao tomar conhecimento da edição da nova lei, a família de Sílvio procura um(a) 
advogado(a). Considerando as informações expostas, o(a) advogado(a) de Sílvio: 
A) não poderá buscar alteração da sentença, tendo em vista que houve trânsito em 
julgado da sentença penal condenatória. 
B) poderá requerer ao juízo da execução penal o afastamento da causa de aumento e, 
consequentemente, a redução da sanção penal imposta. 
C) deverá buscar a redução da pena aplicada, com afastamento da causa de aumento do 
emprego da arma branca, por meio de revisão criminal. 
D) deverá buscar a anulação da sentença condenatória, pugnando pela realização de novo 
julgamento com base na inovação legislativa. 
 
5) (FGV | 2018 | XXVII Exame) No dia 05/03/2015, Vinícius, 71 anos, insatisfeito e com 
ciúmes em relação à forma de dançar de sua esposa, Clara, 30 anos mais nova, efetua 
disparos de arma de fogo contra ela, com a intenção de matar. Arrependido, após acertar 
dois disparos no peito da esposa, Vinícius a leva para o hospital, onde ela ficou em coma 
por uma semana. No dia 12/03/2015, porém, Clara veio a falecer, em razão das lesões 
causadas pelos disparos da arma de fogo. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério 
Público ofereceu denúncia em face de Vinícius, imputando-lhe a prática do crime previsto 
no Art. 121, § 2º, inciso VI, do Código Penal, uma vez que, em 09/03/2015, foi publicada a 
Lei nº 13.104, que previu a qualificadora antes mencionada, pelo fato de o crime ter sido 
praticado contra a mulher por razão de ser ela do gênero feminino. Durante a instrução 
da 1ª fase do procedimento do Tribunal do Júri, antes da pronúncia, todos os fatos são 
confirmados, pugnando o Ministério Público pela pronúncia nos termos da denúncia. 
Em seguida, os autos são encaminhados ao(a) advogado(a) de Vinícius para manifestação. 
Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) de Vinicius poderá, no 
momento da manifestação para a qual foi intimado, pugnar pelo imediato 
A) reconhecimento do arrependimento eficaz. 
B) afastamento da qualificadora do homicídio. 
C) reconhecimento da desistência voluntária. 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
25 
 
D) reconhecimento da causa de diminuição de pena da tentativa. 
 
6) (FGV | 2018 | XXVI Exame) Jorge foi condenado, definitivamente, pela prática de 
determinado crime, e se encontrava em cumprimento dessa pena. Ao mesmo tempo, João 
respondia a uma ação penal pela prática de crime idêntico ao cometido por Jorge. 
Durante o cumprimento da pena por Jorge e da submissão ao processo por João, foi 
publicada e entrou em vigência uma lei que deixou de considerar as condutas dos dois 
como criminosas. Ao tomarem conhecimento da vigência da lei nova, João e Jorge o 
procuram, como advogado, para a adoção das medidas cabíveis. Com base nas 
informações narradas, como advogado de João e de Jorge, você deverá esclarecer que 
A) não poderá buscar a extinção da punibilidade de Jorge em razão de a sentença 
condenatória já ter transitado em julgado, mas poderá buscar a de João, que continuará 
sendo considerado primário e de bons antecedentes. 
B) poderá buscar a extinção da 
punibilidade dos dois, fazendo cessar 
todos os efeitos civis e penais da 
condenação de Jorge, inclusive não 
podendo ser considerada para fins de 
reincidência ou maus antecedentes. 
C) poderá buscar a extinção da 
punibilidade dos dois, fazendo cessar 
todos os efeitos penais da condenação de 
Jorge, mas não os extrapenais. 
D) não poderá buscar a extinção da 
punibilidade dos dois, tendo em vista que 
os fatos foram praticados anteriormente à 
edição da lei. 
 
 
7) (FGV | 2018 | XXV Exame) Francisco, brasileiro, é funcionário do Banco do Brasil, 
sociedade de economia mista, e trabalha na agência de Lisboa, em Portugal. Passando por 
dificuldades financeiras, acaba desviando dinheiro do banco para uma conta particular, 
sendo o fato descoberto e julgado em Portugal. Francisco é condenado pela infração 
praticada. Extinta a pena, ele retorna ao seu país de origem e é surpreendido ao ser 
citado, em processo no Brasil, para responder pelo mesmo fato, razão pela qual procura 
https://www.youtube.com/watch?v=h9FNCfcf4Ss&feature=youtu.be�
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
26 
seu advogado. Considerando as informações narradas, o advogado de Francisco deverá 
informar que, de acordo com o previsto no Código Penal, 
A) ele não poderá responder no Brasil pelo mesmo fato, por já ter sido julgado e 
condenado em Portugal. 
B) ele somente poderia ser julgado no Brasil por aquele mesmo fato, caso tivesse sido 
absolvido em Portugal. 
C) elepode ser julgado também no Brasil por aquele fato, sendo totalmente indiferente a 
condenação sofrida em Portugal. 
D) ele poderá ser julgado também no Brasil por aquele fato, mas a pena cumprida em 
Portugal atenua ou será computada naquela imposta no Brasil, em caso de nova 
condenação. 
 
