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TEMA 2 PROCESSOS IRREVERSÍVEIS 1. Conceito de termodinâmica. Tipos de sistemas e de interações. 2. Diagrama p-V. Estados termodinâmicos. 1ª lei da termodinâmica. Energia interna 3. Processos termodinâmicos 4. Máquinas térmicas e 2ª lei. Refrigeradores e 2ª lei. Entropia. Energia livre de Gibbs. Metabolismo 5.Transporte de matéria e energia: Difusão e condutividade térmica 1.1 Conceito de termodinâmica Termodinâmica Ramo da física que estuda as transformações (e as trocas) de umas formas de energia em outras entre os sistemas termodinâmicos Sistema termodinâmico Parte do universo que nos interessa estudar e que pode trocar matéria ou energia com o resto do universo sistema Vizinhança (resto do universo) Exemplos de sistemas Gás encerrado num volume, líquido num recipiente, bateria elétrica, ser vivo,... UNIVERSO • Isolados por paredes adiabáticas Paredes que não permitem a transferência de calor (energia) nem a transferência de massa com a vizinhança Garrafa térmica • Fechados por paredes diatérmicas Paredes que permitem a transferência de calor (energia), mas não a transferência de massa com o exterior Marmita • Abertos Permite-se a transferência de massa e de energia Ser vivo! 1.2 Tipos de sistemas Matéria Energia Matéria Energia Matéria Energia Matéria Energia Matéria Energia Matéria Energia Nos sistemas abertos ou fechados (permitem trocas de energia), a energia do sistema (energia interna) pode mudar segundo 2 mecanismos: 1.3 Interação sistema-vizinhança • Trocando calor A vizinhança pode transferir calor ao sistema ou o sistema pode transferir calor à vizinhança . F F • Realizando trabalho A vizinhança pode aplicar trabalho (força F aplicada para produzir um deslocamento) sobre o sistema ou o sistema pode realizar trabalho sobre a vizinhança. Calor (Q) (sensível) Energia que flui entre um sistema e sua vizinhança apenas devido a uma diferença de temperatura entre eles 2.1 Diagrama p-V. Estados F x Volume da substância Proporcional a x (distância entre a base do cilindro e o pistão V no eixo x Pressão da substância p no eixo y Cada estado de equilíbrio da substância (sistema) Ponto (p, V) no espaço de estados Diagrama p-V Se T aumenta O gás se expande deslocando o pistão para fora W sobre a vizinhança empurrando a força F uma distância x. dW Fdx pAdx pdV 2 1 V V W pdV Em geral W Área baixo a curva p(V) 2.2 Primeira lei da termodinâmica • Transferir Q ao sistema (tirar Q da vizinhança) Q>0 • Transferir Q à vizinhança (tirar Q do sistema) Q<0 • A vizinhança realiza W sobre o sistema W>0 • A sistema realiza W sobre a vizinhança W<0 Sistema Substância termodinâmica Suponha-se um sistema fechado (sem troca de matéria com o exterior) O sistema poderia ganhar uma certa quantidade de calor (+Q) Como resultado, o sistema poderia realizar um trabalho externo sobre a vizinhança (-W; exemplo, subir o pistão) Pelo principio de conservação da energia, o sistema ficará com uma energia sobrante Q - (-W) Variação da energia interna do sistema 1ª Lei da termodinâmica int int int f iE E E Q W intE Função de estado Apenas depende do ponto final e do inicial 3.1 Processos termodinâmicos Processo isobárico p = cte ΔEint = Q + pΔV Processo isocórico ΔV = 0 W = 0 ΔEint = Q Processo isotérmico ΔT = 0 ΔEint = Q + W Processo adiabático Q = 0 ΔEint = W Processo cíclica (O-A-B-C-D-A-O) ΔEint = 0 Q = -W 3.2 Processos termodinâmicos • Processo reversível: Aqueles que podem ser efetuados em sentido inverso, ao longo do mesmo trajeto, no diagrama p-V, por médio de variações diferenciais (infinitamente pequenas) na vizinhança. • Processo irreversível: Aqueles que NÃO podem ser efetuados