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CONTROLE ABSTRATO E CONCENTRADO NO TJ

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1. Surgimento 
O controle Estadual foi previsto pela primeira vez na CF/46, com o advento da EC 16/65 que acrescentou o inciso XIII ao Art. 124 da CF/46. 
Apesar de estar prevista na CF, ficou a cargo de uma lei efetivar, o que jamais ocorreu. 
Assim sendo, a sua estreia ocorreu na CF/88 nos termos do Art. 125, §2º.
 CF/46 - Art. 124. (...) XIII - a lei poderá estabelecer processo, de competência originária do Tribunal de Justiça, para declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato de Município, em conflito com a Constituição do Estado
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A Constituição Federal de 1988 foi bastante ampla ao dispor acerca da possibilidade de previsão estadual do controle concentrado de constitucionalidade, colocando como únicos limites que:
 (i) se dê contra lei ou ato normativo estadual ou municipal, excluídos portanto os atos administrativos, e que:
(ii) haja no mínimo duas instituições ou órgãos legítimos para propor a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI).
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2. Parâmetro
Qualquer norma da constituição é parâmetro, podendo ser (i) autônoma; (ii) repetição obrigatória; e (iii) imitação.
- Autônoma: Aquele que existe só na constituição do estado, para atender as particularidades.
- Repetição Obrigatória: Decorrente do principio da simetria que exige a observância na esfera estadual de preceitos firmados em âmbito federal (Poder Derivado Decorrente – São limites ao poder derivado decorrente; Art. 11, ADCT).
- Imitação: Por mera liberalidade (faculdade). São normas inseridas no documento estadual que reproduzem por mera liberalidade do poder decorrente dispositivos da constituição federal.
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4. Objeto
Leis e os demais atos normativos municipais e estaduais.
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Ações
Ação de Representação de Inconstitucionalidade 
 ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade)
Segundo a CF os estados devem instituir a ADI (que entre a EC 16/65 até a constituição de 88 era intitulada “representação de inconstitucionalidade”)
ADO (Ação Direta por Omissão) perfeitamente viável sua instituição, haja vista ser uma mera derivação da ADI genérica.
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Obs. 1: Vale lembrar que existe fungibilidade entre ADI e ADO por omissão parcial (proposta naqueles casos em que existe uma norma, mas esta é incompleta ou insuficiente na regulamentação); 
ADC (Ação Declaratória de Constitucionalidade) também é indiscutivelmente factível sua previsão na esfera estadual; afinal tanto a ADI quanto a ADC são ações de caráter dúplice ou natureza ambivalente (Art. 24 da Lei 9868/99), o que significa que a declaração de procedência ou improcedência dos pedidos nas duas ações produzirá exatamente os mesmos efeitos.
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fgt
ADPF em que pese o posicionamento divergente (pelo cabimento) a doutrina majoritária entende não ser possível a instituição de ADPF em âmbito estadual, em razão da redação do Art. 102, §1º da CF. 
Somente um EC (feita na constituição federal) que modificasse o dispositivo é que abriria o espaço para ADPF para as constituições estaduais.
Obs. 2: Por fim, como o objeto da ADPF federal é muito amplo (art. 1º e art. 4º da Lei 9882/99) eventual ADPF estadual quase não teria utilidade.
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Simultaneidade de ADI’s (Tramitação paralela de ADI’s).
A lei tem que ser estadual, afinal se fosse municipal não caberia ADI no STF, de igual forma também não poderia ser federal, pois não caberia ADI no TJ.
Serão duas ADI’s, uma proposta no STF tendo por parâmetro a CF e a outra no TJ tendo por parâmetro a CE. 
Neste caso, o principio da primazia da CF/88 é que vai orientar o trâmite.
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No trâmite paralelo a ADI do TJ ficará suspensa “causa especial do sobrestamento da ação” aguardando a decisão do STF. 
Se a corte determinar a procedência da ADI, isto é a inconstitucionalidade da norma, a ação no TJ será extinta em razão da perda do objeto.
