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Córtex Cerebral
Porfírio GJM, editor. Fisiologia, Compilação das Aulas. Maceió: GJMP; 2004.
CAPÍTULO 11
Córtex Cerebral
Prof. Euclides Trindade Filho
Introdução
O córtex cerebral é uma das partes mais importantes do sistema nervoso central (SNC). Na espécie humana, o córtex evoluiu tanto que permitiu ao indivíduo a posse da consciência, ou seja, o ser humano sabe que existe, sabe que possui um passado e, a partir desta percepção, é capaz de construir um futuro através do planejamento. Somente o ser humano possui consciência embora, alguns primatas possuam um esboço (pedaços de consciência) mas, a verdadeira consciência (autocomando e livre arbítrio) somente pode ser encontrada nos humanos, onde o córtex cerebral chegou ao seu máximo desenvolvimento. 
Qualquer animal possui córtex e, em todas as espécies, este tem uma espessura de 4 a 6 mm. O diferencial do córtex humano está na densidade de neurônios, que é muito maior do que em outros animais. Este é um dos parâmetros de diferenciação, pois à medida que as espécies evoluem vão tendo uma maior densidade de neurônios. Mas, a principal diferença entre o córtex humano e o dos outros animais está na área total. A área total do córtex humano é proporcionalmente maior do que em qualquer outra espécie. O elefante, por exemplo, possui um cérebro grande, mas proporcionalmente o cérebro humano é muito maior quando comparado com o restante do seu corpo. A área proporcionalmente elevada nos humanos criou um problema: como o córtex pode caber dentro do crânio já que sua área é muito grande? Para resolver esse problema, o córtex teve que ficar todo ondulado, um artifício para ocupar menor espaço. Isso dificultou o trabalho de parto, obrigando que a própria mulher evoluísse para permitir a passagem da criança pelo canal de parto. A criança passa, mas para isso o cérebro tem de estar muito imaturo, pois se fosse esperar amadurecer, com certeza não passaria pelo canal. É na espécie humana onde os filhotes nascem mais dependentes dos pais. Em um comportamento como o andar, um dos mais simples em função do rápido amadurecimento do sistema motor, a criança leva cerca de um ano para adquirir esse comportamento.
Classificação do Córtex
O córtex pode ser classificado de acordo com as categorias: a) anatômica (macroscópicas); b) histológica (microscópicas); e c) funcional. 
Classificação Anatômica
O córtex foi inicialmente dividido em lobos, onde temos o lobo frontal, lobo parietal, lobo temporal, lobo occipital e o lobo da ínsula (que pode ser chamado de lobo límbico em uma classificação mais ampla, incluindo outras estruturas importantes na organização das reações emocionais). Não há uma relação de que cada lobo possui uma função específica. A partir da observação das circunvoluções presentes no córtex que se repetem em cada espécie, dividiu-se os lobos em giros. Mas também não há uma relação de que cada giro possui uma função específica. Os únicos giros que têm realmente função bem definida são os giros pós-central (somestesia) e pré-central (motora). Podemos encontrar um giro exercendo mais de uma função. Essa divisão anatômica é importante para permitir a localização de lesões, mas não é fundamental do ponto de vista funcional.
Classificação Histológica
Os tipos de neurônios encontrados no córtex são:
a) Célula Granular – Assim chamada pelo aspecto histológico quando coradas pelo corante de Nissl. São células pequenas e bem ramificadas, possuindo tanto dendritos quanto axônio curtos. Possuem comunicação somente com células do córtex.
b) Célula Piramidal – Nome dado pelo aspecto do corpo do neurônio. Seus dendritos ocupam toda a camada do córtex e não saem dele. Seu axônio geralmente é longo e geralmente sai do córtex indo inervar outras partes do córtex, outro hemisfério ou estruturas subcorticais.
c) Célula Horizontal de Cajal – É uma célula que possui o corpo fusiforme e paralelo à superfície cortical. Possui vários dendritos que se ramificam bem próximo. É exclusivamente cortical.
d) Célula Fusiforme – O corpo parece com a célula horizontal de Cajal, mas o eixo é perpendicular à superfície do córtex. É bem ramificada e o axônio (longo) sai do córtex cerebral.