8) (FGV | 2016 | XIX Exame) Em razão do aumento do número de crimes de dano 
qualificado contra o patrimônio da União (pena: detenção de 6 meses a 3 anos e multa), 
foi editada uma lei que passou a prever que, entre 20 de agosto de 2015 e 31 de dezembro 
de 2015, tal delito (Art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal) passaria a ter 
pena de 2 a 5 anos de detenção. João, em 20 de dezembro de 2015, destrói dolosamente 
um bem de propriedade da União, razão pela qual foi denunciado, em 8 de janeiro de 
2016, como incurso nas sanções do Art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal. 
Considerando a hipótese narrada, no momento do julgamento, em março de 2016, deverá 
ser considerada, em caso de condenação, a pena de 
A) 6 meses a 3 anos de detenção, pois a Constituição prevê o princípio da retroatividade 
da lei penal mais benéfica ao réu. 
B) 2 a 5 anos de detenção, pois a lei temporária tem ultratividade gravosa. 
C) 6 meses a 3 anos de detenção, pois aplica-se o princípio do tempus regit actum (tempo 
rege o ato). 
D) 2 a 5 anos de detenção, pois a lei excepcional tem ultratividade gravosa. 
 
9) (FGV | 2015 | XVII Exame) John, cidadão inglês, capitão de uma embarcação particular 
de bandeira americana, é assassinado por José, cidadão brasileiro, dentro do aludido 
barco, que se encontrava atracado no Porto de Santos, no Estado de São Paulo. Nesse 
contexto, é correto afirmar que a lei brasileira 
A) não é aplicável, uma vez que a embarcação é americana, devendo José ser processado 
de acordo com a lei estadunidense. 
B) é aplicável, uma vez que a embarcação estrangeira de propriedade privada estava 
atracada em território nacional. 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
27 
C) é aplicável, uma vez que o crime, apesar de haver sido cometido em território 
estrangeiro, foi praticado por brasileiro. 
D) não é aplicável, uma vez que, de acordo com a Convenção de Viena, é competência do 
Tribunal Penal Internacional processar e julgar os crimes praticados em embarcação 
estrangeira atracada em território de país diverso. 
 
10) (FGV | 2014 | XIII Exame) Considere que determinado agente tenha em depósito, 
durante o período de um ano, 300 kg de cocaína. Considere também que, durante o 
referido período, tenha entrado em vigor uma nova lei elevando a pena relativa ao crime 
de tráfico de entorpecentes. Sobre o caso sugerido, levando em conta o entendimento do 
Supremo Tribunal Federal sobre o tema, assinale a afirmativa correta. 
A) Deve ser aplicada a lei mais benéfica ao agente, qual seja, aquela que já estava em 
vigor quando o agente passou a ter a droga em depósito. 
B) Deve ser aplicada a lei mais severa, qual seja, aquela que passou a vigorar durante o 
período em que o agente ainda estava com a droga em depósito. 
C) As duas leis podem ser aplicadas, pois ao magistrado é permitido fazer a combinação 
das leis sempre que essa atitude puder beneficiar o réu. 
D) O magistrado poderá aplicar o critério do caso concreto, perguntando ao réu qual lei 
ele pretende que lhe seja aplicada por ser, no seu caso, mais benéfica. 
 
11) (FGV | 2020 | XXXI Exame) Maria, em uma loja de departamento, apresentou roupas 
no valor de R$ 1.200 (mil e duzentos reais) ao caixa, buscando efetuar o pagamento por 
meio de um cheque de terceira pessoa, inclusive assinando como se fosse a titular da 
conta. Na ocasião, não foi exigido qualquer documento de identidade. Todavia, o caixa da 
loja desconfiou do seu nervosismo no preenchimento do cheque, apesar da assinatura 
perfeita, e consultou o banco sacado, constatando que aquele documento constava como 
furtado. Assim, Maria foi presa em flagrante naquele momento e, posteriormente, 
denunciada pelos crimes de estelionato e falsificação de documento público, em 
concurso material. Confirmados os fatos, o advogado de Maria, no momento das 
alegações finais, sob o ponto de vista técnico, deverá buscar o reconhecimento 
A) do concurso formal entre os crimes de estelionato consumado e falsificação de 
documento público. 
B) do concurso formal entre os crimes de estelionato tentado e falsificação de documento 
particular. 
C) de crime único de estelionato, na forma consumada, afastando-se o concurso de 
crimes. 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
28 
 
D) de crime único de estelionato, na forma tentada, afastando-se o concurso de crimes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO DAS QUESTÕES 
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 
C C A B B C D B B B D 
https://www.youtube.com/watch?v=0rRnaMzMcng&feature=youtu.be�
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
29 
2. Crimes omissivos, nexo de causalidade, dolo e culpa 
Prof. Nidal Ahmad 
@prof.nidal 
 
2.1. Conduta e crimes omissivos 
2.1.1. Conduta 
2.1.1.1. Introdução 
Para a caracterização da conduta, sob qualquer aspecto, é indispensável a 
existência do binômio vontade e consciência. 
Se o agente age sem vontade dirigida a uma finalidade ou sem consciência, não 
haverá conduta punível. Não havendo conduta punível, não há fato típico e, por 
conseguinte, não haverá crime. 
2.1.1.2. Ausência de conduta 
A doutrina costuma apontar algumas causas de exclusão da conduta, dentre elas 
destacam-se as seguintes: 
a) Coação física irresistível (“vis absoluta”) 
Ocorre quando o sujeito pratica o movimento em consequência de força corporal 
exercida sobre ele. Quem atua obrigado por uma força irresistível não age 
voluntariamente. Neste caso, o agente é mero instrumento realizador da vontade do 
coator. 
A força física que recai sobre o agente pode partir da ação de uma terceira pessoa, 
que seria a figura do coator. Imaginemos que uma pessoa empurra outra contra objetos 
ou até mesmo contra outras pessoas. Nessa hipótese, a pessoa empurrada fisicamente 
danificar objetos ou lesionar pessoas não será responsabilizada por eventual crime de 
dano (CP, art. 163) ou lesão corporal (CP, art. 129), pois agiu sem vontade e, portanto, sem 
dolo ou culpa. 
Em síntese, na coação física irresistível, não há vontade; não havendo vontade, não 
há conduta. Não havendo conduta, não há fato típico. Não havendo fato típico, não há 
crime. Logo, o fato praticado pelo fisicamente coagido é atípico. Não responderá por 
nenhum crime. 
Diversa é a situação, contudo, quando se tratar de coação moral. 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
30 
Na coação moral, não há aplicação da força física, mas de ameaça ou intimidação, 
feita através da promessa de um mal, para que se determine o coato à realização do fato 
criminoso. O coagido poderá optar. 
No caso da coação moral, o fato é revestido de tipicidade, mas não é culpável, em 
face da inexigibilidade de conduta diversa. 
Portanto, existe o fato típico, pois a ação é juridicamente relevante, mas não há falar 
em culpabilidade, aplicando-se a regra do art. 22, 1ª parte, do Código Penal (causa de 
exclusão da culpabilidade). 
 
