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DERMATOLOGIA VETERINÁRIA ANATOMOFISIOLOGIA DA PELE *Funções da pele: proteção térmica, proteção contra lesões físicas, químicas e microbiológicas, percepção de calor, frio, dor, prurido, toque e pressão, reflete processos patológicos, via de aplicação *Epiderme, derme e panículo adiposo -EPIDERME *Queratina (camada acelular), camada córnea, camada granulosa, queratinócito (acantócito), camada espinhosa, melanócito, camada basal (separa derme da epiderme) e derme superficial. *Camada Basal: fileira única de células colunares a cuboides. Separa a epiderme da derme. Queratinócitos -> maioria das células -> nascem na camada basal e seguem sentido externo da pele onde vão ficando anucleados. Coxim, plano nasal e junções mucocutaneas -> queratinócitos em formas apoptóticas -> já estão programadas para sofrerem apoptose, são regiões mais queratinizadas. Função de fixar a epiderme e funções proliferativa e reparadora (cicatriz). As células são invisíveis a olho nu. *Melanócitos e Melanogênese: segundo maior grupo celular. Fazem integração com os queratinócitos. Pigmentos de melanina -> principais componentes responsáveis pela coloração da pele e pelos -> animais escuros possuem mais melanócitos na epiderme, animais mais claros possuem os melanócitos mais concentrados na camada basal. Os melanócitos tem a função de proteção contra os raios solares. *Camada Espinhosa: composta por células-filhas do estrato basal (as células da camada basal se dividem originando células da camada espinhosa) unidas por desmossomos -> importantes em algumas patologias. Uma ou duas células de espessura quando há pelos. Coxins possuem até 20 camadas de células. Células de Langherans -> dendríticas, de linhagem monocítica- histiocítica -> parte da defesa da pele. É o primeiro sistema de defesa quando a pele entra em contato com um agente. *Os desmossomos são responsáveis pela junção celular. No pênfigo foliáceo há produção de anticorpos contra os desmossomos fazendo com que as células fiquem soltas -> lesões bolhosas, purulentas. *Camada Granulosa: varia de acordo com a área -> menos espessa nas áreas com pelos. Células contem grânulos de ceratohialina -> precursores da filagrina -> alinha os filamentos de queratina e colabora com a hidratação do extrato córneo -> importante para manter a hidratação das células e a gordura intracelular. *Camada Córnea: mais externa, células anucleadas (corneócitos). Tecido totalmente queratinizado, se desprende naturalmente -> descamação (normal é invisível, em disqueratoses ocorre hiperploriferação celular com excesso de descamação passando a ser visualizado). *Queratinização e Epidermopoiese: reepitelização normalmente ocorre em 22 dias. Ocorre equilíbrio entre morte e renovação celulares -> proliferação, diferenciação e descamação. *Distúrbio seborreico: excesso de descamação celular com acúmulo de células anucleadas no extrato córneo. *Imunologia: sistema integrado de tecido linfoide associado a pele -> células de Langherans, queratinócitos (produzem peptídeos antimicrobianos), linfócitos T epidermotróficos e linfócitos periféricos (aumentados no caso de infecções). *Queratinócitos: produção de interleucinas e citocinas, expressão antígenos em respostas imunes a doenças mediadas por linfócitos (sistema ativo de defesa), produção de peptídeos antimicrobianos -> Beta-defensinas e catelicidinas (mais conhecidas) -> piodermite bacterianas em cães com DAC. -DERME: *Parte integral do sistema conjuntivo do corpo *Pele com pelos grossos: derme mais profunda e epiderme mais fina *Pele delgada: derme fina *Proporciona elasticidade da pele *Componentes: fibras, apêndices epidérmicos, musculo eretor do pelo, vasos sanguíneos, vasos linfoides, nervos. *Fibroblastos (cicatrização) são as células predominantes. Produzem fibras do tipo colágenas (colágeno, 90%), elásticas e reticulares. *Substancia Basal Dérmica: substancia intersticial. Gel viscoelástico que preenche os espaços e rodeia estruturas na derme. Permite passagem de eletrólitos, nutrientes e células (células de defesa). *Elementos celulares da derme: macrófagos, mastócitos (ricos em histamina e substancias vasoativas) -> maior quantidade ao redor dos vasos sanguíneos, melanócitos -> esparsos, ao redor de vasos sanguíneos (mais em cães mais escuros), linfócitos, plasmócitos e células de Langherans (os 3 formam o tecido linfoide). *Folículos pilosos: adjacente a uma glândula sebácea que lubrifica o pelo e a pele do animal. O pelo é dividido em medula (concentração maior de pigmentação), córtex e cutícula. Bulbo do pelo -> situado sobre uma papila de tecido conjuntivo dérmico (papila dérmica do pelo), é a ‘’raiz’’ do pelo. *Ciclo de crescimento folicular: Anágeno: crescimento Catágeno: transicional, constrição do bulbo, empurra o pelo para fora Telógeno: repouso, reparação da papila dérmica/formação do germe secundário Queda do pelo *Difere em raças. Cães com pelo curto -> ciclo mais rápido *Chow chow: se tosar na fase telógena pode demorar até 1 ano para o pelo crescer *Glândulas sebáceas: distribuições por toda a pele com pelos. Maiores e mais numerosas em junções mucocutaneas, espaços interdigitais, ventral do pescoço, região mentoniana, lombo- sacra, dorsal da cauda -> regiões de maior ocorrência de dermatite seborreica e sarna demodecica (se alimenta de gordura). Pele com pelos -> conteúdo é descarregado para dentro do folículo piloso. Pele sem pelos -> ductos se abrem na pele -> junções mucocutaneas, pálpebra e canal auditivo -> glândulas ceruminosas -> cerúmen. Processo seborreico -> aumento da produção de cerúmen. Compostas por alvéolos sebáceos -> contornados pela membrana basal e uma camada de células -> células da matriz. Precursoras dos sebocitos maduros -> sofrem apoptose ao migrarem para a periferia em direção ao ducto excretor. Acumulam lipídios no citoplasma. *Coxins e focinho: não há glândulas sebáceas -TECIDO SUBCUTANEO *Origem mesenquimatosa *Camada mais espessa *Não há subcutâneo em