	
e) Célula Martinotti – Célula bem redonda com ramificações pequenas, geralmente está bem embaixo (em camadas mais profundas, mas pode estar em qualquer lugar) e o axônio geralmente sobe em direção as primeiras camadas (as mais superficiais).
É importante classificar não só as células mas também as fibras que saem ou chegam no córtex - axônios corticais. Estes podem ser de três tipos:
I) Fibras Intra-hemisféricas – Liga áreas diferentes do mesmo hemisfério.
II) Fibras Inter-hemisféricas – Liga áreas homólogas de hemisférios diferentes.
III) Fibras de Projeção – Liga o córtex com estruturas subcorticais.
OBS: 1. Essa classificação só é válida para as fusiformes e piramidais.
 2. A classificação é aferente e eferente porque elas só dizem quais as áreas que estão se comunicando.
A distribuição dos diversos tipos de neurônios no córtex cerebral não é casual. Essa distribuição permite, inclusive que possamos identificar 6 camadas no córtex. Há algumas regiões primitivas, a exemplo das regiões que fazem o lobo límbico, que não têm seis camadas. Estes neurônios estudados não estão distribuídos ao acaso: durante o desenvolvimento, na formação do sistema nervoso, os neurônios migram para regiões determinadas, o que vai definir o comportamento normal do indivíduo; entretanto podem ocorrer distúrbios nessa ligação gerando um indivíduo anormal. Quando é um distúrbio bem grave o indivíduo nasce sem condições de desenvolver o sistema nervoso, nasce oligofrênico. Quando é um erro pequeno, o indivíduo desenvolve um distúrbio de comando mental menos grave, porque aquela ligação do neurônio foi anormal, não ficando onde deveria ficar.
Vejamos agora as seis camadas, no sentido da mais externa a mais interna:
a) Camada Molecular – O único tipo celular encontrado nesta camada é a célula horizontal de Cajal, que faz “circuitos”, ou seja, liga os neurônios. São ligações definidas para gerar comportamentos definidos.
b) Camada Granular Externa – Há predomínio de célula granular (encontramos também célula piramidal). Toda comunicação vai ser com neurônio dentro do córtex. Podemos encontrar fibras de projeção chegando.
c) Camada Piramidal Externa – Há células granulares, mas ocorre um predomínio de células piramidais pequenas.
d) Camada Granular Interna – Nesta camada predominam as células granulares, mas também existem células piramidais.
e) Camada Piramidal Interna – Nesta camada predominam células piramidais grandes.
f) Camada Multiforme – É a camada mais espessa. Há células piramidais, e uma pequena quantidade de células granulares. Dois tipos predominam: células de Martinotti e fusiformes.
Os histologistas, levando em consideração as células, as camadas e a espessura de cada camada, começaram a afirmar que o córtex é dividido em áreas de acordo com a composição histológica, mas houve divergências. Houve um casal que encontrou mais de duzentas áreas diferentes no córtex, criando o mapa histológico. Mas o mapa histológico mais usado é o de Martiniano Broodman. Ele dividiu o córtex em cinqüenta e duas áreas sendo que cada área possui um número. Existem áreas de Broodman que são exatamente executoras de uma função (área dezessete, que recebe informações da retina), mas outras exercem mais de uma função (áreas quarenta e dois e quarenta e um, recebem informações do ouvido).
Classificação Funcional
Foi desenvolvida por um neuropsicólogo russo (Alexander Luria) que estudava pacientes feridos durante a Segunda Guerra Mundial. O córtex encefálico humano foi dividido em três áreas: a) áreas primárias; b) áreas de associação secundária; e c) áreas de associação terciárias.
	Áreas Primárias (Monomodal) 
Área de entrada ou saída de informações do córtex. Temos seis, poistemos cinco sentidos e uma motora (cinco para sensorial – entrada de informações, e uma para motora – saída de informações). Vejamos essas áreas:
I) Área Gustativa Primária – Localiza-se no lobo parietal. Recebe toda informação proveniente dos receptores gustativos situados na boca.
