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1 Conceitos em ética e bioética

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Prévia do material em texto

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
1 
Projeto Pós-graduação 
Curso Gestão Hospitalar 
Disciplina Bioética em Serviços Hospitalares 
Tema 01 Conceitos em Ética e Bioética 
Professor João Luiz Coelho Ribas 
 
Introdução 
A evolução da gestão de unidades hospitalares está diretamente ligada 
à história e à evolução da Medicina, à concepção da unidade hospitalar e à 
evolução dos conceitos éticos e bioéticos. 
Portanto, esta disciplina tem como objetivo principal possibilitar um 
intercâmbio entre a ética e bioética hospitalar e a função do gestor nesse meio, 
com seus anseios e suas dificuldades. 
Nesse tema, acompanharemos a evolução da bioética desde a sua 
concepção até o seu estado nos dias atuais, entrelaçando seus conceitos e 
conhecimentos com o nosso dia a dia, os nossos conhecimentos, as nossas 
dificuldades e incertezas. 
Para mais detalhes, não deixe de assistir ao vídeo de introdução do 
professor João. 
Problematização 
Imagine que chegou ao seu conhecimento no Comitê de Ética da 
instituição em que você trabalha, para sua avaliação e conduta, a seguinte 
situação: há muitos anos, um barco afundou ao se chocar contra um iceberg. 
Um dos botes salva-vidas estava cheio e vazando, e para reduzir a carga, 
jogaram 14 homens ao mar. Duas irmãs de homens que foram jogados 
também se atiraram. 
Os critérios utilizados foram que casais não seriam separados e todas as 
mulheres seriam preservadas. Dessa forma, todos os que ficaram no bote 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
2 
salvaram-se e o marinheiro foi o único membro da tripulação processado por 
homicídio. 
O juiz disse que o certo seria terem sorteado as pessoas a serem 
salvas, sendo sua sentença a seguinte: “Em nenhuma forma, além desta 
(sorteio) ou outra similar, eles teriam direitos iguais em bases iguais, e em 
nenhuma outra forma é possível resguardar contra a parcialidade e opressão, 
violência e conflito”. 
A sentença do juiz foi criticada, baseada no argumento de que essa 
situação de crise envolvia uma “aposta” muito alta para ser simplesmente 
resolvida com uma “jogada”, e as responsabilidades eram muito grandes para 
serem deixadas a cargo do destino. 
Agora você precisa emitir um parecer sobre o fato. Então, o que você 
faria? 
Para Início de Conversa 
O fator primordial do novo gestor hospitalar não é se preocupar somente 
com a administração geral do hospital, mas também com cada detalhe que 
acontece na sua unidade, na recepção, no consultório do médico, no posto de 
enfermagem, no quarto do paciente e, especialmente, como estão seus 
recursos humanos e a qualidade dos seus profissionais, de forma a equilibrar 
as atividades administrativas e assistenciais. 
Nessa complexa e multifacetada organização de saúde surge a Bioética 
Hospitalar, de caráter essencial e presença obrigatória nos dias atuais em cada 
canto do hospital e em cada mente profissional. 
Em meio às discussões de moral, ética, leis e princípios e com o rápido 
desenvolvimento tecnológico, houve excepcional desenvolvimento do método 
científico, o qual buscava provar que tudo o que, até então, era observado 
empiricamente era de fato real e cientificamente existente. Discussões cada 
vez mais acaloradas surgiram a respeito da vida e da sua manipulação por 
meio de experimentação, o que culminou na forma de diagnóstico e tratamento 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
3 
que utilizamos hoje. 
Para ilustrar a discussão ética referida anteriormente, assista ao vídeo “Uma 
reflexão sobre a complexa relação entre ética e desenvolvimento científico”, o 
qual está disponível no link: <http://www.youtube.com/watch?v=g9Pmavlq 
1S0>. 
E a nossa formação ética e bioética como está? 
Quando pensamos hoje em ética, especialmente associada à área da 
saúde, pensamos automaticamente no contato que tivemos durante o nosso 
desenvolvimento profissional, mais especificamente durante a nossa formação 
universitária. 
O problema é que na grande maioria das vezes em que vivenciamos 
qualquer discussão envolvendo ética, esta estava muito provavelmente inserida 
em uma matéria, em um caso clínico ou em algo que talvez estivesse na mídia 
e que indignava a nós e aos nossos professores. 
De fato o que nos falta – digo isso a todos nós profissionais que de uma 
forma ou de outra estamos envolvidos com a saúde, o bem-estar e a melhora 
ou manutenção da qualidade de vida de nossos pacientes – é o 
desenvolvimento de um raciocínio bioético que deveria nos capacitar para o 
que hoje chamamos de “bioética ao pé do leito”, ou seja, decisões que 
precisamos tomar (e na maioria das vezes não temos a escolha de pedir a 
opinião a um colega) e que podem colocar em jogo o que acreditamos e, 
especialmente, colocar em jogo o diploma e a competência que exibimos. 
Infelizmente, apesar de a ética ser ampla e nos trazer desafios diários, 
muitas universidades restringem-se a transmitir conhecimento ético na 
disciplina de Deontologia e não no desenvolvimento do raciocínio ético, pois 
em Deontologia, na maior parte das vezes, aceita-se e não se discute, diferente 
da ética que, geralmente, discute-se, mesmo que não cheguemos a uma 
unidade. 
No entanto, qual é, de fato, a grande diferença entre ética, bioética e 
 