lábios, bochechas, pálpebras, ouvido externo e anus -> lesões nessas regiões são mais difíceis de cicatrizar e são mais severas *Porção superficial recobre papilas adiposas *Contém 90% de triglicerídeos *Reservatório de energia *Termogênese, isolamento, acolchoamento *Deposito e metabolização de esteroides -> por isso em dermatologia se evita o uso de AIE de deposito. LESÕES ELEMENTARES E SECUNDÁRIAS *As lesões fundamentais de pele podem ser: Elementares -> primarias Mistas Secundárias *De acordo com a localização podem ser: Localizadas Generalizadas Simétricas ou assimétricas LESÕES ELEMENTARES 1. ALTERAÇÕES NA PELAGEM *Alopecia/Falacrose: perda parcial ou total de pelos. Patogenia -> autoinduzida, dano ou destruição do folículo piloso (displasia folicular), inflamação ou infecção ou perda da repilação (hormonal) -> pelo não cresce novamente. Pode ser localizada, generalizada, esparsa ou simétrica. 2. ALTERAÇÕES NA COR *Eritema: mais comum *Mácula: mudança de coloração localizada, circunscrita, não palpável, menor que 1 cm. Patogenia -> alteração (aumento ou diminuição) na produção de melanina, inflamação, hemorragia localizada devido a trauma ou vasculite. Diferenciais -> hiperpigmentação (lentigo, doença hormonal, pós-inflamatório) (aumento da produção de melanina na região), eritematosa (diversas doenças que cursam com inflamação), hemorrágica (vasculopatias ou coagulopatias, exemplo erliquiose), despigmentação (vitiligo, lúpus eritematosos discoides, síndrome úvea-dermatológica) (menos comuns). 3. LESÕESSÓLIDAS *Pápula: patogenia -> influxo de células inflamatórias até a derme, hiperplasia epidermal focal, lesões neoplásicas precoces. Diferencial -> foliculite bacteriana, demodiciose, foliculite fúngica, hipersensibilidade a picada de pulga e de insetos, escabiose, alergia de contato, doença autoimune, erupção medicamentosa. *Placas: pápulas que coalesceram *Nódulo: elevação sólida, circunscrita, com mais de 1 cm, que se estende até camadas profundas da pele. Patogenia -> infiltração maciça de células inflamatórias ou neoplásicas na derme e subcutâneo ou deposição de fibrina ou material cristalino. Diferenciais -> infecção bacteriana ou fúngica, doenças granulomatosas, neoplasia. *Tumor: grande massa envolvendo pele ou subcutâneo. Neoplásico ou não neoplásico. Patogenia -> influxo massivo inflamatório ou neoplásico. Diferenciais: infecção bacteriana ou fúngica, doenças granulomatosas, neoplasia. 4. LESÕES LÍQUIDAS *Pústula: pequena área circunscrita dentro da epiderme preenchida por pus -> não necessariamente infecciosa. Patogenia -> preenchimento por neutrófilos (maioria das vezes) ou eosinófilos. Diferenciais: neutrófilos -> infecção bacteriana, fúngica, doença imunomediada; eosinófilos -> hipersensibilidade de contato ou insetos, parasitas, imunomediada. *Vesícula: pequena área circunscrita dentro ou abaixo da epiderme preenchida por liquido translucido ou não. Frágeis e transitórias. Patogenia -> espongiose, coleção de liquido extracelular, inflamação e falta de coesão. Diferenciais -> imunomediada (pênfigo), congênitas (raro), dermatite por irritantes 5. ALTERAÇÕES NA ESPESSURA *Hiperqueratose: excesso de produção de queratina causando endurecimento da pele. Pode ser um efeito do uso anormal (calos), inflamação crônica (qualquer doença inflamatória de pele) ou distúrbios genéticos (seborreia primaria). Indica cronicidade (prurido crônico) *Liqueinificação: espessamento e endurecimento da pele caracterizado por marcas superficiais exageradas. Patogenia -> trauma crônico (fricção). Diferenciais -> todas as doenças pruriginosas crônicas. LESÕES MISTAS *Nem sempre consegue saber se é primária ou secundária *Descamação: acumulo de fragmentos perdidos provenientes da camada córnea. Patogenia -> aumento da produção de queratinócitos (anormalidades da Queratinização), aumento da retenção de queratinócitos. Diferenciais -> seborreia idiopática, ictiose (doença genética, rara), lesões secundárias associadas a inflamação crônica da pele *Cilindros Foliculares: excesso de descamação folicular -> material vindo de dentro do folículo piloso. Não é proveniente da epiderme. Acúmulo de queratina e material folicular do folículo piloso. Diferenciais primárias -> dermatose responsiva a vitamina A, seborreia primaria, adenite sebácea (destruição da glândula sebácea). Diferenciais secundárias -> dermatofitose e demodiciose *Comedões: folículo piloso dilatado preenchido por corneócitos e material sebáceo. Patogenia -> hiperqueratose ou deficiência primaria de Queratinização devido a inflamação ou problema hormonal. Diferenciais -> acne, síndrome do comedão do Schnauzer, piodermite (foliculite), demodiciose, dermatofitose. LESÕES SECUNDÁRIAS 1. PERDA DE SUBSTÂNCIA *Colarete Epidérmico: pústulas estouradas. Cascas de queratina perdidas ou arrancadas, arranjadas em círculo. Patogenia -> restos de uma pústula ou vesícula após a ‘’tampa’’ ter sido perdida. Diferenciais -> infecção bacteriana, fúngica, imunomediada. *Crosta: aderência de exsudato, pus, sangue, escamas ou medicações ressecadas na superfície da pele. Diferenciais primarias -> seborreia primaria, dermatose responsiva ao zinco, necrólise epidérmica. Diferenciais secundarias -> inúmeras doenças *Escoriação: perda da superfície da epiderme secundária a fricção *Erosão: deficiência superficial da epiderme que não penetra na camada basal. Patogenia -> trauma ou inflamação levam a morte e/ou perda de queratinócitos. *Ulceração: perda focal da epiderme com exposição da derme subjacente. Patogenia -> trauma severo e/ou profundo e severa inflamação. Diferenciais -> diversas doenças associadas a trauma como infecções ou alergias e doenças neoplásicas, imunomediada. 