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Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
Aula 00 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
Aula 00 
 
1 
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questões anteriores das últimas provas da disciplina de todo o país. 
3. Figuras para facilitar a memorização dos principais tópicos da disciplina entre 
outros. 
 
 
 
Aula 
Conteúdo Data 
 00 
A questão social 
Disponível 
01 
Os fundamentos históricos, teóricos, metodológicos e éticos 
do Serviço Social no Brasil. Disponível 
Apresentação 
Aula 00 – Questão Social 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
Aula Extra 
 
2 
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02 
Direitos e a trajetória das políticas sociais no Brasil; a 
Política de Seguridade Social Brasileira; O Projeto Ético-
Político do Serviço Social e o trabalho profissional. 
22/07/2017 
03 
O significado social da profissão na reprodução das relações 
sociais capitalistas. 29/07/2017 
04 
Os desafios ao Serviço Social na contemporaneidade e os 
diferentes espaços sócioocupacionais. 
 
05/08/2017 
05 
Lei de Regulamentação da Profissão, o Código de Ética do 
Assistente Social e as Resoluções do CFESS sobre o trabalho 
profissional. 
12/08/2017 
06 
Desigualdades, diversidade e os marcos históricos e legais 
das Políticas de Ação Afirmativa no Brasil. 
 
17/08/2017 
 
 
 
 
01. Capitalismo no século XX: aspectos da Questão Social 03 
02. Questão Social 09 
03. Questão Social e Serviço Social 23 
04. O processo de monopolização do capital no Brasil 29 
05. A questão social nas mudanças ocorridas a partir do final do século XX 32 
06. Questões comentadas 32 
07. Questões sem comentários 115 
 
 
 
 
Sumário 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
Aula Extra 
 
3 
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É no contexto da sociedade capitalista que entra em cena a Questão Social'. E o 
Serviço Social, como resposta às suas manifestações, terá junto à Questão Social 
uma relação inerente, indissociável. 
 
A Questão Social se fez presente no quadro sócio-econômico onde o Serviço Social 
inseriu-se, bem como as influências que tangenciaram a profissão. 
Para dar conta desse cenário, necessário se faz reconstituir e compreender, ainda 
que brevemente o modo de produção capitalista, que traz consigo marcas 
profundas de antagonismos e contradições. Como bem respalda Martinelli (2005), 
as origens deste modo de produção podem ser buscadas já no mundo feudal, mas 
foi na primeira metade do século XIX, mediante impactos da Revolução Industrial, 
que foram sentidos os efeitos mais profundos no contexto social. 
 
O Capitalismo fez de sua expansão um período de grande dominação e confronto 
principalmente no que tange à relação capital x trabalho, instaurando-se 
peculiarmente em forma de sociedade de classes pautada principalmente na 
compra e venda da força de trabalho. A sociedade de classes trouxe um modo de 
relação social pautado na posse privada de bens, gerando um mundo de cisão, de 
quebra, de exploração da maioria pela minoria, onde a luta de classes é senão, a 
luta pela vida. 
 
O Capitalismo mostrou a dura realidade vivida no século XX, mesmo diante da 
promessa de progresso econômico e financeiro feitas ainda no século XIX. 
Primeiramente porque seu desenvolvimento se fez às custas da exploração da 
classe trabalhadora e então a medida em que a riqueza concentrava-se junto a uma 
01. Capitalismo no século XX: aspectos da Questão Social 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
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minoria dos donos de capital, crescia uma imensa massa de trabalhadores a 
viverem em miséria generalizada. Além disto, este século foi abalado pela Grande 
Depressão' que atingiu toda a Europa e seus efeitos pulverizaram-se em todos os 
países. 
Esta dinâmica histórica apresentada pelo capitalismo não vem a ser puramente um 
acúmulo de choques de classes, como salienta Chesnais (2003), que destaca 
inclusive, que uma análise mais profunda irá demonstrar que o Capitalismo 
imprime à sociedade um combate histórico, cuja importância é inquestionável pois 
remete à dialética das relações de produção e ao papel motor da luta de classes. 
Ou seja, o Capitalismo marcou profundamente a sociedade ao fazer a cisão das 
classes, pois alterou as relações sociais. 
 lamamoto e Carvalho (2001) explicam que o processo 
capitalista é uma construção histórica em que os homens 
produzem e reproduzem as condições materiais da 
existência humana e também as relações sociais. Capital e 
trabalho são extremos diferentes dentro de uma mesma 
unidade, um expressa-se no outro, e/ou nega-se no outro, 
numa relação dependente. O capital entende o trabalho enquanto parte inerente 
a si, pois o trabalhador entrega diariamente ao capitalista o valor de uso de sua 
força de trabalho, formando um ciclo sem meio e sem fim. 
Assim, o modo de produção capitalista anunciou uma forma peculiar no que diz 
respeito às relações sociais dos homens, quando promoveu a divisão das classes, 
formadas pelos que detinham os meios de produção e por aqueles que nada mais 
possuíam além da própria força de trabalho, ou seja, "ser capitalista significa 
ocupar não somente uma posição pessoal, mas também uma posição social na 
produção. "O capital não é, portanto, um poder pessoal: é um poder social" (MARX; 
ENGELS, 2005, p. 33). 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
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5 
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No mesmo sentido, Martinelli (2005) afirma que o elemento central de análise 
deste modo de produção não é o caráter comercial nem seu empreendedorismo e 
sim as relações sociais que dele emanam e resultam na separação do capital e do 
trabalho. As relações entre os homens são relações de classes. 
 
Marx (2001), cuja literatura pioneira permitiu interpretar e descrever este modo 
de produção, traz que a ação interativa entre os homens obviamente gerou 
progresso econômico, social e cultural, mas trouxe também a alienação, a 
dominação do homem sobre seu semelhante e as desigualdades sociais que são 
cruciais em sociedades em processo de industrialização.Marx criticou a ideologia 
da sociedade capitalista, que sujeita demasiadamente o trabalho ao capital, assim 
como traz a alienação e a exploração dos trabalhadores. O processo de acumulação 
do capital dá-se e intensifica-se com a apropriação da mais valia pelos proprietários 
dos meios de produção e assim, a concentração de bens de produção em mãos de 
poucos, em detrimento daqueles que só possuíam sua força de trabalho, culminou 
no agravamento dos problemas sociais da classe trabalhadora. 
 
Destaque também à Marx e Engels (2005) que propuseram-se a demonstrar ao 
operariado como o Capitalismo veio a desvirtuar a vida e as relações sociais da 
humanidade na sua busca incessante por satisfazer as exigências do capital. 
Gradativamente, a classe trabalhadora foi percebendo esta exploração e também, 
foram crescendo os problemas sociais advindos da acumulação capitalista o que 
levou os trabalhadores a organizarem-se em categorias. 
 
O avanço capitalista torna a distribuição de renda cada vez mais desigual, 
crescendo a distância entre as classes e gerando profundas desigualdades sociais 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
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ao mesmo tempo em que a evolução tecnológica gera o progresso e 
enriquecimento de uma pequena parcela do país. 
A hegemonia de classes configura um espaço de atuação do Estado que, nas 
palavras de Oliveira (1996, p. 18), é o tutor do bem comum. Seu papel não é 
somente o de regulador, ou o árbitro neutro do bem - estar, mas de agente básico 
na definição e na manutenção da ordem social. Assim sendo, é inevitável que o 
Estado configure uma relação social permeada de conflitos, já que é o espaço onde 
os interesses das classes hegemônicas confrontam-se. Assim, o Estado capitalista é 
"hegemonia e dominação", conforme Faleiros (1982 apud OLIVEIRA, 1996, p. 18). 
O Estado, através das políticas sociais, buscará instituir meios que compensem as 
desigualdades geradas pelo Capitalismo, intervindo deste modo na chamada 
Questão Social. 
 
