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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ DEPARTAMENTO DA ÁREA DE QUÍMICA E MEIO AMBIENTE CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL JOSÉ JOSIAS TEIXEIRA VASCONCELOS IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NO ENTORNO DO AÇUDE GAMELEIRA, MUNICÍPIO DE ITAPIPOCA (CE). FORTALEZA 2017 1 JOSÉ JOSIAS TEIXEIRA VASCONCELOS IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NO ENTORNO DO AÇUDE GAMELEIRA, MUNICÍPIO DE ITAPIPOCA (CE). Monografia apresentada ao Departamento da Área de Química e Meio Ambiente como requisito para a obtenção do título de tecnólogo em Gestão Ambiental. Orientador: Prof. Titular Adeildo Cabral da Silva. FORTALEZA 2017 2 JOSÉ JOSIAS TEIXEIRA VASCONCELOS IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NO ENTORNO DO AÇUDE GAMELEIRA, MUNICÍPIO DE ITAPIPOCA (CE). 3 Aos meus pais, Socorro e Sebastião (in memoriam), pela importância em minha educação e formação de caráter. 4 AGRADECIMENTOS A Deus primeiramente, por me proporcionar esta oportunidade de enriquecimento intelectual, e por estar presente em todos os momentos; A toda a minha família, pelo apoio aos estudos; Ao meu irmão e amigo Sebastião Júnior, por ser o maior incentivador ao longo de toda a minha vida estudantil, e pelo acompanhamento à realização das visitas de campo; Ao meu amigo Daniel Raulino, pela elaboração do mapa que contribuiu para tornar o trabalho mais didático; A todos os professores do IFCE, especialmente aos do Departamento da área de Química e Meio Ambiente, pelos ensinamentos e contribuições à minha formação de gestor ambiental. 5 Tenho posto no Senhor continuamente diante de mim; por isso que ele está à minha mão direita, nunca vacilarei. Salmos 16: 8 6 RESUMO O Estado do Ceará, em virtude de suas características geomorfológicas e climáticas, encontrou na técnica de armazenamento em açudes a garantia do abastecimento humano e promoção de atividades econômicas. Tais obras hídricas ocasionam impactos permanentes sobre as populações, fauna, flora, solos e suas construções devem estar fundamentadas em significativos retornos sociais. O açude Gameleira foi construído na bacia hidrográfica do rio Mundaú, tendo como principal objetivo suprir a demanda hídrica de seus municípios vizinhos, em especial, Itapipoca, a segunda maior cidade pertencente à bacia do Litoral, no Ceará. Segundo a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH, 2017), o supracitado açude possui capacidade para 52,6 milhões de m³ e atualmente desponta como o segundo maior reservatório da região litoral oeste. Gerenciado pela COGERH (Companhia de Gestão de Recursos Hídricos), teve suas obras iniciadas em 2007 e finalizadas em 2013. O presente trabalho visa apresentar um estudo de caso do açude Gameleira, importante reservatório da cidade de Itapipoca-CE, caracterizando os principais impactos ambientais constatados em seu entorno. Como metodologia de avaliação de impactos foram utilizados os métodos ad hoc e Matrizes de interações (Leopold). Embora se tenha verificado na avaliação in loco impactos antrópicos de baixas magnitudes, no entanto, estes poderão tornar-se significativos em um curto espaço de tempo. O resultado da investigação contribuirá então para subsidiar políticas públicas futuras na gestão do açude, com o objetivo primordial de prevenir e minimizar impactos ambientais e hídricos indesejáveis. Palavras chave: açude Gameleira, impacto ambiental, recursos hídricos. 7 ABSTRACT The State of Ceará, because of geomorphological and climatic characteristics, became dependent on reservoirs to guarantee the human supply and promotion of economic activities. Such dams cause permanent impacts on the populations, fauna, flora, soils and their constructions must be based on significant social returns. The Gameleira dam was built in the watershed of the mundaú river, with the main purpose of supplying the water demand of its neighboring municipalities, especially Itapipoca, the second largest city in the Ceará basin. According to the Secretariat of Water Resources (SRH), the aforementioned reservoir has a capacity of 52.6 million m³ and currently stands as the second largest reservoir in the western coast region, in Ceará. Managed by COGERH (Water Resources Management Company), its work began in 2007 and was completed in 2013. The present work aims to present a case study of the Gameleira dam, an important reservoir in the city of Itapipoca-CE, characterizing the main environmental impacts Their surroundings. Leopold's ad hoc and matrix methods were used as impact assessment methodologies. Although anthropogenic impacts of low magnitudes have been verified in the on-site assessment, however, they may become significant in a short period of time. The result of the research will contribute to subsidize future public policies in the management of the dam, with the primary objective of preventing and minimizing undesirable environmental and water impacts. Key words: Gameleira Dam, environmental impact, water resources. 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 9 1.1. Impactos nas fases de construção e operação de açudes ................. 10 2. OBJETIVOS ............................................................................................. 12 2.1. Geral .................................................................................................. 12 2.2. Específicos......................................................................................... 12 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 13 3.1. O açude Gameleira e o abastecimento de água na cidade de Itapipoca/CE ................................................................................................ 13 3.2. Caracterização da população e demanda de abastecimento ............. 14 3.3. Metodologias de Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) ................. 16 3.4. Metodologias ad hoc e Matrizes de Interações (Leopold et al) ........... 18 3.5. Legislação brasileira e estudos de impactos no Nordeste e no Brasil 19 3.6. Relatório de Impactos Ambientais (RIMA) do açude Gameleira......... 21 3.6.1. Plano de Controle e Monitoramento Ambiental ............................ 22 3.7. Problemas noticiados na agrovila do Gameleira ................................ 23 4. METODOLOGIA ...................................................................................... 24 4.1. Análise de impacto ambiental e área de estudo ................................. 24 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 27 5.1. Áreas com baixos impactos ............................................................... 