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ESCOLAS E TENDÊNCIAS PENAIS
DEFINIÇÃO: “CORPO ORGÂNICO DE CONCEPÇÕES CONTRAPOSTAS SOBRE A LEGITIMDMIDADE DO DIREITO DE PUNIR, SOBRE A NATUREZA DO DELITO E SOBRE O FIM DAS SANÇÕES.”
ESCOLA CLÁSSICA
 A denominação “escola clássica” foi dada pelos positivistas, com sentido negativo. Essa doutrina de conteúdo heterogêneo se caracteriza por sua linha filosófica, de cunho liberal e humanitário. 
 Tem origem na filosofia grega antiga, que sustentava ser o direito afirmação da justiça, no contratualismo e, sobretudo no jusnaturalismo. Os postulados basilares dessa escola são:
A – o Direito tem uma natureza transcendente, segue a ordem imutável da lei natural: O Direito é congênito ao homem, porque foi dado por Deus à humanidade desde o primeiro momento de sua criação, para que ela pudesse cumprir seus deveres na vida terrena. O direito é a liberdade. Portanto, a ciência criminal é o supremo código da liberdade, que tem por objeto subtrair o homem da tirania dos demais e ajudá-lo a livrar-se da tirania de si mesmo e de suas próprias paixões. O Direito Penal tem sua gênese e fundamentos na lei eterna da harmonia universal;
B - o delito é um ente jurídico, já que constituiu a violação de um direito. Ou seja: o delito é definido como infração. Nada mais que a relação de contradição entre o fato humano e a lei;
C – a responsabilidade penal é lastreada na imputabilidade moral e no livre- arbítrio humano;
D – a pena é vista como meio de tutela jurídica e como retribuição da culpa moral comprovada pelo crime. O fim primeiro da pena é o restabelecimento da ordem externa na sociedade, alternada pelo delito. Em consequência, a sanção penal deve ser aflitiva, exemplar, pública, certa, proporcional ao crime, célere e justa;
E – o método utilizado é o dedutivo ou lógico-abstrato;
F – o delinquente é, em regra, um homem normal que se sente livre para optar entre o bem e o mal, e preferiu o último;
G – os objetos de estudo do Direito Penal são o delito, a pena e o processo. O delito foi conceituado por Carrara como sendo “a infração da lei do Estado, promulgada para proteger a segurança dos cidadãos, resultante de um ato externo do homem, positivo ou negativo, moralmente imputável e politicamente danoso”. Para que se possa atribuir a alguém a prática de um delito são necessários os requisitos seguintes: imputabilidade moral (o homem deve ter dado causa material e moral voluntária ao delito); imputável ao agente enquanto conduta reprovável; danosidade social e legalidade penal.
As ideias clássicas encontraram eco no famoso Código Zanardelli de 1889, “típica expressão de uma concepção liberal moderna que reconhecia a livre realização dos direitos individuais, mas sabia também tutelas a autoridade do Estado”.
ESCOLA POSITIVA
Com o despontar da filosofia positivista e o florescimento dos estudos biológicos e sociológicos, nasce a escola positiva. Essa escola, produto do naturalismo, sofreu influências das doutrinas evolucionistas (Darwin, Lamarck); materialista (Buchner, Haeckel e Molenschott); sociológica (Comte, Spencer, Ardig, Wundt) ; frenológica (Gall) ; fisionômica (Lavater) e ainda dos estudos de Villari e Cattaneo. 
A orientação positivista – de caráter unitário e cosmopolita – apresenta três grandes fases, tendo cada qual um aspecto predominante e expoente máximo.
São elas: a) fase antropológica: Cesar Lombroso (L’uomo delinquente, 1876); b) fase sociológica: Enrico Feri (Sociologia criminale, 1892); c) fase jurídica: Rafael Garofalo (Criminologia, 1885). 
Ao primeiro deve-se o ensinamento de que o homem não é livre, mas sim determinado por forças inatas, a aplicação do método experimental no estudo da criminalidade e a teoria do criminoso nato, segundo a qual o delinquente é um primata ressuscitado por um fenômeno de atavismo. Após descobrir entre criminosos submetidos a exame clínico um grande número de indivíduos portadores de certas anomalias – anatômicas, fisiológicas e psicológicas- , que os tornam inaptos à vida social- estes foram denominados criminosos natos (expressão de Ferri).
Todas essas anomalias da constituição orgânica e psíquica do homem delinquente produzem uma impulsividade exagerada e desiquilibrada, fonte da atividade anormal e criminosa. Lombroso classifica os criminosos em : natos, por paixão, loucos e de ocasião.
Já o segundo contribuiu, especialmente, com a tese sobre a negação do livre-arbítrio (determinismo biológico – social ); a responsabilidade social, a teoria dos substitutivos penais e a classificação dos delinquentes em natos, loucos, ocasionas, habituais e passionais.
Pela concepção positivista, não há vontade humana; o pensamento, o querer, não são mais que manifestações físicas de um processo físico – psicológico que se desenvolve por meio de condutores no sistema nervoso (determinismo positivo), sendo, portanto, o homem um irresponsável. Adotando uma postura mais realista entende Ferri que as ações humanas “são sempre o produto de seu organismo fisiológico e psíquico da atmosfera e física onde nasceu e na qual vive”.
