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Informativo STF mensal fevereiro 2017 Para mais acesse https://direitonaestaciofapbelem.blogspot.com.br

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1 
 
Informativo STF Mensal nº 66 
 
Fevereiro de 2017 
Compilação dos Informativos nos 852 a 855 
 
 
O Informativo STF Mensal apresenta todos os resumos de julgamentos divulgados pelo Informativo STF concluídos no 
mês a que se refere e é organizado por ramos do Direito e por assuntos. 
 
SUMÁRIO 
Direito Administrativo 
 
Agentes Públicos 
Afastamento de prefeito: supremacia da vontade popular e preservação da coisa pública - 2 
Responsabilidade do Estado 
Responsabilidade civil do Estado: superpopulação carcerária e dever de indenizar - 4 
Servidores Públicos 
Anulação de registro de aposentadoria e comprovação de tempo trabalhado na condição de 
aluno-aprendiz - 3 
Aposentadoria compulsória e titulares de serventias judiciais não estatizadas 
 
Direito Civil 
 
Associações 
Autonomia de entidades desportivas e observância de normas gerais 
 
Direito Constitucional 
 
Competência Originária do STF 
Licença-prêmio e interesse da magistratura 
Controle de Constitucionalidade 
ADI estadual e subsídio - 4 
Magistratura 
TCU: correção da forma de pagamento de proventos de magistrado - 2 
Meio Ambiente 
Crime ambiental de caráter transnacional e competência 
Precatórios 
RFFSA e penhora anterior à sucessão pela União 
 
Direito Penal 
 
Concurso de Crimes 
Latrocínio: pluralidade de vítimas fatais e concurso formal - 2 
Princípios e Garantias Penais 
Rádio comunitária e princípio da insignificância 
Condenação em segundo grau e execução da pena 
 
Direito Processual Penal 
 
Competência 
Arquivamento e remessa dos autos - 2 
Foro por prerrogativa de função e desmembramento de inquérito 
Investigação Preliminar 
Inquérito e compartilhamento de peças 
 
 
 2 
Nulidades 
Instauração de investigação criminal e determinação de interceptações telefônicas com base em 
denúncia anônima 
Prisão Cautelar 
Reclamação e prisão preventiva 
 
Direito Tributário 
 
Imunidades Tributárias 
Entidades beneficentes de assistência social e imunidade - 7 
Entidades beneficentes de assistência social e imunidade - 8 
Princípios e Garantias Tributários 
Imunidade tributária e contribuinte de fato 
Regime Tributário 
Redução da base de cálculo do ICMS e estorno de créditos 
Tributos 
Valor Adicionado Fiscal: forma de cálculo e questão infraconstitucional 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Agentes Públicos 
 
Afastamento de prefeito: supremacia da vontade popular e preservação da coisa pública - 2 
Em conclusão, o Plenário julgou prejudicado, por perda de objeto, agravo regimental em que se discutia 
o afastamento de prefeito do cargo, por força de decisão cautelar de tribunal de justiça em face da suposta 
prática de crimes — v. Informativo 809. 
 
Tratava-se de recurso interposto contra decisão do então Ministro Presidente do STF, que havia 
deferido, em parte, medida liminar em pedido de suspensão liminar para possibilitar o retorno do requerente ao 
cargo que exercia. 
 
O Tribunal considerou o fato de o mandato do prefeito em questão ter expirado. 
SL 853 MC-AgR/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1º.2.2017. (SL-853) 
(Informativo 852, Plenário) 
 
Responsabilidade do Estado 
 
Responsabilidade civil do Estado: superpopulação carcerária e dever de indenizar - 4 
Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os 
padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do 
art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados 
aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento. 
 
Com essa orientação, o Tribunal, em conclusão e por maioria, deu provimento a recurso extraordinário 
para restabelecer o juízo condenatório nos termos e limites do acórdão proferido no julgamento da apelação, a 
qual fixara indenização no valor de dois mil reais a favor de detento. Consoante o acórdão restabelecido, estaria 
caracterizado o dano moral porque, após laudo de vigilância sanitária no presídio e decorrido lapso temporal, 
não teriam sido sanados os problemas de superlotação e de falta de condições mínimas de saúde e de higiene 
do estabelecimento penal. Além disso, não sendo assegurado o mínimo existencial, seria inaplicável a teoria da 
reserva do possível — v. Informativos 770 e 784. 
 
Prevaleceu o voto do ministro Teori Zavascki (relator). 
 
Registrou, de início, a inexistência de controvérsia a respeito dos fatos da causa e da configuração do 
dano moral, haja vista o reconhecimento, pelo próprio acórdão recorrido, da precariedade do sistema 
penitenciário estadual, que lesou direitos fundamentais do recorrente, quanto à dignidade, intimidade, higidez 
física e integridade psíquica. Portanto, sendo incontroversos os fatos da causa e a ocorrência do dano, afirmou 
que a questão jurídica desenvolvida no recurso ficou restrita à reparabilidade, ou seja, à existência ou não da 
obrigação do Estado de ressarcir os danos morais verificados nas circunstâncias enunciadas. 
 
 3 
Em seguida, consignou que a matéria jurídica está no âmbito da responsabilidade civil do Estado de 
responder pelos danos, até mesmo morais, causados por ação ou omissão de seus agentes, nos termos do art. 
37, § 6º, da CF, preceito normativo autoaplicável, que não se sujeita a intermediação legislativa ou a 
providência administrativa de qualquer espécie. Ocorrido o dano e estabelecido o seu nexo causal com a 
atuação da Administração ou dos seus agentes, nasce a responsabilidade civil do Estado. Sendo assim e tendo 
em conta que, no caso, a configuração do dano é matéria incontroversa, não há como acolher os argumentos 
que invocam, para negar o dever estatal de indenizar, o princípio da reserva do possível, na dimensão 
reducionista de significar a insuficiência de recursos financeiros. 
 
Frisou que Estado é responsável pela guarda e segurança das pessoas submetidas a encarceramento, 
enquanto ali permanecerem detidas, e que é seu dever mantê-las em condições carcerárias com mínimos 
padrões de humanidade estabelecidos em lei, bem como, se for o caso, ressarcir os danos que daí decorrerem. 
 
Ademais, asseverou que as violações a direitos fundamentais causadoras de danos pessoais a detentos 
em estabelecimentos carcerários não poderiam ser relevadas ao argumento de que a indenização não teria o 
alcance para eliminar o grave problema prisional globalmente considerado, dependente da definição e da 
implantação de políticas públicas específicas, providências de atribuição legislativa e administrativa, não de 
provimentos judiciais. Sustentou que admitir essa assertiva significaria justificar a perpetuação da desumana 
situação constatada em presídios como aquele onde cumprida a pena do recorrente. 
 
Relembrou que a garantia mínima de segurança pessoal, física e psíquica dos detentos constitui dever 
estatal que tem amplo lastro não apenas no ordenamento nacional (CF, art. 5º, XLVII, “e”; XLVIII; XLIX; Lei 
7.210/1984 - LEP, arts. 10, 11, 12, 40, 85, 87, 88; Lei 9.455/1997 - crime de tortura; Lei 12.874/2013 - Sistema 
Nacional de Prevenção e Combate à Tortura), como também em fontes normativas internacionais adotadas 
pelo Brasil (Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas; Convenção Americana de 
Direitos Humanos; Princípios e Boas Práticas para a Proteção de Pessoas Privadas de Liberdade nas Américas, 
contida na Resolução 1/2008, aprovada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos; Convenção da 
Organização das Nações Unidas contra Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes;Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros, adotadas no 1º Congresso das Nações Unidas 
para a Prevenção ao Crime e Tratamento de Delinquentes). 
 
A criação de subterfúgios teóricos — como a separação dos Poderes, a reserva do possível e a natureza 
coletiva dos danos sofridos — para afastar a responsabilidade estatal pelas calamitosas condições da 
carceragem afronta não apenas o sentido do art. 37, § 6º, da CF, mas também determina o esvaziamento das 
inúmeras cláusulas constitucionais e convencionais citadas. O descumprimento reiterado dessas cláusulas se 
transforma em mero e inconsequente ato de fatalidade, o que não pode ser tolerado. 
 
Por fim, o relator enfatizou que a invocação seletiva de razões de Estado para negar, especificamente a 
determinada categoria de sujeitos, o direito à integridade física e moral não é compatível com o sentido e o 
alcance do princípio da jurisdição. Acolher essas razões é o mesmo que recusar aos detentos os mecanismos de 
reparação judicial dos danos sofridos, deixando-os descobertos de qualquer proteção estatal, em condição de 
vulnerabilidade juridicamente desastrosa. É dupla negativa: do direito e da jurisdição. 
 
Os ministros Edson Fachin e Marco Aurélio deram provimento ao recurso extraordinário em maior 
extensão, para acolher o pedido formulado, na petição inicial, pela Defensoria Pública, de indenização de um 
salário mínimo por mês de detenção enquanto presentes as condições degradantes de superlotação. 
 