29 5.2. Criação de animais e cercas na área da Bacia Hidráulica do Gameleira 31 5.3. Residências próximas ao açude ......................................................... 33 5.4. Prática da agricultura de sequeiro nas proximidades do Gameleira ... 34 5.5. Piscicultura extensiva ......................................................................... 35 5.6. Resultados da análise ad hoc e Matriz de Leopold ............................ 37 6. CONCLUSÃO .......................................................................................... 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 44 9 1. INTRODUÇÃO O Estado do Ceará tem aproximadamente 92% do seu território inserido no clima semiárido, que apresenta como características temperaturas médias anuais entre 26 e 28°C, insolação superior a 3.000 horas/ano, precipitações anuais abaixo de 800 mm (milímetros), solos com baixa profundidade e predominantemente cristalinos (BRASIL, 2005). Desta maneira, em uma região com tais peculiaridades, os açudes são importantes para o gerenciamento dos recursos hídricos, pois acumulam água no período chuvoso, garantindo o abastecimento em épocas de escassez bem como geração de renda. Conforme VIEIRA (2003), a gestão hídrica nas regiões áridas e semiáridas é mais necessária devido à escassez de reservas naturais, à irregularidade, no tempo e no espaço das precipitações e escoamentos superficiais. O Ceará, portanto, é dependente de suas reservas superficiais para o suprimento das demandas hídricas das populações. Para CIRILO (2008), a região semiárida está sujeita à altas perdas por evaporação, da ordem de 2.500 mm anuais, o que representa um risco para a política de acumulação de águas, especialmente para os pequenos açudes, que não suportam os efeitos de secas prolongadas. A construção de barragens no Ceará está intimamente ligada à escassez. Relatos de impactos sociais causados pela seca no Estado são de conhecimento desde o período colonial. Entretanto a percepção de que era necessária uma política específica de convívio com tal especificidade veio apenas após os desastres ocasionados pela estiagem que se estendeu de 1877 a 1879, conforme (CAMPOS, 2014). Durante o século XIX surgem as primeiras obras de barragens, como a do açude Cedro, em Quixadá. A literatura Nordestina, e em especial a cearense, aborda as consequências sociais acarretadas por períodos de estiagem, a exemplo do livro O Quinze, da escritora cearense Rachel de Queiroz. Segundo a SRH (2017), o Ceará possui atualmente 246 açudes públicos monitorados pela COGERH, com obras executadas pelo DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) e SOHIDRA 10 (Superintendência de Obras Hidráulicas). Deste total, (114) foram construídos no período dos últimos 40 anos (1976-2016), o que representa um número considerável (SRH 2017). O supracitado órgão classifica como açudes de grande porte aqueles que possuem capacidades entre 75 e 750 milhões de m³. Percebe-se também que, dos 25 açudes com esta característica, 19 foram construídos no período citado. Destes dados, é notório que a política de construção de açudes se intensificou consideravelmente nas últimas décadas. Esta característica também se aplica ao objeto de estudo deste trabalho, o Açude Gameleira, na Bacia do Litoral, no Estado do Ceará, um reservatório de médio porte que está entre os dez de construção mais recente no Estado. 1.1. Impactos nas fases de construção e operação de açudes A legislação brasileira, por meio da Resolução N° 001, de 1986 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em seu Artigo 1°, define impacto ambiental como “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente (...)” (BRASIL, 1986). De modo mais detalhado, a Resolução discrimina os efeitos dos impactos ambientais no meio ambiente, em especial, com efeitos negativos sobre: I- a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. (BRASIL, 1986) Obras hídricas afetam os ecossistemas nas zonas de influência direta dos projetos, requerendo também o reassentamento das populações. Tais famílias precisam abandonar suas residências, atividades econômicas, suas culturas, entre outros aspectos, por imposição da instalação da atividade. Neste sentido, GOMES & KHAN (2005), em estudo sobre os impactos sociais advindos 11 das obras do açude Castanhão, o maior do Brasil, constataram a realocação compulsória de cerca de 12 mil pessoas, o que implicou na construção de uma nova cidade. Impactos sociais são irreversíveis, pois agregam consigo a identidade dos habitantes com a cidade, o que acaba dificultando a realocação. Todavia, após as mudanças, as famílias apresentaram avanço no índice de qualidade de vida (IQV), em relação ao índice registrado anteriormente, sendo a educação, saúde e saneamento os fatores que mais contribuíram para esta melhoria. Deste modo, é necessário realizar uma análise entre a escolha da área para a construção do reservatório e as consequências e benefícios que serão gerados, visando que os aspectos positivos que serão gerados prevaleçam sobre os negativos. Dependendo de seu porte e localização, os impactos causados pelas construções dos açudes podem ser maiores ou menores. Reservatórios afastados de centos urbanos tendem a provocar menores impactos sociais, todavia, estudos detalhados são sempre necessários. Desta maneira, este trabalho se justifica pela necessidade de um diagnóstico das principais atividades impactantes no entorno do açude Gameleira, ou que venham a impactar em um futuro próximo. Mesmo que não sejam constatados impactos significativos (o que é provável devido ao fato do reservatório ser de construção recente, e estar alocado em uma área pouco propícia a provocar impactos), o estudo se torna importante por oferecer subsídios para a tomada de decisões que visem a proteção do local. Uma revisão de estudos semelhantes realizados na região do Nordeste, inclusive no Ceará, constata que são frequentes os impactos ambientais de origem antrópica em reservatórios de abastecimento. Observou-se que tais análises ocorrem após a área possuir um certo grau de ocupação antrópica, sendo de difícil aplicação as medidas propostas visando preservar ou restaurar as condições ideais de qualidade e biodiversidade. Objetivando realizar um levantamento dos aspectos socioambientais de alguns reservatórios, desta forma, propiciar ações voltadas à gestão ambiental destes SRH, COGERH e Banco Mundial elaboraram o Inventário Ambiental de açudes. Entretanto, o açude Gameleira não foi contemplado em tal estudo. Após as análises, constatou-seque o objeto de estudo possui as condições ideais de proteção do meio ambiente, sendo 12 necessário implementar atividades sustentáveis para que esta condição prevaleça. 2. OBJETIVOS 2.1. Geral Identificar e analisar os impactos ambientais negativos causados pela ação antrópica no açude Gameleira, em Itapipoca, Ceará. 