Buscar

9916-18944-1-PB (2)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

Silva CMC, Valente GSC, Saboia VM et al. O exame físico e o processo de enfermagem... 
Português/Inglês 
Rev enferm UFPE on line., Recife, 8(supl. 1):2281-6, jul., 2014 2281 
ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.5927-50900-1-SM.0807supl201412 
 
 
 
O EXAME FÍSICO E O PROCESSO DE ENFERMAGEM: PARA ALÉM DO DUALISMO 
ENTRE TEORIA E PRÁTICA 
THE PHYSICAL EXAMINATION AND THE NURSING PROCESS: BEYOND DUALISM BETWEEN 
THEORY AND PRACTICE 
El EXAMEN FÍSICO Y EL PROCESO DE ENFERMERÍA: MÁS ALLÁ DEL DUALISMO ENTRE LA TEORÍA Y 
LA PRÁCTICA 
Carlos Magno Carvalho Silva1, Geilsa Soraia Cavalcanti Valente2, Vera Maria Saboia3, Enéas Rangel Teixeira4 
RESUMO 
Objetivo: descrever a articulação entre o exame físico e o Processo de Enfermagem segundo Horta, na visão 
de graduandos de enfermagem. Método: estudo exploratório-descritivo, de abordagem qualitativa, com uma 
turma de graduandos de enfermagem do 4o período, composta por jovens de ambos os sexos. Para a coleta de 
dados, foi realizada uma entrevista semiestruturada. A pesquisa teve o projeto aprovado pelo Comitê de Ética 
em Pesquisa, Parecer n0 01260258000-07. Resultados: os dados foram agrupados em categorias temáticas: O 
exame físico e as etapas do Processo de Enfermagem segundo Wanda Horta; e As técnicas e tecnologias 
relacionadas ao exame físico e ao Processo de enfermagem. Conclusão: os depoimentos dos graduandos 
possibilitaram observar a relação entre o exame físico, as etapas do processo de enfermagem, segundo Horta, 
assim como a instrumentalização necessária ao seu desenvolvimento: a técnica e a tecnologia. Descritores: 
Processos de Enfermagem; Exame Físico; Educação em Enfermagem. 
ABSTRACT 
Objective: to describe the articulation between the physical examination and the Nursing Process according 
to Horta, in the view of nursing graduates. Method: exploratory-descriptive study, with a qualitative 
approach, with a group of nursing students in 4th period, composed of young people of both sexes. For data 
collection, a semi-structured interview was performed. The research project was approved by the Research 
Ethics Committee, Opinion nº 01260258000-07. Results: data were grouped into thematic categories: The 
physical examination and steps of the Nursing Process according Wanda Horta; and techniques and 
technologies related to physical examination and to the nursing Process. Conclusion: the testimony of the 
students allowed to observe the relationship between the physical examination, the steps of the nursing 
process, according to Horta, as well as the instrumentation required for its development: the technique and 
technology. Descriptors: Nursing Process; Physical Examination; Nursing Education. 
RESUMEN 
Objetivo: describir la relación entre el examen físico y el Proceso de Enfermería según Horta, en la visión de 
los graduados de enfermería. Método: estudio exploratorio-descriptivo, con enfoque cualitativo, con un grupo 
de estudiantes de enfermería del cuarto periodo, compuesto por jóvenes de ambos sexos. Para la recopilación 
de los datos, se realizó una entrevista semi-estructurada. La investigación tuvo el proyecto aprobado por el 
Comité de Ética de la Investigación, Opinión nº 01260258000-07. Resultados: los datos fueron agrupados en 
categorías temáticas: El examen físico y las etapas del Proceso de Enfermería según Wanda Horta; y Las 
técnicas y tecnologías relacionadas al examen físico y al Proceso de enfermería. Conclusión: los testimonios 
de los alumnos permiten observar la relación entre el examen físico, las etapas del proceso de enfermería, 
según Horta, así como la instrumentación necesaria para su desarrollo: la técnica y la tecnología. 
Descriptores: Proceso de Enfermería; Examen Físico; Educación en Enfermería. 
1Enfermeiro, Professor Mestre em Enfermagem, Universidade Estácio de Sá. Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mail: 
mcarvalho27@yahoo.com.br; 2Enfermeira, Professora Doutora em Enfermagem, Departamento de Fundamentos de Enfermagem e 
Administração, Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa - Universidade Federal Fluminense/EEAC/UFF. Niteroi (RJ), Brasil. E-mail: 
geilsavalente@yahoo.com.br; 3Enfermeira, Professora Titular, Doutora em Enfermagem, Departamento de Fundamentos de Enfermagem e 
Administração, Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa - Universidade Federal Fluminense/EEAC/UFF. E-mail: 
verasaboia@uol.com.br; 4Enfermeiro e Psicólogo, Doutor em Enfermagem, Coordenador do Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado 
em Saúde, Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, Universidade Federal Fluminense /EEAC/UFF. Niteroi (RJ), Brasil. E-mail: 
eneaspsi@hotmail.com 
 
