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artigo sobre povo indigena e mercado veo o peso no Pará

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Universidade do Estado do Pará
Centro de Ciências Sociais e EducaçãoCurso de Licenciatura Plena em Ciências Sociais
Núcleo Universit ário de Igarapé-açu Campus X
Disciplina: Laboratório de A tividades Complementar es I
Docente: Msc. Elayne de Nazaré A lmeida dos Santos
Discentes: Antonio A lberto Leandro Silva
William Berg Teixeir a da Paixão
ARTIGO EXPERIENCIAS A CAMPO EMBUSCA DENOVAS DESCOBERTAS
IGARAPÉ-AÇU/PA
2017
ANTONIO ALBERTO LEANDRO DA SILVAWILLIAM BERG TEIXEIRA DA PAIXÃO
ARTIGOEXPERIENCIAS A CAMPO EM BUSCA DE NOVASDESCOBERTAS
Este artigo é um requisito parcial deavaliação da disciplina Laboratório deAtividades Complementares I,ministrada pela Professora Msc.Elayne de Nazaré Almeida dosSantos, do curso de LicenciaturaPlena em Ciências Sociais, daUniversidade do Estado do Pará.
IGARAPÉ-AÇU/PA2017
SUMÁRIO
1-Resumo pag. 4
2-Introdução pag.5
3-Procedimentos metodológicos pag.6
4-Café com as ciências sociais: o direito a cidade pag.7 e 8
5-Mercado Ver-o-Peso: primeira pesquisa de campo pag.9,10,11,12 e 13
6-Aldeia Tembé: trabalho, cultura e um novo horizonte pag.14,15 e 16
7-Considerações finais pag.17
8-Referências Bibliográficas pag.18
RESUMO
O presente artigo, traz relatos sobre assuntos importante abordados na disciplina
“laboratório de atividades complementares ministrada pela prof.ª mcs Elayne deNazaré que antes de irmos a campo temos que saber noções importantes para podeagir de certo diante das situações encontradas durante o momento da pesquisa, cujoobjetivo é fazer uma sobre a importância dessas atividades para o profissional dasciências sociais, realizemos duas idas a campo o primeiro foi no complexo do Ver-o-Peso que é considerada a maior feira livre a céu aberto da américa latina, para ummelhor entendimento de como é as relações entre as pessoas que trabalham na feiraacima citada. Já a segunda visita de campo aconteceu na aldeia são Pedro dosíndios Tembé no município de Santa Luzia do Pará, para elaborar relatos sobrenoções de trabalho para daquela comunidade nativa. O mercado do Ver-o-Peso parao estado do Pará e a cidade de Belém é um loca não apenas de importânciacomercial, mas, também um lugar importante de representatividade cultural do nossoestado e na aldeia Tembé encontramos os nativos e ouvimos deles o quanto éimportante a demarcações de suas terras para que assim, possam exercer suasatividades.
Introdução
Este artigo vem com o intuito de mostrar a dinâmica realizada na disciplina de
Laboratório de Atividades Complementares I, ministrada pela Prof.ª Msc. Elayne de
Nazaré, no curso de Licenciatura Plena em Ciências Sociais da Universidade do
estado do Pará (UEPA), Campus X Igarapé-Açu.
Dentro desta disciplina foram abordados diversos textos de carga teórica, com
abordagens voltadas a pesquisa de campo, que muito foi falada em sala de aula.
Alguns textos voltados para a área antropológica, pois os discentes do curso fizeram
diversas idas a campo, então esses textos vieram como um “guia” para auxilia-los
nessas pesquisas. Fazendo leituras dos textos foi possível dar um norte aos
discentes, pois partiriam para suas primeiras idas a campo. Foram realizadas duas
pesquisas de campo, a primeira no Mercado do Ver-O-Peso, Belém-Pará, a segunda
em Santa Luzia do Pará, na Aldeia de São Pedro Tembé. E mais, diversas atividades
que os discentes participaram durante a disciplina citada acima, como palestras,
oficinas e apresentação de trabalho, durante a Semana Acadêmica realizada no
Campus X e uma Exposição de Fotografias que foram capturadas durante essas
pesquisas.
