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Como fazer EIA RIMA

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Ministério da Educação 
Universidade Federal De Roraima 
Centro de Ciências Agrárias 
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola 
 
 
 
 
Estudo De Impacto Ambiental – EIA e Relatório De Impacto Ambiental – 
RIMA: Implantação de uma Agroindústria Pesqueira de Boa Vista – RR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Boa Vista-RR 
2019 
2 
 
ANDREZA VERONICA DE SOUZA SILVA 
CAROLINA SOARES MARQUES 
JARDEANE SOARES DE OLIVEIRA 
LARISSA HOLZ CARVALHO FINCH 
MARCELO PALUDO 
NEIDE RIBEIRO DOS SANTOS 
RAYRA DE SOUZA RIBEIRO 
 
 
 
 
Estudo De Impacto Ambiental – EIA e Relatório De Impacto Ambiental – 
RIMA: Implantação de uma Agroindústria Pesqueira de Boa Vista – RR 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOA VISTA-RR 
2019 
Trabalho apresentado ao Centro de 
Ciências Agrárias do Departamento de 
Solos e Engenharia Agrícola do Curso de 
Agronomia da Universidade Federal de 
Roraima como requisito parcial para 
obtenção de nota da Disciplina AG092 - 
Avaliação de Impactos Ambientais. 
Professor Dr. Valdinar Ferreira Melo. 
3 
 
SUMÁRIO 
 
1.0 IDENTIFICAÇÃO ....................................................................................................................... 4 
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................. 6 
2.0 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 10 
3.0 LOCALIZAÇÃO ....................................................................................................................... 13 
4.0 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ......................................................................... 17 
5.0 ANÁLISE DE ALTERNATIVAS LOCACIONAIS .......................................................................... 22 
6.0 ASPECTOS JURIDICOS ........................................................................................................... 25 
7.0 MEIO FÍSICO .......................................................................................................................... 28 
7.1 Componente Relevo ...................................................................................................... 28 
7.2 Aspectos Geológicos ..................................................................................................... 29 
7.3 Hidrografia .................................................................................................................... 31 
7.4 Clima .............................................................................................................................. 32 
8.0 IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUENCIA ....................................................................... 33 
8.1 Meio Fisico .................................................................................................................... 34 
8.2 Meio Biótico .................................................................................................................. 35 
8.3 Meio Antrópico ............................................................................................................. 36 
9.0 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS ÁREAS DE INFLUENCIA ..................................................... 37 
9.1 Meio Biótico .................................................................................................................. 37 
9.1.1 Flora ....................................................................................................................... 37 
9.1.2 Fauna Terrestre ..................................................................................................... 41 
 9.1.2.1 Mastofauna ............................................................................... 41 
9.1.2.2 Avifauna .................................................................................... 44 
9.1.2.3 Entomorfauna ........................................................................... 49 
9.1.3 Fauna Aquática ...................................................................................................... 49 
9.1.3.1 Ictiofauna .................................................................................. 49 
9.1.3.2 Hepertofauna ............................................................................ 51 
9.2 Meio Economico ............................................................................................................ 52 
10.0 IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS . 53 
10.1 Meio Fisico .................................................................................................................. 56 
4 
 
10.2 Meio Biológico ............................................................................................................. 57 
10.3 Meio Antrópico ........................................................................................................... 84 
11.0 PROGNÓSTICO AMBIENTAL ............................................................................................... 95 
11.1 Programas Ambientais ........................................................................................... 98 
12.0 MEDIDAS DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL ..................................................................... 114 
13.0 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 114 
14.0 RIMA ................................................................................................................................. 116 
14.1 Objetivos e Justificativas ...................................................................................... 116 
14.2 Do Projeto............................................................................................................. 116 
15.0 DESCRIÇÃO DO PROJETO .................................................................................................. 120 
16.0 SINTESE DE IMPACTOS ..................................................................................................... 122 
17.0 QUALIDADE AMBIENTAL FUTURA ................................................................................... 131 
18.0 DESCRIÇÃO DO EFEITO PREVISTO DAS MEDIDAS MITIGADORAS PARA CADA IMPACTO 
ADVERSO ................................................................................................................................... 136 
19.0 IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO............................................................ 143 
20.0 MEDIDAS E PROGRAMAS ................................................................................................ 143 
21.0 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 154 
22.0 REFERENCIAS .................................................................................................................... 158 
23.0 ANEXOS ............................................................................................................................. 165 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.0. IDENTIFICAÇÃO 
IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR 
 
Governo do Estado de Roraima 
Palácio Senador Hélio Campos, Praça Centro Cívico, 350 
Boa Vista – RR - CEP 69.043-900 
Fone/Fax: (095) 2121-3717 
 
CONSULTORA RESPONSÁVEL 
 
Macunaíma Consultoria Piscicultura Ltda. 
Rua das Camélias, 492, Bairro Pricumã. 
Boa Vista – RR - CEP 69.510-540 
6 
 
Fone/ Fax: (095) 3245-7891 
E-mail: macunaima_piscicultura@gmail.com 
 
EQUIPE TÉCNICA 
 
Coordenação Geral 
Bióloga MSc. Andreza Veronica de Souza Silva – CRBio 8.060-07/D 
Sub-Coordenação 
Engenheiro Sanitarista Marcelo Paludo – CREA 024920-7 SC S1 
 
Meio Físico 
Geóloga Rayra de Souza Ribeiro – CREA 231-93/D 
Meio Biótico 
Bióloga MSc. Andreza Veronica de Souza Silva – CRBio 8.060-07/D 
Engenheirade Pesca e Engenheira Civil MSc. Carolina Soares Marques – CRBio 
09.806-07/D 
Meio Antrópico 
Antropóloga PhD. Neide Ribeiro dos Santos 
Legislação 
Advogada Larissa Holz Crvalho Finch – OAB 14.465/PR 
Arqueologia 
Arqueóloga Jardeane Soares de Oliveira – CREA 72.663/ D-PR 
 
7 
 
APRESENTAÇÃO 
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da implantação de uma Agroindústria 
Pesqueira para fabricação de produtos e subprodutos de peixes no Município de 
Boa Vista-RR. 
O EIA é um estudo realizado por uma equipe multidisciplinar de 
profissionais de diversas áreas de conhecimento: Engenheiros, Biólogo, 
Economista, Antropólogo/Sociólogo, entre outros que venham compor, em 
relação ao grau de necessidade. 
A situação ambiental do local previsto para a implantação do 
empreendimento é avaliada por esses profissionais, que analisam as alterações 
que poderão ocorrer durante a fase de implantação e monitoramento, preveem 
os impactos positivos e negativos que podem ocorrer no meio ambiente e 
propõem ações destinadas a p revenir, minimizar, monitorar e/ou compensar os 
impactos negativos que venham a ocorrer. São propostas também medidas de 
potencialização para os impactos positivos. 
 
ETAPAS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
O Estudo de Impacto Ambiental-EIA, foi elaborado de acordo com a 
Resolução do CONAMA, Nº 237, de 19 de dezembro de 1997. 
Este Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) tem como finalidade informar 
a todos os interessados sobre: o empreendimento, o diagnóstico ambiental 
realizado na área de sua implantação, os impactos ambientais gerados durante 
as fases de implantação do empreendimento, as medidas que serão 
empregadas para minimizar, monitorar e/ou compensar tais impactos. 
 
Audiências Públicas 
Com a finalidade de esclarecer as dúvidas pertinentes e de despertar o 
interesse da comunidade do Município envolvido no projeto de implantação de 
uma Agroindústria Pesqueira para fabricação de produtos e subprodutos de 
8 
 
peixes no Município de Boa Vista-RR, à participação, envolvimento e 
acompanhamento do licenciamento ambiental, a Câmara Municipal de Boa 
Vista, promoveu quatro audiências públicas nos meses de março, abril, maio e 
junho de 2019. 
Nessas audiências foram convidados representantes do poder público 
(Vereadores, Prefeita e Secretários Municipais), Instituições Governamentais 
atuantes, Associações comunitárias, Sindicatos de trabalhadores rurais, 
Associações empresariais, ONG´S, Universidades locais e a população 
diretamente afetada. 
A primeira audiência, em março de 2019, teve como objetivo a discussão 
do Termo de Referência para o desenvolvimento do Estudo de Impacto 
Ambiental (EIA). 
Nesta audiência foi feita a apresentação do empreendimento, do projeto, 
suas características básicas, os estudos de engenharia e avaliação ambiental de 
alternativas locacionais. Na oportunidade o público participante buscou 
informações e esclarecimentos, como também, expressou suas expectativas e 
preocupações em termos socioeconômicos. Em sequência foram debatidos 
temas para o Termo de Referência. 
Na segunda audiência, em abril de 2019, foram apresentados dados mais 
detalhados sobre o empreendimento e os resultados dos estudos ambientais 
realizados. Os participantes fizeram questionamentos sobre os resultados 
apresentados. Apresentaram suas preocupações como: Impactos sobre os 
recursos hídricos, flora e fauna e a absorção de mão-de-obra local, entre outros. 
Na terceira audiência, em maio de 2019, foram debatidos os assuntos 
sobre os impactos socioeconômicos sobre a Comunidade do Município e sobre 
à viabilidade econômica do projeto. Após essas considerações o projeto passou 
por votação e foi aprovado, com a ressalva de apresentação de resultados 
anuais sobre os impactos sociais e ambientais. 
 
9 
 
AGROINDUSTRIA PESQUEIRA DE BOA VISTA 
A empresa foi criada em 2019, no Município de Boa Vista-RR, Brasil, com 
sede na capital roraimense. A empresa foi criada da vontade dos parceiros de 
impulsionar o setor pesqueiro no estado de Roraima e aproveitar os benefícios 
que o mesmo proporciona para os que nele produzem além de fazer o 
escoamento de peixes in natura, processá-los para posterior exportação com 
alta qualidade e de forma sustentável. Os peixes são muito presente na culinária 
em restaurantes pela grande disponibilidade de nutrientes, sendo o Ômega 3 e 
6, um dos principais fatores de seu consumo. 
 