2.2. Específicos Utilizar as metodologias ad hoc e Matriz de Interação (Leopold) como instrumentos para a identificação e análise dos principais impactos ambientais constatados no entorno do reservatório; Avaliar o reservatório do ponto de vista socioambiental, realizando um paralelo entre os benefícios advindos de sua construção e os impactos causados ao meio ambiente e social. Apresentar propostas de gestão ambiental e hídrica no empreendimento, visando a proteção dos recursos a longo prazo. 13 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. O açude Gameleira e o abastecimento de água na cidade de Itapipoca/CE O açude Gameleira foi construído na bacia hidrográfica do rio Mundaú, Ceará, tendo como principal objetivo suprir a demanda hídrica de seus municípios vizinhos, em especial, Itapipoca, a segunda maior cidade pertencente à bacia do Litoral. O açude supracitado tem capacidade para 52,6 milhões de m³ e atualmente desponta como o segundo maior reservatório da região litoral oeste SRH (2017). Antes da construção deste reservatório, o município de Itapipoca era abastecido por dois mananciais, o Poço Verde (13,5 milhões de m³ de capacidade; construído em 1955) e o Quandu (4,0 milhões de m³ de capacidade; construído em 1990) SRH (2017). Gerenciado pela COGERH, o açude Gameleira teve suas obras iniciadas em 2007 e finalizadas em 2013. Quatro anos depois alcançou sua capacidade máxima de armazenamento (SRH, 2017). Este fato foi histórico para a região que mesmo atravessando um período de anos consecutivos de estiagem, pôde contar com as águas deste reservatório para seu abastecimento. As principais características técnicas do açude da Gameleira são dadas na tabela 1 a seguir: Tabela 1: Principais indicadores hídricos do Açude Gameleira, Itapipoca: CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS VALOR Capacidade (hm³) 52,6 Bacia Hidrográfica (km²) 519,7 Vazão Regularizada (m³/s) 0,1 Fonte: Secretaria de Recursos Hídricos, 2016 14 3.2. Caracterização da população e demanda de abastecimento A população do município de Itapipoca cresceu muito nas últimas décadas, fato este evidenciado na primeira década do século XXI, quando em 2010 a população obteve um crescimento da ordem de 23%, comparado ao último censo do IBGE, superando, pela primeira vez, a marca dos 100 mil habitantes. O censo de 2010 revelou que naquele ano a população total de Itapipoca era superior a 116 mil habitantes, sendo sua maioria (cerca de 60%) residente na zona urbana (IBGE, 2016). O crescimento populacional acelerado da população originou uma demanda por água nunca vista na cidade, o que exigiu a construção de mais um reservatório. Conforme noticiado no jornal Tribuna do Ceará (2013) a cidade enfrentou um colapso de abastecimento de água no ano citado. Desta forma, é evidente que a oferta hídrica não havia seguido a tendência do crescimento populacional, pois segundo o jornal O POVO (2012), com base no censo 2010 do IBGE, esta cidade tornou-se a sétima mais populosa do Estado. Após a operação do Gameleira, esta situação não voltou a ocorrer, pois ao longo dos últimos quatro anos foi armazenado um volume favorável de água, contrastando com situações de calamidades hídricas existente em muitos municípios do Ceará. A figura a seguir apresenta um gráfico com o histórico de armazenamento no último ano. 15 Figura 1: Volume armazenado no açude Gameleira no período fevereiro 2016 a janeiro de 2017. Imagem de 24/02/2017. Fonte: FUNCEME, 2017 Segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos do Ceará (FUNCEME, 2017), o volume armazenado em reservatórios no Estado, na época da realização da pesquisa, era de apenas 6,5 %. Conforme o supracitado órgão, em fevereiro de 2017, 133 açudes, de um total de 246 monitorados pela COGERH, estavam com volumes inferiores a 30%. Neste mesmo período, a bacia do Litoral, na qual o açude Gameleira se insere, possuía 31,43% de sua capacidade total de armazenamento, sendo o maior volume acumulado dentre as doze bacias hidrográficas do Ceará. Esta comprovação pode ser confirmada pelo volume do açude Gameleira, 65,7% da capacidade hídrica total, no período de realização dos estudos. FUNCEME (2017). 16 3.3. Metodologias de Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) Segundo a Associação Internacional de Avaliação de Impactos (IAIA,2017) organização internacional voltada para a gestão ambiental, a Avaliação de Impacto define-se como um processo de identificação das consequências futuras resultantes de uma ação atual ou proposta. SÁNCHEZ (2007) afirma que a avaliação de impactos ambientais (AIA) é um mecanismo potencialmente eficaz de prevenção do dano ambiental e promoção do desenvolvimento sustentável. CARVALHO, LIMA (2010) e OLIVEIRA, MOURA (2009), descreveram as principais metodologias de AIA utilizados. O primeiro descreveu os mais utilizados em obras hidrelétricas, e o segundo, os mais utilizados no Ceará. Ambos enumeraram metodologias semelhantes. O quadro 1 a seguir aborda sucintamente cada uma. 17 Quadro 1: Principais metodologias de Avaliação de Impactos Ambientais utilizadas na literatura: Tipo de metodologia Características Vantagens Referência Espontânea (Ad hoc) Conhecimento empírico AIA simples e objetiva. OLIVEIRA, MOURA (2009). Lista de verificação (Check list) Identificação e enumeração de impactos. Emprego imediato na avaliação quantitativa de impactos. OLIVEIRA, MOURA (2009). Rede de interações (Net works) Relações de procedência entre ações praticadas e seus efeitos. Indicam tendências nos impactos ambientais OLIVEIRA, MOURA (2009). Metodologia Quantitativa Associação de valores aos aspectos qualitativos oriundos de uma AIA. Abordagem sistemática, holística e hierarquizada do meio ambiente. CARVALHO, LIMA (2010). Modelo de simulação Interações entre causas e efeitos de determinadas ações. Utilização mesmo após a construção de um projeto. OLIVEIRA, MOURA (2009). Mapas de superposição (Overlay maping) Sobreposição de mapas temáticos. Abordagem de dimensões espaciais. CARVALHO, LIMA (2010). Matrizes de Interações (Leopold et al) Interações entre os componentes do projeto e os elementos do meio. Abordagem dos meios físicos, bióticos, socioeconômicos envolvidos. OLIVEIRA, MOURA (2009). Fonte: O autor, 2017. 