Assim, o presente texto pretende desmembrar como se deu a aplicação da
disciplina em sala de aula, as atividades elaboradas e realizadas pelos discentes do
curso de Ciências Sociais, como foram realizadas as pesquisas de campo e o que os
discentes extraíram dessas primeiras idas ao local de suas pesquisas. Pois, de fato,
algo novo a turma trazido pela Prof.ª Elayne de Nazaré, que sem dúvidas veio a
somar no processo de formação destes futuros cientistas sociais, fazendo com que
cresçam no pessoal, profissional e o mais importante, crescer humanamente.
É necessário o esclarecimento de que durante este artigo irão dar ênfase as
atividades realizadas durante a disciplina, que acima já foram citadas, pois notou-se
que foi durante essas atividades que os discentes conseguiram captar muitas
informações de como se portar diante de situações que foram vistas nesses locais
de pesquisa.
Processos metodológicos
O presente texto em formato de artigo acadêmico foi elaborado de acordo
com textos lidos e discutidos em sala de aula. Como o texto de Leitão (2011) que
fala do mercado Ver-O-Peso, e foi um dos nossos guias para este trabalho, mas
também vimos Cardoso (2004), Brandão (2007), Magnani (2002), entre outros. Ou
seja, partimos de princípio com leituras bibliográficas com os autores citados acima.
E mais, além das leituras bibliográficas, o nosso trabalho foi redigido através
de pesquisas de campo, sendo a primeira no mercado do Ver-O-Peso em Belém, Pa,
e a segunda visita a campo foi realizada em Santa Luzia do Pará, em uma aldeia
indígena chamada Aldeia de São Pedro Tembé, onde foi possível verificarmos as
mudanças ocorridas nesse povo.
Através de coletas de dados bibliográficos, e de entrevistas que foram
realizadas durante estas duas pesquisas de campo, usando a mídia digital, como
aparelho celular para a gravação da fala dos nossos entrevistados, anotações em
agendas para posteriores revisões e câmeras fotográficas e câmera de celular para
capturarmos imagens que nos chamaram a atenção.
Contudo, nosso trabalho está sendo realizado através destas pesquisas de
campo, de leituras que foram feitas em sala de aula durante a disciplina, as coletas
de dados que conseguimos com as entrevistas, que ao todo somaram 6 entrevistas,
sendo 5 no mercado do Ver-O-Peso com trabalhadores deste local, de diferentes
profissões, escolaridade, idade, sexo, etc., e 1 na aldeia de São Pedro Tembé, com
um índio morador do local, aposentado e com um único filho que reside com ele.
Tivemos como linha de pesquisa, trabalharmos sob a ótica do “trabalho”.
Café com as ciências sociais “o direito a cidade”
As cidades são vistas como um lugar que acolhe todas as pessoas, porém, se
pararmos e observar com muita atenção não desse modo que é percebido realidade,
é uma obra de arte que nem todos tem acesso a mesma ou conseguem sobreviver
dentro dela, é como nos diz o tema “o direito a cidade”, será que todo tem direito?
Pois a mesma precisa atender não só necessidades individuais e sim atender e
proteger a todos e sejam tratados com respeito no dia-a-dia independente de crença,
religião ou orientação sexual e não apenas para favorecer o sistema capitalista como
afirma Lefebvre.
A própria cidade é uma obra, e estacaracterística contrasta com orientaçõesirreversíveis na direção do dinheiro, nadireção do comércio, na direção das trocas,na direção dos produtos. Com efeito a obraé o valor de uso e o produto é o valor detroca. O uso da principal da cidade, isto é,das ruas e das praças, dos edifícios e dosmonumentos é a festa (que consomeimprodutiva, sem nenhumas outrasvantagens ale do prazer e do prestígio,enormes riquezas e do prestígio, enormesriquezas em objetos e em dinheiro).Lefebvre-(2001)
As necessidades será tudo aquilo que uma cidade precisa para acolher bem
as pessoas com por exemplo suas ruas serem projetadas para que toda a pessoa
consiga se locomover de forma segura sem correr o risco de andar e encontrar
obstáculo no meio do percurso, ou seja, ter suas calçadas livres ruas com uma parte
exclusiva para os pedestres e ciclistas andarem com segurança de formamais direta
seria uma cidade projetada e apropriada para que todos possam ter seus direitos a
seus espaços sem que um causasse tanta interferência no outro.
