Buscar

LEGISLAÇÃO E FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL esab

Prévia do material em texto

MÓDULO DE: 
 
LEGISLAÇÃO E FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
 
 
 
 
AUTORIA: 
 
CASTORINA DO NASCIMENTO CALENZANI 
 
 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
2
Módulo de: LEGISLAÇÃO E FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Autoria: Castorina do Nascimento Calenzani 
 
Primeira edição: 2009 
 
 
CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS 
 
Várias Marcas Registradas São Citadas No Conteúdo Deste Módulo. Mais Do Que 
Simplesmente Listar Esses Nomes E Informar Quem Possui Seus Direitos De Exploração Ou 
Ainda Imprimir Logotipos, O Autor Declara Estar Utilizando Tais Nomes Apenas Para Fins 
Editoriais Acadêmicos. 
Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática, 
beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas 
de autenticidade de sua utilização e direitos autorais. 
E Por Fim, Declara Estar Utilizando Parte De Alguns Circuitos Eletrônicos, Os Quais Foram 
Analisados Em Pesquisas De Laboratório E De Literaturas Já Editadas, Que Se Encontram 
Expostas Ao Comércio Livre Editorial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
3
SUMÁRIO 
UNIDADE 1 ........................................................................................................... 6 
Segundo Rust (1999): ........................................................................................ 6 
UNIDADE 2 ......................................................................................................... 10 
Aspectos Históricos e Legais da Educação Infantil ......................................... 10 
UNIDADE 3 ......................................................................................................... 13 
Objetivos e Tendências da Educação Infantil ................................................. 13 
UNIDADE 4 ......................................................................................................... 17 
O Direito à Educação Infantil ........................................................................... 17 
UNIDADE 5 ......................................................................................................... 21 
Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 ......................................................... 21 
UNIDADE 6 ......................................................................................................... 26 
Educação Infantil na LDB 9394/96 .................................................................. 26 
UNIDADE 7 ......................................................................................................... 29 
UNIDADE 8 ......................................................................................................... 33 
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente ................................................. 33 
UNIDADE 9 ......................................................................................................... 38 
Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001 ............................................................ 38 
O Plano Nacional de Educação ............................................................................................................... 39 
O Plano Nacional de Educação e os Planos Estaduais e Municipais ........................................................ 39 
UNIDADE 10 ....................................................................................................... 42 
As ideias vêm de longe, mas o que o atual Plano Nacional de Educação 
herda dessa história? ....................................................................................... 42 
UNIDADE 11 ....................................................................................................... 47 
A EDUCAÇÃO INFANTIL NO PNE ................................................................. 47 
UNIDADE 12 ....................................................................................................... 52 
1.2 Diretrizes .................................................................................................... 52 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
4
UNIDADE 13 ....................................................................................................... 56 
A seguir serão apresentados os objetivos e metas do PNE para a Educação 
Infantil. .............................................................................................................. 56 
UNIDADE 14 ....................................................................................................... 60 
A Política de Assistência Social no Contexto da Educação Infantil: 
possibilidades e desafios um trabalho socioeducativo .................................... 60 
UNIDADE 15 ....................................................................................................... 69 
DCNs (Diretrizes Curriculares Nacionais) ....................................................... 69 
UNIDADE 16 ....................................................................................................... 75 
RCNEI e Educação Infantil: desencontros e confrontos ................................ 75 
UNIDADE 17 ....................................................................................................... 80 
Financiamento e Gestão Orçamentária da Educação ..................................... 80 
UNIDADE 18 ....................................................................................................... 84 
Origem dos Fundos para a Educação: breve histórico ................................... 84 
UNIDADE 19 ....................................................................................................... 89 
A EDUCAÇÃO INFANTIL NA EDUCAÇÃO BÁSICA E O FUNDEB ............... 89 
UNIDADE 20 ....................................................................................................... 92 
Financiamento da Educação no Brasil ............................................................ 92 
UNIDADE 21 ....................................................................................................... 96 
Vinculação de Recursos de Impostos para a Educação ................................. 96 
UNIDADE 22 ..................................................................................................... 100 
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA: O QUE MUDA COM O 
FUNDEB? ....................................................................................................... 100 
UNIDADE 23 ..................................................................................................... 104 
2.1.3 A Composição das Fontes de Recursos .............................................. 104 
UNIDADE 24 ..................................................................................................... 109 
2.1.7 A Implementação Gradativa do Fundeb ............................................... 109 
UNIDADE 25 ..................................................................................................... 112 
GESTÃO ORÇAMENTÁRIA DA EDUCAÇÃO .............................................. 112 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
5
UNIDADE 26 ..................................................................................................... 116 
EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL ............................................. 116 
UNIDADE 27 ..................................................................................................... 120 
Conselho Municipal de Educação (CME) e Fundo de Manutenção da 
Educação Básica (FUNDEB) ......................................................................... 120 
UNIDADE 28 .....................................................................................................126 
OS PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............. 126 
UNIDADE 29 ..................................................................................................... 130 
FINANCIAMENTO E QUALIDADE SOCIAL DA EDUCAÇÃO ...................... 130 
UNIDADE 30 ..................................................................................................... 133 
VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL NA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL ........ 133 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
6
UNIDADE 1 
Objetivo: Identificar a relevância de conhecer a legislação educacional. 
Segundo Rust (1999): 
O Educador e o Texto da Lei 
 
A função do Educador, além do conhecimento teórico-
conceitual necessário à prática pedagógica, exige um mínimo 
de conhecimento das leis que regulamentam a organização e 
o funcionamento dos sistemas de ensino e das unidades 
escolares. Entretanto, o contato com os textos legais não 
ocorre de maneira uniforme; quer dizer, são diversas as 
reações dos educandos em face desses textos. Essas 
reações diversas podem ser agrupadas em pelo menos três 
tipos: 
 
a) Aqueles que acreditam que todos os problemas que afligem sua escola ou sua 
categoria profissional se resolvem a partir de uma lei. A esses podemos chamar de 
idealistas. 
 
b) Aqueles que não acreditam que seus problemas possam ser resolvidos por qualquer 
instrumento legal. A esses podemos chamar de pessimistas. 
 
c) Aqueles que conseguem perceber o alcance real de um texto legal, isto é, que tipos 
de questões se resolvem a partir da promulgação de uma lei e aqueles que dependem 
de outras formas de intervenção. 
 
 Os dois primeiros grupos apresentam posturas radicalmente opostas: ou se atribui ao 
texto legal um poder absoluto, ou nega-se totalmente qualquer possibilidade de mudança a 
partir da lei. No que se refere ao terceiro grupo, podemos chamá-lo de crítico. 
 
 Crítico é aquele que diante de texto legal é capaz de distinguir: 
 
1 – O contexto histórico no qual a lei foi promulgada ou outorgada; 
 
2 – O momento político que determinou a aprovação do texto; 
 
3 – A diferença no texto, entre o discurso proclamado e os objetivos reais nem sempre 
explícitos. 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
7
 
 Como exemplo, trataremos a seguir de cada um dos itens expostos acima: 
 
 
1.1 Contexto Histórico 
 
Decreto nº 11 530 de 18 de março de 1915. 
 
 DA POLÍCIA ACADÊMICA 
 
Art. 115 A polícia acadêmica tem por fim manter no seio da corporação acadêmica a 
ordem e a moral. 
 
Art. 116 Ao diretor, à congregação e ao Conselho Superior do Ensino caberá 
providenciar sobre a política acadêmica. 
 
Art. 117 As penas disciplinares são as seguintes: 
 
a) advertência particular feita pelo diretor; 
 
b) a advertência pública, feita pelo diretor na presença de certo número de 
docentes; 
 
c) suspensão por um ou mais períodos letivos; 
 
d) expulsão da faculdade; 
 
e) exclusão dos estudos e todas as faculdades brasileiras. 
 
Os três artigos do decreto citados acima lidos e analisados de forma descontextualizada são 
inadmissíveis hoje; por isso, antes de qualquer julgamento em relação à polícia acadêmica e 
ao rigor das punições, o leitor deve analisá-los à luz do seu tempo, isto é o ano de 1915, 
quando o decreto entrou em vigor. 
 
No surto de industrialização do início do século, o eixo Rio – São Paulo recebeu um 
contingente significativo de trabalhadores urbanos, constituído, principalmente por imigrantes 
europeus (na sua maior parte italianos). Estes imigrantes, predominantemente trabalhadores 
industriais que já convivam e conheciam o ambiente fabril, trouxeram para o Brasil, além de 
sua experiência profissional, a organização dos trabalhadores nos moldes sindicais e com 
grande influência do pensamento anarquista. Paralelamente difundiram-se também junto ao 
operariado mundial as ideias marxistas (a ascensão do comunismo) principalmente na 
década de 10, que culmina com a Revolução Russa de 1917. Estas novas ideias políticas se 
expandem, chegando aos intelectuais e jovens de nível superior, que passam a organizar e 
liderar manifestações de cunho político. 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
8
Os estudantes das escolas superiores não estavam indiferentes aos conflitos político-sociais 
e sua participação assumia diferentes formas, desde manifestações de rua contra o aumento 
dos preços dos bondes até aquelas que diziam respeito à própria dominação das oligarquias, 
como a campanha pelo voto direto. 
 