18 3.4. Metodologias ad hoc e Matrizes de Interações (Leopold et al) O presente trabalho abordará as metodologias Ad hoc e Matrizes de Interações (Leopold et al) para a identificação dos impactos. Conforme CARVALHO,LIMA (2010), a metodologia ad hoc (Metodologia espontânea) é de baixo custo e facilmente compreensível pelo público, além de ser indicada para estudos com escassez de dados. Como desvantagem apresenta subjetividade em seus resultados, pois não realiza uma análise das intervenções e análises ambientais envolvidas. Segundo MARTINS (2014), não permite identificar impactos indiretos e de segunda ordem. A matriz de interação, segundo SÁNCHEZ (2008) resulta dos trabalhos de Leopold et al no serviço geológico dos Estados Unidos, por isso sendo também conhecida como matriz de Leopold. Compõe-se por duas listas, dispostas no formato de linhas e colunas, sendo que em uma delas são elencadas todas as ações ou fatores constituintes do empreendimento analisado, e em outra, os elementos dos sistemas ambientais. Para MARTINS (2014), esta metodologia procura associar os impactos de uma determinada ação com as diversas características ambientais de sua área de influência. Compete ao analista ponderar as inter-relações causadas pelas ações sobre os fatores ambientais. Originalmente, a matriz listava cem ações humanas impactantes, e 88 fatores ambientais vulneráveis a sofrer impactos, desta forma sendo possíveis 8.800 interações. (SÁNCHEZ, 2008). Devido à dificuldade em trabalhar com tantas interações, é possível adaptá-las de acordo com cada tipo de estudo, desta forma trabalhando-se com um número reduzido de interações. (SOUSA et al, 2011). Conforme OLIVEIRA, MOURA (2009), a avaliação do impacto como positivo ou negativo é empírica, enquanto que a ponderação, que consiste em determinar o grau do impacto causado sobre o meio é subjetiva, o que representa uma desvantagem desta metodologia. O referido trabalho baseou-se nos estudos de BONFIM (2013), por realizar um estudo no Ceará, e por permitir determinação dos impactos significativos, e sua importância relativa, conforme SÁNCHEZ (2008). 19 3.5. Legislação brasileira e estudos de impactos no Nordeste e no Brasil A Avaliação de Impacto Ambiental é uma importante ferramenta na gestão ambiental, segundo SÁNCHEZ (2008). Foi introduzida no Brasil a partir do modelo norte-americano, criado em 1970, a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente dos Estados Unidos (NEPA). O mesmo autor descreve que a primeira lei brasileira voltada para o meio ambiente veio em 1934, ano de criação do Código de Águas. Atualmente, a Política Nacional do Meio Ambiente, criada em 1981, regulamenta as questões de proteção dos recursos naturais. BEZERRA et al. (2016) realizaram um estudo visando a identificação e caracterização qualitativa dos impactos ambientais no entorno do açude de Lagoa Seca/PB. Para este fim, utilizaram as metodologias espontânea (ad hoc) e listagem descritiva (Check list). Constataram a ausência de mata ciliar, ocorrência de plantações, sendo utilizada para irrigação a água do próprio manancial, lançamentos de esgotos in natura, criações de animais e descarte de lixo. Caso esta forte pressão antrópica se mantenha, o uso da água com qualidade será prejudicado nos próximos anos (BEZERRA et al, 2016). SOARES et al (2009) realizaram um estudo em um perímetro irrigado no município de Condado/PB. Constataram atividades de usos e ocupações dos solos no entorno do reservatório que estavam ocasionando degradação ambiental, prejudiciais à qualidade da água, portanto aos diversos usos, em especial a atividade de irrigação. O agravante de tal situação decorre da extinção da equipe de técnicos no local, que auxiliavam os agricultores no correto manejo dos solos. Como principais impactos ambientais, evidenciaram a degradação da mata ciliar no entorno do açude, aliada à queimadas, ao uso de técnicas ultrapassadas de irrigação, que resultam em um solo salino, ao assoreamento, à eutrofização entre outros. No mesmo Estado, MARIANO (2011), seguiu uma abordagem diferente, ao avaliar a construção da barragem Mucutú, situada no município de Juazeirinho, como uma alternativa de convivência com a seca na região. Dedicando uma seção de seu estudo à avaliação de impactos, este autor constata que a referida obra ocasionou aspectos positivos e negativos para as populações e para os recursos naturais. Como positivos, pode-se citar o fato de o empreendimento trazer benefícios socioeconômicos, como o abastecimento 20 de água em seis municípios e geração de renda. Em contrapartida, impactos negativos constatados resultam em prejuízos à fauna, flora e aos solos. Ambos os trabalhos citaram os problemas causados pelo desperdício de água na irrigação, a erosão e o desmatamento. MARIANO (2011) explora a questão do gerenciamento dos recursos hídricos, relatando a importância deste para o desenvolvimento econômico e social da região, amenizando a escassez e evitando conflitos pelo uso. A Matriz de Leopold é uma das ferramentas mais utilizadas para a elaboração de Estudos de Impactos Ambientais (EIA) e seus respectivos Relatórios de Impactos Ambientais (RIMA), conforme SILVA, MORAES (2012). Tal método foi utilizado por MARTINS (2014), ao analisar os impactos ambientais decorrentes da urbanização na bacia hidrográfica do córrego Grotão, em Ceilândia (DF). A autora constatou, na fase de construção, que compreendeu o início das ocupações desordenadas no córrego, 170 impactos no total, dos quais 13 eram positivos, 80 negativos e 77 neutros. Na situação atual do estudo, após a consolidação da ocupação antrópica, foram detectados 416 impactos no total, dos quais 87 positivos, 129 negativos e 200 neutros. Diante deste quadro, a autora afirmou que a transformação do local de zona rural para predominantemente urbana, acarretou mais condições adversas que benéficas para as populações. BONFIM (2013) se propôs a avaliar os impactos ambientais e a qualidade das águas no rio Poti, na cidade de Crateús (CE). A autora verificou condições de degradação do corpo hídrico, concluindo que a expansão urbana cada vez mais acelerada acarretou desmatamentos na Área de Preservação Permanente do rio, lançamento de efluentes domésticos, criações de animais nas margens entre outras atividades. Como aspectos positivos, são realizadas ações de coletas de resíduos sólidos e arborização da cidade. A citada autora concluiu que maioria dos impactos no campo de estudo possuiam característica mediana, desta forma sendo possível implementar práticas mitigadoras que visassem preservar o meio ambiente local. Pode-se perceber, em estudos e pesquisas envolvendo a Matriz de Leopold aplicada a impactos ambientais em corpos hídricos, que a maioria das áreas contempladas se apresentam 21 consolidadas, no sentido de sofrerem ocupações ao longo de um período considerável de tempo. 