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Campus Criciúma FABIO VICENTE OLIVEIRA JULIANI PEREIRA BATISTA VINÍCIUS DOS SANTOS NUNES QUEDA LIVRE Relatório experimental referente à prática de laboratório da disciplina de Física Experimental, do curso Graduação em Engenharia Mecatrônica, do Instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia de Santa Catarina - IFSC como requisito parcial para obtenção de nota semestral da disciplina. Prof. Evandro da Cunha e prof. Paulo Montedo. Criciúma Outubro de 2017 Campus Criciúma QUEDA LIVRE Fábio Vicente Oliveira / fabio.v07@aluno.ifsc.edu.br Juliani Pereira Batista / juliani.pb@aluno.ifsc.edu.br Vinícius dos Santos Nunes / vinicius.sn@aluno.ifsc.edu.br Resumo: Sabemos que em mecânica clássica, a queda livre é o movimento resultante unicamente da aceleração provocada pela gravidade. A partir de aulas laboratoriais de física, foram feitos estudos e executado a prática desse movimento. O presente relatório descreve várias medições de tempo de queda de uma esfera de aço. Na sequência é apresentado o tratamento de dados no intuito de encontrar a discrepância percentual entre a gravidade da previsão teoria e a gravidade experimental. Palavras chave: queda livre, velocidade, aceleração constante, tempo, gravidade. INTRODUÇÃO Ao soltarmos uma folha de caderno e um livro da mesma altura, podemos observar que por ser mais pesado, o livro chegará primeiro ao solo. Essa afirmação foi feita por Aristóteles e foi aceita por vários séculos. O movimento de queda livre é uma particularidade do movimento uniformemente variado. Refere-se a um movimento acelerado, cuja força é executada pela ação da gravidade. Séculos mais tarde de Aristóteles, Galileu Galilei (1564-1642), através de suas experimentas, conseguiu verificar que a velocidade de um corpo qualquer em queda livre aumenta sempre de quantidade que serão iguais a cada um segundo. Verificou-se então que a aceleração na queda livre, chamada aceleração da gravidade (g), é igual a 9,8 m/s². Como g é o módulo de uma grandeza vetorial, seu valor é sempre positivo. Galileu acreditava que qualquer afirmativa só poderia ser confirmada após a realização de experimentos e a sua comprovação, inclusive ele repetiu o feito de Aristóteles e o mesmo se tornou o seu experimento mais famoso. Estando na Torre de Pisa, Galileu abandonou ao mesmo tempo esferas de pesos diferentes e verificou que elas chegavam ao solo no mesmo instante, como podemos observar no exemplo da Figura 1. Quando Galileu realizou o experimento na Torre de Pisa e fez a confirmação de que Aristóteles se enganou, ele percebeu que existia a ação de uma força que retardava o movimento do corpo. Assim sendo, ele lançou a hipótese de que o ar exercesse grande interferência sobre a queda de corpos. Figura 1 - Esquema da hipotética experiência de Galileu Galilei sobre a gravidade na Torre de Pisa. Campus Criciúma Considerando o eixo y positivo de cima para baixo, o deslocamento vertical no movimento de queda livre e a velocidade são dados por: Onde: Y0: altura inicial do corpo v0: velocidade inicial do corpo g: aceleração da gravidade t: tempo de queda Considerando, em especial para a queda livre, que o objeto parte do repouso e que a altura inicial do corpo é zero, tendo este como referencial adotado, tem-se: A partir das equações obtidas podemos observar que a relação entre o deslocamento do corpo e o tempo de queda não é linear. Em um movimento com aceleração constante, como a própria gravidade, temos que: Onde: : variação da velocidade : variação do tempo O presente relatório tem como objetivo explicitar uma aula prática feita em laboratório, onde se estudou o movimento de uma esfera de aço em queda livre e se estimou o valor da aceleração gravitacional local. MATERIAIS UTILIZADOS 01 suporte universal; 01 base em forma de tripé; 01 conjunto de 05 sensores e 01 solenoide (eletroímã); 01 conjunto de 05 cabos para sensores; 01 cronômetro digital específico para laboratório – SIDEPE; 01 esfera de aço. Figura 2 – Montagem experimental. Figura 3 – Esfera de aço. Campus Criciúma PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Para