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CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON - BURITIS Faculdade de Ciências Exatas e de Tecnologia - FACET CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DANIEL FELIPE RAMOS CALDEIRA GLAUCUS LOPES DORNAS IGOR ALEXANDRE DE PAOLI ARAÚJO RICARDO PAULINO GOMES ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O CONCRETO BETUMINOSO USINADO A QUENTE CONVENCIONAL (CBUQ) E O CBUQ COM ADIÇÃO DE BORRACHA MOÍDA DE PNEU (BMP) BELO HORIZONTE NOVEMBRO/2013 DANIEL FELIPE RAMOS CALDEIRA GLAUCUS LOPES DORNAS IGOR ALEXANDRE DE PAOLI ARAÚJO RICARDO PAULINO GOMES ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O CONCRETO BETUMINOSO USINADO A QUENTE CONVENCIONAL (CBUQ) E O CBUQ COM ADIÇÃO DE BORRACHA MOÍDA DE PNEU (BMP) Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Engenharia Civil, da Faculdade de Ciências Exatas e de Tecnologia – FACET, Centro Universitário Newton, requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientação de: Prof.º Nivaldo José Daros Msc. Raquel Abreu-Aoki BELO HORIZONTE NOVEMBRO/2013 Acadêmico(s): Daniel Felipe Ramos Caldeira Glaucus Lopes Dornas Igor Alexandre de Paoli Araújo Ricardo Paulino Gomes Título: Estudo Comparativo entre o Concreto Betuminoso Usinado a Quente Convencional (CBUQ) e o CBUQ com Adição de Borracha Moída de Pneu (BMP) Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Engenharia Civil, da Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas – FACET, Centro Universitário Newton, requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil, aprovado com nota ____. Belo Horizonte, 22 de Novembro de 2013. _______________________________________________ Nivaldo José Daros, Especialista, Centro Universitário Newton Professor Orientador _______________________________________________ Raquel Abreu-Aoki, Mestre, Centro Universitário Newton Professora Orientadora ______________________________________________ Membro da Banca Examinadora ______________________________________________ Membro da Banca Examinadora AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Centro Universitário Newton pela estrutura oferecida que possibilitou a realização deste sonho, e também aos professores que contribuíram diretamente para um aprendizado objetivo e qualificado. À Construtora Barbosa Mello, por ceder seu espaço de trabalho e conhecimento de seu corpo profissional de alto nível. Aos familiares que contribuíram com tamanha demonstração de amor, carinho e apoio, elementos essenciais para viabilizar a construção de uma carreira. A todos que ao longo desse período, direta ou indiretamente ajudaram nessa caminhada. Nosso agradecimento especial aos nossos orientadores, Prof.ª. Raquel Abreu-Aoki e Eng. Nivaldo José Daros, pelo incentivo e dedicação. “Não tente ser bem sucedido, tente antes ser um homem de valor.” Albert Einstein “Agora, tendo visto tudo e sentido tudo, tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar, quanto possa e em tudo quanto possa, para o progresso da civilização e o alargamento da consciência da humanidade.” Fernando Pessoa RESUMO Sabe-se que a produção de pneus inservíveis e sua respectiva destinação final, causa um impacto ambiental negativo. Nota-se ainda que na atualidade, é impossível a realização de qualquer processo produtivo sem que a questão ambiental esteja envolvida e seja respeitada. Como forma de destinação adequada dos resíduos gerados pelo descarte de pneus, o reaproveitamento destes como aditivo do asfalto é uma alternativa interessante e que deve ser estudada mais profundamente. Nesse trabalho objetivou-se comparar através de ensaios técnicos o asfalto modificado pela adição de borracha moída de pneus diante do asfalto convencional, além de sua viabilidade econômica. Inicialmente foi realizada revisão teórica dos ligantes asfálticos que é a base do objeto de estudo, e posteriormente dos principais ensaios técnicos laboratoriais que determinam as propriedades do revestimento asfáltico. Foram realizados dois estudos de caso. Para a realização do Estudo de Caso I, foi utilizada a estrutura da Usina de Asfalto da Construtora Barbosa Mello. Este estudo teve a incumbência de fazer um paralelo do CAP convencional ao CAP com adição de borracha moída de pneu através da realização de ensaios laboratoriais. Obtiveram-se resultados que comprovam que o CAP com adição de borracha é mais resistente à penetração, menos suscetível à variação da temperatura, portanto menos propício à retração e formação de trilhas de rodas, e apresentou boa resiliência conforme padrão de medida, portanto boa resistência ao fenômeno da fadiga. Através do estudo de Caso II, obtiveram-se resultados numéricos que comprovam a viabilidade econômica do asfalto borracha em função das melhorias alcançadas. Palavras-chave: Impacto ambiental. Asfalto convencional. Asfalto borracha. Ensaios técnicos. Viabilidade econômica. ABSTRACT It is known that the production of waste tire disposal and their respective causes a negative environmental impact. Note also that at present it is impossible to carry out any manufacturing process without the environmental issues involved and be respected. As a way of proper disposal of waste generated by the disposal of tires, such as the reuse of asphalt additive is an interesting alternative and should be studied further. In this work aimed at comparing through technical testing asphalt modified by the addition of ground rubber tire on the conventional asphalt, and its economic viability. Was initially performed theoretical review of asphalt binders which is the basis of the study object, and then the main technical laboratory tests that determine the properties of the asphalt coating. We performed two case studies. To conduct the case study I, we used the structure of the Asphalt Plant Construction Barbosa Mello. This study had the task of making a parallel to the conventional CAP and CAP with the addition of crumb rubber through laboratory testing. Results were obtained showing that the CAP with the addition of rubber is more resistant to penetration, less susceptible to temperature variation, thus less conducive to the formation and retraction of wheel tracks, and showed good resilience as standard of measurement, so good resistance the fatigue phenomenon. Through the study of Case II, we obtained numerical results that demonstrate the economic viability of rubberized asphalt as a function of improvement. Keywords: Conventional asphalt. Asphalt rubber. Environmental impact. Technical tests. Economic viability. LISTA DE SIGLAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas ADP - Asfalto Diluído de Petróleo ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis BMP - Borracha Moída de Pneus CAP - Cimento Asfáltico de Petróleo CAUQ - Concreto Asfáltico Usinado à Quente CBUQ - Concreto Betuminoso Usinado à Quente CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente DER - Departamento Estradas de Rodagem DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte ECA - Ensaio de Efeito de Calor e do Ar FACET - Faculdade de Ciências Exatas e de Tecnologia IP - Índice Pfeiffer-Van Doormal ou Índice de Suscetibilidade Térmica log - Logaritmo m² - Metro Quadrado (área) m³ - Metro Cúbico (volume) NBR - Norma Brasileira P - Penetração PA - Ponto de AmolecimentoSBR - Borracha Estireno-Butadieno SBS - Estireno-Butadieno-Estireno tan - Tangente TCC - Trabalho de Conclusão de Curso TDM - Tráfego Diário Médio TFOT - Estufa de Película Fina Plana ºC - Graus Celsius LISTA DE FIGURAS E QUADROS Figura 1 - Esquema de Fabricação do Asfalto-borracha Via Úmida pelo Processo de Mistura Estocável (terminal blending) em um Reator Figura 2 - Consistência Asfalto Convencional e Asfalto Borracha Figura 3 - Esquema Interior do Viscosímetro Figura 4 - Ensaio de Penetração em CAP com BMP Figura 5 - Esquema Anel e Esfera à Esquerda e Ensaio Real à Direita Figura 6 - Esquema Ensaio de Dutilidade Figura 7 - Fases do Ensaio de Recuperação Elástica em CAP com BMP Figura 8 - Estufa de Película Fina Plana TFOT Figura 9 - Micro e Macrotextura em revestimento asfáltico Figura 9 - Recebimento de Amostra de CAP com BMP em Caminhão Tanque Figura 10 - Pêndulo solto (esquerda) e após o atrito (direita) Figura 11 - Espalhamento da amostra (esquerda) e medida do diâmetro (direita) Figura 12 - Recebimento de Amostra de CAP com BMP em Caminhão Tanque Figura 13 - Colhimento de Amostra de CAP Modificado com BMP Figura 14 - Formação de Trilhas de Rodas Figura 15 - Ensaio de Pêndulo Britânico na amostra de CBUQ com CAP modificado por BMP moldada in loco (esquerda) e detalhe da graduação do equipamento (direita) Figura 16 - Ensaio de Pêndulo Britânico na amostra de CBUQ com CAP convencional (esquerda) e detalhe da graduação do equipamento (direita) Quadro 1 - Classificação CAP por Penetração Quadro 2 - Diferença Máxima de Penetração Quadro 3 - Classes de Microtextura Quadro 4 - Classes de Macrotextura LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Resultado do Ensaio de Penetração em CAP Convencional Tabela 2 - Resultado do Ensaio de Penetração em CAP com BMP Tabela 3 - Resultado do Ponto de Amolecimento em CAP Convencional Tabela 4 - Resultado do Ponto de Amolecimento em CAP com BMP Tabela 5 - Resultado do IP para o CAP Convencional Tabela 6 - Resultado do IP para o CAP com BMP Tabela 7 - Resultado da Recuperação Elástica para CAP com BMP Tabela 8 - Resultado da Microtextura na amostra de CBUQ com CAP por BMP Tabela 9 - Resultado da Microtextura na amostra de CBUQ com CAP convencional Tabela 10 - Custo Unitário das Camadas Tabela 11 - Espessura das Camadas e Custos – CA com 5 cm Tabela 12 - Espessura das Camadas e Custos – CA + BMP com 5 cm Tabela 13 - Espessura das Camadas e Custos – CA + BMP com 4 cm Tabela 14 - Comparativo de Custo dos Pavimentos SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 1.1 Tema e Delimitação do Tema.........................................................................13 1.2 Análise de Situação ....................................................................................... 