PISCICULTURA RORAIMENSSE 
Clima favorável e cultura regional de consumo de peixes são os principais 
fatores que contribuíram para que Roraima se tornasse um dos maiores 
produtores de tambaqui e pirarucu, pescados nativos do Brasil. As informações 
são da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) com dados referentes a 
2018. 
A principal produção de peixe do Estado é de tambaqui (Colossoma 
macropomum), com 98,4%, seguido do matrinxã (Brycon cephalus), com 1,6%. 
Também são produzidos tilápia (Oreochromis niloticus) e pirarucu (Arapaima 
gigas), mas esse último apresenta dificuldades para ser vendido em Roraima. 
Grande parte da produção hoje é comercializada na Semana Santa no mês de 
Abril. 
As principais produções de peixe em Roraima são feitas por 
comunidades indígenas, agricultura familiar e setor empresarial com 
pequeno, médio e grande produtor. São 1.131 agricultores catalogados pela 
Secretaria de Agricultura. 
Objetivos do empreendimento 
A “Agroindústria Pesqueira de Boa Vista” visa fabricar produtos e 
subprodutos oriundos de espécies aquáticas tanto nativos já explorados na 
10 
 
região, como espécies trabalhadas em cultivo intensivo e semi intensivo por 
piscicultores do Estado. 
Este empreendimento tem como um dos objetivos o escoamento em 
maior escala deste produto, além de agregar valor aos subprodutos de peixes, 
como hambúrgueres, salsichas, linguiças, calabresas, nuggets, filezinhos, entre 
outros. 
Outro ponto positivo no empreendimento é a geração de empregos à 
comunidade e a melhoria das vias de tráfego para o escoamento da produção. 
O objetivo principal é a obtenção de lucro na área alimentícia, com foco na 
sustentabilidade ambiental, além da geração de empregos, fornecimento de 
subsídios para pesquisas científicas e tecnológicas; auxílio em programas 
estaduais de controle ambiental e avaliação permanente da qualidade ambiental 
do Município. 
Importância do empreendimento para a Região 
Em relação à economia local e regional, haverá uma grande mudança 
devido ao aumento no número de empregos formais, mais diversificados em 
termos de remuneração. A arrecadação de impostos também terá aumento, 
propiciando maiores condições ao poder público para investimentos em serviços 
sociais básicos. Isso resultará em melhoria na qualidade de vida no Município de 
Boa Vista. 
O projeto se mostra compatível com a política de Governo Estadual e 
Municipal na busca da interiorização do desenvolvimento econômico. Integrando 
essa política, o Governo estabeleceu a importância de interligação da Região 
Norte ao Brasil e mundo. 
 
11 
 
2.0. INTRODUÇÃO 
 
O presente Estudo de Impacto Ambiental, documento do 
Empreendimento Macunaíma Piscicultura de Boa Vista-RR, foi elaborado 
considerando o que dispõe a Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro 
de 1997, Art. 3º, Parágrafo único, que preceitua que o órgão ambiental 
competente definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo 
de licenciamento, considerando como instrumento norteador as especificações 
técnicas fornecidas pela SEAPA – Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária 
e Abastecimento do Estado de Roraima e IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. 
Segundo a Resolução do CONAMA de n.º 001, de 23 de janeiro de 1986: 
 
Art. 9º. – O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA refletirá as conclusões do 
Estudo de Impacto Ambiental e conterá, no mínimo: 
I – Os objetivose justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as 
políticas setoriais, planos e programas governamentais; 
II – a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, 
especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de 
influência, as matérias primas, e mão de obra, as fontes de energia, os processos 
e técnicas operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os 
empregos diretos e indiretos a serem gerados; 
III – A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de 
influência do projeto; 
IV – A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação 
da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de 
incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para 
sua identificação, quantificação e interpretação; 
V – A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, 
comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem 
como a hipótese de sua não realização; 
VI – A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação 
aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o 
grau de alteração esperado; 
VII – O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; 
VIII – Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de 
ordem geral). 
Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua 
compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas 
por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo 
que se possa entender as vantagens e desvantagens do projeto bem como todas as 
12 
 
Segundo a Resolução do CONAMA de n.º 001, de 23 de janeiro de 1986 
(artigo 2º), depende da elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e 
respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), a serem submetidos à 
aprovação do órgão estadual competente, o licenciamento de atividades 
modificadoras do meio ambiente, tais como, estradas de rodagem com duas ou 
mais faixas de rolamento, ferrovias, portos e terminais de minério, petróleo e 
produtos químicos, aeroportos, oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos 
coletores e emissários de esgotos sanitários, linhas de transmissão de energia 
elétrica acima de 230 KV, obras hidráulicas para a exploração de recursos 
hídricos, usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte primária 
acima de 10 MW, complexos e unidades industriais e agroindustriais, distritos 
industriais e zonas estritamente industriais e dentre outros, aterros sanitários. 
Vale aqui salientar que de acordo com o Decreto nº 5.231/2004, os 
Terminais Pesqueiros Públicos não são considerados portos. No entanto, ainda 
assim, são passíveis de licenciamento ambiental, devendo ser objeto de Estudo 
de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental. De acordo 
com a Resolução CONAMA nº 01/1986, a Agroindústria Pesqueira de Boa 
Vista poderia ser enquadrado nas seguintes categorias: 
- Indústria de produtos alimentares e bebidas; 
- Transporte, terminais e depósitos. 
A implantação da Agroindústria Pesqueira de Boa Vista prevê a 
utilização da área Caetano Filho (Beiral), área desativada há mais de 2 anos no 
bairro Calungá, no município de Boa Vista. Considerou-se, para a análise 
ambiental, o Projeto Executivo, elaborado pela Macunaíma Consultoria 
Piscicultura, para a referida Agroindústria Pesqueira. 
Desta forma, o presente Estudo e Relatório de Impacto Ambiental 
compreendem, em relação à alternativa selecionada para o desenvolvimento do 
empreendimento, a determinação da área de influência, os resultados do 
diagnóstico ambiental dos meios abiótico, biótico e antrópico, a análise dos 
recursos arqueológicos e dos aspectos jurídicos relacionados, além de identificar 
os potenciais impactos a ser gerado, indicar as medidas mitigadoras e 
13 
 
compensatórias, bem como os programas ambientais recomendados. São 
também apresentadas as relações entre o projeto e o município diretamente 
afetado (Boa Vista-RR) e suas potenciais consequências e a hipótese de não 
realização do projeto. 
O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA ora apresentado em volume 
específico, vem disponibilizar para a sociedade a síntese dos estudos realizados 
e os respectivos resultados, de forma a subsidiar o conhecimento e a discussão 
sobre os potenciais impactos da implantação do empreendimento. 
Desta forma, cumpre-se o objetivo de, atendendo os requisitos legais 
pertinentes, subsidiar junto ao órgão competente o processo de licenciamento 
ambiental da Agroindústria Pesqueira de Boa Vista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
3.0. LOCALIZAÇÃO 
 
História 
A cidade de Boa Vista se originou da sede de uma fazenda estabelecida 
no local no século XIX. Em torno da sede da fazenda, chamada Boa Vista do Rio 
Branco, surgiu um pequeno povoado, a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo, 
que durante um bom tempo foi o único povoado em toda a região do alto Rio 
Branco. Em 1890, o povoado foi elevado à condição de vila, e em 1926 passou 
a ser município, adotando o nome da antiga fazenda, Boa Vista. Com a criação 
do Território Federal de Roraima, em 1940, a cidade foi escolhida para ser a 
capital. 
 
Geografia e transporte 
 Com sua localização no extremo Norte da malha rodoviária brasileira BR-
174 (Norte), BR-401 (Boa Vista-Guiana Inglesa), Boa Vista pode ser facilmente 
acessada por vias terrestre, aérea e fluvial, sendo uma das principais entradas 
para toda a região norte. 
O acesso rodoviário, para quem vem do sul e centro-oeste do país, é feito 
pela BR 174 até a cidade de Pacaraima. Para as outras regiões como Cantá, 
Bonfim, o acesso é feito pela BR-401, chegando a Guiana Inglesa. 
A cidade conta com o Aeroporto Internacional de Boa Vista (Atlas Brasil 
Cantanhede), além de ser um ponto estratégico de acesso à região Norte através 
dos rios: Rio Branco e seus afluentes. 
 
 
 
 
15 
 
Tabela 01. Distância entre o município de Boa Vista e algumas capitais 
brasileiras. 
CIDADE DISTANCIA 
Belo Horizonte / MG 4.687,2 km 
Brasília / DF 4.177,8 km 
Curitiba / PR 4.830,2 km 
Florianópolis / SC 5.133,9 km 
Fortaleza / CE 4.912,6 km 
Goiânia / GO 3.989,8 km 
Teresina / PI 4.327,9 km 
Manaus / AM 748,9 km 
Porto Alegre / RS 5.223,9 km 
Porto Velho / RO 1.639,0 km 
Rio Branco / AC 2.150,2 km 
Rio de Janeiro / RJ 5.062,3 km 
São Paulo / SP 4.660,4 km 
Vitória / ES 5.216,2 km 
Macapá / AP 1.111 km 
 
A Agroindústria Pesqueira de Boa Vista encontra-se projetado junto ao 
Rio Branco, em parte do antigo terreno ocupado pelo Beiral (Caetano Filho), 
sendo que o cais projetado possui cerca de 12.500 metros. 
16 
 
A área prevista Agroindústria Pesqueira de Roraima liga-se às demais 
regiões do município de Boa Vista pela Rodovia 174, interligando-se à malha 
rodoviária brasileira através da Rodovia BR-174, principal eixo viário do Estado. 
O acesso rodoviário ao local ocorre através da Rodovia 174, via com pista 
simples de 7,5 metros de largura e acostamentos laterais que interliga Boa Vista-
Venezuela, Boa Vista-Guiana Inglesa, Boa Vista - Manaus. 
 