(2015) – FGV - DPE-MT: Assistente Social. Um elemento fundamental a todo 
projeto é a sua fundamentação teórica. Dessa forma, quando o pressuposto teórico 
é alimentado por uma visão de mundo dialético-crítica, ele se baseia na 
compreensão das refrações da “questão social” como intrínseco ao modo de 
produção capitalista. 
Gabarito. Alternativa Correta 
(2014) - CEPERJ: VIVA COMUNIDADE-VIVA RIO: Assistente Social. Sobre o debate 
da Questão Social, Netto (2001) nos oferece elementos essenciais para 
compreender a gênese de utilização desta expressão e sua relação com fenômenos 
objetivos presentes na realidade social. O autor informa que a expressão “Questão 
Social” começa a ser utilizada na terceira década do século XIX e surge para dar 
conta do fenômeno do pauperismo, evidente na Europa Ocidental nesse período. 
Sendo assim, pode-se compreender, a partir do autor citado, que as expressões da 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
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7 
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“Questão Social”, estão relacionadas aos aspectos mais imediatos da: instauração 
do capitalismo em seu estágio industrial concorrencial. 
Gabarito. Certo 
 
Assim, a expressão “questão social” surgiu na Europa Ocidental, na 
terceira metade do século XIX, para designar o fenômeno do 
pauperismo. Netto (2001) afirma que, pela primeira vez, a pobreza 
crescia na proporção em que aumentava a capacidade produtiva do capitalismo. 
Os pobres passavam a protestar e a se constituir como uma real ameaça às 
instituições sociais existentes. 
 
Tome nota! 
Nesse período, a pobreza passou a se constituir como um problema. 
Pela primeira vez, a naturalização da miséria foi politicamente 
contestada (Pereira, 2004) e o processo de urbanização, somado com a 
industrialização, culminou na combinação dos seguintes determinantes 
indissociáveis: 
 
 
(a) o empobrecimento agudo da classe 
trabalhadora; 
(b) a consciência desta classe de sua condição de 
exploração e
(c) a luta desencadeada por esta classe contra os 
seus opressores a partir dessa consciência. 
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Podemos, assim, vincular o surgimento da questão social com o surgimento da 
classe trabalhadora e identificá-la no momento em que a contradição fundamental 
do capitalismo, como modo de produção social, se desenvolve e se revela, ou seja, 
quando se evidencia que, no capitalismo, quem produz a riqueza não a possui e 
ainda, que não há espaço para todos no mercado. Nesses termos, “a sociedade 
capitalista é nada mais, nada menos que o terreno da reprodução contínua e 
ampliada da questão social” (Mota, 2000, p. 1). 
 
 Cabe destacar que a questão social só toma características 
de “problema” e passa a ser enfrentada pela sociedade 
burguesa (principalmente através de políticas sociais) 
porque é publicizada, denunciada pela classe trabalhadora, 
ou seja, porque retrata uma resistência por parte desta 
classe. “Ao mesmo tempo em que a questão social é 
desigualdade, é também rebeldia, pois envolve sujeitos que vivenciam estas 
desigualdades e a ela resistem e se opõem” (Iamamoto, 1999, p. 28). Devido a estas 
características de resistência e rebeldia, Iamamoto afirma ser necessário, também, 
para apreender a questão social, captar as múltiplas formas de pressão social, de 
invenção e de re-invenção da vida, construídas no cotidiano. É também com este 
caráter de desigualdade e resistência que Pastorini (2004) irá tratar a questão 
social. Para esta autora, é necessário pensar a questão social sem perder de vista a 
processualidade, ou seja, “analisar a emergência política de uma questão, adentrar 
nos processos e mecanismos que permitem que essa problemática tome força 
pública, que se insira na cena política” (Pastorini, 2004, p. 98). 
Portanto, não se pode perder de vista na análise um outro elemento: os sujeitos 
envolvidos nesse processo, “aqueles que colocam a questão na cena política”. Não 
Conhecimentos Específicos 
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considerar esses sujeitos é tratar a questão social de forma “des-historicizada, des-
economizada e des-politizada ” (Pastorini, 2004, p. 99). 
 
(2015) – FUNRIO – UFRB: Assistente Social. Conceitualmente, a expressão 
“questão social”, foi utilizada para designar o processo de politização da 
desigualdade social inerente à constituição da sociedade burguesa. Sua emergência 
vincula-se ao surgimento do capitalismo e à pauperização dos trabalhadores. Esta 
concepção foi considerada como elemento que dá sustentação a profissão, e é sua 
base histórico- social. Além disso, pode ser considerada a proposta básica para o 
projeto de formação profissional. 
Gabarito. Certo 
 
 
 
 
A questão social tem sido interpretada como produto da desigualdade social e 
sinônimo de cidadania, conforme afirma Ianni (1991); desagregação e desfiliação 
(CASTEL, 1997); nova questão social (ROSANVALLON, 1995). A questão social, para 
além do mundo do trabalho, também envolve as questõesde gênero, etnia e 
minorias sociais, segundo Wanderley (1997); além de poder ser vista como um 
conjunto de problemas econômicos, políticos, sociais e culturais próprias da 
sociedade capitalista (CERQUEIRA FILHO, 1982), concepção esta, retomada por 
Iamamoto (2003) e Paulo Netto (2004). 
Nesse sentido, abordaremos algumas pontuações dos principais autores mais 
cobrados pelas bancas examinadoras. 
 
02. Questão Social 
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Segundo Netto (2001), há cinco momentos historicamente importantes para 
compreender a questão social. 
Dessa maneira, a primeira delas é que a expressão 
“questão social” surge para dar conta do 
pauperismo decorrente dos impactos da 
primeira onda industrializante, a designação 
desse pauperismo relacionava-se diretamente aos seus desdobramentos 
sociopolíticos, pois desde a primeira década até a metade do século XIX seu 
protesto tomou as mais diversas formas numa perspectiva efetiva de uma 
eversão da ordem burguesa. 
A partir da metade desse século, de acordo com a segunda nota do autor, a 
expressão “questão social” entra para o vocabulário do pensamento conservador, 
com o caráter de urgência para manutenção e a defesa da ordem burguesa, a 
questão social perde paulatinamente sua estrutura histórica determinada e é 
crescentemente naturalizada, tanto pelo pensamento conservador laico como no 
do confessional, no primeiro as manifestações da questão social eram vistas como 
características inelimináveis de toda e qualquer ordem social e para amenizá-las e 
reduzi-las era preciso uma intervenção política limitada, enquanto que para o 
segundo, a gravitação da questão social só era possível com uma exarcebação da 
vontade divina. Assim, para ambos, a questão social é objeto de ação moralizadora, 
o enfrentamento de suas manifestações deve ser função de um programa de 
reformas que preserve a propriedade privada dos meios de produção. Em 
contrapartida, com a exploração da revolução de 1848, os ideais da classe 
trabalhadora passam de classe em si para classe para si, a questão social passa a 
José Paulo Netto 
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ser vista como atrelada à sociedade burguesa e a supressão desta conduz a 
supressão daquela. 
A terceira nota destaca que foi apenas em 1867 com o livro “O capital”, de Karl 
Marx, que se produziu uma compreensão teórica acerca do processo de produção 
do capital, relevando a anatomia da questão social. Para Marx a questão social seria 
determinada pelo traço próprio e peculiar da relação capital-trabalho, a 
exploração, fruto da sociabilidade erguida sob o comando do capital. 
Na quarta nota Netto expõe que no período do Welfare State (1945-1970), período 
dos trinta anos gloriosos, a questão social e suas manifestações pareciam 
remeterse ao passado, e apenas os marxistas insistiam em assinalar que as 
melhorias das condições de vida dos trabalhadores não alteravam a essência 
exploradora do capitalismo. Já a partir da década de 1970, com o esgotamento da 
onda longa expansiva, o capitalismo mostrou que não havia nenhum compromisso 
social, e a intelectualidade acadêmica descobriu uma nova questão social. 
Por fim, na última nota, Netto defende a tese de que não se trata de uma nova 
questão social uma vez que a emergência de novas expressões da questão social é 
decorrente da ordem do capitalismo 
 
(2012) - PUC-PR - DPE-PR: Assistente Social. As análises de Netto (1990/1996) 
compreendem de forma madura a consolidação da vertente de ruptura com o 
conservadorismo e sua importância para a renovação teórico-cultural da profissão. 
Segundo o autor, é CORRETO afirmar que: Foram as lutas sociais que 
transformaram a questão social em uma questão política e pública, transitando do 
domínio privado das relações entre capital e trabalho para a esfera pública, 
exigindo a intervenção do Estado no reconhecimento de novos sujeitos sociais. 
Gabarito. Certo 
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(2014) – CEPERJ - VIVA COMUNIDADE-VIVA RIO: Assistente Social. Sobre o debate 
da Questão Social, Netto (2001) nos oferece elementos essenciais para 
compreender a gênese de utilização desta expressão e sua relação com fenômenos 
objetivos presentes na realidade social. O autor informa que a expressão “Questão 
Social” começa a ser utilizada na terceira década do século XIX e surge para dar 
conta do fenômeno do pauperismo, evidente na Europa Ocidental nesse período. 
Sendo assim, pode-se compreender, a partir do autor citado, que as expressões da 
“Questão Social”, estão relacionadas aos aspectos mais imediatos da: instauração 
do capitalismo em seu estágio industrial concorrencial 
Gabarito. Certo 
 
 
 
A concepção de questão social está enraizada na contradição capital x trabalho, em 
outros termos, é uma categoria que tem sua especificidade definida no âmbito do 
modo capitalista de produção. 
 