Vencidos os ministros Roberto Barroso, Luiz Fux e Celso de Mello, que, ao darem provimento ao 
recurso, adotavam a remição da pena como forma de indenização. 
RE 580252/MS, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento 
em 16.2.2017. (RE-580252) 
(Informativo 854, Plenário, Repercussão Geral) 
1ª Parte : 2ª Parte : 3ª Parte : 
 
Servidores Públicos 
 
Anulação de registro de aposentadoria e comprovação de tempo trabalhado na condição de 
aluno-aprendiz - 3 
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou mandado de segurança 
impetrado contra acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU), que anulou ato de concessão de 
aposentadoria e determinou que o impetrante retornasse à atividade, para completar os requisitos da 
aposentadoria integral, ou que a ele fossem pagos proventos proporcionais ao seu tempo de contribuição. 
 
Na espécie, a Corte de Contas glosou o cômputo de tempo prestado na condição de aluno-
aprendiz, por entender não ter sido comprovada a efetiva prestação do serviço – v. Informativo 814. 
 4 
 
O Colegiado afirmou que o servidor, para ter o citado período contado como tempo de serviço, 
deveria apresentar certidão do estabelecimento de ensino frequentado. Tal documento deveria atestar a 
condição de aluno-aprendiz e o recebimento de retribuição pelos serviços executados, consubstanciada 
em auxílios materiais diversos. 
 
Ressaltou que, com a edição da Lei 3.353/1959, passou-se a exigir, para a contagem do tempo 
mencionado, a demonstração de que a mão de obra foi remunerada com o pagamento de encomendas. O 
elemento essencial à caracterização do tempo de serviço como aluno-aprendiz não é a percepção de 
vantagem direta ou indireta, mas a efetiva execução do ofício para o qual recebia instrução, mediante 
encomendas de terceiros. 
 
Como consequência, a declaração emitida por instituição de ensino profissionalizante somente 
comprovaria o período de trabalho caso registrasse expressamente a participação do educando nas 
atividades laborativas desenvolvidas para atender aos pedidos feitos às escolas, o que não ocorreu no 
caso. Da certidão juntada aos autos consta apenas que o impetrante frequentou curso técnico 
profissionalizante por certo período, sem referência à sua participação na produção de quaisquer bens ou 
serviços solicitados por terceiros. Não há sequer comprovação de retribuição pecuniária à conta do 
orçamento. 
 
A ministra Rosa Weber, em voto-vista, acrescentou que, durante o transcurso do lapso temporal 
entre a concessão inicial da aposentadoria e o seu exame pelo TCU, o impetrante permaneceu inerte, 
apesar de haver sido intimado para comprovar ter recebido alguma remuneração como contraprestação 
pelo trabalho realizado na condição de aluno-aprendiz. Ademais, não instruiu o “mandamus” com a 
imprescindível prova pré-constituída. 
 
Vencidos os ministros Luiz Fux e Edson Fachin, que concediam a ordem. 
MS 31518/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 7.2.2017. (MS-31518) 
(Informativo 853, 1ª Turma) 
 
Aposentadoria compulsória e titulares de serventias judiciais não estatizadas 
Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF aos titulares de 
serventias judiciais não estatizadas, desde que não sejam ocupantes de cargo público efetivo e não 
recebam remuneração proveniente dos cofres públicos. 
 
Com essa orientação, o Tribunal negou provimento a recurso extraordinário no qual se pretendia 
fosse aplicada a aposentadoria compulsória a escrivã de serventia judicial não estatizada remunerada 
exclusivamente por custas e emolumentos, cujo ingresso ocorreu em 19.11.1969. 
 
Inicialmente, o Tribunal rejeitou a preliminar de perda superveniente do objeto, em virtude do 
reconhecimento administrativo do direito pleiteado. 
 
A Corte entendeu que, ainda que reconhecida a suposta prejudicialidade do recurso, deveria 
proceder ao julgamento da tese de repercussão geral, em vista da relevância da questão constitucional 
posta em discussão. Citou o disposto no parágrafo único do art. 998 do CPC e o que decidido no RE 
693.456 QO/RJ (DJE de 22.9.2015), no qual assentada a impossibilidade de desistência de qualquer 
recurso ou mesmo de ação após o reconhecimento de repercussão geral da questão constitucional. 
 
Em seguida, fez uma breve digressão histórica sobre a constitucionalização da matéria referente às 
serventias judiciais. Asseverou que a primeira previsão de oficialização dessas serventias se deu com a 
EC 7/1977 à CF de 1967/1969 (art. 206) e que apenas com a EC 22/1982, que alterou, entre outros, o art. 
206, a determinação de oficialização das serventias judiciais passou a ter força cogente. Observou que a 
mesma orientação foi mantida pela CF/1988 (ADCT, art. 31). Diante disso, concluiu pela coexistência de 
três espécies de titulares de serventias judiciais: a) os titulares de serventias oficializadas, que ocupam 
cargo ou função pública e são remunerados exclusivamente pelos cofres públicos; b) os titulares de 
serventias não estatizadas remunerados exclusivamente por custas e emolumentos; e c) os titulares de 
serventias não estatizadas remunerados, em parte, pelos cofres públicos e, em outra, por custas e 
emolumentos. Frisou que o mencionado comando constitucional resguardou os direitos adquiridos até 
então, de modo que ainda hoje existem diversas serventias judiciais, cujos titulares ingressaram de forma 
regular, que ainda não foram estatizadas. 
 
Consignou que o art. 40, § 1º, II, da CF estabelece que a aposentadoria compulsória será aplicada 
apenas aos servidores titulares de cargo efetivo, abrangidos pelo RPPS. Citou o entendimento firmado na 
ADI 2.602/MG (DJU de 5.12.2005) no sentido da inaplicabilidade da aposentadoria compulsória pelo 
implemento de idade a titulares de serventias extrajudiciais, pelo fato, entre outros motivos, de não serem 
servidores públicos titulares de cargos efetivos. 
 
 5 
Em razão da similitude das relações jurídicas (ambos se referem à atividade privada em 
colaboração com o Poder Público), o Plenário considerou possível estender aos titulares de serventia 
judicial não estatizada remunerados exclusivamente por custas e emolumentos o mesmo tratamentoconferido aos titulares de foro extrajudicial. 
 
Por fim, o Tribunal ressaltou que, resguardados os direitos adquiridos, a persistência de serventias 
judiciais privatizadas em alguns Estados-Membros é totalmente incompatível com o disposto no art. 31 
do ADCT, sendo urgente que cada ente da Federação adote as providências cabíveis para regularizar a 
situação. Mencionou o que decidido no julgamento da ADI 1.498/RS (DJU de 18.11.2002), no qual 
consignada a determinação de que as serventias privatizadas devem retornar ao sistema estatizado. 
RE 647827/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 15.2.2017. (RE-647827) 
(Informativo 854, Plenário, Repercussão Geral) 
 
DIREITO CIVIL 
 
Associações 
 
Autonomia de entidades desportivas e observância de normas gerais 
Não viola o art. 217, I, da Constituição (“Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas 
desportivas formais e não formais, como direito de cada um, observados: I - a autonomia das entidades 
desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento”) decisão que determina 
associação esportiva a observar a norma do art. 59 do Código Civil (“Art. 59. Compete privativamente à 
assembléia geral: I - destituir os administradores; II - alterar o estatuto. Parágrafo único. Para as 
deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia 
especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os 
critérios de eleição dos administradores”). Com base nesse entendimento, a Primeira Turma negou 
provimento a agravo regimental. 
 
O agravante alegava que, diante da autonomia conferida pela citada norma constitucional para a 
organização e o funcionamento das entidades esportivas, estaria dispensado de observar o art. 59 do 
Código Civil, que disciplina a forma de alteração dos estatutos de associações em geral. 
 
A Turma afirmou que a decisão agravada está em consonância com a jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal firmada a partir da ADI 2.937/SP (DJE de 28.5.2012). 
RE 935482 AgR/SP, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 7.2.2017. (RE-935482) 
(Informativo 853, 1ª Turma) 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Competência Originária do STF 
 
Licença-prêmio e interesse da magistratura 
A Segunda Turma, por maioria, não conheceu de ação originária em que se discutia o direito de 
magistrado gozar de licença-prêmio e determinou a devolução dos autos ao juízo de origem. 
 
No caso, foi ajuizada ação, com base na simetria entre as carreiras da magistratura e do Ministério 
Público, para reconhecer a percepção de licença-prêmio por tempo de serviço pelo período de três meses a cada 
quinquênio ininterrupto de exercício, contado da data de ingresso do autor na magistratura. 
 
O autor alegava ter direito à percepção de licença-prêmio garantida aos membros do Ministério Público 
da União (MPU), prevista no art. 222 da Lei Complementar 75/1993, a partir da edição da Emenda 
Constitucional 45/2004, que incluiu na Constituição Federal o § 4º do art. 129, por meio do qual o Conselho 
Nacional de Justiça reconheceu a simetria entre os dois agentes políticos. 
 