Figura 01. Localização do projeto em relação a Caetano Filho e ao município de Boa Vista: A) 
Representação do Estado de Roraima em relação ao Brasil; B) Representação do 
Município de Boa Vista em Relação ao estado de Roraima; C) Representação do 
município de Boa Vista; D) Representação do local do empreendimento no Bairro 
Calungá, Caetano Filho(Beiral) e E) Localização no mapa do terreno do empreendimento 
e o tamanho da área. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A B 
C D 
17 
 
E 
E 
18 
 
4.0. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 
Agroindústria Pesqueira de Boa Vista foi projetada em área urbana da cidade 
de Boa Vista,no centro de Boa Vista, com a finalidade de servir de entreposto 
de recepção e comercialização de pescados da região, bem como para 
beneficiamento desses produtos. 
Estão previstas para o empreendimento Agroindústria Pesqueira de Boa Vista, 
uma série de infraestrutura, distribuídas da seguinte forma: 
 
Tabela 1. Quadro Geral de Áreas 
CAIS - Faixa de Atracação 
Extensão 700,00 metros lineares 
Largura Média da Faixa do Cais 10,00 metros lineares 
Berços para Atracação (embarcações com 
20 metros) 
28,00 embarcações 
Área do Cais 5.315,00 m² 
Área da Faixa de Serviços 1.200,00 m² 
 
Tabela 2. Áreas Fechadas e Internas 
Edificações 
Área para Armazenagem (Câmaras Frias e 
Frigoríficas) 
1.400,00 m² 
Área da Fábrica de Gelo 870,00 m² 
Área de Depósitos e Suprimentos para 
Embarcações 
500,00 m² 
Área de manipulação e Triagem de 
Pescados 
2.900,00 m² 
Área de Comercialização e Treinamento 1.800,00 m² 
Área de Vestiários, Enfermaria e Refeitório 650,00 m² 
Área de Depósito Temporário de Resíduos 
Sólidos 
90,00 m² 
19 
 
 
Tabela 3. Áreas Abertas ou Cobertas não Fechadas 
Estação de Tratamento de Efluentes 3.200,00 m² 
Recepção e Lavagem de Pescados (coberta) 550,00 m² 
Estacionamento de veículos 1.500,00 m² 
Estacionamento de Caminhões 3.650,00 m² 
Vias Internas 20.000,00 m² 
Paisagismo e Arborização 4.000,00 m² 
 
Tabela 4. Total da área a ser utilizada pela Agroindústria Pesqueira de Boa 
Vista 
Área do Terreno 39.760,00 m² 
Área do Cais (sobre água) 5.315,00 m² 
TOTAL GERAL 45.075,00 m² 
 
Descrição geral do Empreendimento 
A Agroindústria Pesqueira de Boa Vista terá por finalidade servir de 
entreposto de recepção e comercialização de pescados da região, tendo ainda 
uma área de beneficiamento do produto. Visa fornecer uma alternativa para a 
valorização de pescados a partir da implementação de ações que proporcionem 
segurança sanitária e qualidade superior aos produtos comercializados 
atualmente. 
A infraestrutura prevista para a gestão da Agroindústria compreende um 
cais especialmente projetado para esta finalidade com área total de 5.315m² e 
instalações para o processamento de pescados. 
O processo produtivo inicia pela fase de recepção onde os pescados dão 
entrada na unidade. Na sequência um processo de triagem permitirá a 
segregação dos pescados em categorias, conforme a finalidade específica. 
20 
 
Todos os pescados serão destinados a um processamento primário, o 
qual compreende lavagem, a fim de remover os resíduos e as impurezas 
resultantes do acondicionamento e armazenamento nos barcos de pesca. 
A partir desta fase, parte dos pescados é conduzida diretamente ao 
resfriamento para comercialização in natura, sendo outra parte, direcionada para 
beneficiamento. 
Os pescados encaminhados para a área de beneficiamento estarão 
sujeitos a processamento secundário em área específica para evisceração, 
corte, filetização, embalagem e armazenamento, com área aproximada de 1.400 
m2. 
Figura 2. Fluxograma dos processos previstos para a agroindústria Pesqueira 
de Boa Vista. 
 
 
 
 
Estruturas de apoio serão implementadas para dar suporte ao 
processamento dos pescados, entre estas uma fábrica de gelo que garantirá as 
condições para o resfriamento dos produtos, proporcionando condições 
21 
 
sanitárias adequadas para sua posterior comercialização, além de depósitos, 
estacionamento para veículos de carga e veículos utilitários. 
Serão também disponibilizadas instalações de apoio aos pescadores e 
pessoal lotado nas atividades de processamento, destacando-se um bloco com 
refeitório, vestiários, depósitos e um prédio administrativo com aproximadamente 
900 m2. 
 
Controles Ambientais 
Estruturas de controle ambiental serão também implementadas, 
destacando-se especialmente a Estação de Tratamento de Efluentes Líquidos e 
uma Central para Armazenamento de Resíduos Sólidos. 
São os efluentes líquidos e os resíduos sólidos que se caracterizam como 
os principais aspectos ambientais associados às atividades de processamento 
de pescados. Os efluentes líquidos são gerados na fase de processamento 
primário (lavagem de pescados), no beneficiamento (evisceração, corte e 
filetização), resfriamento, acondicionamento e armazenagem. 
Atividades de limpeza de pisos das áreas de processamento, vestiários, 
sanitários e áreas de trânsito em geral, proporcionam também efluentes a serem 
posteriormente tratados. Os esgotos sanitários, resultantes de pessoal fixo 
lotado nas áreas de processamento e aqueles gerados pela população dita 
flutuante, completam os efluentes líquidos gerados na unidade. 
Quanto aos resíduos sólidos, parte será resultante do processamento 
primário e para sua remoção, serão implementados dispositivos de 
gradeamento. Estes resíduos são pouco significativos em termos de volume e 
apresentam características inorgânicas e orgânicas. 
No processamento secundário serão gerados resíduos em maior 
quantidade e complexidade para seu tratamento, dada sua natureza 
eminentemente orgânica. São resíduos de vísceras, peles, sobras de cortes e 
escamas, que serão também retidos em sistemas de gradeamento a fim de evitar 
que sejam direcionados à Estação de Tratamento de Efluentes. Mesmo com a 
22 
 
segregação entre os resíduos sólidos e os resíduos líquidos do processamento, 
resultam em efluentes com as características orgânicas e com a presença de 
material sólido de pequenas dimensões. 
Em razão dessas características dos efluentes a Estação de Tratamento 
de Efluentes (ETE) compreenderá: 
 Tratamento primário através de gradeamento fino e caixa de retenção de 
areia; 
 Tratamento secundário a partir de processo anaeróbio através de reatores 
de leito fluidizado (UASB); 
 Tratamento terciário a partir de processo aeróbio através de sistema do 
tipo LAB (Lodos Ativado por Batelada). 
Esta unidade de tratamento receberá além dos efluentes do processo, 
todos os outros efluentes líquidos gerados nas atividades diretas e indiretas da 
Agroindústria Pesqueira. 
Os resíduos sólidos gerados, aqueles oriundos do processamento são os 
mais representativos em termos quantitativos, dada as suas características de 
alta capacidade de degradação. Portanto, são estes resíduos que representam 
a maior preocupação em termos de gestão, haja vista a indisponibilidade na 
região de alternativa que permita sua utilização, como componentes alimentares 
do tipo ração ou farinha de peixe. 
Outros resíduos potencialmente gerados compreendem os resíduos 
sanitários, restos de alimentos de refeitório, materiais recicláveis (papel, 
papelão, plásticos diversos), resíduos especiais como óleo usado, embalagens 
contaminadas, lâmpadas queimadas, baterias, lodo de ETE entre outros. Esses 
resíduos serão adequadamente segregados, armazenados na central de 
armazenamento e deverão ser destinados à disposição final adequada, 
conforme a disponibilidade na região de forma a atender à legislação. 
As ações de controle e disposição de resíduos sólidos encontram-se 
previstas no Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos elaborado para a 
Agroindústria Pesqueira de Boa Vista. 
 
23 
 
Infraestrutura de Saneamento 
 Água 
O abastecimento de água na região do empreendimento é realizado pelo 
Sistema de abastecimento de água da CAER na. O consumo de água para o 
empreendimento será provido parte pela companhia de saneamento e parte 
por exploração de águas subterrâneas. 
 Esgoto 
A localidade é desprovida de sistema de esgotamento sanitário coletivo, 
restringindo-se a soluções individualizadas de tratamento. 
 Resíduos Sólidos 
Os serviços de coleta e tratamento de resíduos sólidos domiciliares são 
realizados pela municipalidade, através de empresa terceirizada. Os resíduos 
industriais são coletados por empresas especializadas. 
Um dos limitantes para a destinação de resíduos sólidos compreende a 
indisponibilidade de alternativas tecnicamenteseguras para sua destinação final. 
As soluções regionais passariam pela transferência de resíduos para outros 
estados, resultando em custos significativos ao empreendimento. 
 Drenagem Urbana 
A localidade dispõe de uma estrutura de drenagem pluvial, porém carece 
de serviços de manutenção, o que proporciona acúmulo de resíduos nas caixas 
coletoras e consequentemente o entupimento das linhas de drenagem. Como 
consequência, tem-se situações de alagamento das vias, prejudicando o tráfego 
de veículos e pedestres na localidade. 
 