2. OUTRAS LESÕES SECUNDÁRIAS *Cicatriz atrófica: excesso de produção de tecido cicatricial que acaba eliminando o crescimento do pelo com destruição do folículo piloso. Comum em erosões causadas por medicamentos -> lesões pós injeção. *Escara: falha na cicatrização, ulceração constante, pacientes em decúbito ALTERAÇÕES NAS UNHAS *Paroníquia: inflamação ou infecção das unhas *Onicogrifose: hipertrofia e encurvamento anormal das unhas *Onicodistrofia: formação anormal das unhas *Os dois últimos podem sugerir Leishmaniose ALGUNS SINAIS DERMATOLÓGICOS *Sinal de Nikolsky: fricção da pele em pele glabra -> surgimento de lesões vesículo-bolhosas. Pênfigo foliáceo ou necrose epitérmica toxica *Sinal de Jericó: facis trágica, grande nariz, hipertricose de cabeça, hiperpigmentação do plano nasal. Hipotireoidismo *Sinal de Godê: edema *Sinal de Larsson: deposição de escamas ptiriasicas ou furfuraceas em configuração linear nas disqueratinizações. Seborreia primaria. Escamas dispostas em sentido linear, na região dorsal pós fricção contra o pelo. *Borra de café: cerúmen enegrecido. Otite *Bruxismo ou briquismo: mordedura da pele por prurido crônico *Cauda de rato: alopecia da cauda. HOC, HAC *Cauda em batom: necrose da ponta da cauda. Vasculite INTRODUÇÃO, SEMIOLOGIA E MÉTODOS DIAGNÓSTICOS ANAMNESE *QUEIXA DO PROPRIETÁRIO: Pápulas/Crostas -> Piodermite (confunde, pois também é secundária a outras doenças), Pênfigo Foliáceo Alopecias -> Demodiciose, Dermatofitose, Hormonais, Foliculares (displasia folicular) *PRURIDO: Agudo/Subagudo: Malassezia (prurido subagudo, já tem histórico de prurido antigo e agora tem exacerbação), Acaríases (sarnas), Otocaríase, Pediculoses (piolho, pulga, carrapato). Crônico: Alérgicas -> DASP (cães e gatos), Atopia (cão), Dermatite Atópica não induzida por pulga ou alimento (gato) *DESCAMAÇÃO/MAU-CHEIRO: Distúrbios disqueratóticos -> seborreia *DISTÚRBIOS NÓDULO-ULCEROSOS: Esporotricose (RJ, Curitiba, principalmente úlceras) Criptococose (principalmente nódulos) Leishmaniose (nódulo/úlcera) RESENHA *Idade Até 6 meses: doenças infecto parasitárias -> ectoparasitas, sarnas, dermatofitose, celulite juvenil Adulto-jovem: parasitárias, piodermite primária, alergias, disqueratoses, autoimunes Idosos: tudo isso além de neoplasias e cronicidade de outras doenças *Raça Cocker -> seborreia Boxer -> granuloma leproide Collie -> lúpus eritematoso discoide Daschound -> seborreia primária Sphynx -> alérgicas (dermatite de contato) Gatos pelo longo -> dermatofitose *Sexo: doenças dificilmente fazem diferença com relação ao sexo Distúrbios hormonais sexuais MÉTODOS DIAGNÓSTICOS *Raspado de pele: escabiose (superficial), demodiciose (profundo). Utilizar lâmina de bisturi. Imergir a lâmina de visualização em óleo mineral (preferível) ou KOH. Avaliar no microscópio em aumentos de 40 e 100x. Também pode utilizar fita adesiva ou apenas encostar a lâmina de visualização em locais com exsudação. *Avaliação parasitológica do cerúmen: sarna otodécica *Lâmpada de Wood: dermatofitose. Fonte de luz ultravioleta, ao ser filtrada pelo óxido de níquel produz fluorescência amarelo-esverdeada devido a presença do metabólito fúngico triptofano nos pelos/pele. Microsporum canis 50%. *Tricografia: dermatofitose. Arrancamento dospelos das bordas da lesão e visualiza no microscópio -> presença de hifas. Não é tão preciso, requer muita experiência. *Cultura fúngica para dermatófitos: padrão ouro para dermatofitose. 2 formas: 1º forma: mandar material para o laboratório -> meio de cultura Ágar Sabourad Dextrose 2º forma: utilizar o Dermatobac (Probac) -> meio de cultura para M. canis e M. gypsis. Frente -> Agar DTM -> quando alcalino fica vermelho; Verso -> Agar Sabourad Glicose Seletivo e Agar BIGGY -> branco para cândida (não utilizado). Avalia no microscópio com corante panótipo. *Exame citopatológico: esfoliação (swab), impressão (fita adesiva ou imprinting) ou biopsia aspirativa. Utilizado para nódulos/tumores (biópsia aspirativa), secreções como exsudato e pus (imprinting), lesões de pele (fita adesiva), interdígitos (fita adesiva), cerúmen (swab). Corar com panótipo para visualizar no microscópio. Visualização de neutrófilos e células arredondadas -> sugere pênfigo foliáceo -> histopatologia para confirmar. Presença de eosinófilos -> alergias. ESCABIOSE CANINA *Não sazonal *Intensamente pruriginosa *Contagiosa (90% após contato direto acaba adquirindo) *Etiologia: Sarcoptes scabiei var. canis *50% em filhotes com menos de 6 meses -> primeiro diferencial em filhotes com prurido *Reação de hipersensibilidade do tipo I -> o ácaro se alimenta de tecidos superficiais e libera substancias altamente irritantes que causam reação de hipersensibilidade levado ao prurido intenso *Sinais clínicos 5 – 60 dias pós exposição *Procurar em extremidades -> partes mais frias do animal *Zoonose SINAIS CLÍNICOS *Áreas mais afetadas no início: bordas das orelhas, região de cotovelo, região de tarsos, abdômen ventral (pústulas) *Animal se coçando em ambiente hospitalar -> prurido nota 10. Geralmente a escabiose apresenta índice de prurido = 10 *Alopecia, descamação, hiperqueratose, eritema, Liqueinificação, pápulas *Pode confundir com piodermite bacteriana DIAGNÓSTICO *Raspado de pele -> parasitológico do raspado cutâneo *Visualização do ácaro no microscópio *Raspado superficial que abrange uma área grande *Exame de raspado negativo não exclui a doença -> somente 40-50% dos resultados são positivos, 50-60% de falso negativo *Reflexo otopodal positivo em 99% dos casos -> fricção de borda de orelha. Porém, nem todo reflexo otopodal positivo é escabiose -> otite também provoca esse reflexo. Avaliar se as lesões são compatíveis com escabiose TRATAMENTO *Selamectina -> Revolution. 