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DIREITO PENAL I - CADERNO PROVA 01 - THAÍS BANDEIRA

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Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
Denominação 
Direito Penal x Direito Criminal 
São sinônimos, portanto é possível a utilização das duas nomenclaturas, 
pois são universais. Entretanto, há inconvenientes existentes nas duas 
nomenclaturas, como, por exemplo, no Direito Criminal, em que ela abarca 
apenas uma das espécies de infrações penais existentes no Brasil. Assim, esta 
nomenclatura perdeu força no país, contudo outros Estados a usam. Nesse 
sentido, há duas espécies de infrações penais no Brasil: crimes (delito) e 
contravenções penais que tem como um exemplo o jogo do bicho. 
A nomenclatura “Direito Penal” também tem seus inconvenientes. A 
sanção penal clássica é, logicamente, a pena. Contudo, o problema é que 
existem pessoas que não têm a capacidade de receber penas, mas não podem 
deixar de ser sancionadas e, para isso, há as medidas de segurança 
destinadas aos incapacitados, como, por exemplo, o doente mental. Há 
também os menores de 18 anos que não se submetem ao Código Penal e sim 
ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 
Contudo, há um contra argumento para essa inconveniência: a regra 
geral é a pena, medida de segurança é a exceção á regra. Assim, apesar da 
discussão existente, a denominação “Direito Penal” é, ainda, a mais utilizada, 
inclusive pela própria Constituição Federal. 
OBS: Em outros países podem-se encontrar outras denominações, 
como, por exemplo, o Direito Repressivo, o Direito de Proteção aos 
Criminosos, o Direito Sancionador e o Direito da Defesa Social, cada um mais 
ou menos criticados. 
Conceito 
Conceito de Franz Von Liszt 
Para Liszt, o Direito Penal é o conjunto de prescrições emanadas do 
Estado que ligam o crime como um fato a uma pena como conseqüência, em 
uma relação direta “crime – conseqüência”. Para ele, ainda, o Direito Penal é 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
uma espada de duplo fio, pois é lesão de bens jurídicos para proteção de bens 
jurídicos, na medida em que o Direito Penal é violência que se pressupõe justa 
e necessária, a serviço do controle da violência. 
Conceito de Mezger 
Para Mezger, o Direito Criminal não muito difere do conceito de Liszt, na 
medida em que aquele denomina o Direito Penal como o conjunto de normas 
jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, ligando o delito, como 
pressuposto, a uma pena como consequência. A diferença básica é que 
Mezger traz o sistema de freios e contrapesos do Estado quando fala da 
regulação do poder punitivo deste, ou seja, diz quando o Estado pode punir 
alguém, pois ele também tem restrições. 
Conceito Thaís Bandeira 
Para ela, Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que limitam o 
poder punitivo do Estado, que se aplicam como consequência ao cometimento 
de um crime. 
Conceito de Wessels 
Dentre outros autores, Wessels é o que dá a definição mais completa, 
quando diz que o Direito Penal é a parte que determina os pressupostos da 
punibilidade, bem como os caracteres específicos da conduta punível, 
cominando determinadas penas e prevendo, a par de outras conseqüências 
jurídicas, especialmente medidas de segurança. 
*Código Penal é o conjunto de normas, condensadas num único diploma 
legal, que visam tanto a definir os crimes, proibindo ou impondo condutas, sob 
a ameaça de sanção para os imputáveis e medida de segurança para os 
inimputáveis, como também a criar normas de aplicação geral. 
Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo 
O Direito Penal Objetivo é o conjunto de leis e outras normas jurídicas 
que definem os crimes e que cominam (prevêem) penas, ou seja, impõe ou 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
proíbe determinadas condutas sob a ameaça de sanção ou medida de 
segurança. Portanto, são todas as normas que ganham vida no corpo da lei em 
vigor. 
Há no Direito Penal Objetivo o preceito primário, onde o legislador 
descreve uma conduta criminosa e o preceito secundário, que é a cominação 
de uma pena. Por exemplo: Art. 121 Matar alguém (preceito primário); Pena: 
reclusão de 6 a 20 anos (preceito secundário). 
Por seu turno, o Direito Penal Subjetivo é o direito de punir do Estado, 
ou seja, é a possibilidade que tem o Estado de criar e fazer cumprir suas 
normas, executando as decisões condenatórias proferidas pelo Poder 
Judiciário. Vale lembrar que 99% dos casos são públicos, ou seja, quem julga é 
o Ministério Público, portanto, o Estado. Este está regado pelo Ius Accusatione, 
o direito de acusar, o Ius Puniendi, o direito de aplicar a pena e o Ius 
Exequendi, o direito de executar a pena. Assim, penal é um ramo do direito 
eminentemente público. 
Portanto, o Direito Penal Subjetivo é o próprio Ius Puniendi. Este, por 
sua vez, não se limita à execução da condenação do agente que praticou o 
delito. A criação da infração penal também se molda a esse conceito. Assim, 
tanto o Poder Legislativo, quando cria as figuras típicas, como o Poder 
Judiciário, quando condena o agente, executando a sua decisão, exercem o Ius 
Puniendi. 
Para tanto, há dois tipos de Ius Puniendi, o positivo e o negativo. Este é 
a faculdade de derrogar (cessar ou modificar o efeito de uma lei) preceitos 
penais ou bem restringir o alcance das figuras delitivas, na qual essa função 
compete ao STF, quando declara a inconstitucionalidade da lei penal. Aquele, 
consiste no poder que tem o Estado não somente para criar os tipos penais, 
como também para executar suas decisões condenatórias. 
Direito Penal Comum, Direito Penal Complementar e Direito Penal 
Especial 
Direito Penal Comum 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
É o previsto no Código Penal, datado de 1940, havendo uma reforma em 
1984. Assim, com o avanço da sociedade em termos tecnológicos, sociais e 
culturais, o Código Penal Comum já não conseguia mais prever todas as 
condutas da população. Com isso, surgiu o Direito Penal Complementar. 
Direito Penal Complementar 
É o conjunto de novas leis que surgiram após a criação do código, mas 
que também trazem condutas criminosas. Por exemplo: Lei 7716/89, Lei anti-
racismo; Lei 11343/06, Lei de drogas; Lei 8137/90, Lei de tributos, etc. 
Direito Penal Especial 
Hoje há o Direito Penal Especial que consiste na criação de 
microssistemas penais que, além de prever novos crimes, prever também 
novas regras gerais e procedimentos. 
O nosso Código Penal é dividido em duas partes: a parte geral (arts. 1º 
ao 120), que abrange o regramento geral e os princípios; destinada à edição 
das normas que vão orientar o intérprete quando da verificação da ocorrência 
de determinada infração penal. Portanto, ocupa-se de regras que são aplicadas 
não só aos crimes previstos no próprio Código Penal, como também a toda 
legislação extravagante, ou seja, normas que não estão contidas no Código, 
mas que dispõe também de matérias penais, como, por exemplo, a conduta do 
agente (dolosa ou culposa), o tempo criminal, causas que excluem o crime, 
etc.; e a parte especial (arts. 121 a 361), que, embora contenha normas de 
conteúdo explicativo, é destinada, precipuamente, a definir os delitos e a 
cominas as penas; trata dos crimes que, com o avanço social, tornou-se 
insuficiente, precisando, assim, trazer novos crimes fora do Código Penal. 
Portanto, o Direito Especial é um “códigozinho” que abrange as duas 
partes, trazendo, também, questões interdisciplinares, bem como os 
procedimentos. Por exemplo: Lei 11340/06, Maria da Penha, que condensa leis 
civis, processuais e penais. Outros exemplos são o Estatuto do Idoso, o 
Estatuto do desarmamento, etc. Ou seja,tem muito mais do que só crimes. 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
OBS: Quase sempre ao lado dos artigos encontram-se determinadas 
expressões que se destinam à sua maior inteligibilidade. Nesse contexto, o 
legislador nos informa, por meio da indicação marginal ou rubrica, que o artigo 
seria destinado a tratar da matéria já por ele anunciada. 
Caracteres do Direito Penal 
1. Ramo do direito público 
Como já mencionado antes, o Direito Penal é um ramo do direito público, 
na medida em que toda vez em que há um crime, afeta toda a coletividade e 
não apenas os envolvidos. 
2. Cultural-normativa 
Ciência do dever-ser 
3. Histórico 
Vai sofrer modificações a partir das modificações sociais 
4. Valorativo 
Determinadas condutas devem ser avaliadas no tempo e no espaço 
5. Subsidiário 
Chamado a interferir sobre condutas que outros ramos do direito são 
incapazes de tutelas. É a ideia de que o Direito Penal seja a última instância do 
direito. 
6. Sancionador 
Todas as condutas previstas no âmbito penal, a elas correspondem uma 
pena, ou seja, há sempre uma sanção. 
7. Finalista 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
Para as teorias legitimadoras (há as teorias deslegitimadoras), o Direito 
Penal cumpre a missão de proteger os bens jurídicos mais essenciais à 
coletividade. 
Finalidade do Direito Penal 
O Direito Penal tem como finalidade proteger os bens mais importantes 
e necessários para a própria sobrevivência da sociedade, ou, por Nilo Batista 
“a missão do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos, através da 
cominação, aplicação e execução da pena”. Pena é o instrumento de coerção 
do Direito Penal. 
O Direito Penal vive em constante movimento, tentando adaptar-se às 
novas realidades sociais. Por conta disso, bens que antes eram considerados 
de extrema importância e, portanto, precisavam da especial atenção do Direito 
Penal, já não merecem ser protegidos por ele hoje. 
A seleção dos bens jurídicos-penais 