5.0. ANÁLISES DE ALTERNATIVAS LOCACIONAIS 
Conforme determinado pela Resolução 001, de 23 de janeiro de 1986, do 
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, um dos componentes 
imprescindíveis para o processo de licenciamento ambiental consiste na análise 
de alternativas locacionais para empreendimentos potencialmente 
degradadores. 
24 
 
Assim sendo, este item consiste em uma verificação da viabilidade da adoção 
de áreas alternativas para a implementação da T Agroindústria Pesqueira de Boa 
Vista, objetivando a seleção da localidade cujo impacto seja o mínimo possível. 
Para tanto, foram identificadas áreas potenciais às margens do rio Branco, 
inicialmente através de imagens de satélite, as quais indicaram áreas não 
edificadas, e, posteriormente, efetuou-se visitas de reconhecimento em campo. 
Contudo, em função da proximidade da região com o grande centro urbano de 
Boa Vista, o número de alternativas locacionais para o projeto é bastante 
reduzido. 
Ainda assim, foram identificadas três alternativas locacionais nessa região, 
tratadas como Localidade 1, Localidade 2 e Localidade 3. Para cada uma das 
mesmas, será apresentada seguir uma avaliação sucinta, localização e 
verificação da possibilidade de utilização para o empreendimento. Serão 
apontadas eventuais potencialidades e/ou impedimentos, considerando-se os 
potenciais impactos ambientais decorrentes da implementação da Agroindústria 
Pesqueira de Boa Vista. 
 
 Localidade 1 (2°50'43.73"N 60°38'31.67"O) Situada na margem 
esquerda do rio Branco, esta área apresentou-se como alternativa 
locacional em função da ausência de edificações e ocupação urbana. O 
mesmo terreno, de propriedade particular, no entanto, dispõe de 
significativo remanescente de vegetação, com inúmeros indivíduos 
arbóreos. Há inclusive formações florestais em Área de Preservação 
Permanente (APP). 
 
Pontos favoráveis: ausência de edificações e proximidade com 
avenidas, facilitando a logística e o acesso à área. 
Pontos desfavoráveis: existência de bons remanescentes de Floresta, 
inclusive em Área de Preservação Permanente. 
25 
 
 Localidade 2 ( 2°49'35.90"N 2°49'35.90"N) Também situada na margem 
esquerda do rio Branco, esta área não se encontra ocupada por 
edificações e ocupação urbana, estando – assim como a localidade 
anterior. Ao longo deste corpo, encontra-se vegetação florestal 
remanescente, com significativa qualidade ambiental. 
Pontos favoráveis: ausência de edificações e proximidade com rodovia. 
Pontos desfavoráveis: existência de bons remanescentes de Floresta, 
inclusive em Área de Preservação Permanente. 
 Localidade 3 (2°48'41.11"N 60°40'12.08"O) Área delimitada entre o entre 
o rio Branco e a Avenina Sebastião Diniz. Destaca-se a condição 
antrópica da área, vegetação nos primeiros estágios sucessionais e Solo 
parcialmente impermeabilizado. 
Pontos favoráveis: terreno de domínio da União, degradado por uso 
anterior. Inexistem fragmentos significativos de vegetação nativa. 
Pontos desfavoráveis: potencial existência de passivo ambiental devido 
ao uso anterior. 
Frente às observações anteriormente apresentadas, verifica-se que a 
Localidade 3 representa a melhor opção locacional ao empreendimento. As duas 
primeiras alternativas dispõem de remanescentes de vegetação nativa em 
melhor estado de conservação, quando comparadas à Localidade 3. Essa última 
dispõe de áreas altamente antropizadas. 
O terreno da Localidade 3 conta com a vantagem de ser área de domínio 
público, não sendo necessário sua desapropriação e indenização. O acesso ao 
terreno é facilitado, tanto pela via terrestre quanto pela fluvial. Tal fato consiste 
em diferencial para sua seleção para implantação da Agroindústria Pesqueira de 
Boa Vista. 
 
26 
 
Figura 3. Alternativas locacionais avaliadas para a implementação da 
Agroindustria Pesqueira de Boa Vista . 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Google Earth, 2019 
Frente às observações anteriormente apresentadas, verifica-se que a 
Localidade 3 representa a melhor opção locacional ao empreendimento. As duas 
primeiras alternativas dispõem de remanescentes de vegetação nativa em 
melhor estado de conservação, quando comparadas à Localidade 3. Essa última 
dispõe de áreas altamente antropizadas, também situadas próximas à BR 174. 
O terreno da Localidade 3 conta com a vantagem de ser área de domínio 
público, não sendo necessário sua desapropriação e indenização. Ainda, em 
função de dispor de infra-estruras para a construção do empreendimento, o 
acesso ao terreno é facilitado, pela via terrestre. Tal fato consiste em diferencial 
para sua seleção para implantação do empreendimento Agroindústria Pesqueira 
de Boa Vista. 
 
6.0. ASPECTOS JURÍDICOS 
Na tentativa de implantar e utilizar efetivamente os instrumentos dispostos 
na Política Nacional do Meio Ambiente, a qual visa conciliar o bem estar e o 
desenvolvimento humano com a preservação do ambiente natural, inúmeras têm 
sido as normas jurídicas brasileiras que visam tal fim. Sendo assim, o Brasil 
assumiu o compromisso legal de proteger e assegurar a manutenção dos 
diversos ecossistemas que abrange, bem como respeitar todas as formas de 
A B C 
27 
 
vida existentes, independente de suas potencialidades para a humanidade. Para 
tanto, desde 1981, quando a Federação instituiu a Política Nacional de Meio 
Ambiente, o país tem elaborado uma extensa legislação ambiental, bem como 
criado e capacitado diversos órgãos e instituições responsáveis pela proteção e 
fiscalização dos ambientes naturais. 
A legislação ambiental brasileira, para atingir seus objetivos de 
preservação, criou direitos e deveres para todos os cidadãos, instrumentos de 
conservação do meio ambiente, normas de uso dos diversos ecossistemas, 
normas para disciplinar atividades relacionadas à exploração e utilização dos 
recursos ambientais e ainda implantar diversos tipos de áreas protegidas. 
Como legislação ambiental entenda-se aqui o conjunto de normas 
jurídicas, leis, decretos, resoluções, portarias, medidas provisórias e outras que 
estabelecem as ações necessárias à execução da política para o meio ambiente. 
Ressalta-se o enquadramento do ser humano, cidadão, como pertencente ao 
ambiente natural, tendo este amparo legal e obrigações para com a natureza. 
Dentre os direitos básicos humanos destaca-se o direito à vida, bem como o 
direito a um ambiente natural saudável, visto que este ser corresponde a mais 
uma espécie viva no planeta. Sendo assim, a legislação é postulada, ou seja, 
estabelecida para ordenar os variados assuntos de interesse comum da 
sociedade. 
De modo mais específico ainda, no que tange à legislação ambiental 
brasileira, esta é composta por numerosas leis (federais, estaduais e municipais) 
relativamente novas. O Direito brasileiro, nos últimos trinta anos, tem 
acrescentado novas concepções sobre a apropriação e uso dos bens naturais. 
Ainda, nos últimos anos tem se constatado um relevante fortalecimento da 
legislação ambiental brasileira, com um número cada vez maior de profissionais 
fazendo uso deste instrumento. Em contrapartida, também, crescem as ameaças 
ao patrimônio ambiental brasileiro, inchando a lista de espécies e ambientes 
sujeitos às alterações antrópicas. Neste contexto é que passam a atuar o 
Ministério do Meio Ambiente (MMA), máximo órgão legal de proteção e 
regulamentação do ambientenatural brasileiro, bem como instituições 
vinculadas, como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e o 
28 
 
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 
(IBAMA). 
Em síntese, a questão ambiental passou a ter tratamento especifico e 
abrangente na constituição, a qual atribuiu ao Poder Público a responsabilidade 
pela defesa e preservação do meio ambiente. Tal fato significa dizer que a 
administração pública responsável passou a ter obrigações constitucionais na 
manutenção do equilíbrio ecológico. 
A forma de atuação dos estados e municípios passou - então - a abranger, 
necessariamente, o exercício efetivo de suas competências, seja protegendo o 
meio ambiente e combatendo a poluição, a fauna ou estabelecendo legislação 
de interesse. 
Dentre esta legislação, para o presente documento, destaca-se – em 
função de seu caráter - aquela que faz referência ao processo de licenciamento 
ambiental. Ou seja, aquela que concede licença legal para empreendimentos 
potencialmente causadores de degradação ou impacto ambiental. 
Um dos mais importantes passos no processo de licenciamento ambiental 
foi à obrigatoriedade de estudos ambientais pertinentes, os quais avaliam os 
danos causados sobre o ambiente e a população de uma determinada área. 
Dentre a legislação que discorre sobre a obrigatoriedade ou não de estudos 
ambientais, cita-se a Resolução do CONAMA 001/1986, a qual apresenta os 
parâmetros e definições para a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e 
respectivo Relatório de Impacto Ambiental: dispõe sobre o EIA/RIMA. Aqui, 
destaca-se tal estudo em função da necessidade do mesmo para a viabilização 
do processo de licenciamento ambiental do empreendimento Macunaíma 
Piscicultura no município de Boa Vista, Roraima. 
A implementação do empreendimento Agroindústria Pesqueira de Boa 
Vista, Roraima será objeto de um processo de licenciamento ambiental a ser 
conduzido pela Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de 
Roraima - FEMARH, devido ao seu porte e influência regional. 
29 
 
Em consulta prévia realizada junto a esse órgão, confirmou-se a 
necessidade de elaboração do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental – EIA-
RIMA, para apresentação quando do requerimento da Licença Prévia. 
Após a análise desse estudo, em continuidade ao referido processo de 
licenciamento ambiental do empreendimento, outras exigências ou documentos 
poderão ser solicitados ao empreendedor, ouvidas as partes interessadas 
conforme a legislação vigente. 
 