Já as necessidades individuais, são aquelas que temos para satisfazer nossas
necessidades
pessoais, porém, quando se refere a cidade essa nossa
individualidade pode gerar dificuldades para outros. Um o dono de um comércio
precisa aproveitar todos os espaços possíveis de seu estabelecimento, por isso
resolve colocar seus carrinhos que os clientes usam para fazer compras na calçada
e para ele por estar em frente sua propriedade acha que pode usar aquele espaço
para uso pessoal e não percebe ou finge que não ver a que sua atitude estar
impedido o direito de ir e vir das pessoas.
Também Lefebvre cria um termo que é a sociedade do consumo dirigido, com
a divisão social do trabalho do mundo capitalista que vivemos estamos sempre sedo
influenciados a consumir algo seja pela necessidade de termos que trabalhar o ser
humano precisa assumir e realizar serviços que não se identifica, ou através dos
meios de comunicação que estar sempre nos mostrando as modernidades que surge
a cada momento com o auto avanço tecnológico seja nas grandes ou pequenas
cidades.
A necessidade de se pensar em uma sociedade branca se dá pelo motivo que
vem desde a colonização do Brasil, quando os negros foram trazidos forçadamente
de seus países de origem em particular os africanos com um único proposito fazer
dessa gente o animal de trabalho em diversos setores desde o trabalho na a serviçal
na casa dos senhores que detinham o poder sobre esse povo, que além de trabalhar
de graça era submetidos a vários tipos de humilhações e se mostrasse algum
espécie de rebeldia os mesmos eram castigados em público como forma de exemplo
para os outros.
Então, é preciso um novo humanismo, isto é, surgir um novo homem livre de
todos esses preconceitos que possa enxergar um ser humano, que tem todo o direito
de fazer suas escolhas e não ser interpretado como um atentado a sociedade
independentemente de sua cor, raça, orientação sexual ou que seja mulher o
respeito deve ser o mesmo.
Lefebvre via o cristianismo como um atraso da vida agraria, como algo que
impedia o ser humano de pensar que é possível ter outras formas de viver a vida
respeitando as normas e tendo um olhar mais humano para o próximo sem pensar
que ele lhe trará algum tipo de mau, ou seja, o homem rural precisa abrir sua mente
para receber grandes transformações que acontece todos os dias no mundo todo e
com a mente aberta a novos desafios viver fica bem melhor.
Portanto, é de extrema importância estar sempre atento as mudanças que
vem ocorrendo no mundo e também ao seu redor para não cair na ideia de sair
fazendo comentários sobre coisas que não se sabe de fato o que é ou de imaginar
que o tempo de hoje é o mesmo de dez anos atrás.
Mercado Ver-O-Peso: primeira pesquisa de campo
O mercado do Ver-O-Peso, um dos maiores mercados a céu aberto da
América Latina, e é considerado por muitos um ponto turístico e um cartão postal da
Amazônia ou do Pará, também lugar de pessoas trabalhadoras que fazem esse local
ser reconhecido por todo o país por seus trabalhos realizados ali. O mercado fica às
margens da baía do Guajará. Abastece a cidade de Belém com diversos tipos de
mercadorias, desde a alimentação até o artesanato, que tanto encanta quem chega
ao mercado do Ver-O-Peso, por suas cores e formatos.
Ao andar pela feira vê de tudo da venda de roupa, ervas para banho de cheiro,
muitas vendas de artesanato, frutas, farinha, peixe e muitas outras diversidades de
produtos sendo vendido ou estava a venda, tudo me chamou atenção, mas, uma
espécie de trabalho que ali vi sendo realizado e que nem fazia ideia que iria
encontrar e vê pessoas descascando mandioca para a retirarem o tucupi serviço que
pensei não ser feito por ali, porque tinha visto na zona rural na cidade só em casas
de farinha.
A feira bem dividida, com local destinado a venda de comidas outro para a
venda de farinha, outro só para verduras e das frutas tudo muito bem dividido, com
isso manter um lugar organizado e assim facilitar a circulação das pessoas não só os
turistas do nosso estado, mas também os que vem de outros lugares do Brasil e até
de países estrangeiros que deseja conhecer a cultura do povo paraense. A divisão
do trabalho é a condição necessária do desenvolvimento intelectual e material das
sociedades; é fonte de civilização DURKHEIM (1999). Contudo separar onde fica
cada setor da feira é importante, pois, isso mantem a higiene do local e também uma
melhor organização da mesma.
Ao todo 5 entrevistas foram realizadas somente no mercado, dessas entrevistas
ficou evidente em todos os entrevistados a sua satisfação de ali trabalhar, como
relata dona Marina, de 58 anos:
“Trabalhar aqui para mim é muito bom,poisestou no meu serviço trabalhandohonestamente só não estar melhor para nósporque você estar vendo a situação dizer queé um cartão-postal, mas não se vê como umcartão-postal. Vê como é que estar aqui,então para mimo que resta é isso ter o asseio
por parte da prefeitura que nem aqui ele vemsaber como estar caindo, é um local querecebe pessoas do interior e de outrospaíses”.
Porém fica evidente na fala de dona Marina seu olhar crítico quanto à
estrutura do Ver-O-Peso, o seu descontentamento com relação à falta de assistência
por parte da Prefeitura de Belém aos que trabalham no mercado. Partindo desse
olhar de uma trabalhadora do local, percebeu-se a estrutura, realmente, bastante
danificada pelo tempo, como as lonas sujas e apodrecidas. Mas, dona Marina deixou
claro que neste local seu relacionamento com os outros é de tamanha confiança,
todos se ajudam e não há rivalidade ou competição entre eles. Pode-se perceber a
reciprocidade entre os trabalhadores daquele ambiente de pequenos
restaurantes,onde muitos dependem um do outro para seguir seu trabalho
diariamente. Assim como afirma Leitão (2011):
“Uma primeira abordagem deixa perceber asrelações de reciprocidade entre as diferentescategorias de trabalhadores, revelandoigualmenteas redes sociais que emergem nosmercados e como a dinâmica de taisambientes depende da existência dessasredes interpessoais”.
Belém e seu desenvolvimento comercial está diretamente ligado ao
funcionamento de um mercado popular, o Ver-o-Peso, maior feira livre a céu aberto
da América Latina. Silva64 (2015), os produtos artesanais feitos com muita
criatividade e cores, conversando com o Douglas que trabalha na feira há dez anos
ele nos disse que:
Não há concorrência somos como umafamília a mercadoria que eu não tenho pegocom o vizinho e o que ele não já pega aquicom a gente sempre na camaradagem,tenho uma filha e com a renda dá para memanter sim, surgiu emprego de carteiraassinada, eu que quis ficar aqui, pois, paramim é o melhor trabalho do mundo aquestão da venda é preciso colocarmercadoria que saia e não que te empateisso depende muito do vendedor, osprodutos vem de diversos lugares do interiordo estado, eles trazeme nos entregamaqui.
Nesta fala o entrevistado demonstra que por trabalharem no mesmo local
vivem unidos uns com os outros que divide o espaço da feira, porém, é bom ressaltar
que em apenas um único contato com o pesquisando não é possível reconhecer que
de feto o que ele está falando é verdade. Trabalho de campo é uma vivência, ou seja,
é um estabelecimento de uma relação produtora de conhecimento BRANDAO (2007).
Toda essa representatividade cultural através do artesanato com muitas cores e
criatividade é possível ver na imagem nº1, a qual denominamos a “diversidade da
arte materialista paraense”.
F ig ura 1 divers idade da a rte ma terialis ta para ense. Arquivo pes soa l
Portanto, existe entre os trabalhadores da feira do Ver-o-Peso um sentimento
em comum que é o descaso do poder público em não fazer os investimentos
necessários para que a mesma fique um ambiente mais atrativo tanto para quem
trabalha como também para os visitantes que chega na capital paraense com o
desejo de conhecer a maior feira livre da América Latina.
Partimos para o próximo entrevistado, agora em um ambiente de trabalho
onde ficamos surpresos, era onde
homens e mulheres estavam descascando
mandioca, pois, não sabíamos que ali no mercado existisse esse tipo de trabalho
que é muito visto na zona rural, em casas de forno. Abordamos, o Cléber Gomes, de
38 anos, ensino médio incompleto, trabalha na feira do mercado há 10 anos, e é de
onde extrai sua renda para sustentar a si e a sua família. Ele já tem uma visão
diferente em relação à afinidade ou relação com os outros, diz que tem uma relação
“variada” com os trabalhadores da feira: “tem gente do bem, que não é do bem, é
uma relação variada né, é uma relação variada com os amigos de trabalho“.
Contudo, foi possível perceber na maioria dos entrevistados o sentimento de
camaradagem entre eles, que segundo Leitão (2011):
O Ver-o-Peso permanece como um universoespecífico no contexto da cidade onde pormeio de atividades comerciais sematerializam também ricas redes desociabilidades que colocam em confrontocompradores e vendedores, gerando ossentimentos da camaradagem, da confiança eque vão ajustando as relações característicasdos mercados como lugar de circulação decoisas e fonte de relações sociais esimbólicas.
Ou seja, as relações que surgem nesse ambiente de trabalho de dezenas de
homens e mulheres é algo muito forte, de socialização, de companheirismo, etc., E,
ressaltando que todos tem a visão crítica com relação à estrutura do mercado Ver-o-
Peso, vimos lonas apodrecidas pelo tempo, piso sujo e com poças de água, e outra
questão levantada por eles foram à insegurança que sentem ali, por mais que seja
um ambiente tranquilo para trabalhar, segundo os entrevistados já ocorreram e
ocorrem ainda assaltos, seja com os compradores ou com vendedores, por isso
passaram a pagar um vigia para suas barracas.
Vimos de perto o descaso do poder público com esses trabalhadores e com o
mercado Ver-O-Peso, os trabalhadores todo mês pagam uma pequena taxa a
Prefeitura pelas suas barracas que ocupam naquele espaço, mas não se vê essa
verba sendo aplicada para melhoriasno espaço de onde eles tiram seu sustentopara
sobreviver, e nem dos visitantes que vão ao mercado para saborear o que o Ver-O-
Peso tem melhor. Outro fato importante falado por um de nossos entrevistados foi a
desvalorização do artesão e de seus produtos artesanais que vem acarretando uma
queda nas vendas. O artesão é aquele que “exerce um ofício, produz bens materiais
para a comercialização sem que haja repetidores industriais, ou ainda é o indivíduo
que exerce, por conta própria, uma arte, ou ofício manual, como reza o regulamento
do Imposto sobre Produtos Industrializados”. Logo, não há um incentivo por parte
dos governantes, do poder público, para que os artesãos consigam uma maior
valorização no nosso Estado, e sabemos que o artesão produz a cultura local, assim
dando incentivo á economia de base local, como afirma Lemos:
“O incentivo à produção artesanal constitui,portanto, uma forma alternativa de incentivoàs economias de base local, assegurando apreservação da cultura local, bem como ageração de emprego e renda para inúmerasfamílias, considerando que grande partedessas pessoas encontra no artesanato umaforma de garantir a própria sobrevivência e amanutenção do bem-estar de seus familiares”.
Assim, nota-se o quão importante seria essa valorização do artesanato, como
forma de valorizar a cultura local, como uma forma de garantia de sobreviv ência
dessas pessoas que trabalham com o artesanato e a valorização da economia local.
Enfim, com essa pesquisa de campo podemos ver o quão difícil é ser um
pesquisador ou antropólogo, por que difícil? Porque é quase imposs ível não se
deixar afetar pelas histórias de vida que escutamos nessas poucas entrevistas, logo,
a ciência nos pede neutralidade, mas não há como não se relacionar com trabalho
de pesquisa, Brandão pontua:
“O trabalho de campo, a pesquisaantropológica, para mim, é uma vivencia, ouseja, é o estabelecimento de uma relaçãoprodutora de conhecimento, que diferentescategorias de pessoas fazem, realizam (...)”.
Brandão (2007) nos diz que um trabalho de campo, depende da pessoa que faz a
pesquisa, mas também de quem está sendo entrevistado, há uma relação de
subjetividade, de afetividade entre essas pessoas.
Aldeia Tembé: trabalho, cultura e um novo horizonte.