6-12mg/kg 15 dias, 3 aplicações. Cada ampola equivale a um intervalo de peso *Ivermectina 0,5mg/kg VO cada 7-15 dias durante 4-6 semanas ou 0,04ml/kg SC também semanal. Custo baixo. Antigamente era mais utilizado *AIE se tem prurido muito intenso -> Prednisolona 0,5mg/kg VO SID 5 dias. ESCABIOSE FELINA *Etiologia: Notoedris cati *Também pode acometer cães, raposas e coelhos *Altamente contagiosa *Bastante pruriginosa SINAIS CLÍNICOS *Alopecia, hiperqueratose, placas crostosas, pápulo-crostas, escoriações *Lesões muito pruriginosas e proliferativas *Normalmente o início do quadro é na cabeça e o ácaro vai migrando pelo corpo do animal através de contato (lambedura, coceira) DIAGNÓSTICO *Raspado de pele superficial *Apresentam grande número de ácaros facilmente detectáveis *99% das vezes é positivo TRATAMENTO *Selamectina (Revolution), Moxidectina (Advocate) *Ivermectina 0,3mg/kg *Não usar: Enxofre -> náuseas e vômitos Amitraz -> intoxicação em dose terapêutica Benzoato de Benzila -> hemólise por corpúsculos de Heinz, intoxicação irreversível. Matacura OTOCARÍASE *Sarna de orelha *Otodectes cynotis *Psoroptídeo *Não se esconde *Vive na superfície da pele dentro dos condutos auditivos de cães e gatos *Grandes e brancos *Alimentam-se de debris epidérmicos e fluidos teciduais da epiderme superficial SINAIS CLÍNICOS *Prurido otológico *Podem apresentar dermatite úmida aguda na região do pescoço próximo ao conduto pelo prurido intenso e podem chegar na consulta com queixa de feridas, otohematoma, ulcera de córnea... *Bastante produção de cerúmen, pode ser mais arenoso ou mais escuro, acompanhado ou não de eritema do conduto auditivo. Borra de café *Ouvido afetado mais cronicamente -> secreção purulenta -> infecção bacteriana secundária TRATAEMNTO *Limpeza otológica: cerumenolitico. Evitar pH ácido se eritema presente. 4x ao dia por 3 dias. *Acaricida: Moxidectina (Advocate) ou Selamectina (Revolution), 3 aplicações com intervalos de 15 dias. *Ivermectina 0,4mg/kg SC cada 15 dias cães, 0,3mg/kg gatos *Tópico: Tiabendazol e associações (Otoden), Natalene. 15 dias. DEMODICIOSE CANINA ETIOPATOGENIA *Demodex canis -> maioria das vezes *Demodex injai -> reconhecido atualmente, mesmos sinais clínicos, animais adultos *Demodex corneae -> também descrito, mas é mais raro *Fisiopatologia: habitante natural da pele dos cães, coloniza a pele dos filhotes através da mae (2-3 dias de vida) -> fatores hereditários podem desencadear a doença -> baixa imunidade celular -> falha na contenção da proliferação dos ácaros -> aumentam em número -> lesões *O ácaro normalmente é encontrado na região do folículo piloso na glândula sebácea, se alimenta de gordura e faz lesões cutâneas. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A APRESENTAÇÃO *Surto Juvenil -> 6 semanas até 18 meses de idade Espontâneo: sabe-se que é um fator imunológico, mas não há justificativa Secundário: doenças congênitas debilitantes que levam a diminuição da imunidade importante *Surto Adulto -> animais com mais de 2 anos de idade Secundário: geralmente há uma doença ou condição de base (doença infecciosa, animais que recebem corticoterapia em excesso, neoplasia) que diminui a imunidade levando ao aparecimento da doença CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A QUANTIDADE DE ÁCAROS *Localizada: algumas partes do corpo afetadas *Generalizada: mais de 4 partes diferentes do corpo afetadas. Hereditária, indica castração *Pododemodiciose: patas afetadas *Otodemodiciose: ouvidos afetados SINAIS CLÍNICOS *Eritema, crostas, predomínio de alopecia, comedões, piodermite secundárias, pelos facilmente depiláveis com bases crostosas *A demodiciose não cursa com prurido, porém se tiver piodermite secundária associada pode ter prurido DIAGNÓSTICO *Raspado de pele profundo, não precisa ser muito abrangente -> é o método mais clássico e definitivo *Normalmente o raspado é 100% positivo -> raspado negativo exclui a doença *Sinais clínicos + raspado com mais de 5 ácaros por campo *Fita adesiva também pode ser utilizada como triagem, mas se der negativo não exclui. Escolha para área periocular. TRATAMENTO *Surto localizado: não tratar (90% apresenta reversão espontânea) ou peróxido de Benzoíla 2- 3x por dia ou Clorexedine 2%. *Xampus comedolíticos/antissépticos -> Peróxido de Benzoíla (mais utilizado). 1 banho por semana, deixar agir por 5 minutos *Antibioticoterapia se piodermite secundária *Ivermectina 0,04 ml/kg VO SID ou 0,5mg/kg VO SID *Doramectina 0,5 ml/10kg cada 72 horas VO *Fluralaner (Bravecto) 1 comprimido cada 60 dias. Indicado para pulgas e carrapatos, mas também é acaricida, bastante seguro e eficiente *EVITAR QUALQUER APRESENTAÇÃO DE AIE -> tem ação anti-inflamatória, que é um processo de defesa da pele -> faz com que os ácaros se proliferem mais. *Além do tratamento medicamentoso, melhorar a alimentação, fornecer alimento de boa qualidade, antioxidantes (ômega 3), vacinação, desverminação e pesquisare tratar doenças concomitantes. TEMPO DE TRATAMENTO *Tratar o tempo que for necessário até observar desaparecimento das lesões *Raspados consecutivos a cada 30 dias *Alta após 3 raspados negativos consecutivos -> evita recidivas *Espera encontrar adultos mortos e baixa quantidade ou não apresenta ovos e larvas *Se encontrar muito ovo e larva, indica que o tratamento não está sendo eficaz MALASSEZIOSE *Malassezia pachydermatis *Causa mais comum de otites fúngicas *Levedura lipofílica *Fungo comensal da pele -> imunossupressão -> parasita *Fatores predisponentes: Distúrbios da Queratinização Acumulo de umidade Doenças alérgicas, endócrinas, bacterianas Administração prolongada de AIE e ATB SINAIS CLÍNICOS *Prurido moderado-intenso *Seborreia -> pele muito oleosa *Eritema *Alopecia localizada ou generalizada *Hiperqueratose localizada (orelha) ou generalizada (ventral), sinal de cronicidade *Engrossamento da pele/lignificação -> sinal de cronicidade *Otite com cerúmen enegrecido (borra de café) *Pele gordurosa -> fungo lipofílico *Sinais mais comuns em pescoço, virilha, axila, perineal, perivulvar, interdigital, orelha *Predisposição em regiões de dobras DIAGNÓSTICO *Cultura fúngica -> sempre adicionar azeite de oliva para estimular o crescimento *Histopatológico *Raspado de pele -> áreas com lignificação *Citologia -> padrão ouro, por swab, imprinting ou fita adesiva. Visualização do fungo -> pino de golfe, boneco de neve TRATAMENTO *Tópico: Xampu: Sulfeto de Selênio (tira oleosidade da pele), Cetoconazol, Miconazol, clortrimazol, Clorexedine 3 ou 4%, Miconazol 2% + Clorexedine 2%. Deixar agir por 10 minutos. 