13 1.3 Problematização ............................................................................................. 14 1.4 Objetivo Geral ................................................................................................ 16 1.5 Objetivos Específicos.....................................................................................16 1.6 Justificativa .................................................................................................... 16 1.6.1 Acadêmica ................................................................................................ 18 1.6.1 Profissional ............................................................................................... 18 1.6.1 Econômico ................................................................................................ 18 1.6.1 Ambiental .................................................................................................. 19 1.6.1 Social ........................................................................................................ 19 1.7 Estrutura do Trabalho .................................................................................... 19 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 20 3 REVISÃO TEÓRICA .............................................................................................. 20 3.1 Ligantes Asfálticos ........................................................................................ 20 3.1.1 Ligantes Asfáltico de Petróleo (CAP) ........................................................ 21 3.1.2 Asfaltos Modificados .................................................................................. 23 3.1.3 Asfaltos Modificados por Polímeros Elastoméricos ................................... 24 3.1.4 Asfaltos Modificados por Borracha de Pneu tipo “Terminal Blending” ....... 25 3.1.5 Benefícios do CAP com BMP .................................................................... 28 3.1.6 Asfalto Diluído de Petróleo (ADP) ............................................................. 29 3.2 Cimento Asfáltico de Petróleo – Principais ensaios e propriedades ........ 30 3.2.1 Viscosidade Saybolt-Furol ........................................................................ 30 3.2.2 Ensaio de Penetração ............................................................................... 31 3.2.3 Ensaio de Ponto de Amolecimento ............................................................ 33 3.2.4 Índice de Suscetibilidade Térmica ............................................................. 34 3.2.5 Ensaio de Adesividade .............................................................................. 35 3.2.6 Ensaio de Dutilidade ................................................................................. 35 3.2.7 Ensaio de Recuperação Elástica .............................................................. 36 3.2.8 Ensaio de Solubilidade ............................................................................. 37 3.2.9 Ensaio de Durabilidade ............................................................................. 37 3.2.10 Avaliação de Micro e Macrotextura ......................................................... 37 4 ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS ............................................................... 41 4.1 Estudo de Caso I – Análise de Desempenho ............................................... 42 4.2 Introdução aos Ensaios Caracterizados em Obra ....................................... 44 4.2.1 Resultados do Ensaio de Penetração ....................................................... 44 4.2.2 Resultados do Ensaio de Ponto de Amolecimento ................................... 46 4.2.3 Relacionando Resultados de Penetração com Ponto de Amolecimento .. 47 4.2.4 Resultado do Ensaio de Recuperação Elástica ........................................ 50 4.2.5 Resultado Da Microtextura por Pêndulo Britânico ..................................... 51 4.3 Estudo de Caso II – Análise de Viabilidade Econômica ............................. 54 4.3.1 Base Teórica de Estudo ........................................................................... 54 4.3.2 Resultados do Estudo de Caso II ............................................................. 56 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 58 6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 60 7 ANEXOS ................................................................................................................ 63 7.1 Termo de Autorização para Divulgação de Informações de Empresas .... 63 8 APÊNDICE .............................................................................................................65 8.1 Entrevista ........................................................................................................ 65 12 1 INTRODUÇÃO A quantidade de veículos em todo o mundo tem aumentado gradativamente nas últimas décadas. Em igual proporção, aumenta-se a necessidade da produção de pneumáticos para suprir a demanda do mercado. Segundo Ferrara (2006), a estimativa no Brasil é que sejam produzidos anualmente cerca de 45 milhões de pneus, e apenas 10% dessa quantidade seja reciclada. Mundialmente esse índice é de dois bilhões de pneus descartados por ano, e menos de 20% são reciclados. Cada pneu tem um limite de vida útil que pode variar devido ao desgaste, recauchutagem entre outros fatores. Esses fatores contribuem para substituição dos pneus usados e consequentemente, continuação da produção de forma acelerada. Naturalmente estes ciclos criam um problema ambiental de grande importância porque sua destinação na maioria das vezes é inadequada, incapaz de transformar o produto gerado em material nocivo ao ambiente. O pneu demora cerca de 600 anos para se decompor no ambiente. (FERRARA, 2006). Uma alternativa para eliminação do pneu seria o processo de incineração, mas sua queima produz gases tóxicos que torna esse método inviável, pois afetaria o meio ambiente e a saúde da sociedade. Como alternativa para diminuir o impacto ambiental gerado pelo descarte de pneus inservíveis, ao longo dos anos cada vez mais tem se investido em processos de reciclagem. Aproveitando-se da reciclagem industrial de pneus descartados, observa-se uma crescente utilização de borracha moída de pneus incorporada ao cimento asfáltico de petróleo utilizado em pavimentação. Métodos conhecidos para obtenção do pó de borracha como regenaração e criogenia, embora eficientes, esbarram na questão econômica pois tratam-se de processos industriais de custo elevado (FERRARA, 2006). Nesse caso, o método de moagem a frio mostra-se mais viável. Comprovadamente obtêm-se benefícios pela incorporação de BMP (Borracha Moída de Pneus) ao cimento asfáltico de petróleo em relação ao concreto convencional, 13 como serão observados nesse trabalho. Desse modo, pode e deve-se aprofundar no conhecimento destas propriedades com intuito de comprovar sua viabilidade. Pretende-se estudar e analisar as propriedades do CAP com adição de borracha moída de pneus em comparação ao CAP convencional, como forma de oferecer uma alternativa ao descarte inadequado de pneus inservíveis, obtendo assim dados que comprovem a sua viabilidade e o aumento da utilização desse processo como forma de melhorar as características do concreto asfáltico além de ratificar sua relevância ambiental. 1.1 Tema e Delimitação do Tema Estudo Comparativo entre o Concreto Betuminoso Usinado a Quente Convencional e com Adição de Polímero de Borracha Moída de Pneu. O tema deste trabalho delimita-se ao estudo do comportamento em termos de desempenho do CAP com adição de BMP em comparação ao CAP convencional bem como sua viabilidade econômica. Nesse caso, é irrelevante a análise das camadas inferiores do pavimento as quais são a denominadas como base, sub-base e subleito. 1.2 Análise de Situação Em decorrência do aumento gradativo de veículos automotores por habitante nas últimas décadas, aumentou-se a necessidade da produção de pneumáticos para suprir a demanda do mercado. Ferrara (2006) diz que a estimativa no Brasil é que sejam produzidos anualmente cerca de 45 milhões de pneus, e apenas 10% dessa quantidade seja reciclada. Mundialmente esse índice é de dois bilhões de pneus descartados por ano, e menos de 20% são reciclados. 