Sendo a finalidade do Direito Penal a proteção de bens essenciais à vida 
em sociedade, cabe ao legislador fazer a sua seleção. E, portanto, este é um 
critério subjetivo. A primeira fonte de pesquisa está na Constituição, a qual 
abriga valores como a liberdade, segurança, bem-estar social, igualdade e 
justiça, os quais o Direito Penal não poderá virar-lhes as costas. 
 As normas jurídico-penais não se limitam à definição de 
comportamentos delituosos, cominando-lhes as respectivas sanções. A 
Constituição Federal (principalmente) e o Código Penal definem as bases e os 
princípios que informam o Direito Penal, traçando-lhe o perfil, limites e 
contornos, ou seja, dão-lhe a conformação político-jurídica. As normas jurídico-
penais propriamente ditas – previstas ou não num diploma penal -, ao tempo 
em que fundam e estruturam o poder punitivo do Estado, fixam os princípios e 
regras fundamentais que vão governas a intervenção jurídico-penal, criando, 
paralelamente, um sistema de garantias em face do exercício deste poder. 
Funções/Missões do Direito Penal 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
Antes de tudo, é necessário trazer as funções e missões da própria pena 
para uma fundamentação mais apropriada ao estudo do Direito Penal. Nesse 
contexto, justificar o Direito Penal e a sua aplicação passa, primeiramente, por 
uma justificativa dos próprios fins da pena, sobretudo, da privação de liberdade. 
Desta forma, estudaremos as teorias legitimadoras que buscam reconhecer os 
fins da pena. São elas: as Teorias Absolutas, as Teorias Relativas e as Teorias 
Unificadoras. 
Teorias Absolutas 
São todas aquelas que entendem a pena como uma forma de 
retribuição, reprovação ou revanche pelo crime cometido. Nesse sentido, a 
justificativa da pena está em si mesma, representando um fim em si mesma. 
Traz, portanto, a ideia de retribuição, expressa no clássico ditado “olho por 
olho, dente por dente”. É a própria retribuição do que o sujeito fez de mal. 
Dessa forma, seu único objeto é o de punir o condenado, não se 
caracterizando, portanto, uma forma de ressocialização, muito menos de 
reparação do dano causado pelo delito. Nesse caso, a pena, em verdade, não 
tem finalidade, é um fim em si mesma. 
Essas teorias se separam em dois momentos, os quais foram dialogados 
por dois autores: Kant e Hegel. Kant traz a ideia do retributivismo moral, no 
qual entendia a pena como um “imperativo categórico”, pois alguém havia 
infringido princípios morais de Deus. Assim, para o mal do crime impõe-se o 
mal da pena, resultando na igualdade, na qual só esta traz a justiça. Assim, a 
teoria absoluta é uma maneira de demonstrar o poder do Estado, exercendo o 
jus puniendi. Vale lembrar que direito e moral eram uma coisa só. Dessa forma, 
o sujeito era punido por ser um pecador. Por seu turno, Hegel traz a ideia do 
retributivismo jurídico, no qual a retribuição representa uma reprovação do 
comportamento. O crime seria uma anulação do direito, enquanto a pena seria 
uma anulação do crime. Ou seja, a pena é a negação da negação do direito. 
Assim, a pena serve para a reafirmação do direito. 
Teorias Relativas 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
As Teorias Relativas entendem que a imposição da pena possui uma 
função de prevenção. Esta prevenção se dá para que o deliquente não venha a 
reincidir e para que a sociedade não cometa delitos. Ou seja, é uma prevenção 
para toda a sociedade não cometer delitos e para que o que já cometeu não 
torne a cometer, obstruindo, assim, a possibilidade de novas condutas 
criminosas. Esse fundamento é explicado em dois grupos: a prevenção geral, 
subdividida em positiva e negativa, e a prevenção especial, também 
subdividida nesses grupos. 
Prevenção geral 
É exercida sobre toda a sociedade que, em tese, é não deliquente. 
Dessa forma, o fim intimidativo da pena dirigi-se a todos os destinatários da lei 
penal, objetivando inibir as pessoas da prática penosa. “Em tese”, pois o Direito 
Penal é muito seletivo, na medida em que nem todo mundo que comete crime 
é pego pelo Direito Penal. Por exemplo: sonegação, aquisição de CD pirata, 
aborto, etc. Ou seja, é impossível atingir a todos. 
Como dito anteriormente, a prevenção geral é subdividida em positiva e 
negativa. Esta diz respeito à criação de leis penais, onde, através delas, o 
Estado tenta dissuadir e intimidar a população para que esta população não 
cometa crimes. Por exemplo: criação da Lei Maria da Penha com o intuito de 
intimidar os agressores às mulheres. Portanto, não é a dureza da pena, mas a 
certeza da punição. Já a positiva trata da conscientização da sociedade sobre 
a necessidade de tutelar e respeitar determinados bens jurídicos. Dessa forma, 
o Estado mostra para a sociedade essa proteção. Por exemplo: Estatuto do 
Idoso, a Lei Maria da Penha, a Lei Seca, etc. Entretanto, o aspecto positivo por 
si só não resolve, tendo, portanto, que agir em concomitância com o aspecto 
negativo. 
Prevenção especial 
A prevenção especial é exercida sobre o sujeito que já delinqüiu. Dessa 
forma, visa o autor do delito, de maneira que, afastado do meio livre, não torne 
a delinqüir e possa ser corrigido. Também é dividido no aspecto positivo e 
negativo, onde o positivo traz o conceito da ressocialização, que caracteriza o 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
atuar do Estado enquanto o agente executa a pena para que, ao seu término, o 
agente retorne à sociedade dissuadido da ideia de praticar novos crimes. Uma 
das formas para isso é a religião.Já o negativo traz a ideia da neutralização do 
delinqüente, já que a primeira coisa que ocorre com ele é a sua prisão. Assim, 
a pena privativa de liberdade cumpre o papel de afastar o sujeito da sociedade, 
neutralizando os efeitos do crime, no caso, para não cometer novos delitos. 
Há críticos do termo “ressocialização”, na medida em que não há como 
ser algo sociável se o sujeito encontra-se fora da sociedade. É, portanto, um 
bem dessocializador. Para tanto, esses críticos utilizam do termo “inserção 
social” e “reintegração”. 
OBS: Há críticas acerca da prevenção geral de que Estado algum pode 
sobreviver estruturando-se sob a égide do medo, na qual a intimidação é um 
meio de aplicação do direito penal. 
OBS²: Em ambas as teorias (absolutas e relativas), a pena é um mal 
necessário, mas na Teoria Preventiva, essa necessidade da pena não se 
baseia na ideia de realizar justiça, mas na função de inibir novos delitos. 
Teoria Dialética-unificadora 
Essa teoria foi proposta por Claus Roxin e propõe um diálogo entre as 
teorias absolutas e relativas, aproveitando todas as funções para a imposição 
da pena. Entretanto, Roxin indica que as funções são diferentes a depender do 
momento em que se enxerga a pena. Assim, Roxin diz que ninguém está 
errado, todas são aplicáveis, mas há, pelo menos, três momentos de pena: a 
pena cominada, a pena aplicada e a pena executada. 
A pena cominada configura-se na própria lei. Cumpre a função de 
prevenção geral, mostrando, portanto, uma proteção de bens jurídicos. 
Contudo, ela precisa ser proporcional para cumprir essa função. Nesse sentido, 
segue o raciocínio do princípio da proporcionalidade, o qual toda pena deve ter 
um mandado de otimização do respeito máximo a todo direito fundamental, 
compreendendo, assim, os princípios de necessidade, adequação e 
proporcionalidade, tanto pra mais, quanto pra menos. 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
O princípio da necessidade afirma que a pena só deve ocorrer em caso 
de efetiva necessidade para a segurança dos cidadãos. Nesse contexto, 
Montesquieu dizia que toda pena que não deriva da necessidade é tirânica. 
Portanto, a intervenção penal só deve ser utilizada em caso de fracasso de 
outras instâncias de prevenção e controle social, seguindo o princípio de 
mínima intervenção. 
O princípio da adequação afirma que a intervenção do direito penal há 
de pressupor uma relação lógica de adequação entre meio (direito penal) e fim 
(prevenção de delitos). Nesse sentido, o Estado só pode se valer de meios 
idôneos para a realização de seus fins constitucionais. “A pena só será justa 
quando for necessária para afastar os delitos sociais”. Portanto, não faz sentido 
reprimir os crimes sem vítima, como, por exemplo, no jogo do bicho. 
O princípio da proporcionalidade diz que o castigo deve variar de acordo 
com a gravidade do crime cometido. Para tanto, este princípio dota-se de 
tríplice dimensão: a proporcionaldiade abstrata ou legislativa, que trata da 
eleição das sanções mais apropriadas e a graduação dos castigos 
(responsabilidade do legislador); a proporcionalidade concreta ou judicial, que 
deve orientar o juiz, promovendo a individualização da pena conforme a 
culpabilidade do réu (responsabilidade do juiz); e, por fim, a proporcionalidade 
executória que diz respeito à individualização da pena durante a execução 
penal conforme o mérito do condenado (responsabilidade dos órgãos de 
execução penal). 
Dessa forma aparece a noção do limite da proporcionalidade entre o 
bem jurídico que se quer resguardar e a pena prevista, na qual o poder público 
sobre a liberdade do cidadão só é legítimo se cumprir esses princípios. 
Como já dito anteriormente, a pena aplicada é a pena descrita na 
sentença. É o momento em que o juiz tem que reprovar o comportamento, 
tendo, portanto, função de reprovação. Para essa função, há o limite da 
culpabilidade do indivíduo, que se configura na reprovação individual para 
aquele comportamento, jamais coletivo. Ou seja, segue a linha do princípio da 
culpabilidade que diz que nenhuma pessoa pode ser responsabilizada por fato 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