2 x por semana durante 15 dias. Pomadas: nistatina, Miconazol, clortrimazol, Cetoconazol, Clorexedine. Usar em regiões localizadas. *Sistêmico: casos graves Cetoconazol, Itraconazol, Fluconazol 4 semanas *2-3 malassezias por campo com sinais clínicos -> faz tratamento *20-30 malassezias por campo sem sinais clínicos -> não trata DERMATOFITOSE *Zoonose *Microsporum canis (zoofílico) -> pele e pelos de cães e gatos. Zoonose. Gatos são portadores assintomáticos *Microsporum gypseum (geofílico) -> terra rica em matéria orgânica *Tricophytum mentagrophytis (zoofílico) -> pele e pelos de roedores *O principal dermatófitos patogênico de cães e gatos é o M. canis (82% em cães e 98% em gatos) *O fungo se alimenta de queratina -> pelo é o local mais rico -> os fungos parasitam esse local causando enfraquecimento de pelos *Também afetam as camadas mais superficiais da pele que são queratinizadas *Transmissão: Direta -> animal-animal Direta -> homem-animal Indireta -> animal em local contaminado -> pet shop, canis, caixa de transporte além de uso de escova, roupas ou coleira contaminados... *Alguns animais podem ser considerados carreadores assintomáticos -> raro em cães (6-8%), mais comum em gatos (8-88%) -> domiciliados ou com livre acesso a rua (mais fácil), gatos expositores, de gatis, de abrigos *Humanos imunocomprometidos são mais propensos a desenvolver a doença SINAIS CLÍNICOS *Queixa principal: queda, falha de pelos *Foliculite, pelos quebrados, eritema, prurido variável *Alopecia: uma das manifestações mais comuns da doença *Kerion cels: lesões nodulares *Tonsurante: várias áreas alopécicas que se coalesceram -> caminho de traça, caminho de rato *Alopecia generalizada em alguns casos *Lesão circular, multifocal, levemente descamativa *Gato: dermatite miliar -> alopecia linear, cheio de bolinhas *Localização: cabeça, membros e tronco DIAGNÓSTICO *Lâmpada de Wood -> triagem. M. canis 50% positivo. Se negativo, não exclui a doença *Tricograma: visualização de hifas em pelos, escamas e unhas e atroconideos em pelos. Triagem *Cultura fúngica: padrão ouro. Mycorel-Agar/Agar Sabouraud Dextrose. Coleta de pelos das bordas das lesões para análise. Dermatobac -> crescimento em até 30 dias -> muda de amarelo para vermelho quando positivo (triptofano produzido pelo fungo muda o pH da placa de ácido para alcalino). Não isola Tricophytum, apenas M. canis e M. gypseum *Histopatologia: visualização das hifas em coloração PAS. TRATAMENTO *Tricotomia *Tratamento tópico de animais contactantes *Xampus para eliminação dos esporos: Cetoconazol 2% + Miconazol 2% ou Clorexedine 2% + Miconazol 2 %. Se poucas lesões, pode usar apenas cremes ou sprays. *Itraconazol 10mg/kg VO SID 30 dias. Após início da melhora clínica, fazer em semanas alternadas até a cura. *Ambiente -> aspirador de pó, hipoclorito de sódio. *Além disso: melhorar alimentação do animal, suspender imunossupressão, avaliar se há doença concomitante e tratar ESPOROTRICOSE *Micose intermediaria ulcero-gomosa zoonótica de curso evolutivo variável causada por fungo pluriespecífico dimórfico *Micose subcutânea *Etiologia: complexo Sporothrix schenckii S. globosa S. albicans S. mexicana S. luriei S. brasiliensis -> o mais envolvido na Esporotricose felina *Dimorfismo: forma filamentosa (temperatura ambiente) e forma de levedura (temperatura corporal, fase parasitária) -> o fungo precisa ter contato com a pele para mudar da forma filamentosa para a forma de levedura para ser parasita *S. brasiliensis: presente em solo, plantas, casca de arvores, vegetais e material em decomposição e atualmente encontrou o animal como uma nova forma de colonização *Contaminação: inoculação traumática de vegetais ou matéria orgânica contaminada *Felinos -> fonte facilmente proliferável. O gato pode ter contato com o fungo sem inoculação (vive embaixo das unhas) e contamina outros animais através de arranhaduras. *Transmissão para felinos, cães e pessoas *A forma mais comum de contaminação é através de arranhaduras e mordeduras. Após a inoculação, o fungo pode atingir a corrente linfática e atingir a corrente sanguínea, mas é menos comum. O mais comum é o fungo permanecer no local de inoculação. *Após a inoculação a doença se desenvolve em até 2 semanas e a forma clinica pode variar *Fatores predisponentes: Gatos: esteroides, retroviroses (FIV, FeLV) -> fator pouco justificável, são saudáveis e por algum motivo possuem o fungo. Cães: normalmente incomum. Esteroides, oncoterapia, Leishmaniose, Erliquiose, blastomas -> fatores mais relevantes SINAIS CLÍNICOS *Formas clássicas no gato: Cutânea fixa -> mais comum. Lesão onde o fungo foi inoculado. Cutâneo-linfática -> disseminação linfática Cutâneo-disseminada -> rara *Outras formas clínicas extra cutâneas -> raras. Por inalação ou ingestão acidental do fungo. Respiratórios -> estridor, secreção nasal, tosse, espirros Ósseos Ungueais (onicomadese) -> destruição e consumo ungueal *Lesões em regiões dorsais da cabeça, troco, base da cauda e membros que não cicatrizam. *Lesões circulares elevadas com alopecia e ulceração central (lesão ulcero-gomosa) *Lesões que ulceram e drenam conteúdo purulento *Formação de crostas espessas *Pode ocorrer necrose/exposição óssea *Hábitos de higiene felina -> lambedura, língua áspera -> auto inoculação para outras áreas SINAIS CLÍNICOS NO CÃO *Forma cutânea (mais comum), cutâneo-linfática ou disseminada *Nódulos firmes e múltiplos *Placas ulceradas com bordos elevados *Áreas anulares crostosas e alopécicas *Cabeça, tronco e membros *Lise óssea ASPECTOS ZOONÓTICOS *Micose de implantação subcutânea acidental *Métodos de implantação: trauma transcutâneo -> plantas ou felinos(áreas endêmicas) *Humanos: fungo presente na cavidade oral -> já é comprovada transmissão por tosse e espirro -> recomendado proteção pessoal para tratamento de felinos *Novos sinais clínicos: formas imunoalérgicas -> eritema nodoso, artralgia, mialgia DIAGNÓSTICO *Histórico, exame físico *Citopatológico da secreção das feridas e do aspirado de lesões nodulares -> visualização