14 Mais atualmente a Greca Asfaltos (2013)1, uma das maiores empresas brasileiras especializadas no reaproveitamento de pneus inservíveis como aditivo para o asfalto, informa que até o ano de 2013 já foram utilizados mais de 6 milhões de pneus para fabricação de asfalto borracha. Esta empresa projeta que são consumidos 1000 pneus por quilômetro em uma rodovia com pouco mais de 7 metros de largura. Mais recentemente, a Agência Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP, 2013)2, divulgou que nos primeiros 6 meses de 2013, houve um aumento de 6,7% na produção de pneus no Brasil, em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo a ANIP, esse crescimento passou de 31,68 para 33,79 milhões de unidades produzidas de janeiro a junho de 2013. Dessa forma a busca por alternativas que vá em direção do tão aclamado desenvolvimento sustentável faz-se necessário. 1.3 Problematização Ferrara (2006) informa que 45 milhões de pneus são produzidos no Brasil por anos, anos, e que apenas cerca de 10% desse são reciclados. Cada pneu novo pesa aproximadamente 10 quilos. No período de vida útil do pneu, perde aproximadamente 1 quilo (10%) até o momento do seu descarte. Ou seja, são 9 quilos de material composto de borracha, negro de fumo, produtos químicos, aço e lona, obedecendo suas concentrações. Calculando-se os dados informados por este autor, são gerados anualmente 405 mil toneladas de material poluente que deveriam ser destinados de forma ambientalmente sustentável. 1 GRECA ASFALTOS, disponível em: <http://www.grecaasfaltos.com.br/produtos/asfaltos/asfalto- borracha-ecoflex-asfalto-ecologico/contabilidade-ecologica-asfalto-borracha> Acesso em 17 de novembro de 2013. 2 ANIP – Agência Nacional da Indústria de Pneumáticos. Disponível em < http://www.anip.com.br/index.php?cont=detalhes_noticias&id_noticia=511&area=43&titulo_pagina= > Acesso em: 19 de novembro de 2013. 15 Mais recentemente, a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP, 2013)3, divulgou que nos primeiros 6 meses de 2013, houve um aumento de 6,7% na produção de pneus no Brasil, em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo a ANIP, esse crescimento passou de 31,68 para 33,79 milhões de unidades produzidas de janeiro a junho de 2013. Observa-se, portanto que a produção de pneus apresenta um crescimento contínuo, constituindo um fator agressor do meio ambiente devido a apenas um determinado percentual destes serem reciclados, além do déficit recorrente de anos em que o ambiente sofre com o mesmo problema. Vale salientar que o petróleo é um bem finito. Alguns autores projetam a quantidade de décadas que o petróleo estará disposto no ambiente para exploração e processamento. Após esse período, os meios de produção obrigatoriamente terão que utilizar de novas tecnologias. O processo de extração do petróleo consome energia não renovável. A substituição de aproximadamente 20% em peso de CAP por 20 % de borracha moída de pneu ao CAP mostra-se economicamente e ecologicamente viável, pois depende unicamente de um produto amplamente disponível no ambiente, garantindo assim diminuição do impacto ambiental e no consumo de energia não renovável causado pela extração do petróleo, destilação e refino. Neste trabalho pretende-se investigar a utilização da borracha moída de pneus como aditivo polimérico do concreto betuminoso usinado a quente, como alternativa ao problema ambiental, fomentando resultados que expressem sua viabilidade, aumentando assim a possibilidade de sua utilização como forma de melhorar as propriedades do asfalto e consequentemente diminuir o volume de pneus inservíveis descartados inadequadamente no ambiente. 3 ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos. Disponível em: http://www.anip.com.br/index.php?cont=detalhes_noticias&id_noticia=511&area=43&titulo_pagina. Acesso em: 19 de novembro de 2013. 16 1.4 Objetivo Geral Obteruma análise comparativa entre o CBUQ produzido com os ligantes de Cimento Asfáltico de Petróleo e CBUQ modificado pela adição de polímeros de borracha moída de pneu em termos de desempenho e de viabilidade econômica. 1.5 Objetivos Específicos • Analisar em questão de desempenho e viabilidade econômica o comportamento do CAP com o qual é produzido CBUQ convencional; • Avaliar o CAP com o qual é produzido CBUQ com adição de borracha moída de pneu em termos de desempenho e viabilidade econômica; • Comparar tecnicamente e economicamente o CBUQ produzido com CAP convencional e o CBUQ produzido com CAP modificado; • Proporcionar uma alternativa de utilização da borracha de pneus em concreto asfáltico, minimizando os impactos gerados por sua destinação inadequada. 1.6 Justificativa Ceratti e Reis (2011) afirmam que cada vez mais é necessário estudar alternativas de modificar as propriedades dos asfaltos com objetivo de combater o crescente aumento do volume de tráfego e também o aumento da carga transportada. Outro fator a ser considerado são as grandes variações climáticas que ocorrem em diferentes épocas do ano. A mudança na estrutura do pavimento através de modificadores do asfalto pode contribuir com a melhora do comportamento do asfalto sobre determinadas solicitações. De acordo com Ceratti e Reis (2011, p.51), aproximadamente “97% das rodovias brasileiras possuem pavimento flexível”. Devido a esse índice, torna-se necessário estudar alternativas para tornar a atividade de pavimentação asfáltica mais eficaz e possibilitar a inserção de materiais capazes de estabelecer novos parâmetros de utilização, assim como ser ecologicamente correto. 17 Anualmente são produzidas enorme quantidade de pneumáticos para atender a demanda mercadológica do produto. Devido a esta produção e em igual proporção, são gerados resíduos que são mal destinados no ambiente, contaminando-o. Os aterros sanitários mostram-se incapazes de absorver e acondicionar de forma adequada a quantidade de dejetos produzidos resultando em contaminação do solo, água e o ar. Segundo a Resolução n° 258/99, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 4, em seu artigo 1°, o descarte de pneus é um dos pr incipais problemas ambientais da atualidade. Este documento tornou obrigatório aos importadores e produtores destinar adequadamente estes resíduos. Dessa forma: As empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos para uso em veículos automotores e bicicletas ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção definida nesta Resolução relativamente às quantidades fabricadas e/ou importadas. Na atualidade, é notória a importância dada ao meio ambiente e sua evidência na sociedade. Dificilmente alguma atividade humana não levará em consideração as regras e normas estipuladas pelos órgãos competentes. A personalidade jurídica e/ou física está debaixo de ordenamento regulamentador vigente no país sobre respeito ao meio ambiente. Em referência aos impactos ambientais, a produção contínua de pneumáticos impacta consideravelmente nesse contexto. Ceratti e Reis (2011, p. 56) afirmam que: Uma forma alternativa de se incorporar os benefícios de um modificador ao ligante asfáltico e, ao mesmo tempo reduzir problemas ambientais, é utilizar a borracha de pneus inservíveis com sua adição ao CAP pelo processo via úmida tipo ‘terminal blending. O presente Trabalho de Conclusão de Curso visa analisar a utilização de concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) convencional em comparação com o CBUQ modificado pela adição de borracha moída de pneu (BMP) advinda da reciclagem de pneumáticos em desuso. Desta forma, deseja-se obter resultados de pesquisa que 4 CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente, Resolução n° 258, de 26 de agosto de 1999. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama. Acesso em 08 de setembro de 2013. 18 demonstrem a viabilidade ou não, do aumento da utilização do asfalto borracha em obras de engenharia rodoviária. 1.6.1 Acadêmica O trabalho de conclusão de curso proposto, poderá auxiliar o corpo discente do Centro Universitário Newton e das demais instituições de ensino, no conhecimento do tema que alcançou relativa importância na âmbito da engenharia de tráfego. Este trabalho poderá ser exposto na biblioteca da instituição por meio físico, e eletronicamente para sua maior divulgação e conhecimento de todos. Auxiliará também, no ensino das matérias de Obras Rodoviárias I e Obras Rodoviárias II da instituição. 1.6.2 Profissional O conteúdo desenvolvido neste TCC poderá auxiliar os alunos no direcionamento de uma vertente profissional importante da Engenharia Civil que é o da Engenharia de Estradas. Posteriormente ao período de curso superior, os alunos poderão escolher por um curso de especialização nesta área. 1.6.3 Econômico Economicamente, o estudo propõe analisar a viabilidade econômica de um rodovia hipotética em iguais condições variando apenas pela adição de BMP ao CAP convencional. Os resultados poderão auxiliar grupos ou empresas com interesse no assunto, pela escolha e uso desta tecnologia para aplicação em campo. Para real aplicação desta tecnologia, é necessária a obtenção de pneus inservíveis, transporte, separação dos materiais, trituração e venda. Todos esses processos movimentam a economia e geram vagas de emprego. Portanto, a divulgação deste método e aumento de sua utilização pode ser relevante ao cenário econômico do país. 19 1.6.4 Ambiental O tema proposto é diretamente relacionado à questão ambiental, pois está ligada a diminuição do descarte de pneus inservíveis no meio ambiente, logo contribui para diminuição do impacto ambiental. Os pneus descartados inadequadamente no meio ambiente são processados industrialmente de forma a obter um produto de valia para obras rodoviárias. Assim, diminui-se consideravelmente o impacto ambiental. 1.6.5 Social Socialmente, a redução de pneus descartados inadequadamente na natureza, fará com que a população desfrute de um ambiente menos poluído e mais seguro. O meio de produção industrial acarretará maior número de vagas de emprego disponibilizadas para a população. Pretende-se estudar as melhorias da inserção desta tecnologia nas rodovias através de dados que comprovem sua eficácia, portanto a população poderá utilizar de vias rodoviárias com maior qualidade e maior segurança. 1.7 Estrutura do Trabalho Nesse trabalho realizou-se revisão teórica dos principais especialistas sobre o assunto, conceituou-se o ligante asfáltico e informou-se sobre os tipos de asfalto disponíveis no cenário de obras rodoviárias. Posteriormente mencionaram-se os principais ensaios laboratoriais necessários para determinação das características do cimento asfáltico de petróleo estudado. Procedeu-se também ensaios laboratoriais acompanhados pelo grupo, cujos processos e resultados serão mencionados no Estudo de Caso I. Para analisar a viabilidade econômica da inserção de BMP ao CAP em relação ao convencional, realizou-se o Estudo de Caso II. 20 Por fim, realizou-se uma entrevista buscando alcançar de pessoas com experiência na área, informações que venham a agregar ao trabalho. 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O trabalho de pesquisa foi formulado com base em artigos científicos, teses, dissertações e monografias que abordam o assunto em estudo. Realizou-se revisão de literatura dos principais livros técnicos sobre pavimentação e Engenharia de Tráfego. Pesquisou-se junto aos órgãos competentes, DER,ANP, ANIP entre outros, sobre a legislação vigente e buscando dados que possam complementar a pesquisa. O grupo realizou visitas técnicas de laboratório e de campo em obras de pavimentação e entrevista com especialistas na área. Visitou-se uma usina de asfalto em que foi possível conhecer do processo de execução do asfalto. Acompanhou-se em laboratório, a realização de ensaios com amostras de cimento asfáltico de petróleo convencional e de asfalto borracha, analisando os resultados obtidos e comparando suas diferenças. 3 REVISÃO TEÓRICA 3.1 Ligantes Asfálticos Bernucci e outros (2008, p. 9 e 26) definem revestimento asfáltico e asfalto respectivamente como: Revestimento asfáltico é camada superior destinada a resistir diretamente às ações do tráfego e transmiti-las de forma atenuada às camadas inferiores, impermeabilizar o pavimento, além de melhorar as condições de rolamento - conforto e segurança [...]; asfalto é a mistura de hidrocarbonetos derivados do petróleo de forma natural ou por destilação, cujo principal componente é o betume, podendo conter ainda outros materiais, como oxigênio, nitrogênio e enxofre, em pequena proporção. 21 Também segundo esses autores, a versatilidade do asfalto como material de construção, o fez ser usado desde a antiguidade pelo homem, sendo a pavimentação asfáltica a forma de revestimento mais importante e mais utilizada na maioria dos países, representando no Brasil cerca de 95% das estradas e muito utilizado em vias públicas. Analisando a influência da concentração de ligante asfáltico à mistura, Ceratti e Reis (2011) citam que a diminuição da porcentagem de ligante tem como resultado prejuízos na vida útil e na resistência à tração, diminuindo a resistência à formação de trincas e enfraquecendo a mistura. Complementando o conceito do ligante asfáltico, o “Estudo Comparativo de Deformação Permanente de CBUQ’s Confeccionados com Ligantes Asfálticos Diversos”, da Greca Asfaltos (2006, p. 8) diz que: Um Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ) mais flexível e com mais ligante asfáltico está menos propenso a problemas de trincamento e sua vida útil tende a se prolongar, aliar a estes dois fatores a uma deformação permanente baixa é uma grande conquista, que só é possível pelo equilíbrio entre um agregado adequado, uma faixa bem estruturada e um ligante asfáltico que possua um valor de ponto de amolecimento alto, atrelado a uma viscosidade elevada que proporcione um alto índice de película no agregado e também a uma recuperação elástica excepcional, responsável por absorver e devolver com eficiência os esforços aplicados sobre o pavimento. Diante dos conceitos citados, percebe-se que a concentração do ligante asfáltico influencia em diversos fatores, tais como, a vida útil do asfalto, recuperação elástica, deformação permanente, resistência à tração e formação de trincas. 3.1.1 Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) Bernucci e colaboradores (2008, p. 26), para classificar o cimento asfáltico de petróleo, citam que “no Brasil utiliza-se a denominação CAP para designar esse produto semissólido a temperaturas baixas, visco elástico à temperatura ambiente e 22 líquido a altas temperaturas, e que se enquadra em limites de consistência para determinadas temperaturas estabelecidas”. Estes mesmos autores informam que o asfalto passa a ser chamado pela sigla CAP a partir do momento em que atinge características particulares obtidas de propriedades físicas que proporcionam bom desempenho no local onde for aplicado. O nome CAP posteriormente é seguido de um número identificador, classificado por penetração, cujo ensaio será abordado neste trabalho. (BERNUCCI et al., 2008). Colaborando com estudos, Ceratti e Reis (2011), dizem que o CAP é caracterizado através das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e sendo especificado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). São quatro os tipos de CAP classificados por penetração e que servem como elemento para fabricação de outros materiais asfálticos aplicadas em alguma atividade em pavimentação. São eles o CAP 30/45, CAP 50/70, CAP 85/100 e CAP 150/200. A Resolução n° 19 de 11 de julho de 2005, da Agênci a Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP)5, determinou as especificações técnicas do Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) classificados por penetração, conforme tabela abaixo: 5 ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (2005). Disponível em: http://www.grecaasfaltos.com.br/produtos/asfaltos/asfaltos-cap-cimento-asfaltico-de-petroleo. Acesso em 17 de novembro de 2013. 23 Quadro 1 - Classificação CAP por Penetração Fonte: ANP (2005) Os resultados de penetração variam em função de sua temperatura, assim, avaliar o comportamento do CAP quanto à suscetibilidade térmica é fundamental para o futuro do pavimento, pois além da penetração, as demais propriedades também variam em função da temperatura. 3.1.2 Asfaltos Modificados Distinguem-se o asfalto borracha do asfalto polimérico devido a diferentes aplicações, fabricação e composição química. Estes dois servem como modificadores do concreto asfáltico proporcionando diminuição da sensibilidade do CA quando ocorre alteração no teor de ligante. A substituição do CAP por asfalto borracha ou asfaltos modificados por polímeros, torna o concreto asfáltico mais resistente onde há fluxo intenso de tráfego, aumentando assim sua durabilidade. (CERATTI; REIS, 2011). 24 Continuando nesse raciocínio, estes autores explicam que “em outras palavras, a modificação do CAP visa reduzir as variações de suas propriedades em relação à temperatura de serviço a fim de evitar grandes alterações no comportamento mecânico do pavimento em função das solicitações de tráfego”. (CERATTI; REIS, 2011, p. 54). Desse modo, as vantagens alcançadas através da modificação do CAP por asfalto borracha ou asfalto polimérico traduzem-se em: • Aumento do ponto de amolecimento e da elasticidade; • Melhoria das características adesivas e coesivas; • Maior resistência ao envelhecimento, à deformação permanente e às trincas de fadiga/térmicas. Necessita-se de profissionais especialistas para acompanharem a produção e aplicação dos asfaltos modificados, para controle específico de materiais e serviços assim como nos equipamentos. (CERATTI; REIS, 2011). 3.1.3 Asfaltos Modificados por Polímeros Elastoméricos O cimento asfáltico de petróleo reage quimicamente com o polímero SBS (Estireno- butadieno-Estireno) que é um material específico para indústria petroquímica e bastante utilizada na pavimentação, obedecendo a um processo pré-estabelecido de temperatura e cisalhamento mecânico. (CERATTI; REIS, 2011). Também segundo estes autores, o segundo polímero mais utilizado no Brasil é o do tipo SBR (borracha estireno-butadieno), especialmente desenvolvido para o mercado de pavimentação. O Catálogo de Produtos, Greca Asfaltos, (2011, p. 13), informa que através do seu Instituto de Pesquisas, foi possível desenvolver produtos que vão além das expectativas geradas, otimizando redução de custos com reformas e menor quantidade de patologias como formação de trincas, pois garantem flexibilidade e resistência a cargas de utilização. Seus produtos feitos através de Polímeros Elastoméricos podem ser utilizados na fabricação de CBUQ (concreto betuminoso 25 usinado a quente), em vias públicas e rodoviárias e a na recuperação de pavimentos. 3.1.4 Asfaltos Modificados por Borracha de Pneus tipo “Terminal Blending”De acordo com Balbo (2007), a produção do CAP modificado consiste na incorporação de 15 a 20% de borracha moída de pneus (com diâmetro inferior a 2 mm) em relação ao peso do CAP. Processo este que segundo Ceratti e Reis (2011), é realizado a quente (temperatura próxima a 200°C) em um terminal especial, com auxilio de elevado esforço mecânico de cisalhamento, criando-se assim um ligante estável e homogêneo desde que seja constantemente misturado. Ainda segundo Balbo (2007) durante este processo de digestão da borracha deve se acrescentar óleos aromáticos de maltenos (saturados) que atuem sobre as partículas da borracha, pois se não adicionados, a borracha consumira aromáticos dos maltenos presentes no CAP, o que resultaria em um ligante mais viscoso, próximo ou além do aceitável. Esses óleos extensores, ricos em maltenos, são adicionados em taxas de 5% a 20% do peso do CAP na mistura com borracha. A adição de BMP (borracha moída de pneus) ao CAP (Cimento Asfáltico de Petróleo) pode ser realizada através dos seguintes métodos, relatados por Ferrara (2006): • Via Seca – O pó de borracha é introduzido juntamente com o agregado no misturador. Com este método a transferência das propriedades da borracha é prejudicada, mas desde que esta mistura fique homogênea, pode-se obter melhorias à mistura asfáltica. • Via úmida - A borracha é misturada ao ligante em um reator especial (Terminal Blending). Neste processo consegue-se a melhor transferência das propriedades elásticas e durabilidade ao CAP original, modificando sua característica permanentemente. 26 Daros e outros (2010, p. 30) fazem menção aos processos de incorporação via úmida e seca, e informa que: As experiências feitas pelos técnicos do Departamento de Trânsito do Arizona (ADOT) mostraram melhores características técnicas e vantagens ao processo de incorporação por via úmida, pois na via seca, não foram transferidas com êxito as propriedades da borracha aos ligantes, produzindo desta forma um concreto asfáltico com piores características de elasticidade e resistência ao envelhecimento. A adição de borracha ao ligante é feita através de um reator especial. O tempo de mistura normalmente é de 45 minutos e o tempo de digestão devera ser de 4 horas aproximadamente. Conforme figura abaixo se observa o processo que passa o pneu inservível desde a sua obtenção, processos industriais de mistura ao CAP, até sua destinação final em obra. Figura 1 - Esquema de Fabricação do Asfalto-borracha Via Úmida pelo Processo de Mistura Estocável (terminal blending) em um Reator Fonte: Bernucci e outros (2008, p. 76) 27 De acordo com Daros, Silva e Mancur (2010) depois de 4 horas sendo misturado no reator, esse CAP já pode ser transferido e armazenados em tanques de transporte. Os tanques possuem um sistema que promove a agitação do ligante asfáltico, após esta transferência o ligante modificado já pode ser misturado aos agregados em usinas para a fabricação do CBUQ com aditivo de BMP. Na fabricação do ligante modificado por BMP por via úmida podemos ter o CAP modificado estocável ou não estocável dependendo do modo de fabricação. O ligante não estocável é produzido na obra e é chamado de “Continuous Blending”, tem que ser aplicado rapidamente devido a sua instabilidade e apresenta algumas características diferentes do estocável. No sistema estocável (Terminal Blending), o CAP é produzido com BMP (borracha moída de pneu) com granulometria inferior a peneira de n° 40, misturado em um terminal especial . Com este processo se obtém um ligante mais estável e parcialmente homogêneo. (BERNUCCI et al., 2008). O sistema de produção estocável comparado com o não estocável gera uma economia de tempo e custos, pois o ligante produzido desta maneira pode ser transportado para várias obras ao mesmo tempo, enquanto que no outro processo, cada obra deve possuir um equipamento de preparo do ligante com BMP. Nas figuras abaixo é possível observar as diferenças de consistência do asfalto borracha em comparação ao CAP convencional. Figura 2 - Consistência Asfalto Convencional e Asfalto Borracha Fonte: Bernucci e outros (2008, p. 77) – Composição de Fotos 28 De acordo com Bernucci e cooperadores (2008), o asfalto-borracha estocável (terminal blending) deve ser processado em altas temperaturas por agitação em alto cisalhamento. Obtém-se assim a despolimerização e a desvulcanização da borracha de pneu permitindo a reação da borracha desvulcanizada e despolimerizada com moléculas do CAP, o que resulta em menor viscosidade do produto final. Ceratti e Reis (2011) complementam que devido à consistência do asfalto borracha, existe uma necessidade constante de agitação do material em sua estocagem para manter a estabilidade e homogeneidade. A reação físico-química que ocorre no processo de incorporação da borracha ao CAP não é capaz de fornecer um material totalmente homogêneo. Visualmente observa-se parte granular de borracha moída em meio à estrutura do CAP. 3.1.5 Benefícios do CAP com BMP Segundo Morilha (2004, p.35) e Ceratti e Reis (2011, p.56) a adição de pequenas quantidades de borracha moída de pneu proporciona características diferentes e fundamentais ao ligante, tais como: - Maior resistência; - Melhoria da suscetibilidade térmica; - Resistência maior ao envelhecimento; - Resistência coesiva; - Poder de adesão; - Maior recuperação elástica. De acordo com Morilha (2004), o ligante modificado com BMP resiste melhor a temperaturas baixas e altas. Em altas temperaturas, o maior ponto de amolecimento e maior viscosidade do ligante aumentam à resistência a deformação permanente. Ceratti e Reis (2011), afirmam que a borracha moída de pneus inutilizados pode servir como aditivo ao Concreto Asfáltico de Petróleo, auxiliando na diminuição de 29 impactos ambientais, e também modificando as propriedades do ligante asfáltico possibilitando inclusive alcançar benefícios, no processo de fabricação via úmida. De acordo com o Manual da Greca Asfalto (2007) ao se introduzir a borracha moída de pneu ao ligante, se consegue obter um concreto com propriedades mais satisfatórias. Isso acontece devido ao fato do CAP modificado apresentar melhor recuperação elástica, essa propriedade contribui para uma melhor a aplicação do concreto em pista além “de se evitar problemas de deformação permanente em situação criticas de solicitação de tráfego em conjunto com alta temperatura ambiental e de pista”. Daros, Silva e Mancur (2010, p. 47), informam sobre a vida útil do asfalto e dizem que: Alguns estudos mostram que o pavimento com borracha pode durar até 5,5 vezes mais do que o asfalto comum. Todo asfalto tem uma vida útil determinada. Uma estrada não é construída para durar 50 anos. Ela é feita para durar cerca de 10 anos, porque existe o processo natural de envelhecimento do piso, que é um produto perecível. Mas quando se funde a borracha com o asfalto, sua vida útil passa a ser de 25 a 30 anos. (grifo nosso) Mediante as afirmações destes autores, torna-se conveniente estudar tecnicamente através de ensaios laboratoriais e comparar as influências da adição de polímeros de borracha moída de pneus ao CAP convencional, demonstrando também seus resultados com respectiva análise. 3.1.6 Asfalto Diluído de Petróleo (ADP) Segundo o Catálogo de Produtos, Greca Asfaltos (2011, p. 12) 6, em referência ao ADP diz que: 6 Catálogo de Produtos, Greca Asfaltos (2011, p. 12), disponível em: http://www.grecaasfaltos.com.br/images/pdf/catalogo-produtos-greca-asfaltos.pdf. Acesso em 06 de outubro de 2013. 30Os Asfaltos Diluídos de Petróleo (ADP’s) compõem uma linha de asfaltos utilizados na etapa intermediária da pavimentação, conhecida como imprimação. A imprimação é aplicada sobre a base que irá receber o pavimento, a qual é normalmente composta por bica corrida, argila ou solo cimento, podendo sofrer variações de designação ou até mesmo de composição dependendo da região onde será construído o pavimento. Os ADP’s são produtos fornecidos pelas refinarias e distribuídos pela Greca e provêm da mistura de CAP e naftas que podem ser leves, médias ou pesadas. Os ADP’s são classificados de acordo com a velocidade da cura. Auxiliando no conhecimento, Balbo (2007) informa que os ADP’s são provenientes da diluição de um CAP objetivando facilitar sua aplicação pela diminuição de sua viscosidade. A quantidade de diluente utilizada para variar a viscosidade cinemática faz com que possam existir diferentes asfaltos diluídos, que são escolhidos a partir de fatores como capacidade de suportar variações de temperatura ou propriamente suscetibilidade térmica, consistência final e tempo de cura. A análise da necessidade da obra é fundamental para escolha do material a ser utilizado. Pela leitura dos materiais de pesquisa disponibilizados por esses autores, observa- se um comum acordo quanto ao sucesso da utilização do asfalto diluído de petróleo em imprimadura. 