de terceiros. Assim, a responsabilidade penal é sempre pessoal, não cabendo 
a responsabilidade coletiva, subsidiária, solidária ou sucessiva. 
Por fim, a pena executada é aquela que está efetivamente sendo 
cumprida. Tem a função de prevenção especial, no sentido de neutralização e, 
ao mesmo tempo, ressocialização. Para esta, o limite aparece como o princípio 
da humanidade das penas, tendo, portanto, algumas penas que são vedadas a 
aplicação, como, por exemplo, a pena de morte, a pena de trabalho forçado, a 
pena de banimento, etc. 
O princípio da humanidade diz que, por mais grave que seja o crime, o 
infrator não perde a condição jurídica de sujeito de direito, não podendo adotar 
penas que inviabilize a reinserção social ou que submeta o infrator a um 
sofrimento excessivo, desumano ou degradante. Nesse sentido, a pena que 
priva a liberdade deve evitar, o quanto possível, os efeitos negativos e 
dessocializadores, próprios da pena de prisão. Por conta disso, a execução de 
penas em condições degradantes em presídios é ofensiva a este princípio, 
podendo dar ensejo à concessão de habeas corpus, à liberdade do paciente 
ante a omissão da autoridade responsável, etc. 
Vale lembrar que a teoria unificadora é a teoria adotada pelo nosso 
Código Penal, previsto no Art. 59, no qual diz que penas devem ser suficientes 
para prevenção e reprovação. 
Teorias deslegitimadoras 
Há algumas críticas ao modelo atual que é importante serem ressaltadas 
aqui. A primeira delas é a de que a simples previsão em lei de comportamentos 
criminosos não consegue dissuadir as pessoas da prática criminosa. Ex: 
consumo de drogas não é diminuído por conta da lei. Ou seja, a previsão da lei 
por si só não consegue dissuadir o ilícito, sendo, portanto, a melhor fiscalização 
um mecanismo mais efetivo para tal objetivo. Dessa forma, é possível concluir 
que o Direito Penal cumpre uma função simbólica, ou seja, ele apenas 
aparenta segurança à sociedade. 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
Uma segunda crítica ao modelo atual é que o encarceramento, por si só, 
é dessocializador, pois leva o sujeito a abandonar certas práticas sociais, 
fazendo parte de uma subcultura. Por exemplo: o sujeito, na cadeia, deixa de 
comer com garfo e faca, deixa de escovar os dentes com escovas 
convencionais, não possuem um vaso sanitário convencional, ou seja, o sujeito 
se passa muito tempo sob costumes anti sociais, dificultando a sua adequação 
aos padrões sociais. 
Além dessas críticas, há outras, como, por exemplo: 
• As condições insalubres do sistema prisional, gerando uma 
massa carcerária com doenças crônicas como a tuberculose, o 
que pode acarretar o surto dessa doença pela cidade; 
• O efeito dessocializador do cárcere, devido ao baixo número de 
atividades de educação e trabalho, desenvolvidos entre os 
presos; 
• Direito Penal acaba cumprindo apenas a função retributiva, já que 
não exerce a função de prevenção geral e especial; 
• Os crimes que são dados como realidade não condizem com os 
números oficiais, havendo as cifras ocultas, que representa uma 
enorme quantidade no âmbito da criminalidade, pois o número de 
crimes reais não condiz com o número de crimes oficiais, ou seja 
o Direito Penal não alcança toda a prática criminosa; 
• Existe um extremo desacredito da sociedade no Direito Penal e 
na persecução penal; a própria sociedade já busca os seus 
mecanismos de lidarcom o crime e os seus efeitos; 
• O Direito Penal não se preocupa com a resolução do conflito e 
sim com a punição do infrator: com a persecução penal não se 
busca a reparação do dano à vítima, seja ele patrimonial ou de 
outra natureza. O Direito Penal não tem estrutura para o 
acolhimento da vítima. Exemplo: sala reservada para aguardar a 
audiência, elevadores distintos para a vítima e réu solto, etc. 
Minimalismo penal 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
O minimalismo penal é uma das teorias deslegitimadoras que prega uma 
redução drástica da atuação do Direito Penal, devendo, este ramo, ser 
encarado, de fato, como última ratio, ou seja, última instância de controle. 
Assim, o minimalismo penal visa enxugar o Direito Penal, garantindo-o como 
última esfera de atuação. Portanto, todos os crimes sem violência e grave 
ameaça deveriam ser tirados do código penal, como, por exemplo, furto, 
estelionato, crimes contra a honra, etc. 
Abolicionismo penal 
Na teoria do abolicionismo penal, Niklas Luhman reconhece que, ainda 
que haja uma retração do Direito Penal, seus problemas não estarão resolvidos 
e que é necessário um modelo alternativo para resolver o conflito. Assim, o 
minimalismo penal seria apenas o primeiro passo para que a sociedade passe 
a conviver sem o Direito Penal. 
Modelos alternativos 
Há alguns modelos alternativos para a implantação do Direito Penal, 
como, por exemplo, a implantação das penas alternativas, que substitui a pena 
privativa de liberdade. O que seriam essas penas alternativas? A prestação de 
serviços comunitários, prestações pecuniárias, restrição de direitos, etc. No 
Brasil são cabíveis para crimes sem violência ou grave ameaça, com 
condenações menores ou iguais a quatro anos. 
Outra alternativa é o APAC (Associação de Proteção e Assistência aos 
Condenados). É um modelo de parceria entre o Estado e instituições sem fins 
lucrativos para acolhimento do preso durante o cumprimento de pena. Esse 
modelo mantém a pena privativa de liberdade, mas permite a participação da 
sociedade no processo de ressocialização. A ideia é ser um sistema prisional 
pequeno, em que a própria sociedade conhece os sujeitos que estão ali, não 
havendo muro, caracterizando por uma autoresponsabilidade do preso. Todos 
trabalham e todos estudam. 
Um último modelo alternativo é a Justiça Restaurativa. Ela se baseia na 
mediação de conflitos com a participação da comunidade. A ideia é que autor e 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
vítima expunham seus pontos de vista sobre o delito e que juntos encontrem 
um modelo de solução. Para que aconteça a justiça restaurativa, é necessário 
que haja alguns critérios: 
1. Voluntariedade: vítima e autor devem estar dispostos 
a participar dos círculos de mediação; 
2. Ausência de prazos: não há prazos definidos para 
esse círculo de mediação; 
3. Ausência de penalidades pré-definidas: cada 
situação será algo específico. 
4. Se baseia no senso de arrependimento do infrator: o 
infrator concorda com a penalidade que está 
sofrendo; 
5. Os depoimentos não podem ser levados à justiça 
tradicional, caso a mediação seja frustrada. 
A Justiça Restaurativa apresenta alguns objetivos: 
➢ Autorresponsabilização: o Direito Penal não trabalha cmo a 
autorresponsabilização, o Estado que vai dizer se o sujeito é 
ou não inocente, dentro das provas do processo. 
➢ O Direito Penal tradicional impõe a pena ainda que o sujeito 
negue a ocorrência do crime ou a sua autoria, basta apenas 
que os fatos estejam provados no processo. A justiça 
restaurativa parte da ideia de que o delinqüente confesse a 
prática criminosa e concorde com a imposição de uma sanção. 
Ou seja, voluntariedade. 
➢ Reparação do dano como segundo objetivo: o Direito Penal 
tradicional se preocupa com a imposição de penas, mas não 
ampara a vítima. A justiça restaurativa tem como objetivo a 
resolução do conflito, em que a vítima terá o seu dano 
reparado, seja economicamente, moralmente ou outros 
mecanismos criados para o caso concreto. 
➢ Evitar a reincidência, a partir do processo de aceitação da 
sanção; 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
➢ Reflexão e pacificação social: a justiça restaurativa é um 
resgate da cultura africana, ou seja, quando a comunidade 
aceita aquela pena, há uma sensação de paz, assim como 
acontecia na cultura africana. 
Vale lembrar que só temos a justiça restaurativa nos juizados, com 
crimes de até dois anos, como, por exemplo, crimes contra a honra, danos e 
ameaças. 
Antimovimentos 
O antimovimento surgiu nos anos 80, nos EUA, encabeçado pelo 
prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giulliani. Sua ideia parte do “fixing broken 
Windows”, o qual pregava que a partir da contensão de pequenos crimes, 
evita-se crimes maiores. 
Foi realizado um experimento, onde foi colocado um veículo íntegro 
durante 15 dias em um bairro popular e violento de Nova Iorque. Ao final desse 
prazo, nada havia acontecido ao carro. Em seguida, repetiram a mesma 
experiência, sendo que desta vez com uma janela quebrada e o carro foi 
completamente saqueado. A partir dessa experiência, concluiu-se que deve 
haver uma intervenção máxima do Direito Penal, atuando sobre mínimas 
condutas, pois, com isso, se evitam grandes crimes. 
Por exemplo: prostituição, que não é crime, atrai bebida que atrai 
drogas. Por seu turno, a mendicância, que não é crime, atrai o furto, que atrai o 
roubo e atrai as drogas. 
O pensador Günther Jakobs trouxe o conceito do “Direito Penal do 
inimigo”. Ele diz que inimigos são aqueles que rompem o contrato social e, 
portanto, para ele, não deve ser aplicado o Direito Penal tradicional, mas sim o 
de guerra. Para ele, o Direito Penal protege apenas o contrato social, pois 
quando vamos para a justiça, já perdemos a honra, o patrimônio ou a vida. 
Atualmente são considerados inimigos: 
▪ Criminosos econômicos 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
▪ Terroristas 
▪ Crime organizado 
▪ Tráfico de drogas 
▪ Criminosos sexuais 
A pena privativa de liberdade terá duas funções no Direito Penal do 
inimigo: 
1. Prevenção especial negativa (neutralização); 
2. Função simbólica: demonstração do poder do Estado. 
Vai pregar penas privativas de liberdade mais longas. 
Princípios do Direito Penal 
