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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DA NORMA JURÍDICA CONSIDERAÇÕES GERAIS O legislador exprime-se por palavras, e é no entendimento real destas que o intérprete investiga a sua vontade. Os órgãos encarregados da execução ou da aplicação da norma jurídica penetram, através da sua letra, no seu verdadeiro sentido. Toda lei está sujeita a interpretação. Toda norma jurídica tem de ser interpretada, porque o direito objetivo, qualquer que seja a sua roupagem exterior, exige seja atendido para ser aplicado, e neste entendimento vem consignada a sua interpretação. Inexato é, portanto, sustentar que somente os preceitos obscuros, ambíguos ou confusos, exigem interpretação, e que a clareza do dispositivo a dispensa, como se repete na velha parêmia "in claris cessat interpretatio". Há sempre necessidade de investigar a essência da vontade legislativa, não apenas na exteriorização verbal, mas naquilo que é a sua força interior e o poder de seu comando. A lei é norma abstrata. Ao ser posta em relação com a prodigiosa diversidade dos fatos, passando do estado platônico para o positivo, pode dar ensejo à interpretação, para fixar-lhe o exato sentido e extensão. A necessidade da interpretação surge a todo momento no mundo jurídico, sobretudo na tela jurídica. A ambigüidade do texto, má redação, imperfeição e falta de técnica impõem, a todo instante, a intervenção do intérprete, a pesquisar-lhe o verdadeiro significado, o que o legislador realmente quis editar ou estatuir. CONCEITOS Hermenêutica jurídica é a ciência, a arte da interpretação da linguagem jurídica. Serve para trazer os princípios e as regras que são as ferramentas do intérprete. A aplicação, a prática das regras hermenêuticas, é chamada exegese. Interpretar uma lei, é determinar-lhe com exatidão seu verdadeiro sentido, descobrindo os vários elementos significativos que entram em sua compreensão e reconhecendo todos os casos a que se estende sua aplicação. Interpretar a lei será, pois, reconstruir a mens legis, seja para entender corretamente seu sentido, seja para suprir-lhe as lacunas. FORMAS DE INTERPRETAÇÃO A) QUANTO À ORIGEM OU FONTE: I - Autêntica ou Legislativa - é aquela que emana do próprio poder que elaborou a norma. Quase sempre se exerce através de lei interpretativa, por via da qual se determina o verdadeiro sentido do texto controvertido. II - Judiciária ou Jurisprudencial - é a que emana dos juízes e tribunais, resultando da ciência e da ciência e da consciência do julgador e tem por limite o alegado e provado no processo. É a ministrada pelos tribunais, mercê da reiteração de seus julgamentos, sendo a lei apreciada sob todos os seus aspectos. III - Doutrinária, livre ou Científica - Emana dos estudiosos do Direito e resulta da ciência de cada um. É a dos juristas que analisam a lei à luz de seus conhecimentos técnicos, com a autoridade de cultores do direito. B) QUANTO AO PROCESSO OU MEIOS OU MÉTODOS: Sob o critério da natureza, ou meios de fazê-la, temos as seguintes espécies de interpretação: Gramatical: busca o significado literal da linguagem, aplicando regras de sistematização da língua; Lógica: procura, através do raciocínio, o sentido e o alcance da norma, ou seja, o seu verdadeiro conteúdo como entidade jurídica autônoma. O emprego de regras e argumentos lógicos fazem com que o processo tenha rigor e segurança, sendo muito empregado; Sistemática: busca a interpretação contextual da norma, sua colocação nos textos positivos, suas subordinações a outros textos, sua ordem na espécie legislativa que a prevê e sua consequente seara de aplicação; Histórica: busca a intenção do legislador tanto no momento da feitura da norma quanto na origem do seu instituto, preponderando a análise da situação fática existente quando da edição do texto legal; Teleológica (sociológica): busca a adaptação da norma ao contexto social existente ao tempo de sua aplicação, alcançando a denominada interpretação evolutiva. C) QUANTO AO RESULTADO: Declarativa ou Estrita - é aquela que conclui pela coincidência entre os resultados das interpretações gramatical, lógica e sistemática e o texto da lei, de modo a reproduzi-lo praticamente; Restritiva - é aquela que reduz a expressão usada pela norma legal face a conclusão de que esta disse mais do que o legislador quis dizer; Extensiva - é aquela que amplia a expressão usada pela norma por concluir que ela disse menos do que o legislador quis dizer; EXEMPLO: "O proprietário tem direito de pedir o prédio para uso próprio", podemos chegar às seguintes conclusões: A interpretação desse texto inclui o usufrutuário entre os que podem pedir o prédio para uso próprio, porque a intenção da lei é, claramente, a de incluir aquele que tem sobre o prédio um direito real de usufruto. (RESULTADO EXTENSIVO) A interpretação dessa lei exclui o nu-proprietário. Este não poderá beneficiar-se da disposição da lei. Apesar de proprietário (nu-proprietário), não poderá pedir o prédio para seu uso, pois não tem o direito de uso e gozo do prédio. (RESULTADO RESTRITIVO) A interpretação dessa lei nos faz concluir que tem direito de pedir o prédio para seu uso somente o proprietário, assim considerado por lei. (RESULTADO DECLARATIVO)
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