7.0. MEIO FÍSICO 
7.1. COMPONENTE RELEVO 
A área em que se encontra o município de Boa Vista, está localizado no 
que é chamado de Planalto das Guianas que podem ser o Planalto Sedimentar 
Roraima e o Planalto do Interflúvio Amazonas. Somado a isso, a Superfície de 
Aplainamento do rio Branco com altitudes que variam de 80 à 115m. Na região 
está presente relevos dos mais variados, que podem ser planos, relevos 
residuais, pequenas ondulações e depressões incipientes. (HOLANDA org., 
2014). 
A região de Boa Vista, em termos geomorfológicos, encontra-se em meio 
ao bioma amazônico, denominadas áreas de savana que são formados uma 
extensa superfície aplainada com suaves colinas, tabuleiros entremeadas de 
depressões, buritizais e manchas esparsas de floresta, como ilhas. Define-se 
savana amazônica formações abertas, não florestais. (VALE JUNIOR; 
SCHAEFER, 2010). 
Na área diretamente afetada se encontra é de domínio savânico, área de 
depressões devido ao curso do rio Branco (VALE JUNIOR; SCHAEFER, 2010), 
resta alguns indivíduos da mata ciliar original, de vegetação variada, nas 
proximidades do empreendimento. 
 
30 
 
7.2. ASPECTOS GEOLÓGICOS 
A área onde se encontra a cidade de Boa Vista está situada em posição 
geográfica, às margens do rio Branco. Encontra-se na Formação Boa Vista na 
unidade dos Patamares e Tabuleiros Sedimentares Terciário-Quartenários do 
Baixo Uraricoera, Tacutu e Rio Branco. Formada por de arenitos 
conglomeráticos e grauvacas, onde estão em avançado estado de alteração 
promovida pelo intemperismo. A sedimentação corresponde a leque aluvial 
médio e distal. Como visto na Figura 4, este possui uma vasta distribuição. 
(RIKER, 2005). As mesmas condições são encontradas na região de instalação 
do empreendimento. 
 
31 
 
 
 
 
Figura 4. Mapa Geológico da área estudada (RIKER, p. 25, 2005). 
32 
 
Solos de Roraima são bastante variados, de maioria coesa. Solos 
próximos a calhas dos rios Branco, Uraricoera, Tacutu, Surumu, Caumé e 
Mucajaí são de maioria NEOSSOLOS FLÚVICOS com formação derivada de 
sedimentos fluviais do Haloceno. Mas estes são comuns nas margens dos rios 
e igarapés da região, onde no período chuvoso ficam totalmente submersos, que 
é uma característica de extrema significância para esse tipo de solo. (VALE 
JUNIOR; SCHAEFER, 2010). 
Outra classe de solo presente na região de importância para o 
empreendimento do qual o empreendimento será instalado é o PLINTOSSOLO 
PÉTRICO, é originado de sedimentos pré-inteprizados argilo-arenosa, onde tem 
como característica morfológica uma profundidade em torno de 1,60 m, 
moderadamente drenado e com riscos de erosão laminar. Também é possível 
observar a presença de petroplintita. (BENEDETTI, 2007). 
 
7.3. HIDROGRAFIA 
A bacia hidrográfica do município Boa Vista está inserida é denominada 
de bacia do Rio Branco com os rios Branco, Cauamé, Tacutu, Uraricoera e 
Amajarí. É a única fonte de água para abastecimento da população. Estes rios 
funcionam como drenos das regiões de planície. A drenagem é do tipo dendrítica 
com alto potencial. É comum não ver cursos de água por grandes extensões, 
mas é comum a presença de lagoas fechadas e interligadas, e estas por sua vez 
são responsável pela mantença de lençóis freáticos da região, mantendo assim 
o equilíbrio da bacia. (VALE JUNIOR; SCHAEFER, 2010). 
No local onde será instalado o empreendimento a água será fornecida 
através de tubulações pela companhia de tratamento de água da região. O único 
recurso hídrico, além dos lençóis freáticos presentes nas proximidades é o rio 
Branco e assim como os demais não serão afetados devido a rede de esgoto 
presente no estabelecimento. 
 
33 
 
7.4. CLIMA 
De acordo com a classificação de Köppen (in: IBGE, 1977), a região é Aw, 
de domínio Tropical Chuvoso, quente e úmido, com período seco nítido. Com 
temperatura média entorno de 25°C e a precipitação fica em torno de 1.350 a 
1.920 mm com distribuição irregular, com dois períodos distintos (chuvoso e 
seco). 
A umidade relativa do ar varia de 70 a 80%, os períodos chuvosos variam 
dos meses de abril a setembro, onde esta concentrado os maiores índices 
pluviométricos cerca de 70% do total de chuva em um ano. 
Somado a isso no município de Boa Vista, após pesquisas de Rego et al. 
(2000), pode estabelecer informações específicas para a região como 
temperatura que varia entre 26 a 28,6°C e a precipitação pluviométrica que varia 
entre 1.500 a 2.000mm, com distribuição irregular com dois períodos distintos: 
seco e chuvoso, assim como na maioria do Estado, com os maiores índices entre 
os meses de maio a agosto concentrando cerca de 70% do total de chuva anual 
e o período seco de setembro a março. 
Tabela 6. Características climáticas para a cidade de Boa Vista, Estado de 
Roraima (REGO et al., p.9, 2000). 
8.0. IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA 
34 
 
A delimitação das áreas de influência de um determinado projeto é um 
dos requisitos legais (Resolução CONAMA 01/86) para avaliação de impactos 
ambientais, constituindo-se em fator de grande importância para o 
direcionamento da coleta de dados, voltada para o diagnóstico ambiental. 
As áreas de influência são aquelas afetadas direta ou indiretamente pelos 
impactos, positivos ou negativos, decorrentes do empreendimento, durante suas 
fases de implantação e operação. Estas áreas normalmenteassumem tamanhos 
diferenciados, dependendo da variável considerada (meios físico, biótico ou 
antrópico). 
 
Classicamente, são utilizados os conceitos de: 
A Área Diretamente Afetada (ADA): corresponde à porção territorial do 
projeto sujeita à interferência direta das atividades de implantação e operação 
do empreendimento sobre os diversos componentes; 
Área de Influência Direta (AID): como sendo aquele território onde as 
relações sociais, econômicas, culturais e os aspectos físico-biológicos sofrem os 
impactos de maneira primária, tendo suas características alteradas, ou seja, há 
uma relação direta de causa e efeito; 
Área de Influência Indireta (AII): corresponde à região geográfica real ou 
potencialmente afetada pelos impactos indiretos do planejamento, sua 
implantação, operação e/ou desativação do empreendimento, cuja abrangência 
tem âmbito regional, com base na distribuição dos atributos fisiográficos 
presentes na área do empreendimento. 
Para o empreendimento em questão, que consiste na implantação de uma 
Agroindústria Pesqueira em Boa Vista-RR, as áreas de influência direta e indireta 
foram definidas identificando-se as ações resultantes da implantação e operação 
do Empreendimento sobre os recursos naturais (recursos hídricos interiores, 
recursos atmosféricos, flora e fauna terrestre) e os aspectos socioeconômicos 
(população atingida, vias de acesso, transporte de materiais e equipamentos, 
35 
 
infra-estrutura urbana social, absorção de mão-de-obra, economia 
local/regional). 
 
8.1. MEIO FÍSICO 
Para a delimitação das áreas de influência da Agroindústria Pesqueira de 
Boa Vista-RR no que concerne ao meio físico, foram determinados alguns 
critérios relativos às características físicas do ambiente e às características do 
empreendimento. 
Área Diretamente Afetada (ADA): essa área de influência abrange o 
espaço onde está prevista a implantação da Agroindústria Pesqueira, ou seja, o 
espaço que conterá as edificações, os atracadouros dos barcos, a área a sofrer 
dragagem e o local de deposição do material resultante da dragagem; 
Área de Influência Direta (AID): considerou-se como área de influência 
direta a distância de 500 metros de raio no entorno da área de influência direta; 
Área de Influência Indireta (AII): como área de influência regional 
considerou-se uma extensão de três (3) quilômetros de raio a partir da área de 
influência direta. 
Na fase de implantação, as emissões atmosféricas apresentam baixa 
potencialidade de se dispersarem além da área de construção do 
empreendimento, havendo possibilidade de pequeno acréscimo nas 
concentrações de PTS, PM10 e SO2, que deverão ser os poluentes emitidos 
como resultado das intervenções no solo e nas movimentações de veículos, 
máquinas e equipamentos. 
Os potenciais efeitos adversos mais significativos e com maior área de 
abrangência, concernentes às emissões atmosféricas decorrentes do projeto, 
dizem respeito à alteração da qualidade do ar em consequência da operação 
das máquinas. 
Com respeito à abrangência de ruído, considerando os resultados das 
medições existentes e as especificações dos equipamentos a serem 
36 
 
implantados no presente projeto e que serão novas fontes de ruídos, definiu-se 
como área de influência direta a área interna do empreendimento. 
Com relação aos recursos hídricos, a Resolução CONAMA 01/86 indica 
considerar a bacia hidrográfica. Desta forma foi considerada como área de 
influência indireta, a bacia hidrográfica do rio branco por ter eventual potencial 
para sofrer reflexos da implantação do empreendimento. Ainda, devido a sua 
proximidade, foram considerados alguns córregos. 
Para os demais aspectos do meio físico não se justifica a delimitação de 
uma Área de Influência Indireta, visto que as áreas previstas para alterações e 
impactos já foram inclusas na AID. 
 
