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Habitação social projetos e realidades

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Habitação Social
Projetos e Realidades
A discussão política
Todas as ações do poder público no processo de produção da Habitação Social, são resultado de políticas públicas que nascem, necessariamente, de uma discussão política. Embora, muitas vezes, os resultados traduzidos em leis, programas e projetos não reflitam a realidade das necessidades das populações as quais se destinam essas iniciativas. 
A discussão política, as vezes, é conduzida por uma ideologia de um determinado grupo ou seguimento político. Essa partidarização leva a imprimir características ao processo que refletem interesses dos seus idealizadores. Isso pode interferir positiva, ou negativamente, nos projetos de habitação social. 
Em diferentes países, a habitação social, pode ter características diferentes e padrões distintos de uma região para outra, ou de um país para outro. Mas, em todos os casos, os projetos tem algo em comum, em qualquer lugar do Mundo: as pessoas a quem os projetos são destinados.
Nesse breve estudo de caso, trazemos aqui, três casos de projetos de habitação social para uma rápida reflexão sobre o tema. Os dois primeiros casos apresentados são projetos que foram desenvolvidos e implantados no Brasil. O terceiro e último é na França. O projeto francês reflete um pouco da essência da política de habitação social do país. 
 Morro do Pica-pau Amarelo
Cubatão – SP 1986
A primeira ocupação do morro começou em 1918 com a instalação das primeiras industrias dessa região. O Morro do Pica-pau, ou Morro do Marzagão, como era chamado, fica próximo ao local onde as primeiras indústrias de Cubatão foram implantadas e nele foram construídas casas para as famílias dos funcionários das fábricas.
A primeira ocupação do morro, feita entre 1918 e 1920, era de poucas casas, serviam para algumas dezenas de funcionários que eram levados de longe com suas famílias, eram profissionais que constituíam a mão-de-obra especializada não disponível na região. 
 Durante algum tempo, a ocupação do morro se manteve baixa, com poucas casas. Mas, houve uma evolução nessa ocupação. Em 1986 haviam mais de 500 famílias instaladas . A área de quase 14.000 m² passou a ser uma ocupação de risco.
 
Essa mesma área passou a ser propriedade da SABESP, a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo, que exigia a desocupação do terreno.
No ano de 2002, foram entregues 720 apartamentos que formam o Conjunto Habitacional Mário Covas, na Vila Natal, para onde foram remanejadas as famílias que ocupavam o Morro do Pica-pau.
Morro do Pica-pau, 1 ano depois da desocupação
Depois da reintegração de posse, a área voltou a ser controlada pela SABESP e faz parte da reserva de mata atlântica.
Hoje a área encontra-se totalmente recuperada.
 