3.6. Relatório de Impactos Ambientais (RIMA) do açude Gameleira Os estudos referentes ao Gameleira foram elaborados em 2003, sendo organizados em sete módulos. SRH (2003). O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) corresponde ao segundo. Nos objetivos da construção é mencionado a melhoria da qualidade de vida das populações rurais e urbanas, justificada pelo abastecimento público; o desenvolvimento econômico da região, a diminuição de incidência de vetores de doenças, consequentemente de endemias e epidemias. Outra questão abordada é a perenização do rio Mundaú à jusante do açude Gameleira. A referida obra também ocasionou impactos de natureza social, que se estenderam na zona de influência direta do empreendimento, ou seja, a área da bacia hidráulica, conforme RIMA (2003): Área a ser desapropriada: 1992,29 ha; Número de propriedades:78; Número de moradores: 63. Tais famílias inseriam-se em sua totalidade no meio rural. Como ação mitigadora para tal situação, o relatório propôs a construção de uma agrovila para o reassentamento das famílias. Relacionado a avaliação da Matriz de Leopold, identificou-se 393 impactos efetivos ou previsíveis para a área de influência direta do açude. Destes, 253 (ou 64,4%), obtiveram o caráter benéfico, enquanto 140 (ou 35,6%), caráter adverso (RIMA, 2003). Além do atributo caráter, a Matriz abordou os atributos magnitude, importância e duração. A síntese dos atributos é abordada na figura 2 a seguir. 22 Figura 2: Atributos avaliados no RIMA do açude Gameleira, Itapipoca, 2003. Fonte: RIMA, 2003. A construção do reservatório, apesar de apresentar, no geral, caráter benéfico, modificou de forma irreversível o ecossistema local. Deste modo, o Relatório de Impactos Ambientais apresenta o Plano de Controle e Monitoramento Ambiental, que são alternativas cujo objetivo é minimizar as adversidades e maximizar os benefícios, ou seja, são ações direcionadas aos meios físico, biótico e antrópico, visando preservar e/ou recuperar a biodiversidade local. O subtópico abaixo descreve ações para compor o referido plano, especialmente as ações mitigadoras sobre a fauna e flora. 3.6.1. Plano de Controle e Monitoramento Ambiental O RIMA (2003) aborda em seu Plano de Controle e Monitoramento Ambiental as medidas que devem ser tomadas antes, durante e após as obras do açude Gameleira, visando mitigar os impactos socioambientais e conservar os recursos naturais. Entre outros aspectos, é abordada a questão do desmatamento racional, o manejo da fauna e flora e proposta da Área de Preservação Permanente para o manancial. 23 O desmatamento racional deve ser executado após o conhecimento ambiental prévio da área. Compreendeu como ações o diagnóstico florístico da área da bacia hidráulica, formação de um banco genético de plantas, definição da área e métodos de desmatamento, alternativas de escape para a fauna, delimitação de uma APP, proteção ao trabalhador, aproveitamento de recursos florestais. Aspecto de relevante interesse para a proteção ambiental, a APP proposta foi de 100 metros de largura, tendo a área de 674,92 ha (hectares), que representa a diferença entre a área a ser desapropriada (1992,29 ha) e a área correspondente à cota de sangria máxima do açude (1.317,37 ha). (RIMA, 2003). A formação do banco genético visou o conhecimento das plantas da região, bem como a determinação das melhores espécies para utilização no reflorestamento das áreas do entorno do açude Gameleira. As coletas compreenderam folhas, frutas, sementes e posteriormente enviadas a um herbário (RIMA, 2003). A área de escape da fauna diz respeito a desmatar de forma a oferecer condições de fuga para os animais. Para isto, é fundamental evitar áreas onde estes venham a ficar encurralados. 3.7. Problemas noticiados na agrovila do Gameleira Segundo BARROS, AFIUNE (2015), as pessoas que foram assentadas na agrovila Gameleira são submetidas a condições muitas vezes sub-humanas, sem água de qualidade e energia elétrica. Segundo os autores, são 91 famílias no local. Por ser um projeto financiado pelo Banco Mundial, esta instituição deve comprometer-se em assegurar às populações reassentadas condições de salubridade. Entretanto, os moradores relataram a utilização de água salgada para satisfazerem suas necessidades diárias, pois o dessalinizador teria de ser utilizado de forma reduzida, pelas dificuldades em sua manutenção. Os moradores mostraram-se insatisfeitos, e há o desejo de que a obra hídrica não tivesse sido concretizada, pois antes havia uma adaptação ao meio, de modo que o rio garantia o abastecimento durante parte do ano, e em épocas de seca, fazia-se escavações de cacimbas (BARROS, AFIUNE 2015). 24 4. METODOLOGIA 4.1. Análise de impacto ambiental e área de estudo A primeira etapa deste trabalho compreendeu uma revisão bibliográfica de estudos semelhantes na região Nordeste e do Brasil que se propuseram a elaborar AIA em reservatórios de abastecimento público, utilizando ou não tais métodos. Desta forma, objetiva-se fundamentar o trabalho, observando se o açude alvo deste estudo possui as mesmas situações de outros reservatórios de abastecimento, e a partir de impactos constatados, propor medidas para serem implementadas, visando evitar prejuízos aos usos e meio ambiente a longo prazo. A segunda etapa consistiu na realização de documentação fotográfica in loco, nos dias 24 de dezembro de 2016 e 5 de fevereiro de 2017. O objetivo foi a análise de intervenções antrópicas negativas. Posteriormente, ocorreu a exposição dos resultados do trabalho por meio de duas metodologias de análises de impactos, ad hoc (espontânea) e Matriz de Interação (Matriz de Leopold). O método ad hoc foi utilizado por SILVA et al (2014), em estudo semelhante realizado no açude Padre Ibiapina, localizado no município de Princesa Isabel (PB). A Matriz de Leopold foi adaptada de metodologia utilizada por BONFIM (2013). Tal autora realizou uma análise de impacto ambiental e de qualidade da água no rio Poti, cidade de Crateús (CE), utilizando uma escala que permite classificar os impactos em benéficos ou adversos, bem como suas respectivas magnitudes. A matriz foi organizada de forma que os impactos sobre os meios físico, biológico e antrópico ficassem alocados no eixo vertical, enquanto os fatores ambientais constatados, no eixo horizontal. A ponderação segue a escala de 1 a 3, sendo que o número 1 aplica-se a baixo impacto, 2 para médio, 3 para alto, podendo também ocorrer a forma indeterminada. Isto ocorre de forma análoga para os casos de impactos negativos, mudando-se o sinal. Conforme BRAGA et al (2005) a utilização de indicadores que quantificam ou qualificam os impactos ambientais é passível de riscos, mas torna possível a interpretação das ações humanas como sendo benéficas ou adversas. 