8.2. MEIO BIÓTICO 
A delimitação das áreas de influência do empreendimento relativo ao meio 
biótico considerou a qualidade ambiental da região e as características do 
empreendimento, sendo estabelecidas conforme apresentado abaixo. 
Área Diretamente Afetada (ADA): essa área de influência abrange o 
espaço onde está prevista a implantação da Agroindústria Pesqueira 
propriamente dita, ou seja, o espaço que conterá as edificações e os 
atracadouros dos barcos; 
Área de Influência Direta (AID): consideraram-se como área de influência 
direta 500 metros de raio no entorno da área de influência direta; 
Área de Influência Indireta (AII): como área de influência regional 
considerou-se uma extensão de três (3) quilômetros de raio a partir da área de 
influência indireta. Para a fauna aquática consideram-se os peixes e alguns 
outros organismos encontrados no rio. 
Para o meio biótico, a cobertura vegetal e fauna terrestre, exceto para 
mamíferos, consideraram-se como Área de Influência Direta as áreas previstas 
para a implantação do projeto, bem como 100m no seu entorno imediato, pois 
37 
 
será a área com previsão de supressão vegetal, trânsito de máquinas e 
equipamentos, circulação de pessoas, etc. 
Para a fauna de mamíferos, considera-se a área transitada por alguns 
animais domesticados como cachorros. Existe também a presença de algumas 
aves. 
Para os ecossistemas aquáticos, a área de influência direta coincide com 
a área de influência indireta dos recursos hídricos interiores, isto é, o próprio rio 
Branco. 
8.3. MEIO ANTRÓPICO 
Componente Social 
Área Diretamente Afetada (ADA): área receptora e redistribuidora, referida neste 
texto como a área de instalação do projeto de Agroindústria Pesqueira – a região 
Caetano Filho, do Bairro Calungá (beiral). 
Área de Influência Direta (AID): corresponde à área de Boa Vista. 
Área de Influência Indireta (AII): corresponde às áreas pesqueiras que estão fora 
de Boa Vista. 
Componente Econômico 
 
38 
 
 
As áreas de influência para o componente econômico encontram-se indicadas 
no ANEXO 01: 
Anexo 01. Diagrama de limite de influência da Agroindústria Pesqueira de Boa 
Vista. 
Área Diretamente Afetada (ADA): compreende a área destinada à 
implantação da Agroindústria Pesqueira propriamente dita; 
Área de Influência Direta (AID): pela inserção territorial do projeto, o 
estado de Roraima está sendo classificado como área de influência direta, haja 
vista localizar-se ali o empreendimento em pauta; 
 
9.0. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA 
9.1. MEIO BIÓTICO 
9.1.1. Flora 
Considerações Gerais 
Em função da forte correlação existente entre os diversos grupos 
biológicos e a vegetação, a composição das espécies de plantas de uma 
determinada área é de fundamental relevância para compreender a dinâmica do 
ambiente. A forma com que essas se apresentam em uma área, com seus 
diversificados hábitos, em muito modifica a paisagem, possibilitando inúmeras 
fisionomias distintas. De modo especial para a grande formação Amazônica, em 
função de seu destaque e relevância para a conservação da biodiversidade, o 
estudo do componente florístico de áreas sujeitas a impactos potenciais é 
39 
 
indispensável em qualquer processo licitatório. Sendo assim, o presente item 
deste Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) irá apresentar - de modo sucinto - 
os resultados obtidos no diagnóstico ambiental da área de implantação do 
Macunaíma Psicultura, bem como sua área de influência, referente à flora 
remanescente. 
O conjunto de espécies de plantas encontradas no terreno, aqui 
designadas como fitocomunidades, foi predominantemente representado por 
espécies pioneiras, de ocupação inicial, frequentemente encontradas em 
terrenos abandonados. A grande maioria dos indivíduos encontrados foram 
herbáceos (ervas) e arbustivos (arbustos), sendo encontrado um número restrito 
de espécies arbóreas (árvores). 
 
Objetivos 
Frente à caracterização das fitocomunidades existentes no interior de Boa 
Vista, bem como às disposiçõesexigidas pela legislação referente ao 
licenciamento ambiental de obras potencialmente causadoras de impactos 
ambientais, os seguintes objetivos foram pré-estabelecidos: 
- caracterizar a vegetação eventualmente existente na área destinada ao 
empreendimento, bem como sua área de entorno; 
- identificar as diferentes fisionomias vegetacionais existentes na área 
diretamente afetada pelo empreendimento; 
- apresentar uma lista de espécies de plantas identificadas no terreno, indicando 
espécies chaves, de interesse ou potencialmente indicadoras da qualidade 
ambiental; 
- avaliar os eventuais impactos (diretos e indiretos) sobre a vegetação, 
decorrentes da implantação e operação da Agroindústria Pesqueira de Boa 
Vista; 
- uma vez identificados os impactos, propor medidas para a mitigação dos 
mesmos, visando minimizar os danos sobre a vegetação existente. 
40 
 
Metodologia Aplicada 
No intuito de atender plenamente aos objetivos anteriormente elencados, 
para a realização do diagnóstico ambiental fez-se uso de duas metodologias 
complementares, sendo uma baseada na obtenção de dados secundários, 
atualmente existentes em ampla bibliografia, bem como em dinâmica de 
reconhecimento em campo. 
Revisão Bibliográfica 
Foram consultados documentos de caráter técnico-científico, referentes à 
área de abrangência, de modo mais específico as espécies e formações vegetais 
ocorrentes na região de Boa Vista. Foram consultados arquivos tanto impressos 
quanto digitais, como artigos, periódicos, monografias, teses, dissertações e 
demais documentos pertinentes, não referentes somente à flora local, mas sim 
a toda diversidade biológica e de ambientes da região. 
Reconhecimento de Campo 
O trabalho de reconhecimento de campo consistiu em percorrer as áreas 
do terreno, seu entorno e as alternativas locacionais, visando avaliar o estado de 
conservação, formações ecológicas existentes e demais particularidades. 
Na tentativa de caracterizar a vegetação existente na área prevista para 
instalação do projeto, foi realizada uma coleta botânica, verficando-se os tipos 
de vegetação existentes, bem como seus estágios sucessionais. O material 
botânico foi identificado, quando possível em campo ou com apoio de consulta 
a museus e herbários especializados. A identificação objetivou o reconhecimento 
do material coletado ao nível de espécie. No entanto, na impossibilidade de fazê-
lo, o material botânico foi identificado ao menor nível possível. 
Compilação de dados e elaboração de listagens de espécies 
A partir das informações obtidas em campo, com auxílio da bibliografia 
pertinente, foram apontadas as espécies ocorrentes na área diretamente afetada 
pelo projeto, bem como seus estágios sucessionais. Desse modo foi possível 
elaborar uma listagem das espécies encontradas, bem como a relativa 
importância das mesmas na caracterização do atual estado de conservação da 
41 
 
área. De posse desta lista, foram feitas inferências sobre os eventuais impactos 
do empreendimento, em suas diversas etapas, sobre a vegetação local. 
As espécies de plantas identificadas para a área do empreendimento 
previsto foram: Mangifera indica, Ageratum conyzoides, Baccharis trimera, 
Bidens alba, Chaptalia sp., Elephantopus mollis, Emilia fosbergii, Cleome 
spinosa, Senna hirsuta, Commelina sp., Cyperus sp., Cyperus luzulae, 
Rhynchospora corymbosa, Scleria melaleuca, Croton sp., Ricinus communis, 
Desmodium sp., Zornia reticulata, Hyptis atrorubens, Andropogon 
leucostachyus, Brachiaria sp., Hymenachne amplexicaulis, Paspalum sp., 
Pontederia rotundifolia, Talium paniculatum, Thelypteris dentata, Cecropia 
pachystachya. 
Resultados 
A vegetação original há muito foi removida, restando apenas alguns 
exemplares arbóreos isolados. 
Fisionomia 
A vegetação local, encontra-se nos primeiros estágios da sucessão 
ecológica. Para muitos ecólogos, poderia ser classificada como vegetação 
secundária. Inexiste uma situação climáxica. Representada pelo predomínio de 
indivíduos herbáceos, arbustivos e alguns elementos arbóreos isolados. 
Estrutura 
A inexpressiva presença de indivíduos arbóreos acarreta em uma 
condição de ausência de estrato superior, dossel e, até mesmo, de um estrato 
mediano. A maior parte do terreno assemelha-se a um “campo”, onde 
predominam espécies pioneiras, graminóides, de sucessão inicial. Destaca-se a 
existência apenas de um estrato baixo, predominantemente herbáceo, com 
elementos arbóreos esparsos. 
 
42 
 
Composição Florística 
Por tratar-se de uma área altamente impactada, sujeita ao constante 
processo de antropização, a diversidade florística existente no terreno tende a 
ser baixa. As espécies de ocupação inicial, mais tolerantes com relação às 
condições do terreno, passam a dominar a paisagem, ampliando sua 
distribuição. Sendo assim, há o predomínio de algumas poucas espécies, 
fazendo com que a diversidade local seja baixa. 
 