Inicialmente, a ação foi proposta perante juizado especial federal, que declinou de sua competência para 
o Supremo Tribunal Federal (STF), por entender que a matéria atingia interesse privativo da magistratura, não 
abarcando interesse direto de outros servidores. 
 
A Turma assentou a incompetência do STF para apreciar o feito, ante a inexistência de interesse da 
totalidade da magistratura nacional. 
 
O órgão fracionado afirmou que a pretensão vertida nos autos não se mostra exclusiva da categoria, haja 
vista o direito à fruição de licença-prêmio por tempo de serviço interessar não apenas ao autor, mas também a 
outros agentes políticos e servidores públicos. Afinal, o benefício pode estar previsto em estatuto jurídico do 
 6 
agente ou do servidor. Na hipótese dos autos, por exemplo, integra o estatuto do MPU e de outras carreiras do 
serviço público federal. 
 
Vencido o ministro Gilmar Mendes (relator), que conhecia da ação e julgava improcedente o pedido. O 
ministro Dias Toffoli acompanhou o relator quanto ao conhecimento. 
 
Para o relator, a tese alegada na inicial interessa exclusivamente aos magistrados, já que nenhuma outra 
categoria de agente público “lato sensu” (agente político, servidor ou empregado público), exceto a 
magistratura, poderia ajuizar demanda requerendo simetria com o MPU. 
 
Declarava prescritas as parcelas porventura devidas anteriormente ao quinquênio que antecede o 
ajuizamento da demanda. Para que houvesse a interrupção da prescrição, seria necessário o reconhecimento 
indene de dúvidas pelo devedor (Código Civil, art. 202, VI), o que não se verificou no caso. 
 
Quanto ao mérito, consignava inexistir respaldo legal. Além disso, o rol de direitos e vantagens disposto 
no art. 69 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN) seria taxativo. Portanto, não seria possível a 
extensão aos magistrados de vantagens previstas em legislação de outra carreira. 
AO 2126/PR, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento 
em 21.2.2017. (AO-2126) 
(Informativo 855, 2ª Turma) 
 
Controle de Constitucionalidade 
 
ADI estadual e subsídio - 4 
Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais 
utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução 
obrigatória pelos Estados. 
 
O art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é incompatível com o pagamento de terço de férias e 
décimo terceiro salário. 
 
Com base nas teses acima fixadas, o Plenário, em conclusão e por maioria, deu parcial provimento 
a recurso extraordinário para reformar o acórdão recorrido na parte em que declarava a 
inconstitucionalidade dos arts. 6º e 7º da Lei 1.929/2008 do Município de Alecrim/RS (“Art. 6º. Ao 
ensejo do gozo de férias anuais, o Prefeito Municipal perceberá o subsídio acrescido de um terço. § 1º. O 
Vice-Prefeito terá direito à mesma vantagem se tiver atividade permanente na Administração. § 2º. O 
gozo de férias correspondentes ao último ano do mandato poderá ser antecipado para o segundo semestre 
daquele exercício. Art. 7º. Além do subsídio mensal, o Prefeito e o Vice-Prefeito perceberão, em 
dezembro de cada ano, na mesma data em que for pago o décimo terceiro dos servidores do Município, 
uma quantia igual aos respectivos vigentes naquele mês. Parágrafo Único. Quando houver pagamento da 
metade da remuneração de um mês aos servidores, a título de adiantamento do décimo terceiro salário, na 
forma da Lei Municipal, igual tratamento será dado ao Prefeito e ao Vice-Prefeito”). Entretanto, o 
Colegiado manteve a declaração de inconstitucionalidade do art. 4º [“Art. 4º. Será pago ao Prefeito 
Municipal, a título de indenização, o valor mensal de R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais)”] — v. 
Informativo 813. 
 
Prevaleceu o voto do ministro Roberto Barroso. Asseverou que a citada verba prevista no art. 4º 
não é verba de representação, uma vez que não possui caráter indenizatório. 
 
Afirmou também que o regime de subsídio é incompatível com outras parcelas remuneratórias de 
natureza mensal. 
 
No entanto, sustentou não ser o caso do décimo terceiro salário e do terço constitucional de férias, 
pagos a todos os trabalhadores e servidores com periodicidade anual. Desse modo, o art. 39, § 4º, da CF 
não é incompatível com o pagamento dos citados adicionais. 
 
Vencidos, em parte, os ministros Marco Aurélio (Relator), Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e 
Cármen Lúcia (Presidente), que negavam provimento ao recurso. Pontuavam que os agentes políticosestão submetidos à regra do § 4º do art. 39, mas não figuram no rol de beneficiários da exceção criada 
pelo § 3º do art. 39 da CF. 
 
O ministro Marco Aurélio não participou da fixação do segundo enunciado de tese. 
RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgamento 
em 1º.2.2017. (RE-650898) 
(Informativo 852, Plenário, Repercussão Geral) 
 
 7 
Magistratura 
 
TCU: correção da forma de pagamento de proventos de magistrado - 2 
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, concedeu mandado de segurança 
impetrado contra acórdão do Tribunal de Contas da União que teria considerado irregular o pagamento ao 
impetrante de proventos equivalentes ao subsídio de desembargador federal. 
 
No caso, o impetrante é juiz federal e, embora tivesse passado à inatividade em 2010, teria 
adquirido o direito de se aposentar em 1994, quando o art. 192 da Lei 8.112/1990 ainda estava em vigor 
(“Art. 192. O servidor que contar tempo de serviço para aposentadoria com provento integral será 
aposentado: I – com a remuneração do padrão de classe imediatamente superior àquela em que se 
encontra posicionado;”). Isso garantiria a ele o direito de se aposentar com remuneração equivalente ao 
cargo imediatamente superior ao seu — v. Informativo 752. 
 
A Turma consignou que o impetrante tem direito aos proventos calculados com a incidência do 
inciso I do art. 192 da Lei 8.112/1990, ou seja, à remuneração paga sob o regime de subsídio, em parcela 
única. 
 
A ministra Rosa Weber, em voto-vista, acrescentou que o regime de subsídio não tornou os 
proventos do autor, tal como originalmente fixados, supervenientemente incompatíveis com a exigência 
de recebimento em parcela única. Ao contrário, a situação do impetrante se ajusta perfeitamente ao 
regime de subsídio. 
 
Pontuou que, se o autor tinha direito a receber, de acordo as regras que vigiam ao tempo da 
satisfação dos requisitos para a sua aposentadoria, a remuneração do cargo imediatamente superior, vale 
dizer, desembargador federal, seria decorrência lógica que, com a alteração da Emenda Constitucional 
19/1998, ele passasse a perceber o subsídio daquele cargo. 
 
Ressaltou que o autor não pretendia nenhum adicional de caráter salarial cumulativo ao subsídio. 
Sua intenção era continuar a perceber o mesmo valor determinado pela lei vigente ao tempo em que 
preencheu os requisitos para sua inativação, ou seja, os proventos equivalentes à remuneração atualmente 
paga sob o regime de subsídio, em parcela única, a um desembargador federal (Lei 8.112/1990, art. 192, 
I), na exata medida do Enunciado 359 da Súmula do Supremo Tribunal Federal (STF). 
 
Segundo a ministra, resultaria impróprio se decotar uma parte do subsídio, adquirido a tempo e 
modo constitucionais e legais, e passar a denominá-lo como vantagem pessoal, dando, artificialmente, 
tratamento diferente a verbas iguais, uma vez que derivadas da mesma rubrica (subsídio), como se 
distintas fossem. 
 
Sustentou, ademais, que a questão não se resolveria pela tradicional aplicação da jurisprudência 
consolidada no STF, segundo a qual se admite a modificação de regime jurídico dos servidores a qualquer 
tempo, respeitada a irredutibilidade nominal dos vencimentos. Nessa ótica, a interferência do ato coator 
sobejaria a simples alteração dos critérios relativos à composição dos proventos e repercutiria nas 
garantias constitucionais do direito adquirido e da irredutibilidade dos proventos. 
 
Por fim, concluiu que não se pode conceituar a situação pessoal do impetrante como uma 
vantagem pecuniária, uma vez que ele não pretendia nenhum acréscimo ao seu vencimento base, mas 
justo e exclusivamente o subsídio (parcela única) tal como assegurado no título de sua aposentadoria. 
 
Vencido o ministro Roberto Barroso, que indeferia a segurança. 
MS 32726/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento 
em 7.2.2017. (MS-32726) 
(Informativo 853, 1ª Turma) 
 
Meio Ambiente 
 
Crime ambiental de caráter transnacional e competência 
Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que 
envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos 
internacionais assumidos pelo Brasil. Com base nesse entendimento, o Plenário deu provimento ao 
recurso extraordinário em que se discutia a justiça competente para processar e julgar crimes ambientais 
transnacionais. 
 
O Tribunal afirmou que as florestas, a fauna e a flora estão protegidas, no ordenamento jurídico 
inaugurado pela Constituição de 1988, como poder-dever comum da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios (CF/1988, art. 23, VII). 
 8 
 
Ressaltou que a Carta Magna dispõe que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” 
(CF/1988, art. 225, “caput”), incumbindo ao Poder Público “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma 
da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou 
submetam os animais a crueldade” (CF/1988, art. 225, § 1º, VII). 
 
