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Capítulo II: Exame crítico de alguns conceitos: do normal, da anomalia e da doença, do normal e do experimental. No capítulo II estudado Georges Canguilhem expõe uma forte argumentação do que é saúde e doença partindo dos conceitos de normal, anomalia, doença, normal/experimental, expondo também políticas terapêuticas que implicam essas visões. Normal vem do grego normalis que indica norma, regra. Vemos que para a medicina normal é tudo que segue a norma, regra. Para a filosofia normal é o que segue uma media. Portanto ambos os conceitos tem base estatística. Como estabelecer o normal com base em uma média estatística? Canguilhem critica isso e estabelece que o normal deve ser pensado tomando o corpo subjetivo , o próprio individuo, pois é o individuo que delimita a fronteira entre o normal e o patológico, só ele pode comparar-se a um estado anterior e dizer como se sente em relação a nova situação. “Patológico implica pathos, sentimento direto e concreto de sofrimento e impotência, sentimento de vida contrariada’’, o individuo encontra-se no polo da doença, polo esse que significa ameaça a existência. Dizer que nosso corpo é normativo é o mesmo que dizer que ele tem a capacidade de cair doente e se recuperar. A normatividade biológica abrange as normas estabelecidas pela vida , normas essas que não são somente submissas ao meio mas também o submete a sua necessidade. O individuo pode assim ter um comportamento privilegiado quando apresenta mais ordem e estabilidade que desordem. Se a vida é regida pela polaridade, um individuo submetido a uma única norma é doente pois não possui grau nenhum de tolerância às variações de seu meio. O individuo só poderá ser considerado normativo quando considerado em relação ao seu meio de existência , e a partir dessa relação que podemos classificar um fato como normal ou patológico. Capitulo I: Existem ciências do normal e do patológico? Vemos nesse capítulo que o patológico seria apenas uma variação quantitativa do normal: há inúmeras possbilidades fisiológicas e contextuais no processo de vida do individuo, portanto estabelecer uma norma para definir o que é saúde ou doença apenas transforma esses conceitos em um tipo ideal. Isso faz com que esse tipo ideal seja vago e nunca seja alcançado, ainda mais quando é levado em consideração o contexto do individuo e as suas características únicas. Canguilhem ressalta que o estado patológico não é a ausência de norma, poie não existe vida sem normas de vida, e o estado patológico também é uma forma de se viver, e portanto fica impossível definir o que é normal e patológico se este estiver limitado à vida fisiológica e vegetativa do sujeito. Podemos ver que a norma não é estatística , é algo individual. Cada individuo tem sua concepção do que é normal para si próprio . Canguilhem cita Minkowski fazendo uma reflexão sobre a relação entre anomalia e singularidade: ‘’é pela anomalia que o ser huano se destaca do todo formado pelos homens e pela vida .É ela que nos revela o sentido de uma menira de ser totalmente ‘’singular’’[...] (MINKOWSKI, 1938 apud CANGUILHEM, 1943, p.79). Dessa forma Canguilhem ilustra a sua teoria de que a norma é individual, e o normal não él uma realidade e sim um julgamento de valor . Ele ainda fala: ‘’em última análise, são os doentes que geralmente julgam – de ponto de vista muito variados – se não são mais normais ou se voltaram a sê-lo’’ (p.81) Canguilhem afirma ainda que os indivíduos são dotados de uma característica importantítissama chamada normatividade. ele define a normatividade como a capacidade de o individuo estabelecer suas próprias normas de vida, de estabelecer normas diferentes para lidar com a variabilidade do meio . Podemos concluir então que o homem normal é normativo é que a doença é o rompimento dessa normatividade. O que é saúde então? É quando o individuo é normativo. É ter a liberdade de lidar com as variações que ocorrem no organismo e no meio . É tudo que o ser faz rumo ao seu bem –estar. É ter tolerância as variações que ocorrem no seu meio. A saúde portanto não é algo que se tem ou não, mas algo que se tenta conquistar. COMPLEXO DE ENSINO SUPERIOR DE SANTA CATARINA FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS DE FLORIANÓPOLIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA BRUNA ROBERTA FREIRE ANDRADE RESENHA CRÍTICA CAPÍTULO I: EXISTEM CIÊNCIAS DO NORMAL E DO PATOLÓGICO? O NORMAL E O PATOLÓGICO – GEORGES CANGUILHEM FLORIANÓPOLIS AGOSTO DE 2014 COMPLEXO DE ENSINO SUPERIOR DE SANTA CATARINA FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS DE FLORIANÓPOLIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA BRUNA ROBERTA FREIRE ANDRADE RESENHA CRÍTICA CAPÍTULO II: EXAME CRÍTICO DE ALGUNS CONCEITOS: DO NORMAL, DA ANOMALIA E DA DOENÇA, DO NORMAL E DO EXPERIMENTAL O NORMAL E O PATOLÓGICO – GEORGES CANGUILHEM FLORIANÓPOLIS AGOSTO DE 2014