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Controle Concentrado no Brasil

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Controle Concentrado no Brasil – EC 16/1965
A partir dessa emenda o Brasil passa a ter controle híbrido de constitucionalidade das leis. Foi mantido o Controle Difuso e recepcionado o Controle Concentrado, modelo Europeu.
Principais características (Art. 34, VII, CF):
1 – Era denominado representação de inconstitucionalidade (Vai desde da EC 16/1965 até a criação CF/1988 e depois ficou conhecida como ADI);
2 – Era legitimado para propor a ação o Procurador Geral da República;
3 – A competência originária para julgá-la é do STF (Art. 102, CF);
4 – Podem ser objeto da representação leis federais e estaduais (Ver Art. 125, § 2º, CF. Fala sobre inclusão de leis municipais a partir de 1988);
5 – O único parâmetro: A Constituição Federal;
6 – A decisão tinha efeito erga omnes, vinculante e ex tunc;
7 – Examinava-se vícios formais e materiais;
8 – O STF atuava como legislador negativo.
Esse modelo fracassou por duas razões:
1 – Por ser o Procurador Geral o representante judicial do Poder Executivo/Presidente da República. Essa competência conflitava com aquela de propor a representação.
2 – O desrespeito à vinculatividade das decisões do STF. A época não existia com a efetividade de hoje a reclamação constitucional.
Ver Art. 102, § 2º, CF.
Complementando a falta de autonomia do Poder Judiciário decorrente da ingerência ilegítima do Poder Executivo contribuiu para o insucesso desse controle.
Controle CF/88
Em 88 foi instituída nova fórmula para o Controle Concentrado, conforme orienta o Art. 102,I, “a”, CF. A representação é designada como Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI). Esta ação é regida ordinariamente pela lei 9.868/99.
Características:
1 – Pode ser proposta por 9 (nove) órgão ou entidades citadas no Art. 103, I a IX CF. Em geral são órgãos de representação nacional. Alguns deles só são admitidos como autores da ADI se demonstrarem a relação entre sua representação e matéria contida na lei atacada: é a pertinência temática. Deve fazê-lo Governadores, Assembleias Legislativas, Entidades de âmbito nacional que não possuem legitimidade universal. Essa última deverá demonstrar também que representa efetivamente os interesses da categoria em pelo menos nove Estados da Federação.
Efeitos da ADI:
De acordo com o Art. 102, § 2º, CF. A decisão proferida em ADI é erga omnes, vinculante e ex tunc.
A Lei declarada inconstitucional é nula, como nulos são todos os efeitos dela derivados.
A decisão do STF exige o cumprimento de dois requisitos: 1 – a presença da respectiva seção de julgamento de pelo menos oito ministros; e, 2 – O quórum de maioria absoluta (Art. 22 e 23, da lei 9.868/99).
Modulação permite constatar que houve vício substancial na lei, porém, a lei será anulada da data da sentença da PEC em diante, sem anular os efeitos que já produziu esta lei.
Ex tunc – Art. 102, §2, CF.
Modulação – Art. 27, Lei 9.868/99.
De acordo com o Art. 27 da Lei 9.868/99 podem pelo menos oito Ministros do STF modular os efeitos de uma decisão da Corte com base: a) Em excepcional interesse social; e/ou, b) Em nome da segurança jurídica. Nesse caso a decisão poderá ser ex nunc, da sentença para o futuro; ou a partir de uma data fixada pelo STF, no passado ou no futuro.
No Controle Concentrado e em todos os seus desdobramentos só se exige maioria qualificada (2/3) para a modulação dos efeitos da sentença. No mais será maioria absoluta.
Art. 52, X, CF.
Objeto da ADI.
Podem ser impugnados nessa ação além das leis, os atos normativos abstratos e gerais, aqueles que ao entrarem em vigor inovem para todos indeterminadamente a ordem jurídica: Constituições Estaduais, Leis Orgânicas Municipais, Tratados Internacionais, Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Medida Provisória, Resoluções Normativas, Decretos Legislativos (Art. 59, CF).
