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IDENTIFICAÇÃO Nome: Camila Rolim de Moura Curso: Direito (Noturno – 1015) Semestre: 1° Disciplina: I.E.D Prof.: Marcelino Meleu Tema/Obra (s) do Fichamento: O que é Direito Data e Local: 31/10/2015, Chapecó/SC REFERÊNCIAS A SEREM FICHADAS LYEA Filho, Roberto – O que é direito. São Paulo: Editora Brasiliense, 1982. Toda 01-61 Roberto Lyra Filho, nascido em 13 de outubro de 1926 foi um importante jurista brasileiro, formou-se em letras (Cambrige, 1942) e depois em direito (Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, 1949). Filho de um grande jurista brasileiro, Roberto Lyra e de Sofia Lyra. Trabalhou como advogado, após sua graduação, e também exerceu a função de Conselheiro Penitenciário. Em 1950 iniciou a carreira de docente, lecionando Direito Penal, no cargo de professor substituto, posteriormente veio a assumir a cátedra do Direito processual na Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas. Em 1962, transferiu-se para Brasília, onde abandou a advocacia para dedicar-se somente a carreira acadêmica. Iniciou sua cátedra na Universidade de Brasília, em 1963 primeiro como professor titular até se aposentar, em 1984, quando mudou-se para São Paulo. Lecionou na graduação e na pós-graduação, nas áreas de Direito Penal, Direito Processual Penal, Criminologia, Filosofia Jurídica, Sociologia Jurídica e Direito comparado. Ajudou a fundar o Centro Universitário de Brasília. Foi examinador na Universidade de São Paulo para concurso de livre docência e titularidade, onde participou das bancas de Tercio Sampaio e Celso Lafer. Faleceu em 11 de junho de 1886. Resumo do conteúdo: I- Direito e Lei: A maior dificuldade, numa apresentação do Direito, não será mostrar o que ele é, mas dissolver as imagens falsas ou distorcidas que muita gente aceita como fiel, frequentemente a palavra Direito é associada a Lei. Porém a lei sempre emana do Estado e permanece, em sua última análise, ligada a classe dominante, pois o estado, como sistema de órgãos que regem uma sociedade politicamente organizada, fica sob o controle daqueles que comandam o processo econômico, na qualidade de proprietários dos meios de produção. A identificação entre Direito e Lei pertence, ao repertório ideológico do Estado, pois na sua posição privilegiada ele desejaria convencer-nos de que cessaram as contradições, que o poder atende ao povo em geral, e tudo que vem dali é imaculadamente jurídico. II- Ideologias Jurídicas: Nas ideologias, a “essência” do Direito vai transparecendo, embora de forma incompleta ou distorcida. A ideologia significou, primeiramente, o estudo da origem e funcionamento das ideias em relação aos signos que as representam; mas, logo, passou a designar essas ideias mesmas, o conjunto de ideias duma pessoa ou grupo, a estrutura de suas opiniões, organizada em certo padrão. É possível reuni-las em três modelos principais: a) ideologia como crença; b) ideologia como falsa consciência; c) ideologia como instituição. A ideologia como crença mostra em que ordem de fenômenos mentais ela aparece. A ideologia como falsa consciência revela o efeito característico de certas crenças como deformação da realidade. A ideologia como instituição destaca a origem social do produto e os processos, também sociais, de sua transmissão a grupos e pessoas. A ideologia, portanto, é uma crença falsa, uma “evidência” não refletida que traduz uma deformação inconsciente da realidade. Dentro daquela crença de que “cada um tem o seu lugar”, não mais possível o funcionamento, como se este fosse imposto pela natureza das coisas e não pelos interesses entronizados duma classe dominante. Tudo isto se reflete nas ideologias jurídicas. Tal como as outras, elas aparecem dando expressão, em última análise, aos posicionamentos de classe, tanto é assim que as correntes de “ideias aceitas” podem mudar, conforme esteja a classe em ascensão, relativa estabilidade ou decadência. As ideologias jurídicas encerram aspectos particularmente interessantes, além de traduzirem, conquanto deformados, elementos da realidade. III- Principais Modelos de Ideologia Jurídica: Tomaremos apenas dois modelos básicos, em torno dos quais se polarizam os diferentes subgrupos ideológicos. O Direito natural e o Direito Positivo, correspondendo a concepções jurisnaturalistas e positivistas do Direito. A estas duas daremos, portanto, especial atenção, porque maior parte dos juristas ainda hoje adotam uma ou a outra, como se fora de ambas, não existisse âmbito jurídico. O direito como ordem estabelecida (positivismo) e, de outro, como ordem justa (jusnaturalismo). Somente uma nova teoria realmente dialética do Direito evita a queda numa das pontas da antítese, entre o direito positivo e direito natural, isto é, como em toda superação dialética, importa conservar os aspectos validos de ambas as posições, rejeitando os demais e reenquadrando os primeiros numa visão superior. Embora o jurisnaturalismo seja a posição mais antiga, é o positivismo que hoje predomina entre os juristas do nosso tempo. De qualquer forma destacamos em primeiro o positivismo, tal qual ele se apresenta nas ideologias burguesas. Faremos apenas uma ressalva de que o “legalismo socialista” apresenta diferenças resultantes de fato de que é socialista. Na medida em que o socialismo pende para o democrático que a teoria correspondente do Direito pende e avança para o combate ao seu confinamento em estatismo, com a subsistência de opressões várias (por exemplo, a grupos minoritários étnicos ou sexuais). O positivismo, de qualquer sorte, é uma redução do direito á ordem estabelecida; o iurisnaturalismo é ao contrário, um