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4 
deontologia e qual a relação com a gestão hospitalar? Ficou curioso e quer 
saber a resposta? Basta acessar o vídeo no material digital e ver a resposta 
com o professor João. 
Em termos de definição temos: 
 Ética – estuda fatos referentes à conduta humana, suscetível de 
qualificação do ponto de vista do bem e do mal a um determinado tempo 
e sociedade (FERREIRA, 2004). 
Assim, a ética diz respeito aos princípios e valores morais que 
direcionam a nossa conduta perante a sociedade para não haver prejuízos a 
ninguém. 
 Bioética – tem como objetivo enfatizar o conhecimento biológico e os 
valores humanos, incluindo a visão, a decisão, a conduta e as normas 
morais das ciências da vida e dos cuidados com a saúde, em um 
contexto multidisciplinar, garantindo o respeito à pessoa humana desde 
o início de sua vida até o término dela (POTER, 1971, p. 127). 
Portanto, sua finalidade é de nos auxiliar a participar racional e 
cautelosamente no processo da evolução biológica e cultural. 
 Deontologia – são regras fixadas por uma categoria profissional, tendo 
um papel regulador da ação profissional, para que esta seja exercida 
adequadamente de acordo com o momento histórico social, 
estabelecendo condutas e punindo transgressões (LUCATO; FRANÇA, 
2007). 
Lembrando que, além desses conceitos, outros dois são essenciais 
neste processo e valem a pena ser mencionados: é o de moral e o de lei, de 
acordo com Ferreira (2004): 
 Moral – do latim morale, “relativo a costumes”. Conjunto de regras de 
conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para 
qualquer tempo ou lugar, quer para um grupo ou pessoa determinada. 
 Lei – regra de direito ditada por uma autoridade estatal (elaborada e 
 
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5 
votada pelo poder legislativo) e se tornando obrigatória para manter a 
ordem e o desenvolvimento em uma determinada comunidade. 
O que você acha de ilustrarmos com um exemplo os conceitos de moral, 
ética e lei? Seria interessante, não é mesmo? Para isso, vá até o material 
digital e não perca o vídeo do professor João. 
Vale lembrar que quando falamos de ética, assim como de lei, elas são 
influenciadas de forma decisiva pela cultura de um povo e a época histórica 
que esse povo está vivendo. Assim,podemos notar que suas “normas” e 
“regulamentações” não são de forma alguma estagnadas, sendo alteradas 
sempre que exista uma situação, ou uma sequência de fatos, que pode levar 
Estado, País ou Organizações a promoverem discussões e mudanças éticas 
sobre certo tema em um contexto determinado. Um exemplo recente dessa 
aplicação para os padrões da bioética foi a legalização do aborto de fetos 
anencéfalos no Brasil, em 2012. 
Discussões gerais a respeito do aborto de fetos anencéfalos podem ser 
visualizadas no site: <http://www.estadao.com.br/noticias/geral,em-decisao-
historica-stf-decide-que-aborto-de-feto-anencefalo-nao-e-crime-imp-,860498>. 
Sempre devemos salientar que, muito além do que qualquer discussão, 
a ética é de fato e direito uma responsabilidade de todos, ou seja, é mais do 
que uma responsabilidade pública, é responsabilidade minha, sua de nosso 
colega, de nosso vizinho, enfim, de todos. Garrafa (2005) ilustra muito bem isso 
afirmando que a ética pode ser analisada sob três aspectos fundamentais: a 
responsabilidade individual, pública e coletiva. 
 Ética da responsabilidade individual: refere-se ao papel e ao 
compromisso que cada um de nós tem de nós mesmos e de nossos 
semelhantes, moldadas por ações individuais, coletivas, públicas ou 
privadas; 
 Ética da responsabilidade pública: diz respeito essencialmente ao 
papel e aos deveres do Estado não só em relação a temas como a 
 
