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Aula nº 3 TGP -

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TEORIA GERAL DO PROCESSO
3ª AULA
ASSUNTO:
Princípios Gerais do Processo.
 
OBJETIVO:
Identificar os princípios gerais do processo, assim como os princípios constitucionais do processo.
 
SUMÁRIO:
Introdução
Conceito
Princípios Gerais do Direito Processual
Princípios Constitucionais Processuais
Conclusão
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1. INTRODUÇÃO
 
A doutrina distingue os princípios gerais do direito processual daquelas normas ideais que representam uma aspiração de melhoria do aparelhamento processual.
Alguns princípios gerais têm aplicação diversa no campo do processo civil e do processo penal, apresentando, às vezes, feições ambivalentes. Por exemplo: no sistema processual penal vigora a regra da indisponibilidade, ao passo que na maioria dos ordenamentos processuais civis impera a disponibilidade; a verdade formal prevalece no processo civil, enquanto a verdade real domina o processo penal. 
Outros princípios, pelo contrário, têm aplicação idêntica em ambos os ramos do direito processual. Exemplo: princípios da imparcialidade do juiz, do contraditório, da livre convicção, etc.
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2. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL
 
2.1 Princípio da imparcialidade do juiz
O caráter da imparcialidade é inseparável do órgão da jurisdição, considerando que o juiz coloca-se entre as partes e acima delas, sendo esta a primeira condição para que possa exercer sua função jurisdicional e praticar a justiça.
 
2.2. Princípio da igualdade
A igualdade perante a lei é premissa para a afirmação da igualdade perante o juiz, uma vez que na norma constitucional do artigo 5º em seu caput, brota o princípio da igualdade processual.
As partes e os procuradores devem merecer tratamento igualitário, para que tenham as mesmas oportunidades de fazer valer em juízo as suas razões (ver Art. 139 , I, CPC).
Tal princípio merece algumas considerações no tocante ao aspecto de que a absoluta igualdade jurídica não pode, contudo, ser levada ao pé da letra, por exemplo: é de absoluta legitimidade constitucional a lei que manda dar prioridade, nos juízes inferiores e nos tribunais, às causas de interesses de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos (CPC, Art. 1048,I c/c a Lei 10741/03 – Estatuto do Idoso). Outro exemplo: dispensa de preparo (despesas processuais), nos casos de hipossuficiência.
 
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2.3. Princípios do contraditório e da ampla defesa
Princípio do contraditório também indica a atuação de uma garantia fundamental de justiça (Art. 5º, LV).
Princípio da ampla defesa refere-se às relações entre partes e o juiz. Significa que as partes têm o poder de reagir, imediata e eficazmente, contra atos do juiz violadores de seus direitos. Este princípio encontra-se previsto no Art. 5º, LV.
 
2.4. Princípio da ação – processos inquisitivo e acusatório
Também chamado de princípio da demanda, que indica a atribuição à parte da iniciativa de provocar o exercício da função jurisdicional. 
Denomina-se ação o direito (ou poder) de ativar os órgãos jurisdicionais, visando à satisfação de uma pretensão.
A jurisdição é inerte e, para a sua movimentação exige a provocação do interessado. É a isto que se denomina princípio da ação.
Inicialmente, o processo inquisitivo ou inquisitorial era muito utilizado, mas, mostrou-se ineficiente pela não imparcialidade do juiz, considerando que o mesmo é quem instaurava o processo por iniciativa própria, acabando ligado psicologicamente à pretensão, colocando-se, assim, em posição propensa a julgar favoravelmente a ela.
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O processo acusatório é o que prevaleceu em Roma e em Atenas – é um processo penal de partes, em que acusador e acusado se encontram em pé de igualdade; é, ainda, um processo de ação, com as garantias da imparcialidade do juiz, do contraditório e da publicidade.
No processo penal brasileiro adota-se o sistema acusatório. Quanto à fase prévia representada pelo inquérito policial, já vimos que constitui processo administrativo, sem acusado mas com litigantes (após o indiciamento), de modo que os elementos probatórios nele colhidos (salvo as provas antecipadas a título cautelar) só podem servir à formação do convencimento do Ministério Público, mas não para embasar uma condenação.
O ordenamento jurídico brasileiro adota, pois, o princípio da demanda quer na esfera penal (CPP, Arts. 24, 28 e 30), quer na esfera civil (CPC, Arts. 2º e 141).
Existem exceções que a própria lei abre à regra da inércia dos órgãos jurisdicionais: na execução trabalhista, o Art. 878, da CLT; em matéria falimentar, o Art. 162 da Lei de Falências.
O princípio da ação decorre, também, da regra pela qual o juiz que não pode instaurar o processo, também, não pode tomar providências que superem os limites do pedido (CPC, Arts. 459 e 460).
No processo penal o fenômeno é semelhante ao que foi dito no item anterior.
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2.5. Princípio da disponibilidade e da indisponibilidade
 