 
 
 
 
 
ARTIGO ORIGINAL 
mailto:mcarvalho27@yahoo.com.br
mailto:geilsavalente@yahoo.com.br
mailto:verasaboia@uol.com.br
mailto:eneaspsi@hotmail.com
Silva CMC, Valente GSC, Saboia VM et al. O exame físico e o processo de enfermagem... 
Português/Inglês 
Rev enferm UFPE on line., Recife, 8(supl. 1):2281-6, jul., 2014 2282 
ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.5927-50900-1-SM.0807supl201412 
 
O exame físico realizado pelo enfermeiro 
tem o intuito de evidenciar informações úteis 
ao delineamento dos problemas de 
enfermagem e, por conseguinte, direcionar a 
assistência prestada ao cliente.1 Destarte, 
deve se constituir no primeiro passo de uma 
assistência sistematizada. Seu aprimoramento 
se torna cada vez mais necessário no 
conteúdo de ensino a ser ministrado nos 
diferentes níveis de formação, sobretudo na 
graduação, a fim de que sejam desenvolvidas 
as habilidades para a sua execução, num nível 
compatível com a segurança dos clientes.2 
A Sistematização da Assistência de 
Enfermagem (SAE) é empregada na prática 
pelos enfermeiros através de um método 
científico ou método de resolução de 
problemas que auxilia no planejamento do 
cuidado. Esta metodologia é conhecida como 
o Processo de Enfermagem.3 
Wanda de Aguiar Horta, importante 
enfermeira teorista brasileira, buscou ao 
longo de sua trajetória profissional, criar e 
transmitir um conceito de enfermagem que 
englobasse os aspectos, muitas vezes 
conflitantes, de arte humanitária, ciência e 
profissão.4 O Processo de Enfermagem, 
segundo Horta, é ainda hoje, uma ferramenta 
para execução, organização e gerenciamento 
do trabalho de enfermagem.5 
Na Escola de Enfermagem da Universidade 
de São Paulo (USP), em 1959, Horta começou 
a desenvolver o núcleo central de seu 
trabalho que constitui na elaboração de vasta 
fundamentação teórica para a enfermagem, 
culminando com a elaboração da Teoria das 
Necessidades Humanas Básicas. Essa teoria é 
considerada o ponto alto de seu trabalho e a 
síntese da todas as suas pesquisas.6 
A Teoria das Necessidades Humanas básicas 
de Horta foi estruturada a partir do trabalho 
do psicólogo Abraham Maslow.7 Ambos os 
estudiosos postularam que todos os seres 
humanos compartilham de necessidades 
humanas básicas. Para Maslow, as 
necessidades existem para todos os seres 
humanos, entretanto, ele as ordena de forma 
hierárquica. As necessidades de nível inferior 
seriam aquelas ligadas à sobrevivência, estas 
precisam ser atendidas para que a vida e a 
espécie humana continuem. As necessidades 
de nível mais alto começam com as de 
segurança e proteção, e continuam até 
valores mais elevados. 
A pirâmide das necessidades de Maslow 
tornou-se uma figura conhecida entre os 
profissionais de saúde e, embora algumas das 
necessidades sejam situadas em níveis 
superiores, elas, ainda assim, são básicas a 
cada ser humano. Baseada nesta pirâmide, 
Horta dividiu as necessidades em três esferas: 
a esfera das Necessidades psicobiológicas; as 
Necessidades psicossociais; e as Necessidades 
psicoespirituais. 
O Processo de Enfermagem organizado por 
Horta, com base na Teoria das Necessidades 
Básicas Humanas, tem exatamente, entre 
outras qualidades e funções,o fato de tornar 
palpável, ao profissional de enfermagem, a 
organização e o dinamismo da consulta, uma 
vez que esta metodologia é a dinâmica das 
ações sistematizadas e inter-relacionadas, 
visando à assistência ao ser humano e 
caracteriza-se pelo inter-relacionamento e 
dinamismo de suas fases ou passos.8:35 
As fases deste processo compreendem o 
Histórico de Enfermagem, Diagnóstico, Plano 
de Cuidados, Evolução e Prognóstico. O exame 
físico integra a primeira fase,8 tomando a 
forma de um quebra-cabeça: a partir dele, 
são coletados os dados (as peças) que servirão 
para a montagem do todo (a assistência de 
enfermagem). 
O processo de enfermagem é uma atividade 
desenvolvida quase que exclusivamente por 
acadêmicos de enfermagem, que a fazem de 
forma mecânica, despersonalizada e 
desarticulada com os profissionais dos 
serviços, cumprindo tão somente uma tarefa 
ou atividade do curso, com fins de obter um 
ritual de avaliação. Tal evento desestimula os 
enfermeiros na prática, pois passam a 
desacreditar e refletir o processo como algo 
trabalhoso, enfadonho e, ainda, sem 
vislumbrar caminhos para sua implementação 
nos serviços.2,3 Baseada nesta problemática, 
este estudo tem como objetivos: 
● Descrever a articulação entre o exame 
físico e o Processo de Enfermagem segundo 
Horta, na visão de graduandos de 
enfermagem; 
● Discutir esta relação, destacando sua 
relevância no ensino de graduação em 
enfermagem e sua aplicabilidade à prática 
profissional. 
 