25 A área de estudo compreendeu os municípios de Trairi e Tururu, por representar a área mais povoada, portanto mais propensa a provocar impactos, e pela viabilidade de acesso. Este ocorreu de duas formas, pela CE-168, sentido Centro de Itapipoca – Distrito do Barrento, sendo necessário percorrer um pequeno trecho não pavimentado até o sangradouro do açude. A outra forma de acesso ocorreu pela BR-222, sentido Fortaleza - Sobral, até o município de Umirim, a partir dele seguindo na BR-402 até o município de Tururu. Posteriormente, percorreu-se a estrada Tururu – Cemoaba. Nesta área é possível visualizar a entrada do rio Mundaú no Gameleira. A área de estudo foi dividida em 6 pontos, que foram visitados para a verificação de ações antrópicas impactantes. Tais pontos são indicados na figura a seguir. Figura 3: Localização dos pontos visitados no açude Gameleira, Itapipoca (CE), durante a realização da pesquisa. Imagem de 05/02/2017. Fonte: Adaptado do Google Map, 2016. 26 A localização geográfica do açude compreende os municípios de Itapipoca, Trairi e Tururu, litoral oeste do Estado do Ceará, distante aproximadamente 23 km da sede municipal de Itapipoca. O barramento ocorre no rio Mundaú, nas proximidades da localidade Gameleira, pertencente a Itapipoca. O sangradouro apresenta as coordenadas 3° 22’ 19,27” S (Latitude) e 39° 29’ 27,32” O (Longitude). A figura a seguir mostra a localização geográficado açude. A elaboração do mapa ocorreu através do SIG (Sistema de informação geográfica) Quantum GIS. Figura 4: Localização geográfica do açude Gameleira, Itapipoca. 05/02/2017. Fonte: Adaptado de Raulino, 2016. 27 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a visita in loco, constatou-se a existência de impactos ambientais no reservatório. No entanto, estes são de pequenas magnitudes, certamente pelo fato do reservatório ser recente, desta maneira não sendo ainda uma área atrativa a povoamentos. Outro fator que evidencia a constatação anterior decorre da localização do açude na zona rural, onde antes existiam pequenas comunidades, que mantinham suas atividades ligadas direta ou indiretamente ao rio Mundaú. Os impactos ambientais constatados, apesar de não estarem presentes em grande número, requerem atenção, pois são indícios que as pressões antrópicas poderão ficar significativas dentro de um curto período de tempo. Estas intervenções estão indicadas esquematicamente na figura 5 a seguir. Apesar de a maioria apresentar aspecto negativo atualmente, observou-se que tais atividades podem ser coibidas ou realizadas de maneiras sustentáveis. Ocorre também atividades de lazer, que não resultam em grandes impactos. Ressalta-se que a área de estudo compreendeu a região pertencente aos municípios de Trairi e Tururu, devido ao acesso ter ocorrido por uma estrada que circunda os territórios dos citados municípios. 28 Figura 5: Principais atividades constatadas na área de estudo, municípios de Trairi e Tururu. Imagem de 24/12/2016: Fonte: Adaptado de SRH, 2016. 29 5.1. Áreas com baixos impactos A área de estudo apresenta-se com a maior parte de sua vegetação preservada, indicando que não ocorreram intervenções antrópicas significativas. A vegetação em APP (Área de Preservação Permanente), apresenta benefícios para o rio, como a mitigação de processos erosivos, preservação da biodiversidade e proteção da qualidade das águas. MELO & ATHAYDE JR (2013) realizaram um estudo propondo a criação de uma APA (Área de Proteção Ambiental) na área do entorno do reservatório que abastece a Região Metropolitana de João Pessoa. Evidenciaram que ações antrópicas impactantes nas bacias hidrográficas dos mananciais afetam negativamente a qualidade física, química e biológica da água, além de sua vazão, comprometendo os usos, representando um risco à saúde das populações que consomem ou tenham contato direto com essa água. As figuras 6 e 7 mostram áreas preservadas, nos municípios de Trairi e Tururu, respectivamente, e a figura 8 mostra o percurso do rio Mundaú, a jusante do açude. Figura 6: Área preservada, município de Trairi. 24/12/2016: Fonte: O autor, 2017. 30 Figura 8: Àrea preservada, município de Tururu. 05/02/2017: Fonte: O autor, 2017. Figura 8: Rio Mundaú, a jusante do Gameleira, Trairi. 24/12/2017. Fonte: O autor, 2017. 31 5.2. Criação de animais e cercas na área da Bacia Hidráulica do Gameleira A Legislação brasileira, através da Política Nacional de Recursos Hídricos, em seu artigo 1°, inciso III, estabelece que, em épocas de escassez, o abastecimento humano e a dessedentação de animais constituem os usos prioritários dos recursos hídricos. (BRASIL,1997). O Código Florestal Brasileiro (Lei 12651), em seu artigo 9°, estabelece a permissão de acesso de animais em Áreas de Proteção Permanente, desde que os impactos ambientais gerados não sejam consideráveis. (BRASIL, 2012). A criação de gado confinado na área da bacia hidráulica de açudes é prática comum nos reservatórios do Ceará. Os criadores utilizam-se dos açudes para a dessedentação de seus animais, principalmente durante épocas escassas, muitas vezes por estes representarem as únicas fontes disponíveis, pois acumulam volumes de água por períodos consideráveis, utilizadas também para a prática da agricultura de vazante. No caso do Gameleira, seu entorno apresenta vegetação atrativa para os animais, permitindo a permanência por longos períodos. Os cercamentos de áreas no entorno do açude é um indicativo da existência de propriedades privadas, que com o passar dos anos podem se expandir. Conforme CRISPIM et al (2013), a criação de bovinos e outros animais no entorno dos reservatórios causam o mau odor consequente das fezes, a proliferação de vetores e surgimento de micro-organismos patogênicos e poluição da água. Caso esta atividade cresça de forma gradativa, e sem nenhum planejamento, poderá ser verificado o mesmo que RODRIGUES et al (2008). Segundo estes autores, a agropecuária é grande responsável pela geração de nutrientes no solo, principalmente o Fósforo. Para BARRETO et al (2013), este elemento, juntamente com o Nitrogênio, quando presentes em grandes quantidades nos corpos hídricos, provocam o enriquecimento do meio, acelerando o processo de eutrofização. A figura 9 mostra a criação de animais, enquanto a figura 10 indica as cercas nas proximidades de tais criações. 32 Figura 9: Criação de animais confinados na bacia hidráulica do Gameleira, município de Trairi. 24/12/2016. Fonte: O autor, 2017. Figura 10: Cercas na área da APP, município de Trairi. 05/02/2017: Fonte: O autor, 2017. 33 5.3. Residências próximas ao açude Estabelecimentos surgiram atraídos pela alternativa de lazer criada após a construção do açude. Mesmo não sendo uma área muito ocupada atualmente, a longo prazo, um possível crescimento desordenado poderá gerar impactos significativos, pois existe uma tendência de povoamento em torno de reservatórios. Tal situação foi verificada por CRISPIM et al (2013), ao analisarem que o crescimento não planejado da cidade de Pombal-PB está causando impactos ambientais em seu principal reservatório para abastecimento. Os citados autores constataram degradação na área de APP para a construção de residências, sendo que a total falta de conhecimento em questões ambientais da população torna-se um fator agravante. A figura 11 indica um restaurante na área de estudo. Figura 11: Restaurante próximo ao reservatório, município de Trairi. 