Asseverou que a competência da Justiça estadual é residual, em confronto com a Justiça Federal, à 
luz da Constituição Federal e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 
 
Consignou que a competência da Justiça Federal aplica-se aos seguintes crimes ambientais, que 
também se enquadram nas hipóteses previstas na Constituição, quando: a) atentarem contra bens, serviços 
ou interesses diretos e específicos da União ou de suas entidades autárquicas; b) previstos tanto no direito 
interno quanto em tratado ou convenção internacional, tiverem a execução iniciada no País, mas o 
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou na hipótese inversa; c) tiverem sido cometidos 
a bordo de navios ou aeronaves; d) houver grave violação de direitos humanos; ou ainda e) guardarem 
conexão ou continência com outro crime de competência federal, ressalvada a competência da Justiça 
Militar e da Justiça Eleitoral, conforme previsão expressa da Constituição. 
 
A razão de ser das normas consagradas no direito interno e no direito convencional conduz à 
conclusão de que a transnacionalidade do crime ambiental de exportação de animais silvestres atinge 
interesse direto, específico e imediato da União, voltado à garantia da segurança ambiental no plano 
internacional, em atuação conjunta com a comunidade das nações. 
 
Portanto, o envio clandestino de animais silvestres ao exterior reclama interesse direto da União no 
controle de entrada e saída de animais do território nacional, bem como na observância dos compromissos 
do Estado brasileiro com a comunidade internacional, para a garantia conjunta de concretização do que 
estabelecido nos acordos internacionais de proteção do direito fundamental à segurança ambiental. Assim, 
a natureza transnacional do delito ambiental de exportação de animais silvestres atrai a competência da 
Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/1988. 
RE 835558/SP, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 9.2.2017. (RE-835558) 
(Informativo 853, Plenário, Repercussão Geral) 
 
Precatórios 
 
RFFSA e penhora anterior à sucessão pela União 
É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à 
sucessão desta pela União, não devendo a execução prosseguir mediante precatório (art. 100, “caput” e § 
1º, da Constituição Federal). Com essa orientação, o Tribunal negou provimento a recurso extraordinárioem que se discutiam a validade da penhora de bem da extinta Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA), 
realizada anteriormente à sucessão de seus créditos pela União, e a possibilidade de a execução prosseguir 
mediante precatório. 
 
O Tribunal observou, inicialmente, que a sucessão da RFFSA pela União ocorreu em 22.1.2007 
(Medida Provisória 353/2007, convertida na Lei 11.483/2007), portanto, após a determinação da 
constrição judicial realizada em 21.1.2005 e confirmada pelo TRT da 3ª Região em 25.10.2006. 
 
Também registrou que, por expressa disposição normativa (art. 173, § 1º, II, da CF) e pela pacífica 
jurisprudência da Corte, a RFFSA não tem os privilégios da Fazenda Pública, que, em regra, não são 
extensíveis às empresas públicas nem às sociedades de economia mista, porquanto submetidas ao regime 
jurídico das pessoas jurídicas de direito privado. 
 
Anotou que a Corte, diante de situações excepcionais, tem entendido que determinadas pessoas 
jurídicas de direito privado podem submeter-se ao regime de precatórios, como no caso da Empresa 
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), empresa pública que presta serviço público da competência da 
União e por ela mantido. 
 
Mencionou o RE 599.176/PR (DJE de 30.10.2014), com repercussão geral, no qual, diante 
também de sucessão da RFFSA pela União, o Plenário concluiu que a imunidade recíproca do art. 150, 
VI, “a”, da CF não exonera o sucessor das obrigações tributárias relativas aos fatos ocorridos antes da 
sucessão. Reconheceu que a solução do mencionado precedente poderia ser aplicada ao presente caso e 
salientou que os dois julgados tratam da mesma questão jurídica: a possibilidade de se concederem 
privilégios próprios de pessoa jurídica de direito público, sucessora de empresa privada, aos atos 
processuais praticados antes da sucessão. 
 
 9 
Nesse sentido, não se pode falar em afronta a preceito constitucional nem em impenhorabilidade 
absoluta do bem penhorado em data anterior à sucessão processual da RFFSA pela União, haja vista a 
impossibilidade de a sucessão ter efeitos retroativos em prejuízo dos atos processuais praticados. 
 
Asseverou que, em certo sentido, a mudança do regime do rito de processamento da execução, 
quando já estabelecida a penhora, pode ser considerada uma fraude contra os credores. A mudança, no 
curso do processo executivo, tal como posta nestes autos, representa uma forma de retirar dos credores a 
garantia de seus créditos já aperfeiçoada e consolidada na forma do regime anterior. 
 
Por fim, o Plenário frisou que, no caso, deve ser levado em conta que o débito exequendo decorre 
do pagamento de direitos trabalhistas, com prestação de serviços iniciada na década de 1970, de ex-
empregado da antiga empresa Ferrovia Paulista S/A (FEPASA), cuja pretensão já está a se arrastar por 
quase duas décadas. Salientou a existência de inúmeras execuções que tratam da mesma matéria, com 
processos sobrestados nos tribunais de origem aguardando a solução da presente controvérsia, cujos 
exequentes, se vivos, teriam mais de sessenta anos de idade. Concluiu que admitir a pretensão da União 
no sentido de submeter o crédito dos exequentes à ordem cronológica de apresentação dos precatórios 
tornaria ainda mais penosa a espera dos ex-trabalhadores em ver realizados seus direitos já reconhecidos e 
amparados pela coisa julgada. 
RE 693112/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 9.2.2017. (RE-693112) 
(Informativo 853, Plenário, Repercussão Geral) 
 
DIREITO PENAL 
 
Concurso de Crimes 
 
Latrocínio: pluralidade de vítimas fatais e concurso formal - 2 
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, deu parcial provimento ao 
recurso ordinário em “habeas corpus” em que se pretendia a desclassificação do delito de latrocínio 
para o de roubo, assim como a exclusão do concurso formal impróprio reconhecido quanto aos 
crimes de latrocínio. 
 
No caso, o recorrente foi condenado a 42 anos de reclusão pela prática das condutas previstas 
nos arts. 148 (sequestro e cárcere privado); 157, § 3º, segunda parte (latrocínio), por duas vezes; e 
211 (ocultação de cadáver) do Código Penal (CP). Reconheceu-se, ainda, o concurso formal 
impróprio com relação aos crimes de latrocínio, considerada a existência de duas vítimas fatais. 
 
A defesa pretendia a desclassificação do delito de latrocínio para o de roubo, ante a ausência 
de provas de que o recorrente teria concorrido para a morte das vítimas, bem como em razão da 
participação de menor importância na prática delituosa. Pedia, também, a exclusão do co ncurso 
formal de crimes, por entender ter havido apenas um latrocínio, não obstante a pluralidade de 
mortes. Requeria, por fim, o reconhecimento do direito à progressão ao regime semiaberto — v. 
Informativo 846. 
 
Quanto à desclassificação pretendida, o Colegiado consignou que o juízo sentenciante, em 
harmonia com o ordenamento jurídico, julgou ter o recorrente contribuído ativamente para a 
realização do delito, em unidade de desígnios e mediante divisão de tarefas, com pleno domínio do 
fato. Além disso, o agente assumiu o risco de produzir resultado mais grave, ciente de que atuava em 
crime de roubo, no qual as vítimas foram mantidas em cárcere sob a mira de arma de fogo. Para a 
Turma, aquele que se associa a comparsa para a prática de roubo, sobrevindo a morte da vítima, 
responde pelo crime de latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do disparo fatal ou que sua 
participação se revele de menor importância. 
 
No tocante ao reconhecimento de crime único, a Turma ponderou ser o latrocínio delito 
complexo, cuja unidade não se altera em razão da existência de mais de uma vítima fatal. 
Acrescentou, por fim, que a pluralidade de vítimas é insuficiente para configurar o concurso de 
crimes, uma vez que, na espécie, o crime fim arquitetado foi o de roubo (CP, art. 157, § 3º), e não o 
de duplo latrocínio. 
 
Vencidos os ministros Roberto Barroso e Rosa Weber, que negavam provimento ao recurso, 
por entenderem que, diante da ocorrência de duas mortes, estaria configurado o concurso formal de 
crimes. 
RHC 133575/PR, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 21.2.2017. (RHC-133575) 
(Informativo 855, 1ª Turma) 
 
 10 
Princípios e Garantias Penais 
 
Rádio comunitária e princípio da insignificância 
A Segunda Turma concedeu a ordem em “habeas corpus” para absolver o paciente, denunciado 
pela alegada prática de desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação (Lei 9.472/1997, art. 
183), em face da aplicação do princípio da insignificância. 
 
No caso, tratava-se de proprietário de rádio comunitária cujo sinal supostamente causaria 
interferência nos serviços de comunicações instalados na região. 
 
A Turma ressaltou que a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), em laudo técnico, 
reconheceu que, se a alegada interferência se confirmasse, atingiria canais que não estão sequer 
outorgados a operar na pequena área de cobertura da rádio comunitária. 
 