II) Área Auditiva Primária – Encontra-se no giro temporal transverso, também giro temporal superior. Toda informação da cóclea é conduzida para essa área.
III) Área Somestésica Primária – Situa-se no lobo parietal – giro pós-central. Toda informação de somestesia que vai para o córtex termina nessa região.
IV) Área Olfativa Primária - Situa-se no lobo temporal, em uma posição mais medial.
V) Área Motora Primária – Corresponde ao giro pré-central – saída de informação voluntária motora.
Lesão na área primária sensorial acarreta perda da capacidade de detectar um tipo específico de sensação. Por exemplo, lesão na área visual primária, o indivíduo perde a visão se for nas duas áreas visuais primárias, mas se houver lesão no hemisfério esquerdo, por exemplo, o indivíduo não vai enxergar pela parte lateral (temporal) do olho esquerdo e nem pela parte medial (nasal) do olho direito. Isso ocorre porque o cruzamento completo das fibras aferentes sensoriais ocorre somente na somestesia Na visão há cruzamento, só que cruzamento não das fibras com relação à retina, mas sim, com relação ao campo visual, é assim: olhando para um ponto no horizonte, podemos dividir a área de visão em: campo visual direito e esquerdo e, fixando esse ponto, toda a informação projetada no campo visual direito cairá no hemisfério esquerdo e vice-versa, porque a nossa retina, em cada olho, é dividida. As informações da retina do olho direito, no lado mais lateral – lado temporal – são levadas para o hemisfério direito, mas as informações da retina no lado mais medial - lado nasal – cruzam no quiasma e vão para o hemisfério esquerdo.
Em uma lesão unilateral na área auditiva primária, o indivíduo não perde a audição, porque existem muitos cruzamentos na via auditiva. Se aplicarmos um som no ouvido esquerdo, ele chega ao hemisfério direito e também no hemisfério esquerdo. No caso de lesão unilateral na área auditiva, ocorrerá uma diminuição da acuidade e grande dificuldade de localizar a origem do som.
Lesão na área somestésica primária origina perda do tato. O fato das informações chegarem de forma organizada na área somestésica primária, possibilita o surgimento do membro fantasma, em casos de amputações. Isso ocorre porque quando a informação está subindo ao córtex ela tende a ser inibida (inibição lateral) e quando há amputação se perde essa inibição e, principalmente, o coto fica sendo estimulado o tempo todo, chegando informações para a área somestésica primária o tempo todo e dando uma sensação falsa. Isso acaba sendo um fator positivo para a adaptação do paciente com membro amputado à prótese, uma vez que há "propriocepção". A sensação de membro fantasma pode também ocorrer somente nas fases iniciais do pós cirúrgico. A preocupação no que concerne à amputação deve-se na verdade ao surgimento da dor fantasma, onde as fibras que estão sendo mais estimuladas, no coto, são as que informam a dor, o que ocasiona dores terríveis. Mas, felizmente, é possível enganar o córtex usando alguns artifícios.
Semelhante ao mapa da área somestésica primária, há o mapa da área motora primária, no giro pós-central. Lesão nessa região causa paralisia no lado oposto do corpo.
	Áreas Secundárias (Monomodal) 
Cada área primária tem sua área secundária, assim tem-se área visual secundária, área somestésica secundária e assim por diante.
Nas áreas sensoriais a informação chega na área primária, sendo processada, e depois passa para a área secundária onde sofre um processamento muito mais complexo (já é possível reconhecer o objeto). Nas áreas motoras a informação começa a ser processada na área motora secundária e depois vai para a área motora primária. É na área secundária que a memória é guardada. Para cada área sensorial há uma imagem guardada. Dessa forma na área visual secundária há imagens visuais do objeto, na área auditiva secundária há imagens auditivas do objeto. Então a coisa aprendida é “quebrada”, pois cada aspecto dessa coisa é guardado em uma área secundária correspondente.
Lesão na área secundária ocasiona agnosia, que é uma incapacidade de identificar as coisas por meio de uma via sensorial. Existe um tipo de agnosia visual em que o indivíduo vê o objeto, consegue descrever as características básicas do objeto, mas não sabe dizer o que é o objeto. Se o indivíduo ainda tiver área secundária ele poderá reaprender. Normalmente as agnosias são bem específicas, pois dificilmente o indivíduo lesionará todas as áreas secundárias.