* Para todos verem: esquema 
 
b) Movimentos reflexos 
Os atos reflexos não dependem da vontade, uma vez que são reações motoras, 
secretórias ou fisiológicas, produzidas pela excitação de órgãos do corpo humano. 
Nestes casos, o estímulo exterior é recebido pelos centros sensores, que o 
transmitem diretamente aos centros motores, sem intervenção da vontade, como ocorre, 
Em síntese:  
 Coação física irresistível: causa de exclusão da tipicidade  
 Coação moral irresistível: causa de exclusão da culpabilidade  
 Coação moral resistível: atenuante (art. 65, III, “c”, CP) 
COAÇÃO FÍSICA 
IRRESISTÍVEL
Sujeito é forçado 
fisicamente a praticar 
o fato típico
CAUSA DE 
EXCLUSÃO DA 
TIPICIDADE
COAÇÃO MORALIRRESISTÍVEL
Sujeito é ameaçado 
ou intimidado a 
praticar o fato típico
CAUSA DE 
EXCLUSÃO DA 
CULPABILIDADE
COAÇÃO MORAL 
RESISTÍVEL
Sujeito é ameaçado 
ou intimidado a 
praticar o fato típico, 
mas poderia resistir
ATENUANTE (ART. 
65, III, "C", CP)
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
31 
por exemplo, em um ataque epilético, tosse ou espirro. De fato, os atos reflexos não 
dependem da vontade, uma vez que são reações motoras. Não havendo vontade, não há 
conduta punível, sendo, portanto, o fato atípico. 
Imaginemos a hipótese do condutor de veículo automotor que não conseguiu 
controlar um espirro e, por frações de segundos, desviou a direção, chocando-se em 
outro veículo, causando lesão corporal culposa no seu ocupante. Assim, se demonstrado 
que perdeu o controle do seu veículo exclusivamente porque não conseguiu controlar o 
espirro e, por ato reflexo, desviou a direção, provocando a colisão e as lesões corporais no 
outro condutor, o agente não será responsabilizado pelo crime de lesão corporal culposa 
na condução de veículo automotor (Lei 9503/97, art. 303), uma vez que agiu sem 
vontade, não havendo conduta punível, sendo, portanto, o fato atípico. 
c) Estados de inconsciência 
Consciência “é o resultado da atividade das funções mentais. Não se trata de uma 
faculdade do psiquismo humano, mas do resultado do funcionamento de todas elas”. 
Quando essas funções mentais não funcionam adequadamente se diz que há 
estado de inconsciência, que é incompatível com a vontade, e sem vontade não há ação. 
2.1.2. Dos crimes omissivos e relevância da omissão 
2.1.2.1. Considerações gerais 
 A conduta humana não se revela apenas a partir de um movimento corpóreo, 
traduzido por uma ação. De fato, ao lado da ação, a conduta omissiva constitui uma forma 
independente de conduta humana, suscetível de ser regida pela vontade dirigida para um 
fim. 
 O crime omissivo se configura quando o agente deixa de fazer aquilo que poderia e 
deveria fazer algo em estaria obrigado em virtude de lei. 
O Código Penal adotou a teoria normativa. Para a teoria normativa, a omissão é um nada, 
não sendo apta, portanto, a produzir qualquer resultado. Quem se omite nada faz, 
portanto, nada causa. Assim, a priori, o omitente não responde pelo resultado, já que não 
o provocou. Todavia, de modo excepcional, admite-se, por força da teoria normativa, que 
aquele que se omitiu seja responsabilizado pelo resultado, desde que esteja inserido em 
uma das hipóteses do chamado “dever jurídico de agir”. 
A doutrina tem catalogado como exemplos de estados de inconsciência a 
hipnose, o sonambulismo a narcolepsia. 
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Direito Penal 
 
 
32 
 Em outras palavras, conforme a teoria normativa, para que a omissão tenha 
relevância causal (por presunção legal), há necessidade de uma norma (por isso teoria 
normativa) impondo, na hipótese concreta, o dever jurídico de agir. Se presente o dever 
jurídico de agir, pode-se responsabilizar o agente que se omitiu quando deveria agir pelo 
resultado gerado. E esse dever de agir para impedir o resultado se encontra inserto no 
artigo 13, § 2º, do Código Penal. 
 Os crimes omissivos podem ser próprios ou impróprios (ou comissivos por omissão). 
2.1.2.2. Crimes omissivos próprios 
São os que se perfazem com a simples conduta negativa do sujeito, 
independentemente da produção de qualquer consequência posterior. 
Há um tipo penal específico descrevendo a conduta omissiva. O verbo nuclear do 
tipo descreve uma conduta omissiva. Nesse caso, o crime consiste em o sujeito amoldar a 
sua conduta ao tipo legal que descreve uma conduta omissiva. Em síntese, o agente será 
responsabilizado por não cumprir o dever de agir contido implicitamente na norma 
incriminadora. 
Nos crimes omissivos próprios basta a abstenção, é suficiente a desobediência ao dever de 
agir para que o delito se consume. A obrigação do agente é de agir e não de evitar o resultado. O 
resultado que eventualmente surgir dessa omissão será irrelevante para a consumação do crime, 
podendo apenas configurar uma majorante ou uma qualificadora. 
 