Estudo exploratório-descritivo, de 
abordagem qualitativa9,10, com uma turma de 
graduandos de enfermagem do 4o período, de 
ambos os sexos, na faixa etária entre os 20 
aos 27 anos. Como critério de inclusão para 
sujeitos da pesquisa, era necessário que o 
graduando estivesse participando da consulta 
de enfermagem desenvolvida com clientes 
diabéticos, no Grupo de Diabéticos do 
MÉTODO 
INTRODUÇÃO 
Silva CMC, Valente GSC, Saboia VM et al. O exame físico e o processo de enfermagem... 
Português/Inglês 
Rev enferm UFPE on line., Recife, 8(supl. 1):2281-6, jul., 2014 2283 
ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.5927-50900-1-SM.0807supl201412 
Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), 
vinculado à Universidade Federal Fluminense 
(UFF). 
O ambulatório deste hospital, campo da 
pesquisa, atende a população da cidade de 
Niterói (RJ) e municípios vizinhos. O perfil da 
clientela do Grupo dos Diabéticos do 
HUAP/UFF é, em suma, adulto-idoso, classe 
média baixa, escolaridade fundamental,11 que 
frequentam o serviço periodicamente 
participando das consultas com médicos e 
enfermeiros, e DE atividades de educação em 
saúde, coordenadas por professores, 
graduandos e residentes da Escola de 
Enfermagem Aurora de Afonso Costa 
(EEAAC/UFF). 
Foram selecionados, por amostragem 
aleatória, 20 sujeitos, quatro do sexo 
masculino e 16 do feminino, pertencentes à 
mesma turma do Curso de graduação em 
enfermagem, que cursaram a disciplina de 
Fundamentos de Enfermagem durante o 2º 
semestre, de 2007, e concordaram em 
participar da pesquisa assinando do Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido. No estudo, 
foram identificados pela inicial G 
(graduando). Assim, onde estiver expresso, 
por exemplo, G1, lê-se graduando 1, cujas 
falas foram registradas nos resultados em 
itálico. 
Para a coleta de dados, dispôs-se de 48 
horas de observação participante e de 
entrevistas individuais com duração de 
aproximadamente 25 minutos cada. A 
entrevista semiestruturada consistiu-se num 
roteiro previamente elaborado que serviu de 
eixo orientador ao seu desenvolvimento 
favorecendo as respostas dos participantes às 
questões, sem ordem rígida, mantendo um 
grau de flexibilidade, adaptando-se ao 
entrevistado e permitindo, assim, o 
aprofundamento da temática estudada.12 
Questionou-se a respeito da realização do 
exame físico pelos graduandos, sua relação 
com a metodologia do Processo de 
Enfermagem e os artifícios necessários ao seu 
pleno desenvolvimento. 
Os depoimentos foram gravados em 
aparelho de tecnologia Mp3 e transcritos na 
íntegra pelos pesquisadores em um 
hipertexto. A leitura exaustiva deste produto 
possibilitou o agrupamento dos resultados em 
categorias temáticas, pela Análise de 
Conteúdo, técnica analítica das comunicações 
que se baseia em procedimentos sistemáticos 
para descrição do conteúdo das mensagens.13 
O projeto de pesquisa teve o parecer 
favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da 
Faculdade de Medicina (HUAP/UFF), emitido 
em 09/11/07, com o nº 01260258000-07 e 
obedece aos preceitos da Resolução Nº 196/96 
do Conselho Nacional de Saúde,14 que 
regulamenta a pesquisa envolvendo seres 
humanos. 
 
