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Proteínas transmembrana: As integrinas são moléculas de adesão independentes do cálcio ou magnésio que ligam as células à matriz extracelular, com uma extremidade externa que se liga a componentes da matriz e outra extremidade que se liga, através da proteína talina à porção do citoesqueleto constituído de actina. Dessa maneira, percebe-se uma comunicação entre a matriz extracelular com o citoplasma através da membrana plasmática (ação que a matriz exerce sobre o citoesqueleto). As integrinas são importantes, também, no reconhecimento de moléculas de sinalização capazes de sinalizar a tradução de mensagens por via de sinalização. Logo as integrinas podem ser consideradas como um modulador chave do compartimento celular. As integrinas são importantes para a transmissão de informações do meio extracelular para o intracelular das células. A integrina está presente na constituição do hemidesmossomo, de modo que esta, une a placa de ancoragem com a fibrinina (proteína presente na lâmina basal). Durante processos inflamatórios ou infecciosos, os leucócitos percorrem o sistema vascular por meio de acontecimentos que envolvem uma série de receptores de adesão e migração. Logo, as integrinas desempenham um papel fundamental nesta cascata, mediando a retenção dos leucócitos no endotélio inflamado e coordenado a transmigração através da membrana basal para permitir o deslocamento ao local da infecção ou inflamação. A adesão celular por parte das integrinas é responsável pelas principais funções na migração, gerando tração ligando substrato extracelular a fibrinogênio, filamentos de actina e miosina organizando redes de sinalização, podendo ativar vias de forma independente agindo em sinergia com outros fatores, por exemplo, receptores de insulina, fatores de crescimento, receptores de VEGF, TGH-β, receptores do HGF e receptores de EGF. As caderinas são moléculas de adesão dependentes do cálcio que permitem a ligação entre células vizinhas. Cada uma das células que são ligadas possui sempre o mesmo tipo de caderina que a outra sendo as interações entre elas homofílicas. Ligam-se à célula através de cateninas. Possuem função de formação e manutenção da integridade dos tecidos. As caderinas são glicoproteínas transmembranas de passo simples contendo de 700 a 750 aminoácidos, sendo as principais moléculas de adesão celular responsáveis pela adesão célula-célula nos tecidos dos vertebrados. Formam uma superfamília, que abrange as caderinas clássicas - inicialmente reconhecidas na superfície celular, são algumas delas: Caderina E: abundantes nos epitélios; Caderina P: abundantes na placenta; Caderina N: abundantes no sistema nervoso; e as caderinas não-clássicas, encontradas em grande quantidade no tecido nervoso e em alguns outros tecidos, algumas também com função de adesão. Essas proteínas medeiam a adesão célula-célula dependente de Ca2+ extracelular. Sua parte extracelular possui cinco domínios com 100 aminoácidos cada, e, entre cada par de repetição de caderina ocorre o posicionamento do Ca2+, mantendo esses domínios juntos e formando uma estrutura na forma de bastão. Caso o Ca2+ seja removido, as caderinas mudam de conformação, tornam-se flexíveis e são rapidamente degradadas por enzimas proteolíticas. As caderinas normalmente ligam as células por mecanismos homofílicos, onde as moléculas de uma célula ligam- se a outras moléculas do mesmo tipo nas células adjacentes, mas também podem ocorrer outros dois tipos de ligações: ligação heterofílica, onde as moléculas de uma célula ligam-se as moléculas de um tipo diferente na célula adjacente e a ligação dependente de ligante, nessa os bastões de caderinas são ligados uns aos outros por moléculas de ligantes multivalentes. A maioria das caderinas ligam indiretamente a actina dos citoesqueletos de células vizinhas, suas caudas citoplasmáticas interagem diretamente com os filamentos de actina através de um grupo de proteínas de ancoragem intracelular denominado cateninas. As caderinas controlam a organização seletiva das células, durante o desenvolvimento, a migração ou a separação das células também é