Por outro lado se o STF concluir pela improcedência da ADI perante a CF, a ação do TJ terá seu trâmite continuado em face da Constituição Estadual, podendo até pronunciar sua inconstitucionalidade em vista da CE, mas por fundamento distinto daquele utilizado pelo STF.
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O TJ poderá concluir que a norma também é constitucional diante da CE. 
Todavia, também é possível que o TJ conclua que a norma estadual é inconstitucional em face de dispositivos da CE que não tenham sidos reproduzidos da CF.
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De maneira genérica, pode-se dizer que cada Constituição Estadual pode prever o seu procedimento de controle de constitucionalidade, sendo que no silêncio da constituição há dois entendimentos:
De que fica vedado o controle concentrado ou de que a alegação de inconstitucionalidade não pode ser afastada por falta de previsão sob pena de se negar a prestação jurisdicional. 
O segundo entendimento, entretanto, se mostra um pouco mais raso face à possibilidade de controle abstrato dos atos normativos ou leis estaduais e municipais, independentemente de previsão legislativa.
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Os Estados possuem capacidade para prever a ADI contra inconstitucionalidade estadual, e vários preveem inclusive a ADC, de modo que será de acordo com as previsões de cada constituição estadual e suas leis que será regido o procedimento para a ADI e ADC, relativamente ao controle concentrado de constitucionalidade das leis e atos normativos estaduais e municipais.
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Nos Estados, embora silente a Constituição Federal, é imperioso notar que a ADO não representa o transbordo da competência constitucional para processar a ADO estadual, mas sim o reconhecimento de que a omissão quanto a determinadas normas ensejam a inconstitucionalidade, esta sanável por meio de ADO.
Destarte, perfeitamente aplicável a ADO para guarda das Constituições Estaduais, vez que a competência constitucional da ADI engloba a da ADO, respeitados os limites objetivos ao julgamento, conforme artigo 103, §2º, da CF.
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 – Controle Abstrato nos Estados
Ver art. 125,§2º da CF/88;
Competência: TJ.
Em relação ao controle de constitucionalidade concentrado (via de ação) de norma municipal em face da Constituição Estadual, o artigo 125, § 2º, da Constituição Federal determinou o seguinte.
Este dispositivo constitucional criou um sistema de controle de constitucionalidade, no qual compete exclusivamente aos Tribunais de Justiça, por via de ação direta, declararem a inconstitucionalidade, em tese, de norma municipal em face das Constituições Estaduais. 
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TESE DAS NORMAS DE REPETIÇÃO NAS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS
De acordo com Fernando Luiz Ximenes Rocha, “a repetição de normas da Carta da República pelas Constituições Estaduais pode dar-se de forma compulsória, no caso das chamadas normas de preordenamento ou de reprodução obrigatória e, de forma facultativa, na hipótese das denominadas normas de imitação, que são aquelas em que não existe a obrigatoriedade de observância pelas Leis Fundamentais dos Estados-membros, sendo adotadas pelas Cartas Estaduais por livre opção do constituinte decorrente.
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Se uma lei ou um ato normativo municipal contraria uma norma de imitação (também denominada de norma de reprodução voluntária), caberá ao Tribunal de Justiça do Estado resolver o conflito definitivamente, seja por meio do controle difuso ou do controle concentrado, já que o Supremo Tribunal Federal não tem competência para arguir acerca do controle de constitucionalidade de norma municipal em face da Constituição Estadual. 
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Entretanto, se o caso for de contrariedade a uma norma de reprodução obrigatória, a decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado, ainda que seja por meio do controle abstrato, não terá caráter definitivo, pois cabe ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em última instância que versem sobre o controle de constitucionalidade das leis estaduais ou municipais em razão da Constituição Federal.
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Nesse caso, se a lei estadual, ou mesmo a municipal, viola a CE, no fundo, pode ser que ela esteja, também,
violando a CF. 
