Buscar

DIREITO CIVIL: RESPONSABILIDADE DOS PAIS NA EDUCAÇÃO

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL: RESPONSABILIDADE DOS PAIS NA EDUCAÇÃO
O dever de educar e criar as crianças são únicos e exclusivamente dos pais ou tutores. Os responsáveis devem matriculá-los desde o ensino fundamental e garantir sua permanência até a conclusão do ensino médio, e consequentemente deixar que o Estado exerça os dispositivos legais. Pais/tutores e Estado, não devem exercer os mesmos papeis, devem exercer papeis distintos que se complementem. 
É cabível citar um sábio provérbio africano, por Mozart Neves Ramos, -"para educar uma criança, é preciso toda uma aldeia"-. Ou seja, as crianças devem ser acompanhadas pelos pais em sua criação e educação. A moral e ética deverão vir de casa e a escola terá o dever de apenas reforçar o que já lhes foi ensinado. O papel da escola nada mais é que o de escolarizar: ensiná-los ler, escrever, fazer cálculos... Nenhum dos lados podem transferir suas responsabilidades para o outro, pois a criança quem deveria ser protegida sairá por fim prejudicada.
Nos art. 205, e 229, o dever dos pais dá-se muito maior do que o requerido ao Estado no fornecimento da educação, senão veja:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores...
No Estatuto da Criança e do Adolescente esta previsto que aos pais ou responsável tem obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino, art. 55 do ECA:
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
Além da Constituição Brasileira, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBN, também assegura o direito de todos à educação e mais que isso, do direito a programas suplementares de suma importância e que uma vez bem aplicados, muito colaborariam para a igualdade de permanência e não só de acesso a escola. Observemos, o que a LDBN assegura, no seu artigo 3º:
[...] VIII - atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
 Demonstrar interesse e acompanhar os filhos nos estudos os estimula a continuar estudando e aprendendo sempre mais, porém o que muitos pais esquecem é que alunos são passageiros e filhos são para sempre.
Saindo um pouco do foco Educação, e falando agora um pouco da parte de exclusão social, pois se torna impossível falar sobre educação sem que não falemos de economia e desigualdade social: 
“Apesar de haver dispositivos que determinam educação para todos, por outro lado a realidade se torna outra, pois as crianças por vezes abandonam a escola, a fim de trabalharem para ajudarem financeiramente em suas casas. Já que a renda dos pais se torna insuficiente até mesmo para que a família tenha o básico de alimentação. Muitos dos pais dessas crianças, também iniciaram atividade remunerada muito cedo e não tiveram oportunidade de estudar, consequentemente eles não conseguem incentivar os filhos a trilharem um caminho diferente, já que a educação não se torna de suma importância para eles. Muito embora, apesar de não conseguirem auxiliar seu filho do desenvolvimento das tarefas escolares, esses pais podem apesar desses fatores, incentivarem seus filhos através de elogios, comparecimento a reuniões escolares, broncas, lembrando que isso deve ser feito desde cedo, desde o primeiro momento de ingresso a escola.”
O "efeito família" é responsável por 70% do sucesso escolar. O envolvimento dos adultos com a Educação dá às crianças um suporte emocional e afetivo que se reflete no seu desempenho.
Não deixar de estar presente na vida dos filhos é um dever dos pais expresso no art. 129, inciso V, do ECA, o qual não deixa duvidas quanto sua obrigação de acompanhar frequência e aproveitamento escolar dos filhos. Assim, o mero colocar na escola, consoante o já exposto art. 55 do ECA, não exclui a obrigação dos pais de garantir a permanência, bem como no de observar e participar da evolução escolar da criança ou adolescente, avaliando seus progressos individuais e estimulando-os para que o estudo seja rentável.
Contudo, o descumprimento indesculpável dos deveres relacionados à educação dos filhos faz incidir as medidas previstas no artigo 129 do Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo a mais grave a destituição do pátrio poder, “poder familiar”, bem como ainda, possivelmente constituir crime de abandono intelectual, punido com detenção de 15 dias a um mês, ou multa, art. 246 CP.
Art. 129 São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do pátrio poder familiar.
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
De acordo com dados da OCDE, o Brasil gasta anualmente r$ 11,7 mil reais por aluno da 1ª a 5ª série do ensino fundamental, porém ao tratarmos dos alunos universitários, esses gastos saltam para quase r$ 36 mil reais por aluno. Os gastos com educação totalizaram, conforme ultimo dado disponível, 4,9% do PIB Brasileiro. Apesar de o investimento ser alto nos universitários, a OCDE vem afirmando que é preciso haver maiores investimentos nos gastos por aluno do ensino fundamental e médio. Pois mesmo o Brasil melhorando o nível de investimento na educação, no ranking dos testes de avaliação do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), ele permanece entre os últimos. A explicação para isso, é devido ter aumentando o acesso à educação no país, com a inclusão no sistema de ensino de alunos desfavorecidos e com atrasos de aprendizagem, isso fez com que o desempenho geral dos estudantes fossem puxados para baixo.
REFERÊNCIAS
Citação e base contextual - RAMOS, Mozart Neves, Os Pais e a Educação dos Filhos, Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/especial/br/precisamosderespostas/pagina,1593,0,0,0,Mozart-Neves-Ramos-3.html  acesso em 06/10/2017.
ART 205, 229 : SENADO FEDERAL, Projeto de Lei n° 189/2012, Disponível em http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=109448&tp=1. Acesso em 06/10/2017.
ECA e LDBN: HTTPS://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/91764/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-lei-8069-90#art-129. Acesso em 06/10/2017.
OCDE( Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ou Econômico) - https://data.oecd.org/brazil.htm Acesso em 10/10/2017.
PIB (Produto Interno Bruto) - Bastos, Estêvão K. Xavier, Economia brasileira, Disponível em: https://www.suapesquisa.com/economia/pib_brasil_2017.htm. Acesso em 10/10/2017.
PISA - http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/o-que-e-o-pisa/21206. Acesso em 13/10/2017.
G1- http://g1.globo.com/economia/pib-o-que-e/platb/. Fontes: Natália Cotarelli, economista do Banco BI&P; Guilherme Mercês, gerente de Economia e Estatística da Firjan; Juarez Rizzieri, professor doutor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe); Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria Integrada; Alexandre Espirito Santo, Economista-Chefe da Simplific-Pavarini e professor de Economia do Ibmec; Alessandro del Drago, economista-sênior da Mauá Sekular. Acesso em 13/10/2017.

Continue navegando