dependente do tipo de caderina, mudanças no padrão de expressão de caderinas durante a formação do sistema nervoso levam a uma segregação de grupos de células que expressam determinadas caderinas. As junções também podem ser feitas pelos diferentes graus de expressão de uma mesma caderina, células que expressam altos níveis se agrupam e se separam das células que expressam baixos níveis de caderina. As cateninas são proteínas de células animais envolvidas em processos de adesão celular mediados por caderinas. Das quatro cateninas conhecidas, alfa, beta, gama e delta; alfa e beta foram identificadas em 1985. Seu nome vem do latim catena, refere-se ao seu papel como nexo entre o citoesqueleto e as caderinas. A alpha-catenina pode se ligar tanto à beta-catenina quanto à actina (uma proteína capaz de se ligar aos filamentos, sendo parte fundamental do citoesqueleto). As beta-cateninas estão associadas ao domínio citoplasmático de algumas caderinas. Sua função está ligada à associação íntima de células adjacentes. Por exemplo, são componentes das articulações denominadas zonula adherens. Na verdade, camundongos transgênicos que apresentam uma baixa quantidade de beta- catenina em suas células endoteliais têm uma ligação mais relaxada entre elas. Estruturalmente elas têm domínios de interação com outras proteínas que permitem recrutar complexos de diversos componentes; por exemplo, as caderinas estão associadas à alfa-catenina, que interage com vinculina, alfa-actina e finalmente com actina. As vinculinas são proteínas (células de mamíferos) de membrana-citoesqueleto localizadas nas placas de adesão focal e envolvidas na ancoragem de moléculas de integrina ao citoesqueleto de actina. Na sua sequência é 20-30% homóloga à α-catenina, cuja função é similar. Sua molécula consiste em um domínio globular (cabeça) contendo locais de ligação para talina e α-actina, bem como um local de fosforilação de tirosina, enquanto a região da cauda tem locais de ligação para a actina F, paxilina e lipídios. A difusão e o movimento celular ocorrem através do processo de ligação entre os receptores de integrina da superfície celular às moléculas de adesão da matriz extracelular. A ligação está associada a adesões focais e articulações aderentes. O complexo das adesões focais consiste em muitas proteínas, como vinculina, α-actinina, paxilina e talina, na face citoplasmática da membrana celular. A perda de ligação afeta uma variedade de funções celulares; altera a formação do complexo e evita a adesão e difusão celular. A ausência desta proteína causa uma diminuição da difusão, acompanhada pela redução da formação de fibras de tensão, formação de poucas adesões focais e inibição da extensão do lamelipódio em cones de crescimento neurônios em formação. Verificou-se que as células deficientes em ligação apresentaram cones de crescimento progressivos mais lentos, bem como filopódios e lamelipódios menos estáveis. Com base na pesquisa, postulou-se que a falta de ligação poderia diminuir a adesão celular inibindo a montagem das adesões focais e evitando a polimerização da actina. Por outro lado, a sobre-expressão da vinculina poderia restaurar a adesão e a difusão, promovendo o recrutamento de proteínas do citoesqueleto para o complexo de adesão focal no local de ligação da integrina. A capacidade de ligação para interagir com as integrinas do citoesqueleto nas adesões focais parece ser indispensável para o controle da maquinaria do citoesqueleto, difusão celular e formação de lamelipódios. Desta forma, vinculina desempenha um papel importante no controle da forma,com base na sua capacidade de modular a estrutura e a função das adesões focais. As extensões finas do cone de crescimento são conhecidas como filopódio ou microlança. Os filopódios são como os "dedos" do cone de crescimento; eles contêm feixes de filamentos de F-actina que lhes dão forma e suporte. Filopódios são as estruturas dominantes em cones de crescimento, e aparecem como extensões cilíndricas estreitas que podem prolongar vários micrômetros para além da borda do cone de crescimento. Os filopódios são ligados por membrana que contém receptores e moléculas de