Foi a partir deste panorama que o Decreto nº 11530 foi outorgado, na tentativa de conter a 
infiltração das ideias trazidas pelo movimento operário nas faculdades. Ao transcrevermos os 
artigos 115 a 117 deste governo observamos que a instituição da Polícia Acadêmica reflete a 
preocupação do governo em tentar impedir o avanço dessas ideias e o clima de agitação que 
caracterizou o período. 
 
 
1.2 Momento Político 
 
Comparando o tempo de tramitação da lei 4024/61 e a lei 5692/71 constatamos que a 
primeira foi lida em plenário pela primeira vez em 1948, e sua aprovação final só aconteceu 
em 1961. Isto significa que a lei demorou nada menos do que treze anos para ser aprovada. 
A leitura da mensagem para apreciação do texto da lei 5692/71 foi feita em 29 de junho de 
1971 e sua promulgação se deu em 11 de agosto de 1971. Isto significa que o texto da lei 
5692 tramitou no congresso até à sanção presidencial exatamente quarenta e três dias. Esta 
diferença significativa no prazo de tramitação das duas leis se deve ao fato de que o país 
atravessava em 1971. Um período de exceção no qual o Governo Federal controlava as 
decisões do Congresso Nacional principalmente através do partido que lhe dava sustentação 
política. A Aliança Renovadora Nacional – ARENA tinha a maioria absoluta. Qualquer projeto 
oriundo do executivo teria aprovação certa. Naquele momento interessava ao executivo a 
aprovação daquele texto porque ele se ajustava aos objetivos políticos e econômicos 
colocados no Plano Nacional de Desenvolvimento – PND. 
 
O terceiro e último item: é diferenciar o discurso proclamado do discurso real. 
 
A lei 5692, aprovada e sancionada em dezembro de 1971, estabeleceu a compulsoriedade 
do ensino profissionalizante para o segundo grau. 
 
A justificativa apresentada não deixava dúvida quanto a necessidade de mão de obra 
qualificada porque, a partir de 1968, o país atravessava um período de crescimento 
econômico sem precedentes na história, período conhecido: Milagre Econômico. 
 
Os três exemplos citados ilustram cada item apresentado como sendo característica do 
grupo considerado portador de uma postura crítica em relação ao texto da lei. Estudar a lei 
9394/96 contribuirá para a construção de uma visão crítica na análise dos temas propostos. 
 
BIBLIOGRAFIA 
RUST. Professor Demóstenes. EDU 141 – Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º e 2º Graus. 4 . 
ed. Viçosa, MG. 1999. p. 12-14. Mimeografado. 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
9
 
 
Para ampliar seu conhecimento e facilitar 
a análise da legislação. 
 
 
Artigo, parágrafo, inciso, alínea 
 
O site do Ministério Público: 
(http://www.mp.pr.gov.br/imprensa/pil0711.html) 
contribuirá para a compreensão das divisões e subdivisões da legislação e, 
sobretudo, da forma como se deve ler seu número ou ordem. 
Divisões 
A elaboração das leis e códigos segue uma sistemática chamada de técnica 
legislativa, que prevê subdivisões no texto, a fim de detalhar as previsões legais 
e facilitar a interpretação da legislação. Assim, os artigos de uma lei podem ser 
divididos em parágrafos, incisos e alíneas. 
 
Artigo (art. / Art.) 
O artigo é expresso com a abreviatura (“art.” ou “Art.”), seguido de um número 
natural. Por exemplo: art. 1 ou art. 1º, art. 10 (ou Art. 1, Art. 1º, Art. 10). 
Pode-se ler tanto como “artigo um”, “artigo dez”, como “artigo primeiro”,“artigo dez” (de um a nove pode-se ler como número ordinal: artigo primeiro, 
segundo, terceiro, quarto... nono, ou, simplesmente, artigo um, dois, três... 
nove. Do dez em diante, deve ser lido normalmente: artigo dez, onze, vinte, 
etc. Não se diz artigo décimo primeiro, por exemplo). 
 
Parágrafo (§) 
Da mesma forma acontece com o parágrafo, que é representado pelo símbolo § 
(no computador, geralmente utiliza-se como atalho para § a tecla “Alt GR” e o 
símbolo “+”). Para § 2 ou § 2º, podemos dizer: parágrafo dois ou parágrafo 
segundo. De dez em diante, parágrafo dez, onze, doze... 
 
Inciso (I -, II -, III -, IV -) 
O inciso é diferente. É expresso em números romanos, mas, na hora da leitura, 
também pode ser lido das duas formas até o número 9, ou seja “II –” é inciso 
dois ou inciso segundo). 
 
Alínea ( a), b), c) ) 
A alínea é representada por letras minúsculas: alínea a, alínea b, c, d, etc. 
 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
10
 
UNIDADE 2 
Objetivo: Apropriar-se de informações históricas a respeito dos aspectos históricos e 
legais da Educação Infantil. 
Aspectos Históricos e Legais da Educação Infantil 
 
 
 
A Pré-escola surgiu no século XVII, na França e na Inglaterra, com a função de “guardar” as 
crianças pobres, filhas dos que integraram no mundo do trabalho servil, que o sistema 
capitalista em, expansão, lhes impunha. 
 
 A partir do século XIX, a Educação das crianças pequenas passa a ter uma nova função, 
mais integrada à ideia de Educação e de assistência, tendo com função compensar as 
deficiências, a miséria, a pobreza e a negligência da família. 
 
Essa função compensatória assume caráter mais relevante após a II Guerra Mundial, 
principalmente na Europa e nos Estados Unidos, onde a Pré-escola era identificada como 
alternativa para resolver o fracasso escolar, a essa ideia somava-se a da compensação de 
carências infantis através do adestramento de habilidades. 
 
Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, a Educação Infantil assume certa 
relevância, principalmente por garantir condições para que as mulheres deixassem suas 
atividades domésticas e se tornassem profissionais, disputando vagas de emprego. 
 
Diante dessa nova realidade, os países mais desenvolvidos perceberam a necessidade de 
discutir políticas públicas de Educação e cuidado para a Primeira Infânci, considerando-a 
como parte integrante de seu sistema mais amplo de apoio à promoção do bem-estar das 
crianças e de suas famílias. 
 
 
Etapas que marcaram o início formal da Educação Infantil: 
1. Nascimento das creches: Muitas mulheres, a partir da Revolução Industrial, 
precisaram se ausentar do lar e das manufaturas caseiras e ocupar espaço nas fábricas. 
Para cuidar das crianças são criados, em fins do século XVII, os “refúgios”, que consistiam 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
11
em uma sala, cozinha ou mesmo outro cômodo, na residência de uma mulher que não 
trabalhava fora, onde as crianças eram alimentadas e cuidadas, surgindo daí, o embrião das 
creches. 
 
Surgem na França, por volta de 1840, as primeiras instituições que cuidavam de crianças 
recém-nascidas até completarem cinco anos de idade. Pela Europa e pela América 
estabeleceram-se creches com as funções de cuidar da alimentação e guardar as crianças 
pequenas. Posteriormente, a essas funções somaram-se o cuidado com a saúde da criança 
e com as condições de um ambiente saudável que se assemelhasse em tudo a um lar e 
mantivesse sob controle as doenças mais comuns na Primeira Infânci. 
 
Atualmente, outra modalidade moderna de creches são denominadas “hoteizinhos infantis”, 
que se destinam a prestar atendimento ocasional às crianças, sem horário sistemáticos, 
enquanto as mães precisam viajar, ausentarem-se para uma festa ou outro evento, ou 
mesmo para ir às compras. 
 
2. Escolas Maternais: instituição mais antiga do que a creche. As primeiras notícias que se 
tem de uma ação educativa institucionalizada para crianças, resultam da ação do senhor 
Oberlin, pastor luterano, que se dedicou a cuidar das crianças pequenas, livrando-as dos 
percalços da rua durante o tempo que suas mães cuidavam dos afazeres domésticos. Foram 
espalhadas por todo o território francês com o nome de “Écoles à Tricoter” (Escolas de 
Tricotar), caracterizando o predomínio dos trabalhos manuais nas atividades desenvolvidas. 
 
Nessa mesma época, na Inglaterra, Robert Owen, proprietário de um tear de algodão, criou 
as primeiras escolas infantis inglesas, denominadas de “Salas de Asilo” ou “Escola 
Preparatória para Crianças”, nas quais admitiam crianças na faixa etária de um a seis anos, 
geralmente órfãs pobres. Seu objetivo era combater os nefastos efeitos do sistema fabril em 
relação às crianças, para isso cuidava para que elas adquirissem bons hábitos e boa 
convivência uma com as outras. 
 
A partir de 1870, as Escolas Infantis ou Maternais passaram a fazer parte do sistema 
educacional inglês. 
 
Com finalidades semelhantes aos países europeus, de cuidar dos filhos de operários e 
estimular a evolução socioemocional das crianças da classe média, surgem nos Estados 
Unidos, a partir da década de 20, as Escolas Maternais. 
 
Após a Segunda Guerra Mundial, os cuidados já mencionados são acrescidos da 
necessidade de atenção à saúde emocional das crianças em razão dos reflexos da morte ou 
ausência dos pais ou mesmo pelo afastamento diário das mães, originando o Serviço de 
Psiquiatria preventiva Infantil. 
 