em sentido inverso Só vão num sentido O processo reversível é uma idealização Na vida real TODOS os processos naturais são irreversíveis por causa do atrito e as colisões moleculares (perda ou dissipação de energia calorífica de maneira inevitável). Esta energia dissipada NÃO é recuperável ao inverter o processo. EXEMPLOS: • Um ovo pode se quebrar facilmente, mais ninguém já viu um ovo quebrado voltar a seu estado inicial • Dois corpos inicialmente a temperaturas diferentes atingem a mesma temperatura após o equilíbrio térmico, mas o processo não acontece ao contrario. 4.1 Máquinas térmicas. 2ª lei da termo Máquina térmica Processo cíclico durante o qual transferimos um Q ao sistema para ele realizar um W 2ª Lei Não é possível num processo cíclico transformar totalmente Q em W e ≠ 100% Sempre temos uma perda (irreversível) de energia Reservatório quente (Tq) Reservatório frio (ambiente) (Tf) en sai en en W Q Q e Q Q Rendimento Reservatório quente (Tq) 4.2 Refrigeradores. 2ª lei da termo Refrigerador Máquina térmica operando em sentido inverso O calor Q é retirado do reservatório frio (TB) e entregue ao reservatório quente (TA) 2ª Lei Não é possível num processo cíclico fazer o calor fluir espontaneamente de um corpo frio (TB) a outro quente (TA) η ≠ ∞ Os processos naturais têm espontaneamente um único sentido. Qual? en en sai en Q Q W Q Q Desempenho Reservatório quente (ambiente) Reservatório frio Gás Freon Reservatório quente Reservatório frio 1 2 3 4 5 4.3 Entropia (Desordem) Entropia e 2ª lei “Em qualquer processo termodinâmico que ocorra de um estado de equilíbrio para outro, a variação de entropia total do universo (sistema + vizinhança) permanece constante ou aumenta” Mas... os seres vivos são estruturas altamente ordenadas (DSsistema < 0)! Os seres vivos consumem energia química (metabolismo) para lutar contra a tendência natural á desordem da matéria inorgânica Para cumprir a 2ª lei (DSuniverso >= 0), para os seres vivos subsistirem, eles têm que desorganizar a vizinhança uma quantidade maior do que o ser vivo (sistema aberto) tem se ordenado internamente. 0universo sistema vizinhançaS S S 0 Processo reversível 0 Processo irreversível (TODOS!) sistema vizinhança sistema vizinhança S S S S Entropia Flecha do tempo Os sistemas evolvem sempre com o tempo no sentido em que a entropia total (sistema + vizinhança) cresça. Entropia Grandeza física relacionada ao desordem Como DSuniverso >= 0, o universo todo tende à desordem!! 4.4 Entropia (Desordem) Entropia (S) Medida da desordem 4.5 Energia livre de Gibbs Energia livre de Gibbs Função de estado termodinâmica (como a Eint ou a S) que fornece informação sobre a condição de equilíbrio ou a espontaneidade das reações químicas em sistemas abertos (à pressão e volume constante) Critérios de espontaneidade das reações químicas nos seres vivos Luta contra a desordem usando energia em contrapartida: • DG = 0 Condição de equilíbrio da reação • DG < 0 Processo espontâneo A reação se produz sem gasto de energia • DG > 0 Processo não espontâneo Mas, usando trabalho (W, refrigerador) ou energia (H), podemos lutar contra a tendência natural dos sistemas à desordem Por exemplo, caso Hf < Hi , DH < 0 e o sistema terá usado energia para tornar a reação espontânea (DG < 0). Curiosidade: Aumentando a temperatura, favorecemos a reação! G H T S DG Variaçãoda energia libre de Gibbs DH Variação da entalpia. A entalpia é a quantidade de energia passível de ser removida do sistema em forma de calor T Temperatura absoluta DS Variação da entropia intH E p V 4.6 Metabolismo no seres vivos • Catabolismo: Transformação de moléculas complexas (alimentos ou reservas do organismo) em moléculas