adesão celular que são importantes para o crescimento e orientação do axônio. Entre os filopódios estão os lamelipódios. Eles são regiões planas de malha de actina densa em vez de F-actina empacotada como no filopódio. Eles geralmente aparecem adjacentes à borda do cone de crescimento e estão posicionados entre dois filopódios, dando-lhes uma aparência semelhante a um véu. Em cones de crescimento, novos filopódios geralmente emergem desses véus interfilopodiais. A Paxilina é uma proteína que funciona como proteína adaptadora na transdução de sinais e está localizada no citoplasma nos pontos onde a célula se une à matriz extracelular formando de aderências focais. São várias as proteínas que se ligam à paxilina e entre elas estão proteína-tirosina quinases, como a Src e a quinase de adesão focal (FAK), proteínas estruturais, como a vinculina e actopaxina, e reguladores da organização da actina, como o COOL/PIX e PKL/GIT. A paxilina ajuda a recrutar moléculas no complexo de transdução de sinais do qual faz parte, facilitando a recepção de estímulos externos que modulam diversos processos celulares, e intervindo assim na adesão celular, mobilidade e crescimento de células. As Talinas são proteínas citoesqueléticas de alto peso molecular, concentradas em regiões do substrato celular e, nos linfócitos, nos contatos celulares. Descobertas em 1983 por Keith Burridge et all, a talina é uma proteína citosólica onipresente encontrada em altas concentrações nas adesões focais. É capaz de vincular as integrinas ao citoesqueleto de actina, direta ou indiretamente, interagindo com vinculina e alfa-actina. Além disso, a talina-1 impulsiona o mecanismo de extravasamento através da microvascularidade humana modificada em sistemas microfluídicos. A talina-1 está envolvida em cada parte do extravasamento que afeta a adesão, migração trans-endotelial e estágios de invasão. As Selectinas são proteínas responsáveis pela adesão de leucócitos ao endotélio vascular na cascata precoce de eventos que levam aos processos de inflamação. Elas são necessárias para a migração de leucócitos, sendo o passo inicial da sequência de eventos que resultará no extravasamento dos neutrófilos nos sítios de injuria. A interação de selectinas com seus ligantes resulta num declínio dramático da velocidade dos neutrófilos, o que permite que as proteínas conhecidas como integrinas promovam ligamentos firmes dos neutrófilos com o endotélio. Todas as selectinas precisam de um resíduo carregado negativamente, isto é, o ácido N-acetil-neuroamínico. As selectinas são moléculas de adesão dependentes do cálcio que atuam em conjunto com as integrinas sendo bastante importantes para a migração dos leucócitos através dos vasos sanguíneos visto que ajudam a fixar o leucócito ao endotélio do vaso. As interações são do tipo heterofílicas visto que as selectinas se ligam a moléculas diferentes de si próprias. Três principais tipos de selectinas modulam as interações transientes entre leucócitos e células endoteliais ou plaquetas sanguíneas. As selectinas reconhecem carboidratos específicos na superfície de células e medeiam a interação inicial entre leucócitos e células endoteliais durante a migração dos leucócitos para os locais de inflamação, sendo elas: L-selectina, expressa na superfície de linfócitos e possui alta afinidade de ligação para carboidratos sulfatados. E-selectinas, expressas na superfície de células endoteliais ativadas. P-selectina, expressa na superfície de plaquetas e células endoteliais ativadas. Selectinas, juntamente com integrinas e moléculas de adesão intercelular (ICAMs), desempenham um papel significativo em inflamações e na migração periódica de linfócitos da circulação para órgãos linfóides, processo denominado endereçamento ou homing. A Espectrina é uma das proteínas mais importantes do eritrócito, sendo uma proteína periférica de membrana, por isso a sua ligação é relativamente fraca. Encontra-se no lado citoplasmático e representa 25% das proteínas periféricas. Cada hemácia contém cerca de 250.000 cópias de espectrina. A espectrina está sempre dimerizada formando uma cadeia dupla, na qual a cadeia alfa é ligeiramente