No caso das áreas visuais secundárias, há agnosias do tipo:
a) Prosopagnosia – Incapacidade de reconhecer faces. Pode haver dificuldade em reconhecer animais também. Há casos em que o indivíduo consegue identificar a pessoa por um detalhe como bigode ou um sinal. Parte do lobo temporal é responsável por esse reconhecimento.
b) Acromatopsia – Incapacidade de reconhecer cores. Essa região é de transição entre o lobo temporal e o occipital, nela há áreas secundárias que permitem não só reconhecer, mas também guardar memória de cores. Há patologias degenerativas, a exemplo a retinose pigmentar, em que os cones – receptores de cor – estão destruídos, com isso o indivíduo somente enxerga em preto e branco.
c) Aquinetopsia – Incapacidade de perceber movimento através da visão. O indivíduo enxerga como que em quadros que mudam lentamente, o que chega a ser perigoso para o indivíduo.
d) Alexia – Também é um problema provocado nas áreas secundárias, mas em áreas que estão envolvidas com a compreensão visual da linguagem, ou seja, provoca incapacidade de ler. Existem vários tipos de alexia, por exemplo, alexia nas letras (não há reconhecimento de letras, individuo não consegue ler nada), mas se houver área visual secundária intacta, o individuo pode voltar a aprender a ler. Porém tem outro tipo de alexia onde o individuo consegue ler as letras, mas não consegue juntá-las, ou seja, ele sabe as letras, mas não sabe formar a palavra inteira. Outra forma é a que o individuo consegue ler as letras (consegue dizer palavras), mas não consegue juntar a palavras para ter um significado. Isso conclui que existe forma gradativa, da mais simples até a mais complexa. Quando o indivíduo tem a alexia onde ele não consegue ler letras, você pode imaginar que a extensão da lesão cortical é maior.
Outras lesões ocorrem nas áreas somestésicas secundárias (lembrar que as informações chegam ao córtex de maneira cruzada – as informações do lado direito do nosso corpo cruzam e chegam até o hemisfério esquerdo do corpo e vice-versa; existe também uma estrutura que liga esses dois hemisférios, o corpo caloso, ele permite que o hemisfério direito receba informações dos dois lados do corpo). Quando observamos o hemisfério esquerdo, percebe-se que a área somestésica esquerda é relativamente pequena em comparação ao hemisfério direito, pois no direito essa área somestésica secundária é muito maior por receber informação das duas partes do corpo (tendo, essa área um mapa completo do nosso corpo), já no esquerdo há um mapa parcial, apenas de um lado, o lado direito. É o mapa completo do corpo que irá ajudar o indivíduo a formar a sua imagem corporal. A bulimia ou anorexia nervosa podem ser explicadas como problemas psicodinâmicos ou neurobiológicos. A explicação neurobiológica seria que a área somestésica secundária está comprometida, de forma que a imagem que o indivíduo faz de si mesmo está distorcida. Isso não é difícil de entender porque alguns pacientes têm esquizofrenia possuem ilusões como, por exemplo, de que parte do corpo está crescendo. Isso é uma ilusão por trabalho errado da imagem corporal, seria um problema neurológico. Na esquizofrenia existem, além das ilusões, alucinações,distorcendo informações. As alucinações podem ser visuais, auditivas ou somestésicas, sendo as mais freqüentes as visuais e auditivas.
Lesões na área somestésica direita esquerda pode provocar a síndrome da negligência. O individuo não recebe mais informação do hemisfério esquerdo do corpo, só que ela não está paralisada, ocasionando o “desaparecimento” do lado esquerdo do corpo. Então, em todas as atividades diárias, o indivíduo age como se não houvesse a parte esquerda do corpo (esquecimento). Porém, se o lobo frontal estiver intacto, o indivíduo consegue fazer atividades com o lado esquerdo, precisando apenas de um tratamento para atenção, forçando-o a usar essa parte do corpo.