simples, armazenando a energia química liberada no processo em forma de enlaces de alta energia nas moléculas de adenosina trifosfato (ATP Energia que utilizam as células musculares para se contrair, a que se emprega para manter a temperatura corporal e a empregada para realizar processos anabólicos). PROCESSO ESPONTÂNEO DG<0 porque tiramos energia a costa de aumentar a desordem DS>0 • Anabolismo: Síntese de componentes celulares a partir de moléculas mais simples. PROCESSO NÃO ESPONTÂNEO (DG>0) Precisa-se de energia (fornecida pelo ATP) para fazer a reação acontecer 4.7 Primeira lei da termodinâmica Potencial químico da espécie química i (J/kg) N Quantidade de partículas da espécie química i (kg) int i i i E Q W N Primeira lei da termodinâmica generalizada Incluindo reações químicas Vamos supor que uma proteína (na membrana celular) trabalha segundo um processo cíclico DEint = 0. Durante esse processo a energia química do ATP (armazenada a partir dos alimentos no catabolismo) pode ser transferida como energia térmica (calor) ou pode ser usada para realizar um trabalho (por exemplo, deslocar um íon através da membrana em contra do potencial). Potencial químico (J/kg) x Quantidade de partículas (kg) Unidades de energia (J/kg kg = J) ENERGIA QUÍMICA 5.1 Transporte de matéria: Difusão Difusão (Microscopicamente) Transporte (passivo) de matéria devido aos movimentos térmicos moleculares que possuem todas as partículas acima do zero absoluto. Difusão (Macroscopicamente) As moléculas se espalham das zonas de mais elevada concentração para zonas de baixa concentração Difusão (molecular) Processo espontâneo (e portanto irreversível) (DSsistema > 0) As partículas se espalham até ocupar todo o volume aumentando a desordem, mas ninguém jamais viu que espontaneamente aconteça o contrario A difusão é descrita matematicamente pela Lei de Fick. Lei de Fick Lei de transporte. Todas as leis de transporte têm a mesma forma: Fluxo = Constante (de difusão) x Gradiente de concentração ( , , , ) ( , , , )j x y z t D c x y z t dc j D dx Fluxo: moléculas que atravessam uma superfície por unidade de tempo Gradiente: Vetor que indica o sentido e direção da maior concentração 5.2 Transporte de matéria: Osmose Soluções químicas Soluto + Solvente Osmose Transporte (passivo) por difusão molecular, típico em seres vivos, no qual o soluto ou o solvente atravessam uma parede semipermeável (Ex: membrana celular) até igualar concentrações a ambos os lados • Solução hipotônica Menor concentração do soluto • Solução hipertônica Maior concentração do soluto • Solução isotônica Igual concentração Se quisermos interromper a osmose, bastaria exercer uma força por unidade de área (pressão) no sentido inverso ao da osmose Pressão osmótica c R T p Pressão osmótica (atm) c Concentração molar (mol/L) R Cte. Univ. dos gases 0.082 atmLK-1mol-1 T Temp. absoluta (K) 5.3 Transporte de energia: Condutividade Difusão térmica (ou condutividade térmica) Transferência de energia térmica (calor) entre átomos ou moléculas vizinhas em uma sustância devido a uma diferença de temperaturas (gradiente de temperatura) Difusão térmica O calor se espalha das zonas de temperatura elevada a zonas de temperatura baixa Processo espontâneo e irreversível (DSsistema > 0) Ninguém jamais viu que espontaneamente (sem aplicar trabalho) a água vire gelo A difusão é descrita matematicamente pela Lei de Fourier. Lei de Fourier Fluxo = Constante (de difusão) x Gradiente de temperatura ( , , , ) ( , , , )q x y z t k T x y z t dT q k dx Fluxo de calor: quantidade de calor que atravessa uma superfície por unidade de tempo Gradiente: Vetor que indica o sentido e direção da maior temperatura