* Para todos verem: esquema 
Ex: Omissão de socorro 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à 
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou 
em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade 
pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é 
aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e 
triplicada, se resulta a morte. 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
33 
 
2.1.2.3. Crimes omissivos impróprios ou comissivos por 
omissão 
 Nos crimes omissivos impróprios, o agente não tem simplesmente a obrigação de 
agir, mas a obrigação de agir para evitar um resultado, isto é, deve agir com a finalidade 
de impedir a ocorrência de determinado evento. Nos crimes comissivos por omissão há, 
na verdade, um crime material, isto é, um crime de resultado. 
 O poder agir é um pressuposto básico de todo comportamento humano. Também 
na omissão, evidentemente, é necessário que o sujeito tenha a possibilidade física de agir, 
para que se possa afirmar que não agiu voluntariamente. 
 Trata-se de uma possibilidade real e concreta do agente, no contexto da situação 
fática, considerando-se como padrão do homem médio, evitar o resultado penalmente 
relevante. Exemplo: um médico plantonista tem o dever de agir para impedir que 
determinado enfermo venha a óbito. Todavia, se um médico plantonista deixar de atender 
um paciente que falece, porque estava atendendo a outro enfermo em situação de 
emergência, à evidência, não poderá ser responsabilizado pela morte do paciente que 
aguardava atendimento. 
 O Código Penal regulou expressamente as hipóteses em que o agente assume a 
condição de garantidor. 
 De fato, para que alguém responda por crime comissivo por omissão é preciso que 
tenha o dever jurídico de impedir o resultado, previsto no artigo 13, § 2º, do Código Penal: 
 a) Ter por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância 
Nesse caso, por expressa imposição da lei, o agente estará obrigado a agir para 
evitar o resultado. Assim, se o agente se omitir, ou seja, deixar de agir, quando lhe era 
possível, responderá pelo resultado gerado. 
C
R
IM
ES
 O
M
IS
SI
V
O
S 
P
R
Ó
P
R
IO
S
DEVER DE AGIR
NÃO TEM O DEVER DE 
IMPEDIR O RESULTADO
NÃO RESPONDE PELO 
RESULTADO
PODE CONFIGURAR 
MAJORANTE ou
QUALIFICADORA
EX: ART. 135, 
PARÁGRAFO ÚNICO, CP
NORMA PENAL 
ESPECÍFICA
DESCREVE CONDUTA 
OMISSIVA
EX: ART. 135 CP 
ART. 244 CP
MANDAMENTAL
CRIME DE MERA 
CONDUTA
NÃO ADMITE TENTATIVA
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
34 
Isso porque, se o sujeito, em virtude de sua abstenção, descumprindo o dever de 
agir, não busca evitar o resultado é considerado, pelo Direito Penal, como se o tivesse 
causado. 
É o caso, por exemplo, dos pais em relação aos filhos (art. 1634 e 1566, IV, ambos 
do Código Civil), ao dever de mútuo assistência entre os cônjuges (art. 1566 do Código 
Civil). 
Ex: Mãe que deixa de alimentar o filho, que, por conta da sua negligência, acaba 
morrendo por inanição. Essa mãe deverá responder pelo resultado gerado, qual seja, 
homicídio culposo. Se, de outro lado, a mãe desejou a morte do filho ou assumiu o risco 
de produzi-la, responderá por homicídio doloso. 
b) De outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado 
A doutrina não fala mais em dever contratual, uma vez que a posição de garantidor 
pode advir de situações em que não existe relação jurídica entre as partes. O importante é 
que o sujeito se coloque em posição de garante no sentido de que o resultado não 
ocorrerá. 
Aqui a obrigação de agir para evitar o resultado não decorre de lei, mas do fato de o 
agente ter assumido a responsabilidade de impedi-lo. 
Ex: babá que, por negligência, deixa de cumprir corretamentesua obrigação de 
cuidar da criança, que acaba caindo na piscina e, por isso, morre afogada. Nesse caso, 
responderá pelo resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se, de outro lado, 
desejou a morte da criança ou assumiu o risco de produzi-la, responderá por homicídio 
doloso. 
c) Com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado 
Nesta hipótese, o sujeito, com o comportamento anterior, cria situação de perigo 
para bens jurídicos alheios penalmente tutelados, de sorte que, tendo criado o risco, fica 
obrigado a evitar que ele se degenere ou desenvolva para o dano ou lesão. 
Não importa que o tenha feito voluntariamente ou involuntariamente, dolosa ou 
culposamente; importa é que com sua ação ou omissão originou uma situação de risco ou 
agravou uma situação já existente. 
Aluno veterano, por ocasião de um trote acadêmico, sabendo que a vítima não 
sabe nadar, joga o incauto calouro na piscina. Nesse caso, contrai o dever jurídico de 
agir para evitar o resultado, sob pena de responder por homicídio. 
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35 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
* Para todos verem: mapa mental sobre Lei Penal no tempo. 
 