Asseverou não ser possível reconhecer a tipicidade material da conduta ante a incidência na 
hipótese do princípio da insignificância. Afinal, o bem jurídico tutelado pela norma (segurança dos meios 
de comunicação) permaneceu incólume, sem sofrer qualquer espécie de lesão nem ameaça de lesão a 
merecer intervenção do Direito Penal. Nesse sentido, não foi demonstrada lesividade concreta, mas 
apenas potencial. Assim, a matéria deveria ser resolvida na esfera administrativa. 
 
Salientou, por fim, a importância das rádios comunitárias como prestadoras de serviço público e a 
aparente boa-fé do paciente. 
HC 138134/BA, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 7.2.2017. (HC-138134) 
(Informativo 853, 2ª Turma)Condenação em segundo grau e execução da pena 
A Primeira Turma declarou prejudicada a impetração de “habeas corpus” no qual se buscavam o 
conhecimento de apelação interposta perante tribunal de justiça e a revogação de prisão preventiva a fim 
de que o paciente — condenado pelo tribunal do júri — pudesse aguardar o julgamento do recurso de 
apelação em liberdade. 
 
No caso, sobreveio o julgamento da apelação da defesa com a redução da pena privativa de 
liberdade e a expedição de nova ordem prisional, por conta da exequibilidade de penas após condenação 
em segundo grau. 
 
A Turma entendeu que acarreta prejuízo da impetração o superveniente julgamento do mérito de 
“habeas corpus” pelo STJ, a determinar o conhecimento da apelação, assim como a mudança no título 
prisional. 
 
Além disso, consignou que a ordem não poderia ser concedida de ofício porquanto a 
jurisprudência do STF é no sentido da exequibilidade da pena depois das decisões de segunda instância. 
 
Vencido, nesse ponto, o ministro Marco Aurélio (relator), que concedia a ordem de ofício por 
entender existir ofensa ao princípio constitucional da não culpabilidade. 
HC 129295/SC, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, 
julgamento em 21.2.2017. (HC-129295) 
(Informativo 855,1ª Turma) 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
Competência 
 
Arquivamento e remessa dos autos - 2 
A Primeira Turma, em conclusão e por maioria, deu provimento a agravo regimental em inquérito 
e determinou a remessa dos autos a juízo de primeira instância para apurar a eventual responsabilidade 
penal de terceiros em fato criminoso — v. Informativo 837. 
 
No caso, os autos foram encaminhados a esta Corte pelo juízo de primeiro grau em razão da 
presença de um investigado com foro por prerrogativa de função no Supremo Tribunal Federal (STF). 
 
O Ministério Público (MP) alegava a prévia existência de indícios de implicação delitiva de outros 
indivíduos sem prerrogativa de foro e salientava que a autoria do fato criminoso teria sido apurada antes 
da remessa dos autos ao STF, muito embora esses autos já tivessem sido arquivados nesta Corte. 
 
A Turma entendeu que, vislumbrando o titular da ação penal a aparência de práticas criminosas 
contra indivíduos sem prerrogativa de foro antes da declinação de competência a esta Suprema Corte, é 
 11 
adequado o encaminhamento dos autos originais ao juízo declinante para, se for o caso, o órgão do MP na 
origem prosseguir na investigação com o aproveitamento dos atos até então praticados. 
 
 
Afirmou, ainda, que a atuação judicial deve ser comedida em sede de investigações preliminares e 
que, por se tratar de um momento ainda bastante embrionário, não cabe definir limites objetivos e 
subjetivos da investigação. 
 
Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Luiz Fux, que negavam provimento ao agravo 
regimental. Segundo eles, o inquérito dizia respeito, unicamente, a investigado com foro por prerrogativa 
de função no STF, cujos autos foram arquivados. 
Inq 3158 AgR/RO, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgamento 
em 7.2.2017. (Inq-3158) 
(Informativo 853, 1ª Turma) 
 
Foro por prerrogativa de função e desmembramento de inquérito 
A Segunda Turma negou provimento a agravo regimental em reclamação no qual se pretendia o 
reconhecimento da usurpação de competência do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo juízo reclamado em 
razão do não desmembramento de inquérito depois de vislumbrado, no curso das investigações, o suposto 
envolvimento de deputado federal. 
 
A defesa alegava que, embora tivessem sido captados diálogos que demonstrassem o envolvimento de 
autoridade com prerrogativa de foro, o juízo de primeiro grau não declinou da competência em situação em que 
seria imperiosa a remessa dos autos ao STF. 
 
O Colegiado entendeu não haver cogitar de usurpação de competência desta Corte quando a simples 
menção a nome de autoridade com prerrogativa de foro — seja em depoimentos prestados por testemunhas ou 
investigados, seja na captação de diálogos travados por alvos de censura telefônica judicialmente autorizada —, 
assim como a existência de informações, até então fluidas e dispersas a seu respeito, são insuficientes para o 
deslocamento da competência para o juízo hierarquicamente superior. 
 
Ressaltou que, para haver atração da causa ao foro competente, é imprescindível a constatação da 
existência de indícios da participação ativa e concreta do titular da prerrogativa em ilícitos penais. 
 
Por seu turno, ao analisar as informações prestadas pelo juízo reclamado, a Turma verificou que o 
deputado federal não foi alvo de nenhuma medida cautelar autorizada por aquele juízo no curso da persecução 
penal. Além disso, os fatos verificados sobre o parlamentar não tinham relação direta com o objeto da 
investigação em desfavor do agravante. 
 
Nesse contexto, asseverou ser inviável, em reclamação, o reexame do conteúdo do ato reclamado e de 
todo o conjunto fático-probatório para chegar à conclusão diversa. Por fim, salientou que, conforme a 
jurisprudência da Corte, a eventual declaração de imprestabilidade dos elementos de prova angariados em 
suposta usurpação de competência criminal do STF não alcançaria aqueles destituídos de foro por prerrogativa 
de função, como no caso. 
Rcl 25497 AgR/RN, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 14.2.2017. (Rcl-25497) 
(Informativo 854, 2ª Turma) 
 
Investigação Preliminar 
 
Inquérito e compartilhamento de peças 
A Segunda Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental interposto contra decisão que 
determinou o compartilhamento de peças de investigação com a 13ª Vara Federal de Curitiba/PR, que apura 
crimes praticados no âmbito da Transpetro e ligados a suposta organização criminosa investigada na Operação 
Lava Jato. 
 
No caso, depoimentos de colaborador apontam para a responsabilidade conjunta de cinco membros de 
partido político por supostos atos de corrupção que envolveriam a manutenção do delator na chefia da 
Transpetro, mediante pagamento de vantagem indevida, desviada de contratos da companhia. Daqueles, quatro 
são atualmente senadores. O agravante era senador na época dos atos mencionados, mas hoje não ocupa cargo 
eletivo. 
 
A Turma afirmou que a decisão agravada, embora não seja expressa nesse sentido, deixa margem para a 
interpretação de que teria ocorrido uma cisão subjetiva das investigações em relação ao agravante. 
 
Ressaltou que o Supremo Tribunal Federal (STF) supervisiona investigações pelos mesmos fatos contra 
outros investigados, e por fato conexo contra o agravante. 
 12 
 
Por outro lado, suscitou haver dúvida objetiva e fundada sobre qual juízo supervisionaria as 
investigações contra o agravante pela suposta corrupção no âmbito da Transpetro. 
 
Sublinhou que, na hipótese dos autos, em que quatro dos cinco investigados têm prerrogativa de foro, 
haveria risco de o compartilhamento de dados com a 13ª Vara Federal de Curitiba/PR acarretar em 
investigação de personagens sob a jurisdição do STF, o que poderia gerar anulação processual. 
 
Vencido o ministro Edson Fachin (relator), que mantinha a decisão agravada. Pontuava que o 
compartilhamento não significaria declinação nem afirmação de competência. Frisava que os mesmos 
documentos e anexos remetidos para Curitiba, à guisa de compartilhamento, foram juntados em inquérito que 
tramita na Suprema Corte. 
Pet 6138 AgR-segundo/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, 
julgamento em 21.2.2017. (Pet-6138) 
(Informativo 855, 2ª Turma) 
 
Nulidades 
 
Instauração de investigação criminal e determinação de interceptações telefônicas com base 
em denúnciaanônima 
A Segunda Turma denegou a ordem em "habeas corpus" em que se pretendia o reconhecimento da 
ilegalidade de ação penal e de interceptações telefônicas iniciadas a partir de denúncias anônimas. 
 
No caso, o Ministério Público estadual, após receber diversas denúncias anônimas de prática de 
crimes e seus possíveis autores, procedeu a investigações preliminares, com a oitiva informal de 
testemunhas. Diante da verossimilhança das alegações, instaurou procedimento de investigação no qual 
foi requerida quebra do sigilo telefônico dos envolvidos. 
 