 “Questão social apreendida como o conjunto das 
expressões das desigualdades da sociedade 
capitalista madura, que tem uma raiz comum: a 
produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho 
torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos 
mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade.” 
 
A concepção de questão social mais difundida no Serviço Social é a de CARVALHO 
e IAMAMOTO, (1983, p.77): 
Marilda Villela Iamamoto 
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“A questão social não é senão as expressões do processo de formação e 
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da 
sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e 
do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o 
proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais 
além da caridade e repressão”. 
 
Ou seja, tem-se o que é denominado contradição fundamental entre capital e 
trabalho, desenvolvendo-se o processo de construção de desigualdades. 
Assim, não existem questões sociais, mas sim QUESTÃO SOCIAL, que se manifesta 
em diversas formas de expressão, mas cuja origem é sempre a mesma. 
 
Ainda de acordo com IAMAMOTO (2005, p.28) 
“(...)o desenvolvimento nesta sociedade redunda, de um lado, em uma enorme 
possibilidade de o homem ter acesso à natureza, à cultura, à ciência, enfim, 
desenvolver as forças produtivas do trabalho social; porém, de outro lado e na sua 
contraface, faz crescer a distância entre a concentração/acumulação de capital e a 
produção crescente da miséria (...)” 
Ou seja, questão social expressa-se na desigualdade. 
Nunca se produziu tanto no mundo (tecnologias, produtos, serviços), mas ao 
mesmo tempo cada vez mais aumenta a distância entre os que possuem capital 
para ter acesso ao que é produzido e aqueles que tem esse acesso negado. 
Nessas definições estão presentes os conceitos bases para o entendimento da 
questãosocial, na perspectiva da teoria social crítica, ou seja compreendendo que 
tal questão é fruto da sociedade do capital e sua contradição fundamental entre 
capital e trabalho. 
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Assim, a questão social historicamente se desenvolve com o próprio modo de 
produção capitalista, na medida em que não é possível o desenvolvimento desse 
sistema sem essa contradição entre quem produz e quem tem os meios de 
produção. 
A questão social não é um fenômeno recente, 
típico do esgotamento dos chamados trinta anos 
gloriosos da expansão do capitalismo, ao 
contrário, trata-se de uma “velha questão social” 
inscrita na própria natureza das relações sociais capitalistas, mas que, na 
contemporaneidade, se re-produz sob novas mediações históricas e, ao mesmo 
tempo, assume inéditas expressões espraiadas em todas as dimensões da vida em 
sociedade. 
 
Esse assunto foi cobrado pela banca 
No marco da teoria social crítica, a questão social é considerada um fenômeno 
recente, típico do trânsito do padrão de acumulação no esgotamento dos trinta 
anos gloriosos da expansão capitalista. 
 
Comentário: A tese a ser desenvolvida considera ser questão social indissociável 
do processo de acumulação e dos efeitos que produz sobre o conjunto das classes 
trabalhadoras, o que se encontra na base da exigência de políticas sociais públicas. 
Ela é tributária das formas assumidas pelo trabalho e pelo estado na sociedade 
burguesa e não um fenômeno recente, típico do trânsito do padrão de acumulação 
no esgotamento dos 30 anos gloriosos da expansão capitalista. Portanto item 
errado. 
 
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Ou seja, a questão social está na gênese do sistema capitalista e para resolvê-la 
seria necessário a mudança no modo de produção. 
Dessa forma, o Serviço Social trabalha especificamente com 
as expressões da questão social, que é uma só, mas que se 
manifesta a partir de diversas formas. 
Dessa forma, o assistente social precisa compreender que as 
demandas que lhe são colocadas no cotidiano do trabalho 
profissional são expressões dessa questão e não apenas 
problemáticas sociais ou questões individuais. Elas manifestam essa problemática 
maior e mais profunda que é a QUESTÃO SOCIAL. 
 
Para autora, a questão social expressa, portanto, desigualdades econômicas, 
políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas por disparidades nas 
relações de gênero, características étnico-raciais e formações regionais, 
colocando em causa amplos segmentos da sociedade civil no acesso aos bens da 
civilização. Destaca que foram as lutas sociais que romperam o domínio privado 
nas relações entre capital e trabalho, extrapolando a questão social para esfera 
pública exigindo a interferência do Estado para o reconhecimento e a legalização 
de direitos e deveres dos sujeitos sociais envolvidos. 
A autora assinala que o processo de naturalização da questão social é 
acompanhada da transformação de suas manifestações em objeto de programas 
assistenciais focalizados no “combate à pobreza” e que uma dupla armadilha pode 
envolver a análise da questão social, corre-se o risco, então, de cair na pulverização 
e fragmentação das questões sociais, atribuindo unilateralmente aos indivíduos a 
responsabilidade por suas dificuldades ou aprisionar a análise em um discurso 
genérico, que redunda em uma visão unívoca e indiferenciada da questão social. 
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Por fim, aponta que na perspectiva por ela assumida, a questão social não se 
identifica com a noção de exclusão social, hoje generalizada, dotada de grande 
consenso nos meios acadêmicos e políticos. 
Esse assunto foi cobrado pela banca 
A antiga questão social assume roupagens novas, de acordo com 
Iamamoto, as expressões da questão social mais relevantes são: 
“(...) o retrocesso no emprego, a distribuição regressiva de renda e a ampliação 
da pobreza, acentuando as desigualdades nos estratos socioeconômicos, de 
gênero e localização geográfica urbana e rural, além de queda nos níveis 
educacionais dos jovens.” (Iamamoto, 2007:147) 
Na atualidade a questão social está sendo naturalizada, individualizada, o 
indivíduo é colocando como o problema social, essa tendência gera o 
atendimento das refrações da questão social através de projetos assistenciais 
focalizados e também imprime junto as classes subalternas a repressão, num 
processo de criminalização da pobreza. Iamamoto salienta uma dupla armadilha 
quando a reflexão acerca das refrações da questão social é desvinculada de sua 
origem: 
“Corre-se o risco de cair na pulverização e fragmentação das inúmeras “questões 
sociais, atribuindo unilateralmente aos indivíduos e suas famílias a 
responsabilidade pelas dificuldades vividas” E ainda, “aprisionar a análise em um 
discurso genérico, que redunda em uma visão unívoca e indiferenciada da 
questão social.” (Iamamoto, 2007:164) 
O acirramento da questão social gera o aumento da demanda e do público alvo 
do assistente social. Entretanto, as políticas sociais estão cada vez mais 
focalizadas e seletivas. Assim, este profissional encontra-se em um dilema e no 
cerne dos conflitos entre duas questões opostas: direito e assistencialismo. 
 