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cidadania e os direitos humanos, mas também ao cumprimento das 
resoluções que versam diretamente e especialmente sobre saúde e 
vida; 
 Ética da responsabilidade planetária: diz respeito à preservação dos 
ecossistemas e da natureza como um todo. Responsabilidade individual 
do Estado enquanto política de governo e de todas as nações mundiais. 
Enfim, Garrafa (2005) quer nos chamar a atenção para a necessidade 
do compromisso e da responsabilidade e, ao mesmo tempo, da liberdade e da 
consciência. Por isso a imediata necessidade do desenvolvimento do raciocínio 
ético e bioético, não somente em nós profissionais de saúde, mas também na 
população em geral, para que todos possam usufruir igualmente de seus 
direitos e deveres. 
Vamos conversar sobre bioética? 
Um dos grandes problemas da bioética é definir de fato e direito sua 
área de abrangência. Da forma com que se apresenta atualmente, a bioética é 
uma instância de juízo e, mesmo englobando aspectos normativos, não é uma 
deontologia, mas sim uma prática que está em contato direto com as 
determinações da ação no ramo da biologia da vida. Em outras palavras, 
bioética são os conceitos, as normas e os argumentos que dão valor e 
justificam do ponto de vista ético os nossos atos, os quais podem ter efeitos 
irreversíveis sobre a vida. 
Todos nós concordamos que bioética “envolve a ética da vida”, mas 
temos o desafio de definir onde de fato iniciam-se as discussões bioéticas e 
onde elas terminam. 
É fácil pensarmos que essas discussões em relação à vida humana 
iniciam-se onde a vida inicia e terminam onde ela termina, mas, de fato, onde 
se dá o início e o término da vida? Não se preocupe que o professor João vai 
explicar isso e tirar sua dúvida, basta acessar o material digital e assistir ao 
vídeo. 
 
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7 
Em termos históricos, todas essas concepções e discussões 
iniciaram-se em 1970, quando o termo “bioética” foi pela primeira vez utilizado. 
Quem fez essa inserção foi o pesquisador americano Van Rensselaer Potter, 
em seus trabalhos sobre bioquímica oncológica. 
No entanto, em termos históricos, alguns historiadores defendem que 
esse termo já teria sido utilizado em 1927 por um pastor protestante, filósofo e 
educador, com o objetivo de descrever as relações éticas humanas com 
animais e plantas. 
De qualquer forma, independentemente de quando foi primariamente 
utilizada, a bioética nunca pretendeu estar somente entre as discussões e 
ações de profissionais de saúde, juristas, filósofos, religiosos e pesquisadores 
em geral, mas sim fazendo parte de toda a sociedade, pois a bioética trata, em 
última análise, da preservação da vida, o que de fato interessa a todos os seres 
humanos. 
Sendo assim, cabe a nós colocarmos em mente que o verdadeiro 
enfoque da bioética é de fato a interdisciplinaridade, o pensar diferente, a 
integração e a corresponsabilidade na integração entre áreas. 
Portanto, o modelo de bioética foi fundamentado (e ainda são seus 
pilares de inserção) em um modelo de complexidade e leva em consideração 
vários aspectos em sua formação e orientação à tomada de decisão. Entre 
esses aspectos que configuram a diversidade de abrangência e o fundamento 
da bioética, podemos citar: 
 aspectos culturais; 
 aspectos políticos; 
 aspectos psicológicos; 
 aspectos educacionais; 
 aspectos científicos; 
 aspectos econômicos; 
 