● Categoria Temática 1: O exame físico e 
as etapas do Processo de Enfermagem 
segundo Wanda Horta 
Nesta primeira categoria temática, os 
graduandos destacaram o aspecto encadeado 
e organizacional do Processo de Enfermagem, 
relacionando o exame físico a este como 
ponto inicial para uma assistência 
direcionada: 
O Exame físico, que faz parte do histórico, é 
uma das etapas mais importantes, portanto 
a realização de um exame físico adequado 
leva à detecção de um diagnóstico de 
enfermagem que poderá ser devidamente 
tratado. (G10) 
Temos que avaliar as condições físicas do 
paciente, observar anormalidades, buscar 
sinais e sintomas, para chegar a um possível 
diagnóstico de enfermagem. (G9) 
As falas dos depoentes exaltaram o aspecto 
investigativo do exame físico, bem como a 
interpretação dos achados na formulação de 
diagnósticos de enfermagem. A linguagem 
diagnóstica obedece a uma padronização que 
visa o entendimento entre enfermeiros de 
todo o mundo: os sistemas de Classificação de 
Diagnósticos de Enfermagem (North American 
Nursing Diagnosis Association - NANDA), 
Classificação das Intervenções de enfermagem 
(Nursing Interventions Classification - NIC) e 
Classificação dos Resultados de Enfermagem 
(Nursing Outcomes Classification – NOC). 
Logo, para a utilização destes sistemas 
corretamente, é necessária a realização 
acurada do exame físico. 
A articulação das etapas do processo de 
enfermagem, segundo Wanda Horta, se dá 
exatamente pela influência da execução 
associada à interpretação, o julgamento 
crítico, que proporcionará o norte à 
assistência tendo em vista a coerência das 
conclusões alcançadas em cada etapa durante 
todo o processo. Através destas conclusões, o 
Plano Assistencial determinará globalmente a 
assistência de enfermagem que o ser humano 
deve receber diante do diagnóstico 
estabelecido.8 Por conseguinte, a 
implementação do plano assistencial ou do 
plano de cuidados, se caracterizará pelo 
roteiro diário ou período aprazado, que 
coordena a ação da equipe de enfermagem na 
execução dos cuidados adequados ao 
atendimento das necessidades básicas 
específicas do ser humano.8:36 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Silva CMC, Valente GSC, Saboia VM et al. O exame físico e o processo de enfermagem... 
Português/Inglês 
Rev enferm UFPE on line., Recife, 8(supl. 1):2281-6, jul., 2014 2284 
ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.5927-50900-1-SM.0807supl201412 
O plano de cuidados é avaliado sempre 
fornecendo os dados necessários para o quinto 
passo ou fase denominada evolução de 
enfermagem que consiste no relato diário das 
mudanças sucessivas do cliente. Finalmente, o 
prognóstico trará a estimativa do ser humano 
em atender às suas necessidades básicas 
alteradas após a implementação do plano 
assistencial e à luz dos dados fornecidos pela 
evolução de enfermagem. 
As observações dos graduandos acerca da 
utilidade do Processo inerente à consulta, 
principalmente em relação ao exame físico, 
permitiu perceber que eles compreendem a 
utilidade da consulta organizada, reconhecem 
como fundamental este processode trabalho 
e são capazes de estabelecer a relação 
julgamento-intervenção-avaliação intrínseca 
ao desenvolvimento assistencial: 
Com o exame, viso captar informações 
capazes de traduzir possíveis problemas, me 
levar às intervenções, ao cuidado e à 
avaliação. (G11) 
O exame ajuda a conhecer a história natural 