 
 
Crimes omissivos 
impróprios (art. 
13, §2º, CP)
Dever de agir
+
Evitar o resultado
Lei
Assumiu 
responsabilidade
Criou o riscoResponde pelo resultado
 
https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI�
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2.2. Nexo de causalidade 
2.2.1. Relação de causalidade 
2.2.1.1. Conceito 
A relação de causalidade é o vínculo estabelecido entre a conduta do agente e o 
resultado por ele produzido. Se entre a conduta desenvolvida e o resultado não há relação 
de causa e efeito, não será possível atribuir ao agente o resultado gerado. 
Prevalece na doutrina que o vínculo que liga a conduta do agente ao resultado 
guarda relação com a causalidade física. Ou seja, a expressão “resultado” inserida no 
artigo 13 do Código Penal alcança apenas os crimes materiais, cujo resultado é 
naturalístico, que produzem a modificação no mundo externo. 
Nos crimes formais (que não exigem a produção do resultado para sua 
consumação) e de mera conduta (crimes sem resultado) não se mostra necessário o 
estudo da relação de causalidade, pois tais crimes se consumam com a realização da 
conduta do agente. 
2.2.1.2. Espécies de causas 
 Pela própria denominação (nexo causal) é possível perceber que consiste no vínculo 
ou liame de causa e efeito entre a ação e o resultado do crime. 
 Via de regra, a conduta do agente produz o resultado criminoso de forma direta. 
Trata-se de relação de causa (conduta) e efeito (resultado): Nexo de causalidade. 
 Todavia, pode ocorrer que, aliada à conduta do agente, outra causa contribua para 
o resultado. É a chamada concausa. 
 Esta “concausa” pode ser absolutamente independente ou relativamente 
independente, dependendo se teve ou não origem na conduta do agente. 
2.2.1.2.1. Causas absolutamente independentes 
 São aquelas que não têm origem na conduta do agente. A expressão 
“absolutamente” serve para designar que a outra causa independente por si só produziu o 
resultado. São causas que não se inserem na linha do desdobramento natural da conduta 
do agente, ou seja, causas inusitadas, desvinculadas da ação do agente, surgindo de fonte 
distinta. 
 Em síntese, por serem independentes, tais causas atuam como se tivessem por si 
sós produzido o resultado, situando-se fora da linha de desdobramento causal da 
conduta. 
 Há, na verdade, uma quebra do nexo causal. 
 São três as espécies de causas absolutamente independentes. 
 
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 a) Preexistentes 
 Trata-se de causa que existia antes da conduta do agente e produzem o resultado 
independentemente da sua atuação. Ou seja, com ou sem a ação do agente o resultado 
ocorreria do mesmo modo. 
 Nesse caso, há a conduta do agente (efetuar o disparo), mas o que gerou o 
resultado morte foi outra causa (o veneno). Essa outra causa é independente da conduta 
do agente (porque por si só produziu o resultado). É absolutamente independente 
(porque não teve origem na conduta do agente, pois tendo ou não efetuado o disparo o 
resultado ainda assim se produziria). É preexistente porque essa outra causa (veneno) já 
existia antes da ação do agente. 
 b) Concomitantes 
 São as causas que não têm nenhuma relação com a conduta e produzem o 
resultado independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente no 
instante em que a ação é realizada. 
 Nesse caso, há a conduta do agente (desferir o golpe de faca), mas o que gerou o 
resultado morte foi outra causa (o ataque cardíaco). O ataque cardíaco se trata de causa 
independente da conduta do agente (porque por si só produziu o resultado). É 
absolutamente independente (porque não teve origem na conduta do agente, pois tendo 
ou não efetuado desferido o golpe o resultado ainda assim se produziria). É concomitante 
porque essa outra causa (ataque cardíaco) ocorreu exatamente no momento da ação do 
agente. 
 c) Supervenientes 
 São causas que atuam após a conduta. Ou seja, que surgem depois da conduta 
desenvolvida pelo agente. 
Ex: O agente desfere um disparo de arma de fogo contra a vítima, que, no 
entanto, vem a falecer pouco depois, não em consequência dos ferimentos 
recebidos, mas porque antes ingerira veneno com a intenção de suicidar. 
Ex: “A” desfere golpe de faca contra “B” no exato momento em que este vem a 
falecer exclusivamente por força de um ataque cardíaco. 
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 Nesse caso, há a conduta do agente (ministrar veneno), mas o que gerou o 
resultado morte foi outra causa (desabamento ou incêndio). O desabamento ou incêndio 
trata-se de causas independente da conduta do agente (porque por si só produziram o 
resultado). É absolutamente independente (porque não teve origem na conduta do 
agente, pois tendo ou não ministrado o veneno o resultado ainda assim se produziria). É 
superveniente porque essa outra causa (desabamento ou incêndio) ocorreu depois da 
conduta do agente. 
 Quando a causa é absolutamente independente da conduta do sujeito, o problema 
é resolvido pelo caput do art. 13: Há exclusão da causalidade decorrente da conduta. Ou 
seja, o agente responde somente por aquilo que deu causa. 
Nos exemplos, a causa da morte não tem ligação alguma com o comportamento do 
agente. Em face disso, ele não responde pelo resultado morte, mas sim pelos atos 
praticados antes de sua produção. Isso porque ocorreu quebra do nexo causal. Assim, se 
o dolo era de matar, o agente responderia por tentativa de homicídio. 
2.2.1.2.2. Causas relativamente independentes 
 Causas relativamente independentes são aquelas que tiveram origem na conduta 
do agente. Ou seja, essas causas somente surgiram porque o agente desenvolveu uma 
conduta. 
 Como são causas independentes, produzem por si sós o resultado, não se situando 
dentro da linha de desdobramento causal da conduta. Por serem, no entanto, apenas 
relativamente independentes, encontram sua origem na própria conduta praticada pelo 
agente. 
 Aqui não há, de regra, uma quebra do nexo causal, mas uma soma entre as causas, 
que, ao final, conduzem ao resultado lesivo. 
Ex: “A” ministra veneno na alimentação de “B”. Antes do veneno produzir 
efeitos, há um desabamento ou incêndio na casa da vítima, que morre 
exclusivamente por conta dos escombros que caíram sobre sua cabeça ou queimada 
pelo fogo. 
CUIDADO: Se o enunciado apontar dolo de lesão corporal, por exemplo, o 
agente responderá por aquilo que deu causa: lesão corporal (leve, grave ou 
gravíssima). 
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Direito Penal 
 