de células gigantes (macrófagos) e leveduras (forma de charuto). Resultado positivo já fecha diagnóstico *Histopatológico -> PAS *Cultura fúngica -> padrão ouro devido ao dimorfismo -> duas culturas em temperaturas diferentes, uma a 25ºC, se crescer coloca em temperatura de 37ºC -> forma levedura TRATAMENTO *Gato Itraconazol 10-20 mg/kg SID mínimo 6 meses (escolha). Terbinafina 5-20 mg/kg Anfotericina intra-lesional Iodeto de potássio 5 mg/kg SID (cães) *Humano: Itraconazol 200mg BID 6 meses *Nem sempre há uma boa resposta *Prognóstico reservado CRIPTOCOCOSE *Zoonose, pouco diagnosticada *Micose sistêmica *Doença oportunista -> imunossupressão *Cryptococus -> encontrado nas fezes de pombos TRANSMISSÃO *Inalação dos fungos -> restrito somente as vias aéreas (infecção pulmonar) ou disseminada até chegar ao SNC *O que delimita uma forma ou outra é a imunidade *O fungo precisa estar no ambiente para se tornar parasita PATOGENIA *Polissacarídeos capsulares -> efeito imunodepressor *Ativa interleucinas -> FNT SINAIS CLINICOS *Síndrome respiratória: mais comum em gatos -> nariz de palhaço. Dispneia, secreção serossanguinolenta. Em cães o sinal clinico é a tosse. Nódulo nasal não dolorido. *Síndrome neurológica: mais comum em cães. Depressão, paralisia, vocalização, cegueira, perda da audição, convulsão. *Síndrome ocular: eritema, edema de córnea, hemorragia de retina *Síndrome cutânea: mais comum em gatos. Lesões ulcerativas na face, no plano nasal e na cabeça. *Acomete mais gatos machos, 4 anos, SRD que possuem acesso à rua DIAGNÓSTICO *Prova do Látex: polissacarídeo de membrana. Alto custo *Sorologia: não tem muita relevância *Cultura *Citologia: mais utilizado. Forma ovalada. TRATAMENTO *Anfotericina B *Itraconazol e Fluconazol VO 4 a 8 semanas. *AIE piora o quadro clinico -> imunossupressão PIODERMITES *Uma das principais dermatopatias na clínica dermatológica *Secundária a uma dermatopatias de base (mais comum) ou primária (raro) *Acomete 68% dos cães atópicos *Pode se tornar recorrente -> maior problema da piodermite bacteriana ETIOLOGIA *Staphylococus pseudointermedius -> mais comum e mais importante. Coloniza a pele dos cães naturalmente *Staphylococus aureus *Causas de base que podem levar a uma supermultiplicação bacteriana: endocrinopatias, displasia folicular, dermatites alérgicas, distúrbios da Queratinização, parasitas CLASSIFICAÇÃO DS PIODERMITES 1. DE SUPERFÍCIE: não invade extrato córneo *Intertrigo: dermatite de dobras *Dermatite Úmida Aguda: a pele fica úmida, quente, muito inflamada e dolorida. Superaguda, aparece do dia para noite 2. SUPERFICIAIS: compromete extrato córneo *Afeta camadas mais profundas da epiderme *Impetigo: piodermite superficial que se manifesta na região ventral do abdômen em forma de pápulas e crostas *Foliculite: afeta os folículos pilosos. Queda do pelo e inflamação da região adjacente ao pelo. Áreas alopécicas, com crostas melicéricas amareladas, secreção purulenta seca em forma de crosta na base do pelo *Piodermite Mucocutânea: afeta regiões mucocutaneas. Comum em região perilabial *Piodermite Superficial Esfoliativa: generalizada. Pápulas, pústulas, colaretes epidérmicos e foliculite, tudo junto 3. PROFUNDAS: invade derme ou subcutâneo *Afeta partes mais profundas da epiderme, derme e eventualmente subcutâneo *Origem no folículo piloso -> há muita secreção -> rompe e extravasa -> material estranho na região profunda da pele -> furunculose, celulite. TRATAMENTO 1. PIODERMITES DE SUPERFICIE: *Produtos tópicos *Banhos com xampus antissépticos Clorexedine 2-4% (mais usado) Peróxido de Benzoíla 2,5% Irgasan ou Triclosan *Limpeza das dobras -> Intertrigo *Dermatite Úmida Aguda -> rifocina spray, Clorexedine spray, se prurido intenso AIE 2. SUPERFICIAIS: *Banhos com *Antibioticoterapia de 1º escolha: Cefalexina 22-30mg/kg Amoxicilina com Clavulonato de Potássio 15-22 mg/kg BID Cefovecina 8mg/kg cada 14 dias *Cultura e antibiograma caso não funcione *Antibioticoterapia de 2º escolha: Doxiciclina 10mg/kg BID Marbofloxacina 2,75 mg/kg SID Lincomicina 15mg/kg BID Clindamicina 10mg/kg BID *Não complicadas: Antibioticoterapia 15-21 dias *Generalizadas: Antibioticoterapia 4-6 semanas 3. PROFUNDAS: *Banhos com xampus antissépticos *Rifocina spray *Permanganato de potássio 1 comprimido/envelope em 2 litrosde agua morna -> compressas 1-2x/dia por 5 a 7 dias *Antibioticoterapia 30,45,60 dias ou mais DERMATITE ALÉRGICA A SALIVA DE PULGA – DASP *Mais comum em cães *Idade: 3 a 5 anos *Hipersensibilidade tipo I (imediata) e IV (tardia) *A saliva da pulga possui pelo menos 15 antígenos *A pulga gosta mais de ficar na região lombossacra *Apresentação clínica em cães: pruriginosa -> pápulas, crostas, eritema, maculas, alopecia, tonsura pilosa, escoriações, lignificação, hiperpigmentação. Seborreia é consequência. Dentes incisivos gastos. Local: base da cauda, região lombossacra, caudomedial da coxa, flancos, pescoço, abdômen *Apresentação clínica em gatos: menos comum. Pápulas, pústulas, escoriações, crostas, alopecias por lambedura, alteração de pigmentação, dermatite miliar, placa eosinofílica, granuloma eosinofílico. Local: região dorsal, pescoço, rabo, coxa e abdômen ventral *Diagnóstico: exame físico, presença de pulgas ou vestígios, resposta ao tratamento com Frontline *Tratamento: eliminaras pulgas do paciente, do ambiente e de contactantes, tratar doenças concomitantes, educar o proprietário. Se necessário, tratamento antipruriginoso -> AIE Prednisolona 5-7 dias. DERMATITE ATÓPICA *Dermatite atópica stricto sensu -> induzida por alérgenos ambientais *Dermatite atópica latu sensu -> induzida por alérgenos alimentares *Dermatite atópica simili -> não IgE dependente -> não há teste alérgico positivo *Dermatopatia inflamatória *Pruriginosa *Crônica *Etiologia multifatorial *Indivíduos geneticamente predispostos -> doença hereditária. Certas raças são mais propensas INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA *Raças: Poodle, Lhasa, Shi-tzu, York, Beagle, Golden, Chow