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(2006) – UEG - TJ-GO: Técnico Judiciário - Assistente Social. Segundo Iamamoto (O 
Serviço Social na Contemporaneidade, 2003, p. 27), o “Serviço Social tem na 
questão social a base de sua fundação como especialização do trabalho”. Nesse 
sentido, é CORRETO afirmar: para o efetivo enfrentamento da questão social é 
necessário apreendê-la como o conjunto das expressões das desigualdades 
produzidas pela sociedade capitalista como resultado da contradição entre capital 
e trabalho. 
Gabarito. Certo 
(2013) - TJ-PR - TJ-PR: Serviço Social 
"O Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação enquanto 
especialização do trabalho. Os assistentes sociais, por meio da prestação de 
serviços socioassistenciais, realizados nas instituições públicas e organizações 
privadas, interferem nas relações sociais cotidianas, no atendimento às 
variadas expressões da questão social" (Iamamoto, 2007). A autora, em seus 
estudos sobre o tema, alerta os profissionais para os riscos da interpretação 
superficial da questão social, assim jugue os itens que se seguem. 
 1. reforço ao discurso de criminalização da questão social, base das práticas 
autoritárias e repressivas. 
Gabarito. Certo 
2. pulverização e fragmentação das inúmeras "questões sociais", atribuindo 
unilateralmente aos indivíduos e suas famílias a responsabilização pelas 
dificuldades vividas. 
 Gabarito. Certo 
3. constituição de discurso genérico, prisioneiro das análises estruturais, esvaziadas 
de suas particularidades históricas. 
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 Gabarito. Certo 
4. autonomização das múltiplas expressões da questão social. 
Gabarito. Certo 
 
 
 
No que diz respeito a temática da exclusão social, Yazbek, privilegia a análise da 
pobreza e da exclusão social como algumas das resultantes da questão social que 
permeiam a vida das classes subalternas em nossa sociedade e com as quais os 
assistentes sociais se defrontam em sua prática profissional. A autora parte do 
debate acumulado no âmbito do Serviço Social que situa a questão social como 
elemento central na relação entre profissão e realidade ao colocá-la como 
referência para a ação profissional. Dessa maneira, inicia pontuando que pobreza, 
exclusão e subalternidade configuram-se como indicadores de uma forma de 
inserção na vida social, de uma condição de classe e de outras condições 
reiteradoras da desigualdade, expressando as relações vigentes na sociedade. 
Tome nota! 
A pobreza seria uma face do descarte de mão de obra barata, que 
faz parte da expansão capitalista. Assim, segundo a autora, as 
sequelas da “questão social” expressas na pobreza, na exclusão e na 
subalternidade de grande parte dos brasileiros tornam-se alvo de ações solidárias 
e de filantropia revisitada, fazendo parte deste quadro à crônica crise das políticas 
sociais, seu reordenamento e sua subordinação às políticas de estabilização da 
economia, com suas restrições aos gastos públicos e sua perspectiva privatizadora. 
Yazbek (2001) faz referência a Telles quando esta aponta que no momento atual, 
despolitiza-se o reconhecimento da questão brasileira como expressão de relações 
de classe e neste sentido, desqualifica-a como questão pública, questão política, 
Maria Carmelita Yazbek 
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questão nacional, numa sociedade privatizada que desloca a pobreza para o “lugar 
de não política, onde é franqueada como um dado a ser administrado teoricamente 
ou gerado pelas práticas de filantropia”. Yazbek finaliza assinalando que entende 
que a reprodução ampliada da questão social é reprodução das contradições 
sociais, que não há rupturas no cotidiano sem resistência, sem enfrentamentos e 
que se a intervenção profissional do assistente social circunscreve um terreno de 
disputa, é ai que está o desafio de sair da lentidão, de construir, reinventar 
mediações capazes de articular a vida social das classes subalternas com o mundo 
público dos direitos e cidadania. 
 
 
(2013) - FCC - TRT - 5ª Região (BA): Analista Judiciário - Serviço Social. Para Maria 
Carmelita Yazbek (2012), a Questão Social pode ser compreendida como resultante 
da divisão da sociedade em classes e da disputa pela riqueza socialmente gerada, 
cuja apropriação é extremamente desigual no capitalismo. Supõe, desse modo, a 
consciência da desigualdade e a resistência à opressão por parte dos que vivem de 
seu trabalho. 
Gabarito. Certo 
(2012) – VUNESP - TJ-SP: Assistente Social. O fato de a presença dos pobres em 
nossa sociedade ser vista como natural e banal despolitiza o enfrentamento da 
questão e coloca os que vivem a experiência da pobreza num lugar social. Para 
Yazbek (2009), o uso da categoria “subalternidade” apresenta maior propriedade 
no sentido de apreender a situação de privação social, econômica, cultural e 
política, lugar social dos usuários dos serviços sociais. Nessa perspectiva, a 
subalternidade ganha dimensões mais amplas, não expressando apenas a 
exploração, mas também a dominação e a exclusão integrativa, que no mercado 
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capitalista cria reservas de mão de obra e transforma o pauperismo em despesa 
extra da produção. 
Gabarito. Certo 
 
 
 
Em outra linha de pensamento em relação a questão social, Telles 
(1996) assinala que a questão social não se reduz ao reconhecimento 
da realidade bruta da pobreza e da miséria. A autora, citando os 
termos de Castel, aponta que a questão social é a aporia das sociedades que põe 
em foco a disjunção, sempre renovada, entre a lógica do mercado e a dinâmica 
societária, entre a exigência ética dos direitos e os imperativos da eficácia da 
economia, entre a ordem legal que promete igualdade e a realidade das 
desigualdades e exclusões tramada na dinâmica das relações de poder e 
dominação. 
A aporia nos tempos correntes diria respeito também à disjunção entre as 
esperanças de um mundo que valha a pena ser vivido, inscritas nas reivindicações 
por direitos e o bloqueio de perspectivas de futuro para maiorias atingidas por uma 
modernidade selvagem que desestrutura formas de vida e faz da vulnerabilidade e 
da precariedade formas de existência, que tendem a se cristalizar como único 
destino possível. Dessa maneira, para Telles, a questão social é o ângulo pelo qual 
as sociedades podem ser descritas, lidas, problematizadas em sua história, seus 
dilemas e suas perspectivas de futuro. 
Assim, para esta, discutir a questão social significa um modo de se problematizar 
alguns dos dilemas cruciais do cenário contemporâneo. Ela então ressalta que nos 
tempos atuais as conquistas sociais alcançadas estão sendo devastadas pela 
avalanche neoliberal no mundo inteiro, que a destituição dos direitos também 
 Vera da Silva Telles 
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significa a erosão das mediações políticas entre o mundo do trabalho e as esferas 
públicas e que estas, por isso mesmo, se descaracterizam como esferas de 
explicitação de conflitos e dissensos, de representação e de negociação sendo que 
é por via dessa destituição e dessa erosão dos direitos e das esferas de 
representação que se constrói esse consenso de que o mercado é o único e 
exclusivo princípio estruturador da sociedade e da política, que diante dos seus 
imperativos, nada há a fazer a não ser administrar tecnicamente suas exigências 
que a sociedade deve a ele se ajustar e que os indivíduos, agora desvencilhados das 
proteções tutelares dos direitos, podem finalmente r suas energias e capacidades 
empreendedoras. 
 
 
 
Para Castel, a questão social pode ser caracterizada por uma inquietação quanto à 
capacidade de manter a coesão de uma sociedade. A ameaça de ruptura é 
apresentada por grupos cuja existência abala a coesão do conjunto. O autor expõe 
que a gênese desta questão foi suscitada por um lado, pelo distanciamento do 
crescimento econômico e o aumento da pobreza, e por outro, pela ordem jurídico-
política que reconhecia os direitos sociais dos cidadãos e uma ordem econômica 
que os negava. 
A grande diferença da questão social na fase do capitalismo industrial seria o 
surgimento de novos atores e conflitos. Com a crise da década de 1970 e o abalo 
da sociedade salarial, as principais manifestações dessa nova questão social, 
reflexo do desemprego em massa e da precarização do trabalho, é o 
reaparecimento de trabalhadores sem trabalho, os inúteis para o mundo ou 
supranumerários, pessoas que não tem lugar na sociedade porque não são 
integradas. Dessa forma, Castel conclui que a profunda metamorfose da questão 
Robert Castel 
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social é que enquanto anteriormente a necessidade era saber como um ator social 
subordinado e dependente poderia tornar-se um sujeito social pleno, hoje a 
questão é amenizar a presença destas populações postas à margem, torná-las 
discretas a ponto de apagá-las. 
 