mais pesada e maior que a beta. A função da espectrina é dar esta forma de disco bicôncavo ao eritrócito, constituinte principal do citoesqueleto. Devido à sua forma, o eritrócito é muito elástico e pode ser adaptado para passar pelos capilares, mesmo com diâmetros inferiores a ele. Se a espectrina for defeituosa, ocorre uma anemia hemolítica; como os glóbulos vermelhos de forma esférica são relativamente frágeis, a gravidade da anemia dependerá do grau de defeito da espectrina. A espectrina está ligada à superfície interna da membrana por meio de ligações não covalentes a uma outra proteína, a anquirina, que por sua vez se liga à proteína banda-3. A porção terminal da espectrina se liga a duas outras proteínas: actina e tropomiosina, ambas envolvidas na contratilidade das hemácias. A Anquirina é a proteína comum nos eritrócitos, promovendo a ligação do esqueleto proteico à bicamada lipídica através de interações com a proteína transmembranar banda 3 e com muitas outras proteínas da membrana. Essas uniões são necessárias para manter a integridade da membrana plasmática e para ancorar canais iônicos específicos, intercambiadores iônicos e transportadores de íons na membrana plasmática. São três grupos principais: as anquirinas R (banda 2.1) - permitem que os eritrócitos resistam as forças de cisalhamento a que estão sujeitos na corrente sanguínea. Pessoas com anquirina-R reduzida ou deficiente apresentam uma forma de anemia hemolítica chamada esferocitose hereditária (EH); as anquirinas B encontradas no cérebro e músculo. Juntamente com a anquirina-G, são requeridas para a distribuição polarizada de grupos de proteínas de membrana, como a ATPase Na+/K+, o canal de Na+ regulado por voltagem e o intercambiador de Na+/Ca2+. A relação da anquirina B com a organização das distrofinas musculares previne a morte muscular durante a força de contração. A Banda 3 é uma proteína multipassagem que tem a importante função de transportar O2 dos pulmões para os tecidos e auxiliar o transporte de CO2 dos tecidos para os pulmões. A banda 3 promove interações dentro do esqueleto proteico via ligação com as proteínas 4.2 e 4.1 e com a anquirina. A glicoforina é a proteína mais comum nas membranas plasmáticas de eritrócitos humanos. É uma proteína integral que atravessa a membrana uma vez (na forma de uma alfa-hélice), ou seja, tem um único segmento transmembranar e evita que aderisse a outras células ou às paredes dos vasos sanguíneos. Esta proteína possui 3 domínios com funções diferentes. Deve o seu nome para o domínio hidrofílico que possui na parte extracelular, que contém muitas cadeias de carboidratos. Este domínio tem a função de mediação da interação de eritrócitos com outras células. Além disso, uma hélice hidrofóbica permite ancorar a glicoforina na membrana. A glicoforina também possui outro domínio hidrofílico dentro das células, rico em aminoácidos carregados negativamente (aspartatoe glutamato). O domínio citosólico constitui o ponto de âncora para o citoesqueleto, que se expande no interior celular. A Glicoforina A, também conhecida como α-sialoglicoproteína, por estar associada a uma molécula de ácido siálico. Tem a função de regular as interações entre os glóbulos vermelhos, bem como as interações entre os glóbulos vermelhos e o endotélio vascular ou outras células circulatórias. Devido às cargas de ácido siálico, as células são repelidas entre elas, o que impede a formação de agregações quando circulam através dos estreitos dos vasos sanguíneos do corpo. Também é um receptor para os antígenos M e N. As Glicoforinas C são pequenas quando comparadas às glicoforinas A e contêm uma quantidade igual de carboidratos, bem como os mesmos tipos de cadeias de oligossacarídeos. Como diferença estrutural significativa entre elas, observa-se que as glicoforinas C contêm triptofano que não está presente em nenhuma das outras espécies de glicoforinas. Além disso, a glicoforina C contribui para a manutenção da estrutura da membrana plasmática e da forma globular dos eritrócitos graças à sua interação com a proteína 4.1. A Proteína 4.1 ou Banda 4.1R também chamada sinaprina é uma das proteínas que participa