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HISTÓRIA DO DIREITO Grécia - Direito Grego - Mundo Grego ou helênico Os Gregos se autodenominavam helenos porque se consideravam filho do Deus Heleno. A Grécia fica situada entre numerosas cadeias de montanhas e às margens de um litoral bastante recortado e com diversas ilhas (Mar Egeu – Mar Mediterrâneo). Essa fragmentação geografia facilitou a fragmentação política da Grécia, isto é, nunca houve um Estado Grego unificado. Assim, o que chamamos de Grécia nada mais é do que o conjunto de diversas cidades- Estado gregas, independentes umas das outras e, muitas vezes, rivais. (da mesma forma que ocorria na Mesopotâmia) Essa é uma das grandes diferenças entre o Estado Romano e o Estado Grego é que o Estado Romano era um estado unitário, enquanto o estado grego era dividido em Cidades-Estados, cada uma com vida própria, seus costumes e tradições, eram até hostis entre si, não houve então direito grego, mas direito de Atenas, de Esparta, de Tebas, de Corinto e de outras Cidades-Estados. Pouco se sabe a respeito da organização jurídica do Estado Grego, o conhecimento a seu respeito se baseia nas citações e referência dos romanos. Tanto que conforme iremos estudar em determinado período os Romanos mandaram Magistrados a Atenas para conhecer o Direito grego e nele se inspiraram para a elaboração da Lei das Doze Tábuas, uma Lei de grande destaque entre os romanos. Se eles tomaram o direito grego como fonte de inspiração, é porque a Grécia deveria ser considerada detentora de sugestivo direito. Os gregos ficaram famosos por elaborarem Estado organizado; foram os criadores da democracia, e essa criação nos leva a crer que o Estado grego deveria ser juridicamente estruturado. Um dos fatos que contribuiu enormemente para que o Direito grego não fosse reconhecido é que o direito grego não se profissionalizou. O rei designava alguém para servir de juiz no caso concreto. A defesa das partes era feita por elas próprias ou por cidadãos de elevado conceito. Os gregos tinham escolas notáveis, mas não faculdades de direito. Todo cidadão grego aprendia desde cedo noções básicas de justiça e deveria ser capaz de defender-se ou de defender a outros. O sucesso da causa estava fortemente vinculada a retórica (capacidade de oratória). Como todos deviam conhecer seus direitos e suas obrigações, não houve espaço para a profissionalização do direito, já que todos deviam estar aptos para enfrentar os tribunais. - A Grécia antiga é considerada como a fase áurea do surgimento das ciências Pela primeira vez, o homem se vê como um ser que pensa e, e por isso, diferente dos demais seres vivos. Dessa forma, inicia a filosofia, a arte de pensar. Os pensadores, dentro dessa sistemática da filosofia, voltaram-se para descobrir a melhor forma de governo, a melhor sociedade etc. Os gregos foram os primeiros a formular explicações racionais para a realidade do mundo, explicações de caráter lógico, diferentes daquelas fornecidas pela fantasia das lendas ou das crenças religiosas. Substituiu os mitos. Tinha-se mitos para explicar coisas corriqueiras do dia a dia, tais como a chuva, a noite, o dia, as estações do ano, o nascimento de crianças etc. Em quase todas as áreas do conhecimento humano houve um enorme progresso; Matemática – Teorema de Pitágoras Esportes – Olimpíadas Arquitetura – Colunas Gregas (Partenon, da Acrópole etc) As colunas gregas se destacam não só por sua beleza, mas também por sua funcionalidade. Literatura – Homero Teatro – tragédias e comédias - Os gregos não foram grandes juristas, mas contribuíram de maneira indireta na construção jurídica, já que formou grandes pensadores / filósofos; Sócrates, Platão e Aristóteles; Os filósofos gregos contribuíram para a construção de uma forma de pensar que acabou influenciando todas as áreas e, aí sim, o Direito também. Certo é que a filosofia grega influenciou o mundo ocidental. Os romanos, estes sim grandes filósofos do Direito, utilizaram a forma de pensar dos gregos para construírem uma ciência jurídica. O mundo nunca mais foi o mesmo após os gregos. - O pensamento helênico pode ser sintetizado por duas grandes correntes filosóficas: Sofistas – “o homem é a medida de todas as coisas” Protágoras. É o homem que determina, através do seu pensamento, o que as coisas são (o homem cria a sua própria verdade). A verdade é impossível de se obter, tendo em vista que cada pessoa pode defender um ponto de vista diferente, sem que os dois estivessem necessariamente errados; Assim, o que compreendemos do mundo nada mais é do que a nossa visão desse mundo, como cada pessoa tem uma visão diferente, há várias opiniões e verdades diferentes, sem que uma necessariamente contradiga a outra. Para os sofistas, portanto, a verdade não é o mais importante. O valor atribuído pelos homens é que deve ter em conta. Dessa forma, não existe o bem e o mal universal. O que existe são valores atribuídos pelos homens, os quais