O Direito Penal apresenta alguns princípios relacionados às suas 
missões. Aqui, trata-se das missões relacionados ao Direito Penal como um 
todo e não somente da pena. São eles: 
Exclusiva proteção de bens jurídicos: o Direito Penal brasileiro adotou a 
corrente defendida por Claus Roxin no sentido de entender que o Direito Penal 
serve para a proteção dos bens mais essenciais à sociedade, que são os bens 
jurídicos penais. Estes são encontrados na Constituição, que serve como fonte 
para o reconhecimento desses bens jurídicos penais e, também, como 
limitação ao poder de punir do Estado. Ou seja, a Constituição Federal serve 
para o cidadão e também para o infrator, representando uma faca de dois 
gumes. 
Há duas correntes antagônicas entre si: o funcionalismo teológico-
racional, que está ligado à exclusiva proteção de bens jurídicos (corrente 
vigente no Brasil) e o funcionalismo sistêmico. 
Funcionalismo Teológico-racional 
O funcionalismo teológico-racional é pregado por Roxin, a qual esta 
corrente, adotada no Brasil, enxerga o Direito Penal com a missão de proteger 
bens jurídicos. Mas o que representa a proteção de bens jurídicos? 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.21. A existência de um bem jurídico fundamenta a decisão política 
de criação de novos tipos penais. Nesse contexto, limita o 
legislador, pois é necessário um fundamento para criar tipos 
penais. A Constituição, portanto, reconhece a dinâmica social, 
em tese, sendo a fundamentação para a criação de tipos 
penais, de acordo com as necessidades sociais previstas na 
CF/88; 
2. A existência dos bens jurídicos penais possui também uma 
função sistematizadora, pois o legislador irá agrupar os crimes 
de acordo com os bens jurídicos que eles protegem. Por 
exemplo: aborto e homicídio está ligado ao bem jurídico vida; 
calúnia e injúria à honra; roubo e furto ao patrimônio, etc. 
Dessa forma, é uma maneira de sistematizar o Direito Penal, 
mas não é muito relevante; 
3. Função interpretativa do Código Penal. O sujeito só pode 
responder por dois crimes em situação de violação a mais de 
um bem jurídico penal, para evitar a dupla punição pelo mesmo 
fato. Essa dupla punição pelo mesmo fato está expresso como 
“bis in idem”. Por exemplo: a fé pública. Caracteriza-se pela 
credibilidade nos papeis (dinheiro, documentos). Imagine que 
alguém comete o crime de falsificação de moeda. O caput do 
art. 289 do Código Penal prever o crime de falsificar como um 
crime e o artigo 289, parágrafo primeiro, prever o crime de 
circular o dinheiro falsificado como outro crime. Contudo, o 
sujeito responderá apenas por um crime, pois é o mesmo bem 
jurídico. De modo oposto, se um sujeito mata duas pessoas, 
ele será julgado pelos dois crimes, já que são dois bens 
jurídicos tratando de um mesmo tema: a vida; 
4. Função processual. A depender do bem jurídico tutelado, o tipo 
de ação penal se modifica e a competência para o julgamento 
também. Ex: homicídio, diz respeito à vida, e é público. Já a 
injúria, que diz respeito à honra, é privado; 
5. Função limitadora do bem jurídico. Uma vez que, para criação 
de tipos penais, o legislador precisa reconhecer os bens 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
jurídicos mais relevantes e respeitar os limites impostos pela 
Constituição Federal. 
Funcionalismo Sistêmico 
O funcionalismo sistêmico foi teorizado por Günther Jakobs, o qual diz 
que a noção de bem jurídico é muito ampla, o que poderia levar a uma 
“espiritualização” do conceito, ou seja, tudo cabe no conceito de bem jurídico, 
deixando a sociedade sem limites ao poder de punir do Estado. Muito ampla no 
sentido de que dá para fundamentar as coisas mais absurdas, como, por 
exemplo, o Nazismo, o qual colocou a raça ariana como um bem jurídico a ser 
protegido. 
Segundo Jakobs, usar a noção de bem jurídico seria atestar que o 
Direito Penal representa uma proteção tardia, pois ele não garante nosso 
direito à vida, só atua quando há uma morte, da mesma forma que o Direito 
Penal não garante nosso direito ao patrimônio, na medida em que só atua 
quando há um roubo. Mas então, o que é que o Direito Penal protege? 
Simples: a própria vigência do sistema. O bem jurídico seria a norma 
penal. O agente, ao violar a norma, precisa de punição para a validação do 
próprio sistema. 
Intervenção mínima 
O Direito Penal, por ser uma esfera gravosa de intervenção, na esfera 
de liberdade do cidadão deve atuar de forma mínima, protegendo de forma 
subsidiária e fragmentária os bens jurídicos mais relevantes para a convivência 
em sociedade. É o “último ratio”. O princípio da intervenção mínima caracteriza-
se, portanto, em um princípio limitador do poder punitivo do Estado. É também 
responsável pela descriminalização, na medida em que o Direito Penal só 
tutela os bens considerados importantes e necessários à vida. Ou seja, com 
base nesse princípio e com a evolução da dinâmica social, o Direito Penal pode 
deixar de tutelar bens que agora não mais são tão importantes, configurando 
na descriminalização do ato. Por exemplo: adultério. 
Subsidiariedade 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
Está diretamente ligado com a intervenção mínima. O Direito Penal é 
subsidiário, ou seja, é chamado a interferir sobre comportamentos que os 
outros ramos do direito não são capazes de tutelar. Se for possível resolver os 
conflitos em outros ramos do direito, não precisa do Direito Penal. Este só 
atuará quando os outros forem incapazes de tutelar o problema. Com isso, o 
objetivo é não banalizar o Direito Penal. 
Fragmentariedade 
O ordenamento jurídico é formado por diversos ramos, cada um 
tutelando uma parcela de interesses, porém cada um desses ramos transfere 
ao Direito Penal determinada parcela de tutela que eles mesmos não são 
capazes de realizar. Ex: um sujeito falsifica assinatura de outro e abre uma 
empresa. Nesse caso, o Direito Comercial transfere esse fragmento ao Direito 
Penal. Ou seja, no ordenamento jurídico, ao Direito Penal cabe a menor 
parcela no que diz respeito à proteção dos bens jurídicos. Portanto, nem tudo 
lhe interessa, apenas uma pequena parte que, em tese, são os bens mais 
importantes e necessários à vida em sociedade. 
Princípios relacionados com o fato 
Materialização do fato 
O Direito Penal vai punir apenas condutas externas que violem bem 
jurídicos ou que, pelo menos, os coloque como ameaça. Nesse sentido, um 
crime passa por quatro etapas: cogitação, preparação, execução e 
consumação. Não é possível punir alguém apenas pela cogitação do crime, 
ainda que esta esteja escrita. 
Princípio da lesividade/ofensividade 
Se caracteriza por um limitador do poder punitivo do Estado. É preciso 
que a lesão ao bem jurídico seja relevante para ser tutelado pelo Direito Penal. 
Sabendo que o Direito Penal tem como missão a proteção dos bens jurídicos 
mais relevantes, o princípio da lesividade se apresenta como uma segunda 
etapa, ou seja, é necessário que a lesão a esses bens também seja relevante. 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
Nesse contexto, o princípio da lesividade esclarecerá as condutas que não 
poderão sofrer os rigores da lei penal. São elas: 
1. Ninguém pode punir as condutas que não sejam lesivas a bens 
de terceiros. Ex: autolesão ou tentativa de suicídio. 
2. Ninguém pode ser punido por aquilo que pensa ou por 
sentimentos pessoais, desde que estes não sejam exteriorizados. 
3. Não se pode punir o agente pelo o que ele é, mas sim e somente 
pelo o que faz. 
4. Não se pode punir por práticas que, embora desviantes para a 
moral, não afetam terceiros. Ex: não tomar banho, se tatuar, etc. 
Isso leva ao princípio da insignificância. 
Princípio da insignificância 
Um crime é composto por fato típico, pela ilicitude e pela culpabilidade. 
O fato típico, por sua vez, é composto pela conduta (dolo ou culpa), pelo 
resultado, pelo nexo de causalidade (entre e conduta e o resultado) e pela 
tipicidade (formal e conglobante, sendo esta última composta pela conduta 
antinormativa e pela tipicidade material). Nesse contexto, para que um fato seja 
considerado crime, é necessária uma análise formal, que é a verificação se a 
conduta humana se encaixa em algum fato previsto em lei. Além disso, é 
necessário avaliar o conceito material que é a análise da relevância da lesão 
ao bem jurídico protegido. Dessa forma, o princípio da insignificância atua no 
conceito material de crime, demonstrando que a lesão não é significante, ou 
seja, o conceito material afasta o crime. 
Por exemplo: João saía da garagem com pressa quando, sem querer, 
bateu em um pedestre causando-lhe um arranhão com leve sangramento. 
Analisemos o caso de acordo com as especificações ditas acima: Houve 
conduta culposa, houve nexo de causalidade, poislhe causou o arranhão e 
houve o resultado que foi o arranhão. Contudo, quanto à tipicidade, houve a 
formal, na medida em que há a previsão para o delito de lesão corporal de 
natureza culposa. Contudo, não houve a tipicidade material, já que a lesão é 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
considerada inexpressiva. Dessa forma, não houve tipicidade conglobante que, 
por sua vez, não houve tipicidade penal. Portanto, não houve crime. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Princípio da legalidade 
Está no art. 1º do Código Penal, que dispõe “não há crime sem lei 
anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. A lei é a única 
fonte do Direito Penal quando se quer proibir ou impor condutas sob a ameaça 
de sanção. 
O princípio da legalidade é como se fosse um “guarda-chuva”, pois ele 
abriga mais três desdobramentos: 
1. Princípio da reserva legal (legalidade em sentido estrito “stricto 
senso”) 
Crime 
 