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 aspectos espirituais; 
 aspectos profissionais; 
 aspectos assistenciais; 
 aspectos biológicos; 
 aspectos sociais; 
 aspectos morais; 
 aspectos legais. 
Com certeza essa rica complexidade de aspectos que integra a bioética 
faz com que ela, por si só, não tenha consequentemente uma definição 
simples, mas diversa, como ilustrada a seguir por teóricos que tentam definir e 
conceitualizar a bioética. 
 Potter: “Eu proponho o termo Bioética como forma de enfatizar os dois 
componentes mais importantes para se atingir uma nova sabedoria, que 
é tão desesperadamente necessária: conhecimento biológico e valores 
humanos” (POTTER, 1971); 
 Reich: “Estudo sistemático da dimensão moral – incluindo a visão, 
decisão, conduta e normas morais – das ciências da vida e dos cuidados 
à saúde, empregando uma variedade de metodologias éticas em um 
contexto interdisciplinar” (REICH, 2004); 
 Ramos: “A bioética como parte da ética, ramo da filosofia que enfoca as 
questões referentes à vida humana e, portanto, à saúde. Ambiciona 
contribuir para um desenvolvimento controlado das ciências da vida, 
garantindo o respeito da pessoa humana e dos valores democráticos 
essenciais. A bioética, como objetivo de estudo, também trata da morte, 
que é inerente à vida” (RAMOS, 2007). 
Independentemente da forma, do termo, ou do conceito usado, em 
última análise, todos concordam que a discussão magma da bioética é: até que 
ponto nós temos o direito de manipular, em qualquer fase da vida, outros seres 
 
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9 
humanos, animais e plantas de forma muitas vezes grosseira, incrédula e 
desrespeitando seus direitos e suas escolhas. 
Em relação a discussões sobre bioética, sua origem e seus conceitos, 
leia os artigos “Bioética: origens e complexidade”, no link: 
<http://www.bioetica.ufrgs.br/complex.pdf>, e “Bioética”, no link: 
<http://www.scielo.br/pdf/reben/v57n5/a20v57n5.pdf>. 
Princípios e Desafios da Bioética 
Antes mesmo de começar sua leitura a respeito do assunto, procure no 
seu material digital o vídeo do professor João, o qual explicará um pouco sobre 
os princípios e os desafios da bioética. 
Desde o surgimento das definições de Bioética fez-se necessário o 
estabelecimento de um caminho mais concreto para se analisar os casos e os 
problemas éticos relacionados à assistência à saúde sob o prisma da bioética. 
Para tal intuito, em 1979, os norte-americanos Tom Beauchamp e James 
Childress publicaram um livro denominado “Princípios da Ética Biomédica”. 
Esse livro expressa e fundamenta os principais pilares da bioética, 
norteando os profissionais da área da saúde à forma e açãofrente às 
discussões, especialmente as que envolvem a saúde e o bem-estar de seus 
pacientes. A esses pilares da bioética, Beauchamp e Childress deram o nome 
de princípios básicos da bioética, são eles: 
 beneficência; 
 não maleficência; 
 respeito à autonomia; 
 justiça. 
Siqueira (2008) chama a nossa atenção ao dizer que “todos os dilemas 
bioéticos, sob o prisma dos quatro princípios, passaram a ser exercício rotineiro 
em tomadas de decisões ao pé do leito. Além do que, antes de qualquer 
 