Por essa razão, o paciente foi denunciado pela suposta prática dos crimes de associação criminosa 
e corrupção ativa (duas vezes), previstos nos arts. 288 e 333 do CP, e de fraude à licitação (cinco vezes), 
previsto no art. 90 da Lei 8.666/1993. 
 
Os impetrantes sustentavam que, por terem sido iniciadas a partir de denúncias anônimas — sem a 
comprovação da realização de diligências preliminares nos autos —, as investigações preliminares 
(portaria e procedimento investigativo criminal) e o procedimento relativo às interceptações telefônicas 
deveriam ser declarados nulos. Alegavam, ainda, que as interceptações telefônicas não teriam atendido às 
regras e condições estabelecidas pela Lei 9.296/1996. 
 
A Turma rememorou entendimento do STF no sentido de que a denúncia anônima é válida, 
quando as investigações se valem de outras diligências para apurar a “delatio criminis”. 
 
Asseverou que a necessidade das interceptações telefônicas foi devidamente demonstrada pelo juiz 
natural da causa, bem como que havia indícios suficientes de autoria de crimes punidos com reclusão, 
conforme exigido pelo art. 2º da Lei 9.296/1996. Quanto às prorrogações das interceptações telefônicas, 
ponderou que a Corte tem admitido a razoável dilação dessas medidas, desde que respeitado o prazo de 
quinze dias entre cada uma das diligências, o que não caracteriza desrespeito ao art. 5º da Lei 9.296/1996. 
 
Ressaltou, por fim, que o indeferimento de diligências pelo magistrado de primeiro grau não 
configura cerceamento de defesa. Afinal, o art. 400, § 1º, do CPP (§ 1º “As provas serão produzidas numa 
só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias”) prevê 
a possibilidade de o juiz indeferir provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias, sem 
que isso implique nulidade da respectiva ação penal. Sustentou que a discussão sobre o acerto ou 
desacerto dessa decisão exigiria exame aprofundado dos fatos e provas da causa, o que não se mostra 
viável em “habeas corpus”, que não admite dilação probatória. 
HC 133148/ES, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 21.2.2017. (HC-133148) 
(Informativo 855, 2ª Turma) 
 
Prisão Cautelar 
 
 Reclamação e prisão preventiva 
O Plenário negou provimento a agravo regimental em reclamação no qual se discutia a legitimidade da 
prisão preventiva do reclamante e, por maioria e de ofício, indeferiu a ordem de “habeas corpus”. 
 
No caso, o agravante sustentava que a autoridade reclamada teria violado as decisões proferidas pelo 
STF nas Ações Cautelares 4.070/DF (DJE de 21.10.2016) e 4.175/DF (DJE de 19.9.2016). Alternativamente, 
 13 
requeria a concessão da ordem de “habeas corpus” de ofício, em vista da ausência de requisitos que 
justificassem a decretação da prisão preventiva, o que configuraria flagrante constrangimento ilegal. 
 
O Tribunal afirmou que, ao julgar as referidas ações cautelares, não se manifestou sobre os requisitos da 
prisão preventiva, o que impede a utilização da reclamação. 
 
Verificou, também, que o agravante impetrou “habeas corpus” quando a discussão a respeito dos 
requisitos de sua prisão preventiva estavam em análise no STJ. Por essa razão, é prematura a manifestação do 
STF sobre o tema antes de esgotadas as instâncias antecedentes. 
 
O cabimento de reclamação deve ser aferido nos estritos limites das normas de regência, que a 
concebem para a preservação da competência do STF ou para garantia da autoridade de suas decisões (CF, art. 
102, I, “l”). A reclamação não se destina, destarte, a funcionar como sucedâneo recursal nem se presta a atuar 
como atalho processual destinado a submeter a mais alta Corte do País, “per saltum”. 
 
Afinal, é assente na jurisprudência do STF a concepção segundo a qual a competência originária da 
Suprema Corte se submete ao regime de direito estrito, não admitindo interpretação extensiva. 
 
A despeito da dicção do art. 654, § 2º, do CPP, segundo o qual “Os juízes e os tribunais têm 
competência para expedir de ofício ordem de ‘habeas corpus’, quando no curso de processo verificarem que 
alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal”, tal regra não dispensa a observância do quadro de 
distribuição constitucional das competências para conhecer do “habeas corpus”. Vale dizer, somente o órgão 
jurisdicional competente para a concessão da ordem a pedido pode conceder o “writ” de ofício. 
 
Nessa linha, ainda que o STF seja Corte de vértice, a Constituição somente lhe outorgou competência 
para “habeas corpus” “quando o coator for tribunal superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou 
funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do STF, ou se trate de crime sujeito à mesma 
jurisdição em uma única instância”, nos exatos termos do art. 102, I, “i”, da CF, e quando for paciente o 
presidente da República, o vice-presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios ministros, o 
procurador-geral da República, os ministros de Estado, os comandantes da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica, os membros dos tribunais superiores, do TCU e os chefes de missão diplomática de caráter 
permanente, em razão da incidência da regra prevista no art. 102, I, “d”, combinado com o art. 102, I, “b” e “c”, 
todos da CF. 
 
Portanto, é necessário que o tema tenha sido submetido às instâncias antecedentes e que se possa 
depreender ato coator praticado por tribunal superior, ainda que se tenha por ato coator a omissão em conceder 
um “habeas corpus” de ofício diante de uma ilegalidade cujo conhecimento fosse possível. Vale dizer, a 
Suprema Corte pode conceder a ordem de ofício, se verificar que um tribunal superior teve a oportunidade de 
sanar uma coação ilegal e não o fez. 
 
Ademais, se houve coação ilegal contra o agravante, essa não seria mais imputável ao juiz de primeiro 
grau, autoridade reclamada. O reclamante impetrou “habeas corpus” perante tribunal regional, que denegou a 
ordem. Essa situação que faz da corte regional, caso seja mesmo ilegal a prisão do agravante, a autoridade 
coatora. Há, portanto, alteração do título, o que torna sem objeto o pedido de concessão de ordem de ofício. 
 
O STF tem entendido que se torna desnecessária a análise de impetrações quando o estado de liberdade 
é alvo de ato jurisdicional superveniente e autônomo, que desafia impugnação própria, em evidente hipótese de 
prejudicialidade. 
 
Vencido o ministro Marco Aurélio, que concedia a ordem de ofício. Pontuava não haver fundamento 
idôneo para a manutenção da prisão preventiva. Além disso, frisava que o “habeas corpus” não sofreria 
qualquer peia. O fato de haver outro “writ” submetido ao crivo do STJ não impediria a apreciação do “habeas 
corpus” de ofício pelo STF, pouco importando que isso implicasse queima de etapa ou supressão de instância. 
Rcl 25509 AgR/PR, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 15.2.2017. (Rcl-25509) 
(Informativo 854, Plenário) 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
Imunidades Tributárias 
 
Entidades beneficentes de assistência social e imunidade - 7 
O Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, com base no princípio da fungibilidade, 
conheceu das ações diretas de inconstitucionalidadecomo arguição de descumprimento de preceito 
fundamental. 
 
 14 
Vencidos os ministros Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Marco Aurélio, que não 
convertiam as ações. O ministro Dias Toffoli ressaltava que, incluída em pauta a ação direta antes do 
exaurimento da eficácia da lei temporária impugnada, o Tribunal deveria julgá-la. O ministro Marco 
Aurélio afirmava que, se o ato normativo abstrato e autônomo tivesse sido revogado, seria o caso de 
decretar o prejuízo da ação (v. Informativos 749 e 844). 
 
No mérito, prevaleceu o voto do ministro Teori Zavascki, que julgou procedentes os pedidos 
veiculados nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade 2.028 e 2.036 para declarar a inconstitucionalidade 
do art. 1º da Lei 9.732/1998, na parte em que alterou a redação do art. 55, III, da Lei 8.212/1991 e 
acrescentou-lhe os §§ 3º, 4º e 5º, bem como dos arts. 4º, 5º e 7º da Lei 9.732/1998. 
 
Além disso, julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados nas Ações Diretas de 
Inconstitucionalidade 2.228 e 2.621 para declarar a inconstitucionalidade dos arts. 2º, IV; 3º, VI e §§ 1º e 
4º; 4º, parágrafo único, todos do Decreto 2.536/1998; assim como dos arts. 1º, IV; 2º, IV e §§ 1º e 3º; e 7º, 
§ 4º, do Decreto 752/1993. 
 
Afirmou que a reserva de lei complementar aplicada à regulamentação da imunidade tributária, 
prevista no art. 195, § 7º, da Constituição Federal (CF), limita-se à definição de contrapartidas a serem 
observadas para garantir a finalidade beneficente dos serviços prestados pelas entidades de assistência 
social, o que não impede seja o procedimento de habilitação dessas entidades positivado em lei ordinária. 
 