Se o indivíduo tiver apenas lesão na área somestésica do lado direito, o mesmo terá síndrome da negligência, porém, se a lesão for mais extensa,atingindo áreas secundárias e terciárias visuais, o indivíduo aparecerá com negligência não só do corpo, mas de abrangência muito maior, perdendo totalmente o sentido de esquerda.
No caso de áreas sensoriais, sabemos que a informação chega até as áreas primárias para depois ser transferida até as áreas secundárias, mas, com relação às áreas motoras ocorrerá o inverso, onde as áreas secundárias terão uma atividade importante e precedente na atividade motora. Se uma área motora secundária for lesada, o indivíduo terá um problema chamado apraxia. A função da área motora secundária é planejar a execução do movimento voluntário. Por exemplo, se desejarmos levantar a mão direita acima da cabeça, nós primeiro pensamos em realizar esse movimento, ou seja, para se fazer o movimento teremos que planejar (escolha de músculos, seqüência de contração muscular, intensidade de contração de cada músculo) para depois a informação ser mandada para a área primária e o movimento ser executado. Então, a apraxia será um distúrbio que acontece no planejamento e execução de movimentos voluntários. Tem uma forma mais grave da apraxia em que o indivíduo não executa movimento algum (possui consciência, mas não realiza os movimentos – quando o movimento é automático, ele não é organizado no córtex, mas sim no núcleo da base, então não precisa do córtex para o planejamento). A apraxia pode ser reversível se os neurônios que fazem esse planejamento não tiverem morrido, mas mesmo se eles tiverem morrido mas a lesão não tiver sido muito extensa, o indivíduo poderá reaprender (criar novas "receitas" dentro do córtex), desde que haja uma área motora secundária ainda íntegra. O mais comum na prática é o indivíduo perder a seqüência, onde o mesmo tenta fazer um movimento e faz com descoordenação. 
Outra forma de apraxia é a magnética, o indivíduo se comporta como um ímã, é só encostar alguma coisa nele para que o mesmo segure com firmeza. Por exemplo, uma pessoa com esse distúrbio subindo um escada pode, ao segurar o corrimão, segurá-lo com tanta firmeza que se torna quase impossível largá-lo.
Áreas Terciárias (Polimodal)
Nós possuímos três áreas terciárias. Lembrar que a quantidade de áreas secundárias é a mesma de áreas primárias (seis). As áreas terciárias são: a) área pré-frontal (região anterior ao lobo frontal); b) área temporoparietoocciptal (envolve os três lobos – pegando o giro angular e o giro marginal); c) área límbica (na ponta do lobo temporal, parte medial – o giro do cíngulo, giro para-hipocampal, giro temporal).
A área terciária límbica é importante para construção dos sentimentos (emoções). Somente os seres humanos possuem áreas terciárias, ou seja, só os seres humanos possuem consciência, sentimentos, etc. A expressão da emoção é uma coisa reflexiva. 
A área terciária temporoparietooccipital está relacionada com as áreas secundárias visuais e auditivas, que são dois sistemas importantes para dar imagem do mundo para o indivíduo, principalmente a imagem lingüística. Então, a linguagem é o comportamento diferenciador do ser humano para os outros animais. Problemas na linguagem decorrentes de distúrbios nas áreas corticais responsáveis pela construção da linguagem são chamados de afasia. O distúrbio da linguagem pode ser de três tipos de afasia, que pode ser de expressão ou motora (área de Broca); sensorial ou compreensão (área de Wernicke) e condução. O caminho da informação é a seguinte: chega ao ouvido, passa para a área primária, área de Wernicke. Existe uma ligação entre a área de Wernicke e a de Broca, e se ela estiver “desconectada” ocorrerá um outro problema, que é chamado de afasia de condução. Nessa afasia de condução o indivíduo compreende a linguagem (pois a área de Wernicke está intacta), mas não fala normalmente, tendo a incapacidade de repetir rapidamente as palavras. 
