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Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Sociais e EducaçãoCurso de Licenciatura Plena em Ciências Sociais Núcleo Universit ário de Igarapé-açu Campus X Disciplina: Laboratório de A tividades Complementar es I Docente: Msc. Elayne de Nazaré A lmeida dos Santos Discentes: Antonio A lberto Leandro Silva William Berg Teixeir a da Paixão ARTIGO EXPERIENCIAS A CAMPO EMBUSCA DENOVAS DESCOBERTAS IGARAPÉ-AÇU/PA 2017 ANTONIO ALBERTO LEANDRO DA SILVAWILLIAM BERG TEIXEIRA DA PAIXÃO ARTIGOEXPERIENCIAS A CAMPO EM BUSCA DE NOVASDESCOBERTAS Este artigo é um requisito parcial deavaliação da disciplina Laboratório deAtividades Complementares I,ministrada pela Professora Msc.Elayne de Nazaré Almeida dosSantos, do curso de LicenciaturaPlena em Ciências Sociais, daUniversidade do Estado do Pará. IGARAPÉ-AÇU/PA2017 SUMÁRIO 1-Resumo pag. 4 2-Introdução pag.5 3-Procedimentos metodológicos pag.6 4-Café com as ciências sociais: o direito a cidade pag.7 e 8 5-Mercado Ver-o-Peso: primeira pesquisa de campo pag.9,10,11,12 e 13 6-Aldeia Tembé: trabalho, cultura e um novo horizonte pag.14,15 e 16 7-Considerações finais pag.17 8-Referências Bibliográficas pag.18 RESUMO O presente artigo, traz relatos sobre assuntos importante abordados na disciplina “laboratório de atividades complementares ministrada pela prof.ª mcs Elayne deNazaré que antes de irmos a campo temos que saber noções importantes para podeagir de certo diante das situações encontradas durante o momento da pesquisa, cujoobjetivo é fazer uma sobre a importância dessas atividades para o profissional dasciências sociais, realizemos duas idas a campo o primeiro foi no complexo do Ver-o-Peso que é considerada a maior feira livre a céu aberto da américa latina, para ummelhor entendimento de como é as relações entre as pessoas que trabalham na feiraacima citada. Já a segunda visita de campo aconteceu na aldeia são Pedro dosíndios Tembé no município de Santa Luzia do Pará, para elaborar relatos sobrenoções de trabalho para daquela comunidade nativa. O mercado do Ver-o-Peso parao estado do Pará e a cidade de Belém é um loca não apenas de importânciacomercial, mas, também um lugar importante de representatividade cultural do nossoestado e na aldeia Tembé encontramos os nativos e ouvimos deles o quanto éimportante a demarcações de suas terras para que assim, possam exercer suasatividades. Introdução Este artigo vem com o intuito de mostrar a dinâmica realizada na disciplina de Laboratório de Atividades Complementares I, ministrada pela Prof.ª Msc. Elayne de Nazaré, no curso de Licenciatura Plena em Ciências Sociais da Universidade do estado do Pará (UEPA), Campus X Igarapé-Açu. Dentro desta disciplina foram abordados diversos textos de carga teórica, com abordagens voltadas a pesquisa de campo, que muito foi falada em sala de aula. Alguns textos voltados para a área antropológica, pois os discentes do curso fizeram diversas idas a campo, então esses textos vieram como um “guia” para auxilia-los nessas pesquisas. Fazendo leituras dos textos foi possível dar um norte aos discentes, pois partiriam para suas primeiras idas a campo. Foram realizadas duas pesquisas de campo, a primeira no Mercado do Ver-O-Peso, Belém-Pará, a segunda em Santa Luzia do Pará, na Aldeia de São Pedro Tembé. E mais, diversas atividades que os discentes participaram durante a disciplina citada acima, como palestras, oficinas e apresentação de trabalho, durante a Semana Acadêmica realizada no Campus X e uma Exposição de Fotografias que foram capturadas durante essas pesquisas. Assim, o presente texto pretende desmembrar como se deu a aplicação da disciplina em sala de aula, as atividades elaboradas e realizadas pelos discentes do curso de Ciências Sociais, como foram realizadas as pesquisas de campo e o que os discentes extraíram dessas primeiras idas ao local de suas pesquisas. Pois, de fato, algo novo a turma trazido pela Prof.