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Mandiocalivro Livro 101CULTURAS-EPAMIG

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Mandioca (Manihot esculenta Crantz) 483
Mandioca
(Manihot esculenta Crantz)
Tocio Sediyama, Anselmo Eloy Silveira Viana, Maria Aparecida Nogueira Sediyama
A mandioca é uma das principais culturas
do Brasil, ocupando lugar de destaque em área
colhida (aproximadamente 1.765.000 ha), em va-
lor de produção (sétima colocação) e em arreca-
dação de impostos, principalmente nas regiões
Norte, Nordeste e Sul. Apesar de sua importân-
cia, tanto para a indústria quanto para a alimen-
tação humana e animal, a mandioca apresenta
produtividade média baixa de 13,6 t/ha, valor
que tem se mantido com pequenas oscilações
nos últimos 40 anos. Esse valor é bastante infe-
rior ao potencial produtivo da cultura de 90 t/ha,
em condições favoráveis e em monocultivo, mas
é superior à produtividade média mundial
(10,7 t/ha), à média Africana (8,8 t/ha) e à mé-
dia da América Latina (12,3 t/ha). Em Minas Ge-
rais, a produtividade média é de 12,97 t/ha e a
área plantada é de aproximadamente 64.000 ha,
destacando-se o vale do Jequitinhonha como a
principal região produtora.
As raízes da mandioca são usada na ali-
mentação humana, especialmente, na forma cozi-
da, de farinha e de fécula. Além disso, tanto as
raízes quanto a parte aérea da mandioca são
utilizadas na alimentação de animais. A parte
aérea pode ser fornecida aos animais nas formas
de silagem, feno ou peletizada, pura ou mistura-
da com outros alimentos. A forma fresca, da parte
aérea ou das raízes, seja de variedades mansas
ou bravas, deve ser picada e submetida à murcha
por, no mínimo, 48 h para reduzir a concentração
do ácido cianídrico (HCN) e, conseqüentemen-
te, os riscos de intoxicação dos animais. O valor
nutritivo da parte aérea da mandioca varia com
a relação folhas e ramas; contudo, o teor de pro-
teína bruta, está entre 12 e 16%. As raízes de man-
UFV
Note
“PAULA JÚNIOR, T.J.; VENZON, M. 101 Culturas: Manual de Tecnologias Agrícolas”. nullBelo Horizonte: EPAMIG, 2007. 809p. ISBN = 85-99764-04-7 null
Sediyama, T. et al.484
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dioca picadas e secas são chamadas de raspas
ou aparas, as quais, desintegradas ou não, são
excelentes fontes de carboidratos para bovinos e
suínos. Uma tonelada de raízes frescas produz
aproximadamente 280 kg de farinha, ou 230 kg
de amido ou 170 L de álcool.
EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS
E ÉPOCA DE PLANTIO
A mandioca desenvolve-se melhor em
climas quentes e úmidos. Temperaturas abaixo
de 10oC e acima de 40oC limitam o seu cresci-
mento, sendo a faixa ideal entre 25 e 30oC com
alta luminosidade. A redução na radiação solar
provoca aumento no comprimento dos internó-
dios e a diminuição da área foliar, com conse-
qüente redução na produção de raízes tubero-
sas. A mandioca é muito eficiente na utilização
de água. No início do período seco, a área fo-
liar se reduz e, conseqüentemente, também a
transpiração. Os estômatos se fecham rapida-
mente com pequenas mudanças no potencial
hídrico da folha. O volume ideal de chuva está
entre 1.000 e 1.500 mm, bem distribuídos, espe-
cialmente nos primeiros seis meses depois do
plantio. Contudo, a mandioca pode ser cultivada
em áreas com precipitação variando de 600 a
4.000 mm.
No Brasil, o cultivo da mandioca é fei-
to, principalmente, em altitudes de até 1.000 m.
Não se recomenda o plantio em regiões mais
altas, devido à ocorrência de baixas temperaturas,
as quais comumente causam problemas no de-
senvolvimento da cultura, alongando o ciclo e
reduzindo a produtividade. De modo geral, o
plantio deve coincidir com o início do período
chuvoso, quando o solo estiver adequadamen-
te úmido. Em Minas Gerais, recomenda-se o
plantio de outubro a dezembro, na região do
Cerrado, e de junho a setembro, na Zona da Ma-
ta.
VARIEDADES
Existem mais de 5.000 variedades conhe-
cidas, com diferentes características, estruturas
genéticas e adaptabilidade a diversos ambientes.
Grande parte desse material é oriundo de sele-
ções efetuadas pelos produtores. É comum
encontrar variedades com características diferen-
tes e que apresentam o mesmo nome, como tam-
bém variedades iguais com nomes diferentes,
variando com a região de cultivo. De acordo com
a utilização, as variedades podem ser classifica-
das em três grupos: indústria, mesa e forragem.
As características de cada grupo variam quanto
à porcentagem de matéria seca, amido, teor de
HCN, facilidade de cozimento, sabor, qualidade
da massa etc. No Brasil, para fins industriais, são
preferidas as variedades denominadas “bravas”,
por serem mais difundidas e apresentarem, em
geral, maior produtividade e rusticidade. Essas
variedades devem satisfazer aos seguintes requi-
sitos: precocidade e alta produtividade (>25 t/ha);
elevado teor de amido (> 30%); raízes cilíndricas
ou cilindro-cônicas, com tamanho médio de 30
a 40 cm de comprimento; arquitetura de plan-
tas que facilite os tratos culturais e que forneça
adequada quantidade de hastes para os plantios
subseqüentes; resistência a pragas e doenças; e
maior tempo de conservação pós-colheita. As va-
riedades Engana Ladrão, Sonora, BGM 52,
Mantiqueira, Riqueza, IAC 12- 829 IAC 14-18,
IAC 7-127 e EAB 653 apresentam boa adaptação
às condições do cerrado mineiro.
A mandioca possui uma substância de-
nominada linamarina, a qual, por processos enzi-
máticos ou quando os tecidos são danificados,
libera o HCN que é altamente tóxico. Embora
exista certa divergência em relação à toxicidade
das variedades de mandioca, essas podem ser
classificadas em: mansas ou doces (menos de
100 mg de HCN/kg de polpa de raiz fresca) e
bravas, venenosas ou amargas (mais de 100 mg
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Mandioca (Manihot esculenta Crantz) 485
de HCN/kg de polpa de raiz fresca). O teor de
HCN de uma mesma variedade pode se modificar
em função da idade da planta, de condições
ambientais e métodos de cultivo. Aparentemente
não existe nenhuma característica morfológica
da planta associada ao teor de HCN. Os agricul-
tores conseguem identificar as variedades com
as quais estão habituados; entretanto, não conse-
guem diferenciar variedades mansas de bravas.
É importante salientar que mesmo em uma varie-
dade mansa, o teor de HCN na parte aérea é
comumente elevado, não sendo recomendado
fornecer a parte aérea de mandioca fresca aos
animais.
PROPAGAÇÃO
A mandioca é multiplicada vegetativa-
mente, usando segmentos de caule denominados
manivas. O uso de sementes botânicas é restrito
aos programas de melhoramento. A seleção das
manivas para o plantio é de grande importância
na produção, pois manivas de qualidade regular
ou ruim podem originar plantas aparentemen-
te normais, as quais, porém, terão rendimentos
inferiores, às vezes nulos, quando comparadas
com plantas provenientes de manivas de boa
qualidade. As manivas usadas no plantio devem
ser provenientes de cultivos sadios, com aproxi-
madamente oito a 18 meses de idade. Deve-se
dar preferência às manivas do terço médio da
planta. A parte terminal da planta não deve ser
usada, pois as hastes são finas, tenras e com
poucas reservas, apresentando baixa sobrevi-
vência no campo, principalmente quando as
condições de ambiente são desfavoráveis. Deve-
se descartar as manivas com manchas causadas
por fungos, sinais de perfurações de brocas ou
outros insetos e as com danos mecânicos causa-
dos por fricção durante as operações de armaze-
namento e transporte. O corte das manivas é feito,
normalmente, com facão e deve ser reto, o que
possibilita melhor formação das raízes. Deve-se
segurar a haste com a mão, dar um golpe com o
facão e, em seguida, girar ahaste 180o, para com
outro golpe cortar a maniva. Não é recomendável
o uso de qualquer tipo de apoio durante o corte.
Pesquisas comprovam que manivas com 20 cm
de comprimento e com, pelo menos, cinco nós
(gemas), produzem plantas vigorosas e mais
produtivas. Quanto mais adversas as condições
de ambiente na época de plantio, mais impor-
tante o comprimento da maniva, que está rela-
cionado com a disponibilidade de reservas para
o desenvolvimento inicial das brotações. O diâ-
metro ideal da maniva é dependente da varie-
dade. É comum, em algumas regiões, promover
ferimentos ao longo da maniva, com o objetivo
de aumentar a produção de raízes; entretanto,
pesquisas não comprovaram vantagens dessa
prática.
Normalmente, a época de plantio não
coincide com a época de colheita, o que torna
necessário armazenar as manivas. O período de
armazenamento deve ser o menor possível, pois
a perda de reservas das manivas armazenadas
leva à redução no vigor das brotações e à conse-
qüente diminuição da produtividade. Existem
vários métodos de armazenamento, devendo
ser escolhido o que melhor se adapta às carac-
terísticas da região. Em regiões onde o problema
principal é a seca, deve-se evitar a rápida de-
sidratação; nesse caso, o armazenamento das
manivas deve ser feito à sombra de árvores ou
com cobertura de palha, com a base enterrada
cerca de 10 cm no solo. Em regiões frias, pode-
se contornar o problema usando silos de terra.
Outra opção seria destinar uma área da proprie-
dade para a produção de ramas para o plantio, a
qual, se possível, deve receber tratos culturais
mais intensivos, como adubações e capinas
mais constantes. Considera-se que, em um ano,
1 ha de mandioca pode fornecer material su-
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a ficiente para o plantio de aproximadamente
4 a 5 ha.
ESPAÇAMENTO E DENSIDADE
DE PLANTIO
Diversos fatores influenciam o espa-
çamento de plantas de mandioca, especialmen-
te a fertilidade do solo, a variedade e o tipo de
exploração. No plantio convencional, o espa-
çamento de 1 m entre fileiras por 0,5 m entre
plantas tem apresentado bons resultados. No ca-
so de cultivos consorciados com outras plantas
anuais, pode-se adotar o espaçamento em fileiras
duplas (2 x 0,6 x 0,6 m), o qual apresenta pro-
dutividade de raízes maior que o convencional.
No caso de produção de ramas (hastes e folhas)
para a produção de forragem, pode ser usado o
espaçamento de 0,8 m entre linhas e 0,4 a 0,5 m
entre plantas.
PREPARO DO SOLO E PLANTIO
No sistema tradicional, o preparo do solo
pode ser feito manual ou mecanicamente. Deve-
se dar preferência a áreas planas ou levemente
onduladas (declividade máxima de 5%), solos
profundos, friáveis, com boa drenagem e de
textura média, que facilitam o crescimento das
raízes e a colheita. É importante considerar as
práticas de conservação do solo, uma vez que a
mandioca apresenta crescimento inicial lento e
é cultivada em espaçamentos relativamente lar-
gos, não oferecendo proteção suficiente ao so-
lo nos primeiros meses, o que facilita a erosão.
O plantio direto na palha ou a cobertura morta
tem apresentado bons resultados na produtivi-
dade e na conservação do solo e da água.
O sulcamento pode ser feito com sulcado-
res de tração animal ou mecanizados. Em algumas
regiões é comum o plantio mecânico, em que
uma só máquina sulca, aduba e planta as mani-
vas. A profundidade dos sulcos deve ser de apro-
ximadamente 10 cm. Quando não se dispõe de
máquinas agrícolas, usa-se o sistema de covas.
Esse sistema pode diminuir a produtividade da
mandioca, especialmente com covas rasas em
solos compactos. Nesse tipo de solo, as covas
devem ser bem feitas ou o solo deve ser previa-
mente arado e gradeado. Em alguns locais, como
em baixadas com solos muito úmidos ou em
solos compactados, o plantio é feito em camalhões
de 25 a 30 cm de altura, onde as manivas são
colocadas na posição vertical ou inclinada.
CALAGEM E ADUBAÇÃO
Apesar da mandioca tolerar certa acidez
do solo, a calagem permite aumentar a disponi-
bilidade de nutrientes para as plantas, além de
fornecer cálcio e magnésio. Essa prática deve ser
feita com antecedência mínima de 90 dias antes
do plantio, usando-se de preferência o calcário
dolomítico. Recomendam-se no máximo 2 t/ha,
que devem ser incorporadas a 30 cm de profun-
didade. Em solos com pH acima de 7,5, o rendi-
mento é bastante reduzido, o mesmo acontecendo
em solos salinos, existindo, porém, variações
entre as variedades.
Por apresentar sistema radicular abundan-
te e profundo, que explora grande volume de
solo, ciclo longo e ausência de picos de demanda
de nutrientes, a mandioca possui grande capa-
cidade de adaptação a solos pouco férteis. Isso
não significa que a cultura não seja exigente em
nutrientes. Pesquisas demonstram que para ca-
da tonelada produzida, considerando a extração
da planta inteira, são extraídos aproximada-
mente 4,91 kg de nitrogênio, 1,08 kg de fósforo,
5,83 kg de potássio, 1,83 kg de cálcio e 0,79 kg
de magnésio. Além da extração de nutrientes
pela cultura, os solos cultivados com mandioca
podem ter sua fertilidade prejudicada pela ero-
são. Dessa forma, antes de se fazer qualquer reco-
mendação de fertilizantes, o ideal é que se faça a
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Mandioca (Manihot esculenta Crantz) 487
análise do solo, para indicar a adubação NPK
mais adequada (Quadro 1).
O N em doses adequadas favorece o bom
desenvolvimento da planta; deve ser aplicado
em cobertura aos 30 a 60 dias após o plantio.
Muitas pesquisas têm demonstrado resposta
negativa à aplicação elevada de N, que ocasiona
o crescimento exagerado da parte aérea e dimi-
nui a produção de raízes e o teor de amido,
aumentando o teor de HCN. Apesar de o P ser
exigido em menor quantidade pela planta em
relação ao K e N, a adubação fosfatada tem pro-
porcionado aumento significativo na produção
da mandioca. Dependendo da quantidade aplica-
da e devido à sua pequena mobilidade no solo,
com apenas uma aplicação no plantio, o P pode
ser aproveitado por dois ou três cultivos segui-
dos. Embora o K seja retirado do solo em quanti-
dades maiores, o efeito desse elemento é menor
que o do P e do N para a produção da mandioca.
No entanto, em cultivos sucessivos o K é muito
importante. A carência de K reduz acentuada-
mente o teor de amido das raízes. A aplicação
de zinco na quantidade de 20 kg/ha de sulfato
de zinco com N, P e K tem dado respostas posi-
tivas na produção de raízes tuberosas, princi-
palmente em solos de cerrados.
PLANTAS DANINHAS
O rendimento da mandioca é aumentado
substancialmente quando o controle de plantas
daninhas é feito durante os estádios iniciais do
crescimento. Mesmo em condições favoráveis, a
folhagem demora aproximadamente dois meses
para fechar; em condições menos favoráveis, po-
de demorar até quatro meses, o que permite o
crescimento de plantas daninhas e a competição
com a cultura. A mandioca deve estar livre de
plantas daninhas principalmente durante os
primeiros 120 dias após o plantio. Práticas cul-
turais, como a seleção do material e da época de
plantio, o bom preparo do solo, o espaçamento
adequado, o uso de cobertura morta, o consór-
cio e até mesmo o plantio das manivas nas posi-
ções vertical ou inclinada podem ser adotadas
para aumentar o poder de competição da man-
dioca frente às invasoras. O controle pode ser
feito com enxada, herbicidas e de maneira inte-
grada, com vários métodos de controle simul-
taneamante. O uso de herbicidas na cultura da
mandioca não é muito comum, mas o número
de agricultores que adotamessa prática tem
aumentado nos últimos anos. No Quadro 2, são
apresentados alguns herbicidas registrados no
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-
QUADRO 1 - Recomendação de adubação para a cultura da mandioca em Minas Gerais, baseada em análise do solo,
considerando produtividade de 20 t/ha
Dose total 
(kg/ha) Disponibilidade de 
P e de K 
P2O5 K2O N 
Baixa 80 60 40 
Média 40 40 40 
Boa 20 20 40 
Muito boa 0 0 40 
FONTE: Ribeiro et al. (1999). 
Sediyama, T. et al.488
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mento (MAPA) para o controle de invasoras na
cultura.
PRAGAS
Dentre as cerca de 200 espécies de artró-
podes identificadas que ocorrem na cultura da
mandioca, apenas algumas são realmente impor-
tantes e podem causar redução da produtividade,
entre elas os cupins, as formigas, o mandarová,
os ácaros, a mosca-do-broto e os tripes.
No Brasil, o mandarová (Erinnyis ello) é a
praga de maior ocorrência, exigindo atenção
especial, devido aos ataques repentinos e aos
danos elevados que pode causar. Tem grande
capacidade de consumo de folhas, principalmen-
te durante os últimos estádios larvais. Seu con-
trole pode ser feito com a pulverização de extrato
de mandarovás infectados com Baculovirus
erinnyis, com eficiência de mais de 90% de mor-
te das lagartas em oito dias; nesse caso, o nível
de controle é de cinco a sete lagartas pequenas
(até 3 cm) por planta, em plantios com até cinco
meses de idade. Inseticidas à base de Bacillus
thuringiensis também podem ser utilizados.
As espécies de ácaros mais importantes
que atacam a mandioca são Tetranychus urticae
e Mononychellus tanajoa. Os prejuízos são mais
significativos em épocas secas. A ocorrência de
chuvas faz com que a incidência deles seja re-
duzida.
As larvas da mosca-do-broto (Neosilba
sp.) ficam alojadas nos brotos apicais, onde se
observa exsudação marrom ou amarelada; com
o ataque, os brotos morrem. Recomenda-se a
eliminação das brotações atacadas da lavoura e
dos restos de cultura.
O ataque de tripes (Scirtothrips manihoti)
pode fazer com que a produção de raízes seja
reduzida em até 25%. Os adultos são ágeis e
vivem sobre as folhas novas, em ambas as faces,
voando rapidamente quando se toca na planta.
As folhas infestadas apresentam manchas clo-
róticas e os brotos podem morrer, o que leva ao
raquitismo da planta.
DOENÇAS
A bacteriose, também conhecida como
requeima-bacteriana, é causada pela bactéria
Xanthomonas campestris pv. manihotis. Os sin-
tomas das infecções primárias são o murcha-
mento das folhas jovens, seguida por morte
descendente e, finalmente, a morte das plantas.
Em infecções secundárias, são observadas man-
chas foliares angulares e aquosas que coalescem,
ocorrendo necrose ou requeima de dimensões
variáveis. As folhas necrosadas e secas perma-
necem aderidas à haste por pouco tempo. À me-
dida que a infecção evolui, ocorre exsudação de
goma na haste, seguida de morte descendente
da planta. A infecção e a intensidade da doença
QUADRO 2 - Alguns herbicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle de
plantas daninhas da mandioca – 2006
Nome técnico Nome comercial Indicação Dose 
Classe 
toxicológica 
Clomazone Gamit 360 CS Pré-emergência 2,8-3,5 L/ha III 
Isoxaflutole Provence 750 WG Pré-emergência 100-125 g/ha III 
Metribuzin Sencor 480 Pré-emergência 0,75-1 L/ha IV 
Ametryne + clomazone Sinerge CE Pré/pós emergência 4-5 mL/ha II 
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Mandioca (Manihot esculenta Crantz) 489
dependem diretamente do grau de resistência
das variedades, assim como das condições do
ambiente. A bacteriose chega a ser limitante para
o cultivo da mandioca em regiões com tempe-
raturas mínima e máxima pouco abaixo de 20 e
30ºC, respectivamente, e precipitação anual aci-
ma de 1.300 mm. Em variedades suscetíveis, as
perdas podem ser totais, ao passo que, em varie-
dades resistentes, como ‘Vassoura’, ‘Mantiqueira’,
‘Engana-Ladrão’, ‘Branca de Santa Catarina’,
‘Fibra’ e ‘Fécula Branca’, são observadas perdas
de 5 a 7%.
Em áreas mal drenadas, recém desmatadas
ou com maiores teores de matéria orgânica, certos
fungos podem causar podridões radiculares, co-
mo Phytophthora drechsleri, Rosellinia necatrix,
Sclerotium rolfsii, Armillaria mellea, Fomes
lignosus, Fusarium sp. e Rhizoctonia sp. Estra-
tégias de controle incluem a utilização de solos
com boa drenagem, manivas sadias, variedades
resistentes, rotação de culturas com cereais e
colheita precoce.
O mosaico-comum da mandioca é doença
causada por vírus e o sintoma típico é o mosaico
nas folhas. A doença é transmitida mecanica-
mente por enxertia ou por estacas doentes.
Não existem muitas pesquisas com o
ataque de nematóides à mandioca, apesar de ser
relatada a ocorrência de cerca de 14 espécies de
nematóides. Esses organismos possuem extensa
gama de hospedeiros, incluindo espécies culti-
vadas e plantas daninhas. É importante evitar a
sua introdução na área. Recomenda-se também
a destruição de restos culturais após a colheita,
a rotação de culturas com espécies não hospe-
deiras e o uso de variedades resistentes ou
tolerantes.
Em geral, medidas preventivas devem ser
utilizadas no controle de doenças da mandioca,
como o uso de variedades resistentes, a seleção
do material de plantio, a desinfestação de ferra-
mentas, a correção do solo e a adubação equili-
brada, a rotação de culturas e a drenagem de
solos sujeitos a encharcamento. Deve-se realizar
inspeção fitossanitária rigorosa na cultura, bem
como evitar o trânsito de pessoas e máquinas
provenientes de campos contaminados. Após a
colheita, os restos culturais e as brotações espon-
tâneas devem ser eliminados.
COLHEITA
Dependendo da variedade e das condições
de cultivo, a colheita pode ser feita de seis meses
a três anos após o plantio. De modo geral, as va-
riedades mansas para consumo de mesa devem
ser colhidas entre 12 e 18 meses ou em intervalos
menores, de modo que o tempo de cozimento e
o teor de fibras sejam menores. A colheita deve
ser feita nas épocas em que as plantas estão em
repouso provocado por temperaturas baixas ou
períodos secos. Nessas épocas, as plantas perdem
as folhas e atingem a produção máxima de raízes
e de amido. Quando a colheita é feita em épocas
quentes e úmidas, as quais favorecem o cresci-
mento vegetativo da planta, o rendimento de
farinha e de fécula é reduzido, observando-se,
em algumas situações, perdas de 20 a 30%; além
disso, em algumas variedades, o cozimento da
mandioca colhida nessas épocas é também pre-
judicado, o que é altamente desfavorável para as
variedades destinadas ao consumo de mesa.
A balança hidrostática, equipamento que
permite estimar o teor de matéria seca e de amido
em raízes tuberosas de mandioca, é cada vez mais
usada por proprietários de casas de farinha e
fecularias para avaliar a qualidade do produto.
A propriedade de conservar-se bem no
solo é especialmente vantajosa em países com
problemas de seca ou conflitos sociais e guerras.
No Brasil, é comum a colheita semanal da man-
dioca, que é vendida em feiras livres e serve como
complemento importante da renda de pequenos
Sediyama, T. et al.490
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a agricultores. Após a colheita, as raízes devem
ser processadas antes de 48 horas, porque estão
sujeitas a deterioração rápida e/ou ao escureci-
mento resultante de danos mecânicos, fisioló-
gicos e patológicos. Para pequenas quantidades
de mandioca destinadas ao consumo de mesa, o
uso de serragem úmida em caixas de madeira ou
em sacos de ráfia tem mostrado bons resultados
na conservaçãodas raízes. A comercialização de
raízes descascadas, minimamente processadas
ou congeladas tem se tornado cada vez mais
comum.

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