Ilicitude Fato típico Culpabilidade 
Conduta (dolo ou 
culpa) 
Tipicidade 
Resultado Nexo de causalidade 
(entre a conduta e o 
resultado) 
Formal 
Conglobante 
Conduta 
antinormativa 
Tipicidade 
material 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
O princípio da reserva legal diz que apenas a lei pode definir o que é um 
crime e pode prevê uma pena. Medida provisória não pode definir crime, por 
exemplo, somente a lei. 
O art. 22, I, da Constituição Federal diz que é competência privativa da 
União para legislar em matéria penal. Nesse contexto, pouquíssimos assuntos 
são delegados aos estados membros. Exemplo deles são as faltas médias e 
leves. Assim, na Lei de Execução Penal está expresso que crimes graves 
compete à União, sendo ela a regra, e crimes médios e leves competem aos 
estados membros, sendo eles a exceção. 
Alguns doutrinadores questionam a ofensa ao princípio da legalidade por 
força da adoção das chamadas “leis penais em branco”. Essas leis são as que 
dependerão de um complemento para que seu sentido seja entendido. Nesse 
sentido, elas podem ser homogêneas ou heterogêneas. As homogêneas são 
as leis que retiram o seu complemento de uma fonte de mesma hierarquia. Por 
exemplo: art. 316, §1º, excesso de exação. Essa lei precisa de complemento 
no Código Tributário para ter sentido completo. Por seu turno, as heterogêneas 
são aquelas que retiram o seu complemento de uma fonte de hierarquia 
inferior. Por exemplo: Lei 11.343, art.28, Lei de drogas. Quem diz se a droga é 
ilícita é a portadoria da ANVISA. Nesse caso, o Código Penal precisa de um 
complemento em uma fonte hierarquicamente inferior a ele. 
A possível ofensa à reserva legal se daria com a utilização da lei penal 
em branco heterogênea, pois, com ela, a simples mudança no complemento 
afetaria a proibição da lei penal. Ou seja, no caso das heterogêneas, precisa 
realmente da lei? Exemplo disso é a Lei de drogas, que se a ANVISA tirar 
alguma droga do rol da ilicitude, automaticamente ela fica permitida, não 
precisando de uma lei para isso. 
 
