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RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRENTE DE CRIME
Prof. Wesley Monteiro
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O ponto de partida de nossa investigação acerca do crime e sua repercussão civil é a análise do art. 935 do Código Civil Brasileiro (art. 1.525, CC-16; no CPP, art. 66):
“Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal”.
Apenas estes dois fundamentos da sentença penal absolutória têm o condão de prejudicar definitivamente a reparação civil: negativa material do fato ou negativa de autoria.
JURISDIÇÃO CIVIL X JURISDIÇÃO PENAL
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Ora, um ilícito penal — a exemplo de um homicídio ou um roubo — gera também consequências civis, que deverão ser devidamente sopesadas e aferidas no juízo próprio, segundo as regras legais de competência.
Vê-se, portanto, da análise desse artigo, a relativa independência entre os juízos civil e criminal, na medida em que se proíbe a rediscussão da materialidade do fato ou de sua autoria, se tais questões já estiverem decididas no juízo criminal. 
Assim, no exemplo do homicídio, se o réu lograr êxito na demanda, demonstrando cabalmente a negativa de autoria, não terá legitimidade passiva para figurar no polo passivo de uma demanda indenizatória.
RESPONSABILIDADE CIVIL 
X 
RESPONSABILIDADE PENAL
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Observe-se, nesse diapasão, que o Código de Processo Penal traz disposição no sentido de que 
“a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for o caso, contra o responsável civil” (art. 64).
Logo após, dispõe: 
“Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito”.
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Lembre-se, apenas, de que o reconhecimento de alguma excludente de ilicitude — a exemplo da legítima defesa — nem sempre impede que o agente indenize, como na hipótese de o agredido, em sua repulsa legítima, incorrer em erro de execução, atingindo terceiro inocente. 
Deverá, pois, ressarcir este último, com ação regressiva contra o verdadeiro autor do dano. Outras causas de absolvição no Juízo Criminal, todavia, como a falta de provas ou a prescrição, não têm o condão de prejudicar o trâmite da demanda cível.
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EFEITOS CIVIS DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA: A EXECUÇÃO CIVIL DA SENTENÇA PENAL E A AÇÃO CIVIL “EX DELICTO”
O art. 91, I, do Código Penal estabelece como efeito da sentença penal condenatória “tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime”.
A vítima ou seus sucessores buscam esse ressarcimento por meio da denominada ação civil ex delicto.
O art. 63 do CPP, por sua vez, refere ainda que, com fulcro na própria sentença penal condenatória (título executivo judicial), poderá o ofendido, seu representante legal ou herdeiros, em vez de intentar demanda de conhecimento, promover diretamente a execução judicial.
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Art. 245. A lei disporá sobre as hipóteses e condições em que o Poder Público dará assistência aos herdeiros e dependentes carentes de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do autor do ilícito.
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ARAKEN DE ASSIS:
“No caráter autônomo da ação civil se depara benfazeja opção assegurada à vítima. 
Em razão direta do princípio da autonomia, o ajuizamento da demanda reparatória não se adscreve ao início da ação penal. É inteiramente livre a vítima para ajuizá-la logo ou aguardar o pronunciamento definitivo da sentença legal repressiva”.
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O foro competente para o deslinde da ação, inclusive a execução baseada em sentença penal condenatória, segundo assentado na doutrina, é o do local do crime ou o do autor, nos termos do art. 100, V, a, do CPC.
A legitimidade ativa para a propositura da demanda reparatória é reconhecida à vítima, a seu representante legal e aos sucessores, nos termos do art. 63 do CPP. 
Note-se, outrossim, a legitimidade extraordinária conferida ao Ministério Público para executar a sentença penal ou ajuizar diretamente a ação civil, se o titular da reparação do dano for pobre, nos termos do art. 68 do CPP.
LEGITIMIDADE E COMPETÊNCIA
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No aspecto passivo, tem legitimidade para figurar como réu na ação civil apenas o autor do crime ou o seu responsável civil, lembrando-se que, por princípio constitucional, os seus herdeiros não poderão ser compelidos a indenizar a vítima (“a pena não poderá passar da pessoa do criminoso”).
Importantíssima, aliás, é a observação feita pelo multicitado Desembargador do TJRS, no sentido de que “é imperioso, nesta altura, distinguir a legitimidade passiva da execução baseada na sentença penal condenatória (art. 475-N, II, do Cód. de Proc. Civil), que só pode atingir o(s) condenado(s), no âmbito penal, e a da ação reparatória, que abrange, eventualmente, os responsáveis, que, por não figurarem no processo crime, jamais poderão ser executados a partir daquele título. Por tal motivo, desejando o lesado obter a reparação do dano de algum responsável — v.g. do empregador do motorista que provocou o acidente de trânsito —, deverá ajuizar a ação civil desde logo, pois a futura condenação do autor do ilícito penal em nada lhe beneficiará neste desiderato”.
LEGITIMIDADE E COMPETÊNCIA
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No mesmo sentido, SÍLVIO DE SALVO VENOSA: 
“Para que terceiros sejam chamados a reparar o dano, deve ser promovida ação de conhecimento, a denominada actio civilis ex delicto, sendo-lhes estranha a matéria decidida no juízo criminal, abrindo-se, assim, ampla discussão sobre o fato e o dano no juízo cível”
LEGITIMIDADE E COMPETÊNCIA
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Uma observação pertinente, ainda, em relação a esse tipo de pretensão se refere à prescrição.
Com efeito, o CC-02, trazendo regra sem equivalente no CC-16, estabeleceu, in verbis:
“Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva”.
PRESCRIÇÃO

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