determinam que um ato seja bom e outro ato seja considerado mal. (se eu propor aqui um debate a respeito de um tema polemico, certamente cada um de vocês terá um ponto de vista a defender, mas isso não isso não significa necessariamente que o outro esteja errado ou que você esteja certo – liberação da maconha, mudança de sexo para transexuais) Por não defenderem a verdade universal, mas o contrário, ou seja, que tudo era apenas um valor formulado pelo homem, foram considerados como relativistas. Assim, uma das principais características dos sofistas era o relativismo de toda e qualquer idéia. A verdade não importava, o que faz a diferença para os sofistas é o discurso, a capacidade de argumentação, de convencimento de que uma idéia sobrepunha a outra. (os sofistas eram capazes de em um dia defender uma tese e no dia seguinte com a mesma efervescência defender a tese contrária) Promoveram grandes discursos em praças públicas com a finalidade de travar batalhas de argumentação/oratória. (a lei era a imposição do mais forte intelectualmente – foram considerados os primeiros advogados, mesmo sem a profissionalização, ou seja, não precisavam necessariamente serem conhecedores das leis, mas sim serem bons e convincentes oradores.) Assim, uma das principais características dos sofistas era o relativismo de toda e qualquer idéia. Estóicos – buscava-se a todo custo à racionalidade. Uma das características principais dos estóicos era a tentativa de se viver contemplativamente, isto é, praticar a ataraxia ou apatia. Em outras palavras, viver em completo domínio de qualquer tipo de emoção ou paixão. Para os estóicos, qualquer sentimento, seja o prazer ou a dor, deveria ser combatido e dominado pelo homem. Os outros animais, considerados irracionais, agiriam somente com o instinto. E o homem deveria agir somente pela razão, negando qualquer tipo de sentimento que pudesse interferir na racionalidade. E, através da razão, o homem poderia, então, encontrar o seu ser perfeito, que indicaria um homem universal, cosmopolita, capaz de encontrar as normas (jurídicas) naturais, validas para qualquer homem em qualquer sociedade e em qualquer época; A Grécia foi fértil na produção de pensadores. Os gregos foram os primeiros grandes filósofos que mudaram a forma de pensar do homem acidental. Vamos citar somente três por questões didáticas. Sócrates__________Platão____________Aristóteles. - Sócrates; Sócrates não escreveu nada, pelo menos até hoje não se encontrou nenhum escrito que pudesse ser atribuído diretamente a ele. O que sabemos de seu pensamento são relatos, principalmente de Platão, seu principal discípulo. Era considerado um dos homens mais inteligentes da Grécia, contudo, ele próprio alegava que não sabia nada. (só sei que nada sei) Sócratesentendia que os sofistas, por serem relativistas, iriam corromper a sociedade ateniense. A verdade absoluta, una, atemporal é que deveria ser o escopo de todo filósofo e não somente a forma de debater para vencer, pouco importando a verdade, como os sofistas compreendiam. O método socrático consistia em fazer perguntas aos seus interlocutores – afinal, alegava que nada sabia, por isso perguntava – até que, com as respostas, se contradiziam. Assim, foi vencendo todos os debates com os sofistas. Por vencer os debates, acabou demonstrando para os atenienses a fragilidade dos argumentos sofistas relativistas. (e em consequência ganhou diversos inimigos) Para se chegar à verdade una das coisas, agrupava os mesmos membros de uma espécie – ou as ideias – e, após eliminar as coisas incomuns, obtinha-se a essência do ser. Porém, na sua eterna busca pela verdade, acabou questionando publicamente que não eram os deuses gregos os verdadeiros norteadores das condutas humanas. Havia na Grécia uma lei que proibia profanar os deuses gregos. E por já ter suscitado a fúria dos sofistas estes ajudaram a lhe processar. Para se manter fiel aos seus ensinamentos, inclusive que a lei deveria ser sempre seguida, Sócrates bebeu cicuta, apesar dos apelos dos cidadãos de Atenas, para que ele fugisse, Platão foi o responsável por fazer a defesa de Sócrates. - Platão; Foi o principal discípulo de Sócrates. Repita-se o que conhecemos, atualmente, das ideias de Sócrates são pelos escritos de Platão. Platão na mesma linha de pensamento de Sócrates buscava a verdade una imutável do ser, atemporal e acultural. Assim, somente se poderia ter uma concepção correta dessa verdade através do pensamento e não dos sentimentos. Conforme os seus ensinamentos os sentimentos (sentidos) poderiam enganar as pessoas, induzindo-as a conclusões errôneas. Platão imaginava que existia um mundo paralelo. Mundo paralelo – perfeito, imutável e que somente seria alcançável pelo conhecimento (saber); Sustentava que, quando os nossos olhos (um dos sentidos) enxergava um objeto, abservavam apenas aparências, como as sombras, por trás do objeto haveria uma ideia que representaria a verdadeira essência