 
 
Rosavallon (1998) ressalta que as transformações contemporâneas decorrentes da 
crise da década de 1970, fez surgir uma nova questão social, visto que em suas 
análises dos sistemas seguradores, os benefícios do crescimento econômico e das 
conquistas das lutas sociais modificaram a vida dos trabalhadores e o Estado-
providência quase conseguiu vencer a antiga insegurança social e vencer o medo 
do futuro. Assim, aponta que o crescimento do desemprego e o aparecimento de 
novas formas de pobreza nos faz remeter a antigas formas de exploração e que o 
surgimento da uma nova questão social é traduzido pela inadaptação dos métodos 
antigos de gestão social. 
Desse modo, a nova questão social se coloca a partir de novos 
fenômenos de exclusão social decorrentes da crise da década de 1970, 
crise que segundo Rosavallon apresenta três dimensões: uma 
financeira, uma vez que os gastos são maiores que o ingresso de recursos; uma 
ideológica, devido à falta de eficácia do Estado empresário para enfrentar as 
questões sociais; e uma filosófica, pela desintegração dos princípios que 
organizam a solidariedade e a concepção tradicional de direitos sociais. Logo, as 
políticas sociais impõem considerar os indivíduos em sua singularidade, sendo a 
meta dar a cada um os meios para que modifique a sua vida e, para tanto, é 
necessário, nesses novos tempos, a proposição de uma nova cultura política 
 
Pierre Rosanvallon 
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Os assistentes sociais defrontam-se, cotidianamente, com as mais variadas 
expressões da questão social, como a violência, a pobreza, o desemprego, a falta 
de acesso à saúde, à educação, ao trabalho, à habitação, etc. Esses profissionais 
intervêm em situações em que os idosos sofrem a violação de direitos previstos 
constitucionalmente, as crianças e adolescentes estão envolvidos com o 
narcotráfico, as mulheres são vítimas de violência, enfim, essas são algumas das 
expressões da questão social evidenciadas nos processos de trabalho, nos quais os 
assistentes sociais se inserem. 
 
A apreensão dessas situações como expressões do conflito entre capital e trabalho 
demarca a especificidade do Serviço Social no espaço sócio-ocupacional. Por isso, 
os profissionais de outras áreas que trabalham na instituição nem sempre possuem 
o mesmo entendimento acerca das demandas institucionais. Os assistentes sociais 
buscam o conhecimento de como os processos decorrentes da estrutura econômica 
da sociedade produzem a questão social e como se interpenetram e se manifestam, 
por exemplo, na vida dos idosos com direitos violados, dos adolescentes infratores, 
das mulheres vítimas de violência, e em outras situações limites que se apresentam 
aos assistentes sociais, bem como as manifestações dos sujeitos para enfrentá-las. 
 
Em 62 anos, 1937 a 1999, o Serviço Social realizou uma transformação no interior 
da profissão. Começou creditando aos homens a “culpa” pelas situações que 
vivenciavam, e acreditando que uma prática doutrinária, fundamentada nos 
princípios cristãos, era a chave para a “recuperação da sociedade”. Chega, em 
1999, assumindo uma postura marxiana, analisando que a forma de produção 
social é a causa prioritária das desigualdades – os homens, individualmente, não 
03. Questão Social e Serviço Social 
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são desiguais, a forma de produção e apropriação do produto social é que produz 
as desigualdades, modo de produção este que deve ser reproduzido, para manter 
a dominação de classe. É um salto elogiável para uma profissão que começou 
querendo moldar os homens de acordo com os princípios cristãos de respeito à 
autoridade, e, hoje, tem, nos homens, a autoridade máxima a ser respeitada; uma 
profissão que tinha nos homens o objeto do seu trabalho, e, hoje, entende que os 
homens são sujeitos da história. 
 
O objeto do Serviço Social, no Brasil, tem, historicamente, sido delimitado em 
virtude das conjunturas políticas e sócio-econômicas do país, sempre tendo-se 
em vista as perspectivas teóricas e ideológicas orientadoras da intervenção 
profissional. 
 
• Assim, é que, no início do Serviço Social no Brasil, 1937, o objeto definido era 
o homem, mas um homem específico: o homem morador de favelas, pobre, 
analfabeto, desempregado, etc. Enfim, entendia-se que esse homem era 
incapaz, por sua própria natureza, de “ascender” socialmente. Daí que o 
objeto do Serviço Social era este homem, tendo por objetivo moldá-lo, 
integrá-lo, aos valores, moral e costumes defendidos pela filosofia 
neotomista. 
 
• Posteriormente, o Serviço Social ultrapassa a idéia do homem como objeto 
profissional. Passa-se à compreensão de que a situação deste homem – 
analfabeto, pobre, desempregado, etc. – é fruto, não só de uma 
incapacidade individual mas, também, de um conjunto de situações que 
merecem a intervenção profissional. O objeto do Serviço Social se coloca, 
então, como a situação social problema: 
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• “... o Serviço Social atua na base das inter-relações do binômio indivíduo-
sociedade. [...] Como prática institucionalizada, o Serviço Social se 
caracteriza pela atuação junto a indivíduos com desajustamentos familiares 
e sociais. Tais desajustamentos muitas vezes decorrem de estruturas sociais 
inadequadas” (Documento de Araxá, 1965, p.11). 
 
• Na década de 70, com a mobilização popular contra a ditadura militar, o 
Serviço Social revê seu objeto, e o define como a transformação social. 
Apesar do objeto equivocado, afinal a transformação social não se constitui 
em tarefa de nenhum profissional – é uma função de partidos políticos; o 
que este objeto, efetivamente, representou foi a busca, pelas assistentes 
sociais, de um vínculo orgânico com as classes subalternizadas e exploradas 
pelo capital. E é esta postura política que tem marcado os debates do Serviço 
Social até os dias atuais. Teoricamente, o Serviço Social passa a orientar-se 
pela análise marxiana da sociedade burguesa, mas abandonou a 
transformação social como objeto profissional e, no âmbito da 
ABESS/CEDEPSS **, o objeto passou a ser definido como a questão social, ou 
as expressões da questão social: 
“O assistente social convive cotidianamente com as mais amplas expressões da 
questão social, matéria prima de seu trabalho. Confronta-se com as manifestações 
mais dramáticas dos processos da questão social no nível dos indivíduos sociais, 
seja em sua vida individual ou coletiva” (ABESS/CEDEPSS, 1996, p. 154-5). 
 
Já se sabe que, em resposta às lutas operárias contra o desemprego e a exploração 
social(acentuadas pelo capitalismo monopolista), a classe dominante criou 
mecanismos de controle social; dentre outras estratégias, buscou se utilizar do 
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Serviço Social para este fim. Donde a necessidade de a profissão reafirmar, cada 
vez mais, seu projeto ético-político afinado com a garantia de direitos universais, 
com base na proteção social da população vulnerabilizada. 
Tome nota! 
Na sociedade monopolista “[...] se gestam as condições histórico-
sociais para que, na divisão social (e técnica) do trabalho, 
constitua-se um espaço em que se possam mover práticas 
profissionais como as do assistente social” (NETTO, 2005, p. 73).7 Conclui o autor, 
reafirmando que, “[...] enquanto profissão, o Serviço Social é indissociável da 
ordem monopólica – ela cria e funda a profissionalidade do Serviço Social” 
(NETTO, 2005, p. 74). 
 
No que se refere à questão social, Marilda Villela Iamamoto (2007, p. 156) tece 
algumas considerações. A questão social “[...] condensa o conjunto das 
desigualdades e lutas sociais, produzidas e reproduzidas no movimento 
contraditório das relações sociais [...]”. Como diz Netto, “nas palavras de um 
profissional do Serviço Social”: [...] 
 
A questão social não é senão as expressões do processo de formação e 
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da 
sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e 
do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o 
proletariado e a burguesia [...]. (Iamamoto, in: Iamamoto e Carvalho, 1983:77 apud 
NETTO, 2006, p. 17, nota de rodapé no 1). 
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A questão social que Iamamoto (2006, p. 62) 
define como “a matéria-prima ou o objeto do 
trabalho” manifesta-se no conflito entre capital e 
trabalho. Para a autora, a questão social “[...] 
provoca a necessidade da ação profissional junto à criança e ao adolescente, ao 
idoso, a situações de violência contra a mulher, a luta pela terra etc.” Assim, 
Iamamoto situa o trabalho do assistente social nas “múltiplas expressões” da 
questão social. 
 