Em um tipo de afasia (afasia de expressão ou de Broca) o indivíduo não consegue falar algumas palavras (desaparecimento). Na área motora secundária são construídos bancos de dados onde descreve como pronunciar as palavras. Então, esse problema é causado por lesão na área de planejamento da pronúncia das palavras. Essa área é de Broca. Quando o indivíduo possui problemas nesta área ele começa a substituir palavras, usando a chamada parafasia (substituição de uma palavra), que pode ser de várias formas, como por exemplo, na parafasia literal ocorre uma mudança da ortografia da palavra (mudança de sílabas), mas possuindo relação com a palavra que o indivíduo desejava dizer. Pode também ocorrer uma parafasia semântica, onde a palavra formada nada tem a ver com a estrutura da que se desejava falar, mas tem uma relação com o sentido. Por exemplo, o indivíduo quer falar faca, mas por não conseguir dizer a palavra ele a troca por garfo (mesmo campo semântico - talheres). Entretanto, o indivíduo, às vezes, apresenta tanta parafasia que pensamos que ele é louco, e o pior é quando o indivíduo começa a construir palavras que não possuem nenhum sentido mesmo, o que se chama de neologismo. Outro tipo de alteração da expressão da linguagem é a linguagem telegráfica, onde as frases são faladas sem palavras de ligação (artigo, pronome, preposição, etc.). Nesses problemas o indivíduo compreende a linguagem, mas não consegue se expressar de forma correta. Essa área que permite a expressão da linguagem, estando localizada no lobo frontal e é conhecida coma área de Broca.
Existe uma área localizada no lobo temporal que é importante para compreender a linguagem, chamada de área de Wernicke, também é uma área auditiva secundária. Lesão nessa área dará um problema de linguagem, só que será de compreensão. Quando são produzidos sons no ambiente, lingüísticos ou não, a informação chega à área auditiva primária, depois será encaminhada para uma área secundária, que será separado em lingüístico (área de Wernicke) e o que não é. Na área de Wernicke será feita uma tradução – o som é transformado em um símbolo, onde o indivíduo vai começar a construir a compreensão da linguagem, ou seja, transforma o som em uma coisa lingüisticamente organizada. 
A área terciária frontal tem as seguintes funções: executivas, memória, atenção, motora e censoras (moral). As funções executivas são funções de planejamento global, só que para fazer planos é necessário traçar passos (etapas), para se fazer esses planejamentos é necessário o a atividade de neurônios localizados no lobo frontal. Se por um acaso esse lobo frontal estiver lesado, pode-se imaginar em fazer um plano, mas a execução está “desmontada”. Enquanto crescemos nossos pais impõem uma série de regras importantes, essas regras são guardadas no lobo frontal, então, toda vez que vamos executar uma tarefa consciente, nós "consultamos" o lobo frontal para ver se é permitido executar tal tarefa, se por um acaso existir algo que proíba tal tarefa, nós não a executaremos. Esse controle social e moral que nós temos é todo armazenado no lobo frontal, por isso se houver lesão nessa área começaremos a fazer coisas que vão contra nossa moral. 
O indivíduo pode ter dois comportamentos relacionados ao humor: I) Bloqueio completo da atividade da motivação; e II) exaltação.Quando o indivíduo está no bloqueio completo (depressão) ele tem idéias negativas contra ele mesmo, mas as idéias também vêem acompanhadas de uma desmotivação motora. Há formas mais complexas de depressão onde o indivíduo possui um bloqueio motor chamado de catatonia. Nesses casos o indivíduo fica paralisado. Ainda dentro do humor existe a exaltação ou mania, que é quando o indivíduo tem idéias fantásticas sobre ele mesmo. O indivíduo fica se exaltando o tempo todo (que ele é o mais bonito, o melhor, etc.) não conseguindo ficar preso a uma única idéia. A maioria dessas doenças acontece por distúrbios psiquiátricos, mas podem acontecer em pessoas que tiveram um tumor (neoplasia maligna no lobo frontal), embora não de uma forma tão completa como no caso de uma doença psiquiátrica.