Qualquer Tratado Internacional pode ser impugnado em uma ADI, ainda que seja, sobre Direitos Humanos e tenha passado pelo rito do Art. 5º, §3º, CF. O Tratado Internacional só servirá de parâmetro para o controle se presentes dois pressupostos: a) Passar pelo Art. 5º, § 3º, CF; e, b) Sobre Direitos Humanos.
Ler ADI 1480, para compreender melhor sobre o tema Tratados Internacionais.
O Brasil recepcionou como Emenda Constitucional um Tratado Internacional, qual foi?
Técnica da Parcelaridade ou Divisibilidade.
Pode ser utilizada no Controle Repressivo de modo que o STF declara inconstitucional apenas uma palavra, uma frase ou expressão que tornou inconstitucional o dispositivo da lei. Utilizada a técnica, o dispositivo da lei continua a ter sentido e volta a ser constitucional. Se o dispositivo tornasse incompreensível a técnica não é admitida. Exemplifica a hipótese a ADI 1127 na parte em que impugnou o Art. 7º, V e seu §4º da Lei 8.906/94.
Técnica da Atração ou Arrastamento.
De acordo com Art. 3º, I, da Lei 9.868/99, o autor da ADI indicará na inicial a lei ou o dispositivo da lei que viole a CF. O STF contudo não, se limita a fiscalizar somente o artigo indicado. Deve fazer uma filtragem ampla que permita arrastar para sua sentença também outros dispositivos que tenham conexão com aquele.
Ler Art. 22 e 23 da Lei 9.868/99.
(Se o vício for formal a lei toda é inconstitucional)
Prova: Para o julgamento de uma ADI a dois requisitos: 1º Devem está presentes a Seção pelo menos oito Ministros – Art. 22, Lei 9.68/99; e, 2º Para procedência ou improcedência da ADI votos de pelo menos seis Ministros (maioria absoluta) – Art. 23, Lei 9.868/99.
Se houver empate 5 x 5 no julgamento de uma ADI a lei impugnada mantém a sua presunção de constitucionalidade.
Ler Art. 1723, CC.
ADI e Interpretação.
Nem sempre o Controle de Constitucionalidade é usado contra o texto de uma Lei. Pode também ser manejado (utilizado) em relação à fórmula de interpretação ou aplicação do texto legal. Isso ocorre quando o texto legal for ambíguo, polissêmico, plurissignificativo, podendo ocasionar insegurança jurídica diante de várias interpretações conflitantes entre si. Também para ampliar a proteção de direitos fundamentais, como ocorreu com a ADI 4277 que deu interpretação conforme ao Art. 1.723, CC.
Exemplificam também esse princípio a ADI 3324 que deu interpretação conforme ao Art. 1º da Lei 9.536; e a ADI 1127 que deu interpretação conforme sem redução de texto ao Art. 50 da Lei 8.906/94. Nesse caso o STF atua como legislador positivo.
Art. 28 da Lei 9.868.
Decreto 6949
Ler Art. 59, CF.
Princípio da transcendência das normas determinantes.
Nos termos do Art. 28 da Lei 9.868/99 a decisão do STF / Acórdão é publicada resumidamente no Diário Oficial. Esse resumo é a ementa ou a parte dispositiva da sentença.
Tradicionalmente a vinculatividade das decisões do STF ficava limitada à ementa publicada em Diário Oficial. Atualmente a vinculação transcende os limites da ementa alcançando os votos vencedores da decisão desde que determinantes para aquela conclusão.
Lei revogada e ADI.
Considerando-se que a discussão ocorrida em uma ADI é abstrata, não envolve direitos subjetivos, a revogação da lei impugnada implica no arquivamento da ADI. Eventuais prejuízos decorrentes da lei enquanto vigente podem ser ressarcidos através do Controle Difuso.