3.2 Cimento Asfáltico de Petróleo – Principais ensaios e propriedades 3.2.1 Viscosidade Saybolt-Furol Este ensaio é realizado para a determinação do estado de fluidez do CAP em determinadas temperaturas de aplicação e uso deste material. (BALBO, 2007). O ensaio de viscosidade Saybolt-Furol é especificado pela NBR 14950: 2003. Este teste mede a consistência de uma amostra de 60 ml de cimento asfáltico, verificando a fluidez total do CAP através de um orifício de diâmetro de 3,15 mm com tolerância de 0,02 mm para mais ou para menos a uma temperatura de 135ºC. A representação esquemática em corte do viscosímetro utilizado para realização do ensaio segue na figura abaixo: 31 Figura 3 - Esquema Interior do Viscosímetro Fonte: Bernucci et al. (2008, p. 46). Bernucci entre outros (2008, p. 46) explicam que “a medida da viscosidade do ligante tem grande importância na determinação da consistência que ele deve apresentar quando da mistura com os agregados”, uma vez que a cobertura total destes é diretamente ligada ao resultado do ensaio e proporciona uma aplicação eficiente no campo. 3.2.2 Ensaio de Penetração O ensaio de penetração é normatizado pela NBR 06576: 1998. O teste é realizado para a determinação ou controle da dureza ou consistência relativa de um CAP. O ensaio tem como função determinar a profundidade de penetração de uma agulha sob carga de 100 g, a temperatura de 25ºC, em um tempo estabelecido de 5 s, a unidade de medida deste ensaio é em décimos de milímetros. 32 Figura 4 - Ensaio de Penetração em CAP com BMP Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Em cada ensaio são realizadas três medidas de penetração individuais, a média dos três valores é aceita se atender aos limites da NBR de referência do ensaio, conforme tabela abaixo: Quadro 2 - Diferença Máxima de Penetração Fonte: Senço. (2007, p. 337) Para Senço (2007) o ensaio de penetração é um dos fundamentais, embora as especificações atuais procurem pelo menos colocar em paralelo a viscosidade cinemática para a classificação dos asfaltos diluídos de petróleo. 33 3.2.3 Ensaio de Ponto de Amolecimento O ensaio de ponto de amolecimento regulamentado pela NBR 06560: 2005, também conhecido como “anel e bola”, é um ensaio que mede a temperatura em que uma amostra de CAP é tensionada por uma esfera de aço padronizada até atingir o fundo de um béquer, momento este em que a temperatura é anotada alcançando assim, a determinação do ponto de amolecimento. Figura 5 - Esquema Anel e Esfera à Esquerda e Ensaio Real à Direita Fontes: Bernucci et al. (2008, p. 48) e Arquivo Pessoal (2013) Senço (2007) diz que o objetivo deste ensaio é a determinação da temperatura em que o asfalto se torna fluído. A composição dos resultados do ponto de amolecimento com o de penetração fornece o índice de suscetibilidade térmica por meio de uma equação, como será descrito no próximo tópico. 34 3.2.4 Índice de Suscetibilidade Térmica Devido ao fato do CAP apresentar comportamento termoplástico, isto é, quanto mais alta a temperatura mais viscoso, faz com que o fator de suscetibilidade térmica seja de grande importância para este controle. O índice de suscetibilidade térmica verifica a influência das variações de temperatura na consistência do asfalto. (SENÇO, 2007). A amostra de cimento asfáltico deve estar de tal forma que possa envolver por completo o agregado, além de permitir seu deslocamento durante a compactação de misturas betuminosas. O controle do índice de suscetibilidade térmica é fundamental a fim de evitar patologias como o formação de trilhas de rodas em clima quente e o de aparecimento de trincas pelo efeito de retração. (BALBO, 2007). O Índice Pfeiffer-Van Doormal relaciona entre si as medidas de penetração a 25ºC e o ponto de amolecimento por meio da equação abaixo, sendo P a penetração e PA o ponto de amolecimento. IP = 500 log P + 20 PA − 1951 120 − 50 log P + PA Bernucci entre outros. (2008) citam que a maioria dos CAP’s tem um IP entre -1,5 e 0 e que valores maiores que +1 indicam asfaltos pouco sensíveis a elevadas temperaturas e quebradiços em temperaturas mais baixas, e valores menores que -2 indicam asfaltos muito sensíveis à temperaturas. 35 3.2.5 Ensaio de Adesividade O ensaio de adesividade correlaciona o CAP com o agregado, verificando se o material betuminoso vai aderir perfeitamente a superfície do agregado, ou seja, verificar se haverá descolamento do filme de asfáltico após o envolvimento e resfriamento do agregado, o que possibilita a aglutinação adequada entre os grãos. A falta de adesividade leva ao descolamento do cimento asfáltico ao agregado (BALBO, 2007). Os ensaios de adesividade podem se classificar em dois tipos: a adesividade ativa onde é verificada a propriedade de um ligante betuminoso de descolar uma película de água de um agregado úmido e a adesividade passiva que ensaia a capacidade de um ligante betuminoso que reveste um agregado seco em resistir a ação da água. O ensaio de adesividade é intimamente ligado a composição do CAP, isto é, se nele é incorporado polímero ou não. Há a conclusão de que cimentos asfálticos modificados por polímero tornam o material mais aderente e envolvente ao agregado. (BALBO, 2007). 3.2.6 Ensaio de Dutilidade A norma que descreve o ensaio de ductilidade é a NBR 06293: 2001. O ensaio consiste em alongar amostras de CAP colocadas em moldes especiais em forma de “gravata borboleta” ou “ossos de cachorro” até antes que se rompam. Para tanto se submete a amostra ao processo de esticamento a uma taxa de 5 cm/min e em banho de água de 25ºC. Balbo (2007) salienta que asfaltos muito dúcteis são sensíveis às condições climáticas embora sejam mais aglutinantes. 36 Figura 6 - Esquema Ensaio de Dutilidade Fonte: Bernucci e outros. (2008, p. 49) Na mesma linha, Senço (2007) destaca que pavimentos dúcteis garantem a flexibilidade das misturas betuminosas utilizadas no pavimento. 3.2.7 Ensaio de Recuperação Elástica O referido ensaio é normatizado pela NBR 14756: 2004. O mesmo é realizado com um dutilomêtro, equipamentocom molde modificado. O teste é realizado com velocidade de estiramento de 5 cm/min. Após atingir 200 mm secciona-se o fio de ligante no meio; aguarda-se 60 minutos para verificar qual foi o retorno do material, medindo finalmente o mesmo. Na composição de imagens abaixo, demonstra-se na primeira imagem o seccionamento, na segundo o material em retorno, e na terceira imagem o material após o retorno. 37 Figura 7 - Fases do Ensaio de Recuperação Elástica em CAP com BMP Fonte: Arquivo Pessoal (2013) - Composição de Fotos A recuperação elástica é um ensaio que caracteriza bem as diferenças de comportamento do cimento asfáltico convencional e com polímero, apesar deste ensaio não ser feito com CAP convencional. Asfaltos modificados por borracha moída de pneus são mais elásticos, ou seja, mais dúcteis. 3.2.8 Ensaio de Solubilidade O ensaio de solubilidade é descrito pela NBR 14855: 2002 e tem o objetivo de estimar a quantidade de betume através da dissolução de solventes como tricloroetileno, sulfeto de carbono ou tetracloreto de carbono no CBUQ, sendo este último recomendável por não ser inflamável e, portanto apresentar menor risco em laboratório. (BALBO, 2007). 3.2.9 Ensaio de Durabilidade O efeito químico de oxidação faz com que o CAP endureça (ou envelheça), podendo ser de maneira rápida ou lenta, o que torna este material quebradiço. Este processo é potencializado pela exposição em altas temperaturas, o que afeta diretamente a massa específica e a consistência do cimento asfáltico, além da perda de ductilidade e logo de suscetibilidade térmica. (BALBO, 2007). 38 Figura 8 - Estufa de Película Fina Plana TFOT Fonte: Bernucci e outros. (2008, p. 51) Bernucci e outros (2008) citam que o ensaio de efeito de calor e do ar (ECA) é descrito pela NBR 14736: 2001 e é utilizado para simular o efeito do envelhecimento do ligante que ocorre durante a usinagem e compactação da mistura através de uma estufa de película fina plana (TFOT). 3.2.10 Avaliação da Micro e Macrotextura A classificação da textura de um pavimento é classificada pela PIARC (The World Road Association) a qual é caracterizada pelo comprimento de onda entre as cristas ou vales na superfície do revestimento asfáltico. A aderência é relacionada a microtextura, que é proporcional a superfície e quão áspero é o agregado e a macrotextura que é rugosidade final da composição agregado e CAP. (BERNUCCI et al., 2008). 39 Figura 9 – Micro e Macrotextura em Revestimento Asfáltico Fonte: Bernucci e outros. (2008, p. 430) A Microtextura pode ser medida pelo equipamento denominado Pêndulo Britânico. Tal equipamento nada mais é do que um braço pendular onde em sua extremidade há uma sapata recoberta de borracha a qual sofrerá atrito com o revestimento asfáltico umedecido. (BERNUCCI et al., 2008). Quadro 3 – Classes de Microtextura Fonte: Bernucci e outros. (2008, p. 431) Recomenda-se o valor mínimo de 47, o que garante uma Microtextura na faixa rugosa. A Microtextura numa faixa adequada garante, portanto, segurança ao usuário uma vez que contribui para o efeito de redução de aquaplanagem entre o pneu e o asfalto. 40 Figura 10 – Pêndulo solto (esquerda) e após o atrito (direita) Fonte: Bernucci e outros. (2008, p. 431) – Composição de Fotos A avaliação da macrotextura é comumente medida pela mancha de areia, normatizada pela ASTM E 965. Tal ensaio é extremamente simples, basta ter em mãos 25 cm³ de areia uniformemente arredondada passante na peneira 60 e retida na 80 e espalhá-la com um pistão circular sobre pavimento com movimento circular de forma que se obtenha uma figura também circular no camada de rolamento, quando for visualizado algumas pontas do agregado do CBUQ cessa-se o movimento e mede-se em três pontos distintos o diâmetro da areia espalhada e faz- se a média desses valores. (BERNUCCI et al., 2008). Figura 11 – Espalhamento da amostra (esquerda) e medida do diâmetro (direita) Fonte: Bernucci e outros. (2008, p. 431) – Composição de Fotos 41 A altura média da mancha é medida pela equação: HS = 4V �²� Onde, HS é a altura média de areia em mm; V o volume padrão de 25 cm³ e D o diâmetro médio em mm da areia. Classifica-se, portanto macrotextura por HS, ou seja, altura média da mancha de areia, conforme quadro abaixo: Quadro 4 – Classes de Macrotextura Fonte: Bernucci e outros. (2008, p. 432) Recomenda-se a macrotextura entre 0,6 mm e 1,2 mm, uma vez que abaixo de 0,6 mm aumenta o risco de aquaplanagem e acima de 1,2 mm causa desgaste excessivo dos pneus. (BERNUCCI et al., 2008). 4 ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS Para analisar técnica e economicamente as características do CAP convencional em relação ao CAP com BMP, foram elaborados dois estudos de caso. 42 Para a realização do Estudo de Caso I, foi utilizado o laboratório da Construtora Barbosa Mello, o qual foi mobilizado para os testes de pavimentação da obra de Restauração e Melhoramento da Rodovia LMG-800, situada entre as cidades de Confins e Belo Horizonte no estado de Minas Gerais. Através do estudo de Caso II, obtiveram-se resultados numéricos que demonstram a viabilidade econômica do asfalto borracha em função das melhorias alcançadas. 4.1 Estudo de Caso I – Análise de Desempenho O presente trabalho de conclusão de curso se fundamenta em comparar os cimentos asfálticos de petróleo convencional e com borracha moída de pneu. Este estudo de caso é de fundamental importância para analisar numericamente os resultados dos ensaios que caracterizam ambos. Todos os ensaios revisados bibliograficamente nesta monografia são regulamentados por normas, logo, obedecem a limites mínimos e máximos de utilização. Os resultados que serão apresentados a seguir foram colhidos através de ensaios laboratoriais ocorridos na empresa Construtora Barbosa Mello entre os meses de Setembro e Novembro de 2013, em laboratório de campo regulamentado, mais especificamente no laboratório pertencente à obra de restauração e melhoramento da rodovia LMG-800, trecho localizado entre os municípios de Confins e Belo Horizonte e também na empresa Viatest localizada em Belo Horizonte no dia 22 de Novembro de 2013. 43 Figura 12 - Recebimento de Amostra de CAP com BMP em Caminhão Tanque Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 13 - Colhimento de Amostra de CAP Modificado com BMP Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Todos os ensaios foram supervisionados por profissionais da empresa habilitados e capacitados para este fim. Houve acompanhamento por parte dos membros desta monografia, de todas as etapas do processo para realização dos ensaios, desde a coleta em caminhão tanque, até o ensaio propriamente dito. 44 4.2 Introdução aos Ensaios Caracterizados em Obra Alguns ensaios são obrigatórios para a caracterização de amostras de CAP, e logo, para a aceitação do produto que chega à determinada empresa que irá usinar o concreto betuminoso usinado a quente que será aplicado em campo. O cimento asfáltico tem que cumprir os limites de desempenho e segurança descritos em norma para o seu tipo, assim, CAP modificado com borracha moída tem limites diferentes de CAP convencional. Os testes que são feitos no recebimento da amostra tem como objetivo a análise principalmente de seu desempenho, mas também tem função de avaliação de segurança de estocagem, como é o casodos ensaios já citados na parte de revisão literária dos ensaios de laboratório deste TCC. Foram feitas análises dos ensaios de penetração, ponto de amolecimento, recuperação elástica e índice de suscetibilidade térmica em cimentos asfálticos com CAP convencional e com BMP, sendo uma amostra de cada tipo, com exceção dos ensaios de recuperação elástica que é realizado apenas para a amostra modificada e o de Pêndulo Britânico, onde se realizou o resultado apenas para amostra de CBUQ com BMP. De posse dos resultados, analisaram-se as amostras separadamente, sendo realizado por fim, um comparativo em termos numéricos, verificando o que estes números traduzem em termos de desempenho da amostra. 4.2.1 Resultados do Ensaio de Penetração Conforme já abordado no item 3.2.2 (Ensaio de Penetração), o ensaio tem como função determinar a profundidade de penetração de uma agulha sob carga de 100 g, a temperatura de 25ºC, em um tempo estabelecido de 5 s. 45 O valor de penetração nos diz o quanto uma amostra é consistente. O resultado é dado pela unidade décimos de milímetros. A tabela 1 mostra o resultado do ensaio de penetração no CAP convencional. Tabela 1 – Resultado do Ensaio de Penetração em CAP Convencional Ensaio Unidade Resultado Limite da especifição Penetração (100g, 5s a 25 °C) 0,1mm 52 50 - 70 Fonte: Autoria Própria (2013) A tabela 2 mostra o resultado da penetração no CAP modificado com BMP. Tabela 2 – Resultado do Ensaio de Penetração em CAP com BMP Ensaio Unidade Resultado Limite da especifição Penetração (100g, 5s a 25 °C) 0,1mm 45 30 - 70 Fonte: Autoria Própria (2013) Conforme se verifica na tabela 1, o resultado do ensaio para CAP convencional obteve uma penetração de 52 unidades de 0,1 mm com limite de especificação de 50 a 70 unidades de 0,1 mm. Já na tabela 2, o resultado do ensaio para CAP com BMP, mostra que a penetração foi de 45 unidades de 0,1 mm com limite de especificação de 30 a 70 unidades de 0,1 mm. Analisando-se os resultados de penetração da agulha padrão, verifica-se que esta penetrou 7 unidades a mais no cimento asfáltico convencional do que no modificado, ou seja, a amostra analisada de testemunho convencional é menos consistente. 46 4.2.2 Resultados do Ensaio de Ponto de Amolecimento O ponto de amolecimento, como já foi abordado a priori, é um ensaio que mede a temperatura em que uma amostra de CAP é tensionada por uma esfera de aço padronizada até atingir o fundo de um béquer. O valor do ponto de amolecimento determina a temperatura em que o asfalto se torna fluído. A tabela 3 mostra o resultado do ponto de amolecimento no CAP convencional. Tabela 3 – Resultado do Ponto de Amolecimento em CAP Convencional Ensaio Unidade Resultado Limite da especifição Ponto de Amolecimento ºC 50,4 Mínino 46 Fonte: Autoria Própria (2013) A tabela 4 mostra o resultado do ponto de amolecimento no CAP com BMP. Tabela 4 – Resultado do Ponto de Amolecimento em CAP com BMP Ensaio Unidade Resultado Limite da especifição Ponto de Amolecimento ºC 58 Mínino 58 Fonte: Autoria Própria (2013) Verifica-se nos resultados da tabela 3 para CAP convencional, que o ponto de amolecimento foi de 50,4 ºC com limite de especificação de no mínimo 46 ºC. Nos resultados da tabela 4 para CAP com BMP, o ponto de amolecimento medido foi de 58 ºC com limite de especificação mínimo de 58 ºC. Analisando os resultados, observa-se que a temperatura de amolecimento da amostra de CAP convencional amolece mais rapidamente do que a amostra de CAP 47 modificado pela adição de BMP, mais precisamente 7,6ºC a menos. Essa diferença representa que a amostra de CAP convencional torna-se fluida mais rapidamente. 4.2.3 Relacionando Resultados de Penetração com Ponto de Amolecimento O índice de suscetibilidade térmica relaciona os resultados dos ensaios de penetração com os de teste de penetração através da equação de Pfeiffer-Van Doormal, e verifica a influência das variações de temperatura na consistência do asfalto. O resultado da equação corresponde à quantidade da amostra de CAP que envolverá o agregado na produção e aplicação do CBUQ, além de ser um parâmetro fundamental a evitar o efeito de trilhas de roda na pista de rolamento bem como o aparecimento de trincas por retração em climas quentes. Figura 14 – Formação de Trilhas de Roda Fonte: Bernucci e outros (2008, p. 419) Abaixo se demonstra as equações com os resultados de cada CAP avaliado nos dois ensaios apresentados anteriormente, isto é, penetração incógnita P da equação e ponto de amolecimento, incógnita PA da mesma. 48 • Equação I: CAP convencional IP = 20 − 500 tanα 1 + 50 tan α = 500 log P + 20 PA − 1951 120 − 50 log P + PA Sendo, tan α = log 800 − log P PA − 25 Substituindo P e PA com os resultados respectivos de 52 e 50,4 obtidos anteriormente, temos: 500. log 52 + 20.50,4 − 1951 120 − 50 log 52 + 50,4 = −1 A tabela 5 mostra o resultado do índice de suscetibilidade térmica para a amostra de cimento asfáltico convencional, conforme a equação acima. Tabela 5 – Resultado do IP para o CAP Convencional Ensaio Unidade Resultado Limite da especifição Índice de Susceptibilidade Térmica Equação -1 Entre 2 e 5 Fonte: Autoria Própria (2013) 49 • Equação II: CAP com BMP IP = 20 − 500 tanα 1 + 50 tan α = 500 log P + 20 PA − 1951 120 − 50 log P + PA Sendo, tan α = log 800 − log P PA − 25 Substituindo P e PA com os resultados respectivos de 45 e 58 obtidos anteriormente, temos: 500. log 45 + 20.58 − 1951 120 − 50 log 45 + 58 = 0,4 A tabela 6 mostra o resultado do índice de suscetibilidade térmica para a amostra de cimento asfáltico com BMP, conforme a equação acima. Tabela 6 – Resultado do IP para o CAP com BMP Ensaio Unidade Resultado Limite da especifição Índice de Susceptibilidade Térmica Equação 0,4 - Fonte: Autoria Própria (2013) Os resultados de suscetibilidade térmica ou índice de penetração para as amostras convencional e modificado foram respectivamente -1 (menos um) e 0,4 (zero vírgula quatro). 50 Para auxiliar o entendimento dos resultados obtidos, Bernucci e colaboradores (2008), informam que quanto menor for o IP em valor absoluto menor será sua suscetibilidade térmica. A amostra, portanto mais suscetível a variação de temperatura é a de CAP convencional que apresentou IP = -1 que em valor absoluto é 1, assim apresenta maior probabilidade de retração e formação de trilhas de roda futuramente. 4.2.4 Resultado do Ensaio de Recuperação Elástica Apesar de já ter sido citado na revisão de bibliografia, é conveniente salientar novamente que o teste de recuperação elástica caracteriza bem as diferenças de comportamento do cimento asfáltico convencional e com BMP, uma vez que asfaltos modificados por borracha moída de pneus são mais elásticos, ou seja, asfaltos com CAP modificado tem maior ductilidade. O ensaio de recuperação elástica analisado é apenas para a amostra modificada, pois para o CAP convencional não há limite especificado e, portanto, não há parâmetro de análise comparativa. A tabela 7 mostra o resultado do ensaio de recuperação elástica para a amostra de cimento asfáltico com BMP. Tabela 7 – Resultado da Recuperação Elástica para CAP com BMP Ensaio Unidade Resultado Limite da especifição Recuperação elásticacm 55 Mínimo 55 Fonte: Autoria Própria (2013) Verifica-se nos resultados da tabela 7 para CAP com borracha moída de pneu, que a recuperação elástica foi de 55 mm, ou seja, está dentro do limite de especificação que é de 55 mm no mínimo. 51 Assim, podemos inferir do resultado, que amostras de CAP com BMP apresentam boa resiliência, ou seja, tendem a retornar a sua posição original depois de solicitada, portanto são resistentes ao fenômeno de fadiga dentro dos padrões especificados. 4.2.5 Resultado da Microtextura por Pêndulo Britânico Para auxiliar na avaliação da microtextura da amostra ensaiada utilizou-se o quadro abaixo, conforme já apresentado na revisão bibliográfica, item 3.2.10 deste TCC. Quadro 3 – Classes de Microtextura Fonte: Bernucci e outros. (2008, p. 431) A amostra ensaiada foi moldada in loco no trecho da rodovia LMG-800 entre Confins e Belo Horizonte, tal como seria utilizada como se fosse camada final de rolamento, isto é, utilizou-se uma placa quadrada de 40 cm x 40 cm e esta foi colocada sobre a camada de base da estrutura do pavimento onde se procedeu a devida compactação usual da camada de CBUQ com rolo liso e de pneus. A amostra ensaiada na empresa Viatest é mostrada na figura abaixo. 52 Figura 15 – Ensaio de Pêndulo Britânico na amostra de CBUQ com CAP modificado por BMP moldada in loco (esquerda) e detalhe da graduação do equipamento (direita) Fonte: Arquivo Pessoal (2013) - Composição de Fotos Nota-se pela figura que a amostra é umedecida, o que é feito para testar o pavimento na pior situação de utilização. A tabela 8 mostra o resultado do ensaio de Microtextura (Valor de Resistência a Derrapagem – VRD) para a amostra de cimento asfáltico com BMP. Tabela 8 – Resultado da Microtextura na amostra de CBUQ com CAP por BMP Ensaio Unidade Resultado médio Limite da especifição Microtextura por Pêndulo Britânico VRD 52,33 Mínimo 47 Fonte: Autoria Própria (2013) A tabela 9 mostra o resultado do ensaio de Microtextura (Valor de Resistência a Derrapagem – VRD) para a amostra de cimento asfáltico convencional. 53 Tabela 9 – Resultado da Microtextura na amostra de CBUQ com CAP convencional Ensaio Unidade Resultado médio Limite da especifição Microtextura por Pêndulo Britânico VRD 40 Mínimo 47 Fonte: Autoria Própria (2013) Verifica-se que o resultado médio foi de 52,33 unidades de VRD para o CAP modificado, onde se recomenda um mínimo de 47 unidades. Deste modo a amostra enquadra-se na categoria Medianamente Rugosa o que atende o mínimo estipulado e garante um bom atrito entre pneu e asfalto, promovendo, portanto o rompimento da película de água que causa o efeito de aquaplanagem até a velocidade de 40 Km/h. Figura 16 – Ensaio de Pêndulo Britânico na amostra de CBUQ com CAP convencional (esquerda) e detalhe da graduação do equipamento (direita) Fonte: Arquivo Pessoal (2013) - Composição de Fotos Já o ensaio realizado no CAP convencional resultou em 40 unidade de VRD, enquadrando-se na categoria Insuficientemente Rugosa, ou seja, menor do que o mínimo recomendado que é de 47, podendo, assim, acarretar riscos de aquaplanagem em baixas velocidades. 54 4.3 Estudo de Caso II – Análise de Viabilidade Econômica Pretende-se neste tópico, estimar o custo de pavimentação de uma rodovia de via simples com comprimento de 2000 metros. Comparar-se-á uma rodovia hipotética com duas faixas de rolamento de 3,50 metros, totalizando uma largura total de 7,00 metros. Serão avaliados os custos estimados de pavimentação para CAP convencional e para CAP com adição de BMP. 4.3.1 Base Teórica de Estudo Segundo Senço (2007), o revestimento ou capa de rolamento é a camada mais nobre do pavimento, pois é constituído de material responsável por garantir eficácia de utilização e desempenhar com qualidade seu propósito. No dimensionamento dos pavimentos são determinadas as espessuras das camadas a serem construídas, sendo que os pavimentos podem ter espessuras menores desde que subleito tenha boa qualidade, podendo inclusive dispensar camadas como sub-base ou reforço. Senço (2007) destaca ainda, que a camada que apresenta maior custo unitário do pavimento, é o revestimento com grande diferença em relação às demais camadas, portanto deve-se analisar principalmente o fator econômico por volume de cada quilômetro de pista. SENÇO (2007, p. 21) explica a obrigatoriedade das camadas inferiores do pavimento ter largura crescente às superiores: As larguras das camadas devem ser estabelecidas em função da Classe de Projeto, da Região e do Tráfego Diário Médio – TDM. A partir da fixação da largura da pista, em função do número de faixas de tráfego ou faixas de rolamento necessárias, que é a largura da camada de revestimento, as demais camadas deverão apresentar larguras crescentes, de cima para baixo, obedecendo uma regra geral aproximada, de 1 metro de acréscimo de uma para outra. Assim, para um revestimento de pista simples de 7,0 m de largura – duas faixas de tráfego, de 3,50 m cada uma -, a base teria 8 m de largura, a sub-base, 9 m, e o reforço 10 ou 11 m. 55 Partindo então desse princípio e por escolha do grupo, será considerado que a largura será aumentada em 1,00 metro consecutivamente, portanto usaremos para exemplificar o estudo de caso, revestimento com largura de 7,00 metros, base com 8,00 metros, sub-base com 9,00 metros e reforço do subleito com 10,00 metros de largura. Segundo Senço (2007), para vias simples com duas faixas de tráfego e duas mãos de direção, é habitual utilizar espessuras de revestimentos entre 3 a 5 centímetros, podendo para autoestradas serem utilizados revestimentos mais espessos. Para o presente estudo de caso usaremos uma camada de concreto asfáltico convencional de 5 cm de espessura, uma camada de asfalto borracha com 4 cm e outra com 5 cm de espessura. A escolha de utilizar o asfalto borracha com 4 e 5 cm parte da ideia de que pode haver variação na escolha espessura da camada de revestimento através de resultados de ensaios laboratoriais e método de cálculo das camadas dos pavimentos. Em misturas asfálticas modificadas pela adição de polímeros de borracha moída de pneus, é possível a redução da espessura do revestimento, justificados por estudos nacionais e internacionais que possibilitaram redução de até 50%. Tal redução da espessura do revestimento depende de alguns fatores tais como índice de tráfego, clima, deformação das camadas do pavimento e devem ser dimensionados por especialistas em pavimentação. Nas obras rodoviárias promovidas nacionalmente pela Greca Asfaltos, essa redução foi projetada em cerca de 80% das aplicações, variando entre 20 a 30% de redução da camada de asfalto borracha em contraposição ao CAP convencional, segundo o Estudo Completo sobre o Ecoflex, Greca Asfaltos (2009). Para desenvolver o comparativo de custos entre concreto asfáltico convencional e CA com adição de polímeros de borracha moída de pneus (BMP), será utilizada a Tabela de Preços Unitários, mês base 06/2013 desenvolvida pela Secretaria de 56 Logística e Transportes do Estado de São Paulo, através do DER - Departamento de Estradas de Rodagem e da DERSA - Desenvolvimento Rodoviário S.A (2013)7. 4.3.2 Resultados do Estudo de Caso II Tabela 10 – Custo Unitário das Camadas Tipo de camada Subitem DER Custo unitário Reforço do Sub-Leito Reforço do Sub-Leito Compactado 100% PI Transporte do Material escavado 1A/2A categoria até 15 km Sub-base de Pedra Rachão Base Granular Brita Graduada Simples Revestimento Concreto
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