 
 
 
Leis penais em branco 
Homogênea Heterogênea 
Leis que retiram o seu 
complemento de uma fonte 
de mesma hierarquia. Ex: 
excesso de exação. 
Leis que retiram o 
seu complemento de uma 
fonte de hierarquia 
inferior. Ex: Lei de drogas. 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
O princípio da reserva legal não impõe somente a existência de lei 
anterior ao fato cometido pelo agente, definindo as infrações penais. Obriga, 
ainda, que no preceito primário do tipo penal incriminador haja uma definição 
precisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, portanto, com base em 
tal princípio, a criação de tipos que contenham conceitos vagos ou imprecisos. 
Daí vem o princípio da taxatividade. 
2. Princípio da taxatividade 
O princípio da taxatividade diz que a lei penal deve ser sempre escrita e 
certa, ou seja, deve definir completamente o que se pretende incriminar, 
proibindo as incriminações vagas e indeterminadas. Alguns doutrinadores 
entendem que há afronta à taxatividade quando as leis penais se utilizam de 
expressões de conteúdo aberto. Por exemplo: lei de crimes contra o sistema 
financeiro nacional, art. 4º, gerir instituição financeira de forma temerária. 
Nesse sentido, o que seria temerário? Portanto, não é algo que define o crime. 
Outro problema é a adoção dos chamados “elementos normativos do 
tipo”. Estes, por sua vez, são palavras ou expressões que precisam ser 
valoradas no caso concreto. Ou seja, é necessário olhar caso a caso. 
Elementos: 
- Objetivos: descrevem. 
- Subjetivos: dolo e culpa. 
Alguns crimes trazem os elementos normativos e aí não dá para ser tão 
taxativo. Ex: art. 151 que trata da violação de correspondência, que diz que 
violação de correspondência é devassar indevidamente o conteúdo de 
correspondência fechada destinada a outrem. Dessa forma, o termo 
“indevidamente” é o elemento normativo. 
3. Princípio da anterioridade 
O princípio da anterioridade diz que a lei penal deve ser publicada antes 
da prática criminosa, em regra, não podendo ser aplicada a fatos anteriores. 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
Segundo a CF/88, art. 5º, em regra, a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu. 
 Fato Lei (novatio legis) 
 
A novatio legis, ou a lei nova, pode vir “in mellius”, quando vem para 
beneficiar o réu e, portanto, retroage; e “in pejus”, quando vem para prejudicar 
o agente e, assim, a lei não retroagirá. 
Ex: Lei 8072/90 
 1991 1994 1996 
 
 
 
 
 
 
Neste caso, a novatio legis foi “in pejus”. Assim, invoca-se o “tempus 
regit actum”, ou seja, o ato será julgado no tempo em que foi consumado. 
Portanto, a lei não retroagirá e o assassino de Daniela será julgado como não 
hediondo. 
Ex: Lei 6368/76 – Lei de drogas 
 Lei 6368/76 2004 Lei 11.343/06 
 
 
 
Aqui o crime de 
homicídio ainda 
não se 
encontrava no rol 
dos crimes 
hediondos. 
Daniela 
Perez é 
assassinada. 
Por força 
popular, o 
crime de 
homicídio se 
torna 
hediondo. 
Júri do 
assassino de 
Daniela. 
Usuário de drogas 
tinha como pena a 
prisão. 
Ocorre a prisão de 
um usuário. 
Com a novatio legis, o 
usuário deixou de ter 
como pena a prisão e 
passou a ter advertência, 
prestação de serviços e 
cursos obrigatórios. 
retroage 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
Aplicação da lei penal in mellius 
A lei que beneficia o agente deverá retroagir mesmo que haja sentença 
transitada em julgado, conforme o art. 2º, parágrafo único do Código Penal. 
Para a aplicação da lei benéfica a casos em que já houve trânsito em 
julgado, a competência será do juiz da vara de execuções penais. Há uma 
súmula que regula isso, a súmula 611 do STF. 
Crimes permanentes e crimes continuados 
 11/09 01/10 (lei nova) 27/11 
 
 
 
No caso de crimes continuados ou permanentes, a existência de uma lei 
penal nova, ainda que mais grave, mas durante a continuidade ou 
permanência, faz com que esta lei seja aplicada, pois o crime ainda está 
ocorrendo. Vale lembrar que o crime continuadonão é apenas um crime, mas 
sim a repetição de um padrão de comportamento, como, por exemplo, o serial 
killer. 
Combinação de leis penais e “tertia legis” 
 Crime – Lei A Julgamento – Lei B 
 
 
 
 
 
Crime 
Lei nova é 
aplicada 
Cessa crime 
Pena de 2 a 12 
anos de prisão 
Com a Lei B, 
pena passa para 
4 a 8 anos de 
prisão 
Tertia Legis: 
2 a 8 anos 
de prisão 
Juiz não pode legislar mesmo que 
mais favorável ao réu. 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
Para a resolução desse caso há dois desdobramentos: 
1. Incumbe a defesa decidir a lei que o juiz vai aplicar (doutrina minoritária); 
2. Juiz faz duas aplicações da pena: sentença segundo a Lei A e sentença 
segundo a Lei B e, ao final, ver qual é a mais benéfica (doutrina 
majoritária). 
Lei intermediária 
A lei intermediária é quando ela não estava em vigor ao tempo do crime, 
nem está em vigor ao tempo da sentença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vale ressaltar que retroagir e ultra-agir fazem parte da extra-atividade da 
lei penal, que é justamente a capacidade de retroação e ultra-ação. Ou seja, a 
lei penal, mesmo depois de revogada, pode continuar a regular fatos ocorridos 
durante sua vigência ou retroagir para alcançar aqueles que aconteceram 
anteriormente à sua entrada em vigor. 
Crime: 2 a 5 
anos de prisão. 
Lei B: 1 a 4 anos 
de prisão. 
Lei C: 1 a 5 anos 
de prisão. 
Lei A (Crime) 
Lei B Lei C (Sentença) 
A Lei B vai ultra-agir. 
A Lei B vai retroagir. 
Dessa forma, aplica-se a Lei B. Não aplica nem a lei em 
vigor no tempo do crime, nem a lei em vigor no tempo da 
sentença, mas a mais benéfica ao réu, neste caso, a lei B. 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
Abolitio Criminis 
Abolitio Criminis se configura na lei penal nova que não mais considera o 
fato como criminoso. Ou seja, é quando uma nova lei revoga a lei anterior. 
Quando isso acontece, se houver alguém respondendo pelo crime da lei 
anterior, ele não mais estará respondendo por esse crime – já que, pela novatio 
legis, o ato não é considerado mais crime – e, portanto, o processo terá que se 
encerrar. Ou seja, todos os efeitos penais desaparecem, valendo, inclusive, 
para as contravenções penais. 
O que acontece com os efeitos penais: 
1. Inquérito policial: passa a ser arquivado; 
2. Processo: passa a ser extinto; 
3. Cumprimento da pena: solta o preso; 
4. Reincidência: o réu passa a ser réu primário. 
Vale lembrar que os efeitos extrapenais ficam mantidos, por exemplo, se 
a vítima do “ex-crime” pede indenização por danos morais e lhe é concedida. 
Nesse caso, o réu continuará respondendo por danos morais, visto que este 
está no âmbito civil e não penal. 
Exemplo: 
Antes de 2009: 
Art. 213 CP: tratava o estupro como “conjunção carnal”, 
necessariamente agente homem e vítima mulher. 
Art. 214 CP: trata do ato violento ao pudor, o “ato libidinoso”, ou seja, 
qualquer ato fora da conjunção carnal. 
Lei 12.015/09: 
Art. 213 CP: o estupro passou a englobar a conjunção carnal e os atos 
libidinosos. 
Art. 214 CP: revogado. 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
Em relação ao art. 214 houve abolitio criminis? A resposta é não, pois 
ela apenas mudou de “endereço”, mas a conduta criminosa não foi abolida. 
Isso se chama “continuidade normativa do tipo”. 
Lei Excepcional ou Lei Temporária 
É um gênero da qual a lei excepcional é uma espécie. 
A lei excepcional é aquela que tem um prazo certo de vigência que é a 
duração de alguma situação peculiar. Ex: guerra, calamidade pública, etc. A lei 
temporária, por sua vez, é aquela que tem um prazo certo de vigência. Ex: lei 
geral da copa. O problema disso tudo é que os processos no Brasil são 
demorados e, para resolver isso, foi definido que para todos os fatos praticados 
durante a vigência da lei temporária, será ela a aplicada, pois ela é 
ULTRATIVA. 
Exemplo: 
 Lei A Lei temporária Lei A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obs: Alguns autores questionam a decepção ou não desse art. 3º pela 
CF/88, por conta da retroatividade da lei benigna. 
Furto: 1 a 4 anos 
de prisão. 
Ocorre o 
crime de furto com a 
lei temporária que 
define o furto com 2 
a 8 anos de prisão. 
Dia da 
sentença, mas a lei 
temporária já 
perdeu a sua 
vigência, voltando a 
pena do furto a ser 
1 a 4 anos de 
prisão. 
Réu será julgado de acordo com a lei temporária. 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
Princípios relacionados ao agente 
Princípio da responsabilidade subjetiva 
De acordo com este princípio, o agente só pode ser responsabilizado por 
um fato se ele o pratica em dolo ou culpa. Se não houve dolo ou culpa é sinal 
de que não houve conduta; não havendo conduta, não se pode falar em fato 
típico; e não existindo fato típico, não haverá crime. Portanto, os resultados que 
não foram causados a título de dolo ou culpa pelo agente não podem ser a eles 
atribuídos, pois a responsabilidade penal, de acordo com o princípio da 
culpabilidade, deverá ser sempre subjetiva. 
Obs: o dolo é a regra dos tipos penais e, excepcionalmente, alguns 
deles, admitem de forma culposa. 
 
 
 
 
Princípio da responsabilidade pessoal 
Este princípio diz que o sujeito deve ser responsabilizado pessoalmente 
pelos seus atos, não podendo lhe ser imputado o fato praticado por terceiro. 
Nesse sentido, desmitificamos um pensamento da maioria: se um menor 
praticar um crime, ele que responde penalmente e não os pais. Estes podem 
responder apenas no âmbito civil. 
Segundo a CF/88, art. 5º, XLV, a pena não passará da pessoa do 
condenado. Se alguém que contribua para o INSS é preso, o Estado dá um 
auxílio financeiro à sua família, justamente para não prejudicar a família em 
caso de prisão da pessoa que a sustentava, pois, de acordo com o princípio, a 
os efeitos penais não podem ser passados da pessoa do condenado. 
Princípio da igualdade 
Tipicidade 
Objetiva: conduta – resultado. 
 
Subjetiva: dolo ou culpa? 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Penal I – T2AEXTRA – 2017.2 
 
Consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, 
na medida das suas desigualdades. 
Ex: art. 5º da CF/88, XLVIII. 
Há, portanto, nos presídios, a separação por delito, idade e sexo. Há, 
contudo, a discussão se deveria se separar por sexo ou por gênero. 
Ex: art. 5º da CF/99, L, que diz que para as presidiárias serão 
asseguradas condições para permanecerem com seus filhos no período de 
amamentação. 
Princípio da culpabilidade 
A palavra culpabilidade deve ser usada com cuidado, pois há diversos 
sentidos no direito penal. Nesta oportunidade, culpabilidade significa grau de 
reprovação da conduta, ou seja, o juiz, ao aplicar a pena, deve avaliar a 
reprovabilidade de cada um dos seus comportamentos. Nesse sentido, uma 
vez concluído que o fato praticado pelo agente é típico, ilícito e culpável, 
podemos afirmar a existência da infração penal. Deverá o julgador, após a 
condenação, encontrar a pena correspondente à infração penal praticada, 
tendo sua atenção voltada para a culpabilidade do agente como critério 
regulador.

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