Dentro da disciplina, partimos para nossa segunda ida a campo, dessa vez
realizada em Santa Luzia do Pará, na aldeia São Pedro Tembé, onde moram
aproximadamente, segundo o antigo cacique, 300 pessoas. A aldeia é banhada pelo
Rio Guamá, rio esse que servia e ainda hoje serve de deslocamento dos índios. Em
uma conversa com o antigo cacique, foi possível fazer muitas anotações e perceber
vários pontos que mudaram nossa visão, já que sempre temos um pré-conceito do
que seria isso, do que seria quilo, enfim, ele nos relatou inúmeros fatores que serão
abordados abaixo. Durante a nossa chegada ao local de pesquisa, vimos casas que
foram financiadas pelo governo, casas de alvenarias, com rebocos e pinturas, todas
com revestimento lajotas. De princípio, imaginávamos encontrar nem que fosse uma
cabana ou algo parecido, mas foi o que não vimos lá.
O seu Israel, ex-cacique, nascido e criado na aldeia, é um dos mais antigos
moradores daquele local, com 57 anos de idade, diz que já vivenciou muito naquela
aldeia. Quando indagado sobre o rio que banha aquela aldeia, ele nos disse que a
aldeia, desde 1947 passou a pertencer a Santa Luzia do Pará, pois com o interesse
dos governantes de colonizar aquela área, obrigaram os índios, a se desapropriar de
suas terras, que passaram para o outro lado do rio, deixando de pertencer a Capitão
Poço. Logo, percebemos a falta de respeito e humanidade que até hoje é gritante
com os povos indígenas, fazendeiros ou os próprios governadores, passam a
explorar esses povos.
Outro fato importante foi à perda da língua nativa desse povo, os Tembé, há
uma perda significativa na língua deles, pouquíssimos segundo o ex-cacique, fala
ainda hoje a sua própria língua. Dejan, um professor da aldeia, que estudou ali
desde a infância, algo novo para nós, já que ele não é índio, mas “homem branco”, e
estudar ali e saiu para estudar na UFPA, formou-se e retornou para dar aulas na
aldeia. Ele nos falou que a língua nativa dos Tembé não é dada em sala de aula na
aldeia, por não haver professores capacitados para ensinar ou resgatar essa língua.
Logo, podemos notar que a intensa relação com o “homem branco” fez com que
esse povo fosse perdendo sua língua nativa, além de que, na aldeia moram os índios,
mas também aqueles com quem mantem uma relação conjugal, sendo pessoas de
fora da aldeia.
Para encerrar o diálogo com o seu Israel, abordamos o tema cultural do local,
e lá existe uma festa tradicional, que é a Festa da Moça, segundo explicações do ex-
cacique é uma festa que mostra a representação cultural do povo e para mostrar que
as meninas estão se tornando mulheres. A festa inicia quando uma menina da aldeia
tem sua menarca, aí ela passa por um ritual, ela é separada das demais pessoas,
pintam o corpo todo dela com jenipapo e fazem um M de mulher ou moça no seu
peito, e os homens da aldeia vão para a caça e todo animal que conseguem caçar
trazem e fazem uma paçoca e é entregue as meninas do ritual. Depois disso, ela é
“entocada” em um lugar onde somente uma pessoa é responsável por sua
alimentação, mais ou menos, por uma semana ela permanece ali, passando esse
tempo, é entregue aos pais que passam a serem os únicos responsáveis pela
menina-mulher.
Partimos para a entrevista com os moradores da aldeia, abordamos o Seu
Sebastião Tembé, 61 anos de idade, aposentado, fundamental incompleto, nasceu
na aldeia sede/aldeia posto, depois de algum tempo, mudou-se para a aldeia onde
mora até hoje com o seu único filho, a Aldeia de São Pedro Tembé. Indagamos
sobre em relação ao trabalho que é exercido nessa aldeia, a principal ainda hoje é a
“roça”, a plantação de mandioca, de onde é feita a farinha. Segundo
o seu Sebastiao
Tembé: “a mandioca ela serve pra muita coisa, serve pra fazer a farinha pra gente
comer que é o mais importante do lugar desse que a gente mora, por que se o cabra
passar o ano sem botar uma roça, ele passou um ano com o braço quebrado porque
ele vai sobreviver do que? ”. “.