Chow, Cocker, Akita, Labrador. SRD também podem ser predispostos *Idade de início: 6 meses até 3 anos (70% com menos de 3 anos) *Machos e fêmeas igualmente afetados ETIOPATOGENIA *Falha na barreira cutânea *Falta de preenchimento entre as células com gordura levado a perda de agua -> ressecamento -> células encolhem -> aumenta o espaço entre as células -> perda da barreira epidérmica e diminuição da espessura da pele *Pele fina, porosa e seca *Permeabilidade para alérgenos causando reação mediada por IgE -> liberação de substancias pró-inflamatórias -> prurido *10-30% é induzida por alimentos SINAIS CLÍNICOS *Prurido é o principal *Áreas mais afetadas: face, conduto auditivo, interdigital, axilar, ventral e perineal *Piodermites -> a pele atópica tem maior quantidade de bactérias aderidas nos queratinócitos *Malasseziose -> atópicos possuem hipersensibilidade a Malassezia DIAGNÓSTICO *Critérios de Fravot: 1. Início dos sinais clínicos antes dos 3 anos 2. Habitam ambientes internos 3. Prurido responsivo à AIE 4. Prurido como sinal inicial (prurido alesional) 5. Membros torácicos afetados 6. Ouvidos afetados 7. Margem das orelhas não afetadas 8. Área dorso-lombar não afetada *5 sinais presentes aumenta a suspeita de Atopia *Exclusão dietética: diferencia dermatite atópica latu sensu da strictu sensu. Dieta caseira (arroz integral, batata, mandioca, fonte proteica que o animal não tenha entrado em contato como opções cordeiro, coelho, pato, peixe branco, óleo de canola e/ou semente de girassol) ou dieta comercial (rações hipoalergênicas). Se após 5-8 semanas o prurido cessar, considera dermatite atópica latu sensu. Se não melhorar, é dermatite atópica strictu sensu. TRATAMENTO *Complexo *Objetivo: recuperar a função de barreira tegumentar da pele e minimizar a exposição à irritantes primários, além de manter a pele hidratada *AIE: somente para as crises, por no máximo 15 dias. Prednisona 0,5 mg/kg SID Deflazacort 0,1 – 0,3 mg/kg cada 48 horas *Terapia Imunomoduladora -> inibidores da calcineurina Ciclosporina 5 mg/kg SID VO 4 semanas. Associar com AIE nas primeiras 3 semanas. *Apoquel -> Oclacitinib: inibidor IL 31 -> Janus Quinase, citocina da inflamação. Imunobiológico, corta o reflexo do prurido, eficácia em 4 a 6 horas. Não usar em cães com menos de 1 ano de idade ou animais com piodermite ou Malassezia associadas. Apoquel 0,4 – 0,6 mg/kg BID 14 dias, após SID *Tratamento de primeira ordem -> educação do proprietário. Tratamentos de exclusão -> controle de piodermite, controle da Malasseziose, minimizar exposição a alérgenos, recuperar a função da barreira da pele. E se não resolver? Tratamento medicamentoso *Hidroxizine -> 10% de eficácia *Corticoide -> pode ser uma opção, associar com anti-histamínico. O de escolha é a Prednisolona *Glicocorticoides tópicos -> cortavance *Ciclosporina *Apoquel *Lokivetmab -> inibidor IL 31 anticorpo monoclonal *Imunoterapia alérgeno-específica *Tentativas crise aguda: Prednisolona, metilprednisolona, cortavance, Apoquel *Ciclosporina: propriedades imunomoduladoras inibindo interleucinas minimizando inflamação e lesão. Poucos efeitos colaterais a longo prazo. Acesso a forma humana, eficácia 40-50%, não tão bem absorvida no cão. Associar a corticoide no início. TERAPIA TOPICA REPOSITORA DE BARREIRA *Esfingonisina, lipídeo, colesterol, fitoesfingosina -> recompositores *Episothe: hidratante, umectante, emoliente *Allermyl: repositor de barreira *Dermogen: hidratante *Hidrapet: recompositor e hidratante *Reposição lipídica tópica -> aumenta a camada lipídica da epiderme DISQUERATOSE – SEBORREIA *Defeito na queratinização *Queixa principal: caspas, pele seca, muita descamação *Seca ou oleosa *Prurido variável *Predispõe proliferação bacteriana -> dermatite seborreica *Seborreia oleosa pode vir acompanhada de Malasseziose *Alteração na velocidade da Epidermopoiese -> normalmente ocorre em 21 dias, na seborreia esse tempo é menor -> visualização da descamação *Alteração na quantidade ou qualidade do sebo produzido -> seborreia oleosa CLASSIFICAÇÃO *Clínica: seca, oleosa ou dermatite seborreica *Etiologia: primaria (genética, hereditária, Schnauzer, Akita, raro) ou secundária (>90% dos casos, banhos quentes, má alimentação, doenças dermatológicas primarias, endócrinas, ectoparasitas) SEBORREIA SECA *Ressecamento da pele e da pelagem *Descamação focal ou difusa SEBORREIA OLEOSA *Descamação associada de produção lipídica excessivas *Focal ou difusa *Pele e pelos gordurosos *Mau cheiro DERMATITE SEBORREICA *Descamação, oleosidade *Inflamação *Associada a foliculite *Lesões circulares idiopáticas eritematosas ou hiperpigmentação SEBORREIA PRIMÁRIA *Seborreia idiopática primaria *Dermatite responsiva ao zinco *Dermatite responsiva a vitamina A (Akita, Malamute) *Acne (Schnauzer) *Adenite sebácea (reação contra a glândula sebácea) *Animais jovens *Biópsia fecha diagnóstico *Excluir causas secundárias SEBORREIA SECUNDÁRIA *Doenças infecto-parasitárias *Distúrbios nutricionais *Distúrbios de hipersensibilidade *Distúrbios endócrinos SEBORREIA IDIOPATIA PRIMARIA *Hereditária *Sinais clínicos precoces (cães 12 semanas, gatos 2-3 dias) *Hiperploriferação: epiderme, folículo piloso e glândula sebácea -> pode ser seca ou oleosa, depende onde está afetando DIAGNÓSTICO *Lesões características *Primaria: resenha, histórico, exclusão, histopatológico *Secundária: determinar a causa de base. Se generalizada, fazer exames laboratoriais (doenças sistêmicas, endocrinopatias). Se for focal, multifocal ou regional, fazer raspado, cultura, biópsia. TRATAMENTO *Primária: não tem cura. Controle de sinais clínicos. Hidratação ou desengorduração,corticoide, Roacutan. Controle de fatores agravantes. *Secundária: tratar causa de base -TRATAMENTO SEBORREIA SECA *Hidratantes (conduzem agua para a pele), emolientes (não deixam a agua sair da pele) e umectantes (puxam água para a pele). Se for severa, usar queratolítico (descamam as células mortas do extrato córneo) e queratoplastico (diminuem a multiplicação das