da união do citoesqueleto com a membrana plasmática nos eritrócitos. Ela desempenha um papel fundamental na regulação das propriedades físicas da membrana, como a estabilidade mecânica e a deformação, estabilizando a interação espectrina - actina. A proteína 4.1 interage com espectrina e pequenos filamentos de actina para formar o esqueleto da membrana eritrocitária. A ICAM-1 ou Molécula de Adesão Intercelular 1 também é conhecida como CD54 (Cluster C de Differentiation 54) é uma proteína membro da superfamília de imunoglobulina (Ig), uma superfamília de proteínas que inclui anticorpos e receptores de células T. Ela é uma proteína transmembranar que possui um domínio extracelular amino-terminal, um único domínio transmembranar e um domínio citoplasmático carboxi-terminal. Após a estimulação das citocinas (moléculas envolvidas na emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento das respostas imunes), as concentrações aumentam bastante. A ICAM-1 pode ser induzido pela interleucina-1 (IL-1) e pelo fator de necrose tumoral (TNF) e é expresso pelo endotélio vascular, macrófagos e linfócitos. ICAM-1 é um ligante para a integrina LFA-1 (antígeno 1 associado à função linfocitária) - um receptor encontrado em leucócitos. Quando ativados, os leucócitos se ligam às células endoteliais através de ICAM-1/LFA-1 e depois transmigram para os tecidos. Junções Celulares As junções celulares são ligações físicas que respondem pela adesão do tipo célula-célula e fornecem estabilidade e polaridade celular. O movimento de solutos, íons e água em uma camada epitelial pode ocorrer através ou por entre as células. Sendo a via transcelular aquela onde participam uma série de proteínas transportadoras que levam esses solutos para o interior da célula. E a via paracelular aquela onde as junções serão as responsáveis por permitir ou não a passagem desses solutos por entre as células. Existem três classes principais de junções: 1. Junções de Oclusão, que selam os espaços entre as células do epitélio, tornando-o uma barreira impermeável ou seletivamente permeável. 2. Junções de Ancoragem (zona de adesão e desmossomos), que transmitem o estresse e estão imbricadas aos filamentos do citoesqueleto. 3. Junções Comunicantes, que criam passagens ligando citoplasmas de células adjacentes. 3.1 Junções de oclusão Junções de oclusão possuem duas principais características: determinam a polaridade das células epiteliais e impedem a livre passagem de substancias; representam uma barreira a via paracelular. Duas principais proteínas estão presentes nessas junções claudina e ocludina, que pertencem à família das tetraspaninas com quatro domínios transmembrânicos, constituem um lacre de fechamento do epitélio. A proteína ocludina interage com quatro proteínas sendo: as proteínas da zônula de oclusão ZO-1, ZO-2 e ZO-3 e afadina. As proteínas claudinas formam fibrilas lineares nas junções, é a proteína que de fato sela a passagem via paracelular. Pertence a uma família de 16 proteínas, que serão responsáveis pelas diferentes permeabilidades ou impermeabilidades presentes nos diferentes epitélios. Não formam adesões fortes e por isso o contato é reforçado com as proteínas das zônula de oclusão (ZO-1, ZO-2 e ZO-3) e também afadina. Outras proteínas também se juntam a essa junção, sendo membros da superfamília das imunoglobulinas: nectina e JAM (molécula de adesão juncional). Nectina e JAM se associam a ZO-1 formando cis-homodímeros e em seguida, trans-homodímeros através do espaço extracelular, nectina também se liga aos filamentos de actina através de afadina. As junções de oclusão, também conhecida como zônula de oclusão, estão localizadas na região mais próxima da superfície apical da célula, cobrem todo o perímetro celular semelhante a um cinturão envolvendo toda a circunferência apical da célula. A zônula de oclusão na membrana celular quando analisada por criofraturas ao microscópio eletrônico mostra um aspecto semelhante a um “acolchoado” de faixas anastomosadas. Dependendo do número e dos padrões das faixas na zônula essas junções podem ser permeáveis ou impermeáveis. 