da doença, estimula o desejo do 
conhecimento da anatomia através dos 
exames realizados; ajuda na prescrição e 
assistência de enfermagem; valoriza as 
ações de enfermagem. (G8) 
Dadas as características do Processo de 
Enfermagem, Horta8:37 afirma que é possível 
corrigir erros em qualquer uma das fases e 
também a previsão simultânea de todas as 
fases. Durante o ensino e a aprendizagem do 
exame físico aplicado ao Processo, os 
graduandos têm a oportunidade estabelecer 
esta relação, perceber que o Processo tem 
uma ordem, no entanto, não apresenta uma 
rigidez em sua execução, permitindo a todo 
tempo, a possibilidade de crítica e reflexão 
em relação às decisões tomadas: 
Depois de examinar e fazer o plano de 
cuidados, se o paciente não responder bem 
ao tratamento, é possível, numa próxima 
consulta, rever as ações, examinar e 
interpretar de novo, perceber onde houve 
alguma falha. (G5) 
Nas etapas do processo que vêm depois, a 
gente vê o reflexo do que fizemos antes, 
então dá pra ver que ações a gente toma 
dali pra frente, ou o que a gente deve 
mudar naquilo que já fez. (G7) 
Os depoimentos evidenciaram, assim como 
em outros estudos,15-6 que a utilização do 
Processo de Enfermagem com raciocínio 
crítico requer conhecimento. A realização do 
exame físico implica a utilização de conteúdos 
aprendidos pelo graduando durante as aulas 
de anatomia, fisiologia, farmacologia, 
semiologia, necessitando também vincular 
ensinamentos das ciências sociais como a 
sociologia e antropologia; o entendimento 
sobre a cultura, vistos os aspectos relacional, 
comunicativo e ético emergidos durante o 
contato entre enfermeiro e cliente.1 O 
desenvolvimento do Processo de Enfermagem 
incita à uma base substancial, o que 
demonstra, nesta perspectiva, sua ampla 
dimensão. 
● Categoria Temática 2: As técnicas e 
tecnologias relacionadas ao exame fisico e 
ao Processo de enfermagem 
Ao relacionar as fases e perceber a 
funcionalidade de cada uma, os graduandos 
destacaram que, intrínsecos a esta trajetória, 
há instrumentos facilitadores que permitem 
não somente a descoberta e interpretação dos 
achados durante o exame físico, como 
também o desenvolvimento do Processo de 
Enfermagem. 
Ajuda se o ambiente tiver boa iluminação, 
silêncio, privacidade e conforto ao paciente. 
(G11) 
Tem que ter embasamento científico, 
domínio da técnica, segurança, empatia, 
observação, comunicação. (G1) 
Horta teoriza que o enfermeiro 
disponibiliza de instrumentos indispensáveis 
para que possa prestar assistência com a 
qualidade que se espera de um profissional. 
Estes, conhecidos como instrumentos básicos, 
são as habilidades, conhecimentos e atitudes 
indispensáveis para a execução de uma 
atividade. Os instrumentos não possuem uma 
hierarquia quanto à importância, pois todos 
tem um valor fundamental no Processo, seja 
observação, comunicação, aplicação do 
método científico, aplicação dos princípios 
científicos, destreza manual, planejamento, 
avaliação, criatividade, trabalho em equipe, 
utilização dos recursos da comunidade.8 
Os graduandos valorizaram, dentre estes 
instrumentos, a destreza manual relacionada 
às técnicas semiológicas e os princípios 
científicos que argumentam sobre estas 
técnicas: 
Domínio de conteúdo, destreza, segurança, 
apoio dos professores. (G15) Observação e 
comunicação, principalmente. (G4) 
Aplicação das técnicas e tecnologias, 
conhecimento científico, segurança ao lidar 