24/12/2016. Fonte: O autor, 2017. 34 5.4. Prática da agricultura de sequeiro nas proximidades do Gameleira A agricultura de sequeiro, ou seja, aquela que ocorre apenas durante a quadra chuvosa, foi constatada na APP do açude. Mesmo não sendo uma área extensa, poderá crescer potencialmente em um curto espaço de tempo. O grande impacto causado pela forma tradicional de cultivo é a degradação da terra, que segundo MILLER JR. (2007), é um processo natural ou induzido pelo homem, que reduz a capacidade da terra de suportar a própria agricultura, pecuária ou as espécies selvagens. Na figura a seguir é possível observar um pequeno terreno preparado para plantação de sequeiro, sendo localizado nas imediações do açude, na faixa de APP. Figura 12: Prática de agricultura de sequeiro, município de Trairi. 24/12/2016.Fonte: O autor, 2017. Desta forma, sendo a agricultura uma atividade que poderá se expandir de forma gradativa devido a disponibilidade de água (fato recorrente em reservatórios do Nordeste), é necessário utilizar técnicas menos impactantes, tanto ao meio ambiente, como ao trabalhador. Alternativa seria a prática de irrigação à jusante do açude, mantendo-se práticas sustentáveis, como técnicas irrigantes que não desperdicem grandes volumes de água, como a técnica de gotejamento. 35 5.5. Piscicultura extensiva A piscicultura é uma forma de geração de renda importante nos reservatórios do Ceará. Entretanto, como as atividades citadas anteriormente, pode impactar os corpos hídricos. Para NASCIMENTO, ARAÚJO (2008) as criações de organismos aquáticos em geral, quando praticadas de formas insustentáveis, podem causar impactos negativos sobre o meio ambiente, ou gerar conflitos sociais. Segundo SOUZA (2010) o uso de rações em excesso provoca elevadas cargas orgânicas nos ecossistemas, consequentemente acelera o processo de eutrofização, podendo prejudicar os usos da água. O mesmo afirma que a referida prática insustentável também provoca o aumento de algas cianofíceas, dado que os reservatórios apresentam-se ricos em cianobactérias. O Plano Estratégico de Recursos Hídricos, que corresponde à terceira fase do Pacto das águas (2009), visa promover ações e programas que estimulem a convivência com o semiárido no Ceará. Sobre a atividade de aquicultura, aborda que o conhecimento das capacidades de suporte das barragens para tal atividade é deficiente no Estado, e destaca sua importância, devido sua prática ser possível em grandes e pequenos reservatórios. É imprescindível uma evolução nas políticas voltadas para a aquicultura e piscicultura, para redução de impactos ambientais e desperdícios de recursos Percebeu-se a presença de alguns tanques de piscicultura no açude, e grandes quantidades de sacos dispostos nas margens, possivelmente rações, como pode perceber-se na figura 13. Segundo OSTRENSKY, BOEGER (1998), as rações devem ficar acondicionadas em locais secos e frescos, e nunca em contato direto com o solo. No dia da realização da visita não havia nenhum morador no local, para prestar maiores esclarecimentos. Em outro local, estavam dispostas garrafas pet perfuradas, conforme figura 14, uma técnica utilizada para atrair peixes, entretanto, devido ao tamanho, são atraídos animais pequenos, para que estes atraiam animais maiores. Este utensílio indica a prática da piscicultura extensiva, impactando negativamente as espécies de peixes existentes. 36 As práticas sustentáveis possíveis seriam a organização dos moradores em uma associação, com acompanhamento técnico de especialistas, para gerenciar a utilização de rações, e auxiliar nas melhores épocas para a despesca, ou início de um novo ciclo de criação. Tal atividade exigiria financiamento governamental, o que pode dificultar sua implementação. Figura 13: Prática de piscicultura extensiva, Itapipoca. 24/12/2016. Fonte: O autor, 2017. 37 Figura 14: Resíduos sólidos produzidos pela prática da pesca às margens do açude, Trairi. 05/02/2017 Fonte: O autor, 2017. 5.6. Resultados da análise ad hoc e Matriz de Leopold Os resultados da Matriz de Leopold e da análise ad hoc estão indicados nos quadros 2 e 3: 38 Impactos Ambientais MEIO BIOFÍSICO MEIO ANTRÓPICO Parâmetros analisados Solos Água Fauna Flora Relações ecológicas A lt e ra ç ã o d a t o p o g ra fi a S u s c e ti b ili d a d e a i m p a c to s e ro s iv o s / c o m p a c ta ç ã o Q u a lid a d e s u p e rf ic ia l F u g a d a f a u n a A lt e ra ç õ e s n o h a b it a t d e a n im a is t e rr e s tr e s A lt e ra ç õ e s n o h a b it a t d e a v e s R e m o ç ã o d e á rv o re s d e v id o a c o n s tr u ç ã o d o a ç u d e P ro te ç ã o d a b io d iv e rs id a d e n a A P P A b a s te c im e n to p ú b lic o G e ra ç ã o d e r e n d a p a ra a p o p u la ç ã o l o c a l A ti v id a d e s d e l a z e r R e a s s e n ta m e n to p o p u la c io n a l -1 Baixo 1 -2 Médio 2 -3 Alto 3 - Indeterminado - -1 Baixo 1 -2 Médio 2 -3 Alto 3 - Indeterminado - Alteração das características iniciais da área -1 -3 3 -3 -3 -2 -3 3 3 3 2 -3 Usos e ocupações no entorno do açude - -2 -1 -2 -1 -1 - -2 -1 3 3 - Pecuária no entorno - -2 -1 - - - - -2 -2 3 - - Perenização do rio/ Disponibilidade hídrica -1 - 3 -3 -3 -3 -3 - 3 3 3 -3 Disposição de resíduos sólidos - - -1 - - - - -2 -1 - - - Criação de uma área de preservação permanente - 3 2 - - - - 3 2 - 3 - Melhorias das condições de vida da população - - - - - - - 3 3 3 2 2 Garantia de usos múltiplos na área urbana -1 - 2 -3 -3 -3 -3 3 3 3 - -3 Relações ambientais na zona de influência direta do açude -3 - - -3 -3 -3 3 3 - - - - Quadro 2: Matriz de Leopold, a partir de ações constatadas in loco no Gameleira, ou com potenciais de implantação em alguns anos. 24/12/2016: F o n te : O a u to r, 2 0 1 7 . A ti vi d a d e s c o m p o te n c ia is e m s e to rn a re m p rá ti c a s s u s te n tá v e is . 