3.2 Junções de ancoragem As junções de ancoragem são formadas pela zônula de adesão e pelos desmossomos, que juntamente com a zônula de oclusão formam o complexo unitivo da célula. A zônula de adesão localiza-se abaixo da zônula de oclusão e também envolvem todo o perímetro apical da célula. São formadas principalmente pela proteína caderina que interage com as proteínas de ancoragem: catenina, vinculina e α-actinina, esse tipo de junção une duas membranas celulares de células diferentes e também promove a associação do citoesqueleto das duas células através das proteínas transmembrânicas de ligação. Essas junções transmitem o estresse gerado pelo citoesqueleto de actina entre as células que estão unidas, essa rede de actina é potencialmente contrátil e proporciona à camada epitelial a capacidade de desenvolver tensão e mudar sua forma de maneira extraordinária, por exemplo: a invaginação da camada epitelial causada por uma constrição organizada ao longo do cinturão de adesão em regiões selecionadas do epitélio levam a importantes modificações morfológicas. O espaço intercelular de 15-20 nm entre os folhetos externos de duas membranas adjacentes é ocupado pelos domínios extracelulares das proteínas caderinas. Esse espaço entre as membranas celulares é bem diferente para as junções de oclusão, que chegam ate 5nm, aproximando ainda mais as membranas, garantindo um selamento entre os folhetos. Os desmossomos também constituem as junções de ancoragem e diferente da zônula de adesão, estão aleatoriamente distribuídos ao longo da membrana, semelhantes a um ponto de solda, ou seja, não estão circundando toda a célula. Os desmossomos são formados por duas placas de adesão em formato de disco que possuem aspecto bastante elétron-denso ao ME e projeções de 400x2500x10nm, localizadas opostas uma a outra nas faces citoplasmáticas da membrana. Essa placa é formada pelas proteínas da família das caderinas: desmoplaquinas e placoglobinas que interagem com as proteínas, também da família das caderinas, desmogleinas e desmocolinas, localizadas no espaço extracelular. O espaço intercelular chega a 30nm sendo ocupada pela porção glicosilada destas proteínas. A placa de ancoragem liga-se aos filamentos intermediáriosda célula, sendo filamentos de queratina para junções presentes nas células epiteliais ou filamentos de desmina para junções presentes nas células do músculo cardíaco. Essas junções são dependentes de cálcio e sua ausência pode causar quebra nessas junções que podem gerar injurias muito rapidamente. Estas junções respondem pela resistência e rigidez do tecido. 3.3 Junções comunicantes Junções comunicantes medeiam a comunicação intercelular por permitir a passagem de várias pequenas moléculas entre citoplasma adjacentes. O canal permite a passagem de moléculas até 1,5kDa pelos poros formados. Íons, açúcares, aminoácidos, nucleotídeos, segundo mensageiros como AMP cíclico ou GMP cíclico entre outras pequenas moléculas atravessam a fenda formada nessa junção, uma fenda estreita e constante com 2-4 nm de espessura. Esses canais são formados pela proteína denominada conexina, são mais de 20 tipos de conexinas conhecidas. As conexinas são proteínas transmembranas que se agrupam para formar o canal, denominado conexon, constituído por 6 proteínas conexinas, que se associam intimamente entre si e com a membrana através dos seus 4 domínios transmembrânicos. Os conexons podem ser classificados de acordo com a composição das proteínas conexinas que o forma, se as conexinas forem iguais formarão um conexon denominado homomérico, e se forem diferentes conexinas formaram um conexon denominado heteromérico. Um conexon, também conhecido como hemicanal, está emparelhado com seu par na membrana plasmática adjacente, os dois conexon se fundem, formando um canal hidrofílico funcional de comunicação intercelular. Essa interação pode ser do tipo homotípica quando os conexons apresentam a mesma configuração protéica ou heterotípico quando a configuração é diferente entre as proteínas conexinas em cada conexon. Os diferentes tipos de conexons formados podem ter diferentes funções em diferentes tipos celulares, a permeabilidade também é diferente e os canais podem se abrir ou