9.1.2. Fauna Terrestre 
9.1.2.1. Mastofauna 
O Brasil é um dos países com maior diversidade do planeta, abrigando 
entre 10 a 20% do número de espécies conhecidas pela ciência, e cerca de 30% 
das florestas tropicais do mundo (MMA, 1998). Possui a maior riqueza de 
mamíferos em toda a região Neotropica, totalizando 524 espécies. Este total 
representa cerca de 13% de todos os mamíferos do mundo. O grau de 
endemismos (espécies que não são encontradas em nenhum outro lugar do 
mundo) dos mamíferos brasileiros é também bastante alto, tendo como destaque 
os primatas, dos quais aproximadamente 50% estão restritos aos ecossistemas 
dos biomas brasileiros (Fonseca et al., 1996). 
A lista de mamíferos vem aumentando com a intensificação de trabalhos 
em áreas antes desguarnecidas, e também pelas descrições de espécies novas, 
correções de distribuições geográficas e revalidação de táxons. No entanto, 
ainda há uma lacuna enorme de conhecimento sobre os mamíferos do Bioma 
Amazônia (Silva et al., 2004). 
A Amazônia é o maior bioma brasileiro em extensão e ocupa quase 
metade do território nacional (49,29%). Sessenta por cento da bacia amazônica 
se encontra em território brasileiro, onde o Bioma Amazônia ocupa a totalidade 
de cinco unidades da federação (Pará, Acre, Amapá, Amazonas e Roraima) 
(IBGE, 2004). Detentora de uma grande biodiversidade faunística e florística, a 
floresta amazônica também se expressa por seus distintos ecossistemas: 
florestas densas de terra firme, florestas estacionais, florestas de igapó, campos 
43 
 
alagados, várzeas, savanas, refúgios montanhosos e formações pioneiras 
(MMA/PROBIO, 2006). 
Segundo Silva et al. (2004) atualmente existe uma estimativa de 311 
espécies de mamíferos registrados para a Amazônia, destas, 22 espécies são 
de marsupiais (mucuras e cuícas), 11 de edentatos (tamanduás e tatus), 124 de 
morcegos, 57 de primatas (macacos), 16 de carnívoros (gatos, cachorros, lontra 
e guaxinim), 2 de cetáceos (golfinhos e baleias), 5 de ungulados (anta, caititu e 
veados), 1 sirenio (peixe-boi), 72 roedores (ratos, esquilos, cutias e pacas) e 1 
lagomorfo (coelho). 
O estudo da mastofauna para a implantação do Agroindústria Pesqueira 
em Boa Vista consistiu de levantamentos secundários (bibliografias) e uma 
avaliação de hábitats realizada na área do empreendimento. 
De acordo com os vestígios encontrados e a literatura relacionada, a 
fauna de mamíferos está representada por apenas 3 ordens: Didelphimorphia 
(mucuras e cuícas), Chiroptera (morcegos) e Rodentia (ratos, esquilos, cutias, 
capivaras e pacas). Dentro destas, estão distribuídas 4 famílias e 9 espécies. 
 
Tabela 7. Espécies estimadas para o Macunaíma Piscicultura. 
Nome Comum Nome Científico 
- ORDEM DIDELPHIMORPHIA 
- Família Didelphidae 
Mucura Didelphis marsupialis 
- ORDEM CHIROPTERA 
- Família Phyllostomidae 
Morcego-vampiro Desmodus rotundus 
Morcego Artibeus lituratus 
Morcego Artibeus obscuros 
Morcego Artibeus jamaicensisMorcego Carollia perspicillata 
- Família Noctilionidae 
Morcego Noctilio leporinus 
44 
 
Morcego Noctilio albiventris 
- ORDEM RODENTIA 
- Família Muridae 
Rato-do-mato Oryzomys sp. 
- Família Caviidae 
Capivara Hidrochoerinae hydrochoerus 
 
A estimativa da ocorrência de 9 espécies na área estudada representa 
apenas aproximadamente 3% dos mamíferos que ocorrem no Bioma Amazônia 
(Silva et al., 2004). Esta baixa riqueza em espécies é esperada para a área 
analisada, devido às condições atuais de intensa descaracterização dos 
ecossistemas originais, as quais têm consequências diretas na alteração da 
composição mastofaunística original da região e dos processos atuantes sobre 
a mesma, refletindo-se em última instância na baixa riqueza relacionada. 
As espécies relacionadas são as que possuem ampla plasticidade, ou 
seja, possuem ampla distribuição e se adaptam a condições mais alteradas do 
ambiente, sendo normalmente mais abundantes. 
Na área do empreendimento a floresta original não existe mais, o que 
promoveu a descaracterização completa do hábitat. Como mencionado 
anteriormente, este ambiente depauperado reflete a baixa riqueza em espécies 
comparando-se ao valor de diversidade biológica encontrada em áreas mais 
conservadas da floresta amazônica. 
Foram consultadas as listas de espécies ameaçadas da fauna 
regionalmente (SEMA/MPEG/CI-BRASIL, 2007), nacionalmente (Machado et al., 
2005) e globalmente (IUCN, 2007). Sendo que no presente estudo não foram 
registradas espécies de mamíferos ameaçados de extinção. 
Os impactos negativos provocados pelo empreendimento sobre a 
mastofauna, durante as fases de implantação do empreendimento estão 
relacionados à perda de hábitat, geração de estresse sobre a mastofauna e 
alteração dos hábitats devido a contaminação do solo e de recursos hídricos. Já 
na fase de operação do empreendimento os impactos estão relacionados à 
45 
 
proliferação de espécies exóticas devido à disposição inadequada de resíduos. 
Na fase de desativação do empreendimento não há previsão de impactos. 
A maioria dos impactos gerados pelo empreendimento sobre os 
mamíferos podem ser associados à medidas mitigadoras, sendo não-mitigável 
apenas o impacto provocado pela perda de hábitat na fase de implantação. 
 
9.1.2.2. Avifauna 
Os resultados do diagnóstico realizado em relação as aves (avifauna) da 
área de influência do projeto são aqui apresentados. A composição da avifauna 
está diretamente ligada às características ambientais de determinada área, 
sendo que a diversidade de espécies varia de acordo com seu estado de 
conservação (Almeida, 1986). 
Para a área de influência de implantação da Agroindústria Pesqueira em 
Boa Vista, a atual configuração ambiental é a condicionadora da diversidade de 
espécies presentes. Em vista da intensa alteração que o avanço da urbanização 
gerou aos ambientes primitivos, a quantidade de espécies da avifauna original 
que ainda persiste é relativamente baixa. A supressão da cobertura vegetal 
primitiva provocou uma série de impactos sobre a avifauna autóctone, 
culminando com a erradicação de muitas espécies que outrora habitavam a área, 
sendo essas substituídas por espécies oportunistas e sinantrópicas, mais 
comuns a ambientes alterados, como é o caso do urbano. 
Para a realização do presente estudo, toda a área de influência do projeto foi 
visitada durante campanha de campo, o que permitiu a caracterização da 
avifauna presente e a indicação das espécies de maior probabilidade de 
ocorrência considerando-se os conhecimentos existentes das preferências 
ambientais e distribuição geográfica da maioria das espécies que compõe a 
avifauna brasileira. 
 
46 
 
Objetivos 
Os objetivos do presente diagnóstico consistiram de: 
• descrever a atual situação ambiental da área de influência do projeto; 
• caracterizar a avifauna de ocorrência para a área do projeto com base na 
situação ambiental registrada; 
• avaliar os impactos que serão gerados a avifauna pela implantação do projeto; 
• propor medidas mitigadoras em relação aos impactos a serem provocados; 
• apresentar programas de monitoramento. 
 
Metodologia Aplicada 
A metodologia aplicada para a obtenção de dados para caracterização da 
avifauna e análise de impactos sobre esse grupo animal constou de: 
- revisão bibliográfica: onde foram obtidos dados secundários que subsidiaram a 
elaboração do diagnóstico referente à composição da avifauna local, 
- caminhada pelo campo: efetuou o reconhecimento da área de influência do 
projeto do Macunaíma Piscicultura e adjacências. Além disso, a obtenção de 
dados primários, ou seja, de registros de espécies em campo através de técnicas 
usualmente utilizadas em estudos ornitológicos, constando essas técnicas de 
observação direta e reconhecimento auditivo de espécies enquanto eram feitos 
percursos aos diferentes ambientes presentes na área. 
Com base nos resultados fez-se a análise dos impactos ambientais a serem 
gerados para a avifauna e a indicação de medidas de mitigação. 
 
Resultados 
A área de abrangência do projeto encontra-se inserida na seção ecológica 
(macro-região) da Floresta Pluvial Amazônica (Sick, 1997), considerado um dos 
sistemas ambientais mais complexos em diversidade de vida do planeta. Para o 
47 
 
mesmo autor, não existe outro lugar no mundo com quantidade de espécies de 
aves tão expressiva, muitas das quais, endêmicas dessa região fitoecológica. 
No entanto, o fato da cidade de Boa Vista ter registrado um rápido 
crescimento nos últimos anos, fez com que os ambientes naturais sofressem 
severas alterações, com a vegetação sendo suprimida para dar lugar à 
urbanização. Isso provocou o desaparecimento local de várias espécies, em 
especial, daquelas dependentes de habitats naturais específicos ou com hábitos 
alimentares e reprodutivos restritos. Embora os impactos gerados pela 
urbanização tenham sido adversos para muitas espécies, algumas, no entanto, 
conseguiram se adaptar as novas condições ambientais oriundas da ação 
antrópica, demonstrando com isso, uma aptidão de sobrevivência em espaços 
alterados. 
Quanto à área de influência do projeto (diretamente afetada, de influência 
direta e de influência indireta) essa se apresenta bastante desfigurada em 
relação à paisagem primitiva. Por esse motivo, como já relatado anteriormente, 
a redução de espécies e populações da avifauna original foi grande, afetando 
principalmente espécies dependentes de habitantes florestais com condições 
ecológicas primitivas, e também, de espécies que necessitam de grandes 
extensões para formação de seu território. 
A atual situação ambiental da área favorece apenas a espécies 
sinantrópicas e generalistas, que se adaptam melhores a áreas antropizadas, 
onde se incluem os centros urbanos. Espécies mais exigentes a ambientes 
florestais podem ocorrer apenas nos esparsos e reduzidos fragmentos de 
floresta presentes na área de influência indireta, os quais também já se 
encontram alterados. 
Das três áreas de influência definidas, a área diretamente afetada (ADA) 
é a que se encontra mais desfigurada em relação à cobertura vegetacional 
primitiva. A vegetação foi praticamente toda suprimida, sendo substituída por 
gramíneas (estágio de sucessão secundária inicial). A diversidade de espécies 
que habita essa área é muito baixa, além do que, compõe-se de elementos 
adaptados a áreas abertas e urbanizadas. 
48 
 