com o paciente. (G5) 
Tal comportamento exalta o caráter 
técnico e tecnológico do exame físico. Hiller 
define a técnica como o esforço do homem de 
empregar as faculdades mentais para dominar 
e tornar utilizáveis a matéria e suas forças, ou 
seja, o que se encontra na natureza.17:12 Neste 
sentido, a técnica é uma habilidade, uma arte 
que ultrapassa o campo das ideias do agir 
produtivo17:14, requerida pelas atividades, 
Silva CMC, Valente GSC, Saboia VM et al. O exame físico e o processo de enfermagem... 
Português/Inglês 
Rev enferm UFPE on line., Recife, 8(supl. 1):2281-6, jul., 2014 2285 
ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.5927-50900-1-SM.0807supl201412 
como por exemplo, a técnica da pintura, 
técnica respiratória e técnica do trabalho 
intelectual. A técnica – composta da 
tecnologia – participa do processo artístico, 
demanda uma habilidade especial para 
executar ou fazer algo específico de 
determinada profissão, assim como a técnica 
do exame físico, baseada numa tecnologia 
específica compõem o exercício não somente 
da enfermagem, como outras carreiras da 
área da saúde.18 
A tecnologia corresponde ao conhecimento 
científico no exercício da técnica, envolvendo 
aparelhos e/ou métodos. Utiliza-se dos 
princípios científicos da biofisioanatomia, da 
sociopsicoantropologia, de aparelhos e 
máquinas de diversas complexidades que 
auxiliam no diagnóstico da situação 
instalada.18 Tal associação é descrita pelos 
graduandos: 
Misturar o conhecimento teórico e a prática 
é usar tecnologia e técnica. Por exemplo, 
fazer o teste do mono filamento. Se o 
resultado não for satisfatório, o paciente 
pode ter neuropatia. Fico sabendo disso 
porque estudei que o Diabetes interfere na 
função neurogênica. Mas também preciso 
saber como se faz o exame corretamente, 
ou seja, a técnica. (G7) 
Para manusear a técnica tenho que 
empregar a tecnologia adequada. (G2) 
A inspeção, palpação, percussão e ausculta 
são definidos como habilidades básicas para 
realização do exame físico.19-20 As técnicas 
empregadas para uso destes instrumentos 
resultaram de experimentos que se baseiam 
em conhecimentos científicos. O uso de 
equipamentos especiais como estetoscópio, 
oftalmoscóprio, monofilamento, 
complementam estes instrumentos, 
permitindo definição de detalhes. 
Compreende-se, nesta linha de pensamento, 
que a realização do exame físico implica na 
associação de técnicas e tecnologias 
peculiares a ele. 
Ao se realizar a técnica da ausculta 
cardíaca, por exemplo, é preciso conhecer a 
localização das bulhas cardíacas (anatomia), a 
função de cada uma delas (fisiologia), os 
valores de frequência cardíaca considerados 
normais, a influência de doenças pregressas 
do indivíduo sobre o débito cardíaco, uso de 
medicamentos como digitálicos, diuréticos, 
reguladores de pressão arterial (farmacologia) 
etc. 
O cuidado com o cliente é a maior 
tecnologia que a enfermagem detém. Ao 
preparar um ambiente silencioso, restrito, 
limpo e com iluminação adequada para 
realização do exame, se proporciona ao 
cliente tranquilidade, privacidade e 
confiança. O ambiente silencioso ajudará não 
somente na percepção correta dos batimentos 
do coração, como também possibilitará que o 
paciente perceba a maneira como o 
profissional o atendeu. As tecnologias, 
portanto, passeiam tanto pelos domínios da 
ciência operacional quanto pelo espaço da 
relação entre enfermeiro e cliente. 
 