o experimento de queda livre, já com o aparato experimental montado, posicionou-se o sensor S0 em uma altura de 0,763m, coincidindo com a altura inicial da esfera. Colocando o sensor S0 mais próximo possível da origem do movimento de queda, podemos considerar a velocidade inicial igual à zero. Já os sensores S1, S2, e S3, S4, posicionados em pares, ficando o mais próximo possível um do outro. As alturas de cada um foram respectivamente: 0,642 m, 0,614 m, 0,154 m e 0,130 m. Para a continuação da prática foram observados os procedimentos sugeridos no roteiro que abrangia os seguintes procedimentos: Aperte o botão da bobina; Aproxime a esfera pela lateral da bobina e deixe-a ser atraída até a altura de origem por meio da força magnética entre ambas. Evite o disparo dos sensores antes que esteja tudo pronto; Desligue o eletroímã permitindo o movimento vertical da esfera. Ao todo, o experimento foi realizado cinco vezes e anotou-se o tempo obtido, seu respectivo desvio e a média para cada sensor durante cada queda da esfera, onde é possível observar nas Tabelas 1 e 2. RESULTADOS E DISCUSSÕES O registro do tempo de queda teve-se início quando o solenoide, o qual prende a esfera, foi desligado através da chave iniciar do processador eletrônico digital. Tabela 1 – Tempo obtido para cada medida a partir da origem e sua média. t0,1 t0,2 t0,3 t0,4 Medida 1 0,131 0,152 0,3288 0,33695 Medida 2 0,13455 0,15155 0,329 0,3372 Medida 3 0,1348 0,1517 0,32845 0,3366 Medida 4 0,1352 0,1521 0,32895 0,3371 Medida 5 0,13525 0,1522 0,3292 0,3373 Média 0,13498 0,15191 0,32888 0,33699 Tabela 2 – Desvio obtido para cada medida a partir da origem e sua média. Desvio t1 Desvio t2 Desvio t3 Desvio t4 Medida 1 -0,00398 -0,00009 -0,000008 -0,00004 Medida 2 -0,00043 -0,00036 0,00012 0,00021 Medida 3 -0,00018 -0,00021 -0,00043 -0,00039 Medida 4 0,00022 0,00019 0,00007 0,00011 Medida 5 0,00027 0,00029 0,00032 0,00031 Média 0,00102 0,00023 0,0002 0,00021 Das anotações de tempo e distância nota-se que entre os tempos 3 e 4 a distância é maior que entre os tempos 1 e 2 em 4 mm. Entretanto, o tempo para se percorrer a distância é menor, o que significa que há uma velocidade maior nesse instante, causada pelo efeito da força gravitacional. Campus Criciúma Tabela 3 – Tempo obtido para cada medida a partir do sensor anterior e a média. t,1,2 t2,3 t3,4 Medida 1 0,0169 0,1768 0,00815 Medida 2 0,017 0,17745 0,008 Medida 3 0,0169 0,17675 0,00815 Medida 4 0,0169 0,17685 0,00815 Medida 5 0,01695 0,177 0,0081 Média 0,01693 0,17697 0,00811 Tabela 4 – Desvio obtido para cada medida a partir do sensor anterior e a média. Desvio t1,2 Desvio t2,3 Desvio t3,4 Medida 1 -0,00003 -0,00017 0,00004 Medida 2 0,00007 0,00048 -0,00011 Medida 3 -0,00003 -0,00022 0,00004 Medida 4 -0,00003 -0,00012 0,00004 Medida 5 0,00002 0,00003 -0,00001 Média 0,00004 0,0002 0,00005 Na Tabela 5 podem-se observar os dados da posição de cada sensor e o erro do instrumento: Tabela 5 – Posição e erro do instrumento. Sensores Posição (m) S0 0,762 S1 0,642 S2 0,614 S3 0,154 S4 0,13 Erro do instrumento 0,0005 Nas tabelas acima foram utilizadas as seguintes fórmula para desvio e média:Onde: tm= tempo médio d= desvio dm= desvio médio Calculou-se a aceleração da gravidade a partir da equação: Campus Criciúma Com isso, obtiveram-se os seguintes resultados: Tabela 6 – Dados sobre a gravidade Sensores Tempo Posição Gravidade Erro S0 0 0,762 S1 0,13498 0,642 -13,1726 0,253998 S2 0,15191 0,614 -12,8268 0,43177 S3 0,32888 0,154 -11,2439 0,14592695 S4 0,33699 0,13 -11,1305 0,147493 Média da gravidade= 12,0935 A partir dos cálculos seguintes, obteve a média da gravidade. Campus Criciúma Como pode-se notar, é evidente que há uma margem de erro alta nos resultados, pois o g (gravidade) teórico seria 9,8m/s² e não 12,093083±0,24479699 m/s², em parte devido à existência de uma velocidade no sensor S0 superior a zero, uma vez que para viabilizar os cálculos considerou-se que ela valia zero. Outro fator de erro é a baixa precisão nas medidas, devido aos equipamentos usados, que mesmo sendo elas usadas diretamente nas equações, se trata de