Chama-se poder dispositivo a liberdade que as pessoas têm de exercer ou não seus direitos.
Em direito processual tal poder é configurado pela possibilidade de apresentar ou não sua pretensão em juízo, bem como de apresentá-la da maneira que melhor lhes aprouver e renunciar a ela (desistir da ação), ou a certas situações processuais. Isto é o princípio da disponibilidade processual.
Já no processo criminal, de forma diferente, prevalece o princípio da indisponibilidade (ou da obrigatoriedade):
	- o crime é uma lesão irreparável ao interesse coletivo e a pena é realmente reclamada, para a restauração da ordem jurídica violada;
	- o caráter público das normas penais materiais e a necessidade de assegurar a convivência dos indivíduos na sociedade acarretam a conseqüência de que o ius puniendi seja necessariamente exercido;
	- o Estado não tem apenas o direito, mas sobretudo o dever de punir. Daí a regra de que os órgãos incumbidos da persecução penal oficial não são dotados de poderes discricionários para apreciarem a oportunidade ou conveniência da instauração, quer do processo penal, quer do inquérito policial;
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	- o princípio da indisponibilidade está, assim, à base do processo penal;
	- nas infrações de menor potencial ofensivo existe a tendência da discricionariedade do Estado em relação as mesmas (CF/88, Art. 98, I), no que foi, também, tratado na Lei 9099/95;
	- como conseqüência do princípio da obrigatoriedade, nos crimes de ação pública, a autoridade policial é obrigada a proceder às investigações preliminares (CPP, Art. 5º) e o órgão do Ministério Público deve necessariamente apresentar a denúncia (salvo nas infrações penais de menor potencial ofensivo); e
	- o princípio da obrigatoriedade sofre outras limitações: nos casos de ação penal privada, o direito de acusação fica confiado ao ofendido ou a quem legalmente o represente, instaurando-se o processo somente se estes o desejarem; também ocorre nos crimes de ação penal pública condicionada à representação, os órgãos públicos ficam condicionados à manifestação da vontade da vítima ou de seu representante legal; etc.
 
	
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2.6. Princípio dispositivo e princípio da livre investigação das provas – verdade formal e verdade real
 
O princípio dispositivo consiste na regra de que o juiz depende, na instrução da causa, da iniciativa das partes quanto às provas e às alegações em que se fundamentará a decisão.
No processo penal, entretanto, sempre predominou o sistema da livre investigação de provas. Mesmo quando, no processo civil, se confiava exclusivamente no interesse das partes para o descobrimento da verdade, tal critério não poderia ser seguido nos casos em que o interesse público limitasse ou excluísse a autonomia privada.
Enquanto no processo civil, em princípio, o juiz pode satisfazer-se com a verdade formal (resultado das provas constantes nos autos), no processo penal o juiz deve atender à averiguação e ao descobrimento da verdade real (ou verdade material), como fundamento da sentença.
A natureza pública do interesse repressivo exclui
limites artificiais que se baseiem em atos ou omissões das partes.
O processo civil foi aos poucos se mitigando a ponto de permitir-se ao juiz uma ampla gama de atividades instrutórias de ofício (CPP, Art. 440).
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Já o processo penal caminhou em sentido oposto, não apenas substituindo o sistema puramente inquisitivo pelo acusatório (no qual se faz uma separação nítida entre acusação e jurisdição – CPP, Art. 28), mas, fazendo, ainda, concessões ao princípio dispositivo (CPP, Art. 386), sem falar na Lei dos Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9099/95).
Impera, portanto, tanto no campo processual penal como no campo processual civil, o princípio da livre investigação das provas, embora com doses maiores de disponibilidade no processo civil.
Na justiça trabalhista, os poderes do juiz na colheita das provas, também são amplas (Art. 765, CLT).
 