fechar rapidamente dependendo do estado fisiológico da célula. Em condições de pH citossólico baixo e concentração de cálcio alta, os canais se fecham, para manter integridade nas outras células, uma vez que a alta concentração do íon cálcio pode ser consequência de dados na membrana plasmática. Na situação inversa, aumento do pH citossólico e diminuição da concentração de cálcio, os canais se abrem permitindo a comunicação celular. As junções comunicantes são também importantes nas sinapses elétricas onde o sinal é transmitido via junções comunicantes; na embriogênese onde a distribuição de moléculas informativas ocorre através das células em migração; ou nos músculos cardíaco e liso onde ocorre um acoplamento elétrico coordenando as atividades destas células, por exemplo, movimentos peristálticos. Outro exemplo importante da função das junções comunicantes ocorre quando glicose é necessária na corrente sanguínea, ou seja, em períodos após refeição para aumentar a glicemia, o sistema nervoso estimula as células do fígado (hepatócitos) a iniciarem a quebra do glicogênio, como nem todos os hepatócitos são individualmente estimulados, o sinal é disparado de uma célula a outra através de junções comunicantes, levando a degradação do glicogênio hepático. Junções celulares também estão presentes em invertebrados, em alguns casos as proteínas responsáveis pela junção apresentam um nome diferente, em outros a junção apresenta características específicas. Quando se trata da junção comunicante, a proteína responsável formadora do canal funcional é a proteína inexina, que desempenha a mesma função, permitindo a comunicação entre células garantindo o perfeito desenvolvimento. Para adesão célula- célula tipo junção de oclusão, a presente em invertebrados é denominada junção septada. As junções septadas formam um cinturão continuo ao redor de cada célula epitelial, e as membranas plasmáticas que interagem são ligadas por proteínas organizadas em linhas paralelas com periodicidade regular. 4 Interações celulares 4.1 Interação célula-célula transiente As interações célula-célula transientes são resultado da resposta imune do organismo, que ocorre em locais de inflamação ou na recirculação de algumas células entre tecidos e corrente sanguínea. A maioria dos leucócitos circula no sangue sem interagir com as outras células sanguíneas ou com células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos. Entretanto, os linfócitos participam de um contínuo processo de recirculação através dos tecidos linfoides. Esse processo denominado endereçamento ou homing envolve muitas e diversas moléculas de adesão que auxiliam os linfócitos a retornar a vários compartimentos linfoides do corpo. A interação linfócitos-células endoteliais requer dois tipos de proteínas de adesão celular: selectinas e integrinas. Os leucócitos utilizam um mecanismo similar para escapar dos vasos sanguíneos de modo a atingir os sítios inflamatórios. A migração dos leucócitos da corrente sanguínea ocorre também em várias etapas: 1. leucócitos na circulação resistem a forças tencionais de modo a diminuir a velocidade ao longo do percurso pelo endotélio vascular; 2. uma fraca adesão ao endotélio, sob condições de fluxo lento, faz com que os leucócitos rolem ao longo da superfície do endotélio, as selectinas presentes na superfície das células endoteliais ligam-se a carboidratos específicos na superfície dos leucócitos; 3. as integrinas receptoras 1 e 2 para os ligantes endoteliais VCAM-1 e ICAM-1 (superfamília das imunoglobulinas) são rapidamente ativadas na superfície dos leucócitos durante o rolamento, mediadores químicos do local da inflamação estimulam a ativação dessas integrinas 1 e 2 que reforçam a ligação dos leucócitos as superfícies celulares endoteliais; 4. ocorre uma forte interação e a migração transendotelial é mediada por integrinas que interagem com ligantes mas superfícies das células endoteliais. 