desse objeto. (tese, antítese e síntese – perguntar, responder e refutar até se chegar a uma verdade) Mito da Caverna - Aristóteles; Apesar de também defender a ideia central de um ser universal e atemporal, o qual denominou de “Ato Puro”, Aristóteles não acreditava no mundo perfeito de Platão. Após muito pensar, chegou à conclusão de que a única coisa que todo ser humano desejaria (ato puro) seria a felicidade. Assim, concluiu que algumas pessoas gostam de poder, outras de dinheiro, há, ainda, aquelas que querem a fama, outras preferem o anonimato, mas indubitavelmente, todo ser humano quer ser feliz. Assim o comportamento de qualquer pessoa deveria ser, sempre, no sentido de atingir o máximo grau de felicidade. Ato Puro ________________Felicidade O mundo metafísico de Platão não poderia ser levado em conta justamente por ser inalcançável (ou inexistente). Não acreditava no mundo perfeito, paralelo, metafísico, de Platão. Enquanto Platão ensinava que existia uma cidade perfeita no plano metafísico, só alcançável pelas ideias abstratas do raciocínio, Aristóteles trabalhava, em sua filosófica, com o mundo real aquele no qual vivemos. Assim, pode-se dizer que a filosofia de Aristóteles é mais realista. Trabalha com a realidade do nosso mundo. Para Aristóteles toda e qualquer ciência deveria se fundar através da lógica formalmente estruturada, a qual chamou de Silogismo. O silogismo pode ser dedutivo quando parte do universal para o particular; ou indutivo, que é justamente o contrário, quando parte do particular para o universal. Assim, se forem verdadeiras as premissas, a conclusão, logicamente também será verdadeira. Silogismo __________dedutivo __________indutivo Aristóteles também definiu em seus estudos que poderia haver três formas básicas de governo: Monarquia / Aristocracia / Politeia Monarquia – governo de um só. Aristocracia – governo de poucos (governo dos melhores) Politeia – governo do povo As formas de governo poderiam ser degeneradas: monarquia se tornaria tirania quando o único governante só abservasse os próprios interesses. A aristocracia poderia transformar-se em oligarquia quando o governo de poucos se amparasse em beneficio próprio, com vistas ao enriquecimento, e a politeia poderia se deteriorar para a democracia, que seria o governo somente com interesse dos pobres. Ainda, pelos seus estudos, Aristóteles estipulava uma hierarquia entre as formas de governo, em que a ordem da melhor para a pior seria: monarquia, aristocracia, politeia, democracia, oligarquia e tirania. Monarquia Aristocracia Politeia democracia Tirania Oligarquia - Pode-se afirmar que os gregos, tendo como Sócrates, Platão e Aristóteles seus grandes exponenciais, foram os “criadores” da política no sentido de reflexão teorética sobre como se deve organizar e administrar uma cidade (pólis). - Os gregos foram os criadores da democracia, e essa criação nos leva a crer que o Estado Grego deveria ser juridicamente estruturado; - As principais cidades gregas foram Atenas e Esparta: - As legislações que se destacaram foram: Antes das leis de Drácon e de Sólon há referência das leis de Zaleucus, no entanto, nenhum fragmento escrito dessa lei foi encontrado. Isso se deve principalmente ao fato de que as leis antes de Drácon e de Sólon eram sigilosas, eram tão secretas que em algumas cidades-estados foram proibidas de serem escritas. Lei de Drácon – Ainda hoje se utiliza o termo draconiano para designar que, apesar de ser legal, a norma é muito severa. Drácon elaborou um código de leis excessivamente rigorosas, em que a pena de morte era a mais comum, a tal ponto de criar o qualificativo “draconiano”, para designar soluções rigorosas e extremadas. Um pensador grego afirmou que Drácon não escrevia com tinta, mas com sangue. Por ser muito severa, o que não contribuía para a paz social e nem para manter a sociedade coesa, tentou-se modificar a Lei de Drácon. Assim, em 594 a.C., foi incumbido ao poeta-jurista Sólon que reformulasse outras leis para a Grécia. Lei de Sólon – Sólon nasceu em uma família nobre, mas enfrentou uma forte crise financeira na juventude, mas em razão de suas habilidades comerciais conseguiu novamente se restabelecer financeiramente, tornando-se integrante da classe-média. Tal fato explica seu tratamento em relação às dívidas. Solon proibiu a prisão e a escravidão por dívidas, o que manteve a liberdade individual do cidadão. Deve-se a Sólon a regulamentação da democracia (demos = povo + cratos = poder), o regime em que o povo escolhe seus governantes e por ele exerce o poder. Como a legislação de Dracon não encontrou aceitação, a escolha recaiu em Sólon, por seu arconte famoso e aceito por todos. Importante passo de Sólon foi o de abolir a escravidão por dívidas, impedindo assim o empobrecimento da classe média e enriquecimento da aristocracia, Conseguiu desta forma maior equilíbrio na distribuição da riqueza nacional.
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