2.7. Princípio do impulso oficial
 
Princípio pelo qual compete ao juiz, após instaurada a relação processual, mover o procedimento de fase em fase, até exaurir a função jurisdicional.
Diz respeito ao princípio do direito processual que está intimamente ligado ao procedimento.
Princípio que garante a continuidade dos atos procedimentais e seu avanço em direção à decisão definitiva.
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Embora a jurisdição seja inerte, o processo, uma vez instaurado, pode não ficar à mercê das partes.
 
2.8. Princípio da oralidade
 
Princípio ligado, também, ao procedimento, uma vez que deve seguir exclusivamente a forma oral, apenas a escrita ou ambas em combinação.
Quando se exige que as alegações ou provas orais sejam conservadas por escrito, fala-se no princípio da documentação.
 
2.9. Princípio da persuasão racional do juiz
 
Princípio que regula a apreciação e a avaliação das provas existentes nos autos, indicando que o juiz deve formar livremente sua convicção.
Situa-se entre o sistema da prova legal e o do julgamento segundo a consciência (secundum conscientiam).
 
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2.10. Princípio da exigência de motivação das decisões judiciais
 
Princípio voltado como o da publicidade ao controle popular sobre o exercício da função jurisdicional, é o da necessária motivação das decisões judiciárias.
Tradicionalmente a motivação das decisões judiciárias era vista como garantias das partes, com vistas à possibilidade de sua impugnação para efeito de reforma. 
Modernamente, a função política das motivações das decisões judiciais, cujos destinatários não são apenas as partes e o juiz competente para julgar eventual recurso, mas com a finalidade de aferir-se em concreto a imparcialidade do juiz e a legalidade e justiça das decisões.
 
2.11. Princípio da publicidade
 
Constitui uma preciosa garantia do indivíduo no tocante ao exercício da jurisdição.
A presença do público nas audiências e a possibilidade do exame dos autos por qualquer pessoa representam o mais seguro instrumento de fiscalização popular sobre a obra dos magistrados, promotores públicos e advogados.
O povo é o juiz dos juízes.
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 2.12. Princípio da lealdade processual
 
Princípio que impõe deveres de moralidade e probidade a todos aqueles que participam do processo (partes, juízes e auxiliares da justiça; advogados e membros do Ministério Público).
No processo não pode haver das partes a falta do dever da verdade, agindo deslealmente e empregando artifícios fraudulentos.
 
2.13. Princípio da economia e da instrumentalidade das formas
 
O processo sendo um instrumento, não pode exigir um dispêndio exagerado com relação aos bens que estão em disputa.
Deve-se observar o binômio custo-benefício.
Princípio que preconiza o máximo resultado na atuação do direito com o mínimo emprego possível de atividades processuais.
Os procedimentos são formais.
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2.14. Princípio do duplo grau de jurisdição
 
Princípio que indica a possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já julgadas pelo juiz de primeiro grau (ou primeira instância), que corresponde à denominada jurisdição inferior.
Princípio que garante um novo julgamento, por parte dos órgãos da “jurisdição superior”, ou de segundo grau (segunda instância). 
 
3. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PROCESSUAIS
 
3.1. Princípio da independência
 
Independência pode ser da instituição judiciária ou do juiz, pessoa física (Art. 2º e Art. 95, CF/88).
 