 
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 Também são três as espécies de causas relativamente independentes. 
 a) Preexistentes 
 A causa que efetivamente gerou o resultado já existia ao tempo da conduta do 
agente, que concorreu para a sua produção. 
 Nesse caso, há a conduta do agente (golpe defaca), mas o que desencadeou 
efetivamente o resultado morte foi outra causa (hemofilia). Essa outra causa é 
independente da conduta do agente (porque por si só produziu o resultado). É 
relativamente independente (porque teve origem na conduta do agente, pois, se não 
tivesse desferido a facada, essa outra causa não seria desencadeada e o resultado não 
ocorreria). É preexistente porque essa outra causa (hemofilia) já existia ao tempo da ação 
do agente. 
Nesse caso, como há uma soma de causas e não quebra do nexo causal, o agente 
responde pelo resultado pretendido. No caso, homicídio consumado, a menos que não 
tenha concorrido para ele com dolo ou culpa. 
Isso, porque, segundo doutrina majoritária, a imputação do resultado ao agente exige que 
ele tenha conhecimento do estado de saúde do agente (que denota dolo) ou que, pelo 
menos, que lhe fosse previsível (indicativo de culpa). 
 Assim, se, por exemplo, o agente não sabia do estado de saúde da vítima ou não lhe 
era previsível, não poderia lhe ser atribuído o resultado morte, responderia, pois, pelo 
delito de tentativa de homicídio (se agiu com a intenção de matar). Da mesma forma, se 
pretendia ferir a vítima, agredindo-a com um soco e, esta em razão da hemofilia, 
desconhecida pelo agente, vem a falecer em razão da eclosão de uma hemorragia, o 
agente somente será responsabilizado pelo delito de lesão corporal. 
 b) Concomitantes 
 A causa que efetivamente produziu o resultado surge no exato momento da 
conduta do agente. 
Ex: “A”, com a intenção de matar, desfere um golpe de faca na vítima, que é 
hemofílica e vem a morrer em face da conduta, somada à contribuição de seu 
peculiar estado fisiológico. No caso, o golpe isoladamente seria insuficiente para 
produzir o resultado fatal, de modo que a hemofilia atuou de forma independente, 
produzindo por si só o resultado. 
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Direito Penal 
 
 
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Nesse caso, há a conduta do agente (golpe de faca), mas o que desencadeou 
efetivamente o resultado morte foi outra causa (ataque cardíaco). Essa outra causa é 
independente da conduta do agente (porque por si só produziu o resultado). É 
relativamente independente (porque teve origem na conduta do agente, pois, se não 
tivesse desferido a facada, essa outra causa não seria desencadeada e o resultado não 
ocorreria). É concomitante porque essa outra causa (ataque cardíaco) já existia ao tempo 
da ação do agente. 
Nesse caso, como há uma soma de causas e não quebra do nexo causal, o agente 
responde pelo resultado pretendido. No caso, homicídio consumado, a menos que não 
tenha concorrido para ele com dolo ou culpa. 
 c) Supervenientes 
 A causa que efetivamente produziu o resultado ocorre depois da conduta praticada 
pelo agente. 
 Nesse caso, há a conduta do agente (golpe de faca), mas o que desencadeou 
efetivamente o resultado morte foi outra causa (traumatismo decorrente do acidente). 
Essa outra causa é independente da conduta do agente (porque por si só produziu o 
resultado). É relativamente independente (porque teve origem na conduta do agente, 
pois, se não tivesse desferido a facada, a vítima não estaria na ambulância e, portanto, não 
teria falecido por conta do acidente). É superveniente porque essa outra causa 
(traumatismo pelo acidente) surgiu depois da conduta do agente. 
 
Ex: considera-se o ataque à vítima, por meio de faca, que, no exato momento 
da agressão, sofre ataque cardíaco, vindo a falecer, apurando-se que a soma desses 
fatores (causas) produziu a morte, já que a agressão e o ataque cardíaco, 
considerados isoladamente, não teriam o condão do produzir o resultado morte. 
Ex. O agente desfere um golpe de faca contra a vítima, com a intenção de 
matá-la. Ferida, a vítima é levada ao hospital e sofre acidente no trajeto, vindo, por 
esse motivo, a falecer. A causa é independente, porque a morte foi provocada pelo 
acidente e não pela facada, mas essa independência é relativa, já que, se não fosse o 
ataque, a vítima não estaria na ambulância acidentada e não morreria. Tendo atuado 
posteriormente à conduta, denomina-se causa superveniente. 
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* Para todos verem: mapa mental, 
 
 
 