cálculos envolvendo elevação ao quadrado e divisão, o que aumenta o erro. Há ainda existência de vibrações do decorrer da queda que altera o disparo do sensor. Na construção do gráfico de y(m) e t(s), como mostrado no Apêndice 1, nota-se que a posição inicialmente em 0,762m regride com direção a zero em forma de parábola, sendo que em cada instante de mesmo tamanho leva a uma distância percorrida cada vez maior. Isso se deve ao fato da equação que descreve a trajetória em função do tempo ser uma equação de sendo grau com gravidade negativa, pois age contra a direção que a trajetória foi orientada (para cima). Já na análise do gráfico y (m) e t (s2), como mostra o Apêndice 2, percebe-se que ele se aproxima de uma reta decrescente, pois nele temos em y, S0, e em x, t², o que representa uma equação de primeiro grau , onde , , e , pois ela vem Campus Criciúma da equação horária da posição em função do tempo para movimentos uniformes acelerados. Determinando o coeficiente , por meio dos mínimos quadrados, dessa reta temos que vale - 4,902189, um valor próximo a média de , encontrada anteriormente. Podem-se observar os dados a partir da Tabela 7 a seguir: Tabela 7 – Dados obtidos para construção dos gráficos. Sensores S0 0 0,762 0 0 0 0 0 S1 0,13498 0,642 0,0182196 0,002459282 0,000332 0,08665716 0,011697 S2 0,15191 0,614 0,023076648 0,003505574 0,0005325 0,09327274 0,0141691 S3 0,32888 0,154 0,108162054 0,035572336 0,011699 0,05064752 0,016657 S4 0,33699 0,13 0,11356226 0,038269346 0,0128964 0,0438087 0,0147631 Soma 0,95276 2,302 0,263020563 0,079806538 0,0254599 0,27438612 0,0572861 Utilizando os dados da Tabela 7 e a fórmula do método dos mínimos quadrados para calcularmos a variação da posição em função do tempo, tem-se que a, b e c serão calculados por meio das seguintes equações: Onde: n = número de medidas; x = tempo; y = posição. Campus Criciúma No método dos mínimos quadrados encontrou-se a seguinte equação, que melhor descreve a trajetória da esfera de aço: CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o experimento foi possível observar e estudar o movimento de um corpo em queda livre, também denominado de movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV); uma vez que há uma constância na aceleração, o que implica em um aumento uniforme na velocidade. O experimento atingiu resultados claramente fora do esperado, mas é justificável tal erro como explicado anteriormente. Ademais, os ajustes que causaram os maiores erros são necessários para determinamos o valor de com os equipamentos fornecidos. Observa-se que é fisicamente incorreto assumir que a velocidade em S0 vale zero, pois nesse instante a esfera já havia se soltado e percorrido uma pequena distância. Por fim a aula prática evidência um método teórico fisicamente capaz de calcular a aceleração de um corpo qualquer, nesse caso a aceleração da gravidade. A partir dos resultados coletados, utilizaram-se as fórmulas de posição para movimentos de aceleração constante, demonstrando sua plena eficácia e aplicação prática. No método de formulação de gráficos utilizou-se o método dos mínimos quadrados, que trouxe uma equação de posição adequada e satisfatória para os resultados ajustando-a assim a realidade experimental e teórica. A partir do gráfico S vs t2, também, pode-se visualizar a formação de uma reta, que facilita a compreensão do conteúdo de MRUV, e fornece um valor de compatível com o esperado, enfatizando assim a existência de uma equação do segundo grau que rege o movimento da esfera, mas que pode ser representada, com pequenas dispersões de erro, em uma equação de primeiro grau. Campus Criciúma REFERÊNCIAS ARGOLLO, R. M.; FERREIRA, C.; SAKAI, T. Apostila de Teoria de Erros e Mecânica. 1998. Dep. de Geofísica Nuclear - IF/UFBa. CALLISTER Jr, W. D. C. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. 8ª Edição. 2012. HALLIDAY, D. Fundamentos de Física: Mecânica. v. 1, 7ª Edição, ed. LTC, 2006. PIACENTINI, J. J., et al. Introdução ao Laboratório de Física. v. 5. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2013.
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