Através dos depoimentos dos graduandos, 
foi possível observar a relação existente entre 
o exame físico, as etapas do processo de 
enfermagem, segundo Wanda Horta, assim 
como a instrumentalização necessária ao seu 
desenvolvimento: a técnica e a tecnologia. Os 
estudantes reconheceram a utilidade deste 
processo e o elo central dele: o cliente. 
Compreenderam sua utilidade no bem estar 
do deste, conjugando corretamente técnica e 
tecnologia e aplicando às diversas etapas do 
Processo. 
Para os graduandos, o Processo de 
Enfermagem melhora a qualidade, a 
interatividade e a multidimensionalidadeda 
assistência no contexto da saúde, além de 
proporcionar direcionamento para a 
organização do sistema de cuidados e atribuir 
autonomia ao profissional, o que pode 
também ser confirmado em pesquisas já 
realizadas. 
O ensino do conteúdo sobre exame físico e 
processo de enfermagem deve ser 
desenvolvido buscando a relação com a 
prática profissional do enfermeiro. Os 
graduandos que participaram da pesquisa 
tiveram a oportunidade de realizar as 
consultas, aplicar o processo e julgar os 
resultados da assistência através do 
planejamento que os próprios construíram. 
Há um fortalecimento da concepção do 
exame físico, enquanto aspecto fundamental 
no processo de enfermagem, pois se constitui 
num outro modo de se construir a complexa 
relação enfermeiro-cliente. Ficou claro que o 
ensino do exame físico e do processo de 
enfermagem não são considerados, pelos 
estudantes, como simples formalidade 
acadêmica com fins avaliativos, nem como 
processo de submissão da clientela, para que 
esta simplesmente aceite as intervenções que 
lhes são impostas, sem qualquer 
questionamento, discussão ou negociação. 
Para estes estudantes, a realização do exame 
físico de forma mecânica, despersonalizada e 
desarticulada dos serviços, cumprindo apenas 
uma tarefa academica, com fins de obter um 
ritual de avaliação não contribui nem para 
mudanças na qualidade de vida dos indivíduos 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Silva CMC, Valente GSC, Saboia VM et al. O exame físico e o processo de enfermagem... 
Português/Inglês 
Rev enferm UFPE on line., Recife, 8(supl. 1):2281-6, jul., 2014 2286 
ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.5927-50900-1-SM.0807supl201412 
e nem para reorientação das práticas de 
saúde. 
Cabe ainda registrar que o ensino de 
graduação em enfermagem ainda sofre forte 
influência do modelo tradicional. O dualismo 
existente entre a teoria e prática é 
comumente um dos fatores destacados como 
obstáculos na construção de conhecimentos 
específicos e de uma visão crítica. A ótica 
desarticulada dos currículos de enfermagem 
faz com que alguns conteúdos tratados nas 
universidades apenas tangenciem o ensino das 
técnicas e tecnologias que produzam e 
transformem as práticas de saúde. 
 