4.2 Interação célula-célula estável As interações célula-célula estáveis são responsáveis pela organização das células em tecidos. É possível observar a importância das zônulas de oclusão em diferentes tecidos e epitélios, como exemplo: O epitélio intestinal, um epitélio cilíndrico simples, onde se observa uma grande quantidade de células absortivas que são responsáveis pela transferência de nutrientes do lúmen do intestino para o tecido subjacente que seguem pela corrente sanguínea e vão nutrir outros tecidos. Nesse epitélio, as junções de oclusão forçam a passagem da glicose pela via transcelular, a presença de transportadores simporte que levam a internalização da glicose a partir do lúmen do intestino orientada pelo gradiente de sódio (transporte ativo dirigido por gradiente iônico), mesmo em baixas concentrações de glicose no lúmen, e na sequência essa glicose é transportada para outros tecidos subjacentes por proteínas carreadoras específicas por difusão facilitada a favor do gradiente de concentração. Dessa forma a junção de oclusão garante a polaridade celular e o transporte celular sem desperdício de energia. Diferentes junções de oclusão selam de forma diferente, e a selagem pode não ser absoluta, embora impermeável a macromoléculas, sua permeabilidade a pequenas moléculas varia em diferentes epitélios, isso pode ser explicado pela diferente composição de proteínas que compõem as junções. No epitélio intestinal é 10.000X mais permeável a íons inorgânicos (sódio, por exemplo) do que as junções de oclusão no epitélio que reveste a bexiga, o urotélio. A principal proteína transmembrana, essencial para formação da junção de oclusão é a proteína claudina. Camundongos que possuem mutações no gene claudina-1 não formam junções de oclusão entreas células da camada epitelial da pele, e como resultado, as crias perdem água rapidamente por evaporação pela pele e morrem em poucos dias após o nascimento. Barreiras também importantes são formadas com as junções de oclusão, como a barreira hemato-encefálica e a barreira hemato-testicular, que garantem que microrganismos ou drogas não atravessem essa junção e causem danos nesses compartimentos. A barreira hemato-encefálica é formada pelas junções de oclusão e componentes adicionais, como: lamina basal dos capilares endoteliais e os pés terminais dos astrócitos no sistema nervoso central garantindo que moléculas cheguem ao SNC atravessando a via transcelular (Figura 15). A barreira hemato-testicular separa os compartimentos: basal e adluminal no epitélio germinativo, garantindo a espermatogênese correta sem interferência de drogas e microorganismos. Além da junção de oclusão as junções de adesão célula-célula também desempenham funções significativamente importantes, tanto no tecido muscular cardíaco quanto na fusão entre espermatozoide e ovócito. O tecido muscular cardíaco é formado por células denominadas cardiomiócitos, que são unidos por complexos juncionais especializados, os discos intercalares. Organizados em componentes transversais e longitudinais, responsáveis principalmente pela resistência ou comunicação, respectivamente. No componente transversal encontram-se as junções de ancoragem (zônula de adesão e desmossomos), garantindo à resistência da célula as contrações. E no componente longitudinal, as junções comunicantes, são responsáveis pela rápida transmissão de sinal elétrico, levando à contração muscular sincronizada. Na fecundação, momento em que os núcleos dos gametas: feminino e masculino se unem para dar início ao desenvolvimento do embrião, a adesão das membranas celulares ocorre a partir do reconhecimento e interação do tipo célula-célula. Na membrana do ovócito II a presença de um complexo formado por integrina e tetraspanina reconhece e se liga a um heterodímero de fertilina alfa e beta presente na membrana celular do espermatozoide, essa interação é suficiente para levar a fusão das membranas e união dos núcleos dos gametas. As interações célula-célula executam importantes tarefas no organismo, algumas vezes bloqueiam a passagem de substâncias, outras garantem a adesão para migração celular ou integridade do tecido, permitem a comunicação celular para o bom funcionamento e desenvolvimento de um organismo. Sem dúvida, executam funções essenciais mantendo um perfeito metabolismo e organização celular.
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