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CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social (resenha)

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CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Trad. POLETI, Iraci D. Pretrópolis, RJ: Vozes, 1998.
Condição proletária, condição operaria, condição salarial: três formas dominantes de cristalização das relações de trabalho na sociedade industrial, e também três modalidades das relações que o mundo do trabalho mantém com a sociedade global. (p. 415)
[...] O proletário é um elo essencial no processo de industrialização nascente, mas esta condenado a trabalhar para se reproduzir e, segundo a expressão já cidadã de Auguste Comte, “acampa na sociedade sem se encaixar”. (p.415)
[...] Constituiu-se uma nova relação salarial e, através dela, o salário deixa de ser a retribuição pontual de uma tarefa. Assegura direitos, dá acesso a subvenções extra trabalho e permite uma participação ampliada na vida social: consumo, habitação, instrução, [...] e lazer. (p. 416)
[...] A sociedade salarial parece arrebatada por um irresistivel movimento de promoção: acumulação de bens e de riquezas, criação de novas posições e de oportunidades inéditas, ampliação dos direitos e das garantias, multiplicação das seguridades e das proteções. (p.417)
[...] principais elementos dessa relação salarial do inicio da industrialização, correspondendo ao que se acaba de chamar de condição proletária: uma remuneração próxima de uma renda mínima que assegura apenas a reprodução do trabalhador e de sua família e que não permite investir no consumo; [...] (p. 419)
[...] um modo de remuneração da força de trabalho, o salário - que comanda amplamente o modo de consumo e o modo de vida dos operários e de sua família - , uma forma da disciplina do trabalho que regulamenta o ritmo da produção, e o quadro legal que estrutura a relação de trabalho, isto é, o contrato de trabalho e as disposições que o cercam.
O salariado acampou durante muito tempo às margens da sociedade; depois aí se instalou, permanecendo subordinado; enfim, se difundiu até envolve-la completamente para impor sua marca por toda parte. (p.495)
[...] O trabalho, como se verificou ao longo deste percurso, é mais que o trabalho e, portanto, o não-trabalho é mais que o desemprego, o que não é dizer pouco. Também a característica mais perturbadora da situação atual é, sem dúvida, o reaparecimento de um perfil de “trabalhadores sem trabalho” que Hannah Arendt evocava, os quais, literalmente, ocupam na sociedade um lugar de supranumerários, de “inúteis para o mundo”. (p.496)
[...] Mas o desemprego é apenas a manifestação mais visível de uma transformação profunda na conjuntura do emprego. A precarização do trabalho constitui-lhe uma outra característica, menos espetacular porém ainda mais importante, sem dúvida. O contrato de trabalho por tempo indeterminado está em via de perder sua hegemonia. [...]
[...] As “formas particulares de emprego” que se desenvolvem recobrem uma infinidade de situações heterogêneas, contratos de trabalho por tempo determinado, interinidade, trabalho de tempo parcial e diferentes formas de “empregos ajudados”, isto é, mantidos pelos poderes públicos no quadro da luta contra o desemprego”. [...]
[...] enfatizar essa precarização do trabalho permite compreender os processos que alimentam a vulnerabilidade social e produzem, no final do percurso, o desemprego e a desfiliação.[...] (p. 516)
[...] a precarização do emprego e do desemprego se inseriram na dinâmica atual da modernização. São as conseqüências necessárias dos novos modos de estruturação do emprego, a sombra lançada pelas reestruturações industriais e pela luta em favor da competitividade que, efetivamente, fazem sombra para muita gente. (p.516-517)
[...] A consolidação da condição salarial, como já for sublinhado, deveu-se ao fato de qua assalariar uma pessoa tinha, cada vez mais, consistido em prender sua disponibilidade e suas competências a longo prazo – isto contra uma concepção mais rude da condição de assalariado que consistia em alugar um individuo para executar uma tarefa pontual. [...][...] A flexibilidade é uma maneira de nomear essa necessidade do ajustamento do trabalhador moderno a sua tarefa. (p. 517)
A flexibilidade “[...] exige que o operador esteja imediatamente disponível para adaptar-se às flutuações da demanda: Gestão em fluxo tenso, produção sob encomenda, resposta imediata aos acasos dos mercados tornaram-se os imperativos categóricos do funcionamento das empresas competitivas. Para assumi-los, a empresa pode recorres à subcontratação (flexibilidade externa) ou treinar seu pessoal para a flexibilidade e para a polivalência a fim de lhe permitir enfrentar toda a gama das novas situações (flexibilidade interna).(p.517) 
[...] Acrescentemos que a internacionalização do mercado do trabalho acentua a degradação do mercado nacional. As empresas subcontratam também (flexibilidade externa) em países onde o custo da mão-de-obra é varias vezes menos elevado. Num primeiro momento, essa forma de deslocamento afetou sobretudo os empregados subqualificados e as industrias tradicionais [...]. (p. 524-525)
Essa evolução é agravada pela “terceirização” das atividades [...]. Semelhante transformação não muda apenas a estrutura das relações de trabalho no sentido da predominância das relações diretas entre o produtor e o cliente e do caráter informacional e relacional crescnete das atividades. Tem uma incidência direta sobre a produtividade do trabalho. Em média, os ganhos de produtividade indicados pelas atividades industriais são o dobro daqueles do setor de serviços. (p. 525)
O processo de precarização percorre algumas das áreas do emprego estabilizadas há muito tempo. Novo crescimento dessa vulnerabilidade de massa que, como se viu, havia sido lentamente afastada. Não há nada de “marginal” nessa dinâmica. Assim como o pauperismo do século XIX estava inserido no coração da dinâmica da primeira industrialização, também a precarização do trabalho é um processo central, comandado pelas novas exigências tecnológico-econômicas da evolução do capitalismo moderno. (p. 526)
Parafrase sobre desestabilização dos estáveis: A classe operaria e dos assalariados esta ameaçada de oscilação, onde a base das posições asseguradas de trabalho e as promoções sociais estão se diluindo. Exemplos desta situação são o bloqueio da mobilidade de classe e o constante desequilíbrio da estrutura social, onde para os governos basta tratar a questão social a partir de suas margens e denuncias a “exclusão”. (p. 527)
O desemprego recorrente constitui, pois, uma importante dimensão do mercado do emprego. [...] A precariedade como destino. (p.528)
[...] A precarização do emprego e o aumento do desemprego são, sem duvida, a manifestação de um déficit de lugares ocupáveis na estrutura social, entendendo-se por lugares posições às quais estão associados uma utilidade social e um reconhecimento publico. Trabalhadores “que estão envelhecendo” (mas frequentemente têm cinqüenta anos ou menos) e que não tem mais lugar no processo produtivo, mas que tambem não o tem alhures; jovens a procura de um primeiro emprego e que vagam de estagio em estagio e de um pequeno serviço a um outro; desempregados de há muito tempo que passam, até a exaustão e sem grnade sucesso, por requalificações ou motivações [...] (p. 529-530)
[...] Ocupam uma posição de supranumerários, flutuando numa espécie de no man’s land social, não integrados e sem duvida não integráveis, pelo menos no sentido que Durkheim fala da integração como o pertencimento a uma sociedade que forma um todo de elementos interdependentes. (p. 530)
Ocupam, na estrutura social atual, uma posição homologa a do quarto mundo no apogeu da sociedade industrial: não estão ligados aos circuitos de trocas produtivas, perderam o trem da modernização e permanecem na plataforma com muito pouca bagagem.

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