ª Elayne de Nazaré, que sem dúvidas veio a somar no processo de formação destes futuros cientistas sociais, fazendo com que cresçam no pessoal, profissional e o mais importante, crescer humanamente. É necessário o esclarecimento de que durante este artigo irão dar ênfase as atividades realizadas durante a disciplina, que acima já foram citadas, pois notou-se que foi durante essas atividades que os discentes conseguiram captar muitas informações de como se portar diante de situações que foram vistas nesses locais de pesquisa. Processos metodológicos O presente texto em formato de artigo acadêmico foi elaborado de acordo com textos lidos e discutidos em sala de aula. Como o texto de Leitão (2011) que fala do mercado Ver-O-Peso, e foi um dos nossos guias para este trabalho, mas também vimos Cardoso (2004), Brandão (2007), Magnani (2002), entre outros. Ou seja, partimos de princípio com leituras bibliográficas com os autores citados acima. E mais, além das leituras bibliográficas, o nosso trabalho foi redigido através de pesquisas de campo, sendo a primeira no mercado do Ver-O-Peso em Belém, Pa, e a segunda visita a campo foi realizada em Santa Luzia do Pará, em uma aldeia indígena chamada Aldeia de São Pedro Tembé, onde foi possível verificarmos as mudanças ocorridas nesse povo. Através de coletas de dados bibliográficos, e de entrevistas que foram realizadas durante estas duas pesquisas de campo, usando a mídia digital, como aparelho celular para a gravação da fala dos nossos entrevistados, anotações em agendas para posteriores revisões e câmeras fotográficas e câmera de celular para capturarmos imagens que nos chamaram a atenção. Contudo, nosso trabalho está sendo realizado através destas pesquisas de campo, de leituras que foram feitas em sala de aula durante a disciplina, as coletas de dados que conseguimos com as entrevistas, que ao todo somaram 6 entrevistas, sendo 5 no mercado do Ver-O-Peso com trabalhadores deste local, de diferentes profissões, escolaridade, idade, sexo, etc., e 1 na aldeia de São Pedro Tembé, com um índio morador do local, aposentado e com um único filho que reside com ele. Tivemos como linha de pesquisa, trabalharmos sob a ótica do “trabalho”. Café com as ciências sociais “o direito a cidade” As cidades são vistas como um lugar que acolhe todas as pessoas, porém, se pararmos e observar com muita atenção não desse modo que é percebido realidade, é uma obra de arte que nem todos tem acesso a mesma ou conseguem sobreviver dentro dela, é como nos diz o tema “o direito a cidade”, será que todo tem direito? Pois a mesma precisa atender não só necessidades individuais e sim atender e proteger a todos e sejam tratados com respeito no dia-a-dia independente de crença, religião ou orientação sexual e não apenas para favorecer o sistema capitalista como afirma Lefebvre. A própria cidade é uma obra, e estacaracterística contrasta com orientaçõesirreversíveis na direção do dinheiro, nadireção do comércio, na direção das trocas,na direção dos produtos. Com efeito a obraé o valor de uso e o produto é o valor detroca. O uso da principal da cidade, isto é,das ruas e das praças, dos edifícios e dosmonumentos é a festa (que consomeimprodutiva, sem nenhumas outrasvantagens ale do prazer e do prestígio,enormes riquezas e do prestígio, enormesriquezas em objetos e em dinheiro).Lefebvre-(2001) As necessidades será tudo aquilo que uma cidade precisa para acolher bem as pessoas com por exemplo suas ruas serem projetadas para que toda a pessoa consiga se locomover de forma segura sem correr o risco de andar e encontrar obstáculo no meio do percurso, ou seja, ter suas calçadas livres ruas com uma parte exclusiva para os pedestres e ciclistas andarem com segurança de formamais direta seria uma cidade projetada e apropriada para que todos possam ter seus direitos a seus espaços sem que um causasse tanta interferência no outro. Já as necessidades individuais, são aquelas que temos para satisfazer nossas necessidades pessoais, porém, quando se refere a cidade essa nossa individualidade pode