No intuito de reafirmar o determinismo positivista, cia-se a lei de saturação criminal, como decorrência de estudos de estatística criminal: o nível da criminalidade é determinado pelas diferentes condições do meio físico e social combinadas com as tendências congênitas e os impulsos ocasionais dos indivíduos, segundo uma lei, tal como se observa em química.
De seu turno, Garofalo opera a sistematização jurídica da escola, estabelecendo a periculosidade como base da responsabilidade; a prevenção especial como fim da pena; a noção de delito-obstáculo, de caráter preventivo; e a definição de delito natural como a “violação dos sentimentos altruísticos fundamentais de piedade e probidade, na medida média em que se encontram na humanidade civilizada, por meio de ações nocivas às coletividades”. Também apresenta as categorias em que se dividem os autores de infrações penais: assassinos, violentos, ímprobos e cínicos.
São outros representantes do positivismo: Fioretti, Frassatti, Gavazzi, Lacassagne, Laurent, Tarde, Sallilas, Babboni, Pozzolini, Altavilla, Florian (para quem o delito é sempre um desvio psíquico do agente) e no Brasil, sobressaem as figuras de Pedro Lessa, Viveiros de Castro, Sílvio Romero, Artur Orlando, Tobias Barreto, Vieira de Araújo e Cândido Motta, auto de uma Classificação dos criminosos, considerada por Lombroso como a obra mais perfeita do assunto.
Pontos principais da escola positiva: a) o Direito Penal é um produto social, uma obra humana; b) a responsabilidade social deriva do determinismo (vida em sociedade); c) o delito é um fenômeno natural e social (fatores individuais, físicos e sociais); d)a pena é um meio de defesa social, como função preventiva; e) o método é o indutivo ou o experimental; e f) os objetos de estudo do Direito Penal são o crime, o delinquente, a pena e o processo.
Convém observar que a escola positiva teve enorme repercussão, podendo-se indicar algumas de suas contribuições: a) a descoberta de novos fatos e a realização de experiências, ampliando o conteúdo do Direito; b) o nascimento de uma nova ciência causal-explicativa : a criminologia; c) a preocupação como o delinquente e com a vítima; d) uma melhor individualização das penas (legal, judicial e executiva); e) o conceito de periculosidade ; f) desenvolvimento de institutos, como a medida de segurança, a suspensão condicional da pena, o livramento condicional e o tratamento tutelar ou assistencial do menor.
ESCOLA TÉCNICO-JURÍDICA
O denominado tecnicismo jurídico-penal nasceu como resposta à confusão metodológica gerada pela escola positiva. A excessiva preocupação com os aspectos antropológicos e sociológicos do delito, em detrimento do jurídico, deu lugar a um estado de crise e consequente reação.
Dessa maneira, tem-se que a ciência penal é autônoma, com objeto, método e fins próprios, não devendo ser confundida com outras ciências causal-explicativas ou políticas. O Direito Penal é entendido como uma “exposiçãosistemática dos princípios que regulam os conceitos de delito e pena, e da conseguinte responsabilidade, desde um ponto de vista puramente jurídico”.
O famoso discurso de Arturo Rocco (II problema Ed Il método dela scienza Del Diritto Penale) proferido na Universidade de Sassari (1910) contém as linhas gerais da nova orientação. O objeto da ciência penal é tão só ordenamento jurídico positivo, e o método a ser utilizado para a sua elaboração compõem-se de três partes: exegese, dogmática e crítica (método técnico – jurídico ). Afirma-se que a ciência do Direito Penal tem por tarefa o estudo da disciplina jurídica do fato humano e social chamado delito e do fato social e politico chamado pena, quer dizer, o estudo das normas jurídicas que proíbem ações humanas imputáveis, injustas e nocivas, indiretamente geradoras e reveladoras de um perigo para a existência da sociedade juridicamente organizada. Sua função reside, portanto, na elaboração técnico-jurídica do Direito Penal positivo e vigente, no seu conhecimento científico e não simplesmente empírico. O mérito desse autor foi o de ter estabelecido as bases metodológicas para a elaboração de um sistema penal de caráter jurídico, regido pela logica deôntica ( deve ser ), distinto de outras ciências causal-explicativas, pertencentes ao mundo ôntico (ser).
Sintetizam-se os caracteres principais da escola técnico-jurídica da forma seguinte:
a) o delito é pura relação jurídica, de conteúdo individual e social; b) a pena constituiu uma reação e uma consequência do crime (tutela jurídica), com função preventiva geral e especial, aplicável aos imputáveis; c) a medida de segurança- preventiva- , aplicável aos inimputáveis; d) a responsabilidade é moral (vontade livre); e) o método utilizado é técnico-jurídico; e f) refuta o emprego da filosofia no campo penal.
Alguns dos mais importantes defensores dessa corrente são Rocco, Manzini, Massari, Delitala, Cicala, Vannini e Conti.

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