Explicou que, justamente por cumprir uma missão mais nobre, a imunidade se diferencia das 
isenções e demais figuras de desoneração tributária. A imunidade de contribuições sociais serve não 
apenas a propósitos fiscais, mas à consecução de alguns dos objetivos fundamentais para a República – como 
a construção de uma sociedade solidária e voltada para a erradicação da pobreza –, os quais não podem ficar à mercê 
da vontade transitória de governos. Devem ser respeitados, honrados e valorizados por todos os governos, 
transcendendo a frequência ordinária em que se desenvolvem costumeiramente os juízos políticos de 
conveniência e oportunidade, para desfrutar da dignidade de políticas de Estado. 
 
Portanto, não se pode conceber que o regime jurídico das entidades beneficentes fique sujeito a 
flutuações legislativas erráticas, não raramente influenciadas por pressões arrecadatórias de ocasião. É 
inadmissível que tema tão sensível venha a ser regulado por medida provisória. O cuidado de inibir a 
facilitação de flutuações normativas nesse domínio justifica-se, sobretudo, pela própria jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal, que afirma não haver direito adquirido a determinado tratamento tributário. 
 
Assim, diante da relevância das imunidades de contribuições sociais para a concretização de uma 
política de Estado voltada à promoção do mínimo existencial e da necessidade de evitar que as entidades 
compromissadas com esse fim sejam surpreendidas com bruscas alterações legislativas desfavoráveis à 
continuidade de seus trabalhos, deve incidir nesse caso a reserva legal qualificada prevista no art. 146, II, 
da CF. É essencial frisar, todavia, que essa proposição não produz uma contundente reviravolta na 
jurisprudência da Corte a respeito da matéria, mas apenas um reajuste pontual. Aspectos meramente 
procedimentais referentes à certificação, à fiscalização e ao controle administrativo continuam passíveis 
de definição em lei ordinária. A lei complementar é forma somente exigível para a definição do modo 
beneficente de atuação das entidades de assistência social contempladas pelo art. 195, § 7º, da CF, 
especialmente quanto às contrapartidas a serem observadas por elas. 
 
Por essas razões, o ministro Teori Zavascki concluiu pela inconstitucionalidade dos artigos da Lei 
9.732/1998 que criaram contrapartidas a serem observadas pelas entidades beneficentes, e também dos 
arts. 1º, IV; 2º, IV e §§ 1º e 3º; 7º, § 4º, do Decreto 752/1993, que perderam o indispensável suporte legal 
do qual derivam. Contudo, não há vício formal – tampouco material – nas normas acrescidas ao inciso II 
do art. 55 da Lei 8.212/1991 pela Lei 9.429/1996 e pela Medida Provisória 2.187/2001, essas últimas 
impugnadas pelas Ações Diretas de Inconstitucionalidade 2.228 e 2.621. 
 
As sucessivas redações do art. 55, II, da Lei 8.212/1991 têm em comum a exigência de registro da 
entidade no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), a obtenção do certificado expedido pelo 
órgão e a validade trienal do documento. Como o conteúdo da norma tem relação com a certificação da 
qualidade de entidade beneficente, fica afastada a tese de vício formal. Essas normas tratam de meros 
aspectos procedimentais necessários à verificação do atendimento das finalidades constitucionais da regra 
de imunidade. 
 
Vencidos, em parte, os ministros Dias Toffoli e Marco Aurélio, que julgavam totalmente 
procedentes os pedidos formulados nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade 2.228 e 2.621 e, portanto, 
reputavam inconstitucional o art. 55, II e III, da Lei 8.212/1991, com a redação conferida pelo art. 5º da 
Lei 9.429/1996, bem como os arts. 9º e 18, III e IV, da Lei 8.742/1993. 
 
 15 
Por fim, o ministro Marco Aurélio aditou o seu voto para assentar a inconstitucionalidade formal 
do art. 55, III, da Lei 8.212/1991, na redação conferida pelo art. 1º da Lei 9.732/1998. 
ADI 2028/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgamento 
em 23.2 e 2.3.2017. (ADI-2028) 
ADI 2036/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgamento 
em 23.2 e 2.3.2017. (ADI-2036) 
ADI 2621/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgamento 
em 23.2 e 2.3.2017. (ADI-2621) 
ADI 2228/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgamento 
em 23.2 e 2.3.2017. (ADI-2228) 
(Informativo 855, Plenário) 
 
Entidades beneficentes de assistência social e imunidade - 8 
Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar. 
 
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, deu provimento ao recurso extraordinário 
para declarar a inconstitucionalidade formal do art. 55 da Lei 8.212/1991, que dispõe sobre as exigências 
para a concessão de imunidade tributária às entidades beneficentes de assistência social (v. Informativos 
749 e 844). 
 
Prevaleceu o voto do ministro Marco Aurélio (relator). Ele explicou que as normas de imunidade 
tributária constantes da Constituição Federal (CF) objetivam proteger valores políticos, morais, culturais e 
sociais essenciais e não permitem que os entes tributem certas pessoas, bens, serviços ou situações ligadas 
a esses valores. Além disso, lembrou que o § 7º do art. 195 da CF traz dois requisitos para o gozo da 
imunidade: ser pessoa jurídica a desempenhar atividades beneficentes de assistência social e atender a 
parâmetros legais. 
 
No que se refere à primeira condição, o ministro asseverou que o Supremo Tribunal Federal (STF) 
conferiria sentido mais amplo ao termo “assistência social” constante do art. 203 da CF, a concluir que, 
entre as formas de promover os objetivos revelados nos incisos desse preceito, estariam incluídos os 
serviços de saúde e educação. 
 
Reputou que toda pessoa jurídica a prestar serviços sem fins lucrativos com caráter assistencial, 
em favor da coletividade e, em especial, dos hipossuficientes, atuaria em conjunto com o Poder Público 
na satisfação de direitos fundamentais sociais. Por isso, o constituinte assegurou a imunidade a essaspessoas em relação tanto aos impostos quanto às contribuições sociais, a partir da impossibilidade de 
tributar atividades típicas do Estado em favor da realização de direitos fundamentais no campo da 
assistência social. 
 
O ministro ainda frisou que a definição do alcance formal e material do segundo requisito 
(observância de “exigências estabelecidas em lei”) deveria considerar o motivo da imunidade em 
discussão – a garantia de realização de direitos fundamentais sociais. 
 
Sinalizou que, por se tratar de limitação ao poder de tributar, as “exigências legais” ao exercício 
das imunidades seriam sempre “normas de regulação” às quais o constituinte originário teria feito 
referência no inciso II do art. 146 da CF, a serem dispostas em lei complementar. 
 
Assinalou que, para disciplinar as condições mencionadas no § 7º do art. 195 da CF, dever-se-ia 
observar a reserva absoluta de lei complementar, sob pena de negar-se que a imunidade discutida fosse 
uma limitação ao poder de tributar. Ponderou caber à lei ordinária apenas prever requisitos que não 
extrapolem os estabelecidos no Código Tributário Nacional (CTN) ou em lei complementar 
superveniente. Seria, portanto, vedado criar obstáculos novos, adicionais aos já dispostos em ato 
complementar. 
 
Pontuou que, sob o pretexto de disciplinar aspectos das entidades pretendentes à imunidade, o 
legislador ordinário teria restringido o alcance subjetivo da regra constitucional, a impor condições 
formais reveladoras de autênticos limites à imunidade. 
 
Entendeu que, no caso, teria ocorrido regulação do direito sem que estivesse autorizado pelo art. 
146, II, da CF. O art. 55 da Lei 8.212/1991 previra requisitos para o exercício da imunidade tributária 
contida no § 7º do art. 195 da CF, a revelar condições prévias ao aludido direito. Assim, deveria ser 
reconhecida a inconstitucionalidade formal desse dispositivo no que ultrapassasse o definido no art. 14 do 
CTN, por afronta ao art. 146, II, da CF. 
 
Considerou que os requisitos legais exigidos na parte final do mencionado § 7º, enquanto não 
editada nova lei complementar sobre a matéria, seriam somente aqueles do art. 14 do CTN. 
 
 16 
Concluiu por assegurar o direito à imunidade de que trata o art. 195, § 7º, da CF – haja vista que 
reconhecido pelo magistrado sentenciante que a entidade preenchera os requisitos exigidos no CTN – e, 
por consequência, desconstituir o crédito tributário inscrito em dívida ativa, com a extinção da respectiva 
execução fiscal. 
 
Por fim, o relator aditou o voto para esclarecer que não haveria fundamento autônomo no aresto 
impugnado a ensejar o desprovimento do recurso, porquanto o tribunal de origem teria decidido com base 
na aplicação do art. 55 da Lei 8.212/1991. 
 
Vencidos os ministros Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, que 
negavam provimento ao recurso. Aduziam que o acórdão recorrido se assentou não apenas na questão da 
reserva de lei complementar como veículo adequado à definição do modo beneficente de prestar 
assistência social, mas também na circunstância de a demandante não ter preenchido uma das exigências 
validamente previstas pela Lei 8.212/1991, a de obtenção de título de utilidade pública federal. 
 
O ministro Ricardo Lewandowski reajustou o voto para acompanhar o relator. 
RE 566622/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 23.2.2017. (RE-566622) 
(Informativo 855, Plenário, Repercussão Geral) 
 
Princípios e Garantias Tributários 
 
Imunidade tributária e contribuinte de fato 
A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte de 
direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação da existência do 
beneplácito constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido. 
 