gerar dificuldades para outros. Um o dono de um comércio precisa aproveitar todos os espaços possíveis de seu estabelecimento, por isso resolve colocar seus carrinhos que os clientes usam para fazer compras na calçada e para ele por estar em frente sua propriedade acha que pode usar aquele espaço para uso pessoal e não percebe ou finge que não ver a que sua atitude estar impedido o direito de ir e vir das pessoas. Também Lefebvre cria um termo que é a sociedade do consumo dirigido, com a divisão social do trabalho do mundo capitalista que vivemos estamos sempre sedo influenciados a consumir algo seja pela necessidade de termos que trabalhar o ser humano precisa assumir e realizar serviços que não se identifica, ou através dos meios de comunicação que estar sempre nos mostrando as modernidades que surge a cada momento com o auto avanço tecnológico seja nas grandes ou pequenas cidades. A necessidade de se pensar em uma sociedade branca se dá pelo motivo que vem desde a colonização do Brasil, quando os negros foram trazidos forçadamente de seus países de origem em particular os africanos com um único proposito fazer dessa gente o animal de trabalho em diversos setores desde o trabalho na a serviçal na casa dos senhores que detinham o poder sobre esse povo, que além de trabalhar de graça era submetidos a vários tipos de humilhações e se mostrasse algum espécie de rebeldia os mesmos eram castigados em público como forma de exemplo para os outros. Então, é preciso um novo humanismo, isto é, surgir um novo homem livre de todos esses preconceitos que possa enxergar um ser humano, que tem todo o direito de fazer suas escolhas e não ser interpretado como um atentado a sociedade independentemente de sua cor, raça, orientação sexual ou que seja mulher o respeito deve ser o mesmo. Lefebvre via o cristianismo como um atraso da vida agraria, como algo que impedia o ser humano de pensar que é possível ter outras formas de viver a vida respeitando as normas e tendo um olhar mais humano para o próximo sem pensar que ele lhe trará algum tipo de mau, ou seja, o homem rural precisa abrir sua mente para receber grandes transformações que acontece todos os dias no mundo todo e com a mente aberta a novos desafios viver fica bem melhor. Portanto, é de extrema importância estar sempre atento as mudanças que vem ocorrendo no mundo e também ao seu redor para não cair na ideia de sair fazendo comentários sobre coisas que não se sabe de fato o que é ou de imaginar que o tempo de hoje é o mesmo de dez anos atrás. Mercado Ver-O-Peso: primeira pesquisa de campo O mercado do Ver-O-Peso, um dos maiores mercados a céu aberto da América Latina, e é considerado por muitos um ponto turístico e um cartão postal da Amazônia ou do Pará, também lugar de pessoas trabalhadoras que fazem esse local ser reconhecido por todo o país por seus trabalhos realizados ali. O mercado fica às margens da baía do Guajará. Abastece a cidade de Belém com diversos tipos de mercadorias, desde a alimentação até o artesanato, que tanto encanta quem chega ao mercado do Ver-O-Peso, por suas cores e formatos. Ao andar pela feira vê de tudo da venda de roupa, ervas para banho de cheiro, muitas vendas de artesanato, frutas, farinha, peixe e muitas outras diversidades de produtos sendo vendido ou estava a venda, tudo me chamou atenção, mas, uma espécie de trabalho que ali vi sendo realizado e que nem fazia ideia que iria encontrar e vê pessoas descascando mandioca para a retirarem o tucupi serviço que pensei não ser feito por ali, porque tinha visto na zona rural na cidade só em casas de farinha. A feira bem dividida, com local destinado a venda de comidas outro para a venda de farinha, outro só para verduras e das frutas tudo muito bem dividido, com isso manter um lugar organizado e assim facilitar a circulação das pessoas não só os turistas do nosso estado, mas também os que vem de outros lugares do Brasil e até de países estrangeiros que deseja conhecer a cultura do povo paraense. A divisão do trabalho