 Na tentativa de reverter o quadro do fracasso escolar, a partir da década de 50, cresce 
a preocupação em ampliar o atendimento às crianças de baixa renda. Surgindo, nesse 
contexto, a Pré-escolar com o objetivo de preparar as crianças para a Educação elementar. 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
12
 
3. Jardins de Infânci: foram criados por Friedrich Froebel, diferenciando-se das creches e 
escolas maternais por serem quase todos mantidos pelo capital privado, pelo alto custo das 
mensalidades cobradas e por ter como público alvo a elite. Assume maior destaque no 
Estado de São Paulo, inicialmente na capital e depois abrangendo as cidades de Campinas, 
Piracicaba, Sorocaba, Araraquara, entre outras. 
 
4. Parques Infantis: instituições bem mais recentes têm sua origem no movimento de 
Educação Física, a partir de 1870, na Alemanha. As crianças eram conduzidas pelos 
professores para praticar esportes nos parque dos arredores da cidade. 
 
Somente no ano de 1935, foi criado em São Paulo o primeiro Parque Infantil, com o objetivo 
de fortalecer o gosto pelos esportes, desenvolvendo hábitos saudáveis e de grande alcance 
moral e higiênico. 
 
 
 Leia um fragmento escrito por Rubem Alves em Educação dos Sentidos. 
 
Caixa de ferramentas 
 Resumindo: são duas, apenas duas, as tarefas da Educação. Como acho que 
as explicações conceituais são difíceis de aprender e fáceis de esquecer, eu 
caminho sempre pelo caminho dos poetas, que é o caminho das imagens. Uma 
boa imagem é inesquecível. Assim, ao invés de explicar o que disse, vou mostrar o 
que disse por meio de uma imagem. 
 O corpo carrega duas caixas. Na mão direita, mão da destreza e do trabalho, 
ele leva uma caixa de ferramentas. E na mão esquerda, mão do coração, ele leva 
uma caixa de brinquedos. 
 [..] assim, diante da caixa de ferramentas, o professor tem de se perguntar: 
“Isso que estou ensinando é ferramenta para quê? De que forma pode ser usado? 
Em que aumenta a competência de meus alunos para viver a sua vida?” se não 
houver respostas, pode-se estar certo de uma coisa: ferramenta não é. 
 Mas outra caixa, na mão esquerda, a mão do coração. Essa caixa está cheia 
de coisas que não servem para nada. Inúteis. Lá estão um livro de poemas de 
Cecília Meireles, a “Valsinha”, do Chico, um cheiro de jasmim, um quadro de 
Monet, um vento no rosto, uma sonata de Mozart, o riso de uma criança, um saco 
de bolas de gude... Coisas inúteis. E, no entanto, elas nos fazemsorrir. E não é 
para isso que se educa? Para que nossos filhos saibam sorrir. ALVES (2005, p.9-
12). 
Qual a escola que queremos? 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
13
UNIDADE 3 
Objetivo: Identificar objetivos e tendências da Educação Infantil a partir da análise dos 
principais documentos legais referentes à Educação Infantil. 
 
Objetivos e Tendências da Educação Infantil 
 
 
O atendimento às crianças de 0 a 6 anos em instituições especializadas tem origem com as 
mudanças econômicas e sociais, provocadas pelas revoluções industriais em nível mundial. 
A entrada das mulheres no mundo do trabalho provoca alteração na organização familiar, 
pois deixam de ser apenas as cumpridoras de afazeres domésticos, junto a isso a pressão 
dos trabalhadores urbanos, que viam nas creches um direito, seus e de seus filhos, por 
melhores condições de vida, deu-se início ao atendimento da Educação Infantil (termo atual 
referente ao atendimento de crianças de 0 a 6 anos) no Brasil. 
A partir de 1920, a Educação para a ser defendida como direito de todas as crianças e 
identificada como possibilidade de ascensão social, com isso as instituições de atendimento 
às crianças na Primeira Infânci vão alterando seu perfil exclusiviamente filantrópico. 
A década de 30, é marcada pela criação de órgãos estatais voltados à assistência Infantil: 
Ministério da Saúde; Ministério da Justiça e Negócios Interiores, Previdência Social e 
Assistência social, Ministério da Educação. Com foco na redução mortalidade Infantil, inicia-
se, de forma desordenada, a organização de creches, jardins de Infânci e Pré-escolas. 
Em 1940 é criado o Departamento Nacional da Criança, visando organizar o atendimento à 
Infânci, maternidade e adolescência, sob a responsabilidade do Ministério da Saúde. 
A década de 50 é fortemente marcada pela ação do Departamento Nacional da Criança no 
combate à desnutrição e na vacinação. 
Na década de 60, ocorre o enfraquecimento do Departamento Nacional da Criança, cujas 
responsabilidades são divididas com outros órgãos, restanto apenas as de caráter médico-
assistencialista, enfocando suas ações em reduzir a morbimortalidade materna Infantil . 
 
 
Decreto nº 17698, de 26 de novembro de 1947 
 
Trata especialmente das Escolas Maternais e aos Jardins de Infânci. Segundo o artigo 130, é 
finalidade das Escolas Maternais é oferecer às crianças, na Primeira Infânci oportunidade de 
se desenvolverem em ambiente que se assemelham ao do lar. Refletindo a concepção de 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
14
Pré-escola como prolongamento do lar, desenvolvendo, prioritariamente, atividades lúdicas, 
de manipulação, construção, expressão além de hábitos de higiene. 
 
Em relação aos Jardins de Infânci, estruturados em classes experimentais, destinavam-se a 
oportunizar situações para que as crianças praticassem a autodireção e o autocontrole, 
desenvolve-se a iniciativa, a invenção, aprendessem a coordenar esforços e interesses com 
seus companheiros, demonstrando preocupação com o desenvolvimento individual e a 
interação social. 
 
 
Portarias do Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho 
 
A primeira portaria normatiza a instalação de creches em estabelecimentos em que 
trabalham mulheres. Já a segunda, delega a responsabilidade de fiscalizar as creches à 
Coordenação de Proteção Materno-Infantil, que também deveria cuidar do planejamento, 
orientação, coordenação e controle das atividades de proteção à maternidade, à Infânci e à 
adolescência. 
 
 
Lei 5692/71 
 
Aprovada em 11 de agosto de 1971, fixa as diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus, 
alterando a estrutura estabelecida pela Lei nº 4 024/61. 
 
Em relação à Educação de crianças até 7 anos, a Lei define que deve ocorrer em escolas 
maternas, jardins de Infânci ou outras equivalentes. Recomenda cuidados e atenção com 
esta fase da Educação, porém, de forma extremamente tímida, instruindo as entidades 
educacionais para que “velassem”, a fim de que as crianças com idade inferior a sete anos 
recebessem “conveniente Educação” e (cf. art. 19, § 2º, Lei 5692/71). . Em outro artigo, 
sugere que as empresas privadas, as quais têm mulheres com filhos menores de sete anos, 
ofertem atendimento (educacional) a estas crianças, podendo ser auxiliadas pelo Poder 
público. Tal lei recebeu inúmeras críticas, quanto sua superficialidade, sua dificuldade na 
realização pois, não havia um programa mais específico para estimular as empresas a 
criação das Pré-escolas, nem a definição se o papel do professor era ocupar o tempo da 
criança ou prepará-la para a escolarização obrigatória. 
 
 
 
Parecer 970/72 do Conselho Estadual de Educação de São Paulo 
 
Esse parecer concede maior clareza ao que propõe Lei 5692/71, definindo alguns aspectos 
relevantes: 
 
 Escolas Maternais: com a função de atender classe menos favorecidas, objetivando a 
preservação do desenvolvimento orgânico; 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
15
 
 Jardins de Infânci: focados no atendimento de crianças de 4 a 6 anos, organizados em 
três fases. Articulando a terceira fase com o Ensino Primário. 
 
Parecer CFE 201/74 
 
Preconiza a urgência do fortalecimento e da difusão da Educação Pré-escolar em todo o 
território brasileiro. 
 
Segundo esse Parecer, a Educação Pré-escolar tem como objetivos: 
 
 O desenvolvimento intelectual e a socialização; 
 
 Preparação para a escola elementar; 
 
 Vida física; 
 
 Papel do infantário; 
 
 Desenvolvimento da linguagem; 
 
 Aspectos afetivos, morais e religiosos. 
 
A visão da Educação enquanto elemento de desenvolvimento e preparação da criança 
para o Ensino Fundamental é fortalecida a partir da década de 80, cujo fortalecimento é 
comprovado na atual LDB. 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
16
 
 
 
 
Leitura da Lei 5692/71. 
 
Análise do contexto histórico quando da promulgação dessa Lei. 
 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
17
 
UNIDADE 4 
Objetivo: Analisar a Educação Infantil no contexto da Constituição Federal de 1988. 
 
O Direito à Educação Infantil 
 
No período que antecedeu a aprovação da Constituição de 1988, muitos foram os debates e 
discussões realizados em torno dos caminhos da Educação Infantil, principalmente os 
defendidos pelos movimentos sociais, com destaque os ligados aos direitos das mulheres, os 
quais buscavam o reconhecimento da Educação Infantil enquanto direito. O esforço não foi 
em vão, pois a Constituição atual reconhecer como dever do Estado o atendimento em 
creches e Pré-escolas. 
 
 [...] No contexto da democratização do País, surgiram reivindicações de maior atenção do 
poder público para a questão da Infânci, entendida como parte da questão familiar, inserida 
na questão social, surgida em determinado contexto político e econômico. 
 
Na oportunidade, Sônia Kramer defendia a ideia de que: 
 
“Uma Constituinte que se pretenda democrática deverá, no que se refere à população 
Infantil, postular a obrigatoriedade por parte do Estado de oferecer creches e Pré-
escolas para as crianças de 0 a 6 anos, de todas as classes sociais, garantindo que 
seja da família a decisão de efetivar ou não a matrícula.” 
 
A universalização da Educação Infantil, destinada a todas as crianças, sem distinção de raça, 
cor, sexo, classe ou religião, sem nenhum tipo de discriminação, passou a ser considerada 
uma exigência das sociedades democráticas, confirmando o que disse Dieuzeide: 
 
“Antes de Froebel a Educação Pré-escolar era prerrogativa das elites e de certa forma 
conservou esta orientação. As classes sociais mais favorecidas – como também os 
países mais ricos – tiveram acesso mais fácil à Educação Pré-escolar que as pobres, 
mas hoje, o princípio dessa Educação é aceito por todos, e considerando cada vez 
mais como um instrumento essencial de democratização da sociedade.”[...] A falsidade da polarização e da dicotomia entre cuidado e Educação, bem como a 
distinção entre assistência e assistencialismo foram analisadas, imprimindo-se uma visão 
crítica, não conspiratória. Análises consistentes foram aos poucos superando as concepções 
ingênuas, simplistas, dogmáticas, rotuladoras, preconceituosas e autoritárias, arrefecendo-se 
também o antidemocrático discurso da competência. 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
18
 
Dramas e tragédias como: o trabalho Infantil, os meninos e as meninas de rua, os maus-
tratos domésticos, o abuso sexual e a prostituição Infantil, entre outros, mostraram a 
necessidade de o Estado e a sociedade empreenderem enorme esforço para a conquista da 
cidadania por esse significativo contingente populacional. 
 
Cresceu a consciência de que, sendo a situação da Infância parte de um todo, é preciso 
interferir sobre os condicionantes dessa realidade para sua transformação. FONSECA (2002, 
p. 199-200). 
 
 
Podem ser considerados como relevantes avanços da Constituição de 1988, na área da 
Infância, os seguintes aspectos: 
 
1. garantir à criança direitos específicos – reconhecendo-a como sujeito de direitos e 
pessoa em real processo de desenvolvimento, para além de uma concepção em que o direito 
da criança derivava dos direitos da família (arts. 6, 205 e 227); 
 
2. atribuir ao Estado, além de à família e à sociedade, a responsabilidade de 
assegurar o cumprimento dos direitos da criança com absoluta prioridade, garantindo, entre 
outros aspectos, a oferta de creches e pré-escolas (arts. 208 e 227); 
 
3. atribuir aos municípios a responsabilidade de concretização dessa oferta, com 
cooperação técnica e financeira da União e do Estado (arts. 30 e 211), ao mesmo tempo em 
que define como prioridade municipal o atendimento educacional: art. 2ll, parágrafo 2.º: .Os 
municípios atuarão prioritariamente no Ensino Fundamental e Pré-escolar; 
 
 4. caracterizar a creche e a Pré-escola como instituições educativas: art. 208 IV: O 
dever do Estado com a Educação9 será efetivado mediante a garantia de (...) atendimento 
em creche e Pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade. 
 
A importância da Educação Infantil 
Pesquisas científicas sobre desenvolvimento Infantil deixam evidente a real importância dos 
primeiros anos de vida para o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social dos seres 
humanos. A Educação Infantil tem um papel fundamental na formação do indivíduo e reflete 
em uma melhora significativa no aprendizado da criança. 
Dados do IBGE mostram que apenas 40% das 21,7 milhões de crianças brasileiras entre 0 e 
6 anos estavam matriculadas em creches ou escolas em 2004 e cerca de 13% daquelas de 0 
a 3 anos frequentavam creches. Ou seja, a universalização da Educação não vale para todos 
os segmentos. 
Trabalhar a democratização do ensino nos primeiros 6 anos de vida é essencial para 
melhorar o índice de aprendizado dos alunos, estimular desde cedo a busca pelo 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
19
conhecimento e eliminar as diferenças de origem socioeconômica no desempenho de 
crianças de 1ª série. Não é por acaso que, na França, os professores precisam ter mestrado 
para trabalhar com os pequenos e são tão bem remunerados quanto os que lecionam no 
nível superior. 
Uma amostra de como o ingresso na escola desde cedo faz diferença é o índice de 
repetentes na 1ª série do Ensino Fundamental, monitorado pela UNESCO e pelo OCDE em 
48 países. O Brasil tem a taxa mais alta com 32%, ante 1% da Rússia e China. Essa 
realidade condena um terço da população brasileira ao atraso e mexe desde cedo com a 
autoestima das crianças. 
É na creche ou Pré-escola que os pequenos começarão a se conhecer e a conhecer o outro, 
a se respeitar e a respeitar o outro, e a desenvolver suas habilidades e construir 
conhecimento. 
*(Autora do texto: Regina Scarpa é Coordenadora Pedagógica da Fundação Victor 
Civita). 
Obs: Texto publicado no Jornal da Tarde, 30/08/06. 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
20
 
Ampliando conhecimentos 
 
 
Segundo Mendes (1993): 
 
 Constituição – lei fundamental do Estado; é o documento que 
contém os princípios e as instituições que o governam; 
 
 Normas constitucionais – são normas superiores a todas as 
outras. A norma jurídica que a contrariar, total ou parcialmente, será 
considerada inconstitucional e não será aplicada; 
 
 Normas complementares – são as previstas na Constituição e se 
destinam a complementar as normas constitucionais; 
 
 Normas ordinárias – são as regras jurídicas, elaboradas, 
principalmente, pelo poder do Estado, que têm como função 
preponderante a elaboração do Direito, o Poder Legislativo. Como 
exemplos, podemos citar os diversos códigos: Civil, Penal, Tributário, 
etc.; 
 
 Normas regulamentares – são as elaboradas pelas autoridades 
administrativas, partindo da lei ordinária e tendo em vista a sua 
aplicação, como: decretos, portarias, instruções normativas, normas 
reguladoras, etc.; 
 
 Normas atitudinais – resultam da aplicação do Direito a casos 
concretos particulares, como: cláusulas contratuais, regulamentos 
internos de pessoal, estatutos de associações, sentenças, etc. 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
21
 
UNIDADE 5 
Objetivo: Localizar no tempo a LDB nº 9394/96. 
 
Segundo Rust (1.999): 
Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 
 
Histórico 
 
O debate em torno de uma nova lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional tomou 
considerável impulso em 1988, no clima gerado pela elaboração de uma nova Constituição 
brasileira. Depois de uma ampla consulta aos segmentos organizados da sociedade, um 
primeiro projeto de lei foi apresentado, ainda naquele ano; todavia, este primeiro projeto 
sofreu inúmeras críticas que apontavam principalmente para o excesso de detalhes numa lei 
que deveria ter um caráter normativo mais geral, e para o fato de, no conjunto, ter assumindo 
o aspecto de uma “colcha de retalhos”, inclusive com contradições no seu próprio conteúdo, 
na medida em que procurou atender a interesses, às vezes diferenciados e até conflitantes. 
 
Com isso, esse primeiro projeto sofreu várias modificações e, durante sua tramitação no 
Congresso Nacional, foram apresentados outros projetos de lei, tratando da mesma questão, 
isto é, dispondo sobre a estrutura e o funcionamento do sistema educacional brasileiro. Após 
cinco anos de discussões e propostas de alterações, foi aprovado na Câmara dos 
Deputados, por consenso, o Projeto de Lei nº 101, que seguiria então para a discussão e 
votação em plenário ao nível do Senado. 
 
Entretanto, subvertendo a trajetória natural dos projetos de lei, que primeiro são 
apresentados e discutidos na Câmara dos Deputados e, só depois de ali aprovados, são 
remetidos à Câmara Alta (o Senado) para votação. Foi apresentado nessa mesma época o 
projeto de lei do Senador Darcy Ribeiro que, tratando da mesma matéria, mas apresentando 
diferenças profundas em relação ao PL 1010, foi aprovado pelo Senado e remetido à 
Câmara dos Deputados. 
 
Paralelamente, a Comissão de Educação do Senado, que teve como relator o Senador Cid 
Sabóia, realizou também modificações substanciais no PL 101, que passou então a ser 
conhecido com o “Parecer Cid Sabóia”. Embora modificado, esse Parecer ainda guardava 
alguns aspectos importantes, não só em termos de conteúdo, mas também pelo fato de, 
como já citamos, ter sido produto de um amplo debate nacional. 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
22
Finalmente, após oito anos de tramitação, o Parecer Cid Sabóia foi rejeitado pelo Senado 
sendo então aprovado no Congresso Nacional o Projeto de Lei do Senador Darcy Ribeiro, 
produto quase que exclusivo de sua percepção dos problemas da Educação brasileira, o que 
significa dizer que não foi um projeto de lei aberto à discussão e opinião da sociedade.A 
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394 foi sancionada na íntegra 
pelo Presidente da república em 20 de dezembro de 1996. 
 
O significado da expressão “Diretrizes e Bases” 
 
“Entende-se por “diretriz” uma linha de orientação que defina a direção geral a ser 
seguida e não as “minudências do caminho”; e entende-se por “base” a superfície de 
apoio, isto é, o alicerce do edifício e não o próprio edifício. Daí derivou a conclusão de 
que “a Lei de Diretrizes e Bases” conterá tão somente preceitos genéricos e 
fundamentais”. (SAVIANI. 1988: 5) 
 
O regime militar de 1964 apresentava para o Brasil um novo projeto de desenvolvimento 
econômico e de modernização do país, no qual, segundo as concepções da época, se 
conferia à Educação escolar um importante papel na disseminação de novos valores, mas 
ajustados aos objetivos políticos do regime de crescimento e modernização da economia. 
 
Foi, principalmente, com estes objetivos que foram feitas profundas modificações na 
legislação educacional brasileira a partir de 1968, com a Reforma do Ensino Superior (lei 
5540/68) que apresentava como inovações principais: 
 
 a criação do vestibular classificatório, acabando então com os excedentes – 
candidatos aprovados que ultrapassavam o número de vagas oferecidas e, por isso, 
pressionavam o Governo para o aumento da oferta de vagas nas universidades 
públicas; 
 
 o estabelecimento do sistema de créditos, buscando racionalizar as vagas ociosas na 
matrícula por série; 
 
 a implantação de programas de pós-graduação; 
 
 a eliminação da estrutura de cátedra. 
 
Em 1971 foi a vez da Educação Básica. A Lei 5692/71 modifica a estrutura que vigorava 
até então com a Lei 4024/61, criando então o Ensino de 1º Grau (junção do antigo Curso 
Primário com o Curso Ginasial ou primeiro ciclo do ensino médio) e o Ensino de 2º Grau, 
nova denominação dada ao segundo ciclo do Ensino Médio ou Curso Colegial. Como se 
tratava de um período ditatorial, em que o Congresso apenas legitima os atos do Poder 
Executivo, o projeto da Lei 5692/71 foi discutido e aprovado em tempo recorde, tendo 
como pontos principais: 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
23
 a ampliação do período de obrigatoriedade escolar, que até então era de 4 anos (a 
duração do antigo Curso Primário), para 8 anos (aos 4 do curso primário foram 
somados os quatro anos do antigo Curso Ginasial); 
 a consequente ampliação da oferta de escola pública e gratuita por parte do Estado, 
antes restrita ao antigo Curso Primário e, com a nova lei estendida do antigo Curso 
Ginasial; 
 o Ensino de 2º grau passa a ser obrigatoriamente profissionalizante, acabando-se 
então a separação do 2º grau em dois ramos distintos, um de Educação Acadêmica, 
e outro de Educação Técnico-profissional. 
 
 Em meados dos anos 70 a economia mundial sofre séria crise, determinada pela crise 
do petróleo, e seus reflexos chegam até o Brasil, afetando decisivamente o projeto de 
desenvolvimento econômico do regime militar e, por extensão, ao projeto educacional 
que vinha sendo executado. A expansão do Sistema Educacional privilegiou apenas os 
aspectos quantitativos – expansão da rede física, com consequente aumento da oferta 
de vagas no Ensino de 1º graus – sem melhoria significativa do ponto de vista qualitativo; 
em outras palavras, o acesso à escola melhorou mas os índices de evasão e repetências 
nas primeiras séries continuaram dramáticos. 
 
No Ensino de 2º grau constatou-se o fracasso da tentativa de profissionalização 
obrigatória, já que de um lado, a classe média continuava buscando o acesso à 
Universidade e, de outro lado, a expansão da economia não resultou nem no aumento da 
oferta de vagas para técnicos de nível médio nas empresas e nem na melhoria dos 
salários dos cargos técnicos existentes. Assim, o Ensino Superior continuou sendo a 
principal meta dos jovens que chegavam do Ensino Médio, em busca de ascensão social 
e melhores salários. Assim, em 1982, a Lei 5692/71 foi modificada pela Lei 7044/82, que 
tratava especificamente do Ensino de 2º Grau. 
 
A partir de 20 de dezembro de 1996, o Brasil passou a ter uma única lei nacional que 
dispõe sobre todo o Sistema Educacional Brasileiro, da Pré-escola ao Ensino Superior, 
incluindo-se aí os cursos de pós-graduação. 
 
Características gerais da nova Lei 
 
a) mantém a estrutura curricular; 
b) dá liberdade às escolas para novas experiências de organização escolar; 
c) aumenta o ano letivo para 200 dias e a carga horária mínima para 800 horas de 
trabalho efetivo; 
d) diminui a idade mínima exigida para a realização de exames supletivos; 
e) reintroduz o ensino de Filosofia e Sociologia no Ensino Médio; 
f) mantém os oito anos de escolarização obrigatória, isto é, a oferta para todos de 
Ensino Fundamental público e gratuito por parte do Estado; 
g) adapta o texto da lei aos princípios constitucionais contidos no Capítulo III da 
Constituição Brasileira de 1988; 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
24
h) sugere a introdução de uma segunda língua estrangeira moderna no Ensino Médio, 
sabendo-se que a intenção é oferecer o ensino da Língua Espanhola, com vistas à 
integração das economias sul-americanas; 
 
i) o texto da Lei dispensa leis complementares, que regulamentem sua aplicação, já 
que estabelece princípios gerais, deixando a cargo dos Estados o detalhamento 
dessa aplicação e a consequente regulamentação para as situações específicas de 
cada unidade da federação para os Conselhos Nacional e Estaduais de Educação. 
 
Conclusão 
 
O novo texto é de inspiração liberal; eivado de intenções nobres, tais como: 
universalização, gratuidade e obrigatoriedade do Ensino Fundamental, princípio estes 
proclamados desde a Constituição de 1824, primeira Constituição Brasileira que, até o 
presente momento, não passaram de intenção, sem efetivar-se na prática o que constitui 
ainda inspiração da população brasileira. Escola gratuita de qualidade para todos. 
Conquistas já efetivadas no mundo chamado desenvolvido desde o século XIX. 
 
BIBLIOGRAFIA 
RUST. Professor Demóstenes. EDU 141 – Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º e 2º Graus. 
4 . ed. Viçosa, MG. 1999. p. 15-17. Mimeografado 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
25
 
 
 
Sociedade Alfabetizada 
 
 
O sentido da Escola está na transformação da vida, na transformação da 
sociedade, na transformação do trabalho e sua relação com o tempo livre. A 
sociedade, como é de conhecimento geral, passou de um arranjo industrial, 
centrado na produção de bens materiais, para um arranjo pós-industrial, 
centrado na a produção de bens imateriais: símbolos, informações, estéticos e 
valores. Paralelamente, cresceu a preparação intelectual de cada um. Na Itália, 
há cem anos, os analfabetos eram 45% da população; hoje são menos de 3%. 
Todos os anos se imprimem 200 milhões de livros; 10.000 jornais e três bilhões 
de cópias de periódicos. Nas bibliotecas públicas são consultados três milhões 
de livros por ano. Dezesseis milhões de italianos assinam TV a cabo; 90% dos 
adultos assistem o telejornal todos os dias. A quase totalidade dos trabalhadores 
é alfabetizada, e a grande maioria exerce funções preponderantemente 
intelectuais. À medida que aumenta a potência das máquinas, é possível delegar 
a elas grande parte do trabalho intelectual do tipo executivo; as atividades que 
se tornam monopólio do homem são preponderantemente criativas. 
 
Domenico de Mais 
Artigo publicado originalmente na Revista Digital, sob a forma de Tendências Especial, 
em 24/03/1999 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
26
 
UNIDADE 6 
Objetivo: Analisar a Educação Infantil na LDB 9394/96. 
 
Educação Infantil na LDB 9394/96 
 
Art. 4º. O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia 
de: 
... 
IV - atendimento gratuito em creches e pré-escolas às criançasde zero a seis anos de idade; 
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: 
... 
V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o Ensino 
Fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem 
atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima 
dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e 
desenvolvimento do ensino. 
... 
Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem: 
I - as instituições do Ensino Fundamental médio e de educação infantil mantidas pelo Poder 
Público municipal; 
II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada; 
... 
Art. 21. A educação escolar compõe-se de: 
I - Educação Básica, formada pela educação infantil, Ensino Fundamental e ensino médio; 
... 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
27
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o 
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, 
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. 
 
Art. 30. A educação infantil será oferecida em: 
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; 
II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. 
 
Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do 
seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino 
Fundamental. 
Art. 62. A formação de docentes para atuar na Educação Básica far-se-á em nível superior, 
em curso de licenciatura de graduação plena em universidades e institutos superiores de 
educação, admitida como formação mínima para o exercício do magistério na educação 
infantil e nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, a oferecida em nível médio, na 
modalidade Normal. 
Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: 
I - cursos formadores de profissionais para a Educação Básica, inclusive o curso normal 
superior, destinado à formação de docentes para a Educação Infantil e para as primeiras 
séries do Ensino Fundamental; 
... 
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta 
Lei. 
3º. Cada Município e, supletivamente, o Estado e a União, deverá: 
I - matricular todos os educandos a partir dos sete anos de idade e, facultativamente, a partir 
dos seis anos, no Ensino Fundamental: 
Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas deverão, no prazo 
de três anos, a contar da publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de ensino. 
 
Os artigos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional evidenciam a importância da 
Educação Infantil, que passou a ser considerada como primeira etapa da Educação Básica. 
Sendo assim, o trabalho pedagógico com a criança de 0 a 6 anos adquiriu maior significância 
e ganhou uma dimensão mais ampla no sistema educacional, devendo: atender às 
especificidades do desenvolvimento das crianças dessa faixa etária e contribuir para a 
construção e o exercício de sua cidadania. 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
28
 
No capítulo II que dispõe sobre a Educação Básica, essa lei define a finalidade da Educação 
Infantil como “o desenvolvimento integral da criança até 6anos de idade, em seus aspectos 
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”, 
viabilizando seu desenvolvimento integral e sua inserção social. 
 
O art. 62 trata do papel do profissional que atua na educação infantil, exigindo formação em 
“nível superior, admitindo-se, como formação mínima, a oferecida em nível médio, na 
modalidade Normal”. Sendo essa formação compatível com o compromisso social e 
educativo que espera dele. 
 
 Ao longo desses mais de 10 anos de promulgação, a LDB vem sendo regulamentada por 
diretrizes, resoluções e pareceres do Conselho Nacional de Educação pelas Constituições 
Estaduais e Leis Orgânicas Municipais e pelas normas estabelecidas pelos Conselhos 
Estaduais e Municipais de Educação. 
 
Os arts. 12 e 13 da lei incumbem as instituições de Educação Infantil de elaborar as próprias 
propostas pedagógicas com a participação efetiva dos professores, possibilitando a 
construção democrática e a conquista de um certo grau de autonomia. 
 
Essa lei estabelece em seu art. 11, inciso V, que os municípios incumbir-se-ão de “oferecer a 
Educação Infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o Ensino Fundamental, 
permitida a atuação em outros níveis de ensino apenas quando estiverem atendidas 
plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos 
percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e ao 
desenvolvimento do ensino”. 
 
 
 
 
 Leitura e análise da LDB 9394/96. 
 
 
 Identificar na referida Lei as competências da União, dos 
Estados e dos Municípios. 
 
 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
29
 
UNIDADE 7 
Objetivo: Analisar a organização administrativa e o papel dos entes federativos. 
 
 
Sugestões para uma Política Pública de Educação da Criança de 0 a 6 anos 
 
 [...] Dessa forma, mesmo que diferentes contingentes ingressem no sistema com idades 
diversas, dentro da faixa etária mais ampla de 0 a 6 anos, a partir desse ingresso adquirem 
direito ao mesmo tipo de atendimento. Ou seja, evita-se assim a consagração de diversos 
tipos de carreiras escolares, com as crianças marginalizadas sendo identificadas como 
“crianças de Creche” e as demais sendo valorizadas pelo Sistema Educacional como 
egressas da Pré-escola, o que ocorre atualmente. 
 
 
Organização Administrativa 
 
A responsabilidade do Estado, em relação à educação da criança pequena, se expressa 
através de diversas tarefas: 
 
a) aquelas referentes à legislação, regulamentação e fiscalização dos serviços prestados 
por instituições públicas, privadas e comunitárias; 
 
b) as relativas à arrecadação e distribuição de recursos; 
 
c) o planejamento e a avaliação de políticas públicas, seja através de atuação direta, 
seja através de convênios com entidades sem fins lucrativos; 
 
d) implementação e administração de programas de ação do setor público. 
 
A Constituição contém duas diretrizes fundamentais para a organização do Estado no que se 
refere à educação da criança pequena: a inclusão da creche e da Pré-escola na área de 
competência da Educação e a descentralização na gestão desses serviços. Por outro lado, a 
nova Carta afirma a inclusão da assistência à Infância no Sistema de Seguridade Social, 
indicando que parte de seus recursos devem ser destinados a essa função. 
 
A partir dessas premissas, existem várias formas possíveis de se encaminhar uma 
reorganização do Estado, com vistas a dar melhores condições de eficiência e qualidade 
para uma Política Educacional voltada para a criança menor de 7 anos. 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
30
 
As sugestões apresentadas, a seguir, constituem em uma tentativa, ainda preliminar, de 
propor uma definição de áreas de competência e níveis de responsabilidade entre os vários 
setores governamentais. 
 
Como orientação básica, cabe reportar-se ao documento da área da Saúde que institui os 
SUDS – Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde nos Estado (Decreto nº 94657, 
de 20/7/1987). O sistema, aí proposto, procura superar a “atual organização sanitária, 
centralizada e desordenada”, na direção de “uma unificação com descentralização” (Brasil, 
Ministério da Previdência e Assistência Social, 1987, p.4). 
 
Para isso, o documento estabelece uma redefinição das atribuições dos três níveis 
federativos, propondo “um processo de estadualização e, através deste, de municipalização 
das ações da saúde” (p.4). 
 
 Esta diretriz parece bastante sugestivapara a questão, dados os problemas apresentados 
pela situação vigente e as novas perspectivas abertas pela Constituição. CAMPOS (1992, p. 
109-110). 
 
 
Atribuições da União 
 
De acordo com a orientação adotada, à União compete: 
 
- elaboração do Plano Nacional de Educação, que deverá incluir, entre suas metas principais, 
a Educação Pré-escolar da criança de 0 a 5 anos. 
 
- gestão, coordenação, controle e avaliação do Sistema Nacional de Educação Pré-escolar 
(incluindo as Creches); 
 
- normatização nacional dos serviços de saúde, Educação, Assistência Social e alimentação, 
dirigidos para a faixa de 0 a 6 anos, incluindo-se aí os serviços prestados por instituições 
privadas com e sem fins lucrativos e empresas, no que se refere ao cumprimento dos direitos 
sociais definidos na Constituição; 
 
- regulamentação das relações entre o setor público e privado na oferta de vagas em 
Creches e Pré-escolas; 
 
- garantia de repasse de recursos devidos a Estados e Municípios através de mecanismos 
eficientes e transparentes; 
 
- execução de serviços regulares de coleta e divulgação de dados estatísticos; 
 
- regulamentação da formação e carreira dos profissionais que trabalham em Creches e Pré-
escolas; 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
31
 
- execução de uma política de apoio à pesquisa e à formação de recursos humanos de alto 
nível para a análise e o aperfeiçoamento das diversas formas de Educação da criança 
pequena. 
 
Atribuições dos Estados 
 
Seguindo a mesma orientação, aos Estados competem: 
 
- gestão, coordenação, controle e avaliação dos Sistemas Estaduais de Educação, que 
devem incluir, entre seus objetivos, a Educação em Creches e Pré-escolas; 
 
- elaboração e coordenação dos Planos Estaduais de Educação; 
 
- adaptação das normas e diretrizes federais na organização dos Sistemas Estaduais de 
Educação; 
 
- participação na gestão e no controle de convênios entre órgãos públicos e entidades 
privadas; 
 
- execução de uma política de formação de recursos humanos para Creches e Pré-escolas; 
 
- definição de critérios para recrutamento e credenciamento de profissionais que atuam em 
Creches e Pré-escolas; 
 
- elaboração de propostas curriculares para Creches e Pré-escolas; 
 
- execução direta supletiva de serviços de Creches e Pré-escolas nas regiões e Municípios 
que não demonstrem condições de garantir esse atendimento. 
 
 
Atribuições dos Municípios 
 
Cabe aos Municípios: 
 
- gestão, coordenação, controle e avaliação do Sistema Municipal de Educação, o que deve 
priorizar a Educação Básica e Pré-escolar, inclusive em Creches, garantindo a continuidade 
e integração entre os três níveis; 
 
- elaboração e coordenação do Plano Municipal de Educação; 
 
- participação na gestão e no controle de convênios entre órgãos públicos e instituições 
privadas sem fins lucrativos, integrando-os ao Sistema Municipal de Educação; 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
32
- fiscalização e supervisão de Creches e Pré-escolas conveniadas e, em colaboração com o 
nível estatal, de Creches e Pré-escolas privadas e de empresas, de acordo com normas 
federais e municipais existentes; 
 
- recrutamento, contratação, avaliação e treinamento em serviço de recursos humanos para 
Creches e Pré-escolas, incluindo-se neste último as unidades conveniadas, obedecidos os 
critérios e disposições estatais; 
 
- garantia de participação da comunidade no planejamento e na gestão da política de 
Creches e Pré-escolas, tanto em nível municipal, como no nível das unidades 
individualmente; 
 
- colaborar com a atuação direta e supletiva do Estado, quando houver. 
 
BIBLIOGRAFIA 
CAMPOS.Maria Malta; ROSEMBERG, Fúlvia; FERREIRA, Isabel M. Creches e pré-escolas 
no Brasil. 2. ed. São Paulo: Cortez: Fundação Carlos Chagas, 1995. p. 110 -116. 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
33
UNIDADE 8 
Objetivo: Ampliar conhecimentos a respeito do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente 
 
Lei Federal 8069, aprovada em 13 de julho de 1990, criou o Estatuto, que está vigorando 
para toda a população entre 0 e 17 anos de idade. Fruto da luta da sociedade pelos direitos 
infanto-juvenis, o ECA garante que todas as crianças e adolescentes, independente de cor, 
raça ou classe social, sejam tratados como cidadãos que precisam de atenção, proteção e 
cuidados especiais para se desenvolverem e serem adultos saudáveis. 
 
Até a criação do ECA, existia o Código de Menores, uma lei apenas para pobres, 
abandonados, carentes ou infratores, que deixava quase tudo nas mãos dos juízes e das 
FEBEM´s e não oferecia possibilidades de participação da sociedade. 
 
Direitos assegurados pelo ECA 
 
 Direito à vida e à saúde – toda criança tem direito a ser protegida desde a barriga da 
mãe para ser gerada com segurança e saúde. A criança e o adolescente também têm 
direito à assistência médica e odontológica de graça e prioridade em casos de ajuda 
ou socorro. 
 Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade - a criança e o adolescente têm direito de 
ir e vir e de permanecer em locais públicos ou comunitários; têm direito de expressar 
suas opiniões, de ter uma religião, de brincar, praticar esportes e se divertir; eles 
também não podem ser humilhados, agredidos, discriminados ou maltratados por 
qualquer pessoa, inclusive da família. 
 Direito à convivência familiar e comunitária - toda criança e adolescente têm direito de 
ser educado em uma família, de preferência a natural, que não poderá ser desfeita por 
falta de dinheiro, cabendo ao governo garantir apoio às famílias em dificuldades. 
 Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer - o direito de acesso à educação 
significa poder estudar em uma escola perto de casa (caso não seja possível, ter 
acesso a transporte escolar), totalmente gratuita e com professores e condições 
físicas e materiais para o ensino de qualidade. O direito à cultura, ao esporte e ao 
lazer complementa o direito à educação e ao desenvolvimento. 
 Direito à profissionalização e à proteção no trabalho: o trabalho é permitido somente 
aos maiores de 16 anos, quando deverão ser garantidos os mesmos direitos 
trabalhistas de qualquer adulto, ficando proibido apenas o trabalho noturno (das 22h 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
34
até às 5 horas), insalubre ou perigoso. Antes dos 16 anos é permitido ao adolescente 
participar de cursos profissionalizantes. 
 
Deveres 
O ECA não assegura só os direitos, mas, também, os deveres. Exatamente como os adultos, 
crianças e adolescentes não podem praticar nada daquilo que a lei brasileira diz que é crime. 
Além disso, cada direito corresponde a um dever. E onde está a lista dos deveres? No 
mesmo lugar onde estão os direitos. Se um adolescente tem direito à vida também tem o 
dever de não tirar a vida de ninguém; ter direito à saúde é ter o dever de conservar o 
ambiente limpo. Se é garantido o direito de não ser discriminado, o adolescente está proibido 
de humilhar ou agredir outras pessoas. Ter direito a uma boa Educação é ter o dever de 
zelar pela escola, não depredando e respeitando colegas e professores. 
 
A Educação e o ECA 
 
Apesar das conquistas legais obtidas a partir da Constituição de 1988 e ao longo dos anos 
de 1990, na qual o ECA representa um marco fundamental, o direito à Educação pública de 
qualidade segue sendo algo muito distante para a gigantesca maioria da população 
brasileira. Como em outras áreas sociais, a avaliação de movimentos, organizações e redes 
de Educação, como a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, é a de que os avanços 
conquistados na legislação, nas últimas décadas, não se traduziram em políticas públicas 
consistentes e com condições de financiamento para a universalização da Educação como 
direito humano fundamental de todos e todas. 
 
 Na última década, o país ampliou o acesso ao Ensino Fundamental,chegando a matricular 
97% das crianças de 7 a 14 anos, avanço obtido graças a uma política pública que garantiu a 
expansão baseada em um limitado investimento por aluno (comparado a outros países no 
mesmo patamar de desenvolvimento) e na oferta de uma escola de baixa qualidade para a 
maioria. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP/MEC), somente 
2,79% e 10,29% daqueles que conseguem chegar ao final do Ensino Fundamental atingem 
patamares adequados em Matemática e Língua Portuguesa, respectivamente. Dados como 
esses também aparecem em muitas outras pesquisas nacionais e internacionais, nas quais a 
posição do Brasil com relação à aprendizagem ocupa sempre um lugar crítico. 
 
Além dos problemas de qualidade, o país tem gigantescos desafios de acesso e 
permanência, sobretudo com relação à educação infantil, ao ensino médio, à Educação de 
Jovens e Adultos, à Educação Especial, à Educação do Campo, sem falar, do Ensino 
Superior. Mesmo no Ensino Fundamental, na faixa etária de 7 a 14 anos, foco de políticas 
nos anos 90, ainda permanecem mais de 1 milhão e meio de crianças e adolescentes fora da 
Escola. 
 
A Educação de crianças de 0 a 3 anos constitui uma das situações mais vulneráveis da 
Educação Pública. Segundo IBGE, somente 11,7% da população de 0 a 3 anos têm acesso 
às Creches. Avaliação técnica realizada pela Câmara dos Deputados no início de 2005 
apontou que a meta do Plano Nacional de Educação (lei aprovada em 2001) de chegar a 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
35
50% de cobertura na Educação Infantil de 0 a 3 em 2011 não será alcançada caso não 
ocorra uma mudança significativa das condições de financiamento da área, sob 
responsabilidade constitucional dos municípios. A decisão do governo federal de excluir as 
Creches da proposta do novo fundo para toda a Educação Básica (FUNDEB), atualmente em 
tramitação no Congresso, inviabiliza a possibilidade da meta das creches ser alcançada e 
fere o conceito de Educação Básica, excluindo aquela que seria parte de sua primeira etapa. 
Tal decisão tem impacto negativo na vida de milhões de crianças e de mulheres 
trabalhadoras, sobretudo, as de baixa renda. 
 
 
Desigualdades sociais 
 
As desigualdades sociais de renda, raça/etnia, gênero, regional, entre outras, presentes na 
sociedade brasileira, estão refletidas na Educação Pública. De acordo com os estudos da 
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD/2002), apenas 7,3% das crianças de 
baixa renda, na faixa etária de 0 a 3 anos de idade, frequentavam um estabelecimento de 
Educação (a média nacional é de 11,7%). 
 
As pessoas afrodescendentes constituem a maior parte dos analfabetos no Brasil e das 
crianças e adolescentes que enfrentam problemas para a permanência e aprendizagem na 
escola. Enquanto 44% das crianças brancas e pobres entre 10 e 14 anos estão matriculadas 
entre a 5ª a 8ª série, apenas 27% das crianças negras e pobres dessa idade frequentam a 
escola. Os negros têm em média 1,6 ano a menos de estudo que os brancos (4,3 e 5,9 
respectivamente). A diferença é maior ainda entre mulheres brancas e negras: 1,8. Enquanto 
os brancos formam 7,5% dos analfabetos com mais de 15 anos, os negros somam 17,2%. 
 
A discriminação racial está presente em grande parte das instituições de Educação do país, 
mantida sob um manto de invisibilidade em que ninguém admite discriminar. Embalado pelo 
“mito” de que no Brasil não há racismo, o silêncio sobre o preconceito e a discriminação 
alimenta situações absurdas e produz efeitos terríveis na autoestima de crianças, jovens e 
adultos negros e não contribui para o desenvolvimento de uma sociedade inclusiva que 
respeite e valorize as diferenças. Quebrar o silêncio e assumir o problema da discriminação 
constitui o primeiro passo para superá-la. A lei 10.639, de 2003, representa uma conquista 
do movimento negro ao estabelecer o ensino e valorização da cultura e da história afro-
brasileira na Educação de todo o país. 
 
Na última década, os indicadores educacionais tiveram melhoria em todas as regiões do 
país. Porém, os indicadores educacionais dividem o Brasil em dois grandes blocos. Um deles 
é formado pelas regiões mais desenvolvidas: Sudeste e Sul. O outro, pelas regiões Norte e 
Nordeste. O descompasso entre os dois blocos é de cerca de uma década. 
 
Subordinada à lógica do ajuste fiscal, que impõe a limitação de recursos às políticas sociais, 
a educação pública segue sendo tratada como uma política destinada a “aliviar a pobreza” e 
não a garantir o direito à Educação para todos como base de projeto de desenvolvimento 
que enfrente as profundas desigualdades no país. A mudança dessa realidade é o desafio 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
36
assumido por diversos movimentos, organizações e redes da sociedade brasileira que 
desenvolvem experiências inovadoras e ações políticas locais, regionais, nacionais e 
internacionais. A Campanha Nacional pelo Direito à Educação representa um desses 
esforços de articulação de diferentes atores destinada a aumentar a força política daqueles e 
daquelas que atuam por uma Educação Pública de qualidade para todas as pessoas. 
 
 
Denise Carreira 
Coordenadora da Campanha Nacional pelo Direito à Educação Articulação que reúne 200 
organizações, redes e movimentos do país. 
 
 
http://www.campanhaeducacao.org.br/cgibin/search/search.pl?p=1&lang=br&include=&
exclude=%28%28middle%7Cleft%29_*%7Ctop.php%29&penalty=0&sort=&mode=any&
q=Denise+Carreira – Acesso em 15jul. 2007. 
 
 
No ECA, o Capítulo IV trata Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer, com 
destaque os artigos 53 3 54. 
 
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento 
de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, 
assegurando-se-lhes: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - direito de ser respeitado por seus Educadores; 
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares 
superiores; 
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; 
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. 
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo 
pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais. 
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: 
IV - atendimento em creche e Pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; 
 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
37
 
 Analise o Estatuto da Criança e do Adolescente, concedendo destaque ao 
Capítulo IV. Atente para a necessidade de atualização, no que se refere à 
ampliação do Ensino Fundamental. 
 
Após a análise, estabeleça a comparação da situação das crianças e 
adolescentes antes e depois dessa Lei. 
 
 
 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
38
UNIDADE 9 
Objetivo: Analisar aspectos da Lei 10 172, de 9 de janeiro de 2001. 
 
Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001 
 
Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências. 
 
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1º Fica aprovado o Plano Nacional de Educação, constante do documento anexo, com 
duração de dez anos. 
 
Art. 2º A partir da vigência desta Lei, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão, 
com base no Plano Nacional de Educação, elaborar planos decenais correspondentes. 
 
Art. 3º A União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal, os municípios e a 
sociedade civil, procederá a avaliações periódicas da implementação do Plano Nacional de 
Educação. 
 § 1º O Poder Legislativo, por intermédio das Comissões de Educação, Cultura e Desporto 
da Câmara dos Deputados e da Comissão de Educação do Senado Federal, acompanhará a 
execução do Plano Nacionalde Educação. 
 § 2º A primeira avaliação realizar-se-á no quarto ano de vigência desta Lei, cabendo ao 
Congresso Nacional aprovar as medidas legais decorrentes, com vistas à correção de 
deficiências e distorções. 
 
Art. 4º A União instituirá o Sistema Nacional de Avaliação e estabelecerá os mecanismos 
necessários ao acompanhamento das metas constantes do Plano Nacional de Educação. 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
39
Art. 5º Os planos plurianuais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
serão elaborados de modo a dar suporte às metas constantes do Plano Nacional de 
Educação e dos respectivos planos decenais. 
 
Art. 6º Os Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios empenhar-
se-ão na divulgação deste Plano e da progressiva realização de seus objetivos e metas, para 
que a sociedade o conheça amplamente e acompanhe sua implementação. 
 
Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 
Brasília, 9 de janeiro de 2001; 180º da Independência e 113º da República. 
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato Souza 
 
O Plano Nacional de Educação 
 
O Plano Nacional de Educação e os Planos Estaduais e Municipais 
Vital Didonet * 
 
O maior acontecimento para a Educação brasileira, no ano 2000, deveria ser o Plano 
Nacional de Educação, no entanto, esse plano não foi bem divulgado e a maioria dos 
dirigentes da Educação e dos professores ainda não o leu. A falta de iniciativa e empenho na 
sua divulgação é lamentável. O País merece, e os estudantes têm direito a um, Sistema 
Educacional mais eficiente e a uma Educação de melhor qualidade. 
Em 9 de janeiro de 2001 o presidente da República sancionou a Lei nº 10.172, que aprova o 
Plano Nacional de Educação e define os mecanismos necessários para colocá-lo em prática. 
Esse Plano deve orientar toda a atividade educacional dos Sistemas de Ensino nos próximos 
dez anos, em todo o País. Se cumprir as diretrizes e alcançar os objetivos e metas, nele 
fixados, o Brasil terá, no ano 2010, um quadro educacional muito melhor do que o atual. 
Estará à altura dos desafios do nosso tempo. Mas, para isso, é preciso agir logo, e 
coordenadamente, num esforço conjunto da União, dos estados, do Distrito Federal e dos 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
40
municípios. A responsabilidade é de todos os entes federados, segundo o regime de 
colaboração estabelecido pela Constituição Federal. 
Todos nós já ouvimos falar de Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço 
Filho, Almeida Junior e do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, escrito em 
1932... Mas o que estes Educadores têm a ver com um plano de Educação que 
surgiria 68 anos depois? 
1. Uma conquista histórica 
O Plano Nacional de Educação não apareceu de repente nem é fruto de iniciativa particular 
de alguns idealistas da Educação. Ele é resultado de um esforço histórico da sociedade 
brasileira, especialmente dos Educadores, que lutaram mais de sessenta anos para chegar a 
esse momento. Esse esforço começou em 1932, quando um grupo de Educadores, 
intelectuais e escritores, preocupados com o desenvolvimento do país e com a causa da 
Educação Nacional, lançaram o Manifesto dos Pioneiros pela Educação. De lá até aqui, 
diversos passos foram dados, tanto no âmbito da legislação quanto no da administração 
pública da Educação, que foram construindo o patamar sobre o qual o PNE pôde ser 
formulado e aprovado. O quadro abaixo apresenta os principais momentos dessa trajetória. 
1932 - Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, expressando a necessidade de um plano 
amplo e unitário para promover a reconstrução da Educação no País; 
1934 - A Constituição Federal incluiu um artigo determinando como competência da União 
fixar o Plano Nacional de Educação, abrangendo o Ensino em todos os graus e ramos, 
comuns e especializados; 
1946 - Constituição Federal reintroduz o dispositivo, que fora omitido na CF de 1937; 
1962 - Foi elaborado pelo MEC e aprovado pelo Conselho Federal de Educação o primeiro 
Plano Nacional de Educação, para um período de 8 anos; 
1965 e 1966 - Revisões do plano, incluindo normas descentralizadoras, para elaboração de 
planos estaduais e destacando novas prioridades; 
1967 - Constituição Federal repete o dispositivo sobre o Plano Nacional de Educação; 
1970 a 1984 - Planos Setoriais de Educação, Cultura e Desporto - PSECD, no contexto dos 
Planos Nacionais de Desenvolvimento. O III PSECD contou com a participação dos estados; 
1988 - Constituição Federal determina o estabelecimento, por lei, do Plano Nacional de 
Educação, com duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do Ensino 
em seus diversos níveis; 
1993-94 - Processo de elaboração do Plano Decenal de Educação para Todos, sob a égide 
da Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada pela UNESCO, em Jomtien 
(Tailândia), em 1990; 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
41
1996 - LDB determina que a União encaminhe ao Congresso Nacional, no prazo de um ano 
após a promulgação dessa Lei, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para 
os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos; 
1998 - Apresentação ao Poder Legislativo de dois Projetos de PNE: do II CONEG e do MEC; 
1998-2000 - Processo legislativo, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, com 
debates, emendas, sugestões, apresentação de substitutivo e aprovação do PNE; 
9/1/2001 - Sanção da Lei nº 10.172, que aprova o Plano Nacional de Educação. 
 
REFERÊNCIAS 
* Professor. Ex-consultor legislativo da Câmara dos Deputados e consultor especial para o 
PNE. Atualmente é consultor do Conselho Nacional de Secretários de Educação - CONSED. 
http://www.redebrasil.tv.br/salto/boletins2002/eqq/eqqtxt1.htm - Acesso em 16 jul. 2007. 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
42
UNIDADE 10 
Objetivo: Continuar a identificar as características e objetivos do PNE. 
 
As ideias vêm de longe, mas o que o atual Plano Nacional de Educação herda dessa 
história? 
2. Características novas do Plano Nacional de Educação 
Essa sequência de acontecimentos mostra que o PNE responde a uma expectativa da 
sociedade brasileira e que ele se constrói sobre um patamar de experiências em 
Planejamento e Administração Educacional. A reflexão sobre essas experiências, que 
mesclam êxitos e frustrações, é capaz de descortinar uma visão ampla das necessidades e 
das possibilidades da Educação em nosso País, neste início do novo século. Dessa forma, o 
PNE é tributário de uma longa história e, ao mesmo tempo, é uma novidade, pelas 
características próprias que agrega. 
"O PNE entra na história da Educação brasileira com seis qualificações que o distinguem 
de todos os outros já elaborados: a) é o primeiro plano submetido à aprovação do 
Congresso Nacional, portanto, tem força de lei; b) cumpre um mandato constitucional (art. 
214 da Constituição Federal de 1988) e uma determinação da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (LDB, art. 87, 1º); c) fixa diretrizes, objetivos e metas para um período 
de dez anos, visando à garantia de continuidade da política educacional e coerência nas 
prioridades durante uma década; d) contempla todos os níveis de ensino e modalidades 
de Educação e os âmbitos da produção de aprendizagens, da gestão e financiamento e da 
avaliação; e) compromete o Poder Legislativo no acompanhamento de sua execução e f) 
convoca a sociedade para acompanhar e controlar a sua execução" (Vital Didonet, PNE - 
Apresentação. Editora Plano). 
Essas características não são uma garantia de que o Plano vai ser aplicado integralmente, 
de que suas diretrizes orientarão a prática educacional durante toda a década e, ainda, de 
que as metas serão atingidas. Como todo Plano, é um documento de trabalho e, portanto, 
um instrumento que orienta a ação política

Continue navegando