Com base nessa orientação, o Tribunal deu provimento ao recurso extraordinário no qual se 
pretendia a não aplicação da imunidade tributária constante do art. 150, VI, “c”, da CF relativamente ao 
ICMS incidente na aquisição de insumos, medicamentos e serviços adquiridos por entidade de assistência 
social na qualidade de consumidora (contribuinte de fato). 
 
Na espécie, o Tribunal de origem afastou a exigência do recolhimento do ICMS nas operações de 
aquisição, por entidade de assistência social (na qualidade de consumidor final), de medicamentos, 
máquinas e equipamentos necessários à execução de suas finalidades filantrópicas, ante a configuração da 
imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “c”, da CF. 
 
Para o recorrente, a aquisição de insumos e produtos no mercado interno na qualidade de 
contribuinte de fato não estaria albergada pela imunidade tributária prevista no art. 150, VI e § 4º, da CF. 
Sustentava, ainda, que a relevância das atividades prestadas pelas entidades de assistência social não 
poderia conferir aos fornecedores particulares, não abrangidos pela regra imunizante, a não incidência do 
ICMS na venda de mercadorias e serviços. 
 
O Colegiado rememorou que prevalece no STF o entendimento de que a imunidade tributária 
subjetiva se aplica a seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas não àqueles na condição 
de simples contribuinte de fato, bem como de que é irrelevante, para a verificação da incidência ou não da 
imunidade constitucional, a discussão acerca da repercussão econômica do tributo envolvido. 
 
Ressaltou, também, que a jurisprudência do STF vem se posicionando pela impossibilidade de se 
estender ao particular vendedor (contribuinte de direito) a imunidade tributária subjetiva que detém o 
adquirente de mercadoria (contribuinte de fato). 
 
Assim, o beneficiário da imunidade tributária subjetiva na posição de simples contribuinte de fato, 
embora possa arcar com os ônus financeiros dos impostos envolvidos nas compras de mercadorias, caso 
tenham sido transladados pelo vendedor contribuinte de direito, desembolsa importe que juridicamente 
não se qualifica como tributo, mas sim preço, decorrente de uma relação contratual. 
 
Destacou a impossibilidade de, no contexto do exercício das atividades econômicas, ter-se certeza 
da efetiva transferência do encargo financeiro dos tributos, em razão de o lucro não ser tabelado. 
Ademais, quanto à regra contida no art. 150, § 5º, da CF (“§ 5º A lei determinará medidas para que os 
consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços”), 
asseverou não haver transformação dos contribuintes finais em contribuintes de direito dos impostos 
incidentes sobre mercadorias e serviços que repercutem economicamente, mas sim existir o 
reconhecimento de que “o consumidor ou usuário não é contribuinte, tanto assim que precisa ser 
informado a respeito dos tributos que oneram mercadorias e serviços”. 
 
Pontuou, igualmente, que a temática da repercussão econômica tributária está na área de formação 
dos preços e que, apenas com substancioso estudo dos fatores e das circunstâncias (como condições de 
 17 
tempo, lugar e conjectura econômica), seria possível verificar, num juízo de relativa previsibilidade, a 
provável repercussão econômica do tributo. Ponderou, dessa forma, ser desaconselhável considerar a 
denominada repercussão econômica do tributo para verificar a existência ou não da imunidade tributária. 
Essa orientação, a propósito, alinha-se aos precedentes da Corte no sentido de ser a imunidade tributária 
subjetiva constante do art. 150, VI, “c”, da CF aplicável à hipótese de importação de mercadorias pelas 
entidades de assistência social para uso ou consumo próprio. Com efeito, essas entidades ostentam, nessa 
situação, a posição de contribuintes de direito, o que é suficiente para o reconhecimentoda imunidade. O 
fato de também serem apontadas, costumeira e concomitantemente, como contribuintes de fato é 
irrelevante para a análise da controvérsia, portanto. 
 
Asseverou, por fim, que a tese firmada não prejudica o entendimento adotado, em sede de recursos 
repetitivos, pelo STJ no julgamento do REsp 1.299.303/SC (DJE de 14.8.2012), no sentido de que o 
consumidor de energia elétrica tem legitimidade para propor ação declaratória com pedido de repetição de 
indébito a fim de afastar, no tocante ao fornecimento de energia elétrica, a incidência do ICMS sobre 
demanda contratada e não utilizada. Essa situação, além de peculiar, está inserida no contexto da 
concessão de serviço público e tem regime jurídico próprio. 
RE 608872/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 22 e 23.2.2017. (RE-608872) 
(Informativo 855, Plenário, Repercussão Geral) 
 
Regime Tributário 
 
Redução da base de cálculo do ICMS e estorno de créditos 
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, deu provimento a agravo 
regimental em que se pretendia o estorno total dos créditos do ICMS gerados na entrada de insumos 
tributados, na hipótese de o contribuinte exercer a opção pela tributação com redução da base de cálculo 
na saída das mercadorias. 
 
No caso, norma estadual instituiu regime tributário opcional a empresas transportadoras 
contribuintes do ICMS. Com isso, ficava facultada ao contribuinte a manutenção do regime normal de 
crédito e débito do imposto ou a apuração do débito com o benefício da redução da base de cálculo, 
vedada, nesta hipótese, a utilização de quaisquer créditos relativos a entradas tributadas. 
 
O Colegiado entendeu que, havendo a opção pelo regime ordinário ou por regime mais favorável 
de tributação e estabelecendo a lei um regramento específico para o regime mais favorável, a adesão a ele 
não gera o direito ao creditamento se a lei o excluir. Assim, o contribuinte deve optar por um dos regimes. 
 
Vencido o ministro Marco Aurélio (relator), que negava provimento ao recurso por entender que a 
legislação em debate violaria o princípio da não cumulatividade, pois deveria resguardar o 
aproveitamento dos créditos na proporção da redução da base de cálculo. 
AI 765420 AgR-segundo/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, 
julgamento em 21.2.2017. (AI-765420) 
(Informativo 855, 1ª Turma) 
 
Tributos 
 
Valor Adicionado Fiscal: forma de cálculo e questão infraconstitucional 
A matéria referente à forma de cálculo do Valor Adicionado Fiscal (VAF) não ostenta natureza 
constitucional. 
 
Com essa orientação, o Tribunal, por maioria, negou provimento a embargos de divergência 
opostos contra acórdão da Segunda Turma nos quais se sustentava divergência em relação ao acórdão 
proferido pela Primeira Turma no RE 136.189/SP (DJU de 22.5.1992). 
 
Nos termos do voto condutor do acórdão paradigma, o ponto essencial à regência da repartição de 
receitas entre Estados-Membros e Municípios — alçados os últimos, no federalismo brasileiro, ao 
“status” de entidade política autônoma, a concretização dos caracteres essenciais da definição do “valor 
adicionado” seria um problema nacional: se a própria Constituição não lhe delegou o deslinde — como o 
fazia explicitamente o art. 23, § 8º, até a EC 17/1980, e o faz hoje, explicitamente, o art. 161, I, do texto 
de 1988 —, seria na Constituição mesma que se haveria de buscar, até onde por possível, a densificação 
do conceito necessário. 
 
O Tribunal, preliminarmente e também por maioria, conheceu dos embargos de divergência por 
reputar preenchidos todos os pressupostos processuais. Asseverou haver controvérsia entre os órgãos 
fracionários do STF em relação à índole constitucional ou infraconstitucional da forma de cálculo do 
 18 
VAF do ICM, sob a vigência da EC 1/1969, após a promulgação da EC 17/1980, para fins de seguimento 
de recurso extraordinário. Vencidos, no ponto, os ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, que 
não conheciam dos embargos. 
 
Quanto ao mérito, prevaleceu o voto do ministro Edson Fachin que, ao se referir ao acórdão 
paradigma, entendeu que o fato de a matéria ser de abrangência nacional não implica dizer que, por isso, 
também é necessariamente constitucional. 
 
Asseverou que, no caso, verifica-se apenas que o poder constituinte derivado decidiu excluir da 
esfera da política ordinária uma decisão fundamental para o federalismo fiscal, isto é, os critérios de 
partilha das receitas do ICM pertencentes ao Estado por meio da constitucionalização desses critérios. No 
entanto, estaria claro que não se extrairia um conceito de VAF do que positivado na Constituição, sendo 
necessária a concretização normativa do Poder Público nos âmbitos legislativo e administrativo para 
regular a vontade do constituinte. 
 
Acrescentou que o VAF é um critério econômico contábil que se pauta simplificadamente na 
diferença entre notas fiscais de venda e notas fiscais de compra na espacialidade do município. 
 
Vencidos os ministros Dias Toffoli (relator) e Roberto Barroso, que davam parcial provimento ao 
recurso. 
RE 296178 AgR-ED-Edv/MG, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, 
julgamento em 23.2.2017. (RE-296178) 
(Informativo 855, Plenário) 
 
Supremo Tribunal Federal 
Secretaria de Documentação - SDO 
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