Objetivo:
Urbanização definitiva de favelas e de áreas degradadas, com a construção de prédios de apartamentos, urbanização dos lotes a serem preservados e relocação das habitações e lotes remanescentes para atendimento das diretrizes do projeto global de cada área com eliminação das áreas de risco, transformando as favelas em verdadeiros bairros.
Meta:
Atender a cerca de meio milhão de pessoas, beneficiando diretamente um total de 92.000 famílias através da urbanização e verticalização de favelas e de áreas degradadas.
O Projeto Cingapura foi uma iniciativa da Secretária Municipal de Habitação de São Paulo, que construía conjuntos habitacionais nos terrenos de favelas. Conhecido também como Projeto PROVER, Programa de Verticalização de Favelas do Município de São Paulo, o Cingapura foi a bandeira da Gestão Paulo Maluf (1993-1997) e Celso Pitta (1997-2001).
Implementado em 1993, o Projeto Cingapura pretendia atender, ao final de 72 meses, meio milhão de pessoas, ou seja, 92 mil famílias, através da construção de 30 mil unidades habitacionais e melhorias urbanísticas para 62 mil famílias, atingindo no total 243 núcleos de favelas. Em 2001, perto do fim da gestão Pitta, o saldo do projeto eram 13.456 unidades construídas.
Acusado de "fachadismo social", ou seja, de construir prédios que ficavam na frente das favelas sem urbanizá-las totalmente, o Projeto Cingapura ficou como mais conhecido como um marco do marketing eleitoral do que como um projeto habitacional.
Projeto Cingapura - Marginal Pinheiros SP
Projeto Cingapura - Marginal Tietê SP
Favela localizada na Av. Zaki Narchi, entre o Córrego do Carandiru e a Rua Guilherme Paraense, em São Paulo, na década de 80.
Implantação do projeto e primeiras obras na Av. Zaki Narchi, na década de 90.
Conclusão das obras, ainda na década de 90
35 PRÉDIOS - 700 APARTAMENTOS
Edifícios para habitação social em Paris, França
PARTE DE UM PROJETO DE RECUPERAÇÃO URBANA EM GLEBA ANTES OCUPADA POR FÁBRICAS DA RENAULT, EM PARIS. 
OS QUATRO EDIFÍCIOS PARA HABITAÇÃO SOCIAL GANHARAM ELEMENTOS ESCULTURAIS EM MALHA DE ALUMÍNIO E ESTRUTURA METÁLICA ENVOLVENDO AS ÁREAS DE CIRCULAÇÃO VERTICAL, TRANSFORMADAS EM AMPLOS BALCÕES
Um relatório oficial de 2009 sobre as 751 "Zones urbaines sensibles - ZUS » francesas1, quase reabriu o debate sobre a eficiência da política pública nessas áreas degradadas e sobre sua inserção na sociedade francesa. O relatório observa que a pobreza e o desemprego nessas áreas são bem superiores à média nacional e que a diferença aumenta com o tempo. Quase a metade das crianças das ZUS se encontram abaixo do limite da pobreza (a média nacional é 12%), e um quarto dos jovens estão desempregados (1/8 na França), chegando a 40% em algumas áreas.
. Essas áreas podem se encontrar no centro das cidades ou na periferia, ser formais ou informais, dependendo do contexto local, mas sempre existem.
Essas populações não são excluídas do sistema econômico, mas peças chave dele. A grande maioria trabalha em atividades formais ou informais (o trafico de drogas sendo uma delas). Todos têm renda e todos consomem. Todavia, se encontram na parte mais baixa da pirâmide social. Muitos não se satisfazem com sua posição e tentam evoluir. E nesse ponto, entra a questão psicológica da exclusão. Na França, a população mais bem sucedida socialmente, e a grande maioria dos franceses, não quer considerar os moradores das ZUS como parte da sociedade francesa, e, como franceses de direito pleno (mesmo que quase todos o sejam). 
A habitação social, na França, como na maioria dos países europeus é resultado da compreensão de que as populações de de menor poder aquisitivo, são parte indispensável do sistema social, quando essa mão de obra não é suficiente entre os nativos é completada com os imigrantes. Melhorar a qualidade das habitações, é mais uma questão de tornar a presença da classe operária mais tolerável pela classe mais rica quando se trata de dividir o mesmo espaço urbano.
Existem várias formas de acesso à moradia na França, a habitação social conta com diversos programas de aquisição e leis que incentivam e facilitam o acesso à habitação em áreas urbanas estabelecidas.
Em toda a França, hoje, é obrigatório que qualquer lançamento imobiliário residencial contenha pelo menos 25% de habitação social (este percentual, que era de 20%, subiu para 25% desde a eleição de Hollande). Para viabilizar os empreendimentos, os promotores imobiliários privados se associam aos chamados “bailleurs sociaux”, entidades encarregadas da produção de habitação social que recebem subsídios para essa finalidade.
Para a construção dos acessos verticais foram criadas estruturas de aço que distribuem suas cargas no solo e nos prédios onde estão fixadas. Ancoradas nessas estruturas, as malhas de alumínio protegem balcões de circulação e acesso aos apartamentos, em cada um dos andares.
O projeto do escritório Tetrarc mostra que é possível criar habitações populares com materiais duráveis e boa arquitetura, oferecendo espaços internos e externos de qualidade para seus usuários. “Uma variedade de projetos de arquitetura e tipos diferentes de apartamentos, constituindo uma proposta generosa para moradores com
rendimentos modestos”, anotam os arquitetos. Trazem, com isso, uma reflexão sobre os novos projetos para habitação social.
http://www.irib.org.br/obras/a-aquisicao-de-habitacao-na-franca-sistemas-alternativos-de-propriedade
http://www.novomilenio.inf.br/cubatao/bvnatal.htm
http://www.prodam.sp.gov.br/invfut/cinga/cinga3.htm
http://mapio.net/pic/p-88346252/
http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/18252/Projeto-Cingapura-perfeito-retrato-do-Brasil.htm
http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1078:catid=28&Itemid=23
 
http://www.irib.org.br/obras/a-aquisicao-de-habitacao-na-franca-sistemas-alternativos-de-propriedade
https://arcoweb.com.br/finestra/arquitetura/tetrarc-architects-edificios-para-habitacao-social-paris-franca
http://www.cleiss.fr/docs/regimes/regime_france/pt_4.html
https://raquelrolnik.wordpress.com/2013/03/06/paris-cria-orgao-metropolitano-de-habitacao-temos-algo-semelhante-por-aqui/
http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1078:catid=28&Itemid=23 (David Albrecht, 2010 . Ano 7 . Edição 59 - 29/03/2010)
Imagens:
 
Wilson Houck Jr. (do projeto singapura)
Departamento de Imprensa/PMC, (Morro do Pica-pau)
Stéphane Chalmeau (Condomínio em Paris)

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