No caso de pessoas que tiveram lesão na parte inferior do lobo frontal (área orbital), se a lesão for grande e pegar a parte medial, o indivíduo tem bloqueio motor (fica parado). Um médico português Egaz Muniz) desenvolveu uma técnica que consistia em retirar o lobo frontal (leucotomia) em psicopatas. Consiste em enfiar um estilete pela órbita e destruir a parte inferior/medial do lobo frontal, cortando a comunicação desse lobo com estruturas subcorticais e fazendo com que os indivíduos ficassem parados. O inconveniente dessa técnica (além dos aspectos éticos, é claro!) é que se porventura for cortado o lado inferior/lateral, há um efeito contrário ao desejado, ou seja, o indivíduo (que já é um psicopata) fica exaltado e perde a censura moral.
Em relação à memória temos um tipo de memória a memória explícita em que o hipocampo armazena suas informações no córtex nas áreas secundárias. Esse tipo de memória permite a lembrança consciente do indivíduo inclusive, permitindo que ele verbalize essas lembranças. Estruturas localizadas no lobo frontal buscam informações no córtex para que elas sejam ativadas na área consciente. 
Em relação à atenção, quando se está fazendo uma tarefa, todo trabalho cerebral é dirigido para que aquela tarefa seja executada, mas a pessoa pode mudar o foco de atenção para outra coisa. Por exemplo, uma pessoa (A) está prestando atenção em outra pessoa (B), mas de repente alguma coisa acontece de lado e a pessoa A muda o foco de atenção, quando se muda a atenção toda a atividade cerebral muda também, então o cérebro começa a trabalhar para processar essa nova informação. A memória é fundamental para a vida humana, sendo a atenção o primeiro passo para a memorização. 
Há uma síndrome, chamada de distúrbio da atenção e hiperatividade, que é muito comum em crianças, onde ela não consegue ficar parada, não conseguindo focalizar a atenção, nem passar um tempo mínimo concentrada em um determinado foco. 
Leitura Complementar
Guyton AC, Hall JE. Tratado de Fisiologia Médica. Editora Guanabara Koogan, 10a edição. 2002.
Kandel ER, Schwartz JH, Jessel TM. Fundamentos da neurociência e do comportamento. Editora Guanabara Koogan, 1a edição. 1997.
	
	Sobre os Transcritores
Noranege Epifânio Accioly
Aluna do terceiro ano do curso de graduação em Fisioterapia da Fundação Universitária de Ciências da Saúde de Alagoas Governados Lamenha Filho/ 
Escola de Ciências Médicas de Alagoas, em 2004.
Monitora da Disciplina de Fisiologia Humana da 
UNCISAL/ECMAL
Maceió, AL.
Nailton Alves Ferraz Filho
Aluno do terceiro ano do curso de graduação em Fisioterapia da Fundação Universitária de Ciências da Saúde de Alagoas Governados Lamenha Filho/ 
Escola de Ciências Médicas de Alagoas, em 2004.
Monitor da Disciplina de Recursos Terapêuticos Manuais da UNCISAL/ECMAL
Maceió, AL.
Fonte de Fomento: 
Nenhuma
Endereço: 
Faculdade de Fisioterapia da UNCISAL / ECMAL.
Rua Doutor Jorge de Lima 113
57010-382, Maceió - AL
Fone: +82 326 2922
Correio eletrônico: nailtonferrazfilho@hotmail.com
Dados do Manuscrito: 
Publicação Prévia: nenhuma
Data da última modificação: 22/04/04 11:17
Nome do arquivo: Fisiologia (Unidade I) - Aula 11 - Cortéx Cerebral.doc
Tamanho do arquivo: 94 Kb
(4411 palavras, 104 parágrafos)
C:\WINDOWS\Profiles\Gustavo\Meus documentos\Livro\Fisiologia (Unidade I) - Aula 11 - Sistema Nervoso Autônomo.doc
Última Impressão: 21/09/04 06:16
	Digitação: Noranege Accioly, Nailton Ferraz Filho e Gustavo Porfírio
Enviem comentários, dúvidas, sugestões e/ou críticas para o correio eletrônico: gustavo_porfírio@ibest.com.br
(
Monomodal – área que trabalha somente com um tipo de informação.
Polimodal – área que trabalha com mais de um tipo de informação.
(
As camadas piramidais externa e interna e multiforme possuem neurônios com axônios que saem do córtex.
(
Talvez só o lobo occipital esteja relacionado com uma função, já que todo ele está relacionado com a visão.
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