células do extrato basal). Banhos 1-3 vezes por semana. -TRATAMENTO SEBORREIA OLEOSA *Antisseborreicos (regulam a produção de sebo pelas glândulas sebáceas. Cetoconazol atrofia a glândula) e desengordurantes (Peróxido de Benzoíla -> também é queratolítico. Para gatos cuidar com a dose). -TRATAMENTO SEBORREIA MISTA *Sulfeto de selênio ou alcatrão de hulha. *Seborreia primária -> tratamento tópico e sistêmico -> ômega, Roacutan, ciclosporina, Prednisolona. OTITE EXTERNA *Inflamação da orelha *Muitas recidivas *Fatores primários, predisponentes e perpetuantes FATORES PRIMÁRIOS: desencadeiam o processo inflamatório Parasitas (Otodectes mais comum, Demodex, Sarcoptes) Hipersensibilidade Seborreia, corpo estranho, trauma, imunomediada, endocrinopatias FATORES PREDISPONENETES: alteram o microclima e facilitam a inflamação Anatômico, racial, umidade excessiva, erros de manejo, imunossupressão FATORES PERPETUANTES: mantem e agravam a doença Proliferação bacteriana, fúngica, edema, hiperplasia, calcificação, otite média, tratamento inapropriado, excesso de limpadores auriculares/medicamentos *Otite externa: orelha externa até o tímpano *Otite média: até a bulha timpânica *Otite interna: ossos, sistema vestibular SINAIS CLINICOS *Prurido, otalgia, eritema, edema, exsudação, alopecia *Menos comuns: disorexia, febre, dor para mastigar, torção de cabeça quando tem envolvimento de orelha interna *Secundários: discromia, otohematoma, ulceras, lifadenomegalia APRESENTAÇÃO CLINICA *Otite ceruminosa, eczematosa, purulenta ou estenosante 1. OTITE CERUMINOSA: inflamação + cerúmen. Otocaríase (Otodectes, Demodex), otomicose (malassezia), alteração do cerúmen (seborreia). 2. OTITE ECZEMATOSA: eczema (hiperemia, aumento de temperatura, edema) + cerúmen. Otocaríase, DASP, HÁ, atopia, malassezia 3. OTITE PURULENTA: presença de pus no cerúmen. Aguda -> água, farmacodermia; Crônica -> ceruminosa ou eczematosa com contaminação bacteriana. Odor fétido 4. OTITE ESTENOSANTE: otite crônica. Hiperplasia epitelial DIAGNÓSTICO *Otoscopia, parasitológico do cerúmen, citopatológico do cerúmen (malassezia, cocos, bacilos), cultura e antibiograma (otite crônica, redicivante, bacilos gram negativos, ulcera ou otite media ou interna), biopsia (descartar neoplasia, pênfigo), RX/TC (otite media, interna, redicivante) *Citologia normal: cerúmen, poucas células epiteliais anucleadas, cocos 1-25 por campo, malassezia 1-5 por campo. *Citologia alterada: aumento de queratinócitos nucleados, eritrócitos, neutrófilos fagocitando bactérias, macrófagos (infecção), células neoplásicas (neoplasia), aumento de células epiteliais e debris (otite não infecciosa) OTITE BACTERIANA *Staphylococus pseudointermedius, Protheus, Pseudomonas, pasteurella, E. coli *Sinais clínicos: otalgia, secreção purulenta abundante, prurido, febre ocasional, prostração, anorexia, agressividade *Diagnóstico: Otoscopia (exsudato purulento abundante, eritema), swab para citologia, cultura bacteriana, antibiograma -> primoterapia não precisa. *Tratamento: se otorreia abundante -> lavagem otológica (antibiótico não age se tiver muita secreção) com degermante diluído, Clorexedine, fluimucil, soluções associadas. Se perfuração timpânica, somente solução fisiológica. Antibioticoterapia tópica 2 semanas (agudas) ou 30 dias (crônicas), Antibioticoterapia sistêmica se apresentar ruptura timpânica, lifadenomegalia ou febre. Para avaliar ruptura timpânica -> fluoresceína -> cora o céu da boca. Soluções antibiótico + antifúngico + anti-inflamatório. Pseudomonas resistente -> enrofloxacina com tris EDTA 5 minutos antes (aumenta eficácia do antibiótico). AIE -> anti-inflamatório, antipruriginoso, aumenta o diâmetro do conduto auditivo, diminui produção glandular, reduz dor, edema, hiperplasia -> restaura a função normal da barreira do epitélio *Cultura + atb, lavagem otológica, cerimunoliticos base não acida, terapia tópica -> neomicina, gentamicina, terapia sistêmica, AINE ou AIE se edema, eritema, prurido. *Se crônico, RX; se ruptura timpânica -> terapia sistêmica OTITE CERUMINOSA *Prurido, odor de ranço, exsudato amarelado ou acastanhado, pele untuosa, seborreia *Citologia *Tratamento: retirar excesso de cerúmen, controlar a seborreia se tiver. *Lavagem otológica se concreção de cerúmen e otorreia purulenta *Cerimunoliticos base acida é melhor 1-2 vezes ao dia por 10 dias *Terapia sistêmica se não melhorar a dor, se doença grave *Otite na dermatite atópica -> a maioria das vezes não está associada a um agente infeccioso, averiguar secreção otológica. Cerimunoliticos base não acida, terapia tópica só se tiver otorreia, terapia sistêmica antipruriginoso *Dermatite seborreica -> geralmente otite ceruminosa -> citologia. Cerimunoliticos base ácida. OTITE PARASITÁRIA *Mais comum em felinos *Sinais clínicos: prurido, eritema meantal, exsudato enegrecido, cerúmen borra de café *Tratamento tópico 3 semanas, cerimunoliticos, antiparasitários tópicos *Tratamento sistêmico antiparasitário *Tratar todos os contactantes OTITE MICÓTICA *Malassezia *Sinais clínicos: prurido, seborreia, hiperpigmentação, exsudato acinzentado, enegrecido, odor forte *Diagnóstico: sinais clínicos e citologia *Acidificar o conduto auditivo quando poucas malassezias por campo *Tratamento tópico: nistatina, clortrimazol, Miconazol *Tratamento sistêmico: Cetoconazol, Itraconazol 3 – 4 semanas OTITE ECZEMATOSA *Acompanha quadros dermatológicos alérgicos *Sinais clínicos: prurido intenso, eritema, edema, hiperplasia, estenose (crônica) *Tratamento: se alérgica, tratar alergia -> AIE, anti-histamínicos, retirar a causa da alergia. Oncioln A OTITE ESTENOSANTE *Otite crônica *Tratamento: Prednisolona, acetato de metilprednisolona intra-lesional, cirurgia ___________”_____________”_________________”____________________”__________ Créditos: - Aula ministrada pela professora Msc. Suzana Evelyn Bahr Solomon, PUC-PR - Resumo desenvolvido por Estela Dall’Agnol Gianezini. Médica Veterinária pela Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina