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Título : A Nutrição aplicada ao Curso de Enfermagem Autoras: Themis Maria Dresch da Silveira Dovera Colaboradora: Ana Cláudia Figueiredo Cunha Introdução Nutrição aplicada à enfermagem surgiu da experiência docente da autora durante 15 anos na disciplina de Nutrição e Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Univ. Federal do Rio Grande do Sul. O livro apresenta o conteúdo básico das aulas de nutrição, já adaptado para o curso de enfermagem. A demanda por orientação alimentar tem crescido significativamente, face ao diagnóstico precoce das doenças crônicas e ao reconhecimento da influência da alimentação sobre elas. Também, a consideração do sobrepeso e da obesidade como fatores de risco para doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes mellitus, osteoartrite, osteoporose, câncer de mama, de endométrio e de cólon, leva à procura crescente de atendimento nutricional. No presente livro, a autora propõe-se abordar o tema quanto ao seguinte aspecto: Fundamentação teórica da nutrição voltada para a enfermagem em saúde coletiva e para enfermagem hospitalar. Agradecimentos: Agradeço aos meus pais, Ilse Maria e José Néri que me entusiasmaram a cursar as duas faculdades: Enfermagem e Nutrição. Agradeço ao meu esposo Luiz Marcellos, amigão de todas as horas, que com paciência tem acompanhado minhas loucuras profissionais, e aos meus filhos Rachel, Rafael, Julia e Lorenzo que são a motivação da minha existência. Agradeço ao Sr. Ramilson Almeida, agente literário que mensalmente me entusiasmou na conclusão do livro. Homenagem Póstuma: Agradeço a Zulmira Floriza Cidreira deMoraes grande enfermeira do Hospital Materno-Infantil de Brasília, que trabalhou até os últimos dias de vida cuidando das crianças da emergência com muito amor, aconchegando as mães desesperadas. Sumário: INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO – CONCEITOS BÁSICOS...............................................................................................1 Definição de nutrição.............................................................................7 Finalidade da Alimentação............................................................................................8 Capítulo 2 FISIOLOGIA DIGESTIVA....................................................................9 Entendendo a dieta normal.....................................................................19 Leis Básicas da Alimentação............................................................................................23 Dieta Normal como Ação Preventiva.....................................................26 Capítulo 3 A COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS..............................................29 Como são definidas e estabelecidas as RDAs e DRIs........................30 Níveis de Ingestão Máxima Tolerável de Nutrientes..........................33 Capítulo 4 Biodisponibilidade de nutrientes e visão global das deficiências nutricionais..............................................................................................71 Capítulo 5 Noções sobre dieta alimentar..............................................................86 Dietas Vegetarianas- Princípios gerais...................................................98 Aspectos importantes do uso dos farelos IP6.....................................105 Aprenda a contagem dos carboidratos................................................112 CAPÍLULO 6 ENFERMAGEM EM SAÚDE COMUNITÁRIA ............................123 Produtos Dietéticos no Mercado Brasileiro........................................144 CAPITULO 7 Enfermagem em clínica médica- Dietas hospitalares.........................161 CAPÍTULO 8 Nutracêutica............................................................................................180 CAPÍTULO 9 Educação para a saúde para cursos técnicos de Enfermagem e pessoal multiplicador na comunidade.................................................................207 Manutenção dos alimentos na temperatura adequada........................242 Nova Pirâmide Alimentar proposta pela Escola de Saúde Pública de Harvard...................................................................................................252 Capítulo 10 Escolhendo os recursos audiovisuais para Educação Alimentar................................................................................................258 Capítulo 1 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO - CONCEITOS BÁSICOS Entendendo o mecanismo de nutrição... A organização física e química da matéria viva depende essencialmente dos elementos que constituem o protoplasma,substâncias orgânicas e inorgânicas, à custa dos quais é mantido o equilíbrio celular, apesar da instabilidade que caracteriza os processos metabólicos celulares. Mas, apesar do aspecto incessantemente mutável e de troca, bastante característicos dos fenômenos vitais, observa-se uma assombrosa estabilidade na constituição da matéria viva. O equilíbrio celular é resultado da harmonia dos processos físicos, químicos e fisiológicos, processos que dependem, em última instância de causas intrínsecas (celulares) e extrínsecas (meio interno). As causa intrínsecas, e celulares, referem-se à atividade metabólica que envolve processos de maior ou menor intensidade de acordo com o tipo de células e as funções que lhe são próprias, mas definitivas, empregados para liberar energia (reações exotérmicas) e para sintetizar material orgânico (reações endotérmicas). A causa íntima dessas reações, que se desenvolvem in vivo com extraordinária facilidade, depende dos fermentos ou enzimas que desempenham o papel de catalisadores e encontram-se presentes em todos os organismos vivos. Se não fosse assim, não se poderia explicar como o organismo as mais variadas e complicadas reações a uma temperatura de 37o C, tal como se dá, com a degradação da glicose em CO2 e H2O que biologicamente se realiza sem dificuldade, e que in vitro nunca se processaria a essa temperatura. Estes fermentos ou enzimas são corpos que se encontram exclusivamente na matéria viva e não podem ser produzidos por outro tipo de matéria. Lang admite que todas as proteínas contidas nas células, que não interferem na formação da estrutura celular ou que não são elementos de construção celular, são proteínas enzimáticas. Aproximadamente, dois terços das proteínas de uma célula hepática são proteínas enzimáticas. Isto dá uma idéia precisa sobre a quantidade de enzimas que existe nas células e às quais se atribuem precisamente a vida celular. As enzimas também estão vinculadas com as chamadas mutações, teoria baseada em que cada gen produz alguma “novidade”, ou altera “algo” de uma enzima ou ainda modifica uma posição da cadeia de aminoácidos de uma enzima, além de, geralmente, atuar com os produtos de atividades de outros genes. Essa variedade de ações determina a produção de efeitos múltiplos (pleiotropia).¹ O conteúdo e a atividade das enzimas sofrem influências por fatores endógenos e exógenos e por alterações anatomopatológicas dos diferentes órgãos. A alimentação e as condições nas quais se desenvolve a vida dos órgãos e tecidos (temperatura, pH do meio, hidratação e equilíbrio eletrolítico) são fatores que atuam como estimulantes ou inibidores das enzimas, determinando em certas circunstâncias modificações importantes e até morte celular. As causa extrínsecas dependem do líquido intersticial. Este conduz as substâncias em solução, necessárias para a vida celular,que, servem de meio receptor dos produtos de secreção e excreção das células. O líquido intersticial, juntamente com outros líquidos circulantes (sangue e linfa) constitui o “meio interno” que deve permanecer constante em sua composição, concentração, reação atual (pH) e temperatura, com variações muito pequenas possíveis dentro de estreitos limites.Essa, constância é mantida graças ao resultante em funções dos mecanismos de coordenação, nervoso e humoral, que automaticamente compensam todas as modificações que podem ocorrer, até restabelecer e assegurar o equilíbrio fisiológico entre os órgãos e o meio interno (Homeostase de Cannon). As constantes que devem ser mantidas são quatro: Composição da matéria viva (células e tecidos) Composição, concentração e reação do meio interno Temperatura Quantidade das substâncias de reserva (hidratos de carbono, proteínas, gorduras, minerais e vitaminas) Para isso é preciso que com a alimentação cheguem todas as substâncias necessárias à vida do protoplasma. As células retiram das substâncias alimentícias conduzidas e dissolvidas no meio interno, o que constitui a alimentação celular. Logo, no interior das células, essas substâncias sofrem muitas transformações em virtude da função chamada de metabolismo, que tem por finalidade sintetizar outras substâncias (quimiossíntese) ou liberar energia potencial armazenada nessas substâncias alimentícias a fim de produzir calor e trabalho. Por último, as células transferem ao meio interno ou meio circundante, os produtos não utilizados ou residuais: função de excreção. Essas funções constituem por analogia o fundamento fisiológico da vida do indivíduo e delas depende a normalidade ou não da nutrição . Processos da nutrição: 1. Processos formativos,de síntese ou anabolismo 1.1-Crescimento 1.2-Reparação de tecidos 1.3- Formação de reservas 1.4-Reposição de reservas 2.Processos energéticos e de análise 2.1-Liberação de energia e trabalho 3.Processos de Regulação e manutenção da hemóstase 3.1- Concentração de íon de hidrogênio 3.2- Concentração osmótica 4. Formação e eliminação dos produtos finais do metabolismo Definição de nutrição De acordo com os processos que ocorrem nas células, a nutrição, no organismo, não é uma função, mas a resultante do conjunto de funções harmônicas e solidárias entre si que têm por objetivo manter a integridade normal da matéria e assegurar a vida. A nutrição compreende três tempos: A alimentação ou fornecimento da matéria, que compreende desde o momento em que se escolhe um alimento até que este é absorvido pelas vilosidades intestinais. O metabolismo ou retroca de matéria e energia, que começa a partir do instante em que os nutrientes são absorvidos até o momento em que o organismo os utiliza como fonte de energia, para processar materiais construtores das células ou para depositá-los sob a forma de reservas. A excreção, que compreende a eliminação ao exterior de parte utilizada e não utilizada. Essa eliminação é efetuada pelo tubo digestivo,pelos rins, pela pelos pulmões. Alimento X nutriente Escudero denomina alimento a toda substância que incorporada ou não ao organismo preenche uma função de nutrição, como por exemplo, as proteínas, os hidratos de carbono e as gorduras, que,depois de digeridos, fornecem substâncias que integram o organismo: aminoácidos, glicogênio, ácidos graxos e glicerol. Claude Bernard chama as essas substâncias “nutrientes”, porque são capazes de ser absorvidas diretamente. Atualmente entende-se por nutrientes todas as substâncias químicas indispensáveis à saúde e atividade do organismo, e por alimentos às substâncias naturais dotadas de certas qualidades sensoriais (gosto, sabor, aroma), de um certo tônus emocional, que excitam nosso apetite e contém uma variedade de nutrientes segundo sua composição química. Existem nutrientes que se incorporam ao organismo e outras não; é o caso da celulose que apesar de não ser incorporada, pois não é absorvida pelo intestino, tem sem dúvida uma função de nutrição estimulando o peristaltismo intestinal. O álcool é um alimento porque sob o ponto de vista fisiológico fornece energia mediante o processo de oxidação, mas não se incorpora ao organismo como um nutriente. Finalidade da Alimentação De acordo com os conceitos expressos, a alimentação tem por finalidade: Fornecimento de energia potencial Fornecimento de nutrientes para os processos de crescimento, manutenção e para às necessidades próprias da gravidez. No processo de construção de tecidos inclui-se a reparação das perdas sofridas e a reposição das reservas mobilizadas. Fornecimento de água e eletrólitos necessários para a regulação homeostática do meio interno expressos pelas constantes físico-químicas, de concentração e de hidratação. O ditado “você é o que absorve”, quer dizer de uma maneira objetiva que a estrutura do organismo depende da alimentação, da forma como são utilizados os nutrientes e dos fatores que podem eventualmente modificar essa utilização: estado do organismo, condições ambientais, natureza do trabalho, constituição, fatores de ordem hereditária, assim como os hábitos alimentares do indivíduo Capítulo II - FISIOLOGIA DIGESTIVA Os alimentos ingeridos devem percorrer o trato digestório para serem digeridos, e liberar seus nutrientes, em formas disponíveis para sua absorção, e circulação, de onde serão distribuídos aos diferentes órgãos, tecidos e células. O trânsito dos alimentos consumidos, é regulado pelo sistema nervoso, pelo controle hormonal, harmonizando a seqüência de movimentos. Processos Encefálicos A ingestão alimentar está ligada ao hipotálamo, através de fenômenos reflexos que incluem, a atenção despertada pelo alimento, o seu exame (manual, visual, olfativo ou tátil),e a sua incorporação ou não à boca após apreciação. Foi recentemente demonstrado que, a simples atenção e apreciação do alimento (reflexos visuais, olfativos ...), já desencadearia fenômenos que vão avisar o pâncreas, que determinado alimento chegará ao intestino, preparando-o para a liberação as enzimas digestivas necessárias para digestão, melhorado portanto, a assimilação. Processos Enzimáticos Boca A presença do alimento na boca, estimula a liberação da saliva pelas glândulas salivares. A saliva é constituída em parte, por substâncias produzida pelas células como a mucina , enzimas (amilase e lipase), bicarbonato, etc.. E a outra parte, provém do líquido intersticial como Na+, K+, Cl-, Ca+, HCO3-, uréia e água. As células do ductor excretor das glândulas salivares, têm a função de secretar ou absorver HCO3-, alterando o pH da saliva. Portanto as principais funções da saliva, seriam: - diluir os alimentos e lubrificá-los, favorecendo a mastigação e a deglutição; dissolver os alimentos, permitindo a gustação; - umedecer, as mucosas da boca; - iniciar a digestão do amido (amilase salivar) e hidrolização da gorduras (especialmente do leite) através da lipase lingual. Gástrico A digestão de carboidratos pela ptialina continua na parte central do bolo alimentar enquanto o pH alcalino se mantém. Há secreção do Hcl (glândulas parietais), de pepsinogênio e fator intrínseco (glândulas principais), e inicia- se a digestão das proteínas. As gorduras começam a se separar no topo do estômago Intestinal No intestino delgado, há chegada da secreção pancreática e biliar. A bile secretada pelo fígado é armazenada na vesícula biliar e liberada para o intestino delgado quando há estímulo. A lipase ataca a gordura emulsificada pelos sais biliares liberando os ácidos graxos e monoglicerídeos. Precursores de enzimas, secretados no pâncreas(tripsinogênio e quimotripsinogênio), são ativadas por ação do Hcl e enzimas intestinais até tripsina e quimotripsima. Ocorre digestão de proteínas até aminoácidos, di e tripeptídeos. A amilase pancreática digere carboidratos até monossacarídeos, os di e tripeptídeos até os aminoácidos. No intestino grosso, os carboidratos não digeridos no intestino delgado e fibras, em parte, são fermentadas pelas bactérias do intestino. A maior parte das fibras alimentares é excretada com as fezes. Parte da gordura não é digerida e também não é excretada. Nas fezes, são excretados ainda resíduos da digestão das proteínas. O intestino grosso reabsorve grande parte de água e dos sais minerais. Processos que Interferem na Digestão Estudos demonstraram que, após os trinta anos, a cada dez anos se perde 10% da capacidade absortiva fisiológica. A secreção gástrica decresce com a idade, e a hipocloridria é encontrada em metade dos pacientes acima de sessenta anos. Há também diminuição da produção do fator intrínseco, diminuindo portanto, a absorção da vitamina B12. A insuficiência de enzimas pancreáticas ou a destruição das enzimas pancreáticas pelas proteases bacterianas (nos hipercrescimento bacteriano no intestino delgado) comprometem a digestão a nível de intestino delgado. Foi também verificado que, a partir dos quarenta anos a produção de enzimas digestivas começam decair, aumentando gradativamente com a idade. Ingestão alimentar maior que a capacidade digestiva, favorece o aparecimento de intolerâncias e/ou alergias alimentares. A presença dos poluentes ambientais, a contaminação químicas das águas, os resíduos e pesticidas na alimentação, os aditivos químicos (conservantes, estabilizastes, flavorizantes) impõem uma carga tóxica muito grande ao metabolismo. Absorção A absorção e a passagem dos nutrientes para a circulação não é apenas filtração, pois estão envolvidos processos, às vezes, passivos e em outros ativos. O sistema nervoso central e, em especial, o sistema nervoso autônomo, juntamente com o endócrino, são os reguladores de todo o conjunto. Também não é um comportamento rígido e sempre igual, mas diversos fatores o modificam. Esses dependem da qualidade dos alimentos, de situações locais, das estruturas da mucosa, do estado de nutrição, de distúrbios digestivos, da idade e da competição dos nutrientes. As gorduras são absorvidas predominantemente no duodeno; as proteínas, no jejuno; os carboidratos, no duodeno e jejuno; ferro e cálcio, no duodeno; ácido fólico, no duodeno e jejuno; cobalamina no íleo; outras vitaminas hidrossolúveis, no duodeno e jejuno; sais biliares, no íleo; água e eletrólitos, no intestino delgado e cólon (cecum). Fatores que interferem na absorção A presença de anormalidades das células da mucosa e a inadequada área de superfície podem comprometer a absorção. Trânsito intestinal acelerado (diarréias, cólon irritável) com tempo insuficiente para absorção. O acúmulo de toxinas nas vilosidades intestinais, não só prejudica a absorção de nutrientes, como irritam o cólon. Doenças como esprú, doença de Whipple, doença de Crohn, giardíase, criptosporioses, intolerância à lactose, gastroenterite eosinofílica, podem ser causa de má absorção. Equilíbrio da Flora Intestinal . A microflora intestinal normal constitui um complexo ecossistema aeróbio e anaeróbio de microorganismo, e sua taxa metabólica é maior do que a do próprio hospedeiro. O conteúdo da flora é surpreendentemente estável na maior parte do tempo, mas é afetada pela dieta, uso de antibióticos e o estado de saúde. Certas funções metabólicas e atividades enzimáticas normais, podem ser atribuídas à microflora normal. Participam da síntese de vitamina B12 e vitamina K, da metabolização de nutrientes, vitaminas, drogas, hormônios endógenos (estrógeno...), e da inibição de carcinógenos. Sintetizam ácidos graxos de cadeia curta, através da fermentação de fibras solúveis, formando acetatos, propionato, butirato e valerato. Essas moléculas são rapidamente absorvidas, e os níveis fecais refletem o balanço entre a produção e a absorção. N-Butirato: ácido butírico é o SCFAs chave, porque é a principal fonte de energia para as células epiteliais colônicas. O possível mecanismo para a ação anti-cancerígena das fibras dietéticas seja, a aumentada fermentação das fibras à butirato. Foi sugerido que, a falha para o uso do ácido butírico pelas células mucosas colônicas ou quantidades inadequadas disponíveis no cólon, possam ser o fator etiológico primário no desenvolvimento da colite ulcerativa, doença inflamatória intestinal e câncer de cólon. Previnem a colonização de patógenos por competição, por produção de substâncias ácidas ou outras substâncias inibitórias, por síntese de antibióticos naturais. Portanto a manutenção do equilíbrio da flora intestinal é fundamental para manutenção da saúde, e prevenção das doenças. Relacionamos abaixo os principais microorganismos que habitam o intestino e suas funções: Lactobacillus acidophilo: Um habitante natural da boca, dos intestinos grosso e delgado, e na vagina. É aeróbio, porém facultativamente anaeróbio, que produz ácido láctico a partir de carboidratos. Suas funções são: # incrementar e auxiliar a digestão da lactose (pois produz lactase); # inibe o crescimento de microorganismos indesejáveis nos intestinos, por competição e pela produção de ácido lático e outras secreções inibitórias; # algumas cepas auxiliam na destruição de bactérias invasoras (produz antibióticos); # algumas cepas metabolizam o colesterol, diminuindo a absorção e reduzindo risco cardiovascular; # diminuem a proliferação de Cândida albicans. Lactobacillus bulgaricus: uma bactéria transitória, mas muito importante. Juntamente com o Streptococcus termoplhilus constituem a cultura de yogurt. Sua função é facilitar a digestão da lactose, pois aumenta a produção de lactase. Algumas produzem antibióticos naturais, impedindo a proliferação de outras bactérias nocivas. Lactobacillus delbruekii: é transitória no intestino, podendo ser encontrada na mucosa bucal. É aeróbio e é facultativamente anaeróbio. Produz ácido lático a partir dos carboidratos. Lactobacillus delbruekii: é acidófila e não produz lactase. Não é constante na mucosa intestinal. Lactobacillus salivarius: habitante natural dos intestinos, encontrado também na mucosa da boca. Bifidubacterium bifidum: natural do intestino, mas também encontrado na mucosa da vagina. Sua presença é maior no intestino grosso e a sua proliferação decai com a idade ou quando o organismo é acometido por certas patologias. Produz ácido acético e ácido lático, além de pequenas quantidades de ácido fórmico a partir de carboidratos. É exclusivamente anaeróbio, cujo crescimento se dá muito bem entre 37 e 41OC. Bifidubacterium longum: exclusivamente anaeróbio e habita a flora intestinal de adulto e crianças. E assim como a espécie anterior, está relacionada com atividades benéficas para o organismo como: # previne a colonização dos intestinos por bactérias patogênicas, por competição; # diminui o pH intestinal através da produção de ácidos orgânicos, reduzindo as chances de sobrevida para outras bactérias perigosas (salmonella, klebsiella); # auxilia a reter nitrogênio para a síntese protéica; # sua ausência pode levar à transformação de nitratos em nitritos, que causam câncer intestinal; # produz vitaminas do complexo B; # auxilia na absorção de nutrientes que importam para o metabolismo hepático. Enterococcus faecalis: reside nos intestinos em pequena população, controlada peloequilíbrio estabelecido com os lactobacilos. Pode aumentar os níveis de aminas (tiramina e histamina). Acredita-se que a tiramina esteja envolvida nos ataques de migraina. Não há evidências de que sua presença seja benéfica para o organismo. Streptococcus termophillus: espécie de vida transitória nos intestinos, produtores de ácido lático a partir de carboidratos (anaeróbios facultativa). É o único estreptococo que produz lactase. Referência Bibliográfica: DOUGLAS, Carlos R, Pato. Fisiologia Geral. São Paulo, Ed Robe, 2000. Entendendo a dieta normal... Cada indivíduo tem exigências alimentares distintas, segundo a característica de seu organismo e a sua situação biológica. A alimentação deve se ajustar a certas regras necessárias para a instituição da chamada dieta “correta”, isto é, aquela que se ajusta a regras preestabelecidas e está livre de erros. Essas regras são constantes e aplicáveis a todos os casos e em todas as idades, quer para indivíduos sadios como para doentes. O organismo requer para seu crescimento normal, desenvolvimento e manutenção, uma quantidade adequada de nutrientes. A finalidade geral da alimentação consiste em “nutrir-nos”, o que se consegue por meio da ingestão de alimentos, de nutrientes e de substâncias reguladoras da nutrição. Todos os efeitos provocados pela nutrição podem ser medidos e analisados, tanto do ponto de vista da química interna ,como por meio da vida do indivíduo, ocorrendo em certas ocasiões que uma pequena modificação do processo de nutrição, revelada pela análise química, pode levar a profundos efeitos sobre processos vitais, a curto ou a longo prazo. O organismo não cria nem destrói nada, é um transformador que tira do ambiente a matéria e a energia indispensáveis para viver e isso supõe um perpétuo equilíbrio instável constante, pois a estabilidade é a morte. A alimentação compreende uma fase quantitativa e outra qualitativa, sobre as quais estão centradas, do ponto de vista funcional, todos os processos reguladores do organismo e do meio interno. Isto significa que o processo de comer não pode ser guiado pelos instintos e pelos hábitos alimentares exclusivamente, pois nem sempre estes poderão servir de base para efetuar uma seleção dos alimentos capazes de atender todas as exigências do organismo. O homem não tem consciência de suas verdadeiras necessidades químicas. De acordo com certos estudos experimentais realizados, ele pode viver e subsistir em dois níveis distintos, com cerca de 50% das exigências para a maior parte do alimentos. Mas viver e subsistir não significa viver naquele estado de saúde ótimo a que nos referimos. Levando em conta as regras científicas às quais se deve ajustar a alimentação do homem, este tem a oportunidade utilizá-las em seu proveito para ter asseguradas as melhores condições de saúde. O que se deve entender por dieta normal? Esta denominação é utilizada erroneamente como sinônimo de dieta habitual ou corrente. Se a dieta normal implicasse apenas na consecução de uma alimentação habitual, os indivíduos integrantes do meio social poderiam viver num estado de saúde relativamente bom, porém, não de saúde ótima. Deste modo, a alimentação deve fornecer todos os nutrientes em quantidade suficiente. Normal significa regra, lei, portanto, refere-se ao “normativo”. Relacionando-se com a alimentação, o normal equivale à dieta que contenha quantidades recomendadas dos diversos nutrientes para cobrir as necessidades do organismo. Essas quantidades foram estabelecidas pelos especialistas baseados em investigações fisiológicas e são as que oferecem maior margem de segurança para a saúde. Quantidades recomendadas é uma denominação utilizada pelo Conselho Nacional de Investigações dos Estados Unidos e adotada quase universalmente. Medir é apreciar quantitativamente uma qualidade definida comparando-a com um padrão. Uma massa, o calor, a pressão, etc., não podem ser aproveitar sem que se conheça sua medida, e para isso são utilizadas unidades de medida selecionadas. Essa possibilidade de medir aplicada para mensurar a matéria inerte, peso, densidade, temperatura, etc. As quantidades de nutrientes recomendadas referem-se a unidades de medida que apresentam algumas características: pretendem medir uma qualidade particular dos alimentos e sua capacidade para cobrir os requerimentos fisiológicos do homem. Baseiam-se na medida quantitativa de um certo número de valores dos alimentos (valor energético, protéico, quantidade de vitaminas, minerais, etc.) ou seja, valores nutricionais. Essas medidas têm aplicação em relação às necessidades fisiológicas do organismo. Daí que o estudo das necessidades alimentares do homem é complexo, uma vez que não pode ser estabelecido por um padrão, como mencionados. O resultado das investigações experimentais sobre a alimentação e seus efeitos sobre o organismo, assim como os resultados sobre a vida e a saúde ótimas, tem permitido, no entanto, estabelecer certas “quantidades” de nutrientes necessários para a consecução da melhoria da vida do homem e sua manutenção de um ótimo estado de saúde. A dieta normal expressa o conjunto de necessidades adequadas para uma situação biológica determinada. As necessidades normais específicas de uma dieta referem-se às necessidades em função da quantidade, do valor energético e dos diversos nutrientes estabelecidos como “quantidades recomendadas”. Portanto, as quantidades recomendadas ou aconselhadas não significam o mesmo que requerimentos; pois com as quantidades aconselhadas a cobertura dos verdadeiros requerimentos estão asseguradas e por isso a primeira denominação está sob este ponto de vista é mais correta, pois se bem que em alguns casos possam ser estabelecidos requerimentos, em outros, não tem sido possível até o momento chegar a um conhecimento exato dos mesmos. Na prática muitas vezes confunde-se o requerimento com a quantidade aconselhada, mas isso não tem mais um valor substantivo. A denominação da “dieta normal” é mais precisa do que a de dieta-padrão, palavra derivada do termo inglês que significa “tipo”. A dieta normal, baseada no cumprimento das quantidades recomendadas dos diversos nutrientes, favorece a perpetuação através de várias gerações dos caracteres biológicos do indivíduo e da espécie2. Para chegar a este fim, é indispensável que se mantenha a normalidade da composição química dos tecidos e dos humores, que se permita o funcionamento fisiológico dos diversos aparelhos e sistemas, que assegure a reprodução, favoreça a lactação e origine numa sensação de bem-estar geral que impulsione o indivíduo à atividade. Portanto, não se pode considerar normal uma alimentação que tenha efeitos contrários aos mencionados. A dieta normal varia com a idade sexo, lugar, atividade e funções biológicas. Leis Básicas da Alimentação A dieta normal não consiste somente na enumeração de um conjunto de valores de nutrientes aconselhados. É algo mais, deve atender a certas exigências, entre as quais atender ao equilíbrio entre os constituintes nutricionais e a adequação em todos os casos. Todos os componentes da alimentação normal, quantitativa ou qualitativamente considerados estão subordinados a regras ou normas que em parte foram estabelecidas em 1937 pela senhora Randoin ,com o nome de “leis fundamentais da fisiologia alimentar”. Escudero estabeleceu regras constantes e invariáveis que têm aplicam-a em todos os indivíduos e as denominou “leis fundamentais da alimentação”. Essas regras asseguram os fins de uma alimentação normal e seu desconhecimento leva à doença. Primeira lei. A quantidade de alimentos deve ser suficiente para cobrir as exigências energéticas e manter o equilíbrio do seu balanço. Essa lei encerra dois conceitos: Um deles é o referente ao requerimento energético. O organismo necessita uma quantidade de energia suficiente para realizar seu trabalho e manter uma temperatura quase constante. Se os alimentos não fornecem a energia potencial, o organismo mobilizará materiais de reserva produzindo- se um balanço negativo de energia (entrada menor que a saída), condição que provoca o emagrecimento. A dieta que cumpre essa lei denomina-se suficiente. O outro conceito refere-se ao balanço das substâncias com função não puramente energéticas mas plástica ou hística, é dizer dos nutrientes que mantêm a composição normal e a estrutura dos tecidos: proteínas, minerais e vitaminas. O balanço entre os nutrientes que ingressam e chegam a formar parte do organismo e os que uma vez utilizados durante o processo do metabolismo, são eliminados, pode ser: em equilíbrio, se as saídas se igualarem às entradas; positivo, quando o que se elimina é menor do que o que foi ingerido, e negativo, quando o que se elimina é superior ao ingerido. Do ponto de vista clínico, muitas vezes é necessário provocar um balanço positivo ou negativo de acordo com as circunstâncias. O balanço é normal quando permite a manutenção da saúde: positivo na criança que constrói tecidos para seu crescimento e desenvolvimento, e em equilíbrio, no adulto que deve manter, a constante a estrutura físico-química de seu organismo. Segunda lei. O regime alimentar deve ser completo na sua composição para oferecer ao organismo, que é uma unidade indivisível, todas as substâncias que o integram. Essa lei expressa conceitos claros e distintos: O fisiólogo e o médico não devem esquecer que o ser vivo forma um organismo e uma individualidade, que o corpo é um só constituído por uma quantidade de órgãos e sua vida uma só função 11. A alimentação, mesmo para doentes, deve considerar todo o organismo que constitui uma unidade indivisível. O regime alimentar deve ser completo, não pode omitir nenhum nutriente, pois a falta de algum deles produz efeitos nocivos sobre o organismo. Por isso não se pode prescrever uma dieta unilateral, de frutas, leite, vegetais, etc., portanto essas dietas não provêm todos nutrientes indispensáveis. Quando uma alimentação não fornece um ou mais nutrientes necessários ou o faz em quantidades abaixo do mínimo aconselhado, denomina-se dieta carente. A dieta completa inclui implicitamente o conceito de quantidade e do mínimo de nutrientes que se deve ingerir diariamente de acordo com as quantidades recomendadas para cada um deles. O organismo dispõe de mecanismos de defesa contra a falta ou redução temporária do consumo de algum dos nutrientes. O mecanismo ativo está constituído pelas reservas naturais que possui em relação a cada um dos nutrientes. Cada organismo contém uma quantidade determinada de reservas de proteínas, nos músculos principalmente e no fígado; de hidratos de carbono na forma de glicogênio no fígado e nos músculos; e de gorduras no tecido adiposo, além de reservas de ferro, cálcio, etc. Estas reservas são mobilizadas até o seu esgotamento no caso de carências de um ou mais nutrientes. A capacidade de síntese é outro dos mecanismos de defesa: partindo de corpos simples, formam-se outros mais complexos. O homem pode sintetizar muitos aminoácidos mas nem todos, razão os alimentos completos – carne, leite e ovos, que contêm todos os aminoácidos – preservam de possíveis carências e são denominados “alimentos protetores”. Terceira lei. As quantidades dos diversos nutrientes que integram a alimentação devem guardar uma relação de proporções entre si. O significado desta lei é importante. Não basta que a alimentação contenha todos os nutrientes indispensáveis; estes devem guardar certas proporções para que o organismo os utilize convenientemente e sem provocar alterações. Por exemplo, o processo de calcificação e utilização do cálcio requer a provisão de quantidades absolutas e normais de cálcio e fósforo assim como uma relação adequada entre ambos minerais que se expressa pelas cifras de 1,50 e 1,35 para o lactente de um ano de idade, segundo o peso, e de 1 para a criança, o adolescente, o adulto e a gestante durante o período da lactância 3,4. Estabelece-se esta relação no adulto levando-se em conta que a excreção urinária de cálcio aumenta proporcionalmente com a quantidade de proteínas da dieta e, ainda, pela perda adicional urinária de cálcio. Quarta lei. A finalidade da alimentação está à sua adequação ao organismo. Não se pode prescindir da aplicação desta lei; para prescrever um regime alimentar é necessário primeiramente ter consciência da finalidade: No indivíduo sadio, conservar a saúde. No doente, curar a doença e recuperar a saúde. Na criança, assegurar o crescimento e o desenvolvimento. Igualmente, a alimentação deve adequar-se: Aos hábitos individuais. À situação sócio-econômica do indivíduo. No doente, ao aparelho digestivo e ao órgão ou sistemas alterados pela patologia. As quatro leis são conexas e concordantes, de modo que o não cumprimento de uma leva forçosamente ao não cumprimento das demais. Resumindo o significado das quatro leis, estas podem expressar-se assim: A alimentação deve ser suficiente, completa, harmônica e adequada. Dieta Normal como Ação Preventiva O regime alimentar que atende às quatro leis da alimentação, que por si atua de maneira preventiva contra as possíveis alterações da nutrição, satisfazendo os nutrientes essenciais de acordo com os requerimentos recomendados. Dado o incremento das doenças degenerativas arteriais (arterosclerose) e sua relação, especialmente, com a doença coronária e a hipertensão arterial, a Associação Americana de Dietética aconselha considerar, ainda certa pauta para contrapor a possível influência da alimentação sobre tais patologias 4,5. Deve-se destacar, no entanto, que a ciência não pode assegurar que uma determinada dieta forneça a proteção necessária contra as doenças do coração, mas com base em estudos epidemiológicos e experimentais ,faz-se algumas recomendações para completar a função preventiva da dieta normal do adulto. Estas recomendações são as seguintes: 1. Evitar a obesidade, controlando o valor energético da dieta a fim de manter o peso dentro dos limites estabelecidos pelas tabelas. 2. Aumentar o consumo de alimentos hidrocarbonados complexos e feculentos, e dos que são fonte natural de hidratos de carbono: leite, vegetais em geral e frutas. Estes últimos têm a vantagem de fornecer, além de açúcares, outros nutrientes necessários para a alimentação do indivíduo. O conjunto de hidratos de carbono dessas fontes, deve proporcionar 48% do valor energético da dieta. 3. Limitar o consumo de açúcar refinado a 10% do valor energético total da dieta. Isso inclui o açúcar adicionado ao café, chá e bebidas em geral e os alimentos processados com elevado teor de açúcar. Tal quantidade é recomendada pelo The Select committee of Nutrition and Human Need of the United State Senate, depois de haver comprovado a ação nociva que as quantidades excessivas de açúcar exercem sobre o nível de colesterol e de triglicerídes no sangue . 4. Limitar o consumo de gorduras a 30% do VCT da dieta, reduzindo o uso de manteiga e gorduras de fonte animal, substituindo-as pelo óleo vegetal de milho, soja. 5. Integrar a dieta com as seguintes proporções de gorduras: 10% no VCT com gorduras saturadas; 10% com gorduras monoinsaturadas e 10% com gorduras poliinsaturadas. Dessa maneira pode-se manter a lipemia dentro de limites normais. 6. Limitar o consumo de colesterol a 300 miligramas por dia. Recordamos que uma gema de ovo contém 250 mg. A respeito desta recomendação, foi estudado o efeito que poderia provocar tal consumo, acrescentando-seà dieta dois ovos inteiros durante três meses inteiros e não se observou um aumento significativo da colesterolemia. Esta investigação parece demonstrar que a abstenção indiscriminada de ovos na alimentação normal é inútil como medida preventiva no homem normal 16. Mas não se demonstrou o mesmo efeito nos doentes com arteriopatias, diabetes, nefrose e com tendência genética às doenças arteriais degenerativas. 7. Alternar o consumo de carnes de origem bovina com os pescados e aves. 8. Limitar a 5g por dia a adição de sal,igual a 2 colheres de chá, comum nos preparos alimentares. É bem conhecida a relação entre o sódio e a hipertensão arterial . Essas recomendações constituem uma associação de fatores quantitativos e qualitativos que têm por finalidade fazer da dieta normal de alimentação, uma dieta preventiva de algumas patologias degenerativas, arteriais especificamente. Referência Bibliográfica 1.CRUSAFONT,M.;MELÉNDEZ,B.y AGUIRRE,E. La evolución.Editorial Católica.Madrid,1990. 2.ESCUDERO,P.La Classificación de los regímens alimentarios y su aplicación al tratamiento.Publ.del Inst. Nac. De la Nutrición,volumen I,1935. 3.Food and Nutricional Board,National Academy of Sciences National Research Council.Recommended dietary allowances.Journal of the American Dietetic Associatition 64,2:150,1974. 4.CALLOWAY,D.H.Recommended dietary allowances for protein and energy.Journal of the American Dietetic Association,64,2:157,1974. 5.OLSON,RE.Are proffesionals jumping the gun in the fight against chronic disease? The journal of the American Dietetics 74,5:543,1979. 6. SIMOPOULLUS,A.P.The scientific basis of “the goals”.What can be done now? The journal of the American Dietetic Association 74,5:539,1979. 7.MAHAN, L.K., ARLIN, M.T. Krause Alimentos Nutrição e dietoterapia. Tradução de Alice Regina de Almeida et al. 8ª ed. São Paulo: Roca, 1995. 981 p. Tradução de Krause's food,nutrition and diet therapy. 8.MURRAY, R.K et al. Harper: Bioquímica. Tradução de Tomoko Higuchi et al. 6ª ed. São Paulo:Atheneu,1990.705p.Tradução de Inglês. 9.NAVES, M.M.V, SILVA, M.R. Manual de nutrição e dietética: Guia prático para o acadêmico de nutrição. Goiânia/GO: Universidade Federal de Goiás, 1995. 151p. Capítulo III A COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS O que são os nutrientes dos alimentos? Nutrientes são substâncias que atuam em nosso corpo como material energético, para construção ou como fator de regulação das reações químicas que recebem o nome de metabolismo. Eles se agrupam em proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas, sais minerais e água. Durante os últimos anos, várias mudanças ocorreram em relação às recomendações nutricionais. Sobre as proteínas, por exemplo, atualmente essas recomendações são bem menores que antigamente. Há de se reconhecer que as taxas recomendadas de nutrientes são estimativas e, assim como foram alteradas em relação ao passado, poderão ser alteradas no futuro na medida em que a ciência está se aperfeiçoando. Devido às limitações científicas disponíveis, algumas recomendações são extrapolações ou, ainda, não definidas, como alguns minerais recentemente pesquisados. O propósito deste capítulo é avaliar todos os aspectos que influenciam nas necessidades nutricionais para obter uma visão mais abrangente da interação do alimento com o corpo humano. Fatores como estilo de vida, individualidade bioquímica, qualidade dos alimentos, transmutação biológica e biodisponibilidade são importantes para a compreensão do valor nutricional do alimento. Necessidades nutricionais As “necessidades nutricionais” são definidas como as quantidades de energia e de nutrientes biodisponíveis nos alimentos que um indivíduo sadio deve ingerir para satisfazer todas as necessidades fisiológicas. Entende-se por “biodisponíveis” as substâncias que são digeridas, absorvidas e utilizadas pelo organismo. Já as “recomendações nutricionais” baseiam-se nas cifras das necessidades, corrigidas pela biodisponibilidade, às quais se adiciona a quantidade necessária para cobrir a variabilidade individual. No caso de alguns nutrientes, acrescenta-se também uma quantidade adicional como margem de segurança. O que é a RDA ? RDA (Recommended Dietary Allowances) são as Recomendações nutricionaispara a população americana sadia, estabelecidas pela Food and Nutrition Board (FNB) da National Research Council (NRC), National Academy of Sciences dos Estados Unidos da América. São revisadas e publicadas periodicamente. A última edição ocorreu em 1989. Como são definidas e estabelecidas as RDAs ? Em 1989, RDAs foram definidas como os níveis de ingestão de nutrientes adequados para atender às necessidades de praticamente toda população sadia. São estabelecidas segundo vários critérios e tipos de evidências científicas, como por exemplo estudos epidemiológicos de avaliação de consumo, observando-se as médias e geralmente acrescentando-se dois desvios-padrão, garantindo-se com isso que sejam satisfeitas as necessidades da maioria da população (97 – 98%). O que são as DRIs? No momento de revisão da RDA/1989, os cientista americanos decidiram estabelecer uma nova estrutura para suas Recomendações Nutricionais e desenvolveram as DRIs (Dietary Reference Intakes), substituindo as revisões periódicas das RDAs. O que mudou ? Comparando-se as RDAs e DRIs até então publicadas, observam-se diversas mudanças, impossíveis de serem descritas totalmente aqui. É importante destacar que foram alteradas as quantidades de diversos nutrientes e as faixas-etárias até então utilizadas. Outra “novidade” é que as DRIs pretendem estabelecer não mais um único valor de referência do nutriente, mas um conjunto de 4 níveis de ingestão: A) RDA (Recommended Dietary Allowance): mantém o seu conceito inicial da quantidade de nutrientes suficiente para atender às necessidades diárias da maioria da população (97 – 98%), obtida pela avaliação do consumo médio e geralmente acrescidas de dois desvios-padrão. B) EAR (Estimated Average Requerement): é o valor médio de ingestão diária, quantidade suficiente para suprir às necessidades de 50% da população. C) AI (Adequate Intake): é também o valor médio de ingestão diária de um nutriente, mas que ainda não existem evidências científicas suficientes para o estabelecimento de uma RDA/EAR. D) UL (Tolerable Upper Intake Level): é o limite máximo de ingestão diária de um nutriente, tolerável biologicamente, disponível ao indivíduo pelo consumo de alimentos, alimentos fortificados, suplementos e também a água. Foram estabelecidas limites máximos de segurança para a utilização de nutrientes pelas DRIs? Quais? Sim, principalmente devido ao crescente consumo de suplementos nutricionais e o uso de alimentos fortificados, foram estabelecidas para alguns nutrientes quantidades máximas de ingestão, que em hipótese nenhuma devem ser entendidas como “recomendações”. São quantidades definidas como UL, que improvavelmente causem efeitos adversos a saúde do indivíduo. Na última publicação, por exemplo, foi estabelecido UL da vitamina C de 2000 mg /dia, cuja recomendação para indivíduos adultos aumentou de 60 mg /dia para 90 mg /dia. Já temos DRIs para todos os nutrientes? Ainda não, aguardamos as publicações para energia, proteínas e talvez outros macronutrientes, assim como vitamina A, K, ferro, zinco, iodo e provavelmente outros nutrientes até então não estabelecidos pela RDA de 1989. E o que é então a IDR que observamos nos rótulos de alimentos ? CUIDADO !!! Não é a “tradução” da DRI, muito menos “Recomendações nutricionais” para a população brasileira. A IDR (Ingestão Diária Recomendada) é uma Portaria do Ministério da Saúde, publicada em 1998, unicamente com a finalidade de padronizarinformações nutricionais para Rotulagem de Alimentos, principalmente quanto a porcentagem de atendimento às necessidades nutricionais. A IDR é baseada em duas importantes publicações anteriores com a mesma finalidade: ALINORM 93/22, publicada pela FAO/OMS e A GMN n? 18/1994 do Mercosul. Qual se adapta a realidade brasileira? E agora, o que usamos? Tradicionalmente usamos as RDAs e as Recomendações a SBAN (Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição), publicadas em 1990, para a Avaliação e o Planejamento de Dietas Adequadas. As mudanças propostas pelas DRIs, apesar de destinadas a população americana e canadense, devem ser consideradas pelos profissionais nutricionistas e na medida do possível adaptadas e usadas criteriosamente na sua realidade. Onde posso conseguir as DRIs? Diversos trabalhos em periódicos disponibilizam os dados até então publicados e também no website www.nap.edu pode-se acompanhar as novas publicações. Veja os Níveis de Ingestão Máxima Tolerável para alguns nutrientes: Nutriente Nível de Ingestão Máxima Tolerável por dia Vitamina A 3.000 microgramas Vitamina C 2.000 miligramas Vitamina D 50 microgramas Vitamina E 1.000 miligramas Niacina ou Vitamina B3 35 miligramas Piridoxina ou Vitamina B6 100 miligramas Vitamina B9 ou Folato ou Ácido Fólico 1.000 microgramas Cálcio 2.500 miligramas Ferro 45 miligramas Zinco 40 miligramas Fonte: International Food Information Council, 2002 Níveis de Ingestão Máxima Tolerável de Nutrientes É o mais alto nível de ingestão diária de nutrientes isento de risco de efeitos colaterais para quase todos os indivíduos de uma população. Não deve ser utilizado como referência de ingestão, mas como um meio de se verificar a possibilidade de uma ingestão excessiva de um determinado nutriente. Esses níveis são estabelecidos e aprovados, juntamente com a Ingestão Alimentar Recomendada, pelo Food and Nutrition Board of the National Academy of Sciences. Suplementos (medicamentos) que contém formulações com níveis acima dos Níveis de Ingestão Máxima Tolerável podem apresentar sintomas e não são recomendados. As Vitaminas e Minerais que não constam no quadro, ainda não têm seus Níveis de Ingestão Máxima Tolerável estabelecidos pelo Food and Nutrition Board, sendo assim recomenda-se usar como referência as doses da Ingestão Alimentar Recomendada, uma vez que também podem ser tóxicos quando utilizados em excesso. . Macronutrientes PROTEÍNAS São macromoléculas constituídas de partículas menores denominadas de aminoácidos. Alguns aminoácidos são produzidos no organismo (aminoácidos não essenciais), enquanto oito deles necessitam ser introduzidos por meio dos alimentos (aminoácidos essenciais). A qualidade da proteína denominada valor biológico é determinada pela quantidade satisfatória destes aminoácidos essenciais. Quando um alimento os possui, costuma-se dizer que ele tem a proteína completa, ou de alto valor biológico. Há uma falsa crença que somente os produtos animais contêm a proteína completa, sendo que há também no reino vegetal proteínas de alto valor biológico, como as sementes oleaginosas (nozes, castanhas, amêndoas, etc.) e os cereais integrais, embora as contenham em pouca quantidade.E mesmo as proteínas vegetais incompletas em si, combinadas com outros vegetais, resultam em proteína completa. As proteínas desempenham diversas funções importantes: no crescimento e reparação dos tecidos; na produção de anticorpos,que atuam no sistema de defesa; na produção de enzimas e hormônios; na transmissão da rede nervosa; na formação do sangue e síntese de DNA. A alimentação moderna caracteriza-se por uma tendência ao consumo exagerado de proteínas, o que vem sendo relacionado com a origem de diversas doenças, inclusive o câncer. As recomendações atuais, diárias, são em torno de 0,8g por cada Kilograma de peso corporal para o adulto, sendo que na infância e na adolescência, gravidez e lactação as necessidades são bem maiores. Fontes de proteínas: Leite, derivados, ovos e carnes: embora os produtos animais sejam ricos em proteínas, são ricos em gorduras, hormônios e outros fatores indesejáveis que levam à fermentação, ao acúmulo de toxinas e ao desgaste dos órgãos . Os mais saudáveis são: iogurte, peixe e ovos caipiras. Leguminosas (feijões, lentilha, ervilha, soja, grão de bico, amendoim, etc.): possuem um total de proteínas superior ao da carne, no entanto são deficientes em alguns aminoácidos essenciais e possuem fatores antinutricionais que necessitam serem desativados através de uma preparação adequada. Oleaginosas (castanha-do-pará, amêndoas, nozes, gergelim, avelãs, etc.) e algas marinhas: são ricas em quantidades e com alto valor biológico. Cereais integrais, frutas e hortaliças: mesmo não contendo proteína em alta concentração, auxiliam na complementação da cota diária de proteína. As proteínas originam os seguintes aminoácidos essenciais: Estes são os principais aminoácidos essenciais: fenilalanina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, triptofano, valina. Conheça agora cada um: FENILALANINA Trata-se de mais um aminoácido muito empregado na medicina ortomolecular. Na forma L-fenilalanina, é estimulante da colecistoquinina, que inibe o centro da fome. Por isso, é usado no tratamento da obesidade. Também é estimulante da gordura marrom. A forma DL-fenilalanina é utilizada como analgésico, com efeito opiáceo, no tratamento da dor de diferentes patologias de base. As doses variam de 100 a 500 mg, 3 vezes/dia, nas formas L ou DL- fenilalanina. HISTIDINA Não é muito empregada na medicina ortomolecular. Seu uso é mais folclórico nos casos de fadiga crônica, no combate ao estresse e nas alterações da libido. As doses variam de 100 a 500 mg, 3 vezes/dia. ISOLEUCINA Também faz parte dos aminoácidos de cadeia curta. Indica-se seu uso, geralmente, associado à leucina e à valina, como suplemento em polineuropatias e patologias degenerativas que comprometem a bainha de mielina. As doses variam de 100 a 500 mg, 3 vezes/dia. LEUCINA A leucina faz parte dos aminoácidos de cadeia curta. É indicada, principalmente, nas doenças desmielinizantes por fazer parte estrutura protéica da bainha de mielina. Recentes experiências têm sugerido sua administração como suplemento pacientes com esclerose amiotrófica lateral, associado à valina e à isoleucina. As doses variam de 100 a 500 mg, 3 vezes/dia. LISINA A lisina é outro aminoácido que faz parte da estrutura do hormônio do crescimento. Sua indicação preferencial é na profilaxia do herpes simples, principalmente o do tipo 1 ou genital. As doses médias variam de 100 a 500 mg, 3 vezes/dia. Na profilaxia do herpes, recomenda-se 500 mg em dose única/dia e por períodos prolongados. METIONINA É um importante aminoácido, porque é o principal fator na formação de cisteína, que tem efeito antioxidante. A metionina, por possuir grupos sulfidrila na composição, tem efeito antioxidante, assim como efeito quelante. As doses de metionina variam de 100 a 300 mg, 3 vezes/dia. TRIPTOFANO O triptofano também é um dos aminoácidos mais utilizados na medicina ortomolecular. Recentemente, foi objeto de polêmica, pois recebemos uma remessa dos Estados Unidos contaminada. Apesar disso, é muito indicado nas seguintes situações: a) para tomar parte do metabolismo das vitaminas do complexo B, principalmente do ácido nicotínico e do cloridrato de piridoxina; b) como substrato formador do neurotransmissor de serotonina, razão pela qual são utilizadas altas doses em pacientescom insônia/depressão. Nestes últimos,é associado a inibidores da recaptação de serotonina; c) para formar a melatonina, na forma L-triptofano, via serotonina, que regula o ciclo do sono. As doses sugeridas variam de 200 a 2.000 mg, 1 a 2 vezes/dia. VALINA A valina forma o triângulo dos aminoácidos de cadeia curta junto com a leucina e a isoleucina. É indicada como suplemento em pacientes com processo desmielinizante de diferentes origens. As doses sugeridas variam de 100 a 500 mg, 3 vezes/dia. Aminoácidos não essenciais Estes são os principais aminoácidos não-essenciais: ácido aspártico, ácido glutâmico, alanina, arginina, asparagina, carnitina, cisteína, citrulina, glicina glutamina, ornitina, prolina, serina e tirosina. Eles devem utilizados como suplemento alimentar e administrados, de preferência, em jejum ou, pelo menos, 30 minutos antes das principais refeições. Conheça, agora, alguns aminoácidos não-essenciais: ARGININA Trata-se de um dos aminoácidos mais utilizados na medicina ortomolecular porque faz parte da cadeia de aminoácidos do hormônio do crescimento. A arginina sintetiza o óxido nítrico ou denominado fator de relaxamento endotelial, que pode ser utilizado como vasodilatador ou para diminuir a pós- carga do trabalho do coração nos pacientes hipertensos. Esse aminoácido também sintetiza a espermidina, importante para a maturação dos espermatozóides, e acredita-se que tenha função na proteção da atividade cerebral, por ter sido encontrada espermidina no cérebro. A arginina deve ser administrada com cautela nos pacientes portadores de herpes e naqueles que estejam srecebendo suplementos simultaneamente de lisina (o fator pro-herpético da arginina deve-se à sua capacidade de inibir a absorção da lisina). As doses variam de 100 a 500 mg, 3 vezes/dia. CISTEÍNA É um dos aminoácidos mais importantes dentro da medicina ortomolecular pelas seguintes razões: a) forma parte do núcleo ativo da enzima glutationa peroxidase, que inibe a formação dos peróxidos lipídicos; b) a sua formação deficitária, por deficiência clínica ou subclínica de vitamina B6, vitamina B12 ou de ácido fólico, favorece a formação da homocisteína; fator importante independentemente de risco de doença cardiovascular. É indicado, principalmente, a pacientes com hipercolesterolemia, associado a níveis elevados de Apo-B ou lpA, indicativos de oxidação do colesterol, associado ou não a hipocolesterolemiantes. As doses médias de cisteína variam de 600 a 1.200 mg, até 3 vezes/dia, via oral – efervescente ou parenteral. TIROSINA Apesar de ser um produto intermediário do metabolismo da fenilalanina , pode ser utilizada isoladamente como estimulador da atividade tiroideana e como suplemento em pacientes com fadiga crônica. As doses variam de 100 a 500 mg, 3 vezes/dia. CARNITINA É um produto do metabolismo da lisina em presença de S-adenosil- metionina. Dentro dos conceitos da medicina ortomolecular, é indicada como suplemento nos seguintes casos: a) nas patologias cardiovasculares, por manter a atividade da musculatura lisa periférica e da musculatura estriada não-voluntária do coração. Neste último caso, tem sido empregada concomitantemente ao tratamento habitual em pacientes com insuficiência cardíaca, associada à ubiquinona ou coenzima Q10; b) como importante suplemento na formação da gordura marrom, que tem efeito termogênico, além de ser um protetor dos tecidos contra o estresse oxidativo. As doses de carnitina variam de 100 a 500 mg, 3 vezes/dia. CITRULINA É um aminoácido normalmente empregado junto com outros aminoácidos na suplementação do esqueleto protéico. A citrulina sugere propriedades semelhantes à histidina no combate ao estresse e à fadiga e na melhora da libido. Porém, isso ainda não tem base científica. ORNITINA A ornitina forma, junto com a arginina e a lisina, o esqueleto protéico do hormônio do crescimento. Pode ser administrada junto com a arginina, mas esta última deve ser administrada em dias diferentes da suplementação com lisina. As doses variam de 200 a 500 mg, 2 a 3 vezes/dia. Obs.: A administração de arginina, lisina e ornitina não provoca o aumento dos níveis plasmáticos do hormônio do crescimento, e esses aminoácidos, não podem ser utilizados como substitutos deste hormônio em pacientes com insuficiência hormonal plasmática. Devem, isso sim, ser usados como suplementos alimentares para a manutenção do hormônio do crescimento. GLICÍDEOS OU CARBOIDRATOS São as substâncias básicas das plantas que se formam pela fotossíntese. A água, gás carbônico (CO2) e luz solar são englobados na planta, produzindo o carboidrato e o oxigênio essenciais à respiração e à vida. Os glicídios são a principal fonte de energia do organismo. São utilizados pelos músculos e armazenados no fígado e quando em excesso são transformados em gordura. O nível de glicose no sangue (glicemia) está relacionado com a consciência e a geração de energia e calor. As alterações da glicemia para hipoglicemia ou para a hiperglicemia (diabético), se forem exageradas, podem levar ao coma, onde há perda de consciência. Alguns glicídios não são incorporados pelo organismo, como, por exemplo, as fibras (lignina, celulose, pectina), mas são extremamente importantes para o peristaltismo, favorecendo a eliminação intestinal. Além de evitarem a prisão de ventre, as fibras auxiliam na prevenção e tratamento de algumas doenças degenerativas, uma vez que impedem a absorção excessiva de gorduras e açúcar. Fontes: Há vários tipos de glicídeos: monossacarídeos (glicose, frutose) contidos nas frutas que são absorvidos diretamente nos intestinos; dissacarídeos (lactose do leite); sacarose (açúcar da cana e da beterraba) e os polissacarídeos (amido) encontrados nos cereais, tubérculos (batata, aipim, cará), etc., que são absorvidos somente depois de transformados pela digestão. LIPÍDEOS OU GORDURAS Os lipídios são nutrientes distribuídos por vários alimentos do reino animal e vegetal. Constituem as células do corpo; estão nos nervos, no cérebro, ajudam na formação de hormônios, transportam vitaminas lipossolúveis, dão proteção aos órgãos, e, em proporções corretas, fornecem calorias ao corpo com menor volume de alimento. Também protegem o corpo contra variações de temperatura e contra a excessiva perda de água por transpiração. Para serem transportados pelo sangue, os lipídios se combinam com as proteínas, formando assim as lipoproteínas. Elas diferem em: LDL (lipoproteína de baixa densidade) e HDL (lipoproteína de alta densidade). Enquanto as LDL favorecem o acúmulo de colesterol nas artérias, as HDL retiram as gorduras das artérias e as transportam para o fígado, de onde são eliminadas. Daí que, popularmente, se designa o HDL de “bom colesterol” e o LDL de “mau colesterol”. Fontes: Os alimentos naturais e integrais, como as oleaginosas, os cereais integrais, o azeite de oliva extra virgem e o abacate. Se usados em quantidade suficientes,dispensam o uso de outras fontes de óleos refinados e artificiais. ÓLEO DE PRÍMULA O óleo de prímula forma parte do grupo dos ácidos graxos ômega de tipo 6. Recentemente, tem sido muito propalado seu uso como suplemento nas seguintes circunstâncias: a) como profilático em pacientes com cefaléia crônica ou nos casos de enxaqueca. Não é recomendado seu uso durante as crises; b) nos pacientes com síndrome de tensão pré-menstrual, por agir como intermediário no metabolismo das prostaglandinas. Seu uso é indicadodurante todo o ciclo menstrual ou, pelo menos, 10 dias antes da provável data de menstruação; c) é utilizado em algumas patologias dermatológicas, associado ao tratamento convencional. As doses variam de 100 a 500 mg, 2 a 3 vezes/dia. ÔMEGA 3 (ÁCIDO EICOSA PENTANÓICO) É um dos suplementos ortomoleculares mais convencionais que existem. O ômega 3 é indicado como suplemento em pacientes com hipercolesterolemia (não abaixa o colesterol; aparentemente, mantém os níveis obtidos pela dieta e uso de agentes que reduzem o colesterol). É administrado a pacientes com hipertrigliceridemia. Em altas doses, reduz os níveis de triglicerídios, devendo-se utilizar mais de 3 g/dia. Nos pacientes com doenças auto-imunes, como as doenças do colágeno (artrite reumatóide), tem sido empregado, associado ou não, a imunossupressores e/ou anti-inflamatórios, pois inibe a formação dos leucotrienos via lipoxigenase (fator de resposta inflamatória), em doses que variam de 6.000 a 9.000 mg/dia. O omega 3 tem um importante efeito antiplaquetário, podendo ser empregado como suplemento nutricional, associado ou não a outros antiplaquetários (ácido acetilsalicílico, dipiridamol, ticlopidina.). As doses habituais variam de 500 a 3.000 mg, 3 vezes/dia. Obs.: quando são administrados ácidos ômega – 3 ou ômega – 6, aumenta- se o potencial de peroxidação lipídica, razão pela qual é sugerida a suplementação simultânea de antioxidantes, principalmente vitamina E, cisteína, vitamina C, e bioflavonóides. 2- Vitaminas VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS VITAMINA A A vitamina pré-formada ou retinol é encontrada nos produtos de origem animal, e a pró-vitamina A (betacaroteno que se converte em vitamina A no corpo) é encontrada principalmente nos vegetais verdes e amarelos. A vitamina A é essencial à visão (especialmente à visão noturna), regulação da divisão celular, reprodução e imunidade. Há inúmeras pesquisas que apontam o betacaroteno como redutor da incidência por câncer através de suas propriedades antioxidantes. Outros estudos demonstraram o enorme poder desta vitamina no aumento da resistência a infecções. Também acelera a cicatrização e reverte o envelhecimento da pele. Entretanto, a vitamina A formada em doses altas é tóxica, enquanto o betacaroteno tem uma toxicidade extremamente reduzida. A vitamina A não é empregada na medicina ortomolecular. Ela não tem propriedades antioxidantes, razão pela qual não tem indicações terapêuticas. A vitamina A também apresenta algumas contra-indicações principalmente em pacientes com mitose celular, pois apresenta propriedades mitogênicas. BETACAROTENO (pró – vitamina A) Possui as seguintes propriedades: a) efeito inibidor sobre oxigênio simples ou singular b)efeito inibidor sobre radicais superóxidos; c) efeito protetor sobre diferentes tecidos mucosos do organismo: pulmões, boca, bexiga, estômago,etc; Em recentes estudos isolados, evidências têm sugerido que o beta – caroteno pode agravar o câncer de pulmão. Também indicam precaução quanto ao seu uso em pacientes fumantes e portadores de câncer de pulmão. As doses recomendadas por via oral variam de 30 a 100 mg/dia. Elas têm efeito cumulativo, pois o betacaroteno é uma vitamina lipossolúvel (acúmulo hepático), cujo efeito colateral é o amarelamento da pele, que desaparece quando sua administração é suspensa. Fontes: Vitamina A pré formada se encontra nas carnes, peixes, leite e derivados. O betacaroteno se encontra na cenoura, manga, mamão, verduras folhosas, damasco, abóbora, brócolis, batata-doce, melancia. VITAMINA D É a única vitamina cuja forma biologicamente ativa é um hormônio. Pode ser produzida na pele, a partir dos raios ultravioletas do sol, e também existe em pequenas quantidades nos alimentos. Desempenha um papel importante no controle do metabolismo do cálcio; controle de proliferação e diferenciação celular, que poderiam ter um enorme impacto na prevenção e no tratamento do câncer. A maior incidência tanto de câncer de cólon e reto quanto de câncer de mama encontra-se em áreas de menor exposição à luz natural, devido à deficiência de vitamina D e consequentemente de cálcio. O Japão é uma exceção, pois embora haja pouca exposição aos raios solares, há alta ingestão de vitamina D devido ao grande consumo de peixes. É conhecida como vitamina anti-raquítica e utilizada na profilaxia da osteoporose pela sua capacidade de reabsorver o cálcio que seria eliminado pelos rins. As doses médias empregadas por via oral variam de 200 a 600 UI/dia. Como se trata de uma vitamina lipossolúvel, as doses médias de 400 UI/dia devem ser suspensas a cada 30 dias, por um período de 7 dias, para se esgotarem os excessos do organismo. Fontes: Peixes gordurosos, leite e derivados, gema de ovo, Sol. VITAMINA E Importante antioxidante que protege contra os radicais livres, a poluição do ar e as substâncias tóxicas. Protege contra distúrbios neurológicos e cardiovasculares, estimula o sistema imunológico, reduz sintomas da síndrome pré-menstrual e aumenta a fertilidade. Possui as seguintes propriedades: a) inibe a peroxidação lipídica, podendo ser utilizada em todas as circunstâncias onde existam uma acentuação do estresse oxidativo, utilizando o material graxo como substrato; b) inibe a agregação plaquetária em doses de 400 a 800 UI/dia; c) pode ser empregada, em altas doses, no tratamento de vasculopatias periféricas. As doses de vitamina E variam de 100 a 1.200 UI/dia. As doses menores são empregadas de forma profilática e as doses maiores, terapeuticamente. É importante lembrar que a vitamina E sofre um processo de peroxidação quando age como antioxidante e que para ser recuperada necessita da presença da vitamina C ou da vitamina B12, que age com catalisadora da enzima glutationa redutase, que ajuda a refazer a glutationa peroxidase. Fontes: Cereais integrais, ovos, folhas verdes, azeite de oliva, nozes, castanhas e gergelim. VITAMINA K Tem várias funções, sendo a mais importante a síntese de fatores envolvidos na coagulação sanguínea. Importante na mineralização óssea, na cicatrização de fraturas, prevenção e tratamento da osteoporose e prevenção de câncer. É produzida no intestino pela flora intestinal benéfica, composta predominantemente de lactobacilos, encontrados nos alimentos fermentados como o iogurte e o missô (pasta de soja fermentada). Recentes trabalhos determinam que o uso da vitamina K tem resultados benéficos no tratamento da osteoporose. A vitamina K ajuda a conversão da do ácido glutâmico em ácido carboxiglutâmico, que faz parte da matriz óssea denominada de osteocalcina. O ácido carboxiglutâmico possui duas cargas negativas que favorecem o depósito de cálcio no osso por este duas cargas positivas. As doses médias de vitamina K variam de 0,25-1 mg/dia. Por ser uma vitamina lipossolúvel, nas doses diárias de 1 mg é recomendável sua suspensão a cada 45 dias por um período de 7 dias. Fontes: couve-flor, couve, espinafre, repolho, alface, e em menor proporção nos cereais, como trigo e aveia. VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS VITAMINA B1 (cloridrato de tiamina) Desempenha um papel importante na conversão da glicose em energia biológica. Participa de reações metabólicas fundamentais do sistema nervoso, coração, formação das células sanguíneas e manutenção dos músculos. Protege contra o envenenamento por chumbo – aspecto importante em vista da poluição de chumbo nos sistemas de tratamento de água. Ajuda a controlar o diabetes, é útil no tratamento de herpes e outras infecções,assim como no tratamento da anemia. O alcoolismo e a alimentação desequilibrada com cereais refinados e grande consumo de café e chá podem ocasionar a deficiência dessa vitamina. Conhecida como beribéri, a carência de vitamina B1 pode afetar o sistema nervoso, comprometendo seu funcionamento. Assim como as outras vitaminas que formam parte do grupo de vitaminas do complexo B, a vitamina B1 é um importante co-fator na síntese de ATP pelas vias metabólicas dos carboidratos, lipídios e proteínas. Entre suas funções mais importantes destacam-se: a) nas neuropatias, principalmente alcoólicas; b) em certas patologias cardíacas dependentes de deficiência de cloridrato de tiamina. As doses habituais variam de 10 a 100 mg/dia. Fontes: cereais integrais, leguminosas, frutos do mar, carnes. VITAMINA B2 (RIBOFLAVINA) É essencial tanto na respiração celular, onde a energia é produzida, quanto na eliminação de resíduos tóxicos. Tem propriedades antioxidantes, protegendo das lesões causadas pelos radicais livres. Exercícios vigorosos aumentam a necessidade dessa vitamina. Protege contra o câncer e a anemia. Participa como elemento fundamental no NADH, no NADPH e no metabolismo do ATP ( trifosfato de adenosina). É um co-fator importante na recuperação da glutationa peroxidase por participar diretamente no metabolismo da glutationa redutase, razão pela qual não pode ser esquecido nas fórmulas de tratamento dos níveis elevados de peroxidação lipídica. As doses habituais variam de 10 a 100 mg/dia. Fontes: Leite, queijo, iogurte, vegetais verdes folhosos, frutas, cereais e carnes. VITAMINA B3 (ÁCIDO NICOTÍNICO) Atua na prevenção e tratamento da esquizofrenia e outras doenças mentais, melhora a artrite; reduz a hipertensão; desintoxicante de poluentes, álcool e drogas; reduz o colesterol protegendo das doenças cardiovasculares e aumenta a imunidade. Dentro dos conceitos da medicina ortomolecular, a vitamina B3 é indicada no tratamento suplementar de: hipercolesterolemia e esquizofrenia. As doses, para ter efeito nessas duas patologias, podem chegar a 3 g/dia. Porém, podem surgir efeitos colaterais, como hepatite reversível, razão pela qual as doses devem ser ministradas de forma progressiva. As doses de vitamina B3 variam de 30 a 2000 mg/dia. Fontes: Carnes, peixes, leguminosas, vegetais verdes, arroz integral, castanhas. VITAMINA B5 Denominada de ácido pantotênico, a vitamina B5 participa de diferentes processos metabólicos do organismo, porém tem sido muito utilizada em pacientes com osteoporose como suplemento na forma de pantotenato de cálcio. Baseada mais em dados empíricos que em científicos, a vitamina B5 também vem sendo usada como suplemento dietético em pacientes com alopecia. As doses recomendadas variam de 50 a 200 mg/dia. VITAMINA B6 (PIRIDOXINA) Importante no funcionamento das enzimas, essencial para a síntese protéica e do ácido nucléico, e na produção das hemácias. Entre todas as vitaminas do complexo B é a mais vital para o sistema imunológico. Sua deficiência pode provocar problemas de pele, anemia e distúrbios mentais. A quantidade recomendada está associada ao nível de proteína da dieta. Quanto maior a quantidade de proteína que se ingere maior é a necessidade de B6. É utilizada como suplemento nas seguintes circunstâncias: a) profilaxia da arteriosclerose, por agir como co-fator na conversão da metionina em cisteína; b) por participar no metabolismo das prostaglandinas, é utilizada em pacientes portadoras de tensão pré-menstrual; c) em pacientes com cefaléias de diferentes origens, pode ser empregada como complementação terapêutica; d) suplemento nutricional, em altas doses para pacientes com síndrome de túnel de carpo e doença de Peyrionie. O uso prolongado de vitamina B6, em altas doses, pode provocar uma neurite completamente reversível quando a suplementação é suspensa. As doses recomendadas variam de 10 a 300 mg/dia. Fontes: Cereais integrais, carne, aveia, banana, pescado, ovos. VITAMINA B12 (HIDROXICOBALAMINA) É essencial para o sistema nervoso, exercendo papel protetor contra toxinas e alérgenos. Há indícios de que possa ter efeitos anticancerígenos. Sua deficiência provoca anemia, perda de memória, fraqueza e distúrbios mentais. Embora as maiores fontes de Vitamina B12 sejam encontradas nos alimentos de origem animal, há alguns alimentos de origem vegetal que a contém em menor quantidade. A maior parte do que necessitamos é formada no intestino a partir de outros nutrientes na presença de uma flora benéfica. Na medicina ortomolecular, a vitamina B12 é indicado principalmente para: a) pacientes com anemia macrocítica, deficientes em vitamina B12, ou na deficiência do fator intrínseco; b) pacientes com doenças desmielinizantes por participar da síntese da mielina com aminoácidos de cadeia curta e ácidos graxos ômega 3 e ômega 6; c) pacientes portadores de homocisteína elevada, que é um fator independente de risco coronariano e está associado a deficiências clínicas ou subclínicas de piridoxina, hidroxicobalamina, ou ácido fólico. A vitamina B12 é muito bem tolerada, inclusive em altas doses. As doses variam de 10 a 100 mg/dia. Fontes: Peixes, carnes, ovos, leite e derivados, banana, semente de girassol, algas marinhas e alimentos fermentados. ÁCIDO FÓLICO Atua na produção normal das hemácias, assim como participa de vários processos metabólicos do organismo, sendo o mais importante a síntese de DNA. Pesquisas revelam efeitos benéficos no combate ao câncer e no tratamento da arteriosclerose. As deficiências podem ser provocadas por dietas desbalanceadas, problemas de absorção, gravidez, alcoolismo e deficiência de B12. O ácido fólico faz parte do grupo de vitaminas do complexo B e tem as seguintes características: a) profilática em pacientes grávidas para evitar a lesão do tubo neural no produto da gestação; b) controle em pacientes com homocisteína elevada, que é um fator de risco cardiovascular independente, seja como ácido fólico isolado,seja associado a deficiências de vitamina B6 e/ou vitamina B12; c) a deficiência do ácido fólico está relacionado a alterações na maturidade dos glóbulos vermelhos, provocando anemia macrocítica isolada ou associada a deficiência de vitamina B12. As doses ortomoleculares de ácido fólico variam de 300 a 500 mg/dia. Fontes: Laranja, feijão, arroz e principalmente nos vegetais folhosos verdes escuros (brócolis, espinafre, alface romana etc.) Deve-se notar que a cocção dos alimentos diminui seu teor em cerca de 50%. ÁCIDO PANTOTÊNICO Faz parte do complexo B desempenhando inúmeras funções metabólicas essenciais ao corpo humano, inclusive relacionadas à produção de hormônios e a produção de energia. Há indícios de que reduz o colesterol sanguíneo, sendo útil na desintoxicação do álcool e como estimulante imunológico. Atua na cicatrização de feridas, previne e alivia a artrite devido ao seu papel terapêutico no tratamento de distúrbios ósseos e articulares. Fontes: cereais integrais, ovos, brócolis, leite, soja, feijões, cogumelos. VITAMINA H (BIOTINA) Vitamina do complexo B que é produzida no intestino pelas bactérias e obtida pela alimentação. Importante no metabolismo dos aminoácidos, na síntese de ácidos graxos e melhora o desempenho do atleta. Não é recomendável ingerir clara de ovo crua, pois contém uma antivitamina que impede a absorção de biotina. A aplicação da biotina, também conhecida como coenzima R, na medicina ortomolecular ainda está sob pesquisa nos seguintes aspectos: a) fragilidade capilar; b) alterações dermatológicas; d) deficiências
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