desdobramento em dois planos: o que se apresenta nas normas e o que nelas deve apresentar-se para que sejam consideradas boas, validas e legitimas. Há várias espécies de positivismo, destacamos, no mínimo, três: o positivismo legalista, o positivismo historicista ou sociologista; o positivismo psicologista. O positivismo legalista volta-se para a lei, mesmo quando incorpora outro tipo de norma – como, por exemplo, o costume -, dá à lei total superioridade, tudo ficando subordinado ao que ela determina e jamais sendo permitido. Também há o positivismo historicista ou sociologista. A modalidade historicista recua um passo e prefere voltar-se para as formações jurídicas pré-legislativas. No positivismo sociologista é a classe dominante que pretende exprimir “a” cultura e traçar “a” organização social e resguardar pelos mecanismos de controle e “segurança dessa ordem estabelecida. Noutras palavras, o positivismo legalista, historicista ou sociologista canoniza a ordem social estabelecida, que só poderia ser alterada dentro das regras do jogo que esta própria estabelece... para que não haja alteração fundamental. Para conservar aquele mito de “neutralidade”, afirma que o Direito é apenas uma técnica de organizar a força do poder. O objetivo é mostrar que as ideologias jurídicas refletem, algo relativamente deformado. O Direito natural apresenta-se, sob três formas, todas elas procurando estabelecer o padrão jurídico, destinado a validar as normas eventualmente produzidas, ou explicar por que elas não são válidas: a) o direito natural cosmológico; b) o direito natural teológico; c) o direito natural antropológico. A primeira liga-se ao cosmo, o universo físico; a segunda volta-se para Deus; e a terceira gira em torno do homem. As ideologias jurídicas deram-nos, com seus reflexos distorcidos, sobre o Direito; esses problemas, entretanto, constituem a imagem da realidade, das práxis humanas no seu ângulo jurídico. O caminho para corrigir as distorções das ideologias começa noexame não do que o homem pensa sobre o Direito, mas do que juridicamente ele faz. Para uma concepção dialética do Direito, é necessário ser revisto antes, a concepção dialética da sociedade, onde o Estado e o direito estatal são um elemento não desprezível, mas secundário. IV- Sociologia e Direito: Vimos que as ideologias refletem certas características do Direito, embora deformadas, porque tendem a polarizar-se em torno de duas visões unilaterais e redutoras. Os positivistas conservam a tendência a enxergar todo o Direito na ordem social estabelecida pela classe e grupos dominantes, diretamente ou através das leis do Estado. Os iurisnaturalistas insistem na necessidade dum critério de avaliação dessas mesmas normas, para medir-lhes a “Justiça”. A antítese ideológica (direito positivo – direito natural) só se dissolverá, quando for buscado no processo histórico-social. Aplicando-se ao Direito uma abordagem sociológica será então possível esquematizar os pontos de integração do fenômeno jurídico na vida social, bem como perceber a sua peculiaridade distintiva, a sua “essência” verdadeira. Existem duas maneiras de ver as relações entre Sociologia e Direito: a que origina uma Sociologia Jurídica e a que produz uma Sociologia do Direito, elas constituem abordagens diferentes, apesar de interligadas. Sociologia do Direito, enquanto se estuda a base social de um direito específico, como a análise da maneira porque o nosso direito estatal reflete a sociedade brasileira e suas linhas gerais. Sociologia Jurídica, por outro lado, seria o exame do Direito em geral, como elemento do processo sociológico, em qualquer estrutura dada, como instrumento do estudo do Direito, ora de controle, ora de mudanças, sociais. O Direito, afinal buscado, não “é” as normas em que se pretende vazá-lo. Aliás, não existe uma diferença nítida entre as normas jurídicas, porque todas as características distintas se revelam imprecisas, tanto aparecem nas normas jurídicas, quanto nas morais. V- Dialética Social do Direito: Nenhuma sociedade vive completamente e eternamente no isolamento, os imperialistas revigoram a sua presença, moldando “cultura”, como os povos liberados ou em vias de libertação procuram dar alento as forças progressistas. A sociedade internacional desenvolver as superestruturas peculiares, onde repercute a correlação de forças e ecoa a divisão dos “mundos”. As sociedades nacionais têm seu único próprio modo de produção, sua infraestrutura é homogênea, as classes se dividem aparecendo o domínio classista e as divisões grupais. Bastante importância na dialética do direito e não diretamente ligados a oposição sócio econômica e jurídica das classes. O socialismo envolve a superação dos conflitos radicais, mas entre estes compromissos e a realidade dos sistemas socialista já implantado mostrando que nem tudo se encaminha, sem tropeços, para aquele desiderato. As forças centrípetas, travam-se as relações sociais dentro do mundo modelo infraestrutural, adquirem certa uniformidade e a classe e grupos dominantes exprimem-nas em uso de costumes, folkways e mores, constituem os veículos da dominação e se entrosam nas instituições sociais invocando os princípios ideológicos. As atividades contestadoras são as reformistas, que visam reabsorver no ramo centrípeto, que se acomode para recebe-la, sem mudar a estrutura, e as revolucionarias que visam remodelar toda a estrutura, a partir de bases. Há algumas dessas reformas que desencadeiam lutas de forma violenta outras preconizam meios incruentos e não ditatoriais, não sendo essas reformas pacificas ou violentas.
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