1. Silva CMC, Sabóia VM, Teixeira ER. O ensino do 
exame físico em suas dimensões técnicas e 
subjetivas. Texto contexto-enferm [Internet]. 2009 
Sept [cited 2013 Jan 15];18(3):458-65. Available 
from:. 
http://www.scielo.br/pdf/tce/v18n3/a08v18n3 
2. Kimura M. Ensino e aprendizagem do exame 
físico ministrado pela área de Fundamentos de 
Enfermagem. In: Ciclo de Debates sobre a 
Sistematização do Exame Físico pelo Enfermeiro, 
1, São Paulo, 1990, Anais São Paulo, EPM; 1990, p. 
9-16. 
3. Fuly PSC, Leite JL, Lima SBS. Correntes de 
pensamento nacionais sobre sistematização da 
assistência de enfermagem. Rev bras enferm 
[Internet]. 2008 Dec [cited 2013 Jan 
15];61(6):883-887. Available from: 
http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n6/a15v61n6.
pdf 
4. Figueiredo RM, Mascarenhas SH, Napoleão AA, 
Camargo AB. Caracterização da produção do 
conhecimento sobre sistematização da assistência 
de enfermagem no Brasil. Rev Esc Enferm USP 
[Internet]. 2006 [cited 2013 Jan 15];40(2):299-303. 
Available from: 
http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/253.pd
f 
5. Amante LN, Rossetto AP, Schneider DG. 
Sistematização da Assistência de Enfermagem em 
Unidade de Terapia Intensiva sustentada pela 
Teoria de Wanda Horta. Rev. esc. enferm USP. 
2009 Mar; 43(1): 54-64. 
6. Kletemberg DF. A pedagogia problematizadora 
no ensino do referencial teórico de Wanda Horta 
[monografia de Especialização]. Curitiba (PR): 
Universidade Federal do Paraná; 2002. 52 f. 
7. Atkinson LD, Murray ME. Understanding the 
nursing process: Fundamentals of care planning. 
New York(USA): Publisher; 2007. 
8. Horta W de A. Processo de Enfermagem. São 
Paulo(SP): EPU; 1979. 
9. Shimizu HE, Rosales C. A atenção à saúde da 
família sob a ótica do usuário. Rev. Latino Am 
Enferm [Internet]. 2008 Oct [cited 2013 Jan 
15];16(5):883-888. Available from: 
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v16n5/pt_14.pdf 
10. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: 
pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo (SP): 
Hucitec; 2004. 
11. Sabóia VM. A mão dupla do poder. Niterói 
(RJ): EdUFF; 1997. 
12. Minayo MCS. Pesquisa social: teoria, método e 
criatividade. Rio de Janeiro (RJ): 
Vozes; 2002. 
13. Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 
70, 2007. 
14. Brasil (MS). Resolução 196/96. [Internet]. 
Available from: 
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.
htm. 
15. Salomão GSM, Azevedo RCS. Produção 
bibliográfica sobre o processo de enfermagem. 
Acta Paul Enferm [Internet]. 2009 Oct [cited 2013 
Jan 15]; 22(5): 691-695. Available from: 
http://www.scielo.br/pdf/ape/v22n5/15.pdf 
16. Luizari MRF, Ohara CVS, Horta ALM. Avaliando 
a aprendizagem do exame físico de enfermagem 
no contexto da semiologia pediátrica. Acta Paul 
Enferm [Internet]. 2008 [cited 2013 Jan 
15];21(1):66-71. Available from: 
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
21002008000100010&script=sci_arttext&tlng=pt 
17. Figueiredo NMA. CTI - Atuação, Intervenção e 
Cuidados de Enfermagem. - 2nd ed. São Paulo(SP): 
Difusão; 2008. 
18. Smeltzer SC, Brunner & Suddarth. Tratado de 
Enfermagem. Médico- Cirúrgica. 9th ed. vol 1, Rio 
de Janeiro(RJ): Guanabara-Koogan; 2002. 
19. Backes DS, Koerich MS, Nascimento KC, 
Erdmann AL. Sistematização da assistência de 
enfermagem como fenômeno interativo e 
multidimensional. Rev Latino Am Enferm 
[Internet]. 2008 Dec [cited 2013 Jan 
15];16(6):979-85. Available from:. 
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v16n6/pt_07.pdf 
20. Waldow VR. Processo de enfermagem: teoria e 
prática. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 1998 [cited 
2013 Jan 15];9(1):147-73. Available from: 
http://www.seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnferm
agem/article/viewFile/4222/2232 
21. Silva B, Ribeiro F. Andrade s.Fonsêca l. 
Hospital morbidity and mortality by sepsis in the 
Unique Health System. J Nur UFPE on line 
[Internet]. 2012 Nov [cited 2013 Jan 15];7(1):23-9. 
Available from: 
http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/i
ndex.php/revista/article/view/3412 
 
 
 
 
 
Submissão: 01/02/2013 
Aceito: 31/05/2014 
Publicado: 15/07/2014 
Correspondência 
Geilsa Soraia Cavalcanti Valente 
Rua Dr. Celestino, 74 / Centro 
CEP 24020-091  Niterói (RJ), Brasil 
REFERÊNCIAS 
http://www.scielo.br/pdf/tce/v18n3/a08v18n3
http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n6/a15v61n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n6/a15v61n6.pdf
http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/253.pdf
http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/253.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v16n5/pt_14.pdf
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.htm
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.htm
http://www.scielo.br/pdf/ape/v22n5/15.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002008000100010&script=sci_arttext&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002008000100010&script=sci_arttext&tlng=pt
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v16n6/pt_07.pdf
http://www.seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/viewFile/4222/2232
http://www.seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/viewFile/4222/2232
http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/view/3412
http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/view/3412

Outros materiais