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1a. Aula Filos.C omunic.Etica- O uso da linguagem

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1ª. AULA – FILOSOFIA, COMUNICAÇÃO E ÉTICA
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia.13ª.ed.São Paulo: Ática, 2009
Capítulo 5 – A Linguagem
A importância da linguagem
De acordo com Chauí, 2009, Aristóteles afirmava que somente o homem é um animal político, ou seja, social e cívico porque somente ele é dotado de linguagem, pois os outros animais possuem voz (phoné) e com ela exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra(logos) e, com ela exprime o bom e o mau, o justo e o injusto. Portanto, ter esses valores de exprimir e possuir é o que torna possível a vida social e política que só o homem é capaz de ter.
A linguagem é a forma propriamente humana da comunicação, da relação com o mundo e com os outros, da vida social e políticas, do pensamento e das artes.
Para CHAUÍ, 2009, a linguagem como possibilidade de comunicação-conhecimento e de dissimulação-desconhecimento aparece na Bíblia judaico-cristã, no mito da Torre de Babel, quando Deus lança a confusão entre os homens, fazendo-os perder a língua comum e passando a falar línguas diferentes, que impediam a realização de uma obra em comum e abriam as portas para os desentendimentos e guerras.
A autora também relata a força da linguagem tomando como exemplo os mitos e as religiões:
_ E Deus disse: faça-se!, e foi feito. Porque Ele disse, foi feito. A palavra divina é uma força criadora.
As linguagem tem assim, um poder encantatório, ou seja, uma capacidade para reunir o sagrado e o profano, trazer os deuses e as forças cósmicas para o meio do mundo.
Exemplo: nos rituais de feitiçaria: a feiticeira tem a força para fazer coisas acontecerem ou não por pronunciarem determinadas palavras.
Conforme Chauí, os gregos ao se referir à palavra e à linguagem possuíam duas palavras: mythos e lógos, onde lógos é uma síntese de três ideias: fala/palavra, pensamento/ideia e realidade/ser. Então, lógos é a palavra racional em que se exprime o pensamento que conhece o real.
Lógos é a palavra-pensamento compartilhada: diálogo
Lógos é a palavra-pensamento verdadeira: lógica
Lógos é a palavra-conhecimento de alguma coisa: o “logia” que colocamos no final de palavras como cosmologia, mitologia, teologia, biologia, psicologia etc.
Para Chauí, a linguagem é um sistema de signos ou sinais usados para indicar coisas, para a comunicação entre as pessoas e para a expressão de ideias, valores e sentimentos. Apesar dessa definição simples ela esconde problemas complicados com os quais os filósofos têm-se ocupado desde há muito tempo. Essa definição afirma que:
A linguagem é um sistema, isto é, uma totalidade estruturada, com princípios e leis próprios, sistema esse que pode ser conhecido;
É um sistema de sinais ou de signos, ou seja, os elementos que formam a totalidade linguística são um tipo especial de objetos, os signos, ou objetos que indicam outros ou representam outros. Ex: a fumaça é um signo ou sinal de fogo, a cicatriz é signo ou sinal de ferida.
A linguagem indica coisas, ou seja, os signos linguísticos possuem uma função indicativa ou denotativa, pois como que apontam para as coisas que significam;
Tem função comunicativa, pois por meio das palavras entramos em relação com os outros;
Exprime pensamentos, sentimentos e valores, isto é, possui uma função de conhecimento e de expressão, ou função conotativa: uma mesma palavra pode exprimir sentidos ou significados diferentes.
Portanto, a definição diz que a linguagem é um sistema de sinais com função indicativa, comunicativa, expressiva e conotativa. Entretanto não diz várias coisas, como por exemplo, como a fala se forma em nós? Por que a linguagem pode indicar coisas externas e também exprimir idéias (internas ao pensamento)? Por que a linguagem pode ser diferente quando falada pelo cientista, pelo filósofo, pelo poeta ou pelo político? Como a linguagem pode ser fonte de engano, de mal-entendido, de controvérsia ou de mentira? O que se passa exatamente quando dialogamos com alguém?O que é escrever? E ler? Como podemos aprender uma outra língua?
Na resposta a estas questões vamos encontrar uma divergência, ou seja, a diferença entre o que pensam os empiristas e os intelectualistas.
Para os empiristas, uma imagem é uma associação de vários elementos independentes provenientes da sensação e dos movimentos corporais e unificados pela mente do sujeito. Então, uma imagem é uma síntese de sensações e movimentos. Então, a linguagem é um conjunto de imagens corporais e mentais formadas por associação e repetição e que constituem imagens verbais, ou seja, as palavras.
As imagens corporais que formam as palavras são de dois tipos: motoras e sensoriais, ou seja, as motoras são as que adquirimos quando aprendemos a articular sons (falar) e letras (escrever).
As imagens sensoriais são as que adquirimos graças aos nossos sentidos, à fisiologia de nosso sistema nervoso, sobretudo a de nosso cérebro quando aprendemos a ouvir (compreender sons e vozes) e a reconhecer a grafia dos sons (ler). 
As imagens verbais ou as palavras são aprendidas por associação, em função da freqüência e da repetição dos sinais externos que estimulam nossa capacidade motriz e sensorial.
Essa concepção empirista da linguagem vem do estudo médico das “perturbações da linguagem”, a afasia que é a incapacidade para usar e compreender todas as palavras disponíveis na língua, a agrafia que é a incapacidade para escrever determinadas palavras, a surdez verbal que é ouvir as palavras sem conseguir compreendê-las e a cegueira verbal que é ler sem conseguir entender.
Os médicos que estudaram essas perturbações concluíram que elas estavam relacionadas com lesões no cérebro e aí a linguagem era um fenômeno físico (anatômico e fisiológico) do qual não temos consciência (desconhecemos suas causas), mas de cujos efeitos temos consciência, ou seja, falamos, ouvimos, escrevemos, lemos e compreendemos o sentido das palavras.
Porém, os intelectualistas afirmam que a capacidade para a linguagem é um fato do pensamento ou de nossa consciência. Para eles a linguagem é apenas a tradução auditiva, oral, gráfica ou de nosso pensamento e de nossos sentimentos. É um instrumento do pensamento para exprimir conceitos e símbolos, para transmitir e comunicar idéias abstratas e de valores.
A grande prova dos intelectualistas contra os empiristas foi a história de Helen Keller. Nascida cega, surda e muda, ela aprendeu a usar a linguagem sem nunca ter visto as coisas e as palavras, sem nunca ter escutado ou emitido um som. Se a linguagem dependesse exclusivamente de mecanismos e disposições corporais, Helen Keller jamais teria chegado a linguagem.
Mas chegou. E chegou quando compreendeu a relação simbólica entre duas expressões diferentes: numa das mãos, sentia correr a água de uma torneira, enquanto a outra mão segurava um lápis e, guiada por sua professora, ia traçando a palavra água; quando se tornou capaz de compreender que uma mão traduzia o que a outra sentia, tornou-se capaz de usar a linguagem, isto é, passou a usar a linguagem dos gestos, a escrever e a ler em braile. 
Assim, a linguagem, longe de ser um mecanismo instintivo e biológico, seria um fato puro da inteligência, uma atividade intelectual simbólica e de compreensão, uma pura tradução de pensamentos.
Para ARANHA & MARTINS, 2003, a linguagem é um sistema simbólico e o homem é o único animal capaz de criar símbolos, ou seja, signos arbitrários em relação ao objeto que representam, e por isso convencionais, isto é, dependentes de aceitação social.
Exemplo: A palavra casa -> não há nada no som nem na forma escrita que nos remeta ao objeto por ela representado ( cada casa que concretamente existe em nossas ruas). Designar esse objeto pela palavra casa, então, é um ato arbitrário. A partir do momento em que não há relação alguma entre o signo casa e o objeto por ele representado, necessitamos de uma convenção aceita pela sociedade, de que aquele signo representa aquele objeto. É só a partir dessa aceitação que poderemos noscomunicar, sabendo que, em todas as vezes que usarmos a palavra casa, nosso interlocutor entenderá o que queremos dizer.
A linguagem, portanto, conforme as autoras é um sistema de representações aceitas por um grupo social, que possibilita comunicação entre os integrantes desse mesmo grupo.
Na medida em que esse laço entre representação e objeto representado é arbitrário (independe de lei ou regra), ele é necessariamente, uma construção da razão, isto é, uma invenção do sujeito para poder se aproximar da realidade. 
A linguagem, portanto, é produto da razão e só pode existir onde há racionalidade.
A linguagem permite transcender a nossa experiência, pois no momento que damos nome a qualquer objeto da natureza, nós o individuamos, o diferenciamos do resto que o cerca e ele passa a existir para a nossa consciência.
O nome tem a capacidade de tornar presente para a nossa consciência o objeto que está longe de nós.
O nome, ou a palavra, retém em nossa memória, enquanto idéia aquilo que já não está ao alcance dos nossos sentidos: o cheiro do mar, o perfume do jasmim numa noite de verão, o toque da mão da pessoa amada, o som da voz do pai, o rosto de um amigo querido.
Estruturação da linguagem
Toda linguagem é um sistema de signos e o signo é uma coisa que está no lugar de outra.
Exemplos: o gesto de levantar o braço e abanar a mão pode estar no lugar de um cumprimento ou de um adeus; os números substituem as quantidades reais de objetos; Elefante está escrito aqui no lugar de animal.
Tipos de signo
O signo está no lugar do objeto que ele representa e então essa representação pode assumir aspectos variados:
Se a relação é de semelhança, temos um signo do tipo ícone. Exemplo: um desenho que tenha semelhança com o objeto representado, uma palavra onomatopaica: cocorocó, bem-te-vi, etc. 
Se a relação é de causa e efeito, temos um signo do tipo índice. Exemplo: as nuvens são signos de chuva, a fumaça ou o cheiro de queimado são signos de fogo, etc.
Se a relação é arbitrária, temos o símbolo. Exemplo: a cor preta nas culturas ocidentais é símbolo de luto, enquanto o branco o é na China e Japão. 
Podemos ver que só o homem é capaz de estabelecer signos arbitrários, regidos por convenções sociais. Os outros animais são capazes de entender ícones e índices, como por exemplo, o cachorro utiliza o signo indicial cheiro, sendo capaz de reconhecer o cheiro do dono numa roupa, num lugar. O cheiro indica a presença do objeto (o dono) que ele procura. E ele reconhece ainda, o tom de voz, as ações que indicam passeio, castigo ou a hora de comer.
Elementos de linguagem
Por ser um sistema de signos, toda linguagem possui um repertório, ou seja, uma relação dos signos que vão compô-la. Por exemplo, um dicionário da língua portuguesa relaciona signos que pertencem a essa língua. 
A linguagem musical tonal, para compor seu repertório, seleciona, dentre todos os sons possíveis, alguns denominados dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, acrescidos do sustenido ou do bemol (que são meio sons).
Além do repertório, também é preciso que se estabeleçam as regras de combinação desses signos. 
Quais podem usar juntos? Quais não podem? Não podemos não podemos combinar signos que tenham sentidos opostos: subir/descer, nascer/morrer, etc. 
Exemplo: Não podemos dizer: “Ele subiu descendo as escadas”, mas podemos dizer: “Ele subiu correndo as escadas”.
Tipos de Linguagem
Há vários tipos de linguagens criadas pelo homem que vão além da linguagem verbal, como a linguagem matemática, linguagem de computador, passando por diversas outras linguagens até pelas linguagens artísticas (arquitetônica, musical, pictórica, escultórica, teatral, cinematográfica, etc.) e também chegam às linguagens gestuais, da moda, espaciais, etc.
Será que todas essas linguagens se estruturam da mesma forma? Será que o repertório de signos e as regras de combinação e de uso desses signos são similares?
Logo à primeira vista, percebe-se que algumas dessas linguagens têm estrutura mais flexível que outras. Por exemplo:
A moda: há signos que caem em desuso como o corpinho (anterior ao sutiã) e outros que são introduzidos como o biquíni fio dental . Quanto as regras de combinação, variam também como os vestidos por cima de calças retas.
Linguagens de computador: totalmente inflexíveis, pois são altamente estruturados.
Linguagens artísticas: constituem um meio-termo, se por um lado respeitam a especificidade de cada campo artístico, por outro tendem a explorar esse campo e as possibilidades de cada linguagem até seu limite máximo e aí é que se desenvolve a criação de novos estilos e técnicas. Exemplo: a cor como linguagem (MASP, 1975), na qual estavam representadas várias tendências da pintura contemporânea que utilizam a cor , e não o desenho, como linguagem específica da pintura, surpreendemo-nos ao deparar com uma tela totalmente branca( na realidade como a cor branca contém a possibilidade de todas as cores dentro da proposta da cor como linguagem, significava, representava exatamente todas as cores).
Linguagem, pensamento e cultura
Assim como existem diversos tipos de linguagem, existem diversos tipos de pensamento:
Pensamento Concreto: que se forma a partir da percepção, ou seja, da representação de objetos reais, e é imediato, sensível e intuitivo;
Pensamento Abstrato: que estabelece relações não perceptíveis, que cria os conceitos e as noções gerais e abstratas, é mediato (precisa da mediação da linguagem) e racional.
Exemplo: Quando percebemos algumas laranjas sobre a fruteira, percebemo-las num espaço dado, numa determinada disposição, cor e odor. Essa percepção, portanto, é concreta, sensível (as laranjas estão ali), imediata (dispensa raciocínio) e individual (é daquelas laranjas).
Já quando o matemático soma 4 + 4, ele está lidando com uma noção geral de quantidade. Não encontramos o número 4 na natureza.
Para cada tipo de pensamento há um tipo de linguagem adequado.
Cada língua organiza a realidade de modo diferente da outra, pois estabelece repertório e regras diferentes. 
Exemplo clássico é a língua dos esquimós, que tem seis nomes diferentes para designar estados de neve. 
Em português temos apenas neve. O esquimó percebe os diferentes estados da neve, e nós não percebemos somente se há neve ou não.
Assim, podemos dizer que as estruturas da língua influenciam a percepção da realidade e o nível de abstração e generalização do pensamento.
Por outro lado, outros tipos de linguagem, em especial as linguagens artísticas, são mais adequados ao pensamento concreto. 
O pintor, por exemplo, está mais ligado ao mundo visual das cores e formas do que ao mundo abstrato dos conceitos.
Além do pensamento, a linguagem também mantém estreita relação com a cultura. Se, por um lado, as várias linguagens fixam e passam adiante os produtos do pensamento do homem sob a forma de ciência, técnicas e artes, elas também sofrem a influência das modificações culturais.
Nas línguas há modificação de repertório e semânticas (estudo das mudanças ou translações sofridas, no tempo e no espaço, pela significação das palavras) a partir das novas descobertas e do desenvolvimento da técnica. 
Nas artes, as reestruturações da linguagem respondem a mudanças de valores, de anseios e de buscas no seio da cultura de cada sociedade.
Questões:
O que é a linguagem segundo Chauí e segundo Aranha & Martins? 
O que é signo e quais os tipos existentes?
Quais os elementos da linguagem e os tipos de linguagem?
Qual a diferença entre um pensamento concreto e um abstrato?
Qual a diferença do pensamento dos empiristas e dos intelectualistas sobre a linguagem?

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