Contudo,nessa segunda ida a campo, foi possível identificarmos as mudanças
que ocorreram nessa aldeia, desde a sua fundação em 1945, até hoje. Segundo os
entrevistados, hoje está muito melhor para a circulação dos mesmos e da circulação
de suas mercadorias, pois antes iam pelo rio de canoa até a cidade para a
comercialização de suas mercadorias, hoje já existe a estrada, aberta por um dos
índios daquela aldeia, que deu uma maior acessibilidade para o povo Tembé. Um
outro fato importante de ser relatado foi a conquista da titulação de terras que os
índios tanto lutaram para conseguir, somente em 1994, junto com deputados e
governadores, foi dada os títulos de terra, tornando legalizada a terra da aldeia
Tembé, mas, mesmo com a documentação legalizada, ainda sofrem com ameaças
por parte dos grandes fazendeiros daquela região, o seu Israel nos relata que: “ainda
existe ameaças por parte dos fazendeiros“. Assim, essa pesquisa de campo foi de
uma importância muita grande para nós, discentes do curso de Ciências Sociais,
pois nos permitiu abrir os horizontes e o olhar crítico com relação a falta de políticas
públicas e de incentivo a essas aldeias indígenas no nosso Estado.
Considerações Finais
Esta disciplina trouxe para nós alunos do curso de ciências sociais, uma
grande carga de conhecimento, pois, foi na mesma que realizamos o primeiro
trabalho de campo, que através de observações e entrevistas com pessoas que vive
em mundos diferentes, os que trabalham na feira do Ver-o-Peso em Belém do Pará
que passam o dia sobre efeito das agitações da cidade grande e também estão
sempre se deparando com pessoas de outras localidades paraense, de outros
estados brasileiros e até com estrangeiros vindos de outros países.
Já a outra pesquisa se deu em um lugar bem diferente do primeiro foi na zonarural com um grupo de indígenas no município de Santa Luzia do Pará um local deacesso mais difícil, por mais que passamos pouco tempo em contatos com foi muitoproveitoso na ampliação do nosso conhecimento como também para vermos melhorpessoalmente. Foi notável nas duas pesquisas realizadas que existe umainsatisfação tanto nos trabalhadores do complexo Ver-o-Peso quanto na aldeiaTembé devido falta de investimentos por parte do poder público.
Então é necessário que os governantes desenvolvam políticas públicas com oobjetivo melhorar a qualidade do espaço dos feirantes do Ver-o-Peso para melhoriasestruturais e de segurança tanto para os trabalhadores quanto para que via visitaraquele local, já para os índios são necessárias políticas mais eficazes que venhatrazer a eles melhorias educacionais para a preservação da língua e a cultura depovos nativos em especial os Tembé da aldeia são Pedro pois, a maioria dos alivivem não sabe falar sua língua oficial.
Referências Bibliográficas
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Reflexões sobre como fazer trabalho de campo.
Sociedade e cultura, janeiro-junho, ano/vol. 10, número 001. Universidade Federal de
Goiás, Goiana, Brasil. pp. 11-27. 2007.
DURKHEIM, Emile. 1858-1917. Da divisão do trabalho social/ Émile Durkheim:
traduçãoEduardo Brandão- 2ª ed.- São Paulo: Martins Fontes 1999.- (coleção
tópicos).
LEFEVBRE, Henry, 1901-1991. O direito a cidade/ Henry Lefevbre; Tradução
Rubens Eduardo Frias, São Paulo: Centauro, 2001.
Lei nº13.180 de 22 de outubro de 2015, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff,
diz que artesão é toda pessoa física que desempenha suas atividades profissionais
de forma individual, associada ou cooperativado.
LEITÃO, Wilma. Diversidades e desigualdades. Salvador, 07-11 de agosto, 2011.
Universidade Federal da Bahia- PAF I e II, Campus de Ondina.
LEMOS, Maria Edny Silva. O artesanato como alternativa de trabalho e renda. 2011,
Fortaleza - CE.
SILVA64, Benedito Walderlino de Souza Dia do Feirante: CONSTRUÇÃO DE
SOCIABILIDADES EM MERCADOS POPULARES EM BELÉM-PA63. Versão
apresentada na V REA e XIV ABANNE, julho, 2015. Maceió – AL.
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