Dentre as poucas espécies registradas para essa área são exemplos: 
Coragyps atratus (urubu-comum), Vanelus chilensis (quero-quero), Columbina 
talpacoti (rolinha), Troglodytes musculus (corruíra), Pitangus sulphuratus (bem-
te-vi), Volatinia jacarina (tiziu) e Astrilda astrild (bico-de-lacre), Guira guira (anu-
branco), Crotophaga ani (anu-preto), Tyrannus savana (tesourinha) e Progne 
chalybea (andorinha-grande). Brotogeris versicolurus (periquito-de-asa-branca), 
Amazilia sp.(beija-flor), Tachyphonus surinamus (pipira-daguiana), Tyranus 
melancholicus (suiriri), Turdus rufiventris (sabiá-laranjeira), Parula pitiayumi 
(mariquita). Às margens do rio Guamá em praias formadas pelo recuo da maré, 
as espécies Charadrius semipalmatus (batuira-de-bando), Tringa solitaria 
(maçarico-solitário), Calidris sp. (maçarico), Egretta thula (garça-branca-
pequena), Egretta alba (garça-branca-grande) e Tachycineta albiventer 
(andorinha-de-rio). 
A área de influência direta (AID) é ambientalmente similar à diretamente 
afetada, contando, no entanto, com pequenas manchas florestais de maior 
tamanho. Assim sendo, pode-se considerar que a composição de espécies entre 
essas duas áreas é aparentemente semelhante. Os registros de espécies em 
campo nessa área foram poucos, sendo que as registradas são comumente 
encontradas em ambientes urbanos. A falta de uma vegetação arbórea contínua 
somada ao tráfego contínuo de veículos e a presença constante de pessoas 
afugenta espécies não adaptadas às áreas urbanas. Nessa área de influência 
foram registradas dentre outras espécies as seguintes: Patagioenas plumbea 
(pombaamargosa), Eupetonema macroura (beija-flor-rabo-de-tesoura), 
Anthracothorax nigricollis (Beija-flor-preto), Piaya cayana (alma-de-gato), Turdus 
leucomelas (sabiá-branco), Rupornis magnirostris (gavião-carijó) Turdus 
rufiventris (sabiá-laranjeira), Camptostoma obsoletum (risadinha), Cyclarhys 
gujanensis (pitiguari), Chaetura brachyura (andorinhão-de-caudacurta), 
Brotogeris versicolorus (periquito-de-asa-branca), Carcara plancus (carcara), 
Milvago chimachima (gavião-pinhé), Cathartes aura (urubu-de-cabeça-
vermelha), Butorides striatus (socozinho) e Falco sparverius (quiri-quiri). 
Para a área de influência indireta (AII), a situação ambiental também se 
caracteriza pela grande alteração dos ambientes primitivos. Comparada às duas 
anteriores, essa, no entanto, ainda apresenta remanescentes florestais de 
49 
 
tamanhos diferenciados que se encontram espalhados por entre setores 
residenciais, o que, em consequência, condiciona a manutenção de uma maior 
riqueza de espécies de aves. Somado aos fragmentos naturais de vegetação 
nativa, também a presença de jardins contendo plantas frutíferas em muitas 
residências contribui para a atração da avifauna e consequente aumento de 
diversidade nessa área de influência. Exemplos de espécies que ocorrem na 
área de influência indireta são: Veniliornis affinis (pica-pau-de-asa-vermelha), 
Trogon curucui (surucuá-de-coroa-azul), Coccyzus melacoryphus (papa-
lagarta), Florisuga mellivora (beija-flor-azul-de-rabo-branco), Thalurania furcata 
(beija-flor-de-barriga-violeta), Nyctidromus albicollis (curiango), Geotrygom 
montana (pariri), Aramides mangle (saracura-do-mangue), Laterallus viridis 
(sana-castanha), Buteo nitidus (gavião-pedrez), Elanoides forficatus (gavião-
tesoura), Ictinia plúmbea (gavião-sovi), Megarhynchus pitangua (neinei), Legatus 
leucophaius (bem-te-vipirata), Empidonomus varius (peitica), Tityra cayana 
(anambé-branco-de-rabo-preto), Chiroxiphia pareola (tangará-de-costa-azul), 
Pyriglena leuconota (papa-taoca), Stelgidopteryx ruficollis (andorinha-de-
barranco), Thraupis palmarum (sanhaço-daspalmeiras), Thraupis episcopus 
(sanhaço-azul), Tachyphonus surinamus (pipira-da-guiana), Ramphocelus carbo 
(pipira-vermelha), Dacnys cayana (saí-azul), Saltator maximus (tempera-viola), 
Cacicus cela (xexéu), Picumnus cirratus (pica-pau-anão-barrado), Aratinga 
solstitialis (jandaia), Pionus menstruus (maitaca-de-cabeça-azul), Tyto alba, 
(suindara), Pipra rubrocapilla (dançador-de-cabeça-encarnada) e Myiodynastes 
maculatus (bem-te-vi rajado). 
 
Medidas de compensação e programas de monitoramentos 
Pelo fato da obra de implantação da Agroindústria Pesqueira em Boa Vista 
ter sido projetado para construção em área bastante alterada, o diagnóstico 
realizado com a avifauna demonstrou que a geração de impactos deverá ser 
mínima e de baixíssima magnitude. Por esse motivo, considerou-se que para a 
avifauna não procede à adoção de medidas de compensação para a reparação 
de danos a ambientes provocados pela obra, e nem de programas de 
monitoramento. 
50 
 
 
Prognóstico 
Para a avifauna, o prognóstico realizado estabelece que em vista da atual 
caracterização ambiental da área do projeto, não haverá melhorias nem pioras 
para com a diversidade de espécies presentes desse grupo animal em toda a 
área de influência. Por ser uma obra de médio porte e ocupar um espaço de 
dimensões reduzidas, e, além disso, se encontrar dentro de uma área 
urbanizada, significa que para a avifauna os impactos (negativos e positivos) a 
serem provocados não interferirão quanto a acréscimos ou diminuições de 
populações da maioria das espécies. A ressalva é em relação a aves necrófagas 
que poderão sofrer aumento populacional caso não sejam tomadas as medidas 
mitigadoras pertinentes. 
 
9.1.2.3. Entomofauna 
Foi realizado um levantamento sobre os insetos em Roraima, 
caracterizando as ordens predominantes na região: Odonata (libélulas), 
Orthoptera (Gafanhotos e esperanças), Mantodea (louva-Deus), Blattodea 
(baratas), Isoptera (cupins), Hemiptera (percevejos e barata d'água), Homoptera 
(cigarras, pulgões e cochonilhas), Colleoptera (besouros e serrapaus), Diptera 
(moscas e mutucas), Lepdoptera (Borboletas e mariposas), Hymenoptera 
(Formigas, abelhas e vespas). 
 
9.1.3. Fauna Aquática 
9.1.3.1. Ictiofauna 
A ictiofauna do Estado de Roraima possui elevada riqueza de espécies 
(586), como relatado por Ferreira et al (2007). As 586 espécies de peixes da 
bacia do rio Branco estão distribuídas em onze ordens, sendo as ordens 
Characiformes (43,5%; 255 espécies), Siluriformes (34,6%; 203 espécies) e 
Perciformes (11,1%; 65 espécies) as mais representativas. Tal riqueza 
representa cerca de 9,7% das 6.025 espécies de peixes existentes nas Américas 
51 
 
do Sul e Central (REIS, KULLANDER E FERRARIS, 2003) e cerca de 24,4% das 
2.400 espécies de peixes existentes na região Neotropical, conforme citado por 
Lowe-McConnel (1999). 
Das famílias de peixes ocorrentes na bacia do rio Branco destacam-se: 
Characidae (128 espécies; 21,8%), Loricariidae (61 espécies; 10,4%), Cichlidae 
(57 espécies; 9,7%), Pimelodidade (33 espécies; 5,6%), Doradidade (28 
espécies; 4,8%), Auchenipteridae (24 espécies; 4,1%); e Anostomidae, 
Crenuchidae e Curimatidae (23 espécies; 3,9%, cada qual). Ressalte-se o fato 
de que os Characidae, mesmo apresentando maior frequência de ocorrência de 
espécies dentre as diferentes ordens, são menos importantes em termos de 
interesse comercial (pesca) do que os Pimelodidae, fato este que não difere de 
modo marcante dos outros sistemas amazônicos. A maior parte das espécies da 
família Characidae encontradas na bacia do rio Branco é de pequeno e médio 
porte, não apresentando atrativos para a pesca comercial. 
Ainda, nos igarapés pequenos, Ferreira et al. (op. cit.) indicam a 
ocorrência em bancos de folhiço de peixes bentônicos, tais como sarapós, 
indivíduos jovens de mussum, siluriformes de pequeno porte, pequenos 
curimatídeos detritívoros, certas piabas especializadas (e.g crenuquídeos), 
certos jacundás, várias espécies de Apistogramma e acará-xadrez. Neste tipo 
de ambiente, em locais de correnteza, são encontrados pequenos bagres 
cetopcídeos e o sarapó Steatogenys duidae. 
A lista nacional da fauna aquática ameaçada de extinção (MMA, 2004), 
não registra elementos da ictiofauna de Roraima ameaçados ou em risco, porém 
esta mesma lista cita espécies ameaçadas de sobrepesca, tais como Arapaima 
gigas (pirarucu), Semaprochilodus insignis e S. taeniurus (jaraquis), B. 
rousseauxi (dourada) e Zungaro zungaro (jaú). 
 
9.1.3.2. Herpetofauna 
Dadas às características biológicas dos anfíbios e repteis, estes animais 
estão sofrendo declínios e extinções em escala mundial. Diversas populações 
de répteis

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