é a condição necessária do desenvolvimento intelectual e material das sociedades; é fonte de civilização DURKHEIM (1999). Contudo separar onde fica cada setor da feira é importante, pois, isso mantem a higiene do local e também uma melhor organização da mesma. Ao todo 5 entrevistas foram realizadas somente no mercado, dessas entrevistas ficou evidente em todos os entrevistados a sua satisfação de ali trabalhar, como relata dona Marina, de 58 anos: “Trabalhar aqui para mim é muito bom,poisestou no meu serviço trabalhandohonestamente só não estar melhor para nósporque você estar vendo a situação dizer queé um cartão-postal, mas não se vê como umcartão-postal. Vê como é que estar aqui,então para mimo que resta é isso ter o asseio por parte da prefeitura que nem aqui ele vemsaber como estar caindo, é um local querecebe pessoas do interior e de outrospaíses”. Porém fica evidente na fala de dona Marina seu olhar crítico quanto à estrutura do Ver-O-Peso, o seu descontentamento com relação à falta de assistência por parte da Prefeitura de Belém aos que trabalham no mercado. Partindo desse olhar de uma trabalhadora do local, percebeu-se a estrutura, realmente, bastante danificada pelo tempo, como as lonas sujas e apodrecidas. Mas, dona Marina deixou claro que neste local seu relacionamento com os outros é de tamanha confiança, todos se ajudam e não há rivalidade ou competição entre eles. Pode-se perceber a reciprocidade entre os trabalhadores daquele ambiente de pequenos restaurantes,onde muitos dependem um do outro para seguir seu trabalho diariamente. Assim como afirma Leitão (2011): “Uma primeira abordagem deixa perceber asrelações de reciprocidade entre as diferentescategorias de trabalhadores, revelandoigualmenteas redes sociais que emergem nosmercados e como a dinâmica de taisambientes depende da existência dessasredes interpessoais”. Belém e seu desenvolvimento comercial está diretamente ligado ao funcionamento de um mercado popular, o Ver-o-Peso, maior feira livre a céu aberto da América Latina. Silva64 (2015), os produtos artesanais feitos com muita criatividade e cores, conversando com o Douglas que trabalha na feira há dez anos ele nos disse que: Não há concorrência somos como umafamília a mercadoria que eu não tenho pegocom o vizinho e o que ele não já pega aquicom a gente sempre na camaradagem,tenho uma filha e com a renda dá para memanter sim, surgiu emprego de carteiraassinada, eu que quis ficar aqui, pois, paramim é o melhor trabalho do mundo aquestão da venda é preciso colocarmercadoria que saia e não que te empateisso depende muito do vendedor, osprodutos vem de diversos lugares do interiordo estado, eles trazeme nos entregamaqui. Nesta fala o entrevistado demonstra que por trabalharem no mesmo local vivem unidos uns com os outros que divide o espaço da feira, porém, é bom ressaltar que em apenas um único contato com o pesquisando não é possível reconhecer que de feto o que ele está falando é verdade. Trabalho de campo é uma vivência, ou seja, é um estabelecimento de uma relação produtora de conhecimento BRANDAO (2007). Toda essa representatividade cultural através do artesanato com muitas cores e criatividade é possível ver na imagem nº1, a qual denominamos a “diversidade da arte materialista paraense”. F ig ura 1 divers idade da a rte ma terialis ta para ense. Arquivo pes soa l Portanto, existe entre os trabalhadores da feira do Ver-o-Peso um sentimento em comum que é o descaso do poder público em não fazer os investimentos necessários para que a mesma fique um ambiente mais atrativo tanto para quem trabalha como também para os visitantes que chega na capital paraense com o desejo de conhecer a maior feira livre da América Latina. Partimos para o próximo entrevistado, agora em um ambiente de trabalho onde ficamos surpresos, era onde homens e mulheres estavam descascando mandioca, pois, não sabíamos que ali no mercado existisse esse tipo de trabalho que é muito visto na zona rural, em casas de forno. Abordamos, o Cléber Gomes, de 38 anos, ensino médio incompleto, trabalha na feira do mercado há 10 anos, e é de onde extrai sua renda para sustentar a si e a sua família. Ele já tem uma visão diferente em relação à afinidade ou relação com os outros, diz que tem uma relação “variada” com os trabalhadores da feira: “tem gente do bem, que não é do bem, é uma relação variada né, é uma relação variada com os amigos de trabalho“. Contudo, foi possível perceber na maioria dos entrevistados o sentimento de camaradagem entre eles, que segundo Leitão (2011): O Ver-o-Peso permanece como um universoespecífico no contexto da cidade onde pormeio de atividades comerciais sematerializam também ricas redes desociabilidades que colocam em confrontocompradores e vendedores, gerando ossentimentos da camaradagem, da confiança eque vão ajustando as relações característicasdos mercados como lugar de circulação decoisas e fonte de relações sociais esimbólicas. Ou seja, as relações que surgem nesse ambiente de trabalho de dezenas de homens e mulheres é algo muito forte, de socialização, de companheirismo, etc., E, ressaltando que todos tem a visão crítica com relação à estrutura do mercado Ver-o- Peso, vimos lonas apodrecidas pelo tempo, piso sujo e com poças de água, e outra questão levantada por eles foram à insegurança que sentem ali, por mais que seja um ambiente tranquilo para trabalhar, segundo os entrevistados já ocorreram e ocorrem ainda assaltos, seja com os compradores ou com vendedores, por isso passaram a pagar um vigia para suas barracas. Vimos de perto o descaso do poder público com esses trabalhadores e com o mercado Ver-O-Peso, os trabalhadores todo mês pagam uma pequena taxa a Prefeitura pelas suas barracas que ocupam naquele espaço, mas não se vê essa verba sendo aplicada para melhoriasno espaço de onde eles tiram seu sustentopara sobreviver, e nem dos visitantes que vão ao mercado para saborear o que o Ver-O- Peso tem melhor. Outro fato importante falado por um de nossos entrevistados foi a desvalorização do artesão e de seus produtos artesanais que vem acarretando uma queda nas vendas. O artesão é aquele que “exerce um ofício, produz bens materiais para a comercialização sem que haja repetidores industriais, ou ainda é o indivíduo que exerce, por conta própria, uma arte, ou ofício manual, como reza o regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados”. Logo, não há um incentivo por parte dos governantes, do poder público, para que os artesãos consigam uma maior valorização no nosso Estado, e sabemos que o artesão produz a cultura local, assim dando incentivo á economia de base local, como afirma Lemos: “O incentivo à produção artesanal constitui,portanto, uma forma alternativa de incentivoàs economias de base local, assegurando apreservação da cultura local, bem como ageração de emprego e renda para inúmerasfamílias, considerando que grande partedessas pessoas encontra no artesanato umaforma de garantir a própria sobrevivência e amanutenção do bem-estar de seus familiares”. Assim, nota-se o quão importante seria essa valorização do artesanato, como forma de valorizar a cultura local, como uma forma de garantia de sobreviv ência dessas pessoas que trabalham com o artesanato e a valorização da economia local. Enfim, com essa pesquisa de campo podemos ver o quão difícil é ser um pesquisador ou antropólogo, por que difícil? Porque é quase imposs ível não se deixar afetar pelas histórias de vida que escutamos nessas poucas entrevistas, logo, a ciência nos pede neutralidade, mas não há como não se relacionar com trabalho de pesquisa, Brandão pontua: “O trabalho de campo, a pesquisaantropológica, para mim, é uma vivencia, ouseja, é o estabelecimento de uma relaçãoprodutora de conhecimento, que diferentescategorias de pessoas fazem, realizam (...)”. Brandão (2007) nos diz que um trabalho de campo, depende da pessoa que faz a pesquisa, mas também de quem está sendo entrevistado, há uma relação de subjetividade, de afetividade entre essas pessoas. Aldeia Tembé: trabalho, cultura e um novo horizonte. Dentro da disciplina, partimos para nossa segunda ida a campo, dessa vez realizada em Santa Luzia do Pará, na aldeia São Pedro Tembé, onde moram aproximadamente, segundo o antigo cacique, 300 pessoas. A aldeia é banhada pelo Rio Guamá, rio esse que servia e ainda hoje serve de deslocamento dos índios. Em uma conversa com o antigo cacique, foi possível fazer muitas anotações e perceber vários pontos que mudaram nossa visão, já que sempre temos um pré-conceito do que seria isso, do que seria quilo, enfim, ele nos relatou inúmeros fatores que serão abordados abaixo. Durante a nossa chegada ao local de pesquisa, vimos casas que foram financiadas pelo governo, casas de alvenarias, com rebocos e pinturas, todas com revestimento lajotas. De princípio, imaginávamos encontrar nem que fosse uma cabana ou algo parecido, mas foi o que não vimos lá. O seu Israel, ex-cacique, nascido e criado na aldeia, é um dos mais antigos moradores daquele local, com 57 anos de idade, diz que já vivenciou muito naquela aldeia. Quando indagado sobre o rio que banha aquela aldeia, ele nos disse que a aldeia, desde 1947 passou a pertencer a Santa Luzia do Pará, pois com o interesse dos governantes de colonizar aquela área, obrigaram os índios, a se desapropriar de suas terras, que passaram para o outro lado do rio, deixando de pertencer a Capitão Poço. Logo, percebemos a falta de respeito e humanidade que até hoje é gritante com os povos indígenas, fazendeiros ou os próprios governadores, passam a explorar esses povos. Outro fato importante foi à perda da língua nativa desse povo, os Tembé, há uma perda significativa na língua deles, pouquíssimos segundo o ex-cacique, fala ainda hoje a sua própria língua. Dejan, um professor da aldeia, que estudou ali desde a infância, algo novo para nós, já que ele não é índio, mas “homem branco”, e estudar ali e saiu para estudar na UFPA, formou-se e retornou para dar aulas na aldeia. Ele nos falou que a língua nativa dos Tembé não é dada em sala de aula na aldeia, por não haver professores capacitados para ensinar ou resgatar essa língua. Logo, podemos notar que a intensa relação com o “homem branco” fez com que esse povo fosse perdendo sua língua nativa, além de que, na aldeia moram os índios, mas também aqueles com quem mantem uma relação conjugal, sendo pessoas de fora da aldeia. Para encerrar o diálogo com o seu Israel, abordamos o tema cultural do local, e lá existe uma festa tradicional, que é a Festa da Moça, segundo explicações do ex- cacique é uma festa que mostra a representação cultural do povo e para mostrar que as meninas estão se tornando mulheres. A festa inicia quando uma menina da aldeia tem sua menarca, aí ela passa por um ritual, ela é separada das demais pessoas, pintam o corpo todo dela com jenipapo e fazem um M de mulher ou moça no seu peito, e os homens da aldeia vão para a caça e todo animal que conseguem caçar trazem e fazem uma paçoca e é entregue as meninas do ritual. Depois disso, ela é “entocada” em um lugar onde somente uma pessoa é responsável por sua alimentação, mais ou menos, por uma semana ela permanece ali, passando esse tempo, é entregue aos pais que passam a serem os únicos responsáveis pela menina-mulher. Partimos para a entrevista com os moradores da aldeia, abordamos o Seu Sebastião Tembé, 61 anos de idade, aposentado, fundamental incompleto, nasceu na aldeia sede/aldeia posto, depois de algum tempo, mudou-se para a aldeia onde mora até hoje com o seu único filho, a Aldeia de São Pedro Tembé. Indagamos sobre em relação ao trabalho que é exercido nessa aldeia, a principal ainda hoje é a “roça”, a plantação de mandioca, de onde é feita a farinha. Segundo o seu Sebastiao Tembé: “a mandioca ela serve pra muita coisa, serve pra fazer a farinha pra gente comer que é o mais importante do lugar desse que a gente mora, por que se o cabra passar o ano sem botar uma roça, ele passou um ano com o braço quebrado porque ele vai sobreviver do que? ”. “. Contudo,nessa