3.2. Princípio da imparcialidade
 
Imparcialidade não está prevista diretamente na CF/88, mas está implicitamente na independência que é, como foi visto anteriormente, uma garantia da imparcialidade.
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3.3. Princípio do juiz natural
 
Significa três aspectos a serem considerados: que a instituição dos órgãos jurisdicionais (juízos e tribunais) deve ser anterior ao fato motivador de sua atuação; que a competência dos órgãos seja determinada por regra geral; e que a designação dos juízes seja feita com base em critérios gerais estabelecidos por lei ou procedimentos fixados em lei (Art. 5º, XXXVII e LIII, CF/88).
 
3.4. Princípio da exclusividade da jurisdição pelo Judiciário
 
Significa que nenhum conflito pode ser excluído da apreciação do Judiciário, a função jurisdicional é atribuída preponderantemente ao Judiciário (Art. 5º, XXXV, CF/88), sendo excepcional seu exercício pelo Poder Legislativo (Art. 52, I, CF/88) e por árbitros (Lei nº 9.307, de 23/9/96).
 
3.5. Princípio da inércia
 
Significa que o processo não pode ser iniciado pelo juiz, o que visa resguardar a imparcialidade do mesmo.
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Não tem fundamento direto na Constituição, mas deriva dos princípios da independência e do acesso à justiça.
É o oposto do princípio inquisitivo, em que o juiz tem a iniciativa do processo.
 
3.6. Princípio do acesso à justiça
 
É a possibilidade assegurada a todos pela CF/88 de acudir aos órgãos do Poder Judiciário para pedir a proteção jurisdicional do Estado (Art. 5º, XXXV, CF/88).
 
3.7. Princípio do devido processo legal – Art. 5º, LIV, CF/88.
 
3.8. Princípio da igualdade – Art. 5º, I, CF/88.
 
3.9. Princípio do contraditório – Art. 5º, LV, CF/88.
 
3.10. Princípio da ampla defesa – Art. 5º, LV, CF/88.
 
3.11. Princípio da liberdade da prova – Art. 5º, LVI, CF/88.
 
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3.12. Princípio da tempestividade da prestação jurisdicional
 
Não está diretamente previsto na CF, mas decorre da própria efetividade do direito à tutela jurisdicional.
Significa que as partes têm direito a um processo sem dilações indevidas.
Repousa na idéia de que justiça tardia é negação da justiça. Daí o direito das partes a uma decisão dentro de um prazo razoável.
 
3.13. Princípio da publicidade
 
A CF/88 o trata como princípio autônomo, por sua grande relevância, sendo uma exigência do Estado Democrático de Direito fundado na soberania popular, à qual deve conformar-se à atividade jurisdicional desenvolvida pelo Judiciário.
A publicidade destina-se às partes e destina-se ao público. Só esta última pode ser limitada por interesse público (Art. 93, IX, CF/88).
 
3.14. Princípio dos recursos – Art. 5º, LV, CF/88.
 
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3.15. Princípio da motivação
 
O juiz é intérprete e aplicador da lei aos casos concretos. Por isso, tem que motivar a sua decisão. Não o fazendo, pratica ato arbitrário, contrário ao direito.
As partes têm direito fundamental à motivação das decisões judiciais, implícito no direito à tutela jurisdicional. Não basta indicar o dispositivo legal, é preciso argumentar, isto é, justificar por que o está aplicando.
A motivação é imperativo constitucional previsto no Art. 93, IX.
 
3.16. Princípio da coisa julgada
 
É um meio para assegurar a efetividade das decisões judiciais, que se tornam imodificáveis quando não sejam mais susceptíveis de recurso (Art. 5º, XXXVI, CF/88).
 
3.17. Princípio da justiça gratuita – Art. 5º, LXXIV, e 134, CF/88.
 
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3.18. Princípio da presunção de inocência
 
Princípio relativo ao processo penal. Resume-se na idéia básica de que os acusados de ilícitos penais são considerados inocentes até o trânsito
em julgado da respectiva sentença penal condenatória (Art. 5º, LVII, CF/88).
 
4. CONCLUSÃO

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