Pelos motivos apontados, não dá para discutir a questão social e o Serviço Social 
fora do capitalismo monopolista, visto que ela é fruto da relação entre o capital e 
o trabalho. “Portanto, a questão social é uma categoria que expressa a 
contradição fundamental do modo capitalista de produção” (MACHADO). 
 
IAMAMOTO, (1997, p. 14), define o objeto do Serviço Social nos seguintes termos: 
“Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas 
expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na 
família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública, etc. Questão 
social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que 
vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre 
produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham 
os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais 
distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em 
sociedade. [...] ... a questão social, cujas múltiplas expressões são o objeto do 
trabalho cotidiano do assistente social”. 
 
Segundo FALEIROS, (1997, P. 37): 
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“... a expressão questão social é tomada de forma muito genérica, embora seja 
usada para definir uma particularidade profissional. Se for entendida como sendo 
as contradições do processo de acumulação capitalista, seria, por sua vez, 
contraditório colocá-la como objeto particular de uma profissão determinada, já 
que se refere a relações impossíveis de serem tratadas profissionalmente, através 
de estratégias institucionais/relacionais próprias do próprio desenvolvimento das 
práticas do Serviço Social. Se forem as manifestações dessas contradições o objeto 
profissional, é preciso também qualificá-las para não colocar em pauta toda a 
heterogeneidade de situações que, segundo Netto, caracteriza, justamente, o 
Serviço Social”. 
 
Portanto, definir como objeto profissional a questão social, não estabelece a 
especificidade profissional. Podemos entender, na sugestão de FALEIROS, que 
qualificar a questão social significa apreender o que compete ao Serviço Social no 
âmbito da questão social. Se falarmos, por exemplo, nas expressões sociais da 
questão social, estaremos, minimamente, definindo um espaço de atuação 
profissional. 
Tome nota! 
Há que se ressaltar que, para FALEIROS, entretanto, o objeto do 
Serviço Social se define pelo empowerment. 
A questão do objeto profissional deve ser inserida num quadro 
teórico-prático, não pode ser entendida de forma isolada. Penso que no contexto 
do paradigma da correlação de forças o objeto profissional do serviço social se 
define como empoderamento, fortalecimento, empowerment do sujeito , 
individual ou coletivo, na sua relação de cidadania (civil, política, social ,incluindo 
políticas sociais), de identificação ( contra as opressões e discriminações), e de 
autonomia ( sobrevivência, vida social, condições de trabalho e vida. 
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É possível concluir que a questão social não pode ser vista em si mesma e, muito 
menos, como uma exclusividade do Serviço Social. Mesmo sendo o objeto do 
Serviço Social, o fato de ter surgido da relação capital e trabalho, a questão social 
abriu um campo de trabalho para outros profissionais. 
Nesse sentido, Machado (2007) chama a atenção para os diferentes profissionais 
que incorporaram a questão social ao seu campo de trabalho: [...] o médico que 
atende problemas de saúde causados por fome, insegurança, acidentes de trabalho 
etc.; o engenheiro que projeta habitações a baixo custo; o advogado que atende as 
pessoas sem recursos para defender seus direitos, enfim os mais diferentes 
profissionais que, também, atuam nas expressões da questão social. (MACHADO, 
www.ssrevista.uel, acessado em 21 de junho, 2015). 
 
 
 
 
O monopolismo, segundo Alves (2001, p. 189), teve início quando as grandes 
empresas começaram a abarcar as pequenas e as médias no último terço do século 
XIX. “Tornando-se cada vez mais gigantescas, aquelas, que se sustentaram no 
mercado, deram margem à formação de empresas monopolistas”. 
Na organização monopolista, em vez de trabalho, o monopólio faz aumentar a taxa 
de afluência de trabalhadores ao exército industrial de reserva. Nessas condições, 
Alves (2001, p. 190) afirma que o capitalismo deixou de reproduzir somente a 
riqueza social, reproduzindo o parasitismo. O Estado, então, ficou com o controle 
do parasitismo. 
04. O processo de monopolização do capital no Brasil 
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Segundo Netto (2006, p. 25), o Estado assumiu várias funções no monopolismo. 
Pois o “[...] eixo da intervenção estatal na idade do monopólio é direcionado para 
garantir os superlucros dos monopólios [...]” (NETTO, 2007, p. 25). 
 
Segundo, Bandeira (1975, pp. 9–10), na década de 1950 havia “alta concentração 
monopolística” na economia brasileira. O governo de Juscelino Kubitschek de 
Oliveira faz concessões ao capital internacional; por exemplo, ao aprimorar a 
Instrução da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), mecanismo que 
privilegia o capital norte americano. 
 
As indústrias brasileiras perdem espaço de tal maneira que os investimentos das 
grandes empresas monopolistas “[...] absorvem posições de liderança antes 
ocupadas por indústrias e empresários nativos” (IAMAMOTO, 2004, p. 77, nota de 
rodapé no 3). O empresariado nacional, que atuava de forma competitiva, teve que 
ceder ao capital internacional. 
 
Nesse contexto, uma parte da burguesia, aliada aos Estados Unidos, era a favor do 
capital internacional e a outra, defendia o nacionalismo, provocando uma crise5 na 
burguesia, na passagem da concorrência para o monopólio. Conforme Iamamoto 
(2004, pp. 77–78), a crise se deu por pressões de ordem externa e interna. 
Uma delas foi exercida pelas empresas de capital monopolista mundial com 
interesse no Brasil. 
 
A outra pressão foi feita pela burguesia local (que resistia a mudanças) e pelos 
trabalhadores. Se a pressão interna não chegou a representar uma ameaça à 
burguesia, no mínimo causava um desgaste à sua imagem. 
 
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Ao final, a parte da burguesia nacional que era atrelada aos norte-americanos 
resolveu a crise com o golpe de 1o de abril de 1964. Para Bandeira (1975, pp. 16–
17), em apoio à concentração do capital, o regime militar proibiu o sindicalismo, 
“suprimiu os focos de resistência” e agravou a exploração do trabalhador. 
 
Como bem diz Iamamoto (2004, p. 77), os governos militares deram amplo apoio 
às empresas internacionais. O capital monopolista contou com “[...] o respaldo de 
uma política econômica capaz de articular a ação governamental com os interesses 
dos grandes empresários”. 
 
O Estado foi “[...] posto a serviço da iniciativa privada, favorecendo a adequação do 
espaço econômico e político aos requisitos do capitalismo monopolista” 
(IAMAMOTO, 2004, p. 79). 
 
Os programas assistenciais foram intensificados. Eles “[...] são mobilizados pelo 
Estado como contraponto ao peso político do proletariado e dos demais 
trabalhadores e à sua capacidade de pressão [...]” (IAMAMOTO, 2004, p. 83). 
 
Era necessário “[...] neutralizar manifestações de oposição, recrutar um apoio pelo 
menos passivo ao regime, despolitizar organizações trabalhistas, na tentativa de 
privilegiar o trabalho assistencial em lugar da luta político-reivindicatória” 
(IAMAMOTO, 2004, p. 83). 
Para isso, eram “[...] centralizados e regulados pelo Estado e subordinados às 
diretrizes políticas de garantia da estabilidade social e de reforço à expansão 
monopolista” (IAMAMOTO, 2004, p. 83). Na ditadura, então, a assistência social foi 
especialmente utilizada “[...] como meio de regular o conflito social em nome da 
ordem pública e da segurança nacional” (IAMAMOTO, 2004, p. 83). Os autores 
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mostram que o Estado brasileiro se ajustou aos interesses do capital internacional, 
garantindo a estabilidade social e a expansão do capital financeiro. Proibiram-se as 
lutas políticas e reivindicatórias, fazendo calar a voz daqueles que estavam no 
exercício da luta política. 
 
(2015) - FGV: DPE-MT: Assistente Social 
Uma das estratégias do Estado burguês para o enfrentamento da “questão social” 
reside na implantação das políticas sociais. 
No Brasil, esta estratégia começa a ser efetivada com a emergência do capitalismo 
monopolista. 
Gabarito. Certo 
(2012) – FCC - TRF - 2ª REGIÃO: Analista Judiciário - Serviço Social 
A questão social foi posta como alvo da intervenção do Estado e das políticas sociais 
de forma sistemática e contínua no capitalismo monopolista, para preservação e 
controle da força de trabalho. 
Gabarito. Certo 
 
 
 
 
 
Marilda Villela Iamamoto (2007, p. 114) discute a fragmentação da questão social. 
Nas suas palavras, as “múltiplas expressões” da questão social “[...] aparecem sob 
a forma de ‘fragmentos’ e ‘diferenciações’ independentes entre si, traduzidas em 
autônomas ‘questões sociais’”. 
 
05. A questão social nas mudanças ocorridas a partir do final do 
século XX 
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Se a questão social é percebida como “questões sociais”, ela deixa de ser 
compreendida como fruto do conflito capital e trabalho. Nessa interpretação, a 
questão social, “[...] se esconde por detrás de suas múltiplas expressões específicas 
[...]” (IAMAMOTO, 2007, p. 114). 
 
A questão social que emergiu lá no final do século XIX vem acompanhando as 
mudanças sociais, dentre elas, serão destacadas duas. 
 
A primeira é a “mundialização da economia” que ocorre num contexto de 
globalização.10 Para a autora, a mundialização “[...] da ‘sociedade global’ é 
acionada pelos grandes grupos industriais transnacionais articulados ao mundo das 
finanças” (IAMAMOTO, 2007, pp. 106–107). A outra mudança é o tratamento 
unificado dado aos processos sociais. Nesse caso, a mundialização financeira “[...] 
unifica, dentro de um mesmo movimento, processos que vêm sendo tratados pelos 
intelectuais como se fossem isolados ou autônomos [...]” (IAMAMOTO, 2007, p. 
114). 
 
A questão social se reduz “[...] aos chamados processos de exclusão e integração 
social, geralmente circunscritos a dilemas da eficácia da gestão social, à ideologia 
neoliberal e às concepções pós-modernas atinentes à esfera da cultura” 
(IAMAMOTO, 2007, p. 114). De fato, a questão social tratada na perspectiva da 
exclusão e da inclusão camufla os conflitos sociais; o mesmo ocorre com a sua 
fragmentação. Por outro lado, o mercado financeiro, segundo afirma Iamamoto, 
instituiu mecanismos que acentuam a taxa de exploração, o “enxugamento da mão 
de obra”, a “ampliação das relações de trabalho não formalizadas ou clandestinas”, 
dentre outras. 
 
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Quadro Sinóptico 
Yazbek 
Q
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ão
 s
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ci
al
 
Resultante da divisão da sociedade em classes e da disputa 
pela riqueza socialmente gerada, cuja apropriação é 
extremamente desigual no capitalismo. Supõe, desse modo, 
a consciência da desigualdade e a resistência à opressão por 
parte dos que vivem de seu trabalho. 
O
ri
ge
m
 
A expressão “questão social” surge, na Europa Ocidental na 
terceira década do século XIX (1830) para dar conta do 
fenômeno do pauperismo que caracteriza a emergenteclasse trabalhadora. Robert Castel (2000) assinala alguns 
autores como E. Burete e A.Villeneuve-Bargemont que a 
utilizam. Do ponto de vista histórico a questão social vincula-
se estreitamente à exploração do trabalho. Sua gênese pode 
ser situada na segunda metade do século XIX quando os 
trabalhadores reagem à essa exploração. 
Iamamoto 
Q
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ão
 s
o
ci
al
 
O conjunto das expressões das desigualdades da sociedade 
capitalista madura, que têm uma raiz comum: a produção 
social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais 
amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos 
se mantém privada, monopolizada por uma parte da 
sociedade. 
É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição 
entre o proletariado e a burguesia 
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O
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 Sua gênese é condicionada à contradição inerente a 
produção do capital, onde a produção é coletiva em 
contraposição a apropriação privada da riqueza por ela 
produzida. 
Ivone 
Maria 
Ferreira da 
Silva 
Q
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ão
 s
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al
 
Circunscreve-se num campo de disputas, pois diz respeito à 
desigualdade econômica, política e social entre as classes 
sociais na sociedade capitalista, envolvendo a luta pelo 
usufruto de bens e serviços socialmente construídos como 
direitos, no âmbito da cidadania. 
O
ri
ge
m
 
 A questão social não surge do nada, não é a-histórica, surge 
da naturalidade política e econômica em fazer riqueza 
explorando a pobreza na modernidade capitalista 
 
Cerqueira 
Filho Q
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ão
 s
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al
 
Conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos que o 
surgimento da classe operária impôs ao mundo no curso da 
constituição da sociedade capitalista. Assim, a “questão 
social” está fundamentalmente vinculada ao conflito entre o 
capital e o trabalho 
 
O
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 Tem sua origem no curso da constituição e desenvolvimento 
da sociedade capitalista 
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Netto 
Q
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ão
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ci
al
 
A questão social está diretamente ligada aos 
desdobramentos sociopolíticos, entretanto na metade do 
século XIX, com manifestos contra a ordem burguesa, o 
pauperismo foi nomeado como questão social. Portanto, a 
questão social está vinculada ao conflito entre o capital e 
trabalho. 
 
O
ri
ge
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A expressão da questão social começou a ser utilizada na 
terceira década do século XIX e foi divulgado até a metade 
deste século, por críticos da sociedade e filantropos que 
faziam parte do espaço político. 
A expressão surge para dar conta do fenômeno que a Europa 
Ocidental experimentava, com a industrialização, iniciada na 
Inglaterra, nas últimas quatro partes do século XVIII. 
 
 
 
01- 2014- UFBA: UFBA: Serviço Social 
De acordo com Iamamoto e Paulo Netto, a crise do capital, na contemporaneidade, 
gera uma nova questão social. 
 Comentários. Zé Paulo Netto rebate veemente a concepção do surgimento 
"de novas questões sociais" o que ocorre para ele e Iamamoto são novas 
expressões da questão social. A questão social não muda o que muda são as formas 
como elas se colocam na contemporaneidade. 
Gabarito: errada 
 
02- 2014- UFBA: UFBA: Serviço Social 
Questões comentadas da banca CESPE 
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No Brasil, a partir dos anos de 1930, as intervenções do Estado nas expressões da 
questão social passaram a ocorrer de maneira contínua e sistemática. 
 Comentários O capital monopolista, pelas suas dinâmicas e contradições, cria 
condições tais que o Estado por ele capturado, ao buscar legitimação política por 
meio do jogo democrático, é permeável a demandas das classes subalternas, que 
podem fazer incidir nele seus interesses e suas reivindicações imediatas. Com isso 
a “questão social” passa a ser objeto de intervenção contínua e sistemática por 
parte do Estado, por meio das políticas sociais, as quais passam a atuar 
diretamente nas expressões da “questão social” de forma fragmentada e 
parcializada. 
Gabarito: Certa 
 
03- 2014- UFBA: UFBA: Serviço Social 
Iamamoto e Carvalho compreendem a questão social como um problema social 
cuja resolução depende de ações imediatas dos(as) profissionais de Serviço Social. 
 Comentários. A solução da questão social irá ocorrer somente com o fim da 
sociedade capitalista. As bases serão as mesmas, a contradição entre o capital e o 
trabalho. O que vai alterar no contexto comtemporâneo são as expressões da 
questão social a depender do tempo e espaço. O assistente social sozinho não 
detém dessa força para o enfrentamento e resolução da questão social. 
Gabarito: Errada 
 