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10 
tomada de decisão devemos considerar indispensável a realização de uma 
ampla reflexão sobre os valores e condutas a serem adotados, após ampla 
deliberação entre profissional de saúde e paciente, para que as mesmas 
assegurem ser as mais prudentes possíveis”. 
O princípio da beneficência 
De acordo com esse princípio, especialmente quando estamos falando 
da área da saúde, temos a obrigação moral de agir sempre em benefício do 
outro. Esse princípio orienta-nos, de forma clara e precisa, a sempre fazer o 
melhor ao nosso paciente, independentemente de sua condição física, social e 
cultural, sempre focando a minimização de riscos e a maximização dos 
benefícios, independentemente do tratamento ofertado. 
O princípio da não maleficência 
Esse princípio nos diz que não devemos causar qualquer tipo de dano 
ao paciente, e isso é mais do que uma exigência bioética, é uma exigência 
moral de todo profissional de saúde. 
Vale a pena ressaltarmos que muito mais do que não causar o mal, a 
falta desse princípio pode ser vista como uma situação de prática negligente, e 
sempre quanto maior o risco de causar dano, maior e mais justificado deve ser 
o objetivo do procedimento para que este possa ser considerado, sem 
relutância alguma, um ato bioeticamente correto. 
O princípio de respeito à autonomia 
O respeito à autonomia é um dos pilares mais importantes da bioética. 
Sob esse prisma, a pessoa tem o direito de decidir fazer ou buscar o que julga 
melhor para si, sem a interferência de quem quer que seja. Cabe ao 
profissional de saúde, nesse caso, por exemplo, auxiliar o paciente a superar 
seus medos e sentimentos, fornecendo subsídios para que ele possa classificar 
suas preferências e seus valores, e discutir suas opções, seus riscos e 
benefícios. 
 
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Entretanto, ao final, somente a própria pessoa deve decidir, pois ela 
sabe o que de fato é melhor para si naquele determinado momento. Caso a 
escolha seja por não aceitar um tratamento medicamentoso e/ou cirúrgico, 
essa decisão deve ser respeitada. 
Para essa situação existem sim algumas exceções como: 
 a incapacidade, especialmente quando falamos de crianças e 
adolescentes, devendo os pais ou responsáveis exercerem esse 
princípio para tais indivíduos; 
 a incapacidade por perda de consciência nas patologias neurológicas e 
psiquiátricas graves; 
 em situações de urgência, devido ao fato de precisar agir rápido; 
 a obrigação legal de notificação de doenças, cuja notificação é 
compulsória; 
 quando existe um grande risco para saúde de outra pessoa, cuja 
identidade é conhecida; 
 quando o indivíduo recusa-se, sem maiores explicações, a ser informado 
e participar das decisões e evolução de seu caso. 
Assim sendo, para que o indivíduo possa exercer essa 
autodeterminação, são necessárias sempre duas condições fundamentais: a 
capacidade de agir intencionalmente – o que pressupõe o decidir 
coerentemente com a sua vontade entre alternativas que lhe são 
apresentadas – e a liberdade, no sentido de que sua decisão deve ser livre de 
qualquer influência, especialmente por parte do pesquisador e do profissional 
de saúde, por mais que este pense ser o melhor caminho a ser escolhido pelo 
indivíduo. 
O princípio da justiça 
Esse princípio está associado basicamente às relações entre grupos. Na 
área de saúde, agimos de acordo com ele quando possibilitamos, por exemplo, 
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integralmente a igualdade de oportunidade de acesso aos benefícios que 
emergem da necessidade de uma ampla e irrestrita distribuição justa da 
assistência à saúde individual e coletiva. 
Agora, para aprofundar ainda mais seus conhecimentos sobre os 
princípios apresentados, recomendamos a leitura dos artigos “Princípios da 
Bioética”, no link: <http://www.pucrs.br/bioetica/cont/joao/
principiosdebioetica.pdf> e “Bioética: princípios ou referenciais?”, 
no link: <http://www.saocamilo-sp.br/pdf/
mundo_saude/41/20_bioetica_principio.pdf>. 
O que você acha de fazer uma revisão sobre os principais conceitos da 
bioética? Então, assista ao documentário que se encontra neste link: 
<http://www.youtube.com/watch?v=2WxU80MLcDY>. 
Revendo a Problematização 
Muito bem! Agora chegou a hora de você responder sobre o caso 
apresentado no início do material, lembra-se dele? Era sobre um barco que 
afundou e como o bote estava cheio e vazando jogaram 14 homens ao mar, 
está lembrado agora? Caso queira rever o problema antes de responder, 
acesse o material digital e assista ao vídeo. 
Opção 1: apoiaria a decisão judicial visto que, de fato, o critério 
do sorteio das pessoas que seriam lançadas ao mar era o mais justo, pois não 
se podia, nessa situação, decidir pelo fim da vida de um ou outro de 
forma racional. 
Opção 2: concordaria com a decisão judicial, lembrando que esse caso 
especificamente trata-se, em última análise, de um caso de eutanásia 
voluntária, no qual se causou a morte “apropriada” de pessoas mais 
fracas, debilitadas ou em sofrimento, justificada pelos critérios de escolha das 
pessoas que foram atiradas ao mar. 
Opção 3: aceitaria a conduta do juiz, mas disporia que ninguém deveria 
ter sido processado pelas mortes, pois certamente houve um consenso racional 
 