segunda ida a campo, foi possível identificarmos as mudanças que ocorreram nessa aldeia, desde a sua fundação em 1945, até hoje. Segundo os entrevistados, hoje está muito melhor para a circulação dos mesmos e da circulação de suas mercadorias, pois antes iam pelo rio de canoa até a cidade para a comercialização de suas mercadorias, hoje já existe a estrada, aberta por um dos índios daquela aldeia, que deu uma maior acessibilidade para o povo Tembé. Um outro fato importante de ser relatado foi a conquista da titulação de terras que os índios tanto lutaram para conseguir, somente em 1994, junto com deputados e governadores, foi dada os títulos de terra, tornando legalizada a terra da aldeia Tembé, mas, mesmo com a documentação legalizada, ainda sofrem com ameaças por parte dos grandes fazendeiros daquela região, o seu Israel nos relata que: “ainda existe ameaças por parte dos fazendeiros“. Assim, essa pesquisa de campo foi de uma importância muita grande para nós, discentes do curso de Ciências Sociais, pois nos permitiu abrir os horizontes e o olhar crítico com relação a falta de políticas públicas e de incentivo a essas aldeias indígenas no nosso Estado. Considerações Finais Esta disciplina trouxe para nós alunos do curso de ciências sociais, uma grande carga de conhecimento, pois, foi na mesma que realizamos o primeiro trabalho de campo, que através de observações e entrevistas com pessoas que vive em mundos diferentes, os que trabalham na feira do Ver-o-Peso em Belém do Pará que passam o dia sobre efeito das agitações da cidade grande e também estão sempre se deparando com pessoas de outras localidades paraense, de outros estados brasileiros e até com estrangeiros vindos de outros países. Já a outra pesquisa se deu em um lugar bem diferente do primeiro foi na zonarural com um grupo de indígenas no município de Santa Luzia do Pará um local deacesso mais difícil, por mais que passamos pouco tempo em contatos com foi muitoproveitoso na ampliação do nosso conhecimento como também para vermos melhorpessoalmente. Foi notável nas duas pesquisas realizadas que existe umainsatisfação tanto nos trabalhadores do complexo Ver-o-Peso quanto na aldeiaTembé devido falta de investimentos por parte do poder público. Então é necessário que os governantes desenvolvam políticas públicas com oobjetivo melhorar a qualidade do espaço dos feirantes do Ver-o-Peso para melhoriasestruturais e de segurança tanto para os trabalhadores quanto para que via visitaraquele local, já para os índios são necessárias políticas mais eficazes que venhatrazer a eles melhorias educacionais para a preservação da língua e a cultura depovos nativos em especial os Tembé da aldeia são Pedro pois, a maioria dos alivivem não sabe falar sua língua oficial. Referências Bibliográficas BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Reflexões sobre como fazer trabalho de campo. Sociedade e cultura, janeiro-junho, ano/vol. 10, número 001. Universidade Federal de Goiás, Goiana, Brasil. pp. 11-27. 2007. DURKHEIM, Emile. 1858-1917. Da divisão do trabalho social/ Émile Durkheim: traduçãoEduardo Brandão- 2ª ed.- São Paulo: Martins Fontes 1999.- (coleção tópicos). LEFEVBRE, Henry, 1901-1991. O direito a cidade/ Henry Lefevbre; Tradução Rubens Eduardo Frias, São Paulo: Centauro, 2001. Lei nº13.180 de 22 de outubro de 2015, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, diz que artesão é toda pessoa física que desempenha suas atividades profissionais de forma individual, associada ou cooperativado. LEITÃO, Wilma. Diversidades e desigualdades. Salvador, 07-11 de agosto, 2011. Universidade Federal da Bahia- PAF I e II, Campus de Ondina. LEMOS, Maria Edny Silva. O artesanato como alternativa de trabalho e renda. 2011, Fortaleza - CE. SILVA64, Benedito Walderlino de Souza Dia do Feirante: CONSTRUÇÃO DE SOCIABILIDADES EM MERCADOS POPULARES EM BELÉM-PA63. Versão apresentada na V REA e XIV ABANNE, julho, 2015. Maceió – AL. Will Will
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