Na hipótese das causas supervenientes, embora exista nexo físico-naturalístico, a 
lei, por expressa disposição do art. 13, § 1º, CP, que excepcionou a regra geral, 
exclui a imputação do resultado ao agente, devendo, no entanto, responder pelos 
atos anteriormente efetivamente praticados. Assim, o agente não responde pelo 
resultado ocorrido, mas somente pelos atos anteriores, que, no caso, foi tentativa 
de homicídio. 
CUIDADO: Se o enunciado apontar dolo de lesão corporal, por exemplo, o 
agente responderá pelos atos anteriores praticados, no caso, lesão 
corporal (leve, grave ou gravíssima). 
https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI�
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2.3. Dolo e culpa 
2.3.1. Crime Doloso 
2.3.1.1. Introdução 
Conforme dispõe o artigo 18, I, do Código Penal, o crime será doloso “quando o 
agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”. Essa previsão legal equipara 
dolo direto e dolo eventual. 
O conceito de dolo, à evidência, é muito mais abrangente e complexo do que 
aquele atribui pela lei penal. 
Com o sistema finalista, o dolo passou a integrar a conduta, elemento do fato típico. 
Trata-se de um elemento psicológico introduzido no tipo penal, característico do crime 
doloso. 
Nesse sentido, no crime doloso, o agente desenvolve uma conduta com vontade e 
consciência dirigida a produzir determinado resultado. É a vontade e consciência voltadas 
a realizar a conduta descrita no tipo penal incriminador. É, em síntese, a consciência e 
vontade de realizar o tipo objetivo 
2.3.1.2. Teorias do dolo 
Há três teorias a respeito do dolo: 
a) Teoria da representação 
Para essa teoria, o dolo se caracteriza pela mera previsão do resultado. É suficiente 
que o resultado seja previsto pelo sujeito. Não é necessária a presença do elemento 
volitivo, sendo irrelevante, pois, se o agente quis o resultado ou assumiu o risco de 
produzi-lo. Basta, para essa teoria, a representação ou previsão da produção de 
determinado resultado. 
Teoria da equivalência dos antecedentes causais. 
https://soundcloud.com/user-204974449/1-teoria-da-equivalencia-dos/s-ReA3pRsc6lH?in=user-204974449/sets/oab-anual-1/s-8me6wDfJ3LH�
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Essa teoria não é aplicada no nosso ordenamento jurídico, uma vez que a mera 
representação não permite concluir que o agente tenha, ao menos, assumido o risco na 
produção do resultado. Além disso, embora previsível a produção de determinado agente, 
pode ocorrer de o agente confiar que ele não se produzirá ou que terá habilidade 
suficiente para evitar a sua produção. Note-se, pois, que essa teoria confunde dolo com 
culpa consciente, não sendo, pois, aplicada. 
b) Teoria da vontade 
O dolo é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. Para essa teoria, 
além da representação do resultado, deve o agente agir com vontade na sua produção. 
Assim, o agente deve prever o resultado (consciência) e querer produzi-lo (vontade). 
É a teoria adotada no dolo direto, nos termos do artigo 18, inciso I (1ª parte), do 
Código Penal. 
c) Teoria do Assentimento (ou Consentimento) 
Essa teoria complementa a teoria da vontade, introduzindo no conceito de dolo a 
concepção da assunção do risco na produção do resultado. 
Para essa teoria, dolo é o assentimento do resultado, acrescido da aceitação do 
risco de produzi-lo. Ou seja, há a previsão do resultado e, embora não o deseje 
diretamente, o agente assume o risco de produzi-lo, sendo, ainda, indiferente às 
consequências decorrentes da sua conduta. 
É a teoria que retrata o dolo eventual, nos termos do artigo 18, inciso I (2ª parte), do 
Código Penal. 
2.3.1.3. Algumas espécies de dolo 
a) Dolo direto e dolo indireto 
Dolo direto, também chamado dolo determinado,intencional, imediato ou 
incondicionado, é aquele que se caracteriza pela vontade do agente estar dirigida 
especificamente à produção do resultado típico, abrangendo os meios utilizados para 
tanto. No dolo direto o agente quer o resultado por ele anteriormente representado. 
Tomemos como exemplo o agente que, pretendendo subtrair coisa alheia móvel, 
mediante emprego de grave ameaça, anuncia o assalto e desapossa a vítima dos bens que 
estavam em seu poder. Nesse caso, a vontade do agente é dirigida a produzir o resultado 
decorrente do crime de roubo (CP, art. 157). 
Da mesma forma, se o agente desfere golpes de faca na vítima com a intenção de 
matá-la, desenvolve sua conduta com o dolo direto de praticar o crime de homicídio (CP, 
art. 121). 
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No dolo indireto ou indeterminado, o agente não tem a vontade dirigida a um 
resultado determinado. Subdivide-se em dolo alternativo e dolo eventual. 
Dolo alternativo é aquele em que o agente dirige sua conduta com a intenção de 
provocar qualquer dos resultados possíveis. Assim, se o agente desferir disparos de arma 
de fogo contra o seu desafeto, com a intenção de matar ou lesionar, responderá por 
homicídio, se o resultar na morte da vítima. Agora, o dolo alternativo se revela mais 
intenso quando não resultar morte da vítima, mas apenas lesões corporais. Nesse caso, 
poderia surgir a dúvida sobre o enquadramento típico da conduta do agente, se 
responderia por tentativa de homicídio ou lesão corporal. E, no caso de dolo alternativo, o 
agente sempre responderá pelo resultado mais grave. No exemplo dado, responderá por 
tentativa de homicídio. 
Ocorre o dolo eventual quando o sujeito assume o risco de produzir o resultado, 
isto é, admite e aceita o risco de produzi-lo. No dolo eventual, o agente não quer o 
resultado (se desejasse, seria dolo direto), mas, mesmo prevendo a realização do 
resultado, segue em diante na sua conduta assumindo o risco de produzi-lo. Em relação 
ao dolo eventual, adota-se a teoria do consentimento ou assentimento, inserta na 
expressão “assumiu o risco de produzi-lo”, encartada no artigo 18, I, do Código Penal. 
Tomemos como exemplo a conduta do agente que pretende atirar contra o seu 
desafeto, que se encontra conversando com outra pessoa. O agente prevê que também 
pode atingir a outra pessoa, mas segue em diante na sua conduta, assumindo o risco de 
errar o disparo contra o seu desafeto e atingir a outra pessoa, sendo-lhe indiferente 
quanto ao resultado que possa a vir ser produzido em relação ao terceiro. Se efetuar 
disparos matando o seu desafeto e também a outra pessoa, o agente responderá por dois 
crimes de homicídio: o primeiro, a título de dolo direto; o segundo, a título de dolo 
eventual. 
b) Dolo geral (erro sucessivo) 
Dolo geral é aquele em que o agente desenvolve uma conduta voltada a uma 
determinada finalidade e, acreditando ter alcançado o seu intento, realiza, na sequência, 
outra conduta que efetivamente produz o resultado desejado. 
O dolo geral incide naquele grupo de casos em que há acontecimentos em dois 
atos. O sujeito acredita ter produzido o resultado na primeira parte da ação, quando, na 
realidade, o resultado foi realizado somente com a segunda parte da ação. 
Exemplo: Genro, não suportando mais a sogra, delibera por matá-la. Para tanto, 
coloca veneno na sua bebida. Supondo ter matado a sogra, o genro, para se livrar do 
corpo e, portanto, ocultar o cadáver, joga a vítima no rio. Alguns dias depois, o corpo da 
vítima é localizado e, após ser submetido à exame necroscópico, verifica-se que, na 
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
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realidade, a morte ocorreu não pelo veneno, mas por força de asfixia provocada por 
afogamento. 
Nota-se que há um erro no nexo causal, pois o agente supôs ter matado a vítima por 
força do emprego de veneno, quando, na realidade, acabou causando-lhe a morte por 
afogamento. No momento em que imaginava estar simplesmente ocultando o cadáver, 
atingia a consumação. Em outras palavras, no momento em que ministrou o veneno, o 
agente tinha o dolo de matar, agindo, ainda, com consciência e vontade em relação aos 
elementos do tipo objetivo que define o crime de homicídio (CP, art. 121). 
Trata-se de dolo geral, que abrange toda a conduta desenvolvida pelo agente até a 
consumação, até porque a conduta delitiva pode ser desenvolvida em vários atos ligados 
por planejamento delitivo único. Assim, havendo plano delitivo único, os vários atos 
sucessivamente praticados compõem uma única conduta. 
Assim, se há única conduta composta por vários atos, basta que o dolo exista no 
momento da realização da conduta, não sendo necessário que persista até o último ato. 
Logo, no nosso exemplo, o genro deverá ser responsabilizado por homicídio doloso 
consumado, desprezando-se o erro incidente sobre o nexo causal, uma vez que a conduta 
desenvolvida pelo agente, ainda que dividida em dois atos, está abrangida pelo dolo geral, 
que acompanhava sua ação durante todo ato executório até alcançar o resultado 
desejado. 
c) Dolo de primeiro grau e dolo de segundo grau 
A primeira parte do artigo 18, inciso I, do Código Penal, em que o agente quis o 
resultado abrange o dolo direto de primeiro grau e de segundo grau. 
No dolo de primeiro grau, o agente desenvolve conduta com vontade e 
consciência de atingir determinado resultado. O dolo do agente é voltado a atingir um 
único bem jurídico, produzindo, pois, único resultado. Em síntese, no dolo direto de 1º 
grau, o resultado obtido era o objetivo principal da conduta. Exemplo: agente que sai ao 
encalço e mata a vítima pretendida. 
No dolo de segundo grau ou de consequências necessárias, o agente desenvolve 
conduta com vontade e consciência dirigida a produzir determinada resultado. Todavia, 
os meios empregados para alcançar o resultado desejado inexoravelmente produziram 
consequências necessárias, de efeitos colaterais de verificação certa. Em outras palavras, 
o dolo do agente, num primeiro momento, não está relacionado aos efeitos colaterais 
decorrentes da sua conduta, mas age consciente de que ocorreram, caso se produza o 
resultado originariamente pretendido. 
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Imaginemos que o agente toma conhecimento que seu desafeto irá realizar uma viajem de 
carro com mais três amigos. Com a intenção de matar a vítima determinada, instala uma bomba 
no veículo, que, dada a potência da explosão, provoca a morte de todos os ocupantes do veículo. 
No caso, ainda que o agente pretendesse matar somente o seu desafeto, agiu consciente que sua 
conduta provocaria necessariamente a morte dos demais passageiros do veículo. Tem-se, em 
relação aos demais passageiros, o dolo direto de 2º grau ou dolo de consequências necessárias. 
 