Como o TJ não tem essa atribuição de análise, buscando evitar a situação de o TJ usurpar competência do STF (o intérprete máximo da Constituição), abre-se a possibilidade de se interpor recurso extraordinário contra o acórdão do TJ em controle abstrato estadual para que o STF diga, então, qual a interpretação da lei estadual ou municipal perante a CF.
Trata-se, assim, de utilização de recurso típico do controle difuso no controle concentrado e em abstrato estadual.
 
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O recurso extraordinário será um simples mecanismo de se levar ao STF a análise da matéria.
 Assim, a decisão do STF nesse específico recurso extraordinário produzirá os mesmos efeitos da ADI, ou seja, por regra, erga omnes, ex tunc e vinculante, podendo o STF, naturalmente, nos termos do art. 27 da Lei n. 9.868/99, modular os efeitos da decisão. 
Portanto, não se aplicará a regra do art. 52, X, não tendo o Senado Federal qualquer participação.
 
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Cabimento de Recurso Extraordinário para o STF da decisão do TJ.
Em regra, as decisões do TJ são soberanas e irrecorríveis. 
No entanto, eventualmente, caberá recurso extraordinário para o STF, quando a norma da CE eleita como parâmetro for de repetição obrigatória. 
Esse RE produzirá efeitos erga omnes; isso porque é um recurso interposto contra a decisão prolatada pelo TJ no controle concentrado, que é desenvolvido em um processo objetivo.
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Repita-se: No caso de conflito entre lei municipal e normas da Constituição Estadual reprodutoras de preceitos obrigatórios da Lei Fundamental, o Tribunal de Justiça do respectivo Estado tem competência para decidir a matéria, por meio do controle concentrado, nos termos do artigo 125, § 2º da Constituição Federal, cabendo recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal, consoante o artigo 102, inciso III, alínea c da mesma Carta.
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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E ATOS NORMATIVOS MUNICIPAIS EM FACE DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL 
 Quando uma lei ou um ato normativo municipal contraria a Constituição Estadual, o conflito pode ser resolvido através do controle jurisdicional de constitucionalidade difuso ou concentrado. 
No controle de constitucionalidade difuso não cabe recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal, já que o confronto entre norma municipal e a Constituição Estadual, neste caso, só pode ser resolvido, em última instância, pelo Tribunal de Justiça do Estado. 
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Quanto ao controle de constitucionalidade concentrado, o conflito entre norma municipal e a Constituição Estadual será solucionado através de ação direta de inconstitucionalidade proposta perante o Tribunal de Justiça do Estado, em única instância, nos termos do artigo 125, § 2º da Lei Fundamental.
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A Constituição do Estado de São Paulo, no seu artigo 90, traz o rol dos legitimados a propor ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal, perante o Tribunal de Justiça: 
“Art. 90. (...) 
I - o Governador do Estado e a Mesa da Assembléia Legislativa; 
II - o Prefeito e a Mesa da Câmara Municipal; 
III - o Procurador-Geral de Justiça; 
IV - o Conselho da Seção Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil; 
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V - as entidades sindicais ou de classe, de atuação estadual ou municipal, demonstrando seu interesse jurídico no caso; 
VI - os partidos políticos com representação na Assembléia Legislativa,ou, em se tratando de lei ou ato normativo municipal, na respectiva Câmara.” 
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LEGITIMADOS NO TJDFT
a) o Governador do Distrito Federal; 
b) a Mesa da Câmara Legislativa; 
c) o Procurador-Geral de Justiça; 
d) a Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Distrito Federal; 
e) as entidades sindicais ou de classe, de atuação no Distrito Federal, 
O os partidos políticos com representação na Câmara Legislativa.
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E o instituto do amicus curiae pode ser aplicado, por analogia, ao controle de constitucionalidade exercido pelos Tribunais de Justiça Estaduais. 
Neste caso, observa-se, por meio da jurisprudência existente, não haver nenhum tipo de impedimento para que esta intervenção ocorra, embora não seja muito frequente.

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