04- IBFC: SEPLAG-MG: Serviço Social 
Segundo lamamato, 2010, na atual conjuntura de precarização e subalternização 
do trabalho à ordem do mercado e de mudanças nas bases da ação social do 
Estado, a questão social, matéria prima da intervenção profissional do assistente 
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social, assumem nova configurações e expressões entre as quais destaca as 
situações de: 
I. insegurança e vulnerabilidade do capitalismo; 
II. desregulamentação do mercado de trabalho; 
III. desqualificação e exclusão social de segmentos populacional; 
IV. precarização das condições de vida: saúde, trabalho, infância e moradia; 
Estão corretos os itens. 
 a) Os itens I e II, apenas 
 b) Os itens II e III, apenas. 
 c) Os itens III e IV, apenas. 
 d) Nenhum item está correto 
 Comentários. Segundo, Maria Carmelita Yazbek, na atual conjuntura de 
precarização e subalternização do trabalho à ordem do mercado e de mudanças 
nas bases da ação social do Estado, as manifestações "questão social", matéria-
prima da intervenção profissional dos assistentes sociais, assumem novas 
configurações e expressões, entre as quais destacamos a insegurança e 
vulnerabilidade do trabalho e a penalização dos trabalhadores, o desemprego, o 
achatamento salarial, o aumento da exploração do trabalho feminino, a 
desregulamentação geral dos mercados e outras tantas questões com as quais os 
assistentes sociais convivem cotidianamente: são questões de saúde pública, de 
violência, da droga, do trabalho da criança e do adolescente, da moradia na rua ou 
da casa precária e insalubre, da alimentação insuficiente, da ignorância, da fadiga, 
do envelhecimento sem recursos, etc. Situações que representam para as pessoas 
que as vivem, experiências de desqualificação e de exclusão social, e que 
expressam também o quanto a sociedade pode "tolerar" e banalizar a pobreza sem 
fazer nada para minimizá-la ou erradicá-la. 
Gabarito: C 
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www.especificasconcursos.com.br05. (2013) - CESPE: DEPEN: Serviço Social 
No que se refere às expressões da questão social na atualidade, seu enfrentamento 
e a intervenção crítica do serviço social, julgue os itens que se seguem. 
Com a acentuada expressão da questão social, dada a submissão das dimensões da 
vida social ao valor de troca, há o fortalecimento do discurso em torno da defesa 
dos direitos, pois quanto mais se destroem as condições de vida, maior é o apelo à 
valorização dos direitos. 
 Comentários. As lutas da classe proletária foi o que introduziu o tema "questão 
social" no contexto de intervenção da agenda pública, bem como ela é expressão 
intrínseca do modo de produção capitalista e das contradições a ela inerentes. Se 
observamos as políticas sociais são frutos da luta da classe trabalhadora diante da 
sua realidade de desigualdade e precarização. 
Gabarito. Certo 
 
06. (2012) - CESPE: TJ-AL: Analista Judiciário - Serviço Social 
Com relação à questão social, assinale a opção correta. 
a) A lógica financeira do regime de acumulação, a qual tende a provocar crises e, 
consequentemente, recessão, consiste em uma das mediações históricas à 
produção da questão social na cena contemporânea. 
 b) De acordo com a perspectiva sociológica crítica, a questão social consiste em 
uma ameaça à ordem e à coesão, caracterizando-se como uma nova questão social. 
 c) A questão social é um fenômeno recente, típico do esgotamento dos 
denominados trinta anos gloriosos da expansão capitalista. 
 d) A garantia dos direitos sociais à população pauperizada brasileira é assegurada 
pelas constantes mudanças nas relações entre Estado e sociedade civil, traduzidas 
na ampliação dos programas sociais em face da questão social. 
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 e) Os conceitos de questão social e exclusão social são sinônimos, atribuindo, 
ambos, uma característica negativa — a falta de — ao termo social. 
 Comentários. Como mediações históricas à produção da questão social na cena 
contemporânea, podemos citar: 
1. A lógica financeira do regime de acumulação tende a provocar crises que se 
projetam no mundo, gerando recessão. É resultante dessa lógica a volatividade 
do crescimento que redunda em maior concentração de renda, da propriedade e 
aumento da pobreza, "não apenas nas periferias dos centros mundiais, mas 
atingindo os recônditos mais sagrados do capitalismo mundial, expressando um 
"apartheid social" 
2. Na esfera da produção, o padrão fordista-taylorista tende a ceder a liderança à 
"especialização flexível" ou "acumulação flexível" (Harvey, 1993). A "flexibilidade" 
sintetiza a orientação desse momento econômico, afetando os processos de 
trabalho, as formas de gestão da força de trabalho, o mercado e os direitos 
trabalhistas, as lutas sociais e sindicais, os padrões de consumo, etc. 
3. Complementam esse quadro, radicais mudanças nas relações Estado/sociedade 
civil, orientadas pela terapêutica neoliberal, traduzidas nas políticas de ajuste 
recomendadas pelos organismos internacionais. Por meio de vigorosa intervenção 
estatal a serviço dos interesses privados articulados no bloco do poder, 
contraditoriamente, conclama-se, sob inspiração liberal, a necessidade de reduzir 
a ação do Estado ante a questão social mediante a restrição de gastos sociais, em 
decorrência da crise fiscal do Estado. 
4. Tais processos atingem não só a economia e a política, mas afetam as formas de 
sociabilidade. Vive-se a "sociedade de mercado" (Lechner, 1999) e os critérios de 
racionalidade do mercado - este tido como o eixo regulador da vida social -, 
invadem diferentes esferas da vida social. Uma lógica pragmática e produtivista 
erige a competitividade, a rentabilidade, a eficácia e eficiência em critérios para 
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referenciar as análises sobre a vida em sociedade. Forja-se assim uma mentalidade 
utilitária que reforça o individualismo, segundo a qual cada um é chamado a "se 
virar" no mercado 
Gabarito. Alternativa a 
 
07. (2012) - CESPE: MPE-PI: Analista Ministerial - Serviço Social 
A relação entre questão social e direitos exige o reconhecimento do indivíduo 
social, com sua capacidade de resistência e conformismo frente às situações de 
opressão e de exploração vivenciadas. 
 Comentários. Estabelecer as relações entre questão social e direitos implica no 
reconhecimento do indivíduo social com sua capacidade de resistência e 
conformismo frente às situações de opressão e de exploração vivenciadas; com 
suas buscas e iniciativas (individuais e/ou coletivas) para enfrentar adversidades; 
com seus sonhos e frustrações diante das expectativas de empreender dias 
melhores. 
Fonte: 
http://ucbweb2.castelobranco.br/webcaf/arquivos/12894/11251/3.4_Questao_s
ocial_e_direitos.pdf 
Gabarito. Certo 
 
08. (2012) – CESPE - MPE-PI: Analista Ministerial - Serviço Social 
Os direitos com os quais as políticas públicas se identificam são os individuais, que 
se guiam pelo princípio da liberdade. 
 Comentários. Os direitos com os quais as políticas públicas se identificam e 
visam concretizá-los são os direitos sociais, que são mais comprometidos com o 
princípio da igualdade. 
Gabarito. Errado 
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09. (2012) - CESPE: MPE-PI: Analista Ministerial - Serviço Social 
No marco da teoria social crítica, a questão social é considerada um fenômeno 
recente, típico do trânsito do padrão de acumulação no esgotamento dos trinta 
anos gloriosos da expansão capitalista. 
 Comentários. A tese a ser desenvolvida considera ser questão social 
indissociável do processo de acumulação e dos efeitos que produz sobre o conjunto 
das classes trabalhadoras, o que se encontra na base da exigência de políticas 
sociais públicas. Ela é tributária das formas assumidas pelo trabalho e pelo estado 
na sociedade burguesa e não um fenômeno recente, típico do trânsito do padrão 
de acumulação no esgotamento dos 30 anos gloriosos da expansão capitalista. 
Gabarito. Errado 
 
10. (2010) - CESPE: INCA: Tecnologista Júnior - Assistência Social - Serviço Social 
Quanto ao debate sobre o serviço social e a questão social, julgue os itens a seguir. 
A emergência de discussões teoricamente fundadas data da década de 70 do século 
passado, sob a forma da denominada intenção de superação. 
 Comentários. A banca trocou “intenção de ruptura” por “intenção de superação 
Gabarito. Errado 
 
11. (2010) - CESPE: INCA: Tecnologista Júnior - Assistência Social - Serviço Social 
O agravamento da questão social, em face das particularidades do processo de 
reestruturação produtiva no Brasil determina uma inflexão no campo profissional 
provocada por novas demandas impostas pelo reordenamento do capital e do 
trabalho. 
 Comentários: O agravamento da questão social em face das particularidades 
do processo de reestruturação produtiva no Brasil, nos marcos da ideologia 
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