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13 
quanto aos critérios de “seleção” das pessoas a serem atiradas ao mar. 
Acesse o material on-line e confira o feedback comentado das 
alternativas. 
Síntese 
Neste tema, observamos como que o raciocínio bioético vai se 
desenvolvendo e a evolução de seus conceitos e suas definições, 
especialmente quando aplicados os princípios da bioética, pilares essenciais ao 
desenvolvimento do tema. 
Ainda não acabou, vá ao material digital e encontre o vídeo de síntese 
do professor João para mais algumas informações do que vimos hoje sobre a 
bioética, a qual é muito importante para o seu futuro. 
 
 
 
 
 
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14 
Referências 
BEAUCHAMP, T. L.; CHILDRESS, J. F. Princípios de Ética Biomédica. 4. ed. 
São Paulo: Loyola, 2002. 
COHEN, C.; FERRAZ, F. C. Direito humano ou ética das relações?. In: 
Bioética. 3. ed. São Paulo: Edusp, 2002. 
CONEP. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Disponível em: 
<http://conselho.saúde.gov.br>. Acesso em: jun. 2015. 
FERREIRA, A. B. H. Dicionário Eletrônico. Curitiba: Positivo, 2004. 
GARRAFA, V. Introdução à Bioética. Revista do Hospital Universitário 
UFMA, São Luís, v. 6, n. 2, p. 9-13, 2005. 
GUILHEM, D.; DINIZ, D. A ética na pesquisa no Brasil. In: DINIZ, D.; 
GUILHEM, D.; SCHUKLENK, U. Ética na Pesquisa. Brasília: Letras 
Livres/UNB, 2005. 
LIMA, W. M. Bioética e Comitês de Ética. Conep, 2004. 
POST, S. T. Introduction. Encyclopedia of Bioethics. 3. ed. 2004. 
POTTER, V. R. Bioethics: Bridge To The Future. Englewood Cliffs: Prentice 
Hall, 1971. 
RAMOS, D. L. P.; CRIVELLO JUNIOR, O. Fundamento da Odontologia: 
Bioética e Ética Profissional. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 2007. 
SIQUEIRA, J. E.; ZOBOLI, E.; KIPPER, D. J. Bioética clínica. São Paulo: 
Gaia, 2008. 
 
 
 
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Atividades 
 Quando falamos em ética, estamos relacionando especialmente o 
estudo dos fatos referentes à conduta humana, um pouco diferente da 
moral que relaciona os costumes e a lei, que aborda as regras 
determinadas por uma autoridade estatal. Sobre esse item, denomine o 
que se relaciona à ética, à moral ou à lei. 
a. Em um caso de assassinato, o ato das pessoas saberem que não 
devemos tirar a vida de uma pessoa pode-se relacionar ao conceito de 
ética. 
b. Quando o assunto matar ou não matar é discutido por uma população 
dentro de uma sociedade, podemos relacioná-la à lei. 
c. No caso em que um político foi preso devido a uma conduta inadequada 
com o dinheiro público, estamos frente a uma questão de lei. 
d. Um cirurgião encontrou uma gaze no abdômen de seu paciente, a qual 
foi esquecida por um colega seu em uma cirurgia anterior. Para não 
causar problemas ao seu colega, jogou a gaze sem que ninguém visse. 
Nesse caso de acobertamento, podemos relacioná-lo à lei. 
 Um homem com 82 anos de idade, lúcido e ativo, procura atendimento 
em uma unidade de saúde queixando-se de fraqueza e fadiga, vômito 
sanguinolento e perda de peso constante. Durante os exames, 
detectou-se nesse senhor um câncer em estágio avançado. A filha do 
idoso pede à equipe de saúde que não informe o diagnóstico ao 
paciente, por motivos pessoais e familiares. Observando-se os princípios 
da bioética, que procedimento a equipe de saúde deveria realizar? 
a. Observando o princípio da justiça, eles não deveriam contar nada ao 
paciente, visto se tratar de um senhor de 82 anos, o que poderia piorar 
o seu quadro clínico. Sendo assim, seria mais justo dizer que se 
 