39 A matriz forneceu 108 impactos ambientais, dos quais 28 foram classificados como positivos, 37 negativos e 43 neutros, desta forma não mensuráveis. Em 4 casos, possibilidades de geração de renda local, atividades de lazer, os benefícios acarretados pela criação de uma Área de Preservação Permanente e melhoria das condições de vida das populações, os impactos são potencialmente benéficos, desde que venham acompanhados de práticas sustentáveis. Os usos e ocupações no entorno do Gameleira geram renda atualmente, mas aquém de seu potencial. Criações de áreas irrigadas por gotejamento, acompanhamento aos piscicultores, para que suas práticas tragam o mínimo de impactos negativos ao reservatório, poderão desenvolver a economia local, além de constituírem atividades sustentáveis. Após o desenvolvimento de tais implementações, a tendência é que a área adquira grande potencial atrativo para habitações nas proximidades. Desta forma, faz-se fundamental implementar ações que evitem o crescimento de forma desordenada. A literatura relata em estudos de reservatórios com alto grau de ocupação, na região Nordeste, lançamentos de esgotos in natura nas águas, criações de animais nas proximidades e dentrodas bacias hidráulicas de tais corpos hídricos. Isto decorre da ausência ou má execução de um planejamento voltado a manter a área do entorno preservada. As práticas de lazer dizem respeito tanto à visitações na área da APP, como existência de restaurantes dos próprios moradores, construídos em locais que respeitem a área protegida, estimulando ainda mais a prática do turismo. As visitações ocorrem frequentemente atualmente, principalmente pelo fato do reservatório possuir um volume favorável de água, porém geram pouco a nenhum incremento financeiro aos moradores. O eixo melhoria das condições de vida e geração de renda local diz respeito ao fornecimento de condições mínimas para os moradores desenvolverem suas atividades. 40 Quadro 3: Análise Ad hoc constatada no entorno do reservatório Gameleira, em Itapipoca, durante a realização do estudo. Data: 24/12/2016: Impactos constatados Consequências atuais e futuras Imóveis construídos na APP do açude; ● Degradação da vegetação; ● Problemas futuros de especulação imobiliária; ● Atrativo para o surgimento de outros empreendimentos. Prática de agricultura de sequeiro; ● Degradação da vegetação; ● Perda de nutrientes do solo. Criação de gado / cercamentos próximos ao açude e em sua bacia hidráulica ● Indícios de propriedades particulares; ● Pressões futuras em direção às fontes de água; ● Compactação do solo. Fonte: O autor, 2017. A análise ad hoc, ou seja, a observação com base no conhecimento empírico, constatou a existência de atividades impactantes no entorno do açude Gameleira e no interior de sua bacia hidráulica, em menor grau atualmente, mas que podem ser potencializados ao longo dos anos. Três foram as práticas com potenciais impactos à condição atual de preservação dos recursos ambientais e qualidade da água. As construções na área de APP do açude, embora em estágios iniciais de surgimento, poderão expandir-se, pois verificou-se na área de estudo, durante a realização da pesquisa, a inexistência de fiscalização por parte dos órgãos competentes, visando dentre outras atribuições, regulamentar ou coibir o surgimento de tais obras. Caso esta situação persista no entorno do 41 Gameleira, poderão surgir questões relacionadas à especulações imobiliárias, em virtude da implantação gradativa de infraestruturas no local, como vias de acesso. A agricultura de sequeiro acarreta problemas relacionados à perda gradativa de nutrientes do solo, além de estar associada a prática de queimadas. Tal forma de agricultura é recorrente em nosso Estado, em virtude de ser uma prática cultural, sendo visível também a ausência de orientação especializada aos agricultores, direcionando-os para outra forma. As criações de animais, muitas vezes confinados na bacia hidráulica de açudes também constitui prática recorrente em nossos reservatórios. No açude Gameleira, os animais obtêm além de água, alimentos para suas sobrevivências. Consequentemente, compactam o solo do açude, o que poderá agravar-se com o tempo. Outro aspecto são as fezes dos animais, as quais prejudicam a qualidade da água. As áreas cercadas indicam propriedades particulares, o que é proibido em áreas de preservação. 42 6. CONCLUSÃO Pode-se concluir que o reservatório estudado ocasionou impactos na fauna, flora e sociais na área de influência direta. A Matriz de Interação elaborada constatou 65 impactos mensuráveis, dos quais não há uma diferença considerável entre impactos positivos e negativos, 28 a 37. Ações podem ser implantadas por órgãos ambientais competentes visando potencializar os impactos benéficos. O açude localiza-se em uma área que ainda não sofre impactos antrópicos negativos significativos, ou seja, aproxima-se da condição ideal de preservação ambiental. Entretanto, as pequenas ações verificadas indicam que o reservatório poderá ser um atrativo cada vez maior ao povoamento. Desta forma, em um curto período de tempo, podendo sofrer degradações em sua APP. Contribui para isso a ausência de uma fiscalização efetiva, para regulamentar ou impedir intervenções impróprias. O reservatório apresenta, na extensão da área visitada, aspecto visual adequado, pois as atividades antrópicas não acarretam em degradação da água, como processo de eutrofização. Isto se reflete também ao aspecto qualitativo, pois o tratamento da água não agrega custos adicionais, proporcionais ao nível de poluição do manancial. Entretanto a criação de animais inseridos dentro da bacia hidráulica do açude Gameleira representa riscos para tal situação. Caso tal prática expanda-se, a qualidade da água poderá decair gradativamente. O reservatório garante hoje o abastecimento público da cidade de Itapipoca, que apresenta um cenário favorável em meio a casos constantes de cidades enfrentando colapso hídrico. A região possui um potencial de desenvolvimento econômico sustentável ainda não explorado. Atividades possíveis seriam áreas irrigadas por gotejamento, implantação de técnicas piscicultoras sustentáveis, criação de uma área de visitação turística na APP do açude. A área de estudo representa um local pouco estudado. Os resultados obtidos poderão ser utilizados futuramente, em pesquisas que visem complementar ou ampliar a bibliografia acerca do açude Gameleira, bem como 43 avaliar, no tempo e no espaço, as mudanças ocorridas, e eventuais implementações das medidas propostas. Este trabalho é uma exceção às análises de impactos ambientais recorrentes em reservatórios do semiárido, pois ocorreu em uma área que não possui ocupação antrópica significativa. Dentro de alguns anos possivelmente, caso um novo trabalho venha a ser feito, encontre resultados diferentes. 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Atlas eletrônico dos recursos hídricos do Ceará. Disponível em: http://atlas.srh.ce.gov.br. Acesso em: 19/12/2016. BARRETO L. V.; BARROS F. M.; BONOMO P.; ROCHA F. A. AMORIM J. DA S. Eutrofização em rios brasileiros. Enciclopédia biosfera. v. 9, nº 16, p. 2165, 2013. Disponível em: http://www.conhecer.org.br/enciclop/2013a/biologicas/EUTROFIZACAO.pdf. Acesso: 27/03/2017. BARROS C.; AFIUNE G. 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