Norma Originária e ADI.
Em relação aos dispositivos promulgados em 05 de outubro de 1988 (Originário) não se admite Controle de Constitucionalidade. Norma Originária não pode ser parâmetro para Controle de Norma Originária.
Indisponibilidade da ADI.
Por envolver a ordem pública uma vez proposta a ADI o autor não pode desistir de seu prosseguimento. De igual a ADI não é atingida pela regra da prescritibilidade: pode ser proposta a qualquer tempo.
Não existe controle em relação à Lei Originária, no caso só é cabível na Emenda Constitucional.
ADI Estadual.
Ler Art. 102, I, ”a”, CF.
A Constituição traz outra inovação importante: se uma Lei Estadual ou Municipal transgredirem a Constituição Estadual, explicita ou implicitamente, a ADI será proposta no Tribunal de Justiça(Art. 125, §2º, CF). Temos então a possibilidade de Controle Concentrado em relação à Lei Municipal e mais um parâmetro de Controle: A Constituição Estadual. Também a legitimação de um Tribunal de Justiça para exercer o controle.
É possível que uma mesma Lei Estadual viole simultaneamente a Constituição Estadual e a Federal. Nesse caso a ADI local fica prejudicada, pois a decisão do STF é erga omnes e vinculativa (Art. 102, §2º, CF).
Estudar Art. 102, III, CF.
Os principais centrais da Constituição Federal devem ser repetidos obrigatoriamente na Constituição Estadual. Não se fala aqui em poder discricionário ou em mera liberdade do constituinte local. Por isso, ainda que um desses municípios não tiver êxito na Constituição Estadual, implicitamente, fará parte desta Constituição.
Ler Art. 125, § 2º, CF.
Nesse sentido o Art. 11, ADCT; os Art. 18, 25, 29, 32 e 125, CF (Todos eles falam a mesma coisa).
Por conta disso é possível ADI contra Lei Municipal e Estadual, que agredirem de modo implícito ou explícito a Constituição Estadual (no TJ).
Se uma Lei Municipal e uma Lei Estadual Violarem simultaneamente as duas Constituições pode ocorrer o seguinte: No caso da Lei Estadual uma ADI no STF e outra no TJ, caso em que a ADI local fica prejudicada, pois a decisão do STF é vinculante. Em relação a Lei Municipal admite-se ADI somente no TJ. A decisão do TJ admite Recurso Extraordinário (RE) para o STF, cuja decisão será erga omnes e vinculante na circunscrição daquele Estado.
Questões para estuda para prova:
1) O que veio de novo na CF/88?
R- Paradigma Constituição Estadual, TJ foi destinado a julgar ADI Constituição Estadual e Lei Municipal (Controle Concentrado).
2) Que normas não podem ser impugnadas em ADI no STF?
R- Lei Originária, Lei Originária Estadual, Lei Municipal, Lei Revogada, Norma de efeito concreto, Leis pré-constitucionais, Lei Estadual quando for somente contrária a CE e não for contrária a CF e Normas secundárias.
3) O que pode ser impugnado por uma ADI?
R- Lei Federal, Lei Estadual, Lei Municipal, Constituição Estadual, Emendas Constitucionais, Medidas Provisórias, Decreto Legislativo e Lei Delegada.
4) Em que atuações rege-se o quórum de 2/3 em caso de ADI?
R- Parcelaridade, Técnica da atração, Interpretação conforme a CF, Modulação, Procedência ADI (Maioria absoluta), Improcedência ADI e Abertura de Sessão de Julgamento (oito Ministros).
Parâmetro para Controle:
CF
CE (TJ)
EC (Tratado de Nova Iorque)
ADI x LF
Podem ser impugnados ADI:
EC
Norma Originária
Tratado Internacional
Leis Complementares, Ordinárias e Delegadas.
MP
Decreto Legislativo
Resolução
Leis Estaduais
Leis Municipais

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