* Para todos verem: mapa mental. 
 
 
 
Dolo geral. 
 
https://soundcloud.com/user-204974449/2-dolo-geral/s-3rcQeDusuNK?in=user-204974449/sets/oab-anual-1/s-8me6wDfJ3LH�
https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI�
1ª Fase | XXXIV Exame de Ordem 
Direito Penal 
 
 
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2.3.2. Teoria do crime culposo 
2.3.2.1. Introdução 
É a conduta humana voluntária desenvolvida sem observar o dever de cuidado 
objetivo, que, por imprudência, negligência ou imperícia, produz um resultado 
involuntário, objetivamente previsível, que poderia ter sido evitado. 
No sistema finalista, a culpa passou a integrar o elemento normativo da conduta, 
uma vez que, para verificar sua incidência, deve-se realizar juízo de valor, levando-se em 
conta o caso concreto. 
Os tipos que definem os crimes culposos são, em geral, abertos, limitando-se a 
descrever “se o crime é culposo, a pena será de ...”, sem especificar minuciosamente a 
conduta delitiva. 
A culpa, portanto, não está descrita, nem especificada, mas apenas prevista 
genericamente no tipo, dada a absoluta impossibilidade de o legislador prever e descrever 
todas as formas de realização da conduta culposa. Com efeito,

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