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tratava, por exemplo, de uma úlcera em formação. 
b. Observando o princípio do respeito à autonomia, o paciente tem o 
direito de saber de seu diagnóstico e os possíveis agravos à sua 
saúde que um câncer pode lhe trazer. Ele tem a autonomia de querer 
ou não o tratamento e o prolongamento de sua vida por métodos 
muitas vezes invasivos, os quais serão necessários nesse caso. 
c. Observando o princípio da beneficência, a equipe não deve contar o 
diagnóstico, visto se tratar de um caso possivelmente sem solução, no 
qual o melhor tratamento possivelmente seria não tratar. 
d. Observando o princípio da não maleficência, o ideal seria não contar, 
pois contar poderia agravar mais o quadro. 
 A Bioética apareceu no início dos anos 1970, não como mais uma 
disciplina a fazer parte dos currículos acadêmicos ou como um simples 
avanço da deontologia, mas como um verdadeiro movimento cultural 
que tem como amplo objetivo estudar a ética referente às novas 
situações relacionadas à vida e à morte das pessoas. O extraordinário 
progresso alcançado pela biologia e pela medicina nos últimos anos 
ocasionou transformações no próprio modo de viver e de morrer da 
humanidade. Sobre bioética, está correta a afirmação: 
a. A bioética, por ser uma normativa, possui papel de justiça, uma vez 
que fornece as bases para imputação de responsabilidade aos que a 
violam. 
b. A bioética diz respeito somente às situações proporcionadas pelos 
avanços em saúde adquiridos nas últimas décadas. 
c. A visão bioética tem seu foco em compromissos globais frente ao 
equilíbrio, à preservação do ambiente e à relação homem/natureza. 
 
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d. A bioética engloba a deontologia, mas não se limita a ela, pois esta se 
estende muito além dos problemas deontológicos na relação entre 
homem e profissional. 
 Imagine a seguinte situação: você está de plantão em uma das noites 
mais agitadas em um hospital público de sua região. Várias pessoas 
estão à espera de atendimento, pois falta estrutura para atender altas 
demandas por falta de profissionais. Todos que estão de plantão fazem 
o possível para conseguir atender, porém, quanto mais atendem, mais 
pessoas chegam em diferentes estágios de gravidade. Um dos 
pacientes que chegaram era seu irmão, estava com uma forte dor de 
estômago, de gravidade relativamente baixa. Apesar de você saber que 
a gravidade era baixa, tomou a decisão de: 
a. Passá-lo na frente, pois nada mais justo (observando o pressuposto da 
justiça) do que auxiliar seu irmão em um momento desses. 
b. Passá-lo na frente, pois a família sempre em primeiro lugar. 
c. Não passá-lo na frente observando o pressuposto da equidade. 
d. Não passá-lo na frente descaradamente, pois iria “pegar mal”, mas 
colocá-lo em uma sala e pedir para que um colega seu o atendesse. 
 Vários autores tentaram, ao longo dos anos, definir a bioética, porém, 
cada um tem a acrescentar um ao outro. Portanto, em termos gerais, 
podemos definir bioética como sendo: 
a. Um conjunto de leis que se tornam obrigatórias para manter a ordem e 
o desenvolvimento em uma determinada comunidade. 
b. O estudo dos costumes de uma determinada sociedade, válidas para 
um grupo ou pessoa determinada. 
c. O estudo da moralidade da conduta humana, relacionando-se a tudo 
 
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onde existe vida, e compreendendo desde o momento de seu 
surgimento até a sua finalização